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* TERAPIA NUTRICIONAL NAS HEPATOPATIAS * As hepatopatias ocasionam alterações no metabolismo intermediário dos macro e micronutrientes, relacionadas ao grau de comprometimento funcional do fígado, afetando o equilíbrio dos processos anabólicos e catabólicos. Exemplos: Nutrientes Alteração Consequências CH resistência à insulina intolerância à glicose ; hipoglicemia glucagon e cortisol neoglicogênese lactato ; produção de energia Lipídios lipogênese hepática esteatose hepática sínt. Lipoprot.; oxid hep. lipólise periférica hiperlipemia, cetose oxidação periférica AG secreção sais biliares esteatorréira, absorç vit. lipossol. Proteínas síntese ptn plasmática hipoprotrombinemia=hemorragia liberação AACR-músculo hipoalbuminemia = edema captação/metabolismo AACA concentração de amônia ciclo da uréia Vit. Lipossolúveis (ADEK): ingestão e absorção, armazenamento e ativação hepática, ocasionando lesão de pele, risco fratura, risco hemorragias Outros: anemia macrocítica (folato e B12), dermatites, anemia ferropriva, sist. Imunológico, etc… * Anorexia, náuseas vômitos Restrição alimentar inadequada Má absorção (esteatorréia) Toxicidade alcoólica Alterações metabólicas Alterações neurológicas Hemorragias (melena e hematêmese) Uso de laxantes (esterilização da flora intestinal ) Saciedade precoce (ascite) DESNUTRIÇÃO 20 e 60% CUIDADO NUTRICIONAL Melena = fezes pastosas, de cor escura, cheiro fétido. Sinal de hemorragia digestiva Hematêmese = presença de sangue eliminado através de vômitos * Nível de assistência = secundário e terciário Objetivos manter ou recuperar estado nutricional favorecer a ingestão alimentar e o aproveitamento dos nutrientes oferecer substratos energéticos e protéicos suficientes para atender a demanda metabólica, preservar reservas corporais e funções fisiológicas sem precipitar encefalopatia. Encefalopatia= uma das manifestações clínicas da insuficiência hepática aguda ou crônica. É uma alteração neropsíquica de origem metabólica. * Avaliação nutricional Avaliação dietética Inquérito de 24 horas – ingestão de álcool, ptn e vitaminas – nível de consciência? OBS: Pacientes com doença hep. Crônica, principalmente de etiologia alcoólica, apresentam ingestão dietética inadequada, alteração dos indicadores antropométricos, bioquímicos, clínicos que evidenciam prejuízo nutricional. Avaliação do exame físico Condição da musculatura e reserva gordurosa subcutânea (Avaliar perda da gordura ou atrofia de gordura subcutânea, examinando face, abdomen) Dermatites (sinal de deficiência nutricional por carência de zinco ou ácidos graxos essenciais) Edema, ascite * Avaliação subjetiva global – nível de consciência? Permite boa correlação com perda de massa muscular e gordura subcutânea em cirróticos. Associada ao exame clínico detalhado é considerado um bom método de avaliação nutricional, apresentando concordância de 77% quando comparado com a antropometria. Avaliação antropométrica Peso e IMC – não fidedignos - edema ou ascite DCT , DCSE, CB e CMB - < interferência em casos de edema periférico Gordura massa magra subcutânea Circunferência abdominal – ascite = recomenda-se medir periodicamente, além do peso, para acompanhar progressão ou remissão da ascite * Avaliação bioquímica síntese protéica hepática – analisar com cautela = pois pode refletir o grau de disfunção hepática e não necessariamente o estado nutricional . Balanço nitrogenado – adequação da conduta = em pacientes hospitalizados o BN pode ser empregado para avaliar a adequação da TN e o grau de retenção nitrogenada. É determinado pela diferença entre o N ingerido e o N excretado. Este, pode ser determinado por meio da concentração de uréia urinária de 24hs acrescido da estimativa da perda de N fecal. Impedância bioelétrica Não recomendada em casos de edema e ascite Acompanha evolução da massa celular corpórea = para acompanhar a resposta à TN. Identifica risco de mortalidade para pacientes que serão submetidos a transplante hepático. * Dietoterapia Via de administração VO – consistência - dieta geral, branda e se necessário pastosa VO + NE NE NE + NPT NPT Administração fracionada em pequenos volumes (VO) e contínua (NE) oferta constante de substratos energéticos ascite = saciedade * Características nutricionais Energia desequilíbrio = gasto + ingestão = NET OBS : Em casos de edema e ascite utilizar peso usual ou ideal OBS: O álcool possui alto valor energético (7kcal/g), mas são consideradas vazias. Quando a ingestão alcoólica supera 25 a 50% das calorias totais diárias, a utilização do etanol como substrato pode não ser eficiente porque o excesso de calorias ingeridas como álcool não pode ser estocado. Desta forma, ocorre desvios metabólicos para priorização da detoxicação do etanol com perda energética significativa. A substituição crônica da ingestão alimentar normal pelo etanol frequentemente está associada à perda de peso e desnutrição. * RECOMENDAÇÕES PARA DETERMINAÇÃO DAS NECESSIDADES NUTRICIONAIS Os AACR ( leucina, isoleucina, valina) não são metabolizados no fígado. São metabolizados nos tec. periféricos para neoglicogênese. Com o fígado prejudicado, são consumidos como fonte de energia. Inibem a penetração dos AACA na barreira hematopoiética Os AACA (tirosina, fenilalanina, triptofano)- geralmente estão na doença hepática avançada. Não metabolizados pelo fígado, atravessam a barreira hematoencefálica levando à alterações neurológicas (agem como falsos neurotransmissores). * Encefalopatia hepática (EH) * grau I – 40 g ptn animal + alimentos ricos em AACR grau II – 20 a 40 g ptn animal + alimentos ricos em AACR grau III – vegetariana restrita grau IV – NE rica em AACR ou NPT com AACR Recomendação para seleção de alimentos para encefalopatia hepática EXCLUÍDOS SUBSTITUTOS Leite de vaca e derivados Frutas, hortaliças e cereais Gema de ovo Leguminosas Carne bovina Leite e extrato de soja, tofu Carne suína Proteína texturizada de soja Aves Leite cabra e derivados Peixe Miúdos de carneiro Grau I – falta de concentração, irritabilidade, depressão, tremores, falta de coordenação e apraxia; (desordem neurológica que se caracteriza por provocar uma perda da habilidade para executar movimentos e gestos precisos ) Grau II - sonolência, raciocínio lentificado, inversão do sono, fala lentificada, flapping (tremor); Grau III – amnésia, confusão, desorientação, reflexos hipoativos, rigidez muscular; Grau IV - estupor, pupilas dilatadas, postura de descerebração, ausência de resposta aos estímulos e coma. * Vitaminas Dieta variada - oferta vitamínica Na vigência de ingestão ou absorção suplementar Vit A Vit D Complexo B Vit K IM VO Vit E Vitamina C Vit B12 OBS – atentar para as doses diárias máximas recomendadas (UL) Minerais Ferro – suplementar somente em casos de anemia ferropriva ou hemorragias Cálcio e fósforo – oferecer RDA para sexo e idade (1,5 g via suplemento) Oligoelementos Deficiência de Zn Cu e Se – pode-se sugerir suplementação Obs – atentar para as doses máximas recomendadas (UL) * Eletrólitos Sódio – restrição moderada à severa – 2000 a 500 mg Na /dia - edema Sódio dos alimentos + 1 a 2 g de sal /dia ou isento de sal de cozinha Potássio – comum a hipocalemia (diuréticos) - repor Fibras Verduras, frutas, leguminosas, farelos, módulos – esvaziamento intestinal (esvaziandoo intestino de produtos nitrogenados, inclusive a amônia). Água Acompanhar oferta energética = 1 ml de água / kcal administrada Restrição hídrica (500 a 1500 ml/dia) se edema e hiponatremia ( sódio) * TRATAMENTO NUTRICIONAL NAS DOENÇAS VESICULARES * Objetivo Estabelecer o bom estado nutricional – promoção da perda de peso Proporcionar “repouso” biliar Nível de assistência – secundário Avaliação nutricional Dietética Investigar hábitos alimentares geradores de obesidade Antropométrica - obesidade IMC e histórico de peso PH x PA Circunferência abdominal * Características da dieta Consistência – depende da gravidade e da sintomatologia do paciente Fracionamento – 5 a 6 ref ao dia Energia 20 a 25 Kcal/ kg/ dia – perda de peso 25 a 30 Kcal/ kg/ dia – manutenção Evitar a perda de peso acelerada formação de cálculos Proteínas – manutenção das reservas Normoproteíca 0,8 a 1,0 g/kg/dia se não houver inflamação ou infecção Hiperprotéica 1,0 a 1,25 g/ kg/ dia se houver inflamação ou infecção Hidratos de carbono – fonte importante de energia Normoglicídica – 50 a 60 % VET Preferencialmente HC complexos - fermentação dos HC simples (o paciente já tem como sintoma a flatulência) Lipídios – má absorção e “repouso” biliar ( o estímulo contrátil da vesícula e dos condutos biliares) Hipolipídica - < 25% VET ou 0,6 a 0,8 g gordura/ kg/ dia Hipocolesterolêmica – < 200 mg/ dia * Fibras – 25 a 30 g/ dia Preferencialmente insolúvel - trânsito intestinal Evitar alimentos que pioram a flatulência Brócolis, couve-flor, repolho, nabo, cebola, pimentão, rabanete, pepino, batata doce, leguminosas (feijão, lentilha, grão de bico etc), frutos do mar, melão, abacate, melancia, frutas oleaginosas, bebidas gaseificadas, doces concentrados etc Vitaminas e minerais Dietas hipogordurosas (< 25% VET) suplementação Vit ADEK Não abusar de alimentos ricos em Cu (está presente na formação da bile) – nozes, frutos do mar, chocolate, brócolis, feijões, farelo de trigo Água – reposição principalmente em casos de vômitos e diarréia * Recomendações gerais Respeitar a tolerância individual Excluir ou restringir ao máximo a gordura de adição (óleo, azeite, margarina, manteiga, maionese, gordura vegetal, banha de porco, creme de leite etc) Preparar alimentos grelhados, cozidos ou assados Excluir ou evitar frituras (imersão em óleo) Retirar camada de gordura ou peles das carnes Excluir ou evitar frios e embutidos (presunto, salame, copa, mortadela, salsicha, linguiça, patês etc) Excluir ou evitar leite integral e queijos amarelos Excluir ou evitar doces com recheios, cremes, sorvetes de massa, chantilly, chocolate, coco etc Preferir frutas frescas ou compotas ou em calda e picolés de frutas Evitar molhos a base de maionese, leite, creme de leite e queijos Preferir molho de tomate fresco Excluir ou evitar frutas e sementes oleaginosas (amendoim, castanhas, nozes, amêndoas, abacate, azeitonas etc) Excluir ou evitar álcool * CRISE AGUDA = ocorre quando há obstrução por cálculo biliar Dieta isenta de alimentos fontes de gordura ( 40g ao dia) Dieta líquida ou semilíquida hipogordurosa A nutrição enteral jejunal ou parenteral pode ser necessária Após a crise dietas de prova (chá com adoçante ou açucar a 5%, no máximo) líquida com gordura leve com gordura branda sem gordura branda com gordura Após a cirurgia recomenda-se dieta hipogordurosa por meses ( 6 meses)= para que seja evitada uma reinfecção ou para cessar a inflamação ) * Exercício: 1- Paciente, sexo masculino, 31 anos, portador de cirrose hepática alcoólica. Refere que há 3 meses tem crises frequentes de dores nos quadris e joelhos. Nega queixa respiratória e urinária. Exame físico: REG (Regular Estado Geral), hipocorado +++, afebril, eupnéico, desidratado +. Exames: hemoglobina – 9,2 g/dL (12 – 16g/dL) hematócrito – 26% (42 – 54%) leucócitos – 14500/mm3 (4500 – 10000/mm3) AST (TGO) – 381 U/L (5 – 40 U/L) – aspartato aminotransaminase ALT (TGP) – 153 U/L ( 5 - 35 U/L) – alanina aminotransferase Av. Antropométrica: E= 166 cm, P = 53 kg 1- Calcule o IMC, VET, macronutrientes 2- Conduta nutricional 3– Dê um exemplo de cardápio para 1 dia. * * * * * * * * * * * * * * * * * * * *
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