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ROTEIRO ELABORADO PARA USO EXCLUSIVO NA DISCIPLINA DE DIREITO PROCESSUAL PENAL II, DA UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PIAUÍ/PICOS. PROBIDA A REPRODUÇÃO, A DISTRIBUIÇÃO, A PUBLICAÇÃO OU A DIVULGAÇÃO DO PRESENTE MATERIAL, SOB AS PENAS DA LEI. S E N T E N Ç A P E N A L ATOS JURISDICIONAIS • Despachos de mero expediente: aqueles destinados ao impulso do processo, sem qualquer carga decisória. • Decisões: pronunciamentos que produzem sucumbência, destinados a resolver incidentes processuais ou finalizar o processo. São as sentenças, os acórdãos e as decisões em sentido estrito. CONCEITO DE SENTENÇA. A rigor, sentença é a "decisão terminativa do processo e definitiva quanto ao mérito, abordando a questão relativa à pretensão punitiva do Estado, para julgar procedente ou improcedente a imputação". A sentença pode ser condenatória e absolutória. Estas podem ser absolutórias próprias, que implicam em simples absolvição do réu, e as absolutórias impróprias, que, "apesar de não considerarem o réu um criminoso, porque inimputável, impõem a ele medida de segurança, uma sanção penal constritiva à liberdade, mas no interesse da sua recuperação e cura" (NUCCI, 2008, p. 656). DOUTRINA ITALIANA: 1. Sentença suicida: é aquela em que há uma contradição entre a parte dispositiva e a fundamentação, sendo nula ou podendo ser corrigida por embargos de declaração; 2. Sentença vazia: é aquela passível de anulação por falta de fundamentação; 3. Sentença autofágica: é aquela que reconhece a imputação, mas declara extinta a punibilidade, a exemplo do que ocorre com o perdão judicial; CONTEÚDO DA SENTENÇA Os requisitos são os seguintes: RELATÓRIO, FUNDAMENTAÇÃO, DISPOSITIVO e AUTENTICAÇÃO. Nos juizados especiais (Lei 9.099/95) o relatório é dispensado. Nos demais procedimentos, sua ausência provoca nulidade absoluta. A fundamentação atende ao disposto no art. 93, IX, da CRFB/88, e é corolário do sistema de persuasão racional ou livre convencimento motivado do juiz. Sua ausência é causa de nulidade absoluta. IMPORTANTE: motivação per relationem ou ad relationem ou referencial ou aliunde: STJ: a adoção dos fundamentos da sentença de 1ª instância ou das alegações de uma das partes como razões de decidir, embora não seja uma ROTEIRO ELABORADO PARA USO EXCLUSIVO NA DISCIPLINA DE DIREITO PROCESSUAL PENAL II, DA UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PIAUÍ/PICOS. PROBIDA A REPRODUÇÃO, A DISTRIBUIÇÃO, A PUBLICAÇÃO OU A DIVULGAÇÃO DO PRESENTE MATERIAL, SOB AS PENAS DA LEI. prática recomendável, não traduz, por si só, afronta ao art. 93, IX, da CF/88. Nesse caso, deve-se ao menos transcrever trechos das razões adotadas pelo órgão julgador (vide informativo 557 – STJ). DISPOSITIVO: Trata-se da conclusão da sentença, isto é, o momento em que, levando em consideração o raciocínio lógico realizado na etapa anterior, o julgador condena ou absolve o réu, indicando os respectivos dispositivos legais. AUTENTICAÇÃO: Consiste no quarto requisito da sentença (art. 381, VI, do CPP), correspondendo à aposição da assinatura do juiz (sob pena de inexistência). Deve o juiz rubricar todas as páginas da sentença. SENTENÇA ABSOLUTÓRIA (ART. 386 CPP). Rol taxativo. 1. Estar provada a inexistência do fato. Nesta situação, a sentença absolutória exclui também a responsabilidade civil. 2. Não haver prova da existência do fato. in dubio pro reo; 3. Não constituir o fato infração penal (podendo constituir ilícito civil). 4. Estar provado que o réu não concorreu para a infração penal. É hipótese que afasta a responsabilidade civil. 5. Não existir prova de ter o réu concorrido para a infração penal. 6. Existirem circunstâncias que excluam o crime ou isentem o réu de pena, ou mesmo se houver fundada dúvida sobre sua existência. Obs.: O art. 65 do CPP afirma que "Faz coisa julgada no cível a sentença penal que reconhecer ter sido o ato praticado em estado de necessidade, em legítima defesa, em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de direito". 7. Não existir prova suficiente para condenação. O JUIZ DEVE COLOCAR O RÉU IMEDIATAMENTE EM LIBERDADE, bem como ordenar a cessação das medidas cautelares e provisoriamente aplicadas. Poderá também aplicar medida de segurança (sentença absolutória imprópria – constitui título executivo judicial). A detração penal é aplicada atualmente pelo juízo da condenação, e não pelo juízo da execução. EMENDATIO LIBELLI OU MODIFICAÇÃO DA DEFINIÇÃO JURÍDICA DO FATO (ART. 383 CPP). Emendatio libelli (modificação da definição jurídica do fato) pode ser definida como a mera adequação feita de ofício pelo juiz dos fatos narrados na peça acusatória à correta tipificação legal, ainda que implique aumento de pena (o réu se defende dos ROTEIRO ELABORADO PARA USO EXCLUSIVO NA DISCIPLINA DE DIREITO PROCESSUAL PENAL II, DA UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PIAUÍ/PICOS. PROBIDA A REPRODUÇÃO, A DISTRIBUIÇÃO, A PUBLICAÇÃO OU A DIVULGAÇÃO DO PRESENTE MATERIAL, SOB AS PENAS DA LEI. fatos, não da tipificação legal). É realizado na SENTENÇA e não no ato de recebimento da denúncia. EXCEÇÃO: a doutrina e a jurisprudência têm admitido em determinados casos a correção do enquadramento típico logo no ato de recebimento da denúncia ou queixa, mas somente para beneficiar o réu ou para permitir a correta fixação da competência ou do procedimento a ser adotado. É cabível na fase recursal, desde que não implique reformatio in pejus. MUTATIO LIBELLI (ART. 384 CPP). art. 384. do CPP. Alteração da definição jurídica do fato se, encerrada a instrução probatória, surgir nos autos prova a respeito de elemento (elementar do crime) ou circunstância da infração penal (qualificadora) não contida na peça acusatória. Para que isso ocorra, é imprescindível que o Ministério Público formule aditamento à denúncia ou queixa, no prazo de 5 (cinco) dias, sob pena de violação do princípio da correlação entre acusação e sentença. NÃO PODE SER APLICADA NA FASE RECURSAL (verbete sumular 453 do STF). ROTEIRO ELABORADO PARA USO EXCLUSIVO NA DISCIPLINA DE DIREITO PROCESSUAL PENAL II, DA UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PIAUÍ/PICOS. PROBIDA A REPRODUÇÃO, A DISTRIBUIÇÃO, A PUBLICAÇÃO OU A DIVULGAÇÃO DO PRESENTE MATERIAL, SOB AS PENAS DA LEI. EMENDATIO LIBELLI MUTATIO LIBELLI Quando ocorre Ocorre quando o juiz, ao condenar ou pronunciar o réu, altera a definição jurídica (a capitulação do tipo penal) do fato narrado na peça acusatória, sem, no entanto, acrescentar qualquer circunstância ou elementar que já não estivesse descrita na denúncia ou queixa. Quando ocorre Ocorre quando, no curso da instrução processual, surge prova de alguma elementar ou circunstância que não havia sido narrada expressamente na denúncia ou queixa. Requisitos 1) Não é acrescentada nenhuma circunstância ou elementar ao fato que já estava descrito na peça acusatória. 2) É modificada a tipificação penal. Requisitos 1) É acrescentada alguma circunstância ou elementar que não estava descrita originalmente na peça acusatória e cuja prova surgiu durante a instrução. 2) É modificada a tipificação penal. Exemplo O MP narrou, na denúncia, que o réu, valendo-se de fraude eletrônica no sistema da internet banking, retirou dinheiro da conta bancária da vítima, imputando-lhe o crime de estelionato (art. 171 do CP). O juiz, na sentença, afirma que, após a instrução, ficou provado que os fatos ocorreram realmente na forma como narrada pelo MP, mas que, em seu entendimento, isso configura furto mediante fraude (art. 155, § 4º, II, do CP). Exemplo O MP narrou, na denúncia, queo réu praticou furto simples (art. 155, caput, do CP). Durante a instrução, os depoimentos revelaram que o acusado utilizou-se de uma chave falsa para entrar na furtada. Com base nessa nova elementar, que surgiu em consequência de prova trazida durante a instrução, verifica-se que é cabível uma nova definição jurídica do fato, mudando o crime de furto simples para furto qualificado (art. 155, § 4º, III, do CP). Previsão legal Prevista nos arts. 383, caput, e 418 do CPP: Art. 383. O juiz, sem modificar a descrição do fatocontida na denúncia ou queixa, poderá atribuir- lhe definição jurídica diversa (leia-se: mudar a capitulação penal), ainda que, em consequência, tenha de aplicar pena mais grave. Previsão legal Prevista no art. 384 do CPP: Art. 384. Encerrada a instrução probatória, se entender cabível nova definição jurídica do fato, em consequência de prova existente nos autos de elemento ou circunstância da infração penal não contida na acusação, o Ministério Público deverá aditar a denúncia ou queixa, no prazo de 5 (cinco) dias, se em virtude desta houver sido instaurado o processo em crime de ação pública, reduzindo-se a termo o aditamento, quando feito oralmente. Procedimento Se o juiz, na sentença, entender que é o caso de realizar a emendatio libelli, ele poderá decidir diretamente, não sendo necessário que ele abra vista às partes para se manifestar previamente sobre isso. Tal se justifica porque no processo penal o acusado se defende dos fatos e como os fatos não mudaram, não há qualquer prejuízo ao réu nem violação ao princípio da correlação entre acusação e sentença. Procedimento 1) Se o MP entender ser o caso de mutatio libelli, ele deverá aditar a denúncia ou queixa no prazo máximo de 5 dias após o encerramento da instrução; 2) Esse aditamento pode ser apresentado oralmente na audiência ou por escrito; 3) No aditamento, o MP poderá arrolar até 3 testemunhas; 4) Será ouvido o defensor do acusado no prazo de 5 dias. Nessa resposta, além de refutar o aditamento, a defesa poderá arrolar até 3 testemunhas; 5) O juiz decidirá se recebe ou rejeita o aditamento; 6) Se o aditamento for aceito pelo juiz, será designado dia e hora para continuação da audiência, com inquirição de testemunhas, novo interrogatório do acusado e realização de debates e julgamento. Obs: se o órgão do MP, mesmo surgindo essa elementar ou circunstância, entender que não é caso de aditamento, e o juiz não concordar com essa postura, aplica-se o art. 28 do CPP. Espécies de ação penal em que é cabível: • Ação penal pública incondicionada; • Ação penal pública condicionada; • Ação penal privada. Espécies de ação penal em que é cabível: • Ação penal pública incondicionada; • Ação penal privada subsidiária da pública. Obs: somente o MP pode oferecer mutatio. Emendatio libelli em grau de recurso: É possível que o tribunal, no julgamento de um recurso contra a sentença, faça emendatio libelli, desde que não ocorra reformatio in pejus (STJ HC 87984 / SC). Mutatio libelli em grau de recurso: Não é possível, porque se o Tribunal, em grau de recurso, apreciasse um fato não valorado pelo juiz, haveria supressão de instância. Nesse sentido é a Súmula 453-STF. FONTE: http://www.dizerodireito.com.br/2013/01/e-possivel-que-o-juiz-realize-emendatio.html. FIXAÇÃO DA PENA NA SENTENÇA CONDENATÓRIA Síntese do método trifásico no cálculo da pena privativa da liberdade. Art. 68 do CP: “a pena-base será fixada atendendo-se ao critério do art. 59 deste Código; em seguida, ROTEIRO ELABORADO PARA USO EXCLUSIVO NA DISCIPLINA DE DIREITO PROCESSUAL PENAL II, DA UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PIAUÍ/PICOS. PROBIDA A REPRODUÇÃO, A DISTRIBUIÇÃO, A PUBLICAÇÃO OU A DIVULGAÇÃO DO PRESENTE MATERIAL, SOB AS PENAS DA LEI. serão consideradas as circunstâncias atenuantes e agravantes; por último, as causas de diminuição e de aumento”. • 1.ª Etapa: fixação da pena-base, levando-se em conta as circunstâncias judiciais do art. 59 do Código Penal. • 2.ª Etapa: fixação da pena provisória, considerando-se as circunstâncias agravantes e atenuantes. • 3.ª Etapa: fixação da pena definitiva, utilizando-se as causas de aumento e de diminuição de pena. PENA-BASE: Art. 59 do Código Penal: culpabilidade, antecedentes, conduta social, personalidade do agente, motivos, circunstâncias e consequências do crime e comportamento da vítima. Jurisprudência: inquéritos ou ações penais em andamento não podem servir de parâmetro para efeito de fixação da pena-base acima do mínimo legal sob o rótulo de antecedentes desfavoráveis (444-STJ). PENA PROVISÓRIA: agravantes e as atenuantes (arts. 61 a 67 do CP) – são as circunstâncias legais, em rol taxativo de agravantes e em rol exemplificativo de atenuantes (o juiz pode reconhecer “circunstância relevante, anterior ou posterior ao crime, embora não prevista expressamente em lei” - art. 66 do CP). BASE DE CÁLCULO: pena-base. Súmula 231 do STJ que “a incidência de circunstância atenuante não pode conduzir a redução da pena abaixo do mínimo legal”. Quantum? Não se define. Observações: motivos determinantes do crime, da personalidade do agente e da reincidência são circunstâncias preponderantes; atenuante da confissão espontânea e agravante da reincidência podem ser compensadas (STJ); nos crimes culposos, admite-se apenas a agravante da reincidência. PENA DEFINITIVA: deverão ser consideradas as majorantes ou causas de aumento de pena e as minorantes ou causas de diminuição de pena. Estão previstas tanto na Parte Geral do Código Penal (causas gerais) como na Parte Especial (causas especiais), incidindo ROTEIRO ELABORADO PARA USO EXCLUSIVO NA DISCIPLINA DE DIREITO PROCESSUAL PENAL II, DA UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PIAUÍ/PICOS. PROBIDA A REPRODUÇÃO, A DISTRIBUIÇÃO, A PUBLICAÇÃO OU A DIVULGAÇÃO DO PRESENTE MATERIAL, SOB AS PENAS DA LEI. sobre a pena provisória. Neste momento, a pena tanto poderá ficar aquém do mínimo legal como poderá extrapolar o máximo cominado.
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