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Pompas Fúnebres

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Pompas Fúnebres - Crenças, ritos e tradições fúnebres. – Recortes de meu TCC no Curso de Conservação e Restauro da UFPel
1.1.	Reflexões sobre a Morte
	Observa-se que falar em morte não é um assunto cotidiano, pois remete ao labirinto de emoções e sentimentos e o homem foge deste fato inevitável, pois significa ativar a memória. A morte está catalogada e rotulada no percurso da existência por várias denominações, visto que, seu conceito refere-se à cultura de cada povo, mas para todos é o símbolo da dor. O homem teme a finitude de seu universo íntimo, onde armazena sua cultura e deixa como legado seu caráter e suas obras, mas ao mesmo tempo é atraído pela morte e por seu mistério indecifrável, como guardiã da chave para a eternidade, a realidade desconhecida. A morte sempre teve lugar de destaque nas antigas civilizações, nas crenças, ritos e tradições. Na atualidade, ela é armazenada no compartimento do esquecimento, pois é mais fácil aguardar que ela ocorra no tempo determinado. Torna-se necessário refletir sobre a efemeridade da vida e sua sombra, a morte, para administrar as sensações, emoções e sentimentos pertinentes à perda e o luto.
	Na cultura de nossos antepassados a morte era um processo doloroso, pois o seu derradeiro suspiro ocorria em ambiente familiar, onde o doente era cercado de atenções. Este processo foi alterado com o avanço científico e tecnológico, pois os conhecimentos da ciência proporcionam ao homem, esperanças de cura para suas moléstias e, desta forma, o homem nega a realidade da morte e as tradições que alicerçaram o passado criando uma expectativa de imortalidade, mas esquece de que, apenas a Alma é imortal.
	Na existência, o homem veste-se de sonhos e fantasias, aspira posição e poder, alimenta o ego de insanidade e seu final é igual, independente de raça, credo, gênero e posição social.
1.2.	Cemitério - Etimologia 
	A etimologia da palavra cemitério é derivada do latim “coemeterium” e do grego “koimetérion”, um lugar de repouso, moradia dos antepassados, onde o passado e o presente têm encontro marcado, para o homem se permitir aos ritos religiosos, às lembranças, à memória, às lágrimas e à oração. É considerado o local onde se abriga os mortos, o lugar mais antigo e próximo na história do homem, pois desde que existe vida, existe a morte. Para muitos é um local sagrado e chamado de Campo Santo. 
1.3.	 Sepultamentos através dos séculos
	Os registros mais antigos da arte mortuárias na antiguidade são provenientes do Egito, civilização que acreditava em uma vida após morte e, sua arte, refletiu-se em suas crenças. A arquitetura direcionou-se às construções mortuárias e a arte em geral, nas estatuetas e vasos deixados junto aos seus mortos. As tumbas dos primeiros faraós receberam o nome de, “mas tabas”, que deram origem às grandes pirâmides construídas mais tarde e, as mais importantes foram a de Quéops, Quéfren e Miquerinos.
	Os cristãos, naquela época preferiam as catacumbas, por razões como a recusa da cremação dos corpos, o sentido de comunidade que os levava a desejar estar próximos de seus mortos e sua localização possibilitava a prática do culto religioso. Os mártires, porém, eram sepultados em locais maiores, que passaram a receber em seu teto e em suas paredes laterais, as primeiras manifestações da pintura cristã. Com a evolução das pinturas, cenas do Antigo e Novo Testamento começaram a aparecer como o tema predileto dos artistas cristãos, a figura de Jesus Cristo, o Redentor, representado como o Bom Pastor. 
	As pinturas expressavam os desejos dos cristãos de atingirem o Paraíso, ao mesmo tempo em que constituíam elementos dos ritos funerários, inclusive dos enterros, preservando os sepulcros. Na categoria de escultura, podem ser mencionadas figurinhas em cerâmica de animais e pássaros simbólicos, a pomba, o peixe, o leão, a águia, o pavão, o cavalo, assim como lâmpadas funerárias, geralmente de barro e vasos de cerâmica. 
	A partir do século IV surgiram os primeiros templos cristãos com o nome de “basílica” e a partir do século VIII mudou-se a maneira de enterrar os mortos. Os cemitérios não eram mais afastados dos núcleos urbanos e os mortos passaram a ser sepultados, em volta das igrejas ou no interior destas, pois os fiéis acreditavam que, ao estarem sepultados próximos dos túmulos dos santos ou das suas relíquias, seria mais fácil e rápido o processo de “passagem” e a salvação da alma. 
	A Basílica di San Giovanni in Laterano, Rome é considerada a primeira Basílica construída e faz parte dos quatro pilares da Igreja Católica. 
	A arte cristã primitiva, simples e a arte suntuosa das basílicas edificadas, por certo, simbolizaram nova época na história da humanidade. Através dos séculos e no decorrer dos estilos de arte, foram construídas magníficas obras como igrejas, mausoléus, capelas, monumentos com arquitetura requintada entre arcos, colunas, abóbodas, capitéis, decoradas com mármores e mosaicos, rosáceas, esculturas com figuras humanas e o uso dos metais.
	
1.4. Cemitérios no Brasil
	Os navegadores europeus ao chegarem à América do Sul conheceram a cultura dos povos ameríndios incluindo, rituais religiosos fúnebres. Os brasileiros herdaram a cultura fúnebre da colonização portuguesa, que ainda vigorava no Brasil no século XIX, desta forma, era importante investir no ritual fúnebre, com o objetivo de alcançar as graças do sagrado. Nos testamentos estavam registrados seus desejos, ou seja, as estratégias de salvação para a outra vida. A discriminação social era acentuada, pois os cortejos fúnebres dos abastados eram realizados a noite com um número expressivo de pobres, pagos para acompanhar e assistir à missa de corpo presente, incluindo as Carpideiras, senhoras da vida e da morte, profissionais pagas para chorar o defunto, indispensáveis nos rituais fúnebres até aos finais do século XIX. 
	As irmandades possuíam esquifes ou caixões que eram emprestados para o transporte do corpo e após, lavados e guardados para uso futuro.
	 A desigualdade social se evidenciava nos locais de sepultamentos, os mais caros ficavam próximo ao altar ou dos santos nas igrejas e os pobres e escravos, sepultados no adro, local sem referência de nobreza. No Brasil, esta decisão sofreu resistências, pois os locais fora das Igrejas eram destinados aos escravos e homens, considerados indigentes, os quais não pertenciam às irmandades. Com as mudanças, os mortos, distantes de suas igrejas e templos encontraram abrigo em túmulos, a céu aberto.
 	Desta forma, as famílias decidiram edificar, de acordo com o poder aquisitivo, túmulos magníficos entre jazigos, mausoléus e capelas reproduzindo, cenários em escalas reduzidas, mas que representavam o status do falecido e passava a ser, uma referência para as elites urbanas. Para famílias abastadas era uma forma de assegurar ao morto sua individualidade, bem como, resguardar das intempéries, o corpo ali depositado.