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Comportamento Animal 97 CAPÍTULO 6 Bases neurobiológicas do comportamento Anette Hoff mann (ahoff man@fmrp.usp.br) Percília Cardoso Giaquinto (percilia@rfi .fmrp.usp.br) Departamento de Fisiologia, Faculdade de Medicina Universidade de São Paulo, USP, Ribeirão Preto, SP, Brasil INTRODUÇÃO Duas são as funções básicas do sistema nervoso central: promover a homeostase e or- ganizar os comportamentos (Timo Iaria 1985). Num dado comportamento podemos distinguir componentes somatomotores, neurovegetati- vos (inclusive hormonais), e mentais, o que nos autoriza defi ni-lo de forma abrangente, como o conjunto destas manifestações. Esta concepção expandida de comportamento encontra apoio no fato de que estes componentes se manifes- tam paralelamente e não secundariamente ao componente motor, usualmente tido como o comportamento em si. Destes componentes, o mental adquiriu uma importância crescente na evolução fi logenética dos vertebrados, em fun- ção da extraordinária expansão do telencéfalo, sobretudo das regiões neocorticais. O grau de mobilização de cada um dos componentes dos comportamentos é bastante variável. Naqueles com alto grau de envolvimento somático tam- bém as alterações neurovegetativas são consi- deráveis, visto que são necessárias para oferecer o suporte energético. Mas mesmo quando o componente somático é mínimo como duran- te um ato mental, por exemplo, uma operação matemática, ocorrem variações apreciáveis de fl uxo sanguíneo nas áreas cerebrais implicadas. Além disso, os padrões somáticos e neurovege- tativos dos comportamentos são organizados paralelamente nos diferentes níveis do sistema nervoso central. Comportamentos são usualmente indu- zidos por estímulos ambientais que atuam so- bre os exteroceptores, mas podem igualmente sê-lo por estímulos internos atuando sobre re- ceptores viscerais e centrais. As vísceras abrigam receptores de diferentes modalidades, sendo que as informações procedentes dos nocicep- tores transitam por fi bras que perifericamente acompanham o trajeto dos eferentes simpáti- cos e que à semelhança do que acontece com as fi bras da sensibilidade somática, penetram na medula espinhal pela raiz dorsal, em cujo gânglio está seu corpo celular. Estes aferentes primários fazem sinapse com neurônios de se- gunda ordem situados na medula espinhal, que se projetam para o complexo talâmico ventro- posterior e dali, por um neurônio de terceira or- dem, para o córtex insular (Saper 2002). Os afe- rentes dos demais receptores viscerais inclusive os arteriais (baro e quimiorreceptores) se incor- poram aos nervos vago e glossofaríngeo e pene- tram no sistema nervoso central na região bul- bar, estabelecendo sua primeira sinapse no nú- cleo do trato solitário. Deste núcleo, neurônios terciários levam a informação para o complexo talâmico ventroposterior que se projeta para o córtex insular visceral (Saper 2002). É necessário considerar ainda a existência de receptores cen- trais, usualmente situados em regiões hipotalâ- micas ou periventriculares. A estimulação de receptores viscerais (exceto dos nociceptores) e centrais induz respostas homeostáticas, envol- vendo o sistema neurovegetativo, destinadas a corrigir alterações do meio interno. Caso não o consigam, são acionados comportamentos nes- te caso também ditos homeostáticos. Além dos 98 Maria Emília Yamamoto e Gilson Luiz Volpato efeitos específi cos relatados, a estimulação dos aferentes viscerais pode interferir com o estado geral do organismo como modular o grau de vi- gilância, em decorrência da conexão do núcleo do trato solitário com regiões envolvidas com os sistemas reguladores. Finalmente, comporta- mentos podem ser induzidos voluntariamente por processos internos ainda pouco conhecidos e dependentes do grau de complexidade do sis- tema nervoso central. Em qualquer das circunstâncias acima mencionadas, no desenrolar de um comporta- mento, novos estímulos são enviados ao sistema nervoso central, induzindo respostas ao novo contexto. Isto é, o comportamento se desen- rola no tempo e no espaço e é monitorado por retroalimentação sensorial. Passaremos a ana- lisar em seguida os diferentes níveis do sistema nervoso central implicados hierarquicamente na organização dos comportamentos (Figurass 1 e 2). Estes níveis, em função das informações procedentes dos exteroceptores, adicionam aos comportamentos em graus variáveis, compo- nentes refl exos, pré-programados e/ou voluntá- rios. Veremos também como ocorre a interação entre estes níveis. Evidentemente que em últi- ma instância, para a expressão do componente objetivo do comportamento, são acionados os sistemas motores somático e neurovegetativo, inclusive o humoral. Figura 1 – Divisões anatômicas do sistema nervoso central Figura 2 – Desenho esquemático mostrando a divisão do siste- ma nervoso central em níveis funcionais organizado hierarqui- camente. Esta hierarquia tem fundamentação fi logenética e não exclui a interdependência dos 3 níveis funcionais propostos. Mo- difi cado de Swanson et al. 1999. O NÍVEL DE ORGANIZAÇÃO SEGMENTAR No nível segmentar (Figura 2), portan- to medula espinhal e rombencéfalo (Figura 1), informações exteroceptivas podem mobilizar refl exos somáticos pela estimulação de moto- neurônios agonistas do corno anterior da me- dula espinhal (e inibição dos antagonistas). Mas eventualmente a mesma informação pode, via conexões intrasegmentares, estimular neurô- nios pré-ganglionares autonômicos da coluna intermediolateral ou do tronco cerebral, in- duzindo também alterações neurovegetativas refl exas. No caso de um estímulo nociceptivo somático, a mesma informação levada à me- dula espinhal por aferentes nociceptivos pode, através de um colateral do neurônio aferente primário, ativar interneurônios que aferentam neurônios simpáticos pré-ganglionares da co- luna intermediolateral. Em decorrência da ati- vação destes neurônios simpáticos da coluna intermediolateral ocorre vasoconstricção local, importante para reduzir o sangramento em caso de lesão da pele. A resposta de retirada (ou refl exo de fl exão) decorrente é acompanhada Comportamento Animal 99 também de aumento de pressão arterial e de frequência cardíaca. Este efeito cardiovascular decorre da ativação de neurônios nociceptivos de segunda ordem do trato espinotalâmico, cujos colaterais axônicos chegam à área rostral ventrolateral do bulbo, causando ativação sim- pática generalizada. No passado, as respostas segmentares (ou refl exas) foram estudadas em animais ditos espinhais, portadores de transecções em dife- rentes níveis da medula espinhal ou do tronco cerebral. Este tipo de preparação responde a estímulos externos mediante refl exos. Refl exos são respostas elementares rápidas, visto que dependentes de conexões paucissinápticas que facilitam o rápido acesso da informação, vinda pelos aferentes sensoriais, aos neurônios efeto- res. Desde os primórdios da neurofi siologia, as respostas refl exas chamaram atenção por seu aparente caráter estereotipado, linear, fi nalista, inconsciente e previsível. Delas valeu-se Des- cartes (1596-160), um dos ideólogos da ciência moderna, para sustentar seu sistema fi losófi co de separação entre corpo e alma (dualismo). O corpo, no seu entender, funciona como um autômato natural, uma máquina, à qual não somos redutíveis. Somos seres pensantes (res cogitans). Entretanto, Descartes não foi um ex- perimentador e preocupou-se mais com a con- sistência lógica de seu sistema de pensamento do que com a realidade empírica do refl exo. Afora a vinculação estímulo/resposta e a ocor- rência automática desta notadas por Descartes, sua visão anatomo-funcional do refl exo não tem apoio em dados experimentais, mas é fruto de especulação. Ele não inventou nem o termonem o conceito de refl exo. O que fez foi afi rmar a constância da ligação entre excitação e rea- ção. Faltaram-lhe o conhecimento da distinção das vias aferente e eferente e da natureza seg- mentar dos refl exos, além da natureza do pro- cesso de condução da mensagem pelos nervos. Por isso, nesta questão, historiadores da ciência como Canguilhen (1989), não o consideram um precursor. No entanto, sua visão dualista da re- lação mente-corpo se estende até nossos dias, sobretudo no terreno da psicologia. Outros pesquisadores se dedicaram ao estudo do re- fl exo nos séculos subsequentes, apontando seu caráter segmentar e seu signifi cado fi siológico. No século XIX o assunto mereceu a atenção dos clínicos, entre eles Jendrassik. Em decorrência de observações em pacientes humanos, pas- sou-se a ver o refl exo como uma resposta que não é necessariamente linear, fi nalista e rígida e que sua ausência não constitui necessariamen- te uma patologia. Coube a Sherrington, no fi nal do século XIX e início do século XX, mostrar, por engenhosos experimentos, que a resposta refl exa depende do estado geral do organismo. O movimento refl exo é a reação de um todo orgânico. No entender deste cientista, a indivi- dualização do refl exo tal como feita em labora- tório, é uma “fi cção conveniente”, sem sentido biológico (Sherrington 1948). O acima dito para os refl exos somáticos vale igualmente para os refl exos autonômicos. Assim, por exemplo, a habilidade do barorre- fl exo no controle da pressão arterial pode ser afetada pela chegada de outras mensagens sen- soriais de aferentes autonômicos, como aquelas dos quimiorreceptores, de aferentes somáticos, principalmente nociceptivos, ou por estimula- ção de estruturas suprassegmentares envolvi- das na organização dos comportamentos. Nos comportamentos em que a mobilização somá- tica é intensa, em que há necessidade de maior aporte sanguíneo para o território muscular, o ganho do barorrefl exo pode estar reduzido. É o que ocorre durante o comportamento de- fensivo. A substância cinzenta periaquedutal, considerada a via fi nal comum deste comporta- mento, envia projeções para estruturas bulba- res (Bandler et al. 1991) envolvidas no barorre- fl exo, podendo modulá-lo. Portanto, as funções homeostáticas destinadas a estabilizar intrinse- camente o organismo, podem ser alteradas em benefício dos comportamentos. Segundo estudos de Sherrington data- dos do início do século XX, a medula espinhal opera apenas refl examente e a função refl exa é dependente da entrada sensorial. Um cientista 100 Maria Emília Yamamoto e Gilson Luiz Volpato contemporâneo de Sherrington, mas menos conhecido que ele, chamado Graham Brown, mostrou que a locomoção pode ocorrer em animais espinhais com deaferentação bilateral da raiz dorsal, postulando em decorrência que ela depende da atividade espontânea de circui- tos neuronais da medula espinhal e do tronco cerebral (Brown 1914). Seus trabalhos fi caram esquecidos por longos anos, mas o assunto foi retomado na década de 1960. A atividade neuronal gerada intrinsecamente em âmbito segmentar, responsável pela locomoção, é au- tônoma, podendo ser modulada pelo infl uxo sensorial e por infl uências supra-segmentares procedentes dos níveis intrínseco e cognitivo (Bernstein 1967). O NÍVEL DE ORGANIZAÇÃO INTRÍNSECO Informações sensoriais podem também atingir regiões suprassegmentares e subcor- ticais do sistema nervoso onde se situam os substratos neurais dos diferentes comporta- mentos. Este nível de análise é denominado in- trínseco (Figura 2). Para cada comportamento há um conjunto de regiões específi cas envolvi- das, com suas conexões e neurotransmissores. Esta organização é fi xa e geneticamente pro- gramada. Isso signifi ca que a estimulação elé- trica ou química destes sítios pode induzir um dado comportamento ou fragmentos dele. A análise sistemática deste nível de organização foi empreendida na década de 1920 pelo fi sio- logista suíço Walter Rudolf Hess, prêmio No- bel de Medicina em 1949. Hess observou que a estimulação de regiões prosencefálicas em gatos acordados com eletrodos implantados induzia respostas ligadas a comportamentos (alimentar, defesa, autolimpeza) paralelamen- te a alterações neuro-vegetativas de suporte (Hess 1954). Como notável pensador da ciên- cia, Hess não acreditava na existência de “cen- tros nucleares” responsáveis pelos comporta- mentos, como antes dele pensavam os freno- logistas e seus seguidores. No seu entender, estruturas integradas em redes forneciam o substrato neural dos comportamentos (Akert 1999). O mais notável de seus experimentos ou pelo menos aquele que forneceu substrato para refl exões em seus últimos 20 anos de vida (faleceu aos 92 anos de idade) foi a observação de respostas defensivo-agressivas, em decor- rência da estimulação da região perifornical do hipotálamo. Chamou-lhe atenção, além da já aludida concomitância de componentes so- máticos e autonômicos (retração das orelhas, piloereção, midríase, arqueamento do dorso, vocalização, aumento de pressão arterial, fre- quência cardíaca e respiratória), o fato de a resposta se manifestar de forma dramática, podendo culminar em ataque ao observador. O comportamento do animal parecia perfeita- mente direcionado (goal directed) e emocio- nalmente afetado, como em estados de ansie- dade, medo e ira, manifestados por humanos. Apesar de apregoar a necessidade de incorpo- rar aspectos biológicos das funções psíquicas no domínio das ciências fi siológicas, acreditava Hess que a natureza da experiência subjetiva não poderia ser causalmente inteligível. A ma- neira como a natureza agia para transformar eventos orgânicos objetivos, codifi cados por informação neural, em experiências psíquicas subjetivas como sentimentos, pensamentos, impulsos voluntários (willful) possivelmente nunca será entendido, dizia. Em certo sentido, os achados de Hess apoiaram ideias anteriores de Freud e Lorenz os quais viram a agressão como algo interno ao homem e com raízes evolutivas, o primeiro pelo método interpreta- tivo e a partir da observação em humanos e o outro a partir de estudos etológicos. Na visão de Lorenz, os comportamentos não são ape- nas reativos, podem ser autoinduzidos. O ho- mem como outros animais, desenvolveu um drive para agressão intraespecífi ca. O sistema nervoso não necessita esperar por estímulos, estes podem nascer internamente, dando lu- gar a comportamentos “espontâneos”. Haveria um drive interno, uma energia, que necessita encontrar expressão. Dentro deste modelo, Comportamento Animal 101 o comportamento termina porque a energia é descarregada em ação. Assim como existe um repertório de movimentos expressivos de ameaça, há outros de apaziguamento, cujo sig- nifi cado é entendido por outros animais. Pos- turas de submissão, por exemplo. Ou o sorri- so nos humanos. Na visão de Freud, apenas a civilização (superego) poderia contrapor-se ou fazer recuar a agressividade interna. O modelo energético da motivação não é aceito por neu- robiologistas contemporâneos, mas tem valor, por exemplo, na psicanálise. Diferentemente de Freud e Lorenz, Hess apontou para a exis- tência de bases neurais para os componentes psíquicos dos comportamentos. Em se tratando dos comportamentos ditos homeostáticos (alimentar, ingestão de lí- quidos etc.), o hipotálamo exerce uma função central dado seu envolvimento direto na regu- lação das funções endócrinas via hipófi se, das funções autonômicas graças a uma via descen- dente originada no núcleo paraventricular e da geração de padrões comportamentais básicos. Nesse contexto, é preciso lembrar que o hipo- tálamo não só abriga osmo, glico, natrio e ter- moceptores, sensíveis a alterações na compo- sição sanguínea, como informações ambientais e visceraiso alcançam levadas por vias das sen- sibilidades somática e visceral. Foi demonstra- do no rato que um trato espino-hipotalâmico se projeta para o hipotálamo medial e lateral, levando informações sensoriais tanto de fontes viscerais como somáticas. Informações senso- riais devidamente processadas também podem vir de outras fontes, como núcleo do trato soli- tário, núcleo parabraquial, e substância cinzen- ta periaquedutal (Cameron 2002). COMPORTAMENTOS HOMEOSTÁTICOS: O EXEMPLO DO COMPORTAMENTO ALIMENTAR A assimilação, o armazenamento e a uti- lização de nutrientes energéticos constituem um sistema homeostático essencial para a vida. O balanço energético é regulado por múltiplas informações neuroendócrinas e comportamen- tais que são integradas no hipotálamo. Muito dessa regulação envolve modulação do com- portamento alimentar através de neuropetíde- os de saciedade e antissaciedade, os quais atu- am via receptores, no controle do apetite (Kalra et al. 1999). PAPEL DO SISTEMA NERVOSO CENTRAL Por muitos anos, o hipotálamo foi consi- derado a chave controladora da ingestão de ali- mentos. Esta visão derivou-se de experimentos clássicos em que a tomada de alimento foi es- tudada em ratos com lesões em várias áreas ce- rebrais. Tais estudos claramente identifi caram duas regiões no hipotálamo que infl uenciam o comportamento alimentar: Hipotálamo Lateral (centro da fome): animais com lesões nesta área tornam-se ano- réxicos e perdem peso; Hipotálamo Ventromedial (centro da sa- ciedade): animais com lesões nesta área comem em demasia e tornam-se obesos. Entretanto, esse modelo logo provou ser muito simples. O hipotálamo lateral não apenas contém neurônios, mas também feixes de fi bra de passagem, sendo que uma lesão em ambos poderia provocar afagia. Da mesma forma, le- são das fi bras que passam pelo hipotálamo ventromedial também causaria lesão no núcleo paraventricular do hipotálamo, por si só cau- sadora de hiperfagia (Kolb & Whishaw 2002). Assim, concluiu-se que o hipotálamo controla um maior número de funções da alimentação que apenas as atividades do hipotálamo lateral e ventromedial. Estudos subsequentes mostraram que, apesar desses centros hipotalâmicos serem im- portantes no controle da fome e da saciedade, eles não explicam todos os padrões comporta- mentais relacionados à alimentação. 102 Maria Emília Yamamoto e Gilson Luiz Volpato PEPTÍDEOS NEUROENDÓCRINOS: RESPOSTAS A MUDANÇAS CALÓRICAS Uma outra maneira de entender como os animais mudam seu comportamento é examinando a regulação neuroendócrina do aumento de apetite. Assim, as perguntas para se investigar essa regulação são: 1) Por que os organismos sentem fome quando as reservas calóricas estão baixas? 2) Como o cérebro é in- formado de que a gordura do organismo está diminuindo após jejum prolongado? 3) Como os sinais de défi cit calórico são convertidos em comportamentos de procura de alimento? Sabemos que a habilidade de monitorar as necessidades calóricas e gerar sinais de fome é crítica para a sobrevivência. O hipotálamo é um centro integrativo do cérebro, recebendo informações hormonais e neurais do organis- mo e do ambiente. Assim como um termostato mantém a temperatura, o hipotálamo produz respostas fi siológicas e comportamentais para manter um meio interno constante para o fun- cionamento adequado do organismo. Em par- ticular, o hipotálamo é crítico para responder a mudanças de longo prazo do peso corporal e balanço calórico através do aumento ou dimi- nuição da ingestão de alimento. Os neuropeptí- deos hipotalâmicos estão envolvidos na media- ção desses efeitos. Neuropeptídeos são proteínas pequenas codifi cadas por genes. Diferente das grandes proteínas estruturais, os neuropetídeos são pe- quenos o sufi ciente para servirem como mensa- geiros químicos entre os neurônios, ou entre os depósitos de gordura do organismo e o cérebro. O hormônio leptina, recentemente des- coberto (Friedman 2000), é um exemplo de um neuropeptídeo que é secretado pelas células de gordura (adipócitos) na corrente sanguínea e sinaliza para o sistema nervoso central (via hi- potálamo) que as reservas calóricas estão altas. Durante jejum prolongado ou restrição crônica de alimento, a gordura é utilizada pelo organis- mo, as células de gordura cessam a secreção de leptina, caindo, consequentemente os níveis de leptina na corrente sanguínea. O hipotálamo detecta essa queda, interpreta o baixo nível de leptina como falta de calorias e gera a sensa- ção de fome. No hipotálamo medial, a leptina ativa os neurônios anoréxicos (liberadores de neuropeptídeos supressores de apetite) e ao mesmo tempo inibe um outro grupo de neurô- nios, os chamados anorexigênicos (liberadores de neuropeptídeos que estimulam o apetite). O efeito conjunto dessa rede envia sinais para o hipotálamo lateral, que por sua vez suprime o apetite através do controle de diversos com- portamentos. Existem muitos outros neuropeptíde- os usados como sinais químicos nos circuitos hipotalâmicos e cada um possivelmente tem um papel diferente no balanço calórico. Com- parando-se, por exemplo, os neuropeptídeos Y (NPY) e o peptídeo Agouti-gene-related (AGRP), ambos parecem estar envolvidos na sinalização da fome, mas com características temporais diferentes (Ida et al. 1999). Em ratos em jejum prolongado, os níveis de ambos neuroptídeos estão aumentados, entretanto o nível de NPY aumenta rapidamente e a injeção de NPY in- duz comportamento alimentar somente por alguns minutos. AGRP, por outro lado, tem um aumento lento durante o jejum e uma queda também lenta após a realimentação; uma única injeção de AGRP estimula uma superalimenta- ção em ratos por muitos dias. Vimos que a regulação do comporta- mento alimentar em mamíferos é alcançada através de complexa rede neural hipotalâmica, que integra sinais centrais e periféricos de ape- tite e saciedade. Similarmente, evidências suge- rem que a regulação de tomada de alimento em peixes é mediada por um circuito neural hipo- talâmico que integra sinais orexigênicos e ano- réxigenicos (Lin et al. 2000). Existem atualmen- te evidências de que o neuropetídeo Y (NPY), orexinas, galaninas e betaendorfi nas podem estimular a tomada de alimentos em peixes. Renata Highlight Comportamento Animal 103 Enquanto que serotonina, bombesina, colicisto- quinina parecem estar envolvidos na saciedade. Existem também indicações de que a insulina, o hormônio de crescimento e o cortisol atuem como sinais periféricos que são integrados pelo centro hipotalâmico. RAÍZES FILOGENÉTICAS: O EXEMPLO DO COMPORTAMENTO DEFENSIVO As estruturas suprassegmentares e sub- corticais envolvidas na organização dos diferen- tes comportamentos estão interconectadas e arranjadas hierarquicamente, no sentido de que a supressão de uma delas impede a indução do comportamento a partir da estimulação das demais. O exemplo mais conhecido é o da subs- tância cinzenta periaquedutal, denominada por isso, via fi nal comum do comportamento defensivo. Sua destruição impede a indução de respostas defensivas por estimulação da amíg- dala ou do hipotálamo, que também fazem par- te das estruturas envolvidas na defesa (Bandler & Depaulis 1991). O contrário não é verdadeiro. Há evidências de que estas estruturas básicas dos comportamentos são fi logeneticamente conservadas nos vertebrados. A estimulação elétrica de regiões periaquedutais do mesencé- falo do sapo Bufo paracnemis induz respostas ligadas ao repertório defensivo da espécie (Ho- ff mann et al. 1993; Franchi-asconcelos & Hoff - mann 1994). Estas respostas são acompanhadas de alterações autonômicas características para cada modalidade (fuga, esquiva, recuo, imobili- dade) mostrando que a organização central dos doiscomponentes é paralela, tal como ocorre nos mamíferos. Situações confl itantes para o animal, tais como se alimentar ou evitar a predação, envol- vem hierarquias comportamentais e frente ao dilema ‘comer ou fugir’, dependendo do esta- do motivacional do animal e de variáveis am- bientais, um comportamento é suprimido em relação ao outro. Peixes, por exemplo, quando estimulados com substância de alarme e con- frontados com o dilema de permanecer alertas ou se alimentar, tendem a escolher a segunda categoria quando são submetidos ao jejum. Animais saciados, por outro lado, exibem a tí- pica resposta de alarme (Giaquinto & Volpato 2001). Os sistemas motivacionais competem entre si para acessar a atenção do animal e os mecanismos de respostas. Assim, a hierarquia de prioridades pode ser mudada também pelo sistema nervoso simpático e parassimpático. Sob a ‘calma’ dominância do sistema paras- simpático, a respiração tem prioridade sobre a regulação da temperatura, que por sua vez pre- cede beber e depois se alimentar e, em última instância, copular. Em situações de emergência, o sistema simpático é ativado e o comporta- mento agressivo ou fuga vem em primeiro, co- pular pode preceder a alimentação (dependen- do das reservas energéticas do animal), que por sua vez, precede beber. O NÍVEL DE ORGANIZAÇÃO DEFENSIVO Este terceiro nível de organização dos comportamentos (Figura 2) envolve estruturas prosencefálicas (Figura 1), fi logeneticamente recentes, que desenvolveram uma capacida- de crescente de análise dos sinais de entrada, a ponto de adquirir subjetividade (Timo-Iaria 1977). Esta análise refi nada ocorre nos córtices de associação e multimodal de onde a informa- ção é transferida para o córtex de associação pré-frontal, associado com planejamento e se- quenciamento de comportamentos comple- xos e precisos, adequados para a manipulação do mundo externo (Nieuwenhuys 1996). Os córtices pré-motor e motor e o tracto córtico- -espinhal (piramidal) são as instâncias executo- ras dos movimentos relacionados à cognição. Estímulos ambientais podem acionar o nível cognitivo, mas isto pode também acontecer por um processo interno. Voluntariamente, podemos efetuar um ato motor ou modular a emissão de refl exos e os comportamentos or- 104 Maria Emília Yamamoto e Gilson Luiz Volpato ganizados em níveis subcorticais. “Como a na- tureza transforma eventos orgânicos objetivos, codifi cados por informação neural, em experi- ências psíquicas subjetivas como sentimentos, pensamentos, impulsos voluntários, possivel- mente nunca será entendido”, na visão de Hess (Akert 1999). Apesar dos muitos avanços além de onde os cientistas ousavam crer na época de Hess, ainda pouco se sabe como fenômenos mentais emergem da atividade de redes neuro- nais. Ou inversamente, como estes fenômenos interferem na função cerebral a ponto de alte- rar respostas motoras e neurovegetativas. Para os cientistas e fi lósofos fi sicalistas, as capacida- des da mente humana são capacidades de seu cérebro. Em outras palavras, a mente é passível de análise empírica e a estratégia para entendê- -la é a reducionista isto é, as propriedades das redes neurais explicariam propriedades psico- lógicas (Churchland 1998). Segundo Llinás (Lli- nás & Pare 1991; Llinás et al. 1998), os processos decorrentes da interconexão tálamo-cortical, por ele estudados durante longos anos, pro- piciam a base para a consciência e os proces- sos cognitivos. Seus trabalhos mostram que o tálamo não é apenas o portão de entrada para o cérebro, mas que a intensa projeção cortico- -talâmica, mais densa que o tálamo-cortical, garante uma atividade intrínseca responsável por eventos internos como pensamento e ima- ginação. A interconexão tálamo-cortical faz-se por dois sistemas distintos. Um deles, o sistema específi co, abrange os núcleos talâmicos afe- rentados por projeções de neurônios sensoriais de segunda ordem, e que recebem informação sensorial segregada quanto à modalidade e al- tamente discriminativa quanto à intensidade do estímulo e a sua localização espacial, que se projetam, por meio de neurônios de terceira ordem, para regiões corticais (onde estas carac- terísticas são preservadas) que retroalimentam o tálamo. O outro, o sistema inespecífi co, inter- conecta os núcleos talâmicos inespecífi cos (nú- cleos intralaminares), que são aferentados por regiões do tronco cerebral onde se originam os sistemas envolvidos no controle dos estados ge- rais do organismo, com amplas áreas corticais que, também neste sistema, retroalimentam as regiões talâmicas de origem. Em comum, os neurônios de projeção do tálamo pertencentes aos dois sistemas fazem sinapses com células piramidais do córtex e são controlados pela ati- vidade de interneurônios inibitórios talâmicos cujos corpos celulares estão situados nos núcle- os reticulares do tálamo. As células piramidais dos dois sistemas são também controladas por interneurônios corticais inibitórios. No enten- der de Llinás, a conjunção da atividade recursi- va das alças funcionais específi ca e inespecífi ca (coerência temporal) suporta a geração de pro- cessos cognitivos. A lesão dos núcleos talâmicos do sistema específi co resulta em perda da capa- cidade sensorial discriminativa. Já a dos núcleos ligados ao sistema inespecífi co causa distúrbios profundos da consciência (letargia ou coma). A consciência seria pois um estado funcional interno modulado, mas não gerado pelos sen- tidos. PROCESSOS COGNITIVOS E EVOLUÇÃO FILOGENÉTICA Vimos acima que na visão de Llinás et al. (1998), os estados funcionais que caracterizam a cognição humana são gerados por coerência temporal da atividade nos sistemas tálamo-cor- tical específi co e não específi co. Em tese, o estu- do da evolução fi logenética destes sistemas nos vertebrados, permitiria apontar em que etapa surgiu a faculdade cognitiva. O advento das técnicas de tracejamento neuronal permitiu verifi car que o telencéfalo dos ectotermos não é dominado por aferên- cias olfatórias secundárias como supunham os pesquisadores, embora elas sejam abundantes, mormente nas áreas subpaliais. Em peixes acti- nopterígeos, impulsos relacionados a diferentes modalidades sensoriais podem alcançar a área dorsalis (pallium) do telencéfalo, procedentes de três estações diencefálicas distintas (Nieu- wenhuys & Meek 1990). Destas, a que fornece o maior contingente de aferências para a região Comportamento Animal 105 palial não é o tálamo dorsal, como ocorre nos mamíferos, mas o complexo pré-glomerular, que é uma parte migrada do tubérculo poste- rior. Nos amniotas, o tubérculo posterior não tem a mesma importância funcional, o que mostra a capacidade do cérebro dos vertebra- dos em desenvolver soluções distintas para pro- blemas comuns. Apenas podemos assegurar que o telencéfalo, neste estágio precoce da evo- lução, é alvo de projeções ascendentes de di- versas modalidades sensoriais e que as mesmas determinaram a expansão das regiões paliais. Há mesmo evidências funcionais de segrega- ção espacial na representação de modalidades sensoriais no pallium de teleósteos (Prechtl et al. 1998; Corrêa & Hoff mann 1999). Além dis- so, a região dorso-central do pallium, principal fonte de eferências telencefálicas, aferenta as regiões talâmicas e o complexo pré-glomerular (Nieuwenhuys & Meek 1990) constituindo as- sim, alças recorrentes que lembram a situação descrita nos mamíferos mas cujo signifi cado funcional não é sabido. O COMPORTAMENTO E AS EMOÇÕES: BASES NEURAIS Durante a primeira metade do século XX, neurocientistas estavam imensamente inte- ressados nos mecanismos cerebrais do compor- tamento emocional. Alguns dos pioneiros em neurociências trabalharam nesta área, incluin- do Sherrington, Cannon, Papez e Hebb. Respos-tas que ocorrem quando nos defendemos de um perigo, durante a interação sexual ou briga com um inimigo, promovem a sobrevivência individual e consequentemente da espécie. Res- postas emocionais são, portanto, importantes de serem investigadas. O que aconteceu então com os estudos dos mecanismos cerebrais da emoção? Por um lado, a pesquisa em emoção tor- nou-se vítima da revolução cognitiva. A emer- gência da ciência cognitiva mudou o alvo de interesse da relação entre funções psicológicas e mecanismos neurais (percepção e memória, por exemplo). Questões cognitivas também pareciam mais tratáveis do que as questões emocionais, em parte dada a nuvem negra de subjetividade que parece pairar sobre o tópi- co emoção. Ainda com o desenvolvimento do conceito de sistema límbico na década de 1950 (MacLean 1949, 1952), o problema de como o cérebro processa a emoção parecia resolvido. Após este hiato, uma integração entre emoção e cognição parece ser a chave para estudos fu- turos. Nas experiências emocionais (medo, ira, prazer) que acompanham os comportamentos podemos distinguir dois componentes: um de- les subjetivo (sentimento consciente) e outro objetivo (sensação física). Este último traduz-se por alterações neurovegetativas, endócrinas e somatomotoras, algumas das quais podem ser percebidas na forma de alteração das frequên- cias cardíaca e respiratória, sudorese, alteração do fl uxo sanguíneo cutâneo (palidez ou rubor), alterações gastrointestinais, tensão muscular sobretudo na região facial etc., percepção esta que pode retroalimentar o processamento cen- tral das emoções. O sentimento consciente é mediado por estruturas corticais, sobretudo o córtex cingular e os lobos frontais e as alte- rações funcionais por estruturas subcorticais como amígdala, hipotálamo e tronco cerebral. A consciência é uma parte importante do estudo da emoção e de outros processos mentais. Apesar de estarmos longe de entender o que é a consciência, teóricos propuseram que está relacionada a memória operacional, onde uma série de processos mentais organizados po- dem ser comparados e mentalmente manipula- dos (Baddeley 1992). Nas reações de medo, por exemplo, a amígdala modula memórias forma- das em outros sistemas, tais como a memória declarativa, formada nos circuitos hipocampais, ou memórias explícitas, formadas nos circuitos estriados (Packard et al. 1994). Acessadas estas informações de memória, a amígdala se projeta para sistemas envolvidos na regulação cortical de estado de alerta e seus respectivos controles nas respostas corporais. 106 Maria Emília Yamamoto e Gilson Luiz Volpato A INTERAÇÃO ENTRE OS TRÊS NÍVEIS DE ORGANIZAÇÃO Dentro de nosso esquema, um mesmo sinal sensorial é analisado diferentemente nos três níveis, induzindo desde respostas refl exas, respostas comportamentais espécie-específi cas e respostas voluntárias. Evidentemente que o grau de mobilização de cada nível é variável. O componente voluntário pode ser sufi cien- temente intenso a ponto de interferir com os componentes inato e refl exo. Ele, como tam- bém o inato, pode alterar a expressão das res- postas refl exas, mostrando como afi nal estas, embora previsíveis, podem ser modifi cadas. O componente voluntário pode ainda interferir na escolha da melhor estratégia comportamen- tal num determinado contexto, selecionando os programas inatos. A interferência supras- segmentar de respostas inatas ou conscientes faz-se não apenas sobre refl exos motores, como sobre refl exos autonômicos homeostáticos. As- sim por exemplo, numa situação de confronto agonístico, se um estímulo nocivo é aplicado à pele de um dos membros, o refl exo de retirada bem como o barorrefl exo podem ser ameniza- dos ou mesmo bloqueados, favorecendo uma resposta de fuga. Devemos lembrar aqui que a estimula- ção de receptores centrais pode induzir com- portamentos. Em condições de desidratação, osmorreceptores do prosencéfalo basal são estimulados por aumentos na osmolalidade plasmática do que resulta a ativação de sis- temas efetores que promovem antidiurese e natriurese. Se estes mecanismos forem insufi - cientes para alcançar o balanço homeostático, a sensação de sede desperta comportamentos motivados (homeostáticos) de busca e ingestão de líquido. Também aqui, o componente volun- tário pode interferir em maior ou menor grau com o comportamento acionado. O alto grau de desenvolvimento dos processos cognitivos nos humanos possibilitou um maior controle dos circuitos envolvidos em respostas inatas, portanto uma fl exibilização voluntária dos comportamentos, escapando assim ao estrito determinismo biológico. Se nos animais o contexto ambiental pode ser im- portante para a determinação da resposta, nos homens em acréscimo, a cultura, produto do desenvolvimento cognitivo, exerce um papel central. Embora o termo cultura comporte vá- rios sentidos e defi nições, muitos pensadores a comparam ao cimento do tecido social, àquilo que nos une a nossos semelhantes. A maior ou menor agregação deste tecido pode favorecer comportamentos agressivos ou cooperativos. Visto ser ela produto de capacidades cerebrais adquiridas recentemente na evolução fi logené- tica, vale lembrar a advertência de Nietsche: “A consciência é a última e mais tardia evolução da vida orgânica e, consequentemente, o que exis- te de menos rematado e mais frágil nela”. REFERÊNCIAS Akert K. 1999. Walter Rudolf Hess and his con- tribution to neuroscience. Journal of the History of the Neurosciences 8: 248-63. Baddeley A. 1992. Working memory. Science 255: 556–9 Bandler R, Depaulis A. 1991. Midbrain periaque- ductal gray control of defensive behavior in the cat and the rat. pp. 175-98. In: De- paulis A, Bandler R (eds.). Th e Midbrain Periaqueductal Gray Matter. New York e Londres: Plenum Press. 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