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1 PSICOPEDAGOGIA E NEUROCIÊNCIAS PSICOPEDAGOGIA INSTITUCIONAL NEUROAPRENDIZAGEM E ATUAÇÃO PSICOPEDAGÓGICA Prof. Me. Rosemeire Vastag Leite Peres Prof. Me. Edna Barberato Genghini PERES, Rosemeire Vastag Leite GENGHINI, Edna Barberato Neuroaprendizagem e Atuação Psicopedagógica (Livro-texto) / Rosemeire Vastag Leite Peres; Edna Barberato Genghini – São Paulo: Pós-graduação Lato Sensu – UNIP, 2019 154 p. il. 1. Neuroaprendizagem. 2. Psicopedagogia. 3. Desenvolvimento Cognitivo. Rosemeire Vastag Leite Peres; Edna Barberato Genghini. Pós-Graduação Lato Sensu UNIP. Neuroaprendizagem e Atuação Psicopedagógica. NEUROAPRENDIZAGEM E ATUAÇÃO PSICOPEDAGÓGICA Professor Conteudista ROSEMEIRE VASTAG LEITE PERES possui graduação em Formação de Psicólogo pelo Instituto Unificado Paulista (1978), graduação em Bacharelado e Licenciatura em Psicologia pelo Instituto Unificado Paulista (1978) e mestrado em Educação pelo Centro Universitário Nove de Julho (2002). Pós-graduação em Recursos Humanos, Formação do Magistério Superior e Psicopedagogia. É docente da Universidade Paulista – UNIP, onde ministra aulas nas modalidades Presencial, SEPI e SEI. É autora e coautora de diversos Livros-texto para a Instituição. Atua na área clínica e institucional, na área de Psicologia e Psicopedagogia. Professora Colaboradora/coordenadora: EDNA BARBERATO GENGHINI, Professora Universitária desde 2002. Atualmente no exercício da função de Coordenadora para todo o Brasil de três cursos ao nível de Pós Graduação Lato Sensu: em PSICOPEDAGOGIA INSTITUCIONAL, DOCÊNCIA PARA O ENSINO SUPERIOR e em FORMAÇÃO EM EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA, pela UNIP - UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP/EaD, onde também atua como Professora Adjunta, nas modalidades SEI e SEPI. É Diretora e Psicopedagoga da MENTOR ORIENTAÇÃO PSICOPEDAGÓGICA LTDA. ME desde 1991. Possui graduação em Economia Doméstica - Faculdades Integradas Teresa D'Ávila de Santo André (1980), graduação em Pedagogia pela Universidade Guarulhos (1985), Pós-graduação em Psicopedagogia pela Universidade São Judas (1987), Mestrado em Ciências Humanas pela Universidade Guarulhos (2002) e pós- graduação Lato Sensu em Formação em Educação a Distância pela UNIP - Universidade Paulista (2011). É autora e coautora de livros Textos para os cursos de Pós Graduação Lato Sensu em Psicopedagogia Institucional, Docência para o Ensino Superior e Formação em Educação a Distância da UNIP - EaD. Áreas de Interesse: Neurociências - Educação Inclusiva - Psicopedagogia Clínica e Institucional - Formação e Gestão em Educação a Distância - Formação de Docentes para o Ensino Superior. SUMÁRIO INTRODUÇÃO 05 Unidade I: CONTEXTO HISTÓRICO DA NEUROAPRENDIZAGEM 08 1.1 Subsídios das Neurociências 13 1.2 Base funcional da Neuroaprendizagem 16 1.2.1 Base funcional dos Neurônios e das Células Glias 16 1.2.2 Desenvolvimento e Plasticidade do Sistema Nervoso 28 1.3 Base relacional da Neuroaprendizagem 34 Unidade II: A NEUROAPRENDIZAGEM E DESENVOLVIMENTO COGNITIVO 49 2.1 Cognição e aprendizagem 50 2.2 Emoção e aprendizagem 61 2.3 Motricidade e aprendizagem 68 2.4 Memória e atenção para aprender 79 Unidade III: A NEUROAPRENDIZAGEM E AS DIFICULDADES NA APRENDIZAGEM 99 3.1 Problemas de aprendizagem e distúrbios da aprendizagem 100 Unidade IV: A NEUROAPRENDIZAGEM NA ATUAÇÃO PSICOPEDAGÓGICA 117 4.1 Atuação preventiva 125 4.2 Atuação interventiva 137 4.3 Atuação com equipe multidisciplinar 147 4.4 Encaminhamentos 150 REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS 153 5 INTRODUÇÃO Olá, aluno(a)! Seja bem-vindo(a) à disciplina NEUROAPRENDIZAGEM E ATUAÇÃO PSICOPEDAGÓGICA! Vamos ver um pouco sobre o que iremos estudar nesta disciplina? As pesquisas das Neurociências têm gerado muitas contribuições para a Educação, principalmente quanto aos fatores que influenciam a aprendizagem humana. Torna-se imperativo à Psicopedagogia, como área que se propõe a dar ações resolutivas para as dificuldades de aprendizagens, compreender e se inteirar sobre os avanços relacionados à Neuroaprendizagem. O objetivo deste livro é apresentar a Neuroaprendizagem bem como dar visibilidade ao CÉREBRO, uma vez que a mesma nos dá a consciência de que como “este” cérebro aprende e comanda todo o funcionamento orgânico e faz acontecer o desempenho humano. O cérebro tem o seu desenvolvimento desde a vida intrauterina, acompanha e interfere na maturação e funcionamento de todos os órgãos e, principalmente, tem a capacidade de se adaptar e regenerar através da plasticidade cerebral. Portanto, o cérebro da criança se torna um circuito de possibilidades, além de permear as “janelas de oportunidades”, segundo Gardner. O principal de toda atividade cerebral humana é a dependência de informações neuronais que recebe do meio ambiente. E, como diz RELVAS (apud SAMPAIO, 2019, p. 36) “o desenvolvimento do sistema nervoso não está na quantidade de estímulos que o cérebro da criança recebe, mas na qualidade e interação desses estímulos com esse organismo”. O propósito deste livro é promover uma atuação psicopedagógica consciente de uma ação responsável pela qualidade de estímulos enviados ao cérebro dos seus educandos, tendo como base a Neuroaprendizagem, como subsídio promotor de ações pedagógicas, sincronizadas com as necessidades cerebrais de seus alunos: os sujeitos cerebrais dessas ações. 6 A Neurociência quando dialoga com a Psicopedagogia interfere em suas ações, principalmente, promovendo a construção de caminhos teóricos que visem à busca de uma aprendizagem satisfatória do aprendiz, na criação de recursos pedagógicos pensados e construídos numa mediação eficaz do processo ensino-aprendizagem. Para que esta mediação seja alcançada é preciso que a ação psicopedagógica seja atuante, em sensibilizar o professor-educador a se tornar coparticipante no movimento reflexivo sobre Neuroaprendizagem, pois é ele que emite os estímulos aos sujeitos cerebrais na sala de aula. Dar visibilidade à Neuroaprendizagem na atuação psicopedagógica institucional, tanto na prevenção quanto na intervenção das dificuldades de aprendizagem, é possibilitar o afastamento da dor e de todas as consequências que o fracasso escolar pode causar nas pessoas para o resto de suas vidas. Para tanto, o conteúdo deste livro enfatizará o conhecimento e o valor agregado da Neuroaprendizagem no processo de aprendizagem. Promovendo uma visão de escola agregadora, geradora de prazer no aprender, num ambiente que preze o bem- estar e confiança em todos os envolvidos no processo: alunos, professores e equipe escolar, profissionais fora da equipe escolar, família e a sociedade como um todo. Este livro está dividido em quatro unidades: Na Unidade I “Contexto histórico da Neuroaprendizagem”, expondo assuntos correlatos às Neurociências, que aderem ao assunto por analogia; na base funcional da Neuroaprendizagem, sobre as funções das estruturas cerebrais e afins, apontando as estruturas e sistemas cerebrais que levam o cérebro a aprender; e na base relacional da Neuroaprendizagem será focado nas necessidades e funções de todas as estruturas envolvidas, inclusive de vísceras, relacionadas ao processamento da aprendizagem cerebral. Na Unidade II “A Neuroaprendizagem e o desenvolvimento cognitivo”, focando cognição e aprendizagem; emoção e aprendizagem; motricidade e aprendizagem; memória e atenção para aprender. Na Unidade III “A Neuroaprendizagem e as dificuldades na aprendizagem”, focando que as dificuldades de aprendizagempodem ser diferenciadas entre o Problema de Aprendizagem e o Distúrbio de Aprendizagem. Dependendo do 7 diagnóstico realizado, sempre de forma cautelosa, vão ser designadas as tarefas psicopedagógicas. Na Unidade IV “A Neuroaprendizagem na atuação psicopedagógica”, envolve a atuação psicopedagógica preventiva e interventiva no contexto da Neuroaprendizagem; a atuação psicopedagógica com uma equipe multidisciplinar, como disseminador da Neuroaprendizagem; a ênfase na agilidade para o encaminhamento, tendo em vista que quanto mais rápido se principiar um diagnóstico e iniciar o tratamento melhor será para o aluno, assim como a orientação de como a escola pode beneficiar o mesmo. Então? Preparado(a) para enfrentar mais esta jornada rumo à formação do psicopedagogo(a)? Vamos lá! 8 1. CONTEXTO HISTÓRICO DA NEUROAPRENDIZAGEM O contexto psicopedagógico tem a aprendizagem como objeto de sua pesquisa constante. Tendo como princípio básico a busca por ações preventivas para eliminar variáveis que possam interferir, negativamente, a efetividade da aprendizagem, assim como ter ações interventivas nas dificuldades e transtornos desse fator. Os ambientes escolares necessitam de mediadores mais atuantes e conhecedores, numa abordagem interdisciplinar, de como se dá o processo da aprendizagem cognitiva, emocional e social organizado pelo principal órgão, norteador da vida, que é o cérebro. (RELVAS, 2012, p.15). Cabe, portanto, a todos os envolvidos no ambiente educacional, em especial aos psicopedagogos, a busca pelo conhecimento sobre duas questões- chave a serem respondidas: a primeira questão sobre como o cérebro (elemento interno do organismo) interfere no processo da aprendizagem e, a segunda questão de que forma a mediação do educador (elemento externo do organismo) contribui para o sucesso da aprendizagem. Fica imperativo em primeiro lugar para os mediadores educacionais caminharem na busca do conhecimento para responder a primeira questão, pois somente com a conscientização estrutural bem como funcional do cérebro é que se dará a busca e preparo de uma atuação psicopedagógica eficaz que promova a aprendizagem cognitiva, emocional e social do educando e contribua para que ele tenha autonomia em suas buscas de vida. Na perspectiva de RELVAS (2012, p.15), o cérebro é entendido como um órgão social que pode ser modificado pela prática pedagógica. O cérebro é o centro de controle do movimento, sono, fome, sede e quase todas as atividades vitais necessárias à sobrevivência. Emoções, como amor, o ódio, o medo, a ira, a alegria e a tristeza, também são controladas por esse órgão, que ainda recebe e interpreta os inúmeros sinais enviados pelo organismo e pelo ambiente. (LENT, 2004, ) Observe na Figura 1 a localização de algumas funções no cérebro: audição; equilíbrio e coordenação muscular; memória; visão; compreensão da linguagem; sensação; desenvolvimento das habilidades motoras; movimento voluntário; 9 movimento voluntário dos olhos; produção motora e da fala; intelecto superior; autocontrole; inibição; emoções. As funções do cérebro, quanto à sua complexidade, são proporcionais às suas responsabilidades, que envolvem as informações vindas tanto do próprio organismo quanto do meio ambiente, via neurônios. FIGURA 1: Sobre algumas funções do cérebro Fonte: todamateria.com.br, acesso em 13/05/19. A responsabilidade do cérebro é captar informações que chegam via neurônios, processá-las e transformá-las em ações necessárias. 10 É possível observar na Figura 2 a quantidade de neurônios em cada área do cérebro. FIGURA 2: O cérebro e a localização dos neurônios Fonte: LENT, R. (Revista FAPESP fev./2012) Com relação à Figura 2, o número de Neurônios em cada área do Cérebro varia significativamente. O Cerebelo pesa 154 gramas e têm 69 bilhões de Neurônios, é a estrutura que contém o maior número deles concentrados. O Cérebro pesa 1230 gramas e tem 16 bilhões de neurônios. Lembrando que existem outras células, além dos Neurônios. http://revistapesquisa.fapesp.br/wp-content/uploads/2012/02/dogmas.jpg http://revistapesquisa.fapesp.br/wp-content/uploads/2012/02/dogmas.jpg http://revistapesquisa.fapesp.br/wp-content/uploads/2012/02/dogmas.jpg http://revistapesquisa.fapesp.br/wp-content/uploads/2012/02/dogmas.jpg http://revistapesquisa.fapesp.br/wp-content/uploads/2012/02/dogmas.jpg 11 Caro aluno, para conhecer a pesquisa realizada pelo médico Robert Lent, da UFRJ, descrita na Revista da FAPESP, veja em: http://revistapesquisa.fapesp.br/wp-content/uplods/2012/02/dogmas.jpg Pela complexidade do cérebro humano e por suas inúmeras tarefas são muitos os profissionais que o estudam e o pesquisam. Especialistas como médicos, psicólogos, enfermeiros e, também, educadores e pedagogos têm se interessado quanto às contribuições do sistema nervoso para os processos de aprendizagem. (LENT, 2004, ) O que tem chamado muita atenção e produzido interesse pela Psicopedagogia é a capacidade adaptativa do SNC, principalmente, com as descobertas da possibilidade deste sistema em modificar sua própria estrutura, e reorganizar seu funcionamento a partir de mensagens recebidas de fora dele (do ambiente externo). Descobertas das Neurociências confirmam, portanto, a capacidade adaptativa do cérebro denominada de plasticidade cerebral. Plasticidade cerebral é a capacidade que o cérebro tem em se remodelar em função das experiências do sujeito, reformulando as suas conexões em virtude das necessidades e dos fatores do meio ambiente. (RUSSO, 2015, ) A plasticidade cerebral, dentro do contexto da aprendizagem, reforça positivamente a possibilidade de que a ação mediadora do educador, através de ações alternativas eficazes, durante o processo de aprendizagem do educando, garante que é nesta intervenção que ocorre o desenvolvimento do potencial de inteligência do aluno. Os ambientes escolares necessitam de mediadores mais atuantes e conhecedores, numa abordagem interdisciplinar, de como se dá o processo 12 da aprendizagem cognitiva, emocional e social organizado pelo principal órgão, norteador da vida, que é o cérebro. (RELVAS, 2012, p. 15) A Neuroaprendizagem acontece a partir do caminho percorrido do processo da aprendizagem cognitiva, emocional e social organizado pelo cérebro, com a mediação daqueles que fazem parte do ambiente em que o educando vive. Portanto, uma mediação educativa precisa é essencial para desenvolver o potencial do educando, que necessita ser acompanhado e observado de perto por um olhar capacitado da área psicopedagógica. A prática psicopedagógica evidencia-se como importante, principalmente em função preventiva, no preparo e na conscientização de todos os envolvidos no ambiente escolar, essencialmente o professor que deve ser estimulado a elaborar atividades de forma criativa e provocativa. Ainda quanto à plasticidade cerebral: A neuroplasticidade permite que os seres humanos aprendam novas habilidades e se recuperem de lesões do SNC ao reorganizar redes neurais em resposta a estímulos ambientais. O entendimento dos mecanismos relacionados à reorganização neural fornece uma base para o desenvolvimento de melhores estratégias de aprendizagem e intervenção. (SAMPAIO, 2019, p.86) Considerando a tendência do SNC em: ( ) ajustar-se diante das influências ambientais durante o desenvolvimento infantil, na fase adulta restabelecendo e restaurando funções desorganizadas por condições patológicas. Ressaltar os vínculos dos fenômenos plásticos cerebrais com o desenvolvimento do SN na sua compreensão sócio-histórica- educativa. (RELVAS, 2012, p. 15) 13 A influência adequada da estimulação do ambiente educacional é fundamental, fazdo educador o principal mediador do processo de aprendizagem. E, segundo Claro (2017, p. 13) é denominado de Neuroaprendizagem o segmento das Neurociências que trata da forma como o cérebro aprende. Para as autoras Relvas, Claro e Sampaio, o cérebro é a estrutura central do SNC que é responsável pela aprendizagem. E, como a aprendizagem é o centro nevrálgico da Educação, faz-se obrigatório o conhecimento do assunto no ambiente educacional. Desta forma, quem dá vida e forma à Neuroaprendizagem são as ações interventivas e preventivas da ação psicopedagógica e, com a consciência da plasticidade cerebral, que contribui para uma educação mais justa e menos excludente. 1.1 Subsídios das neurociências Quanto às Neurociências: Neurociências é um campo de estudo entre Anatomia, Biologia, Farmacologia, Fisiologia, Genética, Patologia, Neurologia, Psicologia, Psiquiatria, Química, Radiologia e os vislumbrados estudos inerentes à educação humana no ensino e na aprendizagem. (RELVAS, 2012, p.34) Cada campo citado produz pesquisas e geram conhecimentos científicos que são socializados pela comunidade científica para outros campos, praticando assim a interdisciplinaridade, sempre na tentativa de contribuir para o progresso nas buscas de questões norteadoras, nas pesquisas em diferentes áreas, atingindo resultados, ações e visões cada vez mais complexas na formação do conhecimento. Esforços são necessários para compreender como se aprende, tendo como principal processo a inter-relação do sistema nervoso, as funções cerebrais, as funções mentais e o ambiente. (RELVAS, 2012, p.35) 14 Esses esforços, citados pela autora, se referem principalmente à estimulação adequada que o aluno deve receber, de todos os envolvidos no ambiente educacional que devem conhecer sobre assunto e criar ações no seu campo que contribuam com uma aprendizagem de sucesso. A escola vista como parte integrante do ambiente tem que fazer a sua parte: conhecer cada aluno em suas necessidades individuais, em suas dificuldades enfrentadas, tendo em vista que cada um tem uma estrutura cerebral diferente e reage de forma diferente. Por isso, a questão é provocar nas ciências da educação essa possibilidade de que aprendizagem e comportamento começam no cérebro e são mediadas por meio de processos neuroquímicos. (RELVAS, 2012, p. 35) Portanto, todo educador deve ter conhecimento sobre a estrutura e funcionamento do cérebro humano, reconhecendo as responsabilidades no seu exercício profissional, em planejar ações pensadas em virtude deste conhecimento. A complexidade da ação educacional aumenta a partir do momento em que se entende que os cérebros humanos são diferentes. O avanço dos estudos da Neurociência vem provocando uma nova visão no entender do funcionamento do encéfalo, na cognição, no pensamento, na emoção, na aprendizagem e no comportamento. (RELVAS, 2012, p. 35) Segundo Chedid (2007) a Educação deve promover a propagação dos resultados obtidos pelas áreas da neurologia. O autor reforça ainda, na leitura abaixo sugerida, que aposta na Neurociência como parceira que ao esclarecer, por exemplo, o funcionamento das funções executivas do cérebro, pode auxiliar na construção de fundamentos teóricos que iluminem práticas mais efetivas no terreno da educação. 15 Leia o artigo CHEDID http://pepsic.bvsalud.org/scielo.phpscript A inclusão de pensar e focar o cérebro e colocá-lo como um elemento de importância na Pedagogia promove o surgimento da Neuropedagogia, a ciência que promove o reconhecimento de que ensinar a um “sujeito cerebral”, segundo a autora, envolve uma habilidade nova implicando em: maximizar o potencial de funcionamento de seu cérebro. Isso porque aprender exige necessariamente planejar novas maneiras de solucionar desafios e atividades que estimulem as diferentes áreas cerebrais, a fim de desvendar com eficiência o desenvolvimento das potencialidades humanas e a capacidade de pensar. (RELVAS, 2012) O funcionamento cerebral do educando acontece através de estímulos externos, captados por neurônios, que provocam uma resposta do mesmo. A resposta desejada pelo meio ambiente acontecerá quando as ações propostas forem atraentes para o educando. Um dos subsídios das Neurociências é criar e recriar formas para que a interdisciplinaridade entre as ciências aconteça, no sentido de ter propostas cada vez mais elucidativas sobre o bem viver do ser humano. Os estudos apontam que, enquanto a Neurociência constitui-se como a ciência do cérebro, a Educação configura-se como a ciência do ensino e aprendizagem. Apresentam relação de proximidade na medida em que o cérebro tem significância no processo de aprendizagem do indivíduo. (RUSSO, 2015, ) A relação da proximidade entre cérebro e processo de aprendizagem humana legitima a Neuroaprendizagem, vinculada às Neurociências. Portanto cabe à psicopedagogia, tendo como missão tornar possível a aprendizagem do educando, realizar suas ações preventivas e interventivas tendo como ponto de referência o cérebro. http://pepsic.bvsalud.org/scielo.phpscript 16 1.2 Base funcional da Neuroaprendizagem A Neuroaprendizagem, como um dos pressupostos das Neurociências, tem a missão de procurar entender como o cérebro aprende. As Neurociências estudam os neurônios, suas moléculas constituintes, os órgãos do sistema nervoso e suas funções específicas, e também as funções cognitivas e o comportamento, resultantes da atividade dessas estruturas. (COSENZA e GUERRA, 2011, ) Para a construção da ação psicopedagógica é necessário o entendimento tanto da parte funcional do cérebro quanto das estruturas a ele coligadas, permitindo assim alcançar o objetivo da Neuroaprendizagem: conhecer como o cérebro aprende. Para conhecer como o cérebro aprende é preciso conhecer as estruturas a ele coligadas, entre elas: primeiro os Neurônios e as Células Glias; segundo o Sistema Nervoso; e em terceiro Desenvolvimento e Plasticidade do Sistema Nervoso. 1.2.1 Base funcional dos Neurônios e das Células Glias A base funcional do Sistema Nervoso conta com dois tipos distintos de células que são os NEURÔNIOS e as CÉLULAS GLIAIS. 17 FIGURA 3 - Estrutura básica de um neurônio e a sinapse http://neurotransunb.blogspot.com.br, acesso em 15/05/19. O Neurônio pode ter várias formas e tamanhos, conforme pode ser observado na Figura 3. E, conforme os autores: Os neurônios, as unidades básicas do SN, são células que se especializam em comunicação e diferem na maioria das células por serem excitáveis: eles operam por meio de impulsos elétricos e se comunicam com outros neurônios por sinais químicos. (GAZZANIGA & HEATHERTON, 2005, ) Para entender como o cérebro aprende, é necessário conhecer a estrutura do neurônio e a forma como ele realiza o seu papel quanto à comunicação entre as células. http://neurotransunb.blogspot.com.br/ 18 Os neurônios são responsáveis em conduzir para o cérebro as informações do corpo e do meio externo, para que respostas do corpo solicitadas pelo meio ambiente possam acontecer. Os Neurônios comunicam-se através de sinapses (regiões de transmissão de impulsos nervosos). Os neurônios são especializados na propagação dos impulsos nervosos e tem como funções básicas receber, processar e enviar informações. A estrutura dessas células é formada por corpo celular, dendritos (expansões do corpo celular), axônio e botões terminais. (RUSSO, 2015, p.20) Na Figura 3 temos a estrutura básica do Neurônio, contendo o núcleo, o corpo celular e o dendrito, saindo desse núcleo um caminho (sinalizado com setas vermelhas) percorrido através de descargas elétricas, que levam as informações, através de axônios envoltos com membrana de mielina, até chegar à junçãosináptica. A Neuroaprendizagem só acontece na presença de neurônios! Portanto, entender esta estrutura é ter a consciência da importância do papel mediador na prática psicopedagógica. FIGURA 4 - Sinapse 19 www.cienciahoje.org.br, acesso em 17/05/19 Na Figura 4 é possível observar a sinapse, onde o terminal de um axônio denominado dendrito se conecta, passando a informação, a outro neurônio. A mensagem é processada no corpo celular, formando uma nova informação que é levada para outro neurônio e assim por diante até cumprir o seu objetivo. O corpo celular é o centro metabólico do neurônio responsável pela síntese de todas as proteínas neuronais, bem como pela maioria dos processos de degradação e renovação de constituintes celulares, inclusive de membranas. (MACHADO apud RUSSO, 2015, p. 20) Ao se referir à degradação e renovação celular, o autor evidencia o princípio da neuroplasticidade, tão importante para o corpo celular do neurônio, que segundo a autora: O corpo celular refere-se à região onde a informação de milhares de outros neurônios é coletada e integrada. Uma vez integradas, impulsos elétricos são transmitidos por um prolongamento estreito e longo chamado axônio. (Ibdem, 2015, p. 20) As células dos neurônios, além do corpo celular, são formadas de dendritos: Os dendritos (do grego dendron, árvore) são extensões de neurônios semelhantes a ramos, que conduzem os estímulos captados do ambiente ou de outras células, em direção ao corpo celular. São especializados em http://www.cienciahoje.org.br/ 20 receber estímulos, traduzindo-os em alterações do potencial de repouso da membrana. (Ibdem, p. 20) O axônio é a principal unidade condutora do neurônio, é capaz de conduzir sinais elétricos por distâncias curtas e longas. E, muitos axônios dividem-se em vários ramos, conduzindo, assim, informações para diferentes alvos. É especializado em gerar e conduzir o potencial de ação e tem como função transmitir para outras células os impulsos nervosos provenientes do corpo celular. Nas extremidades dos axônios estão localizados pequenos nódulos chamados de botões terminais. (RUSSO, 2015, p. 20) Figura 5: A transmissão do impulso nervoso no neurônio. Fonte: mundoeducaçao.bol.uol.com.br, acesso em 18/05/19 21 O axônio tem um potencial de ação, chamado também de descarga neuronal, que segundo a autora, ( ) é uma onda de descarga elétrica que percorre a membrana de uma célula e é desencadeado por diversos eventos físicos no ambiente que incidem sobre nossos corpos. São gerados no cone axônico e conduzidos ao longo do axônio, sem falha e sem distorção, com velocidade entre 1 e 100 metros por segundo e amplitude de 100 milevolts (mV). (Ibdem, 2015, p. 20) Para assegurar a condução com alta velocidade dos potenciais de ação, os axônios com maior calibre são: ( ) circundados por uma bainha isolante, chamada de mielina. Essa bainha é interrompida a intervalos regulares, pelos nódulos de Ranvier, e são nesses segmentos desprovidos de isolamento elétrico, ao longo do axônio, que o potencial de ação é regenerado. (RUSSO, 2015, p. 21) Próximo à terminação do axônio (Figura 5) ele se divide em ramos mais finos que fazem contato com outros neurônios. O ponto de contato entre duas células neuronais é chamado de sinapse. A célula transmissora de um sinal é designada como célula pré-sináptica, enquanto a célula que recebe o sinal é a célula pós-sináptica. Dilatações especializadas nas extremidades das ramificações axônicas atuam como locais de transmissão nas células pré-sinápticas. (RUSSO, 2015, p. 21) A célula pré-sináptica é separada da célula pós-sináptica por um espaço denominado de fenda sináptica. A maioria dos axônios termina próximo aos dendritos de uma célula pós- sináptica, mas também pode ocorrer comunicação ao nível do corpo celular, ou, menos frequente, no segmento inicial ou na região terminal do axônio da célula pós-sináptica. (RUSSO, 2015, p. 21) Na Figura 6 o diagrama percorrido pelo impulso nervoso, formado no corpo celular; a membrana do neurônio pré-sináptica e a membrana do neurônio pós-sináptica, bem como a presença dos neurotransmissores tanto nas vesículas sinápticas quanto na fenda sináptica. Figura 6: Conexões sinápticas 22 Fonte: http://neurotransunb.blogspot.com.br, acesso em 19/05/19 As sinapses podem der apresentadas através de três tipos de junção, recebendo denominações diferentes, conforme acontecem. A mais comum ocorre entre um axônio e um dendrito chamada de sinapse axodêntrica. Um axônio também pode contatar outro neurônio, diretamente na soma da célula, chamada de sinapse axossomática. Este tipo de sinapse é muito menos comum no SNC, e é um poderoso sinal muito mais próximo do cone axonial, no qual um novo potencial de ação pode se originar. E, a sinapse axoaxônica acontece quando um axônio conta outro axônio. (KREBS et al. apud RUSSO, 2015, p. 21) Quanto à sinapse axoaxônica, entre axônios, se constata outros efeitos muito poderosos que, segundo a autora, podem produzir um potencial de ação ou inibir um que, de outra forma, teria sido desencadeado. (RUSSO, 2015, p. 21) http://neurotransunb.blogspot.com.br/ 23 A Neuroaprendizagem acontece a partir das sinapses entre neurônios. É possível identificar nestas sinapses o processo que envolve o fenômeno da plasticidade neuronal: é o cérebro aprendendo, processando as informações recebidas e se realinhando, conforme as necessidades e o aparecimento das mesmas. A Neuroaprendizagem acontece a partir das sinapses entre os neurônios, envolvendo a plasticidade neuronal. O cérebro só aprende se for estimulado! O cérebro necessita de estímulos e provocações vindas das exigências do meio externo. O ambiente escolar precisa ser provocador para estimular o cérebro dos seus alunos. Os neurônios, também, são pequenas células que podem ser classificadas quanto à sua função em três grupos: sensoriais, motores e interneurônios, onde: Os neurônios sensoriais ou aferentes absorvem informações do meio ambiente e as transmitem para o cérebro, geralmente via medula espinhal. O neurônio motor ou eferente conduz a informação do SNC em direção à periferia. Encontramos neurônios sensitivos tanto no SNC quanto no SNP. (RUSSO, 2015, p. 21) 24 Tem neurônios que levam as informações absorvidas no meio e outros especializados em levar as informações processadas para o meio, através do movimento. Os neurônios embora tenham um formato semelhante, possuem atividades diferentes direcionados ao mesmo objetivo, como um trabalho em equipe em que cada um cumpre o seu papel tendo o mesmo objetivo: fazer o cérebro aprender e devolver a resposta adequada de acordo com a solicitação do meio. Os neurônios motores dirigem os músculos para contrair ou relaxar, produzindo assim o movimento. São neurônios eferentes, pois sinais do cérebro são enviados para o corpo. (GAZZANIGA & HEATHERTON, 2005, ) Os neurônios, além da função sensorial e motora, têm uma função entre os neurônios denominada de interneurônios ou neurônios de associação, que estão presentes em toda a medula espinhal, mais precisamente no H medular, na substância cinzenta, e conforme a autora. Esses neurônios recebem a informação dos neurônios sensoriais, processam e transferem um comando para as células nervosas seguintes do circuito. São responsáveis pelo processamento dos sinais desde a fase que entram na medula até sua saída, pelo neurônio motor anterior. Também recebem sinais do tronco e córtex cerebral, recebendo diretamente a influência do trato cortico -espinhal. (RUSSO, 2015, p. 21) 25 Na Figura 7 estão alguns tipos deneurônios Fonte: todamateria.com.br acesso em 18/05/19 Os neurônios, também, são classificados quanto ao seu tamanho e morfologia ou conforme os seus neurotransmissores participantes, nas junções sinápticas como: neurônios multipolares, neurônios pseudounipolares e neurônios bipolares. (Vide Figura 7), onde: Os neurônios multipolares são encontrados no encéfalo e na medula espinhal, é o tipo mais abundante do SNC. Possuem um corpo celular, vários dendritos e um axônio. Os pseudopolares possuem um corpo celular e um https://cellcode.us/quotes/multipolar-motor-neuron.html 26 prolongamento, que se comporta como um dendrito em uma de suas funções e um axônio na outra. (RUSSO, 2015, p.22) Os neurônios multipolares são a maioria dos neurônios existentes no SNC, são múltiplos nos seus prolongamentos, possuem vários dendritos e um axônio. Os neurônios pseudopolares são encontrados nas áreas sensitivas da medula espinhal e transmitem impulsos nervosos como sensação de frio, calor, tato. Já os neurônios bipolares estão nas áreas da mucosa olfativa e na retina. E, complementando o pensamento da autora: Os pseudopolares retransmitem a informação sensorial de um receptor periférico ao SNC sem modificar o sinal. São encontrados nos gânglios sensitivos da medula espinhal, que são responsáveis pela condução dos impulsos nervosos. Os bipolares possuem um dendrito, um corpo celular e um axônio. Muitos neurônios bipolares são sensoriais. (RUSSO, 2015, p. 22) Além de neurônios, as células denominadas de Células Gliais, caracterizadas como sendo essenciais, para a função do SNC. As células Gliais ocupam os espaços entre os neurônios e são consideradas células auxiliares, dão suporte ao funcionamento do SNC. Têm diversas funções vitais como a sustentação, o revestimento ou isolamento, a modulação da atividade neuronal e a defesa. (KREBS et al apud RUSSO, 2015, p. 22) As Células Gliais são tão importantes quanto os neurônios, apoiam e garantem que a atividade neuronal aconteça. Elas são formadas por astrócitos, oligodentrócitos, microgliócitos e células ependimárias. Os astrócitos são células com formato estrelado, possuem corpos celulares irregulares e, muitas vezes, prolongamento relativamente longo. São encarregados de sustentação e nutrição dos neurônios. São formados por dois tipos: os protoplasmáticos localizados na substância cinzenta e os fibrosos encontrados na substância branca. (RUSSO, 2015, p. 22) 27 As Células Gliais são tão importantes quanto os Neurônios porque apoiam e garantem a atividade neuronal. Estão localizadas na substância branca e cinzenta (Figura 2). Além dos astrócitos, os oligodentrócitos que: são células pequenas, com um número relativamente pequeno de prolongamentos e apresentam núcleo menor e mais condensado que os astrócitos. Tem a função de envolver os axônios dos neurônios de maneira a isolá-lo do tecido nervoso, através de uma bainha de mielina. (RUSSO, 2015, p.22) Os microgliócitos, também, são células pequenas e alongadas: ( ) com núcleo denso também alongado e de contorno irregular, possuem poucos prolongamentos nas extremidades. As micróglias são recrutadas para as áreas de lesão neuronal, onde fagocitam os dendritos celulares e estão envolvidas na apresentação do antígeno. Estão presentes tanto na substância branca quanto na cinzenta, possuem função relacionada ao sistema imunitário. (RUSSO, 2015, p. 22) As células ependimárias forram as paredes dos ventrículos cerebrais, do aqueduto cerebral e do canal central da medula espinhal. Uma fibra nervosa compreende um axônio e, quando presentes seus envoltórios são de origem glial. O principal envoltório de fibras nervosas é a bainha de mielina, que funciona como isolante elétrico. Os axônios com bainha de mielina são denominados de fibras nervosas mielínicas, e sem são fibras nervosas amielínicas. Ocorrem tanto no SNP quanto no SNC. (MACHADO & KREBS et al apud RUSSO, 2015, pp. 23/24) 28 Existem células com a função de receber informações, outras de formar e sustentar as células e outras que defendem, protegem e destroem conexões celulares inadequadas. A Neuroaprendizagem acontece através da missão realizada por estas minúsculas partículas, que promovem a aprendizagem do cérebro, permitindo assim que a vida aconteça. 1.2.2 Desenvolvimento e Plasticidade do Sistema Nervoso As Neurociências vêm demonstrando que o desenvolvimento cerebral conduz o desenvolvimento da vida humana. E que o SN inicia o seu desenvolvimento nas primeiras semanas de vida embrionária e vai até a vida adulta. O SN é extremamente plástico nos primeiros anos de vida. A capacidade de formação de novas sinapses é muito grande, o que é explicável pelo longo período de maturação do cérebro, que se estende até os anos da adolescência. (CONSENZA e GUERRA, 2011, p 35) A capacidade da formação de novas sinapses admite a formação de novas ligações cerebrais, o que admite novas possibilidades de respostas e chances de desenvolvimento do potencial. 29 A prática psicopedagógica deve incentivar a formação de novas sinapses, durante o período de maturação cerebral. As novas possibilidades e chances para desenvolver o cérebro provam que: quando o cérebro se desenvolve ele aprende e se reorganiza. Evidências tem mostrado que a inteligência pode ser um fator influente sobre a plasticidade do SN, segundo a autora, que completa: Crianças com um nível intelectual superior apresentam um córtex mais plástico. Elas apresentam uma fase inicial de aumento de espessura cortical mais acelerada e prolongada em comparação com as crianças com inteligência normal e baixa, principalmente no córtex pré-frontal. (SHAW et al. apud SAMPAIO, 2019, p. 86) Um córtex mais plástico se refere à capacidade de ocorrência de plasticidade cerebral, segundo a autora: Plasticidade cerebral é a denominação das capacidades adaptativas do SNC, ou seja, é a sua habilidade para modificar sua organização estrutural própria e funcionamento. Capacidade que o cérebro tem para se remodelar, em função das experiências do sujeito, reformulando as suas conexões em virtude das necessidades e dos fatores do meio ambiente. (RUSSO, 2015, p.119) E, ainda, a mesma autora complementa que: O conceito de plasticidade cerebral pode ser aplicado à educação, considerando a tendência do sistema nervoso em ajustar-se diante das influências ambientais durante o desenvolvimento infantil, ou na fase adulta restabelecendo e restaurando funções desorganizadas por condições patológicas. (RUSSO, 2015, p.118) No desenvolvimento infantil a plasticidade cerebral é motivada pelas exigências do ambiente, onde a escola é o grande diferencial em estimulação. É preciso ressaltar os vínculos dos fenômenos plásticos cerebrais com o desenvolvimento do SN na sua compreensão sócio-histórica-educativa, observando-se a capacidade de resposta compensatória diante (...) das influências externas. (RUSSO, 2015, p. 118) 30 Para a ocorrência da plasticidade cerebral é necessário o reconhecimento e a compreensão sócio-histórica-educativa pela mediação. Estudos sobre VYGOTSKY mostram que ele introduziu o conceito de mediação de instrumentos e signos. Esses signos interiorizados se transformam em meios de regulação interna ou autorregulação, modificam dialeticamente a estrutura da conduta externa. (RUSSO, 2015, p. 71) Quanto à “regulação interna” o autor chamava de internalização: Para VYGOTSKY a internalização é a reconstrução interna da atividade externa. Sem os signos externos, principalmente a linguagem, não seriam possíveis a internalização e a construção das funções superiores. (...) Linguagem foi sua preocupação central, (...) além da conexão entre Pensamento e Linguagem. (RUSSO,2015, p. 72) A compreensão sócio-histórico-educativa se refere à teoria interacionista de VYGOTSKY e de alguns de seus seguidores, como LURIA e LEONTIEV que: Encontramos uma visão de desenvolvimento baseada na concepção de um organismo ativo, cujo pensamento é construindo paulatinamente num ambiente que é histórico e social. Para VYGOTSKY a consciência e as funções superiores se originam no espaço exterior, na relação com os objetos e as pessoas, nas condições objetivas da vida social. (RUSSO, 2015, p.71) A noção de “organismo ativo” às funções cerebrais ativas recebendo informações do meio externo processando-as e devolvendo, mostrando vida e interação. A interação social é vital porque provoca uma reação que só existe se o cérebro fizer sua parte. A plasticidade cerebral pode ser encarada em vários ângulos, seja mediante abordagem experimental (que é a mais comum), seja na perspectiva mais concreta da existência e expressão funcional do SN como, por exemplo, motricidade, percepção e linguagem. (RUSSO, 2015, p. 118) A forma de expressar a plasticidade cerebral vem de áreas estruturais que receberam as informações neuronais e deram as respostas compensatórias, conforme as exigências do meio ambiente. 31 Os estudos de LURIA (1984) apontam que os processos mentais humanos são sistemas funcionais complexos, que ocorrem por meio da participação de grupos de estruturas cerebrais operando em concerto, cada uma das quais concorrendo com a sua própria contribuição particular para organização desse sistema funcional. (RUSSO, 2015, p. 40) LURIA, como colaborador de VYGOTSKY, também compartilha da abordagem interacionista do desenvolvimento humano. O modelo luriano de funcionamento neuropsicológico pressupõe um sistema dinâmico, plástico, produto de evolução sócio histórico e da experiência social do indivíduo, internalizada, sedimentada no cérebro. (DAMASCENO apud RUSSO, p. 40) O modelo luriano mostra a organização do cérebro para aprender em cinco regiões: subcorticais; frontais; parietais; occipitais e temporais. Essas regiões são organizadas em três unidades funcionais: as áreas primárias; as secundárias e as áreas terciárias. Onde: As zonas corticais destacam as áreas primárias (de projeção) aquelas que recebem impulsos da periferia ou os enviam para ela; as áreas secundárias (de projeção-associação) em que as informações chegam e são processadas ou programas são preparados; as áreas terciárias (zonas de superposição) são os últimos a se desenvolverem, responsáveis pela complexa atividade mental que requerem a participação em concerto de muitas áreas corticais. (RUSSO, 2015, p. 40) A exigência nas áreas terciárias de uma “participação em concerto de muitas áreas” revela a complexidade da atividade mental, envolvendo várias áreas que se integram em suas habilidades na busca de um único objetivo: dar a resposta adequada à solicitação do meio. A plasticidade cerebral, ou neuroplasticidade, é a habilidade vitalícia de o cérebro reorganizar suas vias neurais com base em novas experiências. Essa capacidade está presente ao longo da vida do sujeito, mas para certas habilidades ela é mais suscetível no início do desenvolvimento. (CRUZ & FERNANDES apud RUSSO, 2015, p. 44) 32 A Neuroaprendizagem é um processo que, para LURIA, acontece nas zonas corticais responsáveis em receber e processar os impulsos vindos da periferia até obter o produto final desejado e complexo: a atividade mental. É possível verificar que pessoas mais velhas podem, também, realizar novas aprendizagens. A plasticidade, mesmo diminuída com a idade, permanece pela vida inteira. O cérebro pode servir a novas funções criadas, sem ter a transformação na estrutura do órgão físico. O funcionamento cerebral é moldado ao longo do desenvolvimento, isto é, a estrutura e o funcionamento do cérebro não são inatos, fixos e imutáveis, sofrem mudanças no decorrer do desenvolvimento do indivíduo devido a sua interação com o meio físico e social. (JOENK apud RUSSO, 2015, p.44) A interatividade humana proposta tanto por estímulos externos quanto internos resultam na ação da plasticidade cerebral, diante das imensas possibilidades de realização. Assim, O cérebro pode servir a novas funções criadas, sem ter a transformação na estrutura do órgão físico. O funcionamento cerebral é moldado ao longo do desenvolvimento, isto é, a estrutura e o funcionamento do cérebro não são inatos, fixos e imutáveis, sofrem mudanças no decorrer do desenvolvimento do indivíduo devido a sua interação com o meio físico e social. (JOENK apud RUSSO, 2015, p.44) Lembrando ainda que durante o desenvolvimento humano, a plasticidade é marcada pela capacidade intrínseca do neurônio em direcionar suas vias de conexão aos sítios “corretos”. É fato que a maturação do SNC inicia-se no período embrionário e o seu término ocorrerá somente alguns anos após o nascimento. Durante esse processo, o SNC sofre influências não só genéticas, mas também do ambiente, sendo que as influências deste último têm grande relevância. (OLIVEIRA apud RUSSO, 2015, p. 45) Enquanto o SNC for provocado por estímulos ele vai se reestruturando. A grande plasticidade no fazer e no desfazer as associações existentes entre as células nervosas é a base da aprendizagem e permanece, felizmente, ao 33 longo da vida. Ela apenas diminui com o passar dos anos, exigindo mais tempo para ocorrer e demandando um esforço maior para que o aprendizado ocorra de fato. (CONSENZA e GUERRA, 2011, ) É possível entender que a plasticidade cerebral é uma habilidade que acontece durante toda a vida, fortalece a capacidade do cérebro em reorganizar suas vias neurais com base em novas experiências, isto é, o cérebro aprende durante toda a vida. O processo da Neuroaprendizagem acontece durante toda a vida do ser humano. Ao analisar a relação da plasticidade cerebral e a aprendizagem, alguns estudos apontam que: Durante o processo de aprendizagem acontecem modificações nas estruturas e funcionamento das células neurais e de suas conexões. O aprendizado promove modificações plásticas, como crescimento de novas terminações e botões sinápticos, crescimento de espículas dendríticas, aumento das áreas sinápticas funcionais. (KLEIM et al apud RUSSO, 2015, p. 47) E, segundo complemento da autora, a plasticidade e a aprendizagem promovem um estreitamento da fenda sináptica, além de mudanças na conformação de proteínas receptoras e no incremento de neurotransmissores. (ARNSTEIN apud RUSSO, 2015, p. 47) 34 A Neuroaprendizagem, a partir de quando o cérebro aprende, provoca a plasticidade cerebral, modificando as estruturas e aumentando as áreas sinápticas funcionais, permitindo assim que haja o surgimento de novas conexões, com novas possibilidades de aprendizagem. Para o propósito a que este livro é destinado que é dar visibilidade à Neuroaprendizagem, a forma como o cérebro aprende se torna a essência para a autonomia da atuação psicopedagógica. 1.3 Base relacional da Neuroaprendizagem O objetivo deste item é relacionar a parte funcional e estrutural de todos os envolvidos com o funcionamento cerebral abordados no item 1.2, para formar uma base de entendimento de como o cérebro aprende, chegando finalmente em como se dá a Neuroaprendizagem. As Neurociências vêm revisando por meio da Neurobiologia Cognitiva, a Neuropsicologia Comportamental, a Neurofisiologia e a Neuroanotomia de como o humano aprende e ensina efetivamente, nos processos dos contextos vitais, sob as condições nutricionais. (RELVAS, 2012, p. 20) 35 A Neuroaprendizagem só acontece quando o cérebro está nutrido com informações do meio externo e, também, das vísceras orgânicas. As informações exercitam as atividades cerebrais.O SN recebe uma variedade de informações do ambiente externo, avalia-as e depois produz comportamentos ou faz ajustes corporais para se adaptar ao ambiente. (RUSSO, 2015, p. 25) Embora tenhamos a consciência sobre a necessidade nutricional do cérebro, não temos consciência de como e quando as nossas células estão se alimentando. O encéfalo, região do SNC localizado dentro do crânio neural, ocupa-se das funções corticais superiores exclusivas, incluindo o pensamento, a linguagem, a imaginação, a criatividade, a atenção, a aprendizagem, a memória e a experiência emocional. Também, é ele que regula ou modula as funções endócrinas, viscerais e somáticas. (RUSSO, 2015, p.25) Na (Figura 1) é possível visualizar algumas das várias funções do cérebro, notar o quanto as áreas são próximas e o quanto cada uma delas se esforça para manter sua funcionalidade sem intervir na outra, assim como não deixar que outras áreas influenciem na sua. As regiões cerebrais são próximas e os neurônios juntamente com outras células, para efetuarem a Neuroaprendizagem, devem ser perfeitos e certeiros em atingir seu destino, além de se reprogramarem quando necessário, através da neuroplasticidade. Os estudos das ciências do cérebro vêm contribuindo para as práxis em sala de aula, na compreensão das dimensões cognitivas, motoras, afetivas e 36 sociais, no redimensionamento do sujeito aprendente e suas formas de interferir nos ambientes pelos quais tiver que passar. (RELVAS, 2012, p. 20) O cérebro assim como o ser humano está sempre envolta com o ato de aprender, em todos os contextos em que ele está inserido. Algumas estruturas próximas, uma das outras, participam no controle e em funções diferentes. Assim, cada qual fazendo o que deve ser feito. Os gânglios da base participam na regulação do desempenho motor, o hipocampo participa em diversos aspectos do armazenamento das memórias e o núcleo amigdaloide coordena as respostas autonômicas e endócrinas, em conjunto com os estados emocionais. Os gânglios basais também podem desempenhar um papel na produção de ações não verbais das outras pessoas. (KANDEL et al & LIEBERMAN apud RUSSO, 2015, p. 25) A substância cinzenta (Figura 2) do córtex cerebral controla ou regula a parte motora do comportamento não verbal, tem a influência na produção de uma comunicação coerente. A substância cinzenta do córtex cerebral é a responsável pela comunicação coerente e convincente porque tem a capacidade de unir emoção e comunicação, resultando a sintonia entre a comunicação verbal e a não verbal. 37 E, ainda com relação à produção de um discurso convincente, o sucesso desta ação necessita de conteúdos a serem lembrados e comunicados de forma correta e cautelosa. A amígdala permite que o organismo domine respostas instintivas, ao conectar as lembranças que o córtex cerebral tem das coisas com as emoções que elas despertam. Ela intensifica a memória durante momentos de excitação emocional, além de desempenhar um papel especial nas respostas aos estímulos que eliciam o medo. Também está envolvida na importância emocional das expressões faciais. (GAZZANIGA & HEATHERTON, 2005, ) A amigdala intensifica a memória na Neuroaprendizagem, eliciando o medo, isto é, afastando o medo já agregado às essas emoções, guardadas na memória, dando assim a oportunidade das mesmas serem utilizadas nas respostas para o meio ambiente. Figura 08: Sistema límbico Fonte: https://www.infoescola.com/anatomia-humana/sistema-limbico/ acesso em 20/05/19 A cautela envolve o controle emocional em que a amígdala, estrutura presente do Sistema Límbico (Fig. 8), contribui na liberação de estímulos que afastam o medo, dando assim mais segurança para uma intensificação controlada sobre as ações. https://www.infoescola.com/anatomia-humana/sistema-limbico/ https://www.infoescola.com/anatomia-humana/sistema-limbico/ 38 Quando observado pelo lado de fora, o cérebro apresenta-se constituído por dois hemisférios quase simétricos. Esses hemisférios são ligados entre si por uma substância branca chamada de corpo caloso. Cada hemisfério é constituído por quatro regiões externas chamadas de lobos cerebrais, a saber: lobo frontal, lobo parietal, lobo occipital e lobo temporal. (RELVAS, 2012, p. 92) A Neuroaprendizagem acontece de forma positiva quando acompanhada de ações do Sistema Límbico, da estrutura da amígdala, que liberam substancias que afastam o medo e dão segurança às ações humanas. Dando continuidade a autora diz que a parte anterior do cérebro constitui o córtex pré-frontal, responsável pelo ajuizamento das coisas e pelo comportamento social e emocional. Ao lado esquerdo do cérebro (Figura 12), na altura das têmporas, situa-se: O lobo temporal, que contém internamente a amigdala, um verdadeiro agente receptor emotivo, importante na geração do medo, e o hipocampo, o gerenciador da memória de ocorrências, chamada memória declarativa, mas representando, também, um importante papel no controle dos estados afetivos. (RELVAS, 2012, p. 92) Enquanto o lobo temporal tem sua função baseada no gerenciamento das memórias, principalmente da representatividade emocional que acompanha esses conteúdos, o lobo frontal: O lobo frontal está relacionado ao planejamento das ações futuras e com o controle do movimento. O lado parietal, à sensação tátil e à imagem corporal. O lado occipital, à visão, e o lobo temporal, à audição, além de aspectos do aprendizado, memória e emoção. (KANDEL apud RUSSO, 2015, p.25) 39 O lobo frontal, composto pelo sulco central superior, inferior e pré-central, contém a área motora, a área de Broca (responsável pela expressão da fala), a área relacionada ao comportamento e a memória de trabalho. A parte da frente do lobo frontal, que corresponde ao córtex pré-frontal, está relacionada ao planejamento e à análise das consequências de ações futuras, relativos ao comportamento; ao pensamento abstrato e criativo; à fluência do pensamento e da linguagem; à emoção; ao julgamento social; à vontade e determinação para a ação. (RUSSO, 2015, p. 26) Todas estas atividades cerebrais estão sendo conduzidas pelas menores células do organismo: os neurônios e as células gliais. As áreas nas superfícies laterais e mediais são essenciais não só para regular a atividade motora ou comportamento voluntário, mas também para inicializar o comportamento motor, ou seja, quais movimentos devem ser realizados. (KREBS et al. apud RUSSO (2015, p. 26) As autoras nesta descrição mostram que se o comportamento motor exigido, pelo meio externo, não aconteceu é porque não foi processada a informação de forma correta pelo cérebro. Pode ter, nesta situação, a explicação de que ou a mensagem foi falha ou ela não aconteceu. A Neuroaprendizagem acontece de forma positiva quando o meio ambiente (mediador da aprendizagem) solicitar, através de uma comunicação clara e precisa uma resposta na presença de um incentivo. Lembrando que a comunicação deve ser revista e reapresentada ao aprendiz até que ele emita a resposta desejada. A persistência do professor- educador tende a criar um aluno persistente. 40 A aprendizagem escolar, segundo RELVAS (2012, p. 146) é decorrente da ativação do córtex cerebral. Na Figura 16 é possível observar as áreas cerebrais relacionadas à linguagem. A área de Broca (pré-motora da fala); a área de Wernicke que é a região do cérebro responsável pelo conhecimento, interpretação e associação das informações, mais especificamente à compreensão da linguagem. Figura 09: Estrutura cerebral da linguagem Fonte: RELVAS, 2012, p. 146 Podemos observar que aspectos expressivos são aqueles que seapresentam através do desempenho motor do aluno. Aspectos expressivos ou motores da linguagem também são processados na superfície lateral do lobo frontal, sobretudo no hemisfério dominante (normalmente o esquerdo) na área motora da fala (área de Broca). (RUSSO, 2015, p. 26) O córtex pré-frontal é indispensável para a atividade racional e dirigida. É o responsável por dirigir e manter a atenção: 41 mantendo as ideias na mente, enquanto as distrações nos bombardeiam do meio externo, desenvolvendo planos e colocando-os em prática. O córtex pré- frontal é crítico para interpretar deixas sociais e se comportar de maneira apropriada. As superfícies ventral e medial dela governam muitos comportamentos interpessoais e emocionais. (GAZZANIGA e HEATHERTON, 2005) O córtex pré-frontal dirige a Neuroaprendizagem das relações emocionais e interpessoais do ser humano, de forma racional. A estrutura interpreta estímulos neuronais vindos do ambiente e reage aos mesmos com respostas adequadas. Quanto às estruturas observadas na Figura 1, temos a apresentação da divisão dos hemisférios cerebrais em lobos: parietais, temporais, occipitais e frontais. Os lobos parietais (...) são importantes para o sentido do tato e para a configuração espacial em um ambiente (...) e também, para os aspectos receptivos ou sensoriais da linguagem são processados nesse lobo, sobretudo no hemisfério dominante, na área de Wernicke. (GAZZANIGA e HEATHERTON; KREBS et al. apud RUSSO, p. 27) Na Neuroaprendizagem os lobos parietais processam as mensagens dos sentidos vindas através do tato, de estímulos vindos através da pele de todo o corpo. 42 É através do tato que o aprendiz com deficiência visual total, através da ponta dos dedos identifica sinais da linguagem Braille, tornando possível a leitura de um texto. Os lobos temporais, localizados nas partes laterais de cada hemisfério e sua estrutura central, segundo a autora: Os lobos temporais são responsáveis pelo gerenciamento da memória. Sua função principal é processar os estímulos auditivos. Nas zonas que convergem lobos occipitais, temporais e parietais encontramos a área de Wernicke, que é responsável pela compreensão da linguagem. (RUSSO, 2015, p.27) Na Neuroaprendizagem a memória é administrada pelos lobos temporais, que processam os estímulos auditivos que convergem com a área de Wernicke, estrutura responsável pela compreensão da linguagem. Quanto aos lobos occipitais, localizados na parte inferior do cérebro, e são responsáveis pela visão. 43 Dividem-se em área visual primária e secundária. A primeira funciona como receptora de imagens que passam para a segunda, onde os objetos são compreendidos. Há áreas especializadas em processar a visão da cor, do movimento, da distância, da profundidade, entre outras. (RUSSO, 2015, p. 28) Ainda sobre os Lobos Occipitais, localizados na parte inferior do cérebro, tem a responsabilidade pelo campo visual: O lobo occipital está relacionado quase que exclusivamente ao sentido da visão. Divide-se em múltiplas áreas visuais diferentes, sendo a maior o córtex visual primário (...) cercado por uma colcha de retalhos de áreas visuais secundárias que processam vários atributos da imagem visual, tais como sua cor, movimento e formas. (GAZZANIGA e HEARTHERTON, 2005) Na Neuroaprendizagem os lobos occipitais são responsáveis pelo processamento das informações visuais que recebem em seus vários atributos da imagem como cor, movimento e formas. As autorias continuam demonstrando o quanto é complexa a atividade dos mensageiros cerebrais em realizar a ponte entre as necessidades do ambiente e seus estímulos enviados. A Neuroaprendizagem da compreensão da linguagem é complexa porque se faz na confluência de três lobos: o occipital (visual), temporal (memória e audição) e parietal (tato e espacial). 44 Figura 10: Responsabilidades dos hemisférios: Direito e Esquerdo Fonte: todamateria.com.br acesso em 20/05/19 Na Figura 10, acima, estão especificadas algumas responsabilidades dos dois Hemisférios Cerebrais: o Direito e o Esquerdo. Onde, é possível observar que o Hemisfério Esquerdo é o que tem controle da mão direita e o Hemisfério Direito tem controle sobre a mão esquerda. E, também, temos que o lado esquerdo é responsável por questões mais objetivas, em contrapartida, as questões subjetivas estão do lado direito. Tendo sempre como referência que o cérebro está sempre aguardando o momento para aprender, aguardando tanto estímulos externos quanto internos para que ele cumpra sua missão. 45 A Neuroaprendizagem para ocorrer, satisfatoriamente, conta tanto com os fatores endógenos quanto com os fatores exógenos. Os fatores endógenos vêm do próprio organismo enquanto os exógenos vêm de fora dele. Quanto à estrutura dos Tálamos, eles têm como principal função servir de mediador e reorganizador dos estímulos vindos da periferia e do tronco cerebral, e também de alguns vindos de centros superiores. Os tálamos são duas massas volumosas de substância cinzenta, dispostas uma de cada lado do diencéfalo. Exceto do olfato, o tálamo recebe quase todas as informações sensoriais antes que elas cheguem ao córtex. (...) O tálamo parece desempenhar papel na atenção, também. (MACHADO e KREBS et al. apud RUSSO, 2015, p. 29 e GAZZANIGA e HEATHERTON, 2005, ) O Hipotálamo é uma região situada abaixo do Tálamo que tem a função de manter o equilíbrio das funções internas corporais, realizando a integração das diversas glândulas hormonais. O Hipotálamo, para MACHADO apud RUSSO (2015, p. 29) é uma área relativamente pequena do diencéfalo, localizada abaixo do Tálamo, é o responsável por funções relacionadas principalmente com o controle da atividade visceral. O Hipotálamo é responsável por regular as funções vitais: temperatura corporal, ritmos circadianos (relógio biológico), pressão sanguínea e níveis de glicose- e, para esses fins, impele o organismo por meio de impulsos fundamentais como sede, fome, agressão e sensualidade. (GAZZANIGA & HEATHERTON, 2005 ) Para a autora, de forma resumida pode-se dizer que o cérebro é dividido em três partes fundamentais: o hipotálamo, o sistema límbico e o córtex. Onde o hipotálamo é: 46 Hipotálamo é um órgão pequeno localizado na base do crânio que controla as funções de sobrevivência. Ali reside o centro da fome, da saciedade, da sede, do impulso sexual. (RELVAS, 2012, p. 74) Já o sistema límbico tem a função de prover o indivíduo de emoções: O sistema límbico é denominado como a casa dos sentimentos. É responsável pelo equilíbrio ou desequilíbrio emocional do ser humano, responsável pela produção das sensações ligadas aos processos emotivos. (RELVAS, 2012, p. 74) O Córtex cerebral é dividido em áreas, cada qual com sua função, basicamente tem a responsabilidade por três tarefas: o movimento do corpo, a percepção dos sentimentos e pelo pensamento. E, segundo a autora, o Córtex cerebral é o promotor da racionalidade humana. O córtex é responsável pelo controle dos movimentos do corpo, pela percepção dos sentimentos e pelo pensamento. Foi durante muito tempo sinônimo de inteligência, razão e espírito, é o protagonista-mor dos grandes voos humanos, é o promotor da racionalidade humana. (RELVAS, 2012, p. 74) A autora ainda complementa que: as três estruturas Hipotálamo, Sistema límbico e Córtex funcionam simultaneamente, porém independentes entre si, se completam quando bem conduzidos os estímulos sensoriais, emocionais e motores. O funcionamento simultâneo adequado dessas três estruturas cerebrais evidencia o contexto relacional entre elas, preparando o campo da aprendizagem para receber as informações, processare responder suprindo as necessidades humanas. A Neuroaprendizagem se dá sempre dentro de um contexto relacional adequado entre estímulos sensoriais, emocionais e motores, através das relações corticais, límbicas e hipotalâmicas. 47 A Neuroaprendizagem depende do funcionamento simultâneo de três estruturas: do córtex, para controlar os movimentos do corpo, a percepção dos sentimentos e do pensamento; do hipotálamo, para regular as funções vitais, para que haja sobrevivência; e do sistema límbico, para dominar o equilíbrio ou desequilíbrio emocional. O tronco encefálico participa do SNC segmentar, podendo ser observado na (Figura 8): Faz parte do tronco encefálico uma conexão de 10 a 12 pares de nervos cranianos. Está relacionado aos sentidos espaciais, aos processos vitais e outras funções viscerais e somáticas, podendo ser modificadas por impulsos recebidos pelos nervos cranianos e, também, os abaixo do cerebelo ou do mesencéfalo. (CAIXETA e FERREIRA; ADONI et al. apud RUSSO, 2015, p.30) Já o cerebelo, um órgão pequeno, de acordo com a (Figura 2), tem peso aproximado de 154 gramas, é aquele que abriga o maior número de neurônios, 69 bilhões e 16 bilhões de outras células. Observado, também, nas Figuras 9 e 10: Liga-se à medula e ao bulbo pelo pedúnculo cerebral inferior e à ponte e ao mesencéfalo pelos pedúnculos cerebelar médio e superior, respectivamente. É um órgão essencialmente relacionado às funções motoras como o equilíbrio, a coordenação dos movimentos e o tônus muscular. (GAZZANIGA E HEATHERTON, 2005) O cerebelo está próximo ao bulbo que se liga à medula, que é receptora dos estímulos periféricos e viscerais. Quanto à medula espinhal: Ela recebe informações sensoriais dos membros, do tronco e de muitos órgãos internos. Desempenha um papel importante no processamento inicial dessas informações. Também contém os tratos somáticos motores que suprem os músculos esqueléticos, bem como eferências viscerais para as vísceras, os músculos lisos e as glândulas. (KREBS et al. apud RUSSO, 2015, p. 31) A partir das informações serem recepcionadas na medula espinhal que tem, portanto, o importante papel de começar o processamento das informações. 48 As informações recebidas dos nervos periféricos entram pela parte dorsal sensorial da medula espinhal, enquanto as informações enviadas para os nervos periféricos, as quais irão estimular as respostas motoras ao input sensorial, emergem da porção ventral da medula espinhal. (KREBS et al. apud RUSSO, 2015, p. 32) A Neuroaprendizagem tem seu princípio na parte dorsal da Medula Espinhal, local aonde as informações chegam através de nervos periféricos. De forma geral, aqui foram apresentadas algumas estruturas e elementos que constituem a base de funcionamento do cérebro, bem como se dá o princípio da Neuroaprendizagem. Para tanto, foram apontados alguns subsídios das Neurociências, além das bases estruturais que mantém o funcionamento cerebral, desde as pequenas células (neurônios e células gliais) até os Sistemas envolvidos, incluindo a neuroplasticidade que demonstra a possibilidade de reorganização da aprendizagem cerebral um exemplo a ser seguido pela ação humana que envolve o aprender e o ensinar. Finalizando com a base relacional que evidencia o quanto todos envolvidos na função cerebral trabalham em equipe, de forma organizada e especializada com o objetivo de manter o cérebro em atividade: aprendem sempre e permitem a vida acontecer. 49 2. A NEUROAPRENDIZAGEM E DESENVOLVIMENTO COGNITIVO Esta unidade tem como objetivo descrever e entender como se dá a relação Neuroaprendizagem e o desenvolvimento cognitivo, envolvendo a cognição (percepção e linguagem), a emoção, a motricidade, a memória, a atenção e o aprendizado. A partir dos anos 90, foi declarado pelo Congresso Norte Americano a década do cérebro, segundo o autor, com a criação de grupos de pesquisa e injeção financeira para tanto. Muitas foram as descobertas, e a ciência desvendou os mecanismos neuronais responsáveis por várias funções envolvidas principalmente com a cognição, a inteligência, a memória e o comportamento. (METRING in SAMPAIO, 2019, ) Os avanços das Neurociências demonstram que a configuração cerebral sofre modificações durante o desenvolvimento humano: Cada etapa da vida humana é marcada por uma configuração cerebral diferente e que partes distintas do cérebro têm ritmos e amadurecimentos diferentes. O cérebro está em constante evolução. E, que embora os neurônios em número total sejam 88 bilhões, durante toda a vida, existe uma renovação constante destas células de acordo com a necessidade do cérebro. (RELVAS, 2012, p. 83) É a Neurociência Cognitiva que aborda os campos do pensamento, do aprendizado e da memória. Volta-se às pesquisas dos aspectos microbiológicos, querem passar aspectos macro ou mentais: Os neurocientistas concentram seu foco no funcionamento do cérebro e nas operações mentais, levantando questões sobre as relações entre o cérebro e os comportamentos ligados a sistemas cognitivos, como a percepção, memória, atenção, linguagem, aprendizagem. (SAMPAIO, 2019, p. 40) As operações mentais são, para o autor, os fundamentos neurais da razão sugerindo a capacidade de pensar e fazer inferências de um modo ordenado e lógico, assim: 50 A mente pode ser definida como as operações fisiológicas derivadas da estrutura e do funcionamento do sistema integrado formado pelo corpo e pelo cérebro. (...) Tem sido tão óbvio que a mente surge da atividade dos neurônios, que apenas se fala desses como se o seu funcionamento pudesse ser independente do funcionamento do resto do organismo. (DAMÁSIO apud SAMPAIO, 2019, p. 41) A necessidade de uma nova aprendizagem requer um novo arranjo do cérebro, mobilizando a Neuroaprendizagem. A Neuroaprendizagem se torna essencial no processo cognitivo, que envolve o ser como um todo, e em sintonia, com o objetivo de atingir a resposta aprendida desejada no início do processo. A Neuroaprendizagem decorre do desenvolvimento cognitivo humano, e a cada novo aprendizado estimula um rearranjo cerebral. Serão abordados, a seguir, os itens: a cognição e a aprendizagem; a emoção e a aprendizagem; a motricidade e a aprendizagem; a memória e a atenção para aprender. 2.1 Cognição e aprendizagem O cérebro é a matéria prima e, também, o responsável para que ocorra o processo de aprendizagem, segundo postulam PANTANO e ASSENCIO- FERREIRA: O cérebro é o principal responsável pela integração do organismo com o seu meio ambiente. Se considerarmos a aprendizagem a resultante da interação do indivíduo com o meio ambiente, perceberemos que é ele que propicia o 51 arcabouço biológico para o desenvolvimento das habilidades cognitivas. (apud RUSSO, 2015, p.65) Quando abordamos sobre o cérebro temos, também, que mencionar a mente: (...) não há cultura sem cérebro humano (aparelho biológico dotado de competência para agir, perceber, saber, aprender), mas não há mente (mind), isto é, capacidade de consciência e pensamento, sem cultura. A mente humana é uma criação que emerge e se afirma na relação cérebro-cultura. (MORIN apud PADOVANI in SAMPAIO, 2019, p. 95) O desenvolvimento cognitivo e a aprendizagem não se confundem: O desenvolvimento cognitivo é um processo espontâneo, que se apoia predominantemente no biológico. A aprendizagem, por outro lado, é encarada como um processo mais restrito, causado por situações específicas (como a frequência à escola) e subordinado tanto à equilibração quanto à maturação. (RUSSO, 2015 p.71) Neuroaprendizagem é tarefa do cérebro que aprende a aprender a cada nova aprendizagem, através de habilidades cognitivas formadas de suas estruturas biológicas. Conceituaraprendizagem, portanto, conforme a autora não é algo tão simples, pois esta conceituação não pode ser pautada apenas na mudança de comportamento. Ou na aquisição de novos conhecimentos, como razões para explicar sua ocorrência. Percepções, sentimentos, emoções, modo de agir próprios de cada um de nós e que depende fortemente do meio social em que vivemos e de toda influência cultural que herdamos, bem como características intrínsecas e nosso aparelho psíquico, são alguns aspectos relacionados ao processo de aprendizagem. (GAMEZ apud SAMPAIO, 2019, p. 90) 52 É a Neurociência cognitiva que aborda os campos de pensamento, aprendizado, memória, tendo como exemplos: o planejamento de utilização da linguagem e das diferenças entre memória para eventos específicos e a memória para a execução das habilidades motoras. E, quanto à linguagem: Para o domínio da linguagem é necessário que os indivíduos conheçam as regras de combinação dos sons em palavras e das palavras em frases, utilizem tanto a estrutura das frases como os sentidos das palavras para transmitir e compreender o conteúdo da mensagem, bem como reconheçam e usem as regras do discurso social para o uso da linguagem como comunicação. (GERBER e MORAIS apud RUSSO, 2015, p. 60) A linguagem é social, se desenvolve através da interação social dentro dos parâmetros necessários para que o ser se constitua como adaptado ao ambiente cultural em que vive. O processo de aquisição da linguagem acontece de modo contínuo, ordenado e sequencial, sendo reconhecidas duas fases distintas em seu desenvolvimento: a pré-linguística, na qual são vocalizados apenas os fonemas (sem palavras), com duração aproximada até 11-12 meses de vida, e a fase linguística, que se inicia quando a criança começa a falar palavras isoladas com compreensão. (AZAMBUJA e NUNES apud RUSSO, 2015, p. 60) Quanto à estrutura cerebral, além das Áreas de Broca e Wernicke (figura 08) envolvidas no processamento da linguagem foi observado que: Lesões frontais e temporais também provocam dificuldades para entender e produzir linguagem; lesões no lobo temporal resultam em déficits de nomeação de categorias específicas e as lesões subcorticais resultam déficits de ativação da linguagem; lesões no hemisfério não dominante provocam alterações de aspectos cognitivos, linguístico-pragmáticos e atencional- perceptuais. (DÉMONET, THIERRY e CARDEBAT apud RUSSO, 2015, p.61) Quanto à Neurociência cognitiva: A Neurociência cognitiva é um misto de Neurofisiologia, Anatomia, Biologia Evolucionista, Biologia Celular e Molecular e Psicologia Cognitiva. Onde, a sensação e a percepção é o ponto de partida para a pesquisa moderna dos processos mentais. (KANDEL apud RELVAS, 2012, p. 44) 53 Todo material contido na memória vem da experiência que o indivíduo adquire no decorrer de sua vida. Portanto é a experiência humana que fundamenta o conhecimento humano. A Neuroaprendizagem ocorre a partir de conteúdos formados a partir das experiências vividas, e é a partir delas que se dará o seu conhecimento. As experiências são informações que chegam ao SNC na forma de estímulos sensoriais. O encéfalo processa essas informações procurando compará-las com outras que já estejam previamente guardadas, reconhecendo-as ou não. Esse reconhecimento está ligado, também, aos sentimentos e emoções pelas quais esta experiência foi inserida. Assim, após o seu processamento um conjunto de sensações é memorizado tornando a experiência recebida como agradável ou não. (RELVAS, 2012, p. 45) A captação de novas informações é realizada pelos cinco órgãos dos sentidos, influenciados em suas funções pela emoção que pode distorcê-las ou mesmo ignorá- las. As percepções diferem qualitativamente das propriedades físicas dos estímulos, pois o SN extrai apenas partes da informação de cada estímulo, e ignora outras porque interpreta esta informação no contexto das estruturas encefálicas e das experiências prévias. O cérebro recebe ondas eletromagnéticas de diferentes frequências, transformando-as em criações mentais as cores, os sabores, os odores que não existem fora do cérebro. (RELVAS, 2012, p. 45) 54 O desenvolvimento cognitivo e a aprendizagem não se confundem, partem de premissas diferentes. Uma aprendizagem não parte jamais do zero, quer dizer que a formação de um novo hábito consiste sempre em uma diferenciação a partir de esquemas anteriores (que o aprendiz já possui): Esta diferenciação é função de um todo passado desses esquemas, isso significa que o conhecimento adquirido por aprendizagem não é jamais um puro registro, nem cópia, mas é o resultado de uma organização na qual intervém em graus diversos, no sistema total dos esquemas de que o sujeito dispõe. (PIAGET apud RUSSO, p. 127) Relembrando Piaget, o impacto de um novo estímulo provoca no indivíduo a desequilibração, mobilizando uma reação biológica que desencadeará um processo para entender o novo conteúdo. Primeiro ele será assimilado e depois acomodado ou integrado a conteúdos já existentes. Tendo como resultado a equilibração através da internalização de um novo conteúdo aprendido. A Neuroaprendizagem é abordada por Piaget de forma indireta, ao que se refere ao processo de equilibração, envolvendo uma resolução cerebral sobre novas informações a serem integradas pelas já existentes. O processo de aprendizagem precisa ser compreendido como algo diverso, que envolve fatores internos e externos, aspectos individuais, históricos, sociais e culturais e, principalmente, a relação entre eles que é mediada pela cultura, que segundo a autora: O processo de conhecimento ocorre por meio da interação entre sujeito- sujeito-objeto. A constituição do sujeito, de seus conhecimentos e ações só poderá ser compreendida na sua relação com o outro, ao longo da vida, por 55 isso, Vygotsky destaca a importância do social e do cultural na construção do conhecimento e no processo ensino-aprendizagem. (...) relação dialética entre o sujeito e seus contextos. (VYGOTSKY apud SAMPAIO, 2019, p. 90) Lembrando que os contextos relatados envolvem a construção de significados e sentidos que orientam as ações e eventos envolvidos neste processo. É através dos sentidos que a criança conhece, explorando o seu meio ambiente, percebendo os objetos e assim os diferenciando. Essas sensações (audição, tato, visão, olfato e paladar) serão cada vez mais elaboradas (e coordenadas entre si), tornando-se complexas e carregadas de conotações particulares a cada indivíduo, transformando-se desse modo em percepção. (LINS apud SAMPAIO, 2019, p 39) O alcance do conhecimento através da exploração das sensações vai ganhando no indivíduo com essas experiências o despertar da aprendizagem. A apropriação do conhecimento através do processo de aprendizagem desperta processos internos de desenvolvimento que só podem ocorrer quando o indivíduo interage com outras pessoas. O processo ensino- aprendizagem que ocorre na escola propicia o acesso dos membros imaturos da cultura letrada ao conhecimento construído (...) (LA TAIILE; OLIVEIRA e DANTAS apud SAMPAIO, 2019, p. 91) Lúria também abordou, em sua obra, os processos mentais de atenção, percepção e memória, relacionados ao processo de aprendizagem e à compreensão das dificuldades no contexto universal. Onde: Esses processos mentais são tidos como as bases neuropsicológicas da aprendizagem, pois permitem a realização de funções da percepção como: seleção de elementos para atividade mental, manutenção do organismo sob alerta e vigilância, distinção de aspectos essenciais de objetos, comparação de objetos, formulação de hipóteses e a fixação da informação (...). (LÚRIA apud RUSSO, p. 43) A Neuroaprendizagem é abordada de forma indireta por Lúria, relacionando as bases neuropsicológicas
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