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Neuroaprendizagem e Atuação Psicopedagógica PDF

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1 
 
 
 
 
 
 
 
 
PSICOPEDAGOGIA E NEUROCIÊNCIAS 
PSICOPEDAGOGIA INSTITUCIONAL 
 
 
 
 
 
 
 
NEUROAPRENDIZAGEM E ATUAÇÃO 
PSICOPEDAGÓGICA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Prof. Me. Rosemeire Vastag Leite Peres 
Prof. Me. Edna Barberato Genghini 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
PERES, Rosemeire Vastag Leite 
GENGHINI, Edna Barberato 
 
 
Neuroaprendizagem e Atuação Psicopedagógica (Livro-texto) 
/ Rosemeire Vastag Leite Peres; Edna Barberato Genghini – São 
Paulo: Pós-graduação Lato Sensu – UNIP, 2019 
 
 
154 p. il. 
 
 
 1. Neuroaprendizagem. 2. Psicopedagogia. 3. 
Desenvolvimento Cognitivo. Rosemeire Vastag Leite Peres; 
Edna Barberato Genghini. Pós-Graduação Lato Sensu UNIP. 
Neuroaprendizagem e Atuação Psicopedagógica. 
 
 
NEUROAPRENDIZAGEM E ATUAÇÃO PSICOPEDAGÓGICA 
 
 
Professor Conteudista 
ROSEMEIRE VASTAG LEITE PERES possui graduação em Formação de 
Psicólogo pelo Instituto Unificado Paulista (1978), graduação em Bacharelado e 
Licenciatura em Psicologia pelo Instituto Unificado Paulista (1978) e mestrado em 
Educação pelo Centro Universitário Nove de Julho (2002). Pós-graduação em 
Recursos Humanos, Formação do Magistério Superior e Psicopedagogia. É docente 
da Universidade Paulista – UNIP, onde ministra aulas nas modalidades Presencial, 
SEPI e SEI. É autora e coautora de diversos Livros-texto para a Instituição. Atua na 
área clínica e institucional, na área de Psicologia e Psicopedagogia. 
 
 
Professora Colaboradora/coordenadora: 
EDNA BARBERATO GENGHINI, Professora Universitária desde 2002. 
Atualmente no exercício da função de Coordenadora para todo o Brasil de três cursos 
ao nível de Pós Graduação Lato Sensu: em PSICOPEDAGOGIA INSTITUCIONAL, 
DOCÊNCIA PARA O ENSINO SUPERIOR e em FORMAÇÃO EM EDUCAÇÃO A 
DISTÂNCIA, pela UNIP - UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP/EaD, onde também 
atua como Professora Adjunta, nas modalidades SEI e SEPI. É Diretora e 
Psicopedagoga da MENTOR ORIENTAÇÃO PSICOPEDAGÓGICA LTDA. ME desde 
1991. Possui graduação em Economia Doméstica - Faculdades Integradas Teresa 
D'Ávila de Santo André (1980), graduação em Pedagogia pela Universidade 
Guarulhos (1985), Pós-graduação em Psicopedagogia pela Universidade São Judas 
(1987), Mestrado em Ciências Humanas pela Universidade Guarulhos (2002) e pós-
graduação Lato Sensu em Formação em Educação a Distância pela UNIP - 
Universidade Paulista (2011). É autora e coautora de livros Textos para os cursos de 
Pós Graduação Lato Sensu em Psicopedagogia Institucional, Docência para o Ensino 
Superior e Formação em Educação a Distância da UNIP - EaD. Áreas de Interesse: 
Neurociências - Educação Inclusiva - Psicopedagogia Clínica e Institucional - 
Formação e Gestão em Educação a Distância - Formação de Docentes para o Ensino 
Superior. 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
INTRODUÇÃO 05 
 
Unidade I: CONTEXTO HISTÓRICO DA NEUROAPRENDIZAGEM 08 
1.1 Subsídios das Neurociências 13 
1.2 Base funcional da Neuroaprendizagem 16 
1.2.1 Base funcional dos Neurônios e das Células Glias 16 
1.2.2 Desenvolvimento e Plasticidade do Sistema Nervoso 28 
1.3 Base relacional da Neuroaprendizagem 34 
 
Unidade II: A NEUROAPRENDIZAGEM E DESENVOLVIMENTO COGNITIVO 49 
2.1 Cognição e aprendizagem 50 
2.2 Emoção e aprendizagem 61 
2.3 Motricidade e aprendizagem 68 
2.4 Memória e atenção para aprender 79 
 
Unidade III: A NEUROAPRENDIZAGEM E AS DIFICULDADES NA APRENDIZAGEM 99 
3.1 Problemas de aprendizagem e distúrbios da aprendizagem 100 
 
Unidade IV: A NEUROAPRENDIZAGEM NA ATUAÇÃO PSICOPEDAGÓGICA 117 
4.1 Atuação preventiva 125 
4.2 Atuação interventiva 137 
4.3 Atuação com equipe multidisciplinar 147 
4.4 Encaminhamentos 150 
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS 153 
 
 
 
 
 
5 
INTRODUÇÃO 
 
Olá, aluno(a)! 
Seja bem-vindo(a) à disciplina NEUROAPRENDIZAGEM E ATUAÇÃO 
PSICOPEDAGÓGICA! 
Vamos ver um pouco sobre o que iremos estudar nesta disciplina? 
 
As pesquisas das Neurociências têm gerado muitas contribuições para a 
Educação, principalmente quanto aos fatores que influenciam a aprendizagem 
humana. Torna-se imperativo à Psicopedagogia, como área que se propõe a dar 
ações resolutivas para as dificuldades de aprendizagens, compreender e se inteirar 
sobre os avanços relacionados à Neuroaprendizagem. 
O objetivo deste livro é apresentar a Neuroaprendizagem bem como dar 
visibilidade ao CÉREBRO, uma vez que a mesma nos dá a consciência de que como 
“este” cérebro aprende e comanda todo o funcionamento orgânico e faz acontecer o 
desempenho humano. 
O cérebro tem o seu desenvolvimento desde a vida intrauterina, acompanha e 
interfere na maturação e funcionamento de todos os órgãos e, principalmente, tem a 
capacidade de se adaptar e regenerar através da plasticidade cerebral. Portanto, o 
cérebro da criança se torna um circuito de possibilidades, além de permear as “janelas 
de oportunidades”, segundo Gardner. 
O principal de toda atividade cerebral humana é a dependência de informações 
neuronais que recebe do meio ambiente. E, como diz RELVAS (apud SAMPAIO, 
2019, p. 36) “o desenvolvimento do sistema nervoso não está na quantidade de 
estímulos que o cérebro da criança recebe, mas na qualidade e interação desses 
estímulos com esse organismo”. 
O propósito deste livro é promover uma atuação psicopedagógica consciente 
de uma ação responsável pela qualidade de estímulos enviados ao cérebro dos seus 
educandos, tendo como base a Neuroaprendizagem, como subsídio promotor de 
ações pedagógicas, sincronizadas com as necessidades cerebrais de seus alunos: os 
sujeitos cerebrais dessas ações. 
 
6 
A Neurociência quando dialoga com a Psicopedagogia interfere em suas ações, 
principalmente, promovendo a construção de caminhos teóricos que visem à busca 
de uma aprendizagem satisfatória do aprendiz, na criação de recursos pedagógicos 
pensados e construídos numa mediação eficaz do processo ensino-aprendizagem. 
Para que esta mediação seja alcançada é preciso que a ação psicopedagógica 
seja atuante, em sensibilizar o professor-educador a se tornar coparticipante no 
movimento reflexivo sobre Neuroaprendizagem, pois é ele que emite os estímulos aos 
sujeitos cerebrais na sala de aula. 
Dar visibilidade à Neuroaprendizagem na atuação psicopedagógica 
institucional, tanto na prevenção quanto na intervenção das dificuldades de 
aprendizagem, é possibilitar o afastamento da dor e de todas as consequências que 
o fracasso escolar pode causar nas pessoas para o resto de suas vidas. 
Para tanto, o conteúdo deste livro enfatizará o conhecimento e o valor agregado 
da Neuroaprendizagem no processo de aprendizagem. Promovendo uma visão de 
escola agregadora, geradora de prazer no aprender, num ambiente que preze o bem-
estar e confiança em todos os envolvidos no processo: alunos, professores e equipe 
escolar, profissionais fora da equipe escolar, família e a sociedade como um todo. 
Este livro está dividido em quatro unidades: 
Na Unidade I “Contexto histórico da Neuroaprendizagem”, expondo assuntos 
correlatos às Neurociências, que aderem ao assunto por analogia; na base funcional 
da Neuroaprendizagem, sobre as funções das estruturas cerebrais e afins, apontando 
as estruturas e sistemas cerebrais que levam o cérebro a aprender; e na base 
relacional da Neuroaprendizagem será focado nas necessidades e funções de todas 
as estruturas envolvidas, inclusive de vísceras, relacionadas ao processamento da 
aprendizagem cerebral. 
Na Unidade II “A Neuroaprendizagem e o desenvolvimento cognitivo”, focando 
cognição e aprendizagem; emoção e aprendizagem; motricidade e aprendizagem; 
memória e atenção para aprender. 
Na Unidade III “A Neuroaprendizagem e as dificuldades na aprendizagem”, 
focando que as dificuldades de aprendizagempodem ser diferenciadas entre o 
Problema de Aprendizagem e o Distúrbio de Aprendizagem. Dependendo do 
 
7 
diagnóstico realizado, sempre de forma cautelosa, vão ser designadas as tarefas 
psicopedagógicas. 
Na Unidade IV “A Neuroaprendizagem na atuação psicopedagógica”, envolve 
a atuação psicopedagógica preventiva e interventiva no contexto da 
Neuroaprendizagem; a atuação psicopedagógica com uma equipe multidisciplinar, 
como disseminador da Neuroaprendizagem; a ênfase na agilidade para o 
encaminhamento, tendo em vista que quanto mais rápido se principiar um diagnóstico 
e iniciar o tratamento melhor será para o aluno, assim como a orientação de como a 
escola pode beneficiar o mesmo. 
 
Então? Preparado(a) para enfrentar mais esta jornada rumo à formação do 
psicopedagogo(a)? 
Vamos lá! 
 
 
 
8 
1. CONTEXTO HISTÓRICO DA NEUROAPRENDIZAGEM 
 
O contexto psicopedagógico tem a aprendizagem como objeto de sua pesquisa 
constante. Tendo como princípio básico a busca por ações preventivas para eliminar 
variáveis que possam interferir, negativamente, a efetividade da aprendizagem, assim 
como ter ações interventivas nas dificuldades e transtornos desse fator. 
 
Os ambientes escolares necessitam de mediadores mais atuantes e 
conhecedores, numa abordagem interdisciplinar, de como se dá o processo 
da aprendizagem cognitiva, emocional e social organizado pelo principal 
órgão, norteador da vida, que é o cérebro. (RELVAS, 2012, p.15). 
 
Cabe, portanto, a todos os envolvidos no ambiente educacional, em especial 
aos psicopedagogos, a busca pelo conhecimento sobre duas questões- chave a 
serem respondidas: a primeira questão sobre como o cérebro (elemento interno do 
organismo) interfere no processo da aprendizagem e, a segunda questão de que 
forma a mediação do educador (elemento externo do organismo) contribui para o 
sucesso da aprendizagem. 
Fica imperativo em primeiro lugar para os mediadores educacionais 
caminharem na busca do conhecimento para responder a primeira questão, pois 
somente com a conscientização estrutural bem como funcional do cérebro é que se 
dará a busca e preparo de uma atuação psicopedagógica eficaz que promova a 
aprendizagem cognitiva, emocional e social do educando e contribua para que ele 
tenha autonomia em suas buscas de vida. 
Na perspectiva de RELVAS (2012, p.15), o cérebro é entendido como um órgão 
social que pode ser modificado pela prática pedagógica. 
 
O cérebro é o centro de controle do movimento, sono, fome, sede e quase 
todas as atividades vitais necessárias à sobrevivência. Emoções, como amor, 
o ódio, o medo, a ira, a alegria e a tristeza, também são controladas por esse 
órgão, que ainda recebe e interpreta os inúmeros sinais enviados pelo 
organismo e pelo ambiente. (LENT, 2004, ) 
 
Observe na Figura 1 a localização de algumas funções no cérebro: audição; 
equilíbrio e coordenação muscular; memória; visão; compreensão da linguagem; 
sensação; desenvolvimento das habilidades motoras; movimento voluntário; 
 
9 
movimento voluntário dos olhos; produção motora e da fala; intelecto superior; 
autocontrole; inibição; emoções. 
As funções do cérebro, quanto à sua complexidade, são proporcionais às suas 
responsabilidades, que envolvem as informações vindas tanto do próprio organismo 
quanto do meio ambiente, via neurônios. 
 
FIGURA 1: Sobre algumas funções do cérebro 
 
Fonte: todamateria.com.br, acesso em 13/05/19. 
 
 
A responsabilidade do cérebro é captar informações que chegam via 
neurônios, processá-las e transformá-las em ações necessárias. 
 
10 
 
 
É possível observar na Figura 2 a quantidade de neurônios em cada área do 
cérebro. 
 
 
FIGURA 2: O cérebro e a localização dos neurônios 
 
 
 
Fonte: LENT, R. (Revista FAPESP fev./2012) 
 
Com relação à Figura 2, o número de Neurônios em cada área do Cérebro varia 
significativamente. O Cerebelo pesa 154 gramas e têm 69 bilhões de Neurônios, é a 
estrutura que contém o maior número deles concentrados. O Cérebro pesa 1230 
gramas e tem 16 bilhões de neurônios. Lembrando que existem outras células, além 
dos Neurônios. 
 
 
http://revistapesquisa.fapesp.br/wp-content/uploads/2012/02/dogmas.jpg
http://revistapesquisa.fapesp.br/wp-content/uploads/2012/02/dogmas.jpg
http://revistapesquisa.fapesp.br/wp-content/uploads/2012/02/dogmas.jpg
http://revistapesquisa.fapesp.br/wp-content/uploads/2012/02/dogmas.jpg
http://revistapesquisa.fapesp.br/wp-content/uploads/2012/02/dogmas.jpg
 
11 
 
Caro aluno, para conhecer a pesquisa realizada pelo médico Robert Lent, 
da UFRJ, descrita na Revista da FAPESP, veja em: 
http://revistapesquisa.fapesp.br/wp-content/uplods/2012/02/dogmas.jpg 
 
 
Pela complexidade do cérebro humano e por suas inúmeras tarefas são muitos 
os profissionais que o estudam e o pesquisam. 
 
Especialistas como médicos, psicólogos, enfermeiros e, também, educadores 
e pedagogos têm se interessado quanto às contribuições do sistema nervoso 
para os processos de aprendizagem. (LENT, 2004, ) 
 
O que tem chamado muita atenção e produzido interesse pela Psicopedagogia 
é a capacidade adaptativa do SNC, principalmente, com as descobertas da 
possibilidade deste sistema em modificar sua própria estrutura, e reorganizar seu 
funcionamento a partir de mensagens recebidas de fora dele (do ambiente externo). 
Descobertas das Neurociências confirmam, portanto, a capacidade adaptativa 
do cérebro denominada de plasticidade cerebral. 
 
Plasticidade cerebral é a capacidade que o cérebro tem em se remodelar em 
função das experiências do sujeito, reformulando as suas conexões em 
virtude das necessidades e dos fatores do meio ambiente. (RUSSO, 2015, ) 
 
A plasticidade cerebral, dentro do contexto da aprendizagem, reforça 
positivamente a possibilidade de que a ação mediadora do educador, através de 
ações alternativas eficazes, durante o processo de aprendizagem do educando, 
garante que é nesta intervenção que ocorre o desenvolvimento do potencial de 
inteligência do aluno. 
 
Os ambientes escolares necessitam de mediadores mais atuantes e 
conhecedores, numa abordagem interdisciplinar, de como se dá o processo 
 
12 
da aprendizagem cognitiva, emocional e social organizado pelo principal 
órgão, norteador da vida, que é o cérebro. (RELVAS, 2012, p. 15) 
 
 
 
A Neuroaprendizagem acontece a partir do caminho percorrido do 
processo da aprendizagem cognitiva, emocional e social organizado pelo 
cérebro, com a mediação daqueles que fazem parte do ambiente em que o 
educando vive. 
 
 
Portanto, uma mediação educativa precisa é essencial para desenvolver o 
potencial do educando, que necessita ser acompanhado e observado de perto por um 
olhar capacitado da área psicopedagógica. 
A prática psicopedagógica evidencia-se como importante, principalmente em 
função preventiva, no preparo e na conscientização de todos os envolvidos no 
ambiente escolar, essencialmente o professor que deve ser estimulado a elaborar 
atividades de forma criativa e provocativa. 
Ainda quanto à plasticidade cerebral: 
 
A neuroplasticidade permite que os seres humanos aprendam novas 
habilidades e se recuperem de lesões do SNC ao reorganizar redes neurais 
em resposta a estímulos ambientais. O entendimento dos mecanismos 
relacionados à reorganização neural fornece uma base para o 
desenvolvimento de melhores estratégias de aprendizagem e intervenção. 
(SAMPAIO, 2019, p.86) 
 
Considerando a tendência do SNC em: 
 
( ) ajustar-se diante das influências ambientais durante o desenvolvimento 
infantil, na fase adulta restabelecendo e restaurando funções desorganizadas 
por condições patológicas. Ressaltar os vínculos dos fenômenos plásticos 
cerebrais com o desenvolvimento do SN na sua compreensão sócio-histórica-
educativa. (RELVAS, 2012, p. 15) 
 
13 
 
A influência adequada da estimulação do ambiente educacional é fundamental, 
fazdo educador o principal mediador do processo de aprendizagem. 
E, segundo Claro (2017, p. 13) é denominado de Neuroaprendizagem o 
segmento das Neurociências que trata da forma como o cérebro aprende. 
Para as autoras Relvas, Claro e Sampaio, o cérebro é a estrutura central do 
SNC que é responsável pela aprendizagem. E, como a aprendizagem é o centro 
nevrálgico da Educação, faz-se obrigatório o conhecimento do assunto no ambiente 
educacional. 
Desta forma, quem dá vida e forma à Neuroaprendizagem são as ações 
interventivas e preventivas da ação psicopedagógica e, com a consciência da 
plasticidade cerebral, que contribui para uma educação mais justa e menos 
excludente. 
 
 
1.1 Subsídios das neurociências 
 
Quanto às Neurociências: 
 
Neurociências é um campo de estudo entre Anatomia, Biologia, 
Farmacologia, Fisiologia, Genética, Patologia, Neurologia, Psicologia, 
Psiquiatria, Química, Radiologia e os vislumbrados estudos inerentes à 
educação humana no ensino e na aprendizagem. (RELVAS, 2012, p.34) 
 
Cada campo citado produz pesquisas e geram conhecimentos científicos que 
são socializados pela comunidade científica para outros campos, praticando assim a 
interdisciplinaridade, sempre na tentativa de contribuir para o progresso nas buscas 
de questões norteadoras, nas pesquisas em diferentes áreas, atingindo resultados, 
ações e visões cada vez mais complexas na formação do conhecimento. 
 
Esforços são necessários para compreender como se aprende, tendo como 
principal processo a inter-relação do sistema nervoso, as funções cerebrais, 
as funções mentais e o ambiente. (RELVAS, 2012, p.35) 
 
 
 
14 
Esses esforços, citados pela autora, se referem principalmente à estimulação 
adequada que o aluno deve receber, de todos os envolvidos no ambiente educacional 
que devem conhecer sobre assunto e criar ações no seu campo que contribuam com 
uma aprendizagem de sucesso. 
A escola vista como parte integrante do ambiente tem que fazer a sua parte: 
conhecer cada aluno em suas necessidades individuais, em suas dificuldades 
enfrentadas, tendo em vista que cada um tem uma estrutura cerebral diferente e reage 
de forma diferente. 
 
Por isso, a questão é provocar nas ciências da educação essa possibilidade 
de que aprendizagem e comportamento começam no cérebro e são 
mediadas por meio de processos neuroquímicos. (RELVAS, 2012, p. 35) 
 
Portanto, todo educador deve ter conhecimento sobre a estrutura e 
funcionamento do cérebro humano, reconhecendo as responsabilidades no seu 
exercício profissional, em planejar ações pensadas em virtude deste conhecimento. 
A complexidade da ação educacional aumenta a partir do momento em que se 
entende que os cérebros humanos são diferentes. 
 
O avanço dos estudos da Neurociência vem provocando uma nova visão no 
entender do funcionamento do encéfalo, na cognição, no pensamento, na 
emoção, na aprendizagem e no comportamento. (RELVAS, 2012, p. 35) 
 
Segundo Chedid (2007) a Educação deve promover a propagação dos 
resultados obtidos pelas áreas da neurologia. 
O autor reforça ainda, na leitura abaixo sugerida, que aposta na Neurociência 
como parceira que ao esclarecer, por exemplo, o funcionamento das funções 
executivas do cérebro, pode auxiliar na construção de fundamentos teóricos que 
iluminem práticas mais efetivas no terreno da educação. 
 
 
 
15 
Leia o artigo CHEDID 
http://pepsic.bvsalud.org/scielo.phpscript 
 
 
A inclusão de pensar e focar o cérebro e colocá-lo como um elemento de 
importância na Pedagogia promove o surgimento da Neuropedagogia, a ciência que 
promove o reconhecimento de que ensinar a um “sujeito cerebral”, segundo a autora, 
envolve uma habilidade nova implicando em: 
 
maximizar o potencial de funcionamento de seu cérebro. Isso porque 
aprender exige necessariamente planejar novas maneiras de solucionar 
desafios e atividades que estimulem as diferentes áreas cerebrais, a fim de 
desvendar com eficiência o desenvolvimento das potencialidades humanas e 
a capacidade de pensar. (RELVAS, 2012) 
 
O funcionamento cerebral do educando acontece através de estímulos 
externos, captados por neurônios, que provocam uma resposta do mesmo. A resposta 
desejada pelo meio ambiente acontecerá quando as ações propostas forem atraentes 
para o educando. 
Um dos subsídios das Neurociências é criar e recriar formas para que a 
interdisciplinaridade entre as ciências aconteça, no sentido de ter propostas cada vez 
mais elucidativas sobre o bem viver do ser humano. 
 
Os estudos apontam que, enquanto a Neurociência constitui-se como a 
ciência do cérebro, a Educação configura-se como a ciência do ensino e 
aprendizagem. Apresentam relação de proximidade na medida em que o 
cérebro tem significância no processo de aprendizagem do indivíduo. 
(RUSSO, 2015, ) 
 
A relação da proximidade entre cérebro e processo de aprendizagem humana 
legitima a Neuroaprendizagem, vinculada às Neurociências. Portanto cabe à 
psicopedagogia, tendo como missão tornar possível a aprendizagem do educando, 
realizar suas ações preventivas e interventivas tendo como ponto de referência o 
cérebro. 
 
 
http://pepsic.bvsalud.org/scielo.phpscript
 
16 
1.2 Base funcional da Neuroaprendizagem 
 
A Neuroaprendizagem, como um dos pressupostos das Neurociências, tem a 
missão de procurar entender como o cérebro aprende. 
 
As Neurociências estudam os neurônios, suas moléculas constituintes, os 
órgãos do sistema nervoso e suas funções específicas, e também as funções 
cognitivas e o comportamento, resultantes da atividade dessas estruturas. 
(COSENZA e GUERRA, 2011, ) 
 
 
 
 
Para a construção da ação psicopedagógica é necessário o entendimento 
tanto da parte funcional do cérebro quanto das estruturas a ele coligadas, 
permitindo assim alcançar o objetivo da Neuroaprendizagem: conhecer como o 
cérebro aprende. 
 
 
Para conhecer como o cérebro aprende é preciso conhecer as estruturas a ele 
coligadas, entre elas: primeiro os Neurônios e as Células Glias; segundo o Sistema 
Nervoso; e em terceiro Desenvolvimento e Plasticidade do Sistema Nervoso. 
 
 
 
1.2.1 Base funcional dos Neurônios e das Células Glias 
 
A base funcional do Sistema Nervoso conta com dois tipos distintos de células 
que são os NEURÔNIOS e as CÉLULAS GLIAIS. 
 
 
17 
FIGURA 3 - Estrutura básica de um neurônio e a sinapse 
 
http://neurotransunb.blogspot.com.br, acesso em 15/05/19. 
 
 
O Neurônio pode ter várias formas e tamanhos, conforme pode ser observado 
na Figura 3. E, conforme os autores: 
 
Os neurônios, as unidades básicas do SN, são células que se especializam 
em comunicação e diferem na maioria das células por serem excitáveis: eles 
operam por meio de impulsos elétricos e se comunicam com outros neurônios 
por sinais químicos. (GAZZANIGA & HEATHERTON, 2005, ) 
 
 
 
Para entender como o cérebro aprende, é necessário conhecer a estrutura 
do neurônio e a forma como ele realiza o seu papel quanto à comunicação entre 
as células. 
http://neurotransunb.blogspot.com.br/
 
18 
Os neurônios são responsáveis em conduzir para o cérebro as 
informações do corpo e do meio externo, para que respostas do corpo 
solicitadas pelo meio ambiente possam acontecer. 
 
 
Os Neurônios comunicam-se através de sinapses (regiões de transmissão de 
impulsos nervosos). Os neurônios são especializados na propagação dos 
impulsos nervosos e tem como funções básicas receber, processar e enviar 
informações. A estrutura dessas células é formada por corpo celular, 
dendritos (expansões do corpo celular), axônio e botões terminais. (RUSSO, 
2015, p.20) 
 
Na Figura 3 temos a estrutura básica do Neurônio, contendo o núcleo, o corpo 
celular e o dendrito, saindo desse núcleo um caminho (sinalizado com setas 
vermelhas) percorrido através de descargas elétricas, que levam as informações, 
através de axônios envoltos com membrana de mielina, até chegar à junçãosináptica. 
 
 
 
A Neuroaprendizagem só acontece na presença de neurônios! Portanto, 
entender esta estrutura é ter a consciência da importância do papel mediador 
na prática psicopedagógica. 
 
 
FIGURA 4 - Sinapse 
 
19 
 
www.cienciahoje.org.br, acesso em 17/05/19 
 
Na Figura 4 é possível observar a sinapse, onde o terminal de um axônio 
denominado dendrito se conecta, passando a informação, a outro neurônio. A 
mensagem é processada no corpo celular, formando uma nova informação que é 
levada para outro neurônio e assim por diante até cumprir o seu objetivo. 
 
O corpo celular é o centro metabólico do neurônio responsável pela síntese 
de todas as proteínas neuronais, bem como pela maioria dos processos de 
degradação e renovação de constituintes celulares, inclusive de membranas. 
(MACHADO apud RUSSO, 2015, p. 20) 
 
Ao se referir à degradação e renovação celular, o autor evidencia o princípio da 
neuroplasticidade, tão importante para o corpo celular do neurônio, que segundo a 
autora: 
 
O corpo celular refere-se à região onde a informação de milhares de outros 
neurônios é coletada e integrada. Uma vez integradas, impulsos elétricos são 
transmitidos por um prolongamento estreito e longo chamado axônio. (Ibdem, 
2015, p. 20) 
 
As células dos neurônios, além do corpo celular, são formadas de dendritos: 
 
Os dendritos (do grego dendron, árvore) são extensões de neurônios 
semelhantes a ramos, que conduzem os estímulos captados do ambiente ou 
de outras células, em direção ao corpo celular. São especializados em 
http://www.cienciahoje.org.br/
 
20 
receber estímulos, traduzindo-os em alterações do potencial de repouso da 
membrana. (Ibdem, p. 20) 
 
O axônio é a principal unidade condutora do neurônio, é capaz de conduzir 
sinais elétricos por distâncias curtas e longas. 
 
E, muitos axônios dividem-se em vários ramos, conduzindo, assim, 
informações para diferentes alvos. É especializado em gerar e conduzir o 
potencial de ação e tem como função transmitir para outras células os 
impulsos nervosos provenientes do corpo celular. Nas extremidades dos 
axônios estão localizados pequenos nódulos chamados de botões terminais. 
(RUSSO, 2015, p. 20) 
 
 
Figura 5: A transmissão do impulso nervoso no neurônio. 
 
Fonte: mundoeducaçao.bol.uol.com.br, acesso em 18/05/19 
 
 
21 
O axônio tem um potencial de ação, chamado também de descarga neuronal, 
que segundo a autora, 
 
( ) é uma onda de descarga elétrica que percorre a membrana de uma célula 
e é desencadeado por diversos eventos físicos no ambiente que incidem 
sobre nossos corpos. São gerados no cone axônico e conduzidos ao longo 
do axônio, sem falha e sem distorção, com velocidade entre 1 e 100 metros 
por segundo e amplitude de 100 milevolts (mV). (Ibdem, 2015, p. 20) 
 
Para assegurar a condução com alta velocidade dos potenciais de ação, os 
axônios com maior calibre são: 
 
( ) circundados por uma bainha isolante, chamada de mielina. Essa bainha 
é interrompida a intervalos regulares, pelos nódulos de Ranvier, e são nesses 
segmentos desprovidos de isolamento elétrico, ao longo do axônio, que o 
potencial de ação é regenerado. (RUSSO, 2015, p. 21) 
 
Próximo à terminação do axônio (Figura 5) ele se divide em ramos mais finos 
que fazem contato com outros neurônios. 
 
O ponto de contato entre duas células neuronais é chamado de sinapse. A 
célula transmissora de um sinal é designada como célula pré-sináptica, 
enquanto a célula que recebe o sinal é a célula pós-sináptica. Dilatações 
especializadas nas extremidades das ramificações axônicas atuam como 
locais de transmissão nas células pré-sinápticas. (RUSSO, 2015, p. 21) 
 
A célula pré-sináptica é separada da célula pós-sináptica por um espaço 
denominado de fenda sináptica. 
 
A maioria dos axônios termina próximo aos dendritos de uma célula pós-
sináptica, mas também pode ocorrer comunicação ao nível do corpo celular, 
ou, menos frequente, no segmento inicial ou na região terminal do axônio da 
célula pós-sináptica. (RUSSO, 2015, p. 21) 
 
Na Figura 6 o diagrama percorrido pelo impulso nervoso, formado no corpo celular; 
a membrana do neurônio pré-sináptica e a membrana do neurônio pós-sináptica, bem como 
a presença dos neurotransmissores tanto nas vesículas sinápticas quanto na fenda 
sináptica. 
 
 Figura 6: Conexões sinápticas 
 
22 
 
 Fonte: http://neurotransunb.blogspot.com.br, acesso em 19/05/19 
 
As sinapses podem der apresentadas através de três tipos de junção, 
recebendo denominações diferentes, conforme acontecem. A mais comum ocorre 
entre um axônio e um dendrito chamada de sinapse axodêntrica. 
 
Um axônio também pode contatar outro neurônio, diretamente na soma da 
célula, chamada de sinapse axossomática. Este tipo de sinapse é muito menos 
comum no SNC, e é um poderoso sinal muito mais próximo do cone axonial, 
no qual um novo potencial de ação pode se originar. E, a sinapse axoaxônica 
acontece quando um axônio conta outro axônio. (KREBS et al. apud RUSSO, 
2015, p. 21) 
 
Quanto à sinapse axoaxônica, entre axônios, se constata outros efeitos muito 
poderosos que, segundo a autora, podem produzir um potencial de ação ou inibir um 
que, de outra forma, teria sido desencadeado. (RUSSO, 2015, p. 21) 
http://neurotransunb.blogspot.com.br/
 
23 
A Neuroaprendizagem acontece a partir das sinapses entre neurônios. É 
possível identificar nestas sinapses o processo que envolve o fenômeno da 
plasticidade neuronal: é o cérebro aprendendo, processando as informações 
recebidas e se realinhando, conforme as necessidades e o aparecimento das 
mesmas. 
 
 
 
A Neuroaprendizagem acontece a partir das sinapses entre os neurônios, 
envolvendo a plasticidade neuronal. O cérebro só aprende se for estimulado! 
 
 
 
O cérebro necessita de estímulos e provocações vindas das exigências 
do meio externo. O ambiente escolar precisa ser provocador para estimular o 
cérebro dos seus alunos. 
 
 
Os neurônios, também, são pequenas células que podem ser classificadas 
quanto à sua função em três grupos: sensoriais, motores e interneurônios, onde: 
 
 
Os neurônios sensoriais ou aferentes absorvem informações do meio 
ambiente e as transmitem para o cérebro, geralmente via medula espinhal. O 
neurônio motor ou eferente conduz a informação do SNC em direção à 
periferia. Encontramos neurônios sensitivos tanto no SNC quanto no SNP. 
(RUSSO, 2015, p. 21) 
 
24 
 
Tem neurônios que levam as informações absorvidas no meio e outros 
especializados em levar as informações processadas para o meio, através do 
movimento. Os neurônios embora tenham um formato semelhante, possuem 
atividades diferentes direcionados ao mesmo objetivo, como um trabalho em equipe 
em que cada um cumpre o seu papel tendo o mesmo objetivo: fazer o cérebro 
aprender e devolver a resposta adequada de acordo com a solicitação do meio. 
 
Os neurônios motores dirigem os músculos para contrair ou relaxar, 
produzindo assim o movimento. São neurônios eferentes, pois sinais do 
cérebro são enviados para o corpo. (GAZZANIGA & HEATHERTON, 2005, ) 
 
Os neurônios, além da função sensorial e motora, têm uma função entre os 
neurônios denominada de interneurônios ou neurônios de associação, que estão 
presentes em toda a medula espinhal, mais precisamente no H medular, na 
substância cinzenta, e conforme a autora. 
 
Esses neurônios recebem a informação dos neurônios sensoriais, processam 
e transferem um comando para as células nervosas seguintes do circuito. São 
responsáveis pelo processamento dos sinais desde a fase que entram na 
medula até sua saída, pelo neurônio motor anterior. Também recebem sinais 
do tronco e córtex cerebral, recebendo diretamente a influência do trato 
cortico -espinhal. (RUSSO, 2015, p. 21) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
25 
 Na Figura 7 estão alguns tipos deneurônios 
 
Fonte: todamateria.com.br acesso em 18/05/19 
 
Os neurônios, também, são classificados quanto ao seu tamanho e morfologia 
ou conforme os seus neurotransmissores participantes, nas junções sinápticas como: 
neurônios multipolares, neurônios pseudounipolares e neurônios bipolares. (Vide 
Figura 7), onde: 
 
Os neurônios multipolares são encontrados no encéfalo e na medula 
espinhal, é o tipo mais abundante do SNC. Possuem um corpo celular, vários 
dendritos e um axônio. Os pseudopolares possuem um corpo celular e um 
https://cellcode.us/quotes/multipolar-motor-neuron.html
 
26 
prolongamento, que se comporta como um dendrito em uma de suas funções 
e um axônio na outra. (RUSSO, 2015, p.22) 
 
Os neurônios multipolares são a maioria dos neurônios existentes no SNC, são 
múltiplos nos seus prolongamentos, possuem vários dendritos e um axônio. Os 
neurônios pseudopolares são encontrados nas áreas sensitivas da medula espinhal e 
transmitem impulsos nervosos como sensação de frio, calor, tato. Já os neurônios 
bipolares estão nas áreas da mucosa olfativa e na retina. E, complementando o 
pensamento da autora: 
 
Os pseudopolares retransmitem a informação sensorial de um receptor 
periférico ao SNC sem modificar o sinal. São encontrados nos gânglios 
sensitivos da medula espinhal, que são responsáveis pela condução dos 
impulsos nervosos. Os bipolares possuem um dendrito, um corpo celular e 
um axônio. Muitos neurônios bipolares são sensoriais. (RUSSO, 2015, p. 22) 
 
Além de neurônios, as células denominadas de Células Gliais, caracterizadas 
como sendo essenciais, para a função do SNC. 
 
As células Gliais ocupam os espaços entre os neurônios e são consideradas 
células auxiliares, dão suporte ao funcionamento do SNC. Têm diversas 
funções vitais como a sustentação, o revestimento ou isolamento, a 
modulação da atividade neuronal e a defesa. (KREBS et al apud RUSSO, 
2015, p. 22) 
 
 
As Células Gliais são tão importantes quanto os neurônios, apoiam e garantem 
que a atividade neuronal aconteça. Elas são formadas por astrócitos, oligodentrócitos, 
microgliócitos e células ependimárias. 
 
Os astrócitos são células com formato estrelado, possuem corpos celulares 
irregulares e, muitas vezes, prolongamento relativamente longo. São 
encarregados de sustentação e nutrição dos neurônios. São formados por 
dois tipos: os protoplasmáticos localizados na substância cinzenta e os 
fibrosos encontrados na substância branca. (RUSSO, 2015, p. 22) 
 
 
 
 
27 
As Células Gliais são tão importantes quanto os Neurônios porque apoiam e 
garantem a atividade neuronal. Estão localizadas na substância branca e 
cinzenta (Figura 2). 
 
 
Além dos astrócitos, os oligodentrócitos que: 
 
são células pequenas, com um número relativamente pequeno de 
prolongamentos e apresentam núcleo menor e mais condensado que os 
astrócitos. Tem a função de envolver os axônios dos neurônios de maneira a 
isolá-lo do tecido nervoso, através de uma bainha de mielina. (RUSSO, 2015, 
p.22) 
 
Os microgliócitos, também, são células pequenas e alongadas: 
 
( ) com núcleo denso também alongado e de contorno irregular, possuem 
poucos prolongamentos nas extremidades. As micróglias são recrutadas para 
as áreas de lesão neuronal, onde fagocitam os dendritos celulares e estão 
envolvidas na apresentação do antígeno. Estão presentes tanto na 
substância branca quanto na cinzenta, possuem função relacionada ao 
sistema imunitário. (RUSSO, 2015, p. 22) 
 
As células ependimárias forram as paredes dos ventrículos cerebrais, do 
aqueduto cerebral e do canal central da medula espinhal. 
 
Uma fibra nervosa compreende um axônio e, quando presentes seus 
envoltórios são de origem glial. O principal envoltório de fibras nervosas é a 
bainha de mielina, que funciona como isolante elétrico. Os axônios com 
bainha de mielina são denominados de fibras nervosas mielínicas, e sem são 
fibras nervosas amielínicas. Ocorrem tanto no SNP quanto no SNC. 
(MACHADO & KREBS et al apud RUSSO, 2015, pp. 23/24) 
 
 
 
 
 
 
28 
Existem células com a função de receber informações, outras de formar e 
sustentar as células e outras que defendem, protegem e destroem conexões 
celulares inadequadas. 
 
 
 
A Neuroaprendizagem acontece através da missão realizada por estas 
minúsculas partículas, que promovem a aprendizagem do cérebro, permitindo 
assim que a vida aconteça. 
 
 
1.2.2 Desenvolvimento e Plasticidade do Sistema Nervoso 
 
As Neurociências vêm demonstrando que o desenvolvimento cerebral conduz 
o desenvolvimento da vida humana. E que o SN inicia o seu desenvolvimento nas 
primeiras semanas de vida embrionária e vai até a vida adulta. 
 
O SN é extremamente plástico nos primeiros anos de vida. A capacidade de 
formação de novas sinapses é muito grande, o que é explicável pelo longo 
período de maturação do cérebro, que se estende até os anos da 
adolescência. (CONSENZA e GUERRA, 2011, p 35) 
 
A capacidade da formação de novas sinapses admite a formação de novas 
ligações cerebrais, o que admite novas possibilidades de respostas e chances de 
desenvolvimento do potencial. 
 
 
 
29 
A prática psicopedagógica deve incentivar a formação de novas sinapses, 
durante o período de maturação cerebral. As novas possibilidades e chances 
para desenvolver o cérebro provam que: quando o cérebro se desenvolve ele 
aprende e se reorganiza. 
 
 
Evidências tem mostrado que a inteligência pode ser um fator influente sobre a 
plasticidade do SN, segundo a autora, que completa: 
 
Crianças com um nível intelectual superior apresentam um córtex mais 
plástico. Elas apresentam uma fase inicial de aumento de espessura cortical 
mais acelerada e prolongada em comparação com as crianças com 
inteligência normal e baixa, principalmente no córtex pré-frontal. (SHAW et al. 
apud SAMPAIO, 2019, p. 86) 
 
Um córtex mais plástico se refere à capacidade de ocorrência de plasticidade 
cerebral, segundo a autora: 
 
Plasticidade cerebral é a denominação das capacidades adaptativas do SNC, 
ou seja, é a sua habilidade para modificar sua organização estrutural própria 
e funcionamento. Capacidade que o cérebro tem para se remodelar, em 
função das experiências do sujeito, reformulando as suas conexões em 
virtude das necessidades e dos fatores do meio ambiente. (RUSSO, 2015, 
p.119) 
 
E, ainda, a mesma autora complementa que: 
 
O conceito de plasticidade cerebral pode ser aplicado à educação, 
considerando a tendência do sistema nervoso em ajustar-se diante das 
influências ambientais durante o desenvolvimento infantil, ou na fase adulta 
restabelecendo e restaurando funções desorganizadas por condições 
patológicas. (RUSSO, 2015, p.118) 
 
No desenvolvimento infantil a plasticidade cerebral é motivada pelas exigências 
do ambiente, onde a escola é o grande diferencial em estimulação. 
 
É preciso ressaltar os vínculos dos fenômenos plásticos cerebrais com o 
desenvolvimento do SN na sua compreensão sócio-histórica-educativa, 
observando-se a capacidade de resposta compensatória diante (...) das 
influências externas. (RUSSO, 2015, p. 118) 
 
30 
 
Para a ocorrência da plasticidade cerebral é necessário o reconhecimento e a 
compreensão sócio-histórica-educativa pela mediação. 
 
Estudos sobre VYGOTSKY mostram que ele introduziu o conceito de 
mediação de instrumentos e signos. Esses signos interiorizados se 
transformam em meios de regulação interna ou autorregulação, modificam 
dialeticamente a estrutura da conduta externa. (RUSSO, 2015, p. 71) 
 
Quanto à “regulação interna” o autor chamava de internalização: 
 
Para VYGOTSKY a internalização é a reconstrução interna da atividade 
externa. Sem os signos externos, principalmente a linguagem, não seriam 
possíveis a internalização e a construção das funções superiores. (...) 
Linguagem foi sua preocupação central, (...) além da conexão entre 
Pensamento e Linguagem. (RUSSO,2015, p. 72) 
 
A compreensão sócio-histórico-educativa se refere à teoria interacionista de 
VYGOTSKY e de alguns de seus seguidores, como LURIA e LEONTIEV que: 
 
Encontramos uma visão de desenvolvimento baseada na concepção de um 
organismo ativo, cujo pensamento é construindo paulatinamente num 
ambiente que é histórico e social. Para VYGOTSKY a consciência e as 
funções superiores se originam no espaço exterior, na relação com os objetos 
e as pessoas, nas condições objetivas da vida social. (RUSSO, 2015, p.71) 
 
A noção de “organismo ativo” às funções cerebrais ativas recebendo 
informações do meio externo processando-as e devolvendo, mostrando vida e 
interação. A interação social é vital porque provoca uma reação que só existe se o 
cérebro fizer sua parte. 
 
A plasticidade cerebral pode ser encarada em vários ângulos, seja mediante 
abordagem experimental (que é a mais comum), seja na perspectiva mais 
concreta da existência e expressão funcional do SN como, por exemplo, 
motricidade, percepção e linguagem. (RUSSO, 2015, p. 118) 
 
A forma de expressar a plasticidade cerebral vem de áreas estruturais que 
receberam as informações neuronais e deram as respostas compensatórias, 
conforme as exigências do meio ambiente. 
 
 
31 
Os estudos de LURIA (1984) apontam que os processos mentais humanos 
são sistemas funcionais complexos, que ocorrem por meio da participação de 
grupos de estruturas cerebrais operando em concerto, cada uma das quais 
concorrendo com a sua própria contribuição particular para organização 
desse sistema funcional. (RUSSO, 2015, p. 40) 
 
LURIA, como colaborador de VYGOTSKY, também compartilha da abordagem 
interacionista do desenvolvimento humano. 
 
O modelo luriano de funcionamento neuropsicológico pressupõe um sistema 
dinâmico, plástico, produto de evolução sócio histórico e da experiência social 
do indivíduo, internalizada, sedimentada no cérebro. (DAMASCENO apud 
RUSSO, p. 40) 
 
O modelo luriano mostra a organização do cérebro para aprender em cinco 
regiões: subcorticais; frontais; parietais; occipitais e temporais. Essas regiões são 
organizadas em três unidades funcionais: as áreas primárias; as secundárias e as 
áreas terciárias. Onde: 
 
As zonas corticais destacam as áreas primárias (de projeção) aquelas que 
recebem impulsos da periferia ou os enviam para ela; as áreas secundárias 
(de projeção-associação) em que as informações chegam e são processadas 
ou programas são preparados; as áreas terciárias (zonas de superposição) 
são os últimos a se desenvolverem, responsáveis pela complexa atividade 
mental que requerem a participação em concerto de muitas áreas corticais. 
(RUSSO, 2015, p. 40) 
 
A exigência nas áreas terciárias de uma “participação em concerto de muitas 
áreas” revela a complexidade da atividade mental, envolvendo várias áreas que se 
integram em suas habilidades na busca de um único objetivo: dar a resposta 
adequada à solicitação do meio. 
 
A plasticidade cerebral, ou neuroplasticidade, é a habilidade vitalícia de o 
cérebro reorganizar suas vias neurais com base em novas experiências. Essa 
capacidade está presente ao longo da vida do sujeito, mas para certas 
habilidades ela é mais suscetível no início do desenvolvimento. (CRUZ & 
FERNANDES apud RUSSO, 2015, p. 44) 
 
 
 
 
32 
A Neuroaprendizagem é um processo que, para LURIA, acontece nas 
zonas corticais responsáveis em receber e processar os impulsos vindos da 
periferia até obter o produto final desejado e complexo: a atividade mental. 
 
 
É possível verificar que pessoas mais velhas podem, também, realizar novas 
aprendizagens. A plasticidade, mesmo diminuída com a idade, permanece pela vida 
inteira. 
 
O cérebro pode servir a novas funções criadas, sem ter a transformação na 
estrutura do órgão físico. O funcionamento cerebral é moldado ao longo do 
desenvolvimento, isto é, a estrutura e o funcionamento do cérebro não são 
inatos, fixos e imutáveis, sofrem mudanças no decorrer do desenvolvimento 
do indivíduo devido a sua interação com o meio físico e social. (JOENK apud 
RUSSO, 2015, p.44) 
 
A interatividade humana proposta tanto por estímulos externos quanto internos 
resultam na ação da plasticidade cerebral, diante das imensas possibilidades de 
realização. Assim, 
 
O cérebro pode servir a novas funções criadas, sem ter a transformação na 
estrutura do órgão físico. O funcionamento cerebral é moldado ao longo do 
desenvolvimento, isto é, a estrutura e o funcionamento do cérebro não são 
inatos, fixos e imutáveis, sofrem mudanças no decorrer do desenvolvimento 
do indivíduo devido a sua interação com o meio físico e social. (JOENK apud 
RUSSO, 2015, p.44) 
 
Lembrando ainda que durante o desenvolvimento humano, a plasticidade é 
marcada pela capacidade intrínseca do neurônio em direcionar suas vias de conexão 
aos sítios “corretos”. 
 
É fato que a maturação do SNC inicia-se no período embrionário e o seu 
término ocorrerá somente alguns anos após o nascimento. Durante esse 
processo, o SNC sofre influências não só genéticas, mas também do 
ambiente, sendo que as influências deste último têm grande relevância. 
(OLIVEIRA apud RUSSO, 2015, p. 45) 
 
Enquanto o SNC for provocado por estímulos ele vai se reestruturando. 
 
A grande plasticidade no fazer e no desfazer as associações existentes entre 
as células nervosas é a base da aprendizagem e permanece, felizmente, ao 
 
33 
longo da vida. Ela apenas diminui com o passar dos anos, exigindo mais 
tempo para ocorrer e demandando um esforço maior para que o aprendizado 
ocorra de fato. (CONSENZA e GUERRA, 2011, ) 
 
É possível entender que a plasticidade cerebral é uma habilidade que acontece 
durante toda a vida, fortalece a capacidade do cérebro em reorganizar suas vias 
neurais com base em novas experiências, isto é, o cérebro aprende durante toda a 
vida. 
 
 
 
O processo da Neuroaprendizagem acontece durante toda a vida do ser 
humano. 
 
 
Ao analisar a relação da plasticidade cerebral e a aprendizagem, alguns 
estudos apontam que: 
 
Durante o processo de aprendizagem acontecem modificações nas 
estruturas e funcionamento das células neurais e de suas conexões. O 
aprendizado promove modificações plásticas, como crescimento de novas 
terminações e botões sinápticos, crescimento de espículas dendríticas, 
aumento das áreas sinápticas funcionais. (KLEIM et al apud RUSSO, 2015, 
p. 47) 
 
E, segundo complemento da autora, a plasticidade e a aprendizagem 
promovem um estreitamento da fenda sináptica, além de mudanças na conformação 
de proteínas receptoras e no incremento de neurotransmissores. (ARNSTEIN apud 
RUSSO, 2015, p. 47) 
 
 
 
 
34 
 
A Neuroaprendizagem, a partir de quando o cérebro aprende, provoca a 
plasticidade cerebral, modificando as estruturas e aumentando as áreas 
sinápticas funcionais, permitindo assim que haja o surgimento de novas 
conexões, com novas possibilidades de aprendizagem. 
 
 
Para o propósito a que este livro é destinado que é dar visibilidade à 
Neuroaprendizagem, a forma como o cérebro aprende se torna a essência para a 
autonomia da atuação psicopedagógica. 
 
 
1.3 Base relacional da Neuroaprendizagem 
 
O objetivo deste item é relacionar a parte funcional e estrutural de todos os 
envolvidos com o funcionamento cerebral abordados no item 1.2, para formar uma 
base de entendimento de como o cérebro aprende, chegando finalmente em como se 
dá a Neuroaprendizagem. 
 
As Neurociências vêm revisando por meio da Neurobiologia Cognitiva, a 
Neuropsicologia Comportamental, a Neurofisiologia e a Neuroanotomia de 
como o humano aprende e ensina efetivamente, nos processos dos contextos 
vitais, sob as condições nutricionais. (RELVAS, 2012, p. 20) 
 
 
 
 
 
35 
A Neuroaprendizagem só acontece quando o cérebro está nutrido com 
informações do meio externo e, também, das vísceras orgânicas. As 
informações exercitam as atividades cerebrais.O SN recebe uma variedade de informações do ambiente externo, avalia-as 
e depois produz comportamentos ou faz ajustes corporais para se adaptar ao 
ambiente. (RUSSO, 2015, p. 25) 
 
Embora tenhamos a consciência sobre a necessidade nutricional do cérebro, 
não temos consciência de como e quando as nossas células estão se alimentando. 
 
O encéfalo, região do SNC localizado dentro do crânio neural, ocupa-se das 
funções corticais superiores exclusivas, incluindo o pensamento, a 
linguagem, a imaginação, a criatividade, a atenção, a aprendizagem, a 
memória e a experiência emocional. Também, é ele que regula ou modula as 
funções endócrinas, viscerais e somáticas. (RUSSO, 2015, p.25) 
 
Na (Figura 1) é possível visualizar algumas das várias funções do cérebro, 
notar o quanto as áreas são próximas e o quanto cada uma delas se esforça para 
manter sua funcionalidade sem intervir na outra, assim como não deixar que outras 
áreas influenciem na sua. 
 
 
 
As regiões cerebrais são próximas e os neurônios juntamente com outras 
células, para efetuarem a Neuroaprendizagem, devem ser perfeitos e certeiros 
em atingir seu destino, além de se reprogramarem quando necessário, através 
da neuroplasticidade. 
 
 
Os estudos das ciências do cérebro vêm contribuindo para as práxis em sala 
de aula, na compreensão das dimensões cognitivas, motoras, afetivas e 
 
36 
sociais, no redimensionamento do sujeito aprendente e suas formas de 
interferir nos ambientes pelos quais tiver que passar. (RELVAS, 2012, p. 20) 
 
 
 
O cérebro assim como o ser humano está sempre envolta com o ato de 
aprender, em todos os contextos em que ele está inserido. 
 
Algumas estruturas próximas, uma das outras, participam no controle e em 
funções diferentes. Assim, cada qual fazendo o que deve ser feito. 
 
Os gânglios da base participam na regulação do desempenho motor, o 
hipocampo participa em diversos aspectos do armazenamento das memórias 
e o núcleo amigdaloide coordena as respostas autonômicas e endócrinas, em 
conjunto com os estados emocionais. Os gânglios basais também podem 
desempenhar um papel na produção de ações não verbais das outras 
pessoas. (KANDEL et al & LIEBERMAN apud RUSSO, 2015, p. 25) 
 
A substância cinzenta (Figura 2) do córtex cerebral controla ou regula a parte 
motora do comportamento não verbal, tem a influência na produção de uma 
comunicação coerente. 
 
 
 
A substância cinzenta do córtex cerebral é a responsável pela 
comunicação coerente e convincente porque tem a capacidade de unir emoção 
e comunicação, resultando a sintonia entre a comunicação verbal e a não verbal. 
 
 
37 
E, ainda com relação à produção de um discurso convincente, o sucesso desta 
ação necessita de conteúdos a serem lembrados e comunicados de forma correta e 
cautelosa. 
 
A amígdala permite que o organismo domine respostas instintivas, ao 
conectar as lembranças que o córtex cerebral tem das coisas com as 
emoções que elas despertam. Ela intensifica a memória durante momentos 
de excitação emocional, além de desempenhar um papel especial nas 
respostas aos estímulos que eliciam o medo. Também está envolvida na 
importância emocional das expressões faciais. (GAZZANIGA & 
HEATHERTON, 2005, ) 
 
A amigdala intensifica a memória na Neuroaprendizagem, eliciando o medo, 
isto é, afastando o medo já agregado às essas emoções, guardadas na memória, 
dando assim a oportunidade das mesmas serem utilizadas nas respostas para o meio 
ambiente. 
 Figura 08: Sistema límbico 
 
Fonte: https://www.infoescola.com/anatomia-humana/sistema-limbico/ acesso em 
20/05/19 
A cautela envolve o controle emocional em que a amígdala, estrutura presente 
do Sistema Límbico (Fig. 8), contribui na liberação de estímulos que afastam o medo, 
dando assim mais segurança para uma intensificação controlada sobre as ações. 
 
https://www.infoescola.com/anatomia-humana/sistema-limbico/
https://www.infoescola.com/anatomia-humana/sistema-limbico/
 
38 
Quando observado pelo lado de fora, o cérebro apresenta-se constituído por 
dois hemisférios quase simétricos. Esses hemisférios são ligados entre si por 
uma substância branca chamada de corpo caloso. Cada hemisfério é 
constituído por quatro regiões externas chamadas de lobos cerebrais, a 
saber: lobo frontal, lobo parietal, lobo occipital e lobo temporal. (RELVAS, 
2012, p. 92) 
 
 
 
A Neuroaprendizagem acontece de forma positiva quando acompanhada 
de ações do Sistema Límbico, da estrutura da amígdala, que liberam 
substancias que afastam o medo e dão segurança às ações humanas. 
 
 
Dando continuidade a autora diz que a parte anterior do cérebro constitui o 
córtex pré-frontal, responsável pelo ajuizamento das coisas e pelo comportamento 
social e emocional. Ao lado esquerdo do cérebro (Figura 12), na altura das têmporas, 
situa-se: 
 
O lobo temporal, que contém internamente a amigdala, um verdadeiro agente 
receptor emotivo, importante na geração do medo, e o hipocampo, o 
gerenciador da memória de ocorrências, chamada memória declarativa, mas 
representando, também, um importante papel no controle dos estados 
afetivos. (RELVAS, 2012, p. 92) 
 
Enquanto o lobo temporal tem sua função baseada no gerenciamento das 
memórias, principalmente da representatividade emocional que acompanha esses 
conteúdos, o lobo frontal: 
 
O lobo frontal está relacionado ao planejamento das ações futuras e com o 
controle do movimento. O lado parietal, à sensação tátil e à imagem corporal. 
O lado occipital, à visão, e o lobo temporal, à audição, além de aspectos do 
aprendizado, memória e emoção. (KANDEL apud RUSSO, 2015, p.25) 
 
 
39 
O lobo frontal, composto pelo sulco central superior, inferior e pré-central, 
contém a área motora, a área de Broca (responsável pela expressão da fala), a área 
relacionada ao comportamento e a memória de trabalho. 
 
A parte da frente do lobo frontal, que corresponde ao córtex pré-frontal, está 
relacionada ao planejamento e à análise das consequências de ações 
futuras, relativos ao comportamento; ao pensamento abstrato e criativo; à 
fluência do pensamento e da linguagem; à emoção; ao julgamento social; à 
vontade e determinação para a ação. (RUSSO, 2015, p. 26) 
 
Todas estas atividades cerebrais estão sendo conduzidas pelas menores 
células do organismo: os neurônios e as células gliais. 
 
As áreas nas superfícies laterais e mediais são essenciais não só para regular 
a atividade motora ou comportamento voluntário, mas também para inicializar 
o comportamento motor, ou seja, quais movimentos devem ser realizados. 
(KREBS et al. apud RUSSO (2015, p. 26) 
 
As autoras nesta descrição mostram que se o comportamento motor exigido, 
pelo meio externo, não aconteceu é porque não foi processada a informação de forma 
correta pelo cérebro. Pode ter, nesta situação, a explicação de que ou a mensagem 
foi falha ou ela não aconteceu. 
 
 
 
A Neuroaprendizagem acontece de forma positiva quando o meio 
ambiente (mediador da aprendizagem) solicitar, através de uma comunicação 
clara e precisa uma resposta na presença de um incentivo. 
Lembrando que a comunicação deve ser revista e reapresentada ao 
aprendiz até que ele emita a resposta desejada. A persistência do professor-
educador tende a criar um aluno persistente. 
 
 
 
40 
 
A aprendizagem escolar, segundo RELVAS (2012, p. 146) é decorrente da 
ativação do córtex cerebral. Na Figura 16 é possível observar as áreas cerebrais 
relacionadas à linguagem. A área de Broca (pré-motora da fala); a área de Wernicke 
que é a região do cérebro responsável pelo conhecimento, interpretação e associação 
das informações, mais especificamente à compreensão da linguagem. 
 
 Figura 09: Estrutura cerebral da linguagem 
 
 Fonte: RELVAS, 2012, p. 146 
 
Podemos observar que aspectos expressivos são aqueles que seapresentam 
através do desempenho motor do aluno. 
 
Aspectos expressivos ou motores da linguagem também são processados na 
superfície lateral do lobo frontal, sobretudo no hemisfério dominante 
(normalmente o esquerdo) na área motora da fala (área de Broca). (RUSSO, 
2015, p. 26) 
 
O córtex pré-frontal é indispensável para a atividade racional e dirigida. É o 
responsável por dirigir e manter a atenção: 
 
41 
 
mantendo as ideias na mente, enquanto as distrações nos bombardeiam do 
meio externo, desenvolvendo planos e colocando-os em prática. O córtex pré-
frontal é crítico para interpretar deixas sociais e se comportar de maneira 
apropriada. As superfícies ventral e medial dela governam muitos 
comportamentos interpessoais e emocionais. (GAZZANIGA e 
HEATHERTON, 2005) 
 
 
 
O córtex pré-frontal dirige a Neuroaprendizagem das relações emocionais 
e interpessoais do ser humano, de forma racional. A estrutura interpreta 
estímulos neuronais vindos do ambiente e reage aos mesmos com respostas 
adequadas. 
 
 
Quanto às estruturas observadas na Figura 1, temos a apresentação da divisão 
dos hemisférios cerebrais em lobos: parietais, temporais, occipitais e frontais. 
 
Os lobos parietais (...) são importantes para o sentido do tato e para a 
configuração espacial em um ambiente (...) e também, para os aspectos 
receptivos ou sensoriais da linguagem são processados nesse lobo, 
sobretudo no hemisfério dominante, na área de Wernicke. (GAZZANIGA e 
HEATHERTON; KREBS et al. apud RUSSO, p. 27) 
 
 
 
 
Na Neuroaprendizagem os lobos parietais processam as mensagens dos 
sentidos vindas através do tato, de estímulos vindos através da pele de todo o 
corpo. 
 
 
42 
 
 
É através do tato que o aprendiz com deficiência visual total, através da 
ponta dos dedos identifica sinais da linguagem Braille, tornando possível a 
leitura de um texto. 
 
 
Os lobos temporais, localizados nas partes laterais de cada hemisfério e sua 
estrutura central, segundo a autora: 
 
Os lobos temporais são responsáveis pelo gerenciamento da memória. Sua 
função principal é processar os estímulos auditivos. Nas zonas que 
convergem lobos occipitais, temporais e parietais encontramos a área de 
Wernicke, que é responsável pela compreensão da linguagem. (RUSSO, 
2015, p.27) 
 
 
 
 
Na Neuroaprendizagem a memória é administrada pelos lobos temporais, 
que processam os estímulos auditivos que convergem com a área de Wernicke, 
estrutura responsável pela compreensão da linguagem. 
 
 
Quanto aos lobos occipitais, localizados na parte inferior do cérebro, e são 
responsáveis pela visão. 
 
 
43 
Dividem-se em área visual primária e secundária. A primeira funciona como 
receptora de imagens que passam para a segunda, onde os objetos são 
compreendidos. Há áreas especializadas em processar a visão da cor, do 
movimento, da distância, da profundidade, entre outras. (RUSSO, 2015, p. 
28) 
 
Ainda sobre os Lobos Occipitais, localizados na parte inferior do cérebro, tem 
a responsabilidade pelo campo visual: 
 
O lobo occipital está relacionado quase que exclusivamente ao sentido da 
visão. Divide-se em múltiplas áreas visuais diferentes, sendo a maior o córtex 
visual primário (...) cercado por uma colcha de retalhos de áreas visuais 
secundárias que processam vários atributos da imagem visual, tais como sua 
cor, movimento e formas. (GAZZANIGA e HEARTHERTON, 2005) 
 
 
 
Na Neuroaprendizagem os lobos occipitais são responsáveis pelo 
processamento das informações visuais que recebem em seus vários atributos 
da imagem como cor, movimento e formas. 
 
As autorias continuam demonstrando o quanto é complexa a atividade dos 
mensageiros cerebrais em realizar a ponte entre as necessidades do ambiente e seus 
estímulos enviados. 
 
 
 
A Neuroaprendizagem da compreensão da linguagem é complexa porque 
se faz na confluência de três lobos: o occipital (visual), temporal (memória e 
audição) e parietal (tato e espacial). 
 
44 
 
Figura 10: Responsabilidades dos hemisférios: Direito e Esquerdo 
 
 
 Fonte: todamateria.com.br acesso em 20/05/19 
 
 
Na Figura 10, acima, estão especificadas algumas responsabilidades dos dois 
Hemisférios Cerebrais: o Direito e o Esquerdo. Onde, é possível observar que o 
Hemisfério Esquerdo é o que tem controle da mão direita e o Hemisfério Direito tem 
controle sobre a mão esquerda. E, também, temos que o lado esquerdo é responsável 
por questões mais objetivas, em contrapartida, as questões subjetivas estão do lado 
direito. Tendo sempre como referência que o cérebro está sempre aguardando o 
momento para aprender, aguardando tanto estímulos externos quanto internos para 
que ele cumpra sua missão. 
 
 
45 
 
 
A Neuroaprendizagem para ocorrer, satisfatoriamente, conta tanto com os 
fatores endógenos quanto com os fatores exógenos. Os fatores endógenos vêm 
do próprio organismo enquanto os exógenos vêm de fora dele. 
 
 
Quanto à estrutura dos Tálamos, eles têm como principal função servir de 
mediador e reorganizador dos estímulos vindos da periferia e do tronco cerebral, e 
também de alguns vindos de centros superiores. 
 
Os tálamos são duas massas volumosas de substância cinzenta, dispostas 
uma de cada lado do diencéfalo. Exceto do olfato, o tálamo recebe quase 
todas as informações sensoriais antes que elas cheguem ao córtex. (...) O 
tálamo parece desempenhar papel na atenção, também. (MACHADO e 
KREBS et al. apud RUSSO, 2015, p. 29 e GAZZANIGA e HEATHERTON, 
2005, ) 
 
O Hipotálamo é uma região situada abaixo do Tálamo que tem a função de 
manter o equilíbrio das funções internas corporais, realizando a integração das 
diversas glândulas hormonais. 
O Hipotálamo, para MACHADO apud RUSSO (2015, p. 29) é uma área 
relativamente pequena do diencéfalo, localizada abaixo do Tálamo, é o responsável 
por funções relacionadas principalmente com o controle da atividade visceral. 
 
O Hipotálamo é responsável por regular as funções vitais: temperatura 
corporal, ritmos circadianos (relógio biológico), pressão sanguínea e níveis 
de glicose- e, para esses fins, impele o organismo por meio de impulsos 
fundamentais como sede, fome, agressão e sensualidade. (GAZZANIGA & 
HEATHERTON, 2005 ) 
 
Para a autora, de forma resumida pode-se dizer que o cérebro é dividido em 
três partes fundamentais: o hipotálamo, o sistema límbico e o córtex. Onde o 
hipotálamo é: 
 
46 
 
Hipotálamo é um órgão pequeno localizado na base do crânio que controla 
as funções de sobrevivência. Ali reside o centro da fome, da saciedade, da 
sede, do impulso sexual. (RELVAS, 2012, p. 74) 
 
Já o sistema límbico tem a função de prover o indivíduo de emoções: 
 
O sistema límbico é denominado como a casa dos sentimentos. É 
responsável pelo equilíbrio ou desequilíbrio emocional do ser humano, 
responsável pela produção das sensações ligadas aos processos emotivos. 
(RELVAS, 2012, p. 74) 
 
O Córtex cerebral é dividido em áreas, cada qual com sua função, basicamente 
tem a responsabilidade por três tarefas: o movimento do corpo, a percepção dos 
sentimentos e pelo pensamento. E, segundo a autora, o Córtex cerebral é o promotor 
da racionalidade humana. 
 
O córtex é responsável pelo controle dos movimentos do corpo, pela 
percepção dos sentimentos e pelo pensamento. Foi durante muito tempo 
sinônimo de inteligência, razão e espírito, é o protagonista-mor dos grandes 
voos humanos, é o promotor da racionalidade humana. (RELVAS, 2012, p. 
74) 
 
A autora ainda complementa que: as três estruturas Hipotálamo, Sistema 
límbico e Córtex funcionam simultaneamente, porém independentes entre si, se 
completam quando bem conduzidos os estímulos sensoriais, emocionais e motores. 
O funcionamento simultâneo adequado dessas três estruturas cerebrais 
evidencia o contexto relacional entre elas, preparando o campo da aprendizagem para 
receber as informações, processare responder suprindo as necessidades humanas. 
 
 
A Neuroaprendizagem se dá sempre dentro de um contexto relacional 
adequado entre estímulos sensoriais, emocionais e motores, através das 
relações corticais, límbicas e hipotalâmicas. 
 
47 
A Neuroaprendizagem depende do funcionamento simultâneo de três 
estruturas: do córtex, para controlar os movimentos do corpo, a percepção dos 
sentimentos e do pensamento; do hipotálamo, para regular as funções vitais, 
para que haja sobrevivência; e do sistema límbico, para dominar o equilíbrio ou 
desequilíbrio emocional. 
 
 
O tronco encefálico participa do SNC segmentar, podendo ser observado na 
(Figura 8): 
 
Faz parte do tronco encefálico uma conexão de 10 a 12 pares de nervos 
cranianos. Está relacionado aos sentidos espaciais, aos processos vitais e 
outras funções viscerais e somáticas, podendo ser modificadas por impulsos 
recebidos pelos nervos cranianos e, também, os abaixo do cerebelo ou do 
mesencéfalo. (CAIXETA e FERREIRA; ADONI et al. apud RUSSO, 2015, 
p.30) 
 
Já o cerebelo, um órgão pequeno, de acordo com a (Figura 2), tem peso 
aproximado de 154 gramas, é aquele que abriga o maior número de neurônios, 69 
bilhões e 16 bilhões de outras células. Observado, também, nas Figuras 9 e 10: 
 
Liga-se à medula e ao bulbo pelo pedúnculo cerebral inferior e à ponte e ao 
mesencéfalo pelos pedúnculos cerebelar médio e superior, respectivamente. 
É um órgão essencialmente relacionado às funções motoras como o 
equilíbrio, a coordenação dos movimentos e o tônus muscular. (GAZZANIGA 
E HEATHERTON, 2005) 
 
O cerebelo está próximo ao bulbo que se liga à medula, que é receptora dos 
estímulos periféricos e viscerais. Quanto à medula espinhal: 
 
Ela recebe informações sensoriais dos membros, do tronco e de muitos 
órgãos internos. Desempenha um papel importante no processamento inicial 
dessas informações. Também contém os tratos somáticos motores que 
suprem os músculos esqueléticos, bem como eferências viscerais para as 
vísceras, os músculos lisos e as glândulas. (KREBS et al. apud RUSSO, 
2015, p. 31) 
 
A partir das informações serem recepcionadas na medula espinhal que tem, 
portanto, o importante papel de começar o processamento das informações. 
 
48 
 
As informações recebidas dos nervos periféricos entram pela parte dorsal 
sensorial da medula espinhal, enquanto as informações enviadas para os 
nervos periféricos, as quais irão estimular as respostas motoras ao input 
sensorial, emergem da porção ventral da medula espinhal. (KREBS et al. 
apud RUSSO, 2015, p. 32) 
 
 
 
A Neuroaprendizagem tem seu princípio na parte dorsal da Medula 
Espinhal, local aonde as informações chegam através de nervos periféricos. 
 
 
 
 
De forma geral, aqui foram apresentadas algumas estruturas e elementos que 
constituem a base de funcionamento do cérebro, bem como se dá o princípio da 
Neuroaprendizagem. Para tanto, foram apontados alguns subsídios das 
Neurociências, além das bases estruturais que mantém o funcionamento cerebral, 
desde as pequenas células (neurônios e células gliais) até os Sistemas envolvidos, 
incluindo a neuroplasticidade que demonstra a possibilidade de reorganização da 
aprendizagem cerebral um exemplo a ser seguido pela ação humana que envolve o 
aprender e o ensinar. 
Finalizando com a base relacional que evidencia o quanto todos envolvidos na 
função cerebral trabalham em equipe, de forma organizada e especializada com o 
objetivo de manter o cérebro em atividade: aprendem sempre e permitem a vida 
acontecer. 
 
 
49 
 
2. A NEUROAPRENDIZAGEM E DESENVOLVIMENTO COGNITIVO 
 
Esta unidade tem como objetivo descrever e entender como se dá a relação 
Neuroaprendizagem e o desenvolvimento cognitivo, envolvendo a cognição 
(percepção e linguagem), a emoção, a motricidade, a memória, a atenção e o 
aprendizado. 
A partir dos anos 90, foi declarado pelo Congresso Norte Americano a década 
do cérebro, segundo o autor, com a criação de grupos de pesquisa e injeção financeira 
para tanto. 
 
Muitas foram as descobertas, e a ciência desvendou os mecanismos 
neuronais responsáveis por várias funções envolvidas principalmente com a 
cognição, a inteligência, a memória e o comportamento. (METRING in 
SAMPAIO, 2019, ) 
 
Os avanços das Neurociências demonstram que a configuração cerebral sofre 
modificações durante o desenvolvimento humano: 
 
Cada etapa da vida humana é marcada por uma configuração cerebral 
diferente e que partes distintas do cérebro têm ritmos e amadurecimentos 
diferentes. O cérebro está em constante evolução. E, que embora os 
neurônios em número total sejam 88 bilhões, durante toda a vida, existe uma 
renovação constante destas células de acordo com a necessidade do 
cérebro. (RELVAS, 2012, p. 83) 
 
É a Neurociência Cognitiva que aborda os campos do pensamento, do 
aprendizado e da memória. Volta-se às pesquisas dos aspectos microbiológicos, 
querem passar aspectos macro ou mentais: 
 
Os neurocientistas concentram seu foco no funcionamento do cérebro e nas 
operações mentais, levantando questões sobre as relações entre o cérebro e 
os comportamentos ligados a sistemas cognitivos, como a percepção, 
memória, atenção, linguagem, aprendizagem. (SAMPAIO, 2019, p. 40) 
 
As operações mentais são, para o autor, os fundamentos neurais da razão 
sugerindo a capacidade de pensar e fazer inferências de um modo ordenado e lógico, 
assim: 
 
50 
 
A mente pode ser definida como as operações fisiológicas derivadas da 
estrutura e do funcionamento do sistema integrado formado pelo corpo e pelo 
cérebro. (...) Tem sido tão óbvio que a mente surge da atividade dos 
neurônios, que apenas se fala desses como se o seu funcionamento pudesse 
ser independente do funcionamento do resto do organismo. (DAMÁSIO apud 
SAMPAIO, 2019, p. 41) 
 
A necessidade de uma nova aprendizagem requer um novo arranjo do cérebro, 
mobilizando a Neuroaprendizagem. A Neuroaprendizagem se torna essencial no 
processo cognitivo, que envolve o ser como um todo, e em sintonia, com o objetivo de 
atingir a resposta aprendida desejada no início do processo. 
 
 
 
A Neuroaprendizagem decorre do desenvolvimento cognitivo humano, e a cada 
novo aprendizado estimula um rearranjo cerebral. 
 
 
Serão abordados, a seguir, os itens: a cognição e a aprendizagem; a emoção 
e a aprendizagem; a motricidade e a aprendizagem; a memória e a atenção para 
aprender. 
 
 
2.1 Cognição e aprendizagem 
 
O cérebro é a matéria prima e, também, o responsável para que ocorra o 
processo de aprendizagem, segundo postulam PANTANO e ASSENCIO- FERREIRA: 
 
O cérebro é o principal responsável pela integração do organismo com o seu 
meio ambiente. Se considerarmos a aprendizagem a resultante da interação 
do indivíduo com o meio ambiente, perceberemos que é ele que propicia o 
 
51 
arcabouço biológico para o desenvolvimento das habilidades cognitivas. 
(apud RUSSO, 2015, p.65) 
 
Quando abordamos sobre o cérebro temos, também, que mencionar a mente: 
 
(...) não há cultura sem cérebro humano (aparelho biológico dotado de 
competência para agir, perceber, saber, aprender), mas não há mente (mind), 
isto é, capacidade de consciência e pensamento, sem cultura. A mente 
humana é uma criação que emerge e se afirma na relação cérebro-cultura. 
(MORIN apud PADOVANI in SAMPAIO, 2019, p. 95) 
 
O desenvolvimento cognitivo e a aprendizagem não se confundem: 
 
O desenvolvimento cognitivo é um processo espontâneo, que se apoia 
predominantemente no biológico. A aprendizagem, por outro lado, é encarada 
como um processo mais restrito, causado por situações específicas (como a 
frequência à escola) e subordinado tanto à equilibração quanto à maturação. 
(RUSSO, 2015 p.71) 
 
 
 
Neuroaprendizagem é tarefa do cérebro que aprende a aprender a cada 
nova aprendizagem, através de habilidades cognitivas formadas de suas 
estruturas biológicas. 
 
 
Conceituaraprendizagem, portanto, conforme a autora não é algo tão simples, 
pois esta conceituação não pode ser pautada apenas na mudança de comportamento. 
 
Ou na aquisição de novos conhecimentos, como razões para explicar sua 
ocorrência. Percepções, sentimentos, emoções, modo de agir próprios de cada 
um de nós e que depende fortemente do meio social em que vivemos e de toda 
influência cultural que herdamos, bem como características intrínsecas e nosso 
aparelho psíquico, são alguns aspectos relacionados ao processo de 
aprendizagem. (GAMEZ apud SAMPAIO, 2019, p. 90) 
 
 
52 
É a Neurociência cognitiva que aborda os campos de pensamento, 
aprendizado, memória, tendo como exemplos: o planejamento de utilização da 
linguagem e das diferenças entre memória para eventos específicos e a memória para 
a execução das habilidades motoras. E, quanto à linguagem: 
 
Para o domínio da linguagem é necessário que os indivíduos conheçam as 
regras de combinação dos sons em palavras e das palavras em frases, 
utilizem tanto a estrutura das frases como os sentidos das palavras para 
transmitir e compreender o conteúdo da mensagem, bem como reconheçam 
e usem as regras do discurso social para o uso da linguagem como 
comunicação. (GERBER e MORAIS apud RUSSO, 2015, p. 60) 
 
A linguagem é social, se desenvolve através da interação social dentro dos 
parâmetros necessários para que o ser se constitua como adaptado ao ambiente 
cultural em que vive. 
 
O processo de aquisição da linguagem acontece de modo contínuo, ordenado 
e sequencial, sendo reconhecidas duas fases distintas em seu 
desenvolvimento: a pré-linguística, na qual são vocalizados apenas os 
fonemas (sem palavras), com duração aproximada até 11-12 meses de vida, 
e a fase linguística, que se inicia quando a criança começa a falar palavras 
isoladas com compreensão. (AZAMBUJA e NUNES apud RUSSO, 2015, p. 
60) 
 
Quanto à estrutura cerebral, além das Áreas de Broca e Wernicke (figura 08) 
envolvidas no processamento da linguagem foi observado que: 
 
Lesões frontais e temporais também provocam dificuldades para entender e 
produzir linguagem; lesões no lobo temporal resultam em déficits de nomeação de 
categorias específicas e as lesões subcorticais resultam déficits de ativação da 
linguagem; lesões no hemisfério não dominante provocam alterações de aspectos 
cognitivos, linguístico-pragmáticos e atencional- perceptuais. (DÉMONET, THIERRY e 
CARDEBAT apud RUSSO, 2015, p.61) 
 
Quanto à Neurociência cognitiva: 
 
A Neurociência cognitiva é um misto de Neurofisiologia, Anatomia, Biologia 
Evolucionista, Biologia Celular e Molecular e Psicologia Cognitiva. Onde, a 
sensação e a percepção é o ponto de partida para a pesquisa moderna dos 
processos mentais. (KANDEL apud RELVAS, 2012, p. 44) 
 
53 
 
Todo material contido na memória vem da experiência que o indivíduo adquire 
no decorrer de sua vida. Portanto é a experiência humana que fundamenta o 
conhecimento humano. 
 
 
 
A Neuroaprendizagem ocorre a partir de conteúdos formados a partir das 
experiências vividas, e é a partir delas que se dará o seu conhecimento. 
 
 
As experiências são informações que chegam ao SNC na forma de estímulos 
sensoriais. 
 
O encéfalo processa essas informações procurando compará-las com outras 
que já estejam previamente guardadas, reconhecendo-as ou não. Esse 
reconhecimento está ligado, também, aos sentimentos e emoções pelas 
quais esta experiência foi inserida. Assim, após o seu processamento um 
conjunto de sensações é memorizado tornando a experiência recebida como 
agradável ou não. (RELVAS, 2012, p. 45) 
 
A captação de novas informações é realizada pelos cinco órgãos dos sentidos, 
influenciados em suas funções pela emoção que pode distorcê-las ou mesmo ignorá-
las. 
 
As percepções diferem qualitativamente das propriedades físicas dos 
estímulos, pois o SN extrai apenas partes da informação de cada estímulo, e 
ignora outras porque interpreta esta informação no contexto das estruturas 
encefálicas e das experiências prévias. O cérebro recebe ondas 
eletromagnéticas de diferentes frequências, transformando-as em criações 
mentais as cores, os sabores, os odores que não existem fora do cérebro. 
(RELVAS, 2012, p. 45) 
 
 
54 
O desenvolvimento cognitivo e a aprendizagem não se confundem, partem de 
premissas diferentes. Uma aprendizagem não parte jamais do zero, quer dizer que a 
formação de um novo hábito consiste sempre em uma diferenciação a partir de 
esquemas anteriores (que o aprendiz já possui): 
 
Esta diferenciação é função de um todo passado desses esquemas, isso 
significa que o conhecimento adquirido por aprendizagem não é jamais um 
puro registro, nem cópia, mas é o resultado de uma organização na qual 
intervém em graus diversos, no sistema total dos esquemas de que o sujeito 
dispõe. (PIAGET apud RUSSO, p. 127) 
 
Relembrando Piaget, o impacto de um novo estímulo provoca no indivíduo a 
desequilibração, mobilizando uma reação biológica que desencadeará um processo 
para entender o novo conteúdo. Primeiro ele será assimilado e depois acomodado ou 
integrado a conteúdos já existentes. Tendo como resultado a equilibração através da 
internalização de um novo conteúdo aprendido. 
 
 
 
A Neuroaprendizagem é abordada por Piaget de forma indireta, ao que se 
refere ao processo de equilibração, envolvendo uma resolução cerebral sobre 
novas informações a serem integradas pelas já existentes. 
 
 
O processo de aprendizagem precisa ser compreendido como algo diverso, que 
envolve fatores internos e externos, aspectos individuais, históricos, sociais e culturais 
e, principalmente, a relação entre eles que é mediada pela cultura, que segundo a 
autora: 
 
O processo de conhecimento ocorre por meio da interação entre sujeito-
sujeito-objeto. A constituição do sujeito, de seus conhecimentos e ações só 
poderá ser compreendida na sua relação com o outro, ao longo da vida, por 
 
55 
isso, Vygotsky destaca a importância do social e do cultural na construção do 
conhecimento e no processo ensino-aprendizagem. (...) relação dialética 
entre o sujeito e seus contextos. (VYGOTSKY apud SAMPAIO, 2019, p. 90) 
 
Lembrando que os contextos relatados envolvem a construção de significados 
e sentidos que orientam as ações e eventos envolvidos neste processo. 
 
É através dos sentidos que a criança conhece, explorando o seu meio 
ambiente, percebendo os objetos e assim os diferenciando. Essas sensações 
(audição, tato, visão, olfato e paladar) serão cada vez mais elaboradas (e 
coordenadas entre si), tornando-se complexas e carregadas de conotações 
particulares a cada indivíduo, transformando-se desse modo em percepção. 
(LINS apud SAMPAIO, 2019, p 39) 
 
O alcance do conhecimento através da exploração das sensações vai 
ganhando no indivíduo com essas experiências o despertar da aprendizagem. 
 
A apropriação do conhecimento através do processo de aprendizagem 
desperta processos internos de desenvolvimento que só podem ocorrer 
quando o indivíduo interage com outras pessoas. O processo ensino-
aprendizagem que ocorre na escola propicia o acesso dos membros imaturos 
da cultura letrada ao conhecimento construído (...) (LA TAIILE; OLIVEIRA e 
DANTAS apud SAMPAIO, 2019, p. 91) 
 
Lúria também abordou, em sua obra, os processos mentais de atenção, 
percepção e memória, relacionados ao processo de aprendizagem e à compreensão 
das dificuldades no contexto universal. Onde: 
 
Esses processos mentais são tidos como as bases neuropsicológicas da 
aprendizagem, pois permitem a realização de funções da percepção como: 
seleção de elementos para atividade mental, manutenção do organismo sob 
alerta e vigilância, distinção de aspectos essenciais de objetos, comparação 
de objetos, formulação de hipóteses e a fixação da informação (...). (LÚRIA 
apud RUSSO, p. 43) 
 
 
 
A Neuroaprendizagem é abordada de forma indireta por Lúria, 
relacionando as bases neuropsicológicas

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