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Direito Administrativo 
 
O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula 
ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários 
e na jurisprudência dos Tribunais. 
 
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Sumário 
1. Administração Pública ............................................................................................ 3 
1.1 Introito .............................................................................................................. 3 
1.2 Aspecto subjetivo/orgânico/formal .................................................................. 4 
1.2.1 Órgãos .......................................................................................................... 4 
1.2.1.1 Classificação ......................................................................................... 5 
1.2.1.1.1 Independentes .............................................................................. 5 
1.2.1.1.2 Autônomos.................................................................................... 6 
1.2.1.1.3 Superiores ..................................................................................... 6 
1.2.1.1.4 Subalternos ................................................................................... 6 
1.2.1.2 Criação ................................................................................................. 6 
1.2.1.3 Desconcentração ................................................................................. 7 
1.2.2 Entidades ..................................................................................................... 7 
1.2.2.1 Descentralização política ..................................................................... 8 
1.2.2.2 Descentralização administrativa .......................................................... 8 
1.2.2.2.1 Descentralização territorial .......................................................... 8 
1.2.2.2.2 Descentralização por serviços ou outorga .................................... 8 
1.2.2.2.3 Descentralização por colaboração ou delegação ......................... 8 
1.2.2.3 Controle ............................................................................................... 9 
1.2.2.4 Decreto-Lei 200/67 ............................................................................ 10 
1.2.2.5 Autarquias .......................................................................................... 11 
1.2.2.6 Fundações públicas ............................................................................ 18 
1.2.2.7 Empresas Públicas & Sociedades de Economia Mista ....................... 23 
 
 
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ERRATA 
Prezado (a) Aluno (a), 
No presente resumo restaram identificados os seguintes erros: 
 
Na página 04, segundo parágrafo, linha nº 1, onde se lê: 
“por ora, concentrar-se-ão esforços no aspecto objetivo” 
 
Deve-se ler: 
“por ora, concentrar-se-ão esforços no aspecto subjetivo” 
 
Na página 04, nota de rodapé, onde se lê: 
“fazer uma leitura assídua da Lei 11.101/2005 (Consórcios Públicos)” 
 
Deve-se ler: 
“fazer uma leitura assídua da Lei 11.107/2005 (Consórcios Públicos)” 
 
Na página 11, segundo parágrafo, linha nº 1, onde se lê: 
“O Estado gerencial é um modelo que racionaliza o exercício do poder por meio da 
burocracia, cuja função é tornar as decisões impessoais.” 
 
Deve-se ler: 
“O Estado burocrático é um modelo que racionaliza o exercício do poder por meio da 
burocracia, cuja função é tornar as decisões impessoais.” 
 
Bons estudos. 
Atenciosamente, 
Coordenação da Monitoria. 
 
 
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 Orientações 
(i) DOUTRINA 
- Celso Antônio Bandeira de Mello; 
- Maria Sylvia Zanella Di Pietro; 
- Hely Lopes Meirelles; 
- José dos Santos Carvalho Filho; 
- Marçal Justen Filho; 
- Sem prejuízo de outras doutrinas, o aluno deve adotar o livro com o qual mais 
simpatize, porquanto, atualmente, a utilização de determinada doutrina não é fator 
primordial para o êxito no concurso público. 
(ii) JURISPRUDÊNCIA E LETRA DE LEI 
- Extremamente relevante o acompanhamento da jurisprudência do STJ e do STF, 
bem como a memorização de determinadas leis. 
 
1. Administração Pública 
1.1 Introito 
Trata-se de expressão polissêmica ou plurissignificativa, pois comporta mais de um 
significado. Pode significar tanto um sujeito ou pessoa específica, como uma atividade 
exercida pelo Estado. 
Em seu aspecto subjetivo/formal/orgânico, administração pública é a expressão 
utilizada para designar os sujeitos (órgãos e entidades) que integram a estrutura do Estado 
que atua com o escopo de satisfazer os interesses da coletividade. 
No aspecto objetivo/material/funcional, administração pública consiste numa 
atividade executada pela Administração. Maria Sylvia Zanella Di Pietro, ao abordar o ponto de 
vista objetivo, elenca as seguintes atividades: (i) fomento; (ii) prestação de serviços públicos; 
(iii) poder de polícia; e (iv) intervenção (pode ocorrer por meio de normas que disciplinam o 
funcionamento da economia e, também, por intermédio das empresas públicas e sociedades 
de economia mista). 
O Estado, com fulcro no artigo 173 da CRFB, ao criar uma EP ou SEM para intervir no 
domínio econômico, atua (ou, nas palavras de Eros Grau, intervém) desempenhando uma 
atividade predominantemente regida pelo regime jurídico de direito privado. 
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Observação: como na percepção de Di Pietro as atividades desenvolvidas pela 
Administração devem ser regidas predominantemente por regime de direito público, a autora 
alija do aspecto objetivo da expressão administração pública a função de intervenção no 
domínio econômico por meio de empresas públicas e sociedades de economia mista. 
Portanto, na ótica da festejada doutrinadora, as funções compreendem: (i) fomento; (ii) 
prestação de serviços públicos; (iii) poder de polícia; e (iv) intervenção por meio de normas 
que disciplinam o funcionamento da economia (exemplo: tabelamento de preços, fixação de 
horário de funcionamento das instituições financeiras, estabelecimentos empresariais, etc.). 
Nota: por ora, concentrar-se-ão esforços no aspecto objetivo, porquanto os assuntos 
afetos ao aspecto objetivo, v.g., poder de polícia, serviços públicos, serão estudados em aulas 
próprias. 
 
1.2 Aspecto subjetivo/orgânico/formal 
Como dito anteriormente, abrange o conjunto de órgãos e de entidades que integram 
a estrutura do Estado e destinam-se a desempenhar funções do interesse da coletividade. 
Nesse contexto, Administração Pública não se confunde com Governo (forma-se pelos eleitos 
para desempenho de um mandato eletivo; cria, ainda que temporariamente, a vontade 
política do Estado) e Estado (pessoa jurídica de direito público interno; é sujeito de direitos e 
relaciona-se juridicamente com outras pessoas,assumindo compromissos, obrigações, 
deveres, etc.). Cuida-se de três expressões de significados distintos. 
Dessa forma, a Administração Pública tem o papel de concretizar a vontade política 
governamental, que é a vontade do Estado. Compõe-se por um conjunto de órgãos e 
entidades. 
Observação: é imperioso, no âmbito do direito administrativo, diferenciar órgão de 
entidade, que por sua vez se distingue de ente1. 
 
1.2.1 Órgãos 
Órgãos são unidades administrativas despersonalizadas, dotadas de um feixe de 
atribuições e ocupadas por agentes públicos. Ressalte-se que o órgão (ex.: Presidência da 
República) não se confunde com o agente público que o ocupa (ex.: Presidente da República). 
Por não possuir personalidade jurídica própria, não é o órgão que irá responder pelos direitos 
 
1 Dica do professor: fazer uma leitura assídua da Lei 11.101/2005 (Consórcios Públicos), a qual tem sido 
cobrada frequentemente nos concursos da magistratura. Isso porque não há uma vastidão jurisprudencial do 
STF sobre o tema. Daí, quando se faz alguma questão, esta é confeccionada com base na letra da lei. 
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e deveres em nome do Estado. Em razão do princípio da imputação volitiva, a vontade 
exteriorizada por um agente que ocupa um órgão vai repercutir no patrimônio da pessoa 
jurídica do órgão. Ou seja, eventual obrigação assumida pelo órgão irá repercutir no 
patrimônio da pessoa jurídica de que ele, órgão, é parte integrante. 
Como não possuem personalidade jurídica própria, os órgãos não podem, via de regra, 
ser parte numa ação judicial. Demandará, em verdade, a pessoa jurídica da qual o órgão é 
integrante. Nada obstante, há exceção. 
O Supremo Tribunal Federal tem jurisprudência consolidada no sentido de que órgãos 
independentes podem impetrar mandado de segurança com o objetivo de preservar suas 
prerrogativas constitucionais. 
Exemplo: Tribunal de Contas2 cujas competências são estatuídas nos artigos 70 e 71 da 
Constituição da República. 
Observação: no STF, têm sido comuns mandados de segurança impetrados por 
tribunais de justiça contra atos do CNJ, os quais, supostamente, estariam a esvaziar a 
autonomia, assegurada pela Constituição, dos tribunais locais. Há, igualmente, mandados de 
segurança impetrados por procuradorias de justiça contra atos do CNMP. 
 
1.2.1.1 Classificação 
1.2.1.1.1 Independentes 
Por órgãos independentes entende-se aqueles não submetidos hierarquicamente a 
outros. Ocupam-se pelos membros dos Poderes do Estado e pelos membros do Ministério 
Público e Tribunal de Contas (os dois últimos, por força de previsão constitucional, possuem 
as mesmas prerrogativas da magistratura). 
Exemplo: juízo da 5ª vara federal reveste-se de independência funcional. Não se 
subordina a qualquer outro órgão, ainda que, logicamente, exista uma hierarquia 
administrativa. 
 
 
2 Dica do professor: no direito administrativo, os artigos 37 (sobretudo o artigo 37) ao 41 da Constituição 
são absolutamente relevantes para fins de concursos públicos. De igual modo importantes, há os artigos 70 a 75 
e 173 a 175. Por isso, recomenda-se a leitura detida dos dispositivos. 
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1.2.1.1.2 Autônomos 
Dotam-se de autonomia administrativa e financeira e situam-se logo abaixo dos órgãos 
independentes (subordinam-se a estes). Conquanto sejam autônomos sob os aspectos 
administrativo e financeiro, não são independentes. 
Exemplo: Ministério da Educação subordinado à Presidência da República. 
 
1.2.1.1.3 Superiores 
São órgãos de cúpula da Administração Pública. Contudo, não têm autonomia 
administrativa e financeira. 
 
1.2.1.1.4 Subalternos 
Posicionam-se na base da estrutura administrativa. 
Observação: na visão do STF, cabe aos órgãos independentes a impetração de 
mandado de segurança. 
 
1.2.1.2 Criação 
Nos ditames do artigo 84, inciso VI, alínea ‘a’, da Constituição da República (leitura a 
contrario sensu), a criação dos órgãos públicos necessita de lei, cuja iniciativa pertencerá ao 
chefe do Poder Executivo, quando, no âmbito desse poder, o órgão for criado. 
CRFB, Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da República: 
VI – dispor, mediante decreto, sobre: 
a) organização e funcionamento da administração federal, quando não implicar aumento 
de despesa nem criação ou extinção de órgãos públicos; 
Nesse diapasão, extremamente comum é a declaração de inconstitucionalidade pelo 
Supremo Tribunal Federal de emenda à Constituição do Estado, ou mesmo de lei municipal 
estadual que, por iniciativa parlamentar, cria órgão público, alterando a estrutura da 
administração pública. Repise-se: a iniciativa, em se tratando de Poder Executivo, é de 
iniciativa do chefe do Executivo. 
Observação: se se tratar de órgão do âmbito do Judiciário ou do Legislativo, por lógico, 
a iniciativa não pertencerá ao chefe do Executivo. 
 
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1.2.1.3 Desconcentração 
A criação de órgãos públicos acarreta a diluição de atribuições no âmbito de uma 
mesma pessoa jurídica. Em tese, tudo poderia ser realizado dentro de um único órgão. Porém, 
na prática, isso é inviável. Daí por que a necessidade de se criarem órgãos, cujo cerne é, 
indubitavelmente, a racionalização do trabalho. A isso se chama de desconcentração. 
Quando a Administração Pública opta por criar novos órgãos, isto é, fazer uso da 
desconcentração, simultaneamente, opta por valer-se do controle hierárquico ou por 
subordinação ou autotutela. Consiste no controle exercido por um órgão em relação a outro 
órgão público. Isso permite que o administrador reveja, sob o viés da legalidade e do mérito 
administrativo, os atos que ele próprio ou seus subordinados editam. 
Como o próprio nome faz entender, o controle hierárquico pressupõe a existência de 
uma hierarquia entre controlador e controlado. 
Exemplo: o Secretário Estadual de Educação subordina-se ao Governador do Estado. 
O mais amplo possível é o alcance desse controle. Abrange legalidade e mérito 
administrativo e independe de autorização legal expressa. 
Exemplo: Secretário Estadual de Saúde profere decisão que contraria interesses de 
particular. Imagine-se que a legislação não preveja, expressamente, a possibilidade de 
recursos contra decisão de secretário. 
Ainda assim, o recurso poderá ser interposto, porquanto o recurso administrativo pode 
ser interposto independentemente de previsão legal expressa, haja vista ser um dos 
instrumentos pelos quais o controle hierárquico irá se viabilizar. Por meio do recurso, o 
superior consegue controlar os atos praticados por seu subordinado. 
Naturalmente, esse superior não precisará do recurso, uma vez que a autotutela pode 
ser exercida de ofício. Tem a Administração o poder de anular, de plano, um ato 
administrativo. 
 
1.2.2 EntidadesPossuem personalidade jurídica própria. Quando a Administração Pública opta3 por 
criar uma entidade, sua opção é pela descentralização, que consiste na transferência de 
competências a uma pessoa jurídica distinta. Cinde-se em descentralização política e 
descentralização administrativa. 
 
3 Verdadeira opção política, uma vez que se poderia optar por criar um órgão, uma autarquia, etc. 
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1.2.2.1 Descentralização política 
Descentralização política é própria de um modelo federativo de cooperação (como é 
o caso do Brasil), no qual os entes devem esforçar-se para cooperar uns com os outros. A 
repartição originária de competências feita pelo texto constitucional é exemplo de 
descentralização política. Isso porque, no Estado unitário, em que inexiste distribuição 
originária de competências entre os diversos entes da federação, há uma competência 
centralizada. No Brasil, ao contrário, essa repartição originária de competências existe e é 
classificada como descentralização política. 
 
1.2.2.2 Descentralização administrativa 
Para o direito administrativo, mais relevante é a descentralização administrativa, a 
qual ocorre de forma derivada, após a descentralização política. 
Exemplo: criação de uma autarquia pelo município do Rio de Janeiro. Cuida-se de 
verdadeira descentralização, pois que o município poderia existir sem criar quaisquer 
autarquias. 
A descentralização administrativa divide-se em: (i) descentralização territorial; (ii) 
descentralização por serviços ou outorga; (iii) descentralização por colaboração ou delegação. 
 
1.2.2.2.1 Descentralização territorial 
Dá-se quando são criados os territórios, os quais não são entes da federação, mas, sim, 
verdadeiras entidades autárquicas. 
 
1.2.2.2.2 Descentralização por serviços ou outorga 
Significa a transferência a uma outra pessoa da titularidade da execução de um serviço 
público e que se concretiza por meio de uma lei. Não à toa, a Constituição exige lei para criação 
de uma autarquia. 
 
1.2.2.2.3 Descentralização por colaboração ou delegação 
Trata-se da transferência a uma outra pessoa da execução de um serviço público, que 
se concretiza por meio de um negócio jurídico (ato administrativo ou contrato administrativo) 
– pacto firmado entre a Administração Pública e um particular. Em se tratando de serviço 
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público, nos termos do artigo 175 da CRFB, esse pacto, sempre, dependerá de licitação, pois 
que inexiste inexigibilidade ou dispensa de licitação quando se tratar de serviço público. 
Observação: José dos Santos Carvalho Filho, em posição francamente minoritária, não 
concorda com o instituto da outorga, entendendo que não é possível transferir-se a 
titularidade de um serviço público. Tanto assim que a Administração poderia, a qualquer 
tempo, retomar aquele serviço, o que demonstra, dessa feita, não ter havido transferência de 
titularidade. Daí, o aludido doutrinador, em vez de falar em outorga e delegação, fala em 
delegação legal (transferência da execução do serviço concretizada por lei) e delegação 
negocial. 
 
1.2.2.3 Controle 
Ao optar por fazer uso da descentralização administrativa, a Administração Pública 
termina por anuir a uma espécie de controle distinto do hierárquico, a saber, o controle por 
vinculação, finalístico, tutela administrativa ou supervisão ministerial4. 
Controle por vinculação é aquele exercido por uma pessoa jurídica em relação aos atos 
praticados por outra pessoa jurídica. 
Exemplo: controle desempenhado pela Administração Pública direta em relação aos 
atos praticados por uma entidade da Administração Pública indireta, como, v.g., uma agência 
reguladora. 
O objetivo desse controle é verificar se a entidade criada está desempenhando as 
atividades que foram o motivo de sua criação. Ou seja, se está desempenhando fielmente os 
fins para quais foi criada. 
Observação: em provas, já se pediu para diferenciar tutela de autotutela. Pois bem, 
autotutela pressupõe o controle exercido no âmbito de uma mesma pessoa jurídica, havendo 
relação hierárquica entre o que controla e aquele que é controlado. Diferentemente, no caso 
da tutela, inexiste relação hierárquica entre controlador e controlado. 
Esse controle por vinculação possui um alcance menor que o do controle hierárquico, 
porquanto este último independe de autorização legal específica, ao passo que, naquele, em 
regra, seu alcance será determinado por lei. 
Exemplo: a lei criadora de uma autarquia definirá a intensidade do controle exercido 
sobre essa autarquia pela Administração Pública direta. Nada obstante, na prática, tal regra 
encontra-se flexibilizada. 
 
4 O professor não gosta muito dessa expressão. 
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A EC nº 19/98 introduziu o §8º no artigo 37 da Carta, prevendo a possibilidade de a 
Administração Pública direta celebrar contratos de gestão com entidades da Administração 
Pública indireta. 
CRFB, Art. 37, § 8º A autonomia gerencial, orçamentária e financeira dos órgãos e 
entidades da administração direta e indireta poderá ser ampliada mediante contrato, a 
ser firmado entre seus administradores e o poder público, que tenha por objeto a fixação 
de metas de desempenho para o órgão ou entidade, cabendo à lei dispor sobre: (Incluído 
pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) 
I - o prazo de duração do contrato; 
II - os controles e critérios de avaliação de desempenho, direitos, obrigações e 
responsabilidade dos dirigentes; 
III - a remuneração do pessoal." 
Exemplo: se a Petrobrás houver celebrado contrato de gestão com a Administração 
Pública direta, isso pode interferir no alcance do controle por vinculação. De um lado, a 
entidade possuirá maior autonomia, pois será menos controlada em dados pontos. Por outro, 
contudo, terá de demonstrar melhor desempenho em relação às suas metas, serviços, etc. 
Dessa feita, o aludido dispositivo constitucional terminou por permitir que o alcance 
do controle por vinculação fosse modificado não somente por lei, mas, também, por meio de 
um pacto denominado contrato de gestão. 
 
1.2.2.4 Decreto-Lei 200/67 
Quando a Administração Pública cria entidades na sua administração indireta, está a 
optar por transferir competências e, ainda, por um controle menos invasivo do que o existente 
quando são criados órgãos públicos. 
Há, no Brasil, quatro entidades previstas pelo Decreto-Lei 200/67, o qual está 
ultrapassado. Isso porque, muito embora consigne sobre autarquias, fundações, empresas 
públicas e sociedades de economia mista, hodiernamente, grande parte do papel estatal é 
desempenhado por pessoas que não integram a Administração Pública indireta. 
Daí, revela-se ultrapassado um diploma que fornece um regime para a Administração 
Indireta, se este regime não deveria alcançar apenasas quatro entidades. 
Em janeiro de 1995, o então Presidente da República, Fernando Henrique Cardoso, fez 
publicar um documento importantíssimo denominado de Plano Diretor da Reforma do 
Aparelho do Estado. Nesse documento, o Presidente demonstrou sua preocupação na 
transformação do Estado brasileiro, de verve patrimonialista/regalista, num estado gerencial. 
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O modelo de Estado patrimonialista/regalista é aquele em que o patrimônio do 
soberano confunde-se com o patrimônio da pessoa jurídica do Estado. Nesse tipo de modelo, 
o poder é exercido em proveito próprio daquele que o ocupa ou daqueles que pertencem a 
seu círculo de amizade e interesses. Não há impessoalidade. 
O Estado gerencial é um modelo que racionaliza o exercício do poder por meio da 
burocracia, cuja função é tornar as decisões impessoais. E isso consubstancia-se num avanço 
frente ao modelo patrimonialista. Porém, revela-se insuficiente, pois que inexiste 
compromisso com a qualidade. 
A expressão “Estado gerencial” é fruto de uma tradução da expressão, em inglês, new 
public manager ou novo gerenciamento público. Tal modelo preocupa-se com a qualidade do 
serviço público, sendo irrelevante quem o prestará, se autarquia, se OSCIP, se particular, etc. 
Importante é a qualidade desse serviço. 
Não à toa, em 1998, a EC 19 ampliou o prazo para aquisição da estabilidade de dois 
para três anos, estatuiu a necessidade de criação de uma lei complementar para avaliação 
periódica de desempenho (lei essa que ainda não foi criada). Ainda nesse contexto, o terceiro 
setor começou a desenvolver-se a partir de 1998, tendo a lei reguladora das OSCIPs sido 
publicada já em 1999. Muitas agências reguladoras foram criadas nesse período, pois o Estado 
estava a afastar-se da execução de uma série de atividades, assumindo o papel de Estado 
regulador. 
Visto isso, ao debruçar-se sobre o Decreto-Lei 200/67, percebe-se que não está ele 
sintonizado com o cenário atual, em que regras de direito público podem alcançar pessoas 
que, sequer, integram a Administração Indireta. 
Observação: há um anteprojeto de lei, que visa a substituir o Decreto-Lei 200/67 e foi 
elaborado por alguns administrativistas, que corrige essas imperfeições. 
 
1.2.2.5 Autarquias 
 Conceito 
Consubstanciam-se em pessoas jurídicas de direito público interno que são criadas por 
lei específica e que, em observância ao princípio do paralelismo das formas, somente por lei 
podem ser extintas. 
CRFB, Art. 37, XIX – somente por lei específica poderá ser criada autarquia e autorizada a 
instituição de empresa pública, de sociedade de economia mista e de fundação, cabendo 
à lei complementar, neste último caso, definir as áreas de sua atuação; (Redação dada 
pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) 
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O conceito legal de autarquia prevê-se no artigo 5º do Dec-Lei 200/67: 
Decreto-Lei 200/67, Art. 5º Para os fins desta lei, considera-se: 
I - Autarquia - o serviço autônomo, criado por lei, com personalidade jurídica, patrimônio 
e receita próprios, para executar atividades típicas da Administração Pública, que 
requeiram, para seu melhor funcionamento, gestão administrativa e financeira 
descentralizada. 
 Regime jurídico de direito público 
Uma vez que as autarquias são pessoas jurídicas de direito público e submetem-se a 
regime jurídico de direito público, seus bens são públicos, elas gozam de imunidade tributária 
recíproca, pagam suas dívidas pelo regime de precatórios e, em se tratando de demandas 
envolvendo autarquias federais, a competência para julgamento é da justiça federal, nos 
termos do artigo 109, inciso I, CRFB. 
 Provimento de cargos nas autarquias 
O provimento de um cargo numa autarquia pode ser condicionado à prévia anuência 
do Poder Legislativo. É o caso das agências reguladoras, cujas leis criadoras preveem, 
normalmente, que a nomeação de seus dirigentes estará condicionada a uma sabatina no 
Senado Federal, cujo fundamento de validade é o artigo 52, inciso III, alínea ‘f’, CRFB: 
CRFB, Art. 52. Compete privativamente ao Senado Federal: 
II - aprovar previamente, por voto secreto, após argüição pública, a escolha de: 
f) titulares de outros cargos que a lei determinar; 
Observação: segundo entendimento do STF, a regra preconizada no aludido 
dispositivo constitucional não alcança as pessoas de direito privado da Administração Indireta. 
Assim, seria inconstitucional uma lei que condicionasse a nomeação do Presidente da, v.g., 
Petrobrás à prévia anuência do Senado Federal. 
 Princípio da especialidade 
Em relação às autarquias, incide o princípio da especialidade. É dizer, autarquias são 
criadas para o desempenho de funções específicas. 
Exemplo: INSS – Previdência Social; IBAMA – Meio Ambiente; CVM – Valores 
mobiliários, etc. 
Observação: como exceção ao princípio da especialidade, há os territórios, os quais 
têm natureza de autarquia federal e não desempenham uma função específica. 
 Conselhos de fiscalização profissional 
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Os conselhos de fiscalização profissional (CREA, CRM, CRA, etc.) possuem natureza 
jurídica autárquica. Consideram-se autarquias corporativas. No julgamento da ADI 1717, o STF 
reconheceu essa natureza dos conselhos de fiscalização profissional. 
O artigo 58 da Lei 9.649/98 possuía vários parágrafos prevendo que os aludidos 
conselhos seriam pessoas privadas, parágrafos esses impugnados. Uma das razões foi, 
justamente, essa previsão de serem pessoas privadas. 
A tese acolhida pelo STF foi a de que os conselhos de fiscalização não podiam ser 
pessoas jurídicas privadas por exercerem poder de polícia, atividade tipicamente estatal. 
INFORMATIVO Nº 289 
TÍTULO Fiscalização de Profissões e Delegação 
PROCESSO ADI - 1717 
ARTIGO 
Julgando o mérito de ação direta ajuizada pelo Partido Comunista do Brasil - PC do B, pelo 
Partido dos Trabalhadores - PT e pelo Partido Democrático Trabalhista - PDT, o Tribunal 
julgou procedente o pedido formulado na ação para declarar a inconstitucionalidade do 
art. 58, caput e parágrafos 1º, 2º, 4º, 5º, 6º, 7º e 8º da Lei 9.649/98, que previam a 
delegação de poder público para o exercício, em caráter privado, dos serviços de 
fiscalização de profissões regulamentadas, mediante autorização legislativa. Reconheceu-
se a inconstitucionalidade dos dispositivos atacados uma vez que o mencionado serviço 
de fiscalização constitui atividade típica do Estado, envolvendo, também, poder de polícia, 
poder de tributar e de punir, insuscetíveis de delegação a entidades privadas. ADI 1.717-
DF, rel. Min. Sydney Sanches, 7.11.2002. (ADI-1717) 
Na visão do Pretório Excelso, são, pois, entidades autárquicas. Tal enquadramento 
carreia vantagens e desvantagens aos conselhos de fiscalização profissional. Como vantagem, 
há a possibilidade de inscrição em dívida ativa das anuidades não pagas pelos seus membros. 
Comodesvantagem, existe, por exemplo, o controle pelo tribunal de contas. 
Observação: decisão do STF, da lavra do Ministro Luiz Fux, reconheceu que, conquanto 
sejam autarquias, são autarquias de natureza híbrida ou sui generis, não possuindo todas as 
características das autarquias da Administração Indireta, os conselhos de fiscalização 
profissional, por essa razão, submetem-se a um controle por vinculação mitigado e ficam 
dispensados da realização de concurso público. 
 OAB 
Também conselho de fiscalização profissional, a Ordem dos Advogados do Brasil 
enquadra-se em situação deveras peculiar, a qual foi apreciada no julgamento da ADI 3026. 
Na referida ADI, o STF afirmou que a OAB não integra a Administração Indireta. Por tal 
razão, não precisa realizar concurso público para suas contratações, nem observar a Lei 
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O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula 
ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários 
e na jurisprudência dos Tribunais. 
 
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8.666/93, quando vier a contratar obras e serviços. Além disso, não se submete ao controle 
do TCU (único conselho de fiscalização profissional que não se submete ao controle do TCU). 
Fundamentou-se a não subsunção ao controle do TCU no fato de a OAB não ser um 
conselho igual aos demais. Prova disso é que somente a OAB detém legitimidade para ajuizar 
ação direta de inconstitucionalidade e, ao longo da história, foi uma entidade que se insurgiu 
contra os atos da ditatura, de modo que seria temerário submete-la a um controle pelo TCU5. 
Consequentemente, a OAB também não pode gozar das prerrogativas próprias da 
Fazenda Pública. É-lhe vedado, por exemplo, inscrever em dívida ativa as anuidades não pagas 
pelos seus membros, ao contrário do que ocorre com os demais conselhos de fiscalização. 
EMENTA: AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. § 1º DO ARTIGO 79 DA LEI N. 8.906, 
2ª PARTE. "SERVIDORES" DA ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL. PRECEITO QUE 
POSSIBILITA A OPÇÃO PELO REGIME CELESTISTA. COMPENSAÇÃO PELA ESCOLHA DO 
REGIME JURÍDICO NO MOMENTO DA APOSENTADORIA. INDENIZAÇÃO. IMPOSIÇÃO DOS 
DITAMES INERENTES À ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA DIRETA E INDIRETA. CONCURSO 
PÚBLICO (ART. 37, II DA CONSTITUIÇÃO DO BRASIL). INEXIGÊNCIA DE CONCURSO PÚBLICO 
PARA A ADMISSÃO DOS CONTRATADOS PELA OAB. AUTARQUIAS ESPECIAIS E AGÊNCIAS. 
CARÁTER JURÍDICO DA OAB. ENTIDADE PRESTADORA DE SERVIÇO PÚBLICO 
INDEPENDENTE. CATEGORIA ÍMPAR NO ELENCO DAS PERSONALIDADES JURÍDICAS 
EXISTENTES NO DIREITO BRASILEIRO. AUTONOMIA E INDEPENDÊNCIA DA ENTIDADE. 
PRINCÍPIO DA MORALIDADE. VIOLAÇÃO DO ARTIGO 37, CAPUT, DA CONSTITUIÇÃO DO 
BRASIL. NÃO OCORRÊNCIA. 1. A Lei n. 8.906, artigo 79, § 1º, possibilitou aos "servidores" 
da OAB, cujo regime outrora era estatutário, a opção pelo regime celetista. Compensação 
pela escolha: indenização a ser paga à época da aposentadoria. 2. Não procede a alegação 
de que a OAB sujeita-se aos ditames impostos à Administração Pública Direta e Indireta. 
3. A OAB não é uma entidade da Administração Indireta da União. A Ordem é um serviço 
público independente, categoria ímpar no elenco das personalidades jurídicas existentes 
no direito brasileiro. 4. A OAB não está incluída na categoria na qual se inserem essas que 
se tem referido como "autarquias especiais" para pretender-se afirmar equivocada 
independência das hoje chamadas "agências". 5. Por não consubstanciar uma entidade 
da Administração Indireta, a OAB não está sujeita a controle da Administração, nem a 
qualquer das suas partes está vinculada. Essa não-vinculação é formal e materialmente 
necessária. 6. A OAB ocupa-se de atividades atinentes aos advogados, que exercem função 
constitucionalmente privilegiada, na medida em que são indispensáveis à administração 
da Justiça [artigo 133 da CB/88]. É entidade cuja finalidade é afeita a atribuições, 
interesses e seleção de advogados. Não há ordem de relação ou dependência entre a OAB 
e qualquer órgão público. 7. A Ordem dos Advogados do Brasil, cujas características são 
autonomia e independência, não pode ser tida como congênere dos demais órgãos de 
 
5 O professor discorda desse posicionamento. 
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e na jurisprudência dos Tribunais. 
 
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fiscalização profissional. A OAB não está voltada exclusivamente a finalidades 
corporativas. Possui finalidade institucional. 8. Embora decorra de determinação legal, o 
regime estatutário imposto aos empregados da OAB não é compatível com a entidade, 
que é autônoma e independente. 9. Improcede o pedido do requerente no sentido de que 
se dê interpretação conforme o artigo 37, inciso II, da Constituição do Brasil ao caput do 
artigo 79 da Lei n. 8.906, que determina a aplicação do regime trabalhista aos servidores 
da OAB. 10. Incabível a exigência de concurso público para admissão dos contratados sob 
o regime trabalhista pela OAB. 11. Princípio da moralidade. Ética da legalidade e 
moralidade. Confinamento do princípio da moralidade ao âmbito da ética da legalidade, 
que não pode ser ultrapassada, sob pena de dissolução do próprio sistema. Desvio de 
poder ou de finalidade. 12. Julgo improcedente o pedido. 
(ADI 3026, Relator(a): Min. EROS GRAU, Tribunal Pleno, julgado em 08/06/2006, DJ 29-
09-2006 PP-00031 EMENT VOL-02249-03 PP-00478 RTJ VOL-00201-01 PP-00093) 
 Regime jurídico dos agentes públicos ocupantes de cargos em autarquias 
De início, rememora-se que o artigo 39, caput, da CRFB, em sua redação original, previa 
a obrigatoriedade de um regime jurídico único, tema sobre o qual já houve consideráveis 
embates. 
Cada ente da federação deveria ter um único regime para todos os seus servidores, 
excluindo-se, daí, naturalmente, as sociedades de economia mista e as empresas públicas, 
cujos regimes jurídicos inserem-se no âmbito do direito privado. 
A EC 19/98, preocupada com a qualidade na prestação dos serviços e entendendo que 
a estabilidade dificultava o controle da qualidade desses serviços, revogou a obrigatoriedade 
do regime jurídico único, cuja consequência direta foi a possibilidade de contratação de 
celetistas no âmbito da Administração Direta, bem como em autarquias. 
Daí, a partir da EC 19 de 1998, tornou-se possível que um empregado público laborasse 
numa autarquia. 
No ponto, esclareça-se que o STF, na ADI 2310, decidiu pela inconstitucionalidade da 
contratação de celetistas no âmbito das agências reguladoras. 
DECISÃO: - Vistos. O PARTIDO DOS TRABALHADORES, com fundamento nos arts. 102, I, a, 
e 103, VIII, da Constituição Federal, propõe ação direta de inconstitucionalidade, com 
pedido de suspensão cautelar, dos arts. 1º; 2º e parágrafo único; 12, caput e § 1º; 13 e 
parágrafo único; 15; 24, caput e inciso I; 27; 30 e 33, todos da Lei 9.986, de 18 de julho de 
2000, que "dispõe sobre a gestão de recursos humanos das Agências Reguladoras e dá 
outras providências" (fls. 33-34). Requisitaram-se informações (fl. 37), que foram 
prestadas pelo Presidente do Congresso Nacional e pelo Presidente da República (fls. 43-
48 e 50-75, respectivamente). O eminente Ministro Marco Aurélio, então relator, deferiu 
a liminar e suspendeu, ad referendum do Plenário, a eficácia dos arts. 1º; 2º e parágrafo 
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único; 12 e § 1º; 13 e parágrafo único; 15; 24 e inciso I; 27 e 30, todos da Lei 9.986/2000 
(fls. 124-139). Em 11.11.2001, o Plenário desta Corte sobrestou o referendo da liminar até 
a conclusão do exame da ADI 2.135/DF. O ilustre Advogado-Geral da União, Dr. Álvaro 
Augusto Ribeiro Costa, manifestou-se pela prejudicialidade da presente ação (fls. 161-
162). À fl. 181, o requerente informa que, diante da revogação expressa dos dispositivos 
da Lei 9.986/2000 pela Lei 10.871/2004, não tem mais interesse na continuidade do 
presente feito. Em 16.11.2004, os presentes autos foram a mim distribuídos com 
fundamento no art. 38, I, do RI/STF. O eminente Procurador-Geral da República, Prof. 
Claudio Fonteles, opinou pela prejudicialidade da presente ação direta de 
inconstitucionalidade, em razão da perda de seu objeto (fls. 198-208). Autos conclusos em 
06.12.2004. Decido. Destaco do parecer do Procurador-Geral da República, Prof. Claudio 
Fonteles: "(...) 8. Verifica-se que o art. 37 da Lei nº 10.871, de 20 de maio de 2004, que 
'dispõe sobre a criação de carreiras e organização de cargos efetivos das autarquias 
especiais denominadas Agências Reguladoras, e dá outras providências', revogou 
expressamente, os art. 1º, 12 e 13, o parágrafo único do art. 14, os arts. 15, 20, 21, 24, 27, 
30, 33 e 34 da Lei nº 9.986, de 18 de julho de 2000, in verbis: 'Art. 37. Ficam revogados o 
art. 13 da Medida Provisória nº 2.228-1, de 6 de setembro de 2001, os arts. 1º, 12 e 13, o 
parágrafo único do art. 14, os arts. 15, 20, 21, 24, 27, 30, 33 e 34 da Lei nº 9.986, de 18 de 
julho de 2000, o § 2º do art. 34 da Lei nº 9.427, de 26 de dezembro de 1996, o parágrafo 
único do art. 76 da Lei nº 9.478, de 6 de agosto de 1997, o art. 36 da Lei nº 9.782, de 26 
de janeiro de 1999, o art. 28 da Lei nº 9.984, de 17 de julho de 2000, e o art. 69, o art. 70, 
incisos I e II e § 2º, os arts. 71, 76 e 93, o caput e §§ 1º e 2º do art. 94, o art. 121 e as 
Tabelas I e III do Anexo II da Lei nº 10.233, de 5 de junho de 2001' (Ênfases acrescidas). 9. 
Demais disso, dispõe a Lei nº 10.871, de 20 de maio de 2004, em seu art. 6º, que 'o regime 
jurídico dos cargos e carreiras referidas no art. 1º desta Lei é o instituído na Lei nº 8.112, 
de 11 de dezembro de 1990, observadas as disposições desta Lei'. 10. Assim, cumpre 
esclarecer que, embora não tenha sido expressamente revogado o art. 2º da Lei nº 
9.986/2000, a norma nele inserta, que cria os empregos públicos das Agências 
Reguladoras foi tacitamente revogada pelo art. 1º da Lei nº 10.871/2004, que, 
diversamente, cria carreiras e cargos efetivos para as Agências Reguladoras. 11. Portanto, 
como os dispositivos originalmente impugnados não mais existem no mundo jurídico, tem-
se a perda de objeto do presente pedido de declaração de inconstitucionalidade, pois a 
ação direta visa à 'declaração de inconstitucionalidade de lei ou ato normativo em tese, 
logo o interesse de agir só existe se a lei estiver em vigor' (ADIMC nº 709-PR, Rel. Min. 
PAULO BROSSARD, DJ de 24/6/94). 12. Nesse sentido, pacífica é a jurisprudência desse 
Colendo Supremo Tribunal Federal como se colhe dos arestos abaixo transcritos: 'o 
interesse de agir, em ação direta de inconstitucionalidade, só existe enquanto estiver em 
vigor a norma jurídica impugnada, ficando, pois, a ação prejudicada na hipótese de perda 
de seu objeto por ter sido revogada essa norma' (ADIMC nº 2001/DF, Rel. Min. MOREIRA 
ALVES, DJ 03.09.99, pág. 25). 'Tendo em vista a orientação desta Corte que, ao julgar a 
Ação Direta de Inconstitucionalidade n. 708, decidiu que a revogação do ato normativo 
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ocorrida posteriormente ao ajuizamento da ação direta, mas anteriormente ao seu 
julgamento, a torna prejudicada, independentemente da verificação dos efeitos concretos 
que o ato haja produzido, pois ele têm relevância no plano das relações jurídicas 
individuais, não, porém, no controle abstrato das normas' (Ação direta não conhecida, por 
estar prejudicada pela perda de seu objeto - ADI nº 1280/TO, Rel. Min. MOREIRA ALVES, 
DJ 19.12.96, pág. 51765). 13. Ante o exposto, manifesta-se o Ministério Público Federal 
pela prejudicialidade da presente ação direta, em razão de perda de seu objeto. (...)" (Fls. 
206-208). Ademais, na ADI 709, Relator o Ministro Paulo Brossard, o Supremo Tribunal 
Federal assentou que, "revogada a lei argüida de inconstitucionalidade, é de se 
reconhecer, sempre, a perda de objeto de ação direta, revelando-se indiferente, para esse 
efeito, a constatação, ainda casuística, de efeitos residuais concretos gerados pelo ato 
normativo impugnado." Nas ADI's 221/DF, 539/DF e 737/DF, inter plures, o Supremo 
Tribunal reiterou o entendimento. Assim decidi, também, na ADI 971/GO e, recentemente, 
nas ADI's 2.625/PE, 2.858/RJ, 2.889/MG, 2.933/ES, 3.076/CE e 3.078/CE. Do exposto, sem 
objeto a presente ação, julgo-a prejudicada (art. 21, IX, do RI/STF). Publique-se. Brasília, 
07 de dezembro de 2004. Ministro CARLOS VELLOSO - Relator – 
(ADI 2310, Relator(a): Min. CARLOS VELLOSO, julgado em 07/12/2004, publicado em DJ 
15/12/2004 PP-00009) 
Nesse cenário, pós-98, surgiu a Lei 9.962/2000, a qual disciplina, em complementação 
à CLT, o regime jurídico dos celetistas que trabalham na Administração Direta federal, nas 
autarquias federais e nas fundações públicas federais. 
Em 2007, na ADI 2.135, o STF, em sede de medida cautelar, decidiu pela 
inconstitucionalidade da redação do artigo 39, caput, CRFB, introduzida pela EC 19/98. Isso 
porque o texto da referida emenda não previa um caput para o artigo 39, apesar de terem 
sido aprovados vários parágrafos. Após a aprovação da emenda, reputou-se por bem 
transformar um dos parágrafos em caput. Ao confeccionar-se tal expediente, terminou-se por 
revogar o caput que não fora revogado. Ou seja, o caput original do artigo 39, que tornava o 
regime jurídico único obrigatório, nunca foi revogado. Ante isso, a Suprema Corte brasileira, 
então, deferiu a medida cautelar com efeitos ex nunc (não retroativos). Revigorou-se a 
obrigatoriedade do regime jurídico único e, ao fazê-lo, impediu-se que celetistas fossem 
contratados por autarquias. 
MEDIDA CAUTELAR EM AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. PODER 
CONSTITUINTE REFORMADOR. PROCESSO LEGISLATIVO. EMENDA CONSTITUCIONAL 19, 
DE 04.06.1998. ART. 39, CAPUT, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. SERVIDORES PÚBLICOS. 
REGIME JURÍDICO ÚNICO. PROPOSTA DE IMPLEMENTAÇÃO, DURANTE A ATIVIDADE 
CONSTITUINTE DERIVADA, DA FIGURA DO CONTRATO DE EMPREGO PÚBLICO. INOVAÇÃO 
QUE NÃO OBTEVE A APROVAÇÃO DA MAIORIA DE TRÊS QUINTOS DOS MEMBROS DA 
CÂMARA DOS DEPUTADOS QUANDO DA APRECIAÇÃO, EM PRIMEIRO TURNO, DO 
DESTAQUE PARA VOTAÇÃO EM SEPARADO (DVS) Nº 9. SUBSTITUIÇÃO, NA ELABORAÇÃO 
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DA PROPOSTA LEVADA A SEGUNDO TURNO, DA REDAÇÃO ORIGINAL DO CAPUT DO ART. 
39 PELO TEXTO INICIALMENTE PREVISTO PARA O PARÁGRAFO 2º DO MESMO 
DISPOSITIVO, NOS TERMOS DO SUBSTITUTIVO APROVADO. SUPRESSÃO, DO TEXTO 
CONSTITUCIONAL, DA EXPRESSA MENÇÃO AO SISTEMA DE REGIME JURÍDICO ÚNICO DOS 
SERVIDORESDA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. RECONHECIMENTO, PELA MAIORIA DO 
PLENÁRIO DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL, DA PLAUSIBILIDADE DA ALEGAÇÃO DE VÍCIO 
FORMAL POR OFENSA AO ART. 60, § 2º, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. RELEVÂNCIA 
JURÍDICA DAS DEMAIS ALEGAÇÕES DE INCONSTITUCIONALIDADE FORMAL E MATERIAL 
REJEITADA POR UNANIMIDADE. 1. A matéria votada em destaque na Câmara dos 
Deputados no DVS nº 9 não foi aprovada em primeiro turno, pois obteve apenas 298 votos 
e não os 308 necessários. Manteve-se, assim, o então vigente caput do art. 39, que tratava 
do regime jurídico único, incompatível com a figura do emprego público. 2. O 
deslocamento do texto do § 2º do art. 39, nos termos do substitutivo aprovado, para o 
caput desse mesmo dispositivo representou, assim, uma tentativa de superar a não 
aprovação do DVS nº 9 e evitar a permanência do regime jurídico único previsto na 
redação original suprimida, circunstância que permitiu a implementação do contrato de 
emprego público ainda que à revelia da regra constitucional que exige o quorum de três 
quintos para aprovação de qualquer mudança constitucional. 3. Pedido de medida 
cautelar deferido, dessa forma, quanto ao caput do art. 39 da Constituição Federal, 
ressalvando-se, em decorrência dos efeitos ex nunc da decisão, a subsistência, até o 
julgamento definitivo da ação, da validade dos atos anteriormente praticados com base 
em legislações eventualmente editadas durante a vigência do dispositivo ora suspenso. 4. 
Ação direta julgada prejudicada quanto ao art. 26 da EC 19/98, pelo exaurimento do prazo 
estipulado para sua vigência. 5. Vícios formais e materiais dos demais dispositivos 
constitucionais impugnados, todos oriundos da EC 19/98, aparentemente inexistentes 
ante a constatação de que as mudanças de redação promovidas no curso do processo 
legislativo não alteraram substancialmente o sentido das proposições ao final aprovadas 
e de que não há direito adquirido à manutenção de regime jurídico anterior. 6. Pedido de 
medida cautelar parcialmente deferido. 
(ADI 2135 MC, Relator(a): Min. NÉRI DA SILVEIRA, Relator(a) p/ Acórdão: Min. ELLEN 
GRACIE (ART.38,IV,b, do RISTF), Tribunal Pleno, julgado em 02/08/2007, DJe-041 DIVULG 
06-03-2008 PUBLIC 07-03-2008 EMENT VOL-02310-01 PP-00081 RTJ VOL-00204-03 PP-
01029) 
 
1.2.2.6 Fundações públicas6 
 Fundamentos legal e constitucional 
 
6 Nota do professor: recentemente, decidiu o STF que a EC 41/2003, ao impedir que ocupantes de 
cargos, funções ou empregos públicos recebessem mais do que os ministros do STF, revigorou a regra do artigo17 
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Consignam-se no artigo 5º, inciso IV e §3º do DL 200/67. O texto constitucional alude 
às fundações no artigo 37, inciso XIX. 
DL 200/67, Art. 5º Para os fins desta lei, considera-se: 
IV - Fundação Pública - a entidade dotada de personalidade jurídica de direito privado, 
sem fins lucrativos, criada em virtude de autorização legislativa, para o desenvolvimento 
de atividades que não exijam execução por órgãos ou entidades de direito público, com 
autonomia administrativa, patrimônio próprio gerido pelos respectivos órgãos de direção, 
e funcionamento custeado por recursos da União e de outras fontes. (Incluído pela Lei nº 
7.596, de 1987) 
§ 3º As entidades de que trata o inciso IV deste artigo adquirem personalidade jurídica 
com a inscrição da escritura pública de sua constituição no Registro Civil de Pessoas 
Jurídicas, não se lhes aplicando as demais disposições do Código Civil concernentes às 
fundações. (Incluído pela Lei nº 7.596, de 1987) 
 
CRFB, Art. 37, XIX – somente por lei específica poderá ser criada autarquia e autorizada a 
instituição de empresa pública, de sociedade de economia mista e de fundação, cabendo 
à lei complementar, neste último caso, definir as áreas de sua atuação; (Redação dada 
pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) 
Conforme se depreende da leitura do preceptivo constitucional, as fundações públicas 
têm sua criação autorizada por lei específica, após o que seus atos constitutivos são levados a 
registro no RCPJ. Sem prejuízo, lei complementar de competência da União deverá disciplinar 
as matérias que podem ser tratadas pela fundação pública, tais como saúde, educação, etc. 
 Finalidade 
As fundações públicas não podem ter finalidade lucrativa. Caso seja essa a pretensão 
do Estado, ele deverá criar empresas públicas ou sociedades de economia mista. 
§ 3º As entidades de que trata o inciso IV deste artigo adquirem personalidade jurídica 
com a inscrição da escritura pública de sua constituição no Registro Civil de Pessoas 
Jurídicas, não se lhes aplicando as demais disposições do Código Civil concernentes às 
fundações. (Incluído pela Lei nº 7.596, de 1987) 
 Fundações de direito público e de direito privado 
O Código Civil trata das fundações privadas, as quais foram instituídas por particulares 
que destacaram uma parte de seu patrimônio para que houvesse afetação própria. Distingue-
se a fundação privada, regulamentada pelo CC, da fundação pública, à qual o Estatuto Civil 
não se aplica. 
 
do ADCT. Assim, agora, não mais se pode alegar que se está a receber mais que o teto de maneira legítima por 
se tratar de direito adquirido. Nessa conjuntura, o Plenário do STF autorizou o corte do valor excedente. 
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Quando a fundação privada é criada, cessam os vínculos entre a pessoa do fundador e 
a pessoa da fundação criada. Isso não ocorre, contudo, na hipótese da fundação pública, cuja 
criação não faz cessar o vínculo jurídico com a Administração Direta. Recursos orçamentários 
são entregues às fundações públicas; há controle por vinculação pela Administração Direta. 
Como a fundação privada não é controlada por seu instituidor, porquanto há o 
rompimento do vínculo, é preciso alguém para controlar seus atos. In casu, o Ministério 
Público, que exerce, portanto, o controle finalístico ou por vinculação da fundação privada. 
Em se tratando de fundação pública, o Ministério Público não desempenha esse papel, 
pois o controle finalístico ou por vinculação será confeccionado pela Administração Direta. 
Sem embargo, errado é afirmar que o órgão ministerial não exerce qualquer tipo de controle, 
haja vista que, v.g., se houver prática de ato de improbidade administrativa numa fundação 
pública, o Ministério Público manejará a ação competente, o que caracteriza uma espécie de 
controle. 
O artigo 19 do ADCT prevê a estabilização dos servidores públicos que laboravam para 
a Administração Pública há pelo menos cinco anos, quando da promulgação da Constituição 
de 1988. Tal artigo não alcança outras pessoas além dos servidores públicos. Assim, se a 
Fundação Padre Anchieta (tema que estava sendo discutido pelo STF na quarta-feira anterior 
à gravação da aula) for considerada pessoa de direito público, será equiparada a entidade 
autárquica e seus agentes serão servidores e, uma vez estabilizados, não poderão ser 
demitidos sem justa causa. 
ADCT, Art. 19. Os servidores públicos civis da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos 
Municípios, da administração direta,autárquica e das fundações públicas, em exercício na 
data da promulgação da Constituição, há pelo menos cinco anos continuados, e que não 
tenham sido admitidos na forma regulada no art. 37, da Constituição, são considerados 
estáveis no serviço público. 
Embora o artigo 4º do DL 200/67 preveja que a fundação pública terá personalidade 
jurídica de direito privado, e o §3º, primeira parte, do mesmo dispositivo, consigne que, após 
sua criação, seus atos constitutivos serão levados a registro no RCPJ (o que também é uma 
característica de PJ de direito privado), o fato de as regras do Código Civil não alcançarem as 
fundações públicas é algo que gera estranheza e poderia justificar o enquadramento das 
fundações públicas como pessoas jurídicas de direito público. 
 Ora, como pode uma pessoa jurídica ser considerada de direito privado, se o 
Código Civil (privado) não lhe é aplicável? Afinal, ela é de direito privado ou público? 
Resposta. Há dois posicionamentos. 
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- 1ª corrente (Celso Antônio Bandeira de Mello): atualmente, as fundações 
públicas são, em realidade, entidades autárquicas, pessoas de direito público que possuem 
todas as características das autarquias. 
- 2ª corrente: fundações públicas7 são pessoas de direito privado, regidas por 
regime eminentemente de direito privado. A uma, em virtude de prévia disposição legal nesse 
sentido. A duas, porque o §3º prevê seu nascimento no momento em que os atos constitutivos 
são levados a registro no RCPJ, característica própria das pessoas jurídicas de direito privado 
– uma autarquia, por sua vez, nasce no momento da entrada em vigor de sua lei criadora. A 
três, pelo fato de o artigo 37, inciso XIX, CRFB, estipular que a fundação pública tem sua criação 
autorizada por lei específica, corroborando a ideia de que o que cria a fundação é registro. A 
quatro, em razão de o Código Civil arrolar as pessoas de direito público e de direito privado, 
estando as fundações enumeradas no rol das PJs de direito privado. A cinco, por não ser 
possível aceitar que duas pessoas jurídicas com nomenclaturas distintas, quais sejam, 
autarquias e fundações públicas, sejam criadas para desempenhar as mesmas funções. Nesse 
contexto, as autarquias são criadas para desenvolvimento de atividades típicas do Estado, em 
que incide o poder de polícia e há a prática de atos de império, motivo por que têm regime de 
direito público. As fundações públicas, por sua vez, destinam-se à execução de atividades sem 
fins lucrativos e que não demandam o exercício do poder de polícia e nem a prática de atos 
de império. 
Seguindo-se a lógica da segunda corrente, as universidades públicas deveriam ser 
sempre fundações. Todavia, na prática, algumas são criadas como fundações, outras, como 
autarquias. O IBAMA, por sua vez, uma vez que exerce poder polícia, foi corretamente criado 
como autarquia. 
- 3ª corrente (Alexandre Santos Aragão, Carvalho Filho, entre outros): as 
fundações públicas podem ser pessoas de direito público ou privado. A definição em tal ou 
qual natureza será determinada pelo conteúdo dos atos constitutivos. 
Exemplo: imagine-se que se tenha dado a uma pessoa jurídica o nome de fundação. 
Entretanto, ela foi criada por lei, que prevê que ela goza de imunidade tributária e seus bens 
não podem ser penhorados. Com efeito, apesar de denominada de fundação, essa pessoa 
jurídica é verdadeira autarquia. 
O Supremo Tribunal Federal possui uma decisão de 1984 (antes, portanto, da CRFB de 
1988) importantíssima. Trata-se do RE 101.126, de relatoria do Ministro Moreira Alves. Nele, 
o STF decidiu sobre o regime jurídico da FAPERJ e chegou à conclusão de que existem 
fundações públicas de direito público e de direito privado. 
 
7 Nota do professor: a fundação pública, ainda que de direito privado, integra a Administração Indireta. 
Direito Administrativo 
 
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ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários 
e na jurisprudência dos Tribunais. 
 
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EMENTA: - ACUMULAÇÃO DE CARGO, FUNÇÃO OU EMPREGO. FUNDAÇÃO INSTITUÍDA 
PELO PODER PÚBLICO. -NEM TODA FUNDAÇÃO INSTITUÍDA PELO PODER PÚBLICO E 
FUNDAÇÃO DE DIREITO PRIVADO. - ÀS FUNDAÇÕES, INSTITUÍDAS PELO PODER PÚBLICO, 
QUE ASSUMEM A GESTÃO DE SERVIÇO ESTATAL E SE SUBMETEM A REGIME 
ADMINISTRATIVO PREVISTO, NOS ESTADOS-MEMBROS, POR LEIS ESTADUAIS SÃO 
FUNDAÇÕES DE DIREITO PÚBLICO, E, PORTANTO, PESSOAS JURÍDICAS DE DIREITO 
PÚBLICO. - TAIS FUNDAÇÕES SÃO ESPÉCIE DO GÊNERO AUTARQUIA, APLICANDO-SE A 
ELAS A VEDAÇÃO A QUE ALUDE O PARÁGRAFO. 2. DO ART. 99 DA CONSTITUIÇÃO 
FEDERAL. - SÃO, PORTANTO, CONSTITUCIONAIS O ART. 2º, PARÁGRAFO 3º DA LEI 410, DE 
12 DE MARCO DE 1981, E O ART. 1º. DO DECRETO 4086, DE 11 DE MAIO DE 1981, AMBOS 
DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO. RECURSO EXTRAORDINÁRIO CONHECIDO E PROVIDO. 
(RE 101126, Relator(a): Min. MOREIRA ALVES, Tribunal Pleno, julgado em 24/10/1984, DJ 
01-03-1985 PP-02098 EMENT VOL-01368-02 PP-00188 RTJ VOL-00113-01 PP-00314) 
Assim, a Corte constitucional brasileira é lembrada por ter adotado o posicionamento 
defendido pela terceira corrente. Saliente-se não se ter dito que o STF adota a terceira 
corrente. É que a mencionada decisão é de 1984 e, atualmente, não só o STF, mas, também, 
o STJ possui decisões no sentido de que muitas fundações públicas, v.g., FUNASA, têm regime 
público. 
Observação1: explana o professor que, coetaneamente, há uma tendência de 
considerar as fundações públicas como detentoras de regime de direito público. No entanto, 
em provas de concursos públicos, essa não é a posição a ser adotada. 
Observação2: caso o STF decida que Fundação Padre Anchieta é pessoa jurídica de 
direito privado, não incidirá sobre os componentes de seu quadro de pessoal a regra da 
estabilização do artigo 19 do ADCT. Diante disso, grandes são as chances de o CESPE indagar 
em provas sobre se o enquadramento da fundação pública como pessoa jurídica de direito 
privado afasta a regra do artigo 19 do ADCT. Assertiva correta. 
Observação3: já se cobrou em provas da magistratura: “fundação pública de direito 
público é criada por lei”. Assertiva correta, pois a fundação pública e direito público é idêntica 
à entidade autárquica. Note-se que a lei, somente, autoriza a criação, quando a fundação 
pública for considerada de direito privado. Dessa forma, caso seja de direito público, a própria 
lei a criará. 
 Juiz federal tem competência para julgar ação em que seja parte fundação 
pública federal? 
Resposta. A resposta dependerá do regime jurídico da fundação. Em se tratando de 
fundação de direito público, sim, pois que será considerada entidade autárquica. 
Diferentemente, se se cuidar de pessoa de direito privado, não. 
Direito Administrativo 
 
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e na jurisprudência dos Tribunais. 
 
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1.2.2.7 Empresas Públicas & Sociedades de Economia Mista 
 Conceito e Criação 
Trata-se das duas em conjunto pelo fato de possuírem muitos pontos em comum. São 
pessoas de direito privado integrantes da Administração Indireta. Sua criação ocorre em razãode uma lei autorizativa. Repise-se: a lei não as cria; apenas, autoriza sua criação, o que se dá 
com o registro de seus atos constitutivos no registro competente. 
Caso o Estado pretenda explorar atividade econômica ou prestar um serviço público 
superavitário, deverá optar pela criação de uma empresa pública ou sociedade de economia 
mista. Fala-se em serviço superavitário porque um serviço público deficitário, v.g., a educação, 
serviço social gratuito que não gerará receita, não atrairá quaisquer investimentos, porquanto 
não dará lucro. Para essa hipótese, mais coerente criar uma fundação pública. 
 Fundamento constitucional 
Os parâmetros legitimadores da criação de uma EP ou SEM, criação essa que, reitere-
se, ocorre de maneira excepcional por força do princípio da subsidiariedade, estabelecem-se 
no artigo 173, caput, da Carta da República. O mencionado princípio impõe que o Estado atue 
na área econômica de forma subsidiária, quando o particular não puder ou não tiver condições 
de atuar. 
CRFB, Art. 173. Ressalvados os casos previstos nesta Constituição, a exploração direta de 
atividade econômica pelo Estado só será permitida quando necessária aos imperativos da 
segurança nacional ou a relevante interesse coletivo, conforme definidos em lei. 
 Classificação 
Por influência da doutrina, o Supremo Tribunal Federal divide as SEMs e EPs, em razão 
das atividades que desempenham, em dois grupos: (i) SEMs e EPs que exploram atividade 
econômica em regime de concorrência, ou seja, atividade econômica em sentido estrito; (ii) 
SEMs e EPs que prestam serviços públicos ou atuam em regime de monopólio. 
 Regime jurídico 
Nalgumas decisões, o STF tem equiparado o regime dalgumas empresas públicas e até 
mesmo dalgumas sociedades de economia mista ao regime da fazenda público. E faz isso em 
relação àquelas que prestam serviços públicos ou atuam em regime de monopólio. 
Exemplifique-se com o caso da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos, cuja penhora de 
bens foi impedida pelo Supremo Tribunal Federal, ao argumento de que o serviço postal, 
desempenhado pela ECT, consiste em serviço público que, por força do princípio da 
continuidade, não poderia ser interrompido. No mais, a ECT, ainda na visão do STF, paga suas 
dívidas pelo regime de precatórios, goza de imunidade tributária no tocante ao IPVA, ao ISS 
Direito Administrativo 
 
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e na jurisprudência dos Tribunais. 
 
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(esse último, em decisão proferida com um voto de diferença, demonstrando a divergência 
sobre o tema no âmbito da Corte). 
No que toca às sociedades de economia mista prestadoras de serviços públicos, como 
existem investidores privados em sua composição acionária, a questão da concessão da 
imunidade tributária recíproca teve a repercussão geral conhecida. 
Ementa: TRIBUTÁRIO. IMUNIDADE TRIBUTÁRIA RECÍPROCA. SOCIEDADE DE ECONOMIA 
MISTA. PARTICIPAÇÃO ACIONÁRIA DISPERSA E NEGOCIADA EM BOLSA DE VALORES. 
EXAME DA RELAÇÃO ENTRE OS SERVIÇOS PÚBLICOS PRESTADOS E O OBJETIVO DE 
DISTRIBUIÇÃO DE LUCROS A INVESTIDORES PÚBLICOS E PRIVADOS COMO ELEMENTO 
DETERMINANTE PARA APLICAÇÃO DA SALVAGUARDA CONSTITUCIONAL. ART. 150, VI, A 
DA CONSTITUIÇÃO. Tem repercussão geral a questão consistente em saber se a imunidade 
tributária recíproca se aplica a entidade cuja composição acionária, objeto de negociação 
em Bolsas de Valores, revela inequívoco objetivo de distribuição de lucros a investidores 
públicos e privados. 
(RE 600867 RG, Relator(a): Min. JOAQUIM BARBOSA, julgado em 08/12/2011, ACÓRDÃO 
ELETRÔNICO DJe-029 DIVULG 09-02-2012 PUBLIC 10-02-2012 ) 
Com referência às SEMs e EPs que exploram atividade econômica em regime de 
concorrência, não será possível equiparar seu regime jurídico ao da fazenda pública por força 
do artigo 173, §1º, inciso II, da CRFB. Ao revés, se submeterão ao regime jurídico próprio das 
empresas privadas. 
CRFB, Art. 173, § 1º A lei estabelecerá o estatuto jurídico da empresa pública, da sociedade 
de economia mista e de suas subsidiárias que explorem atividade econômica de produção 
ou comercialização de bens ou de prestação de serviços, dispondo sobre: (Redação dada 
pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) 
II - a sujeição ao regime jurídico próprio das empresas privadas, inclusive quanto aos 
direitos e obrigações civis, comerciais, trabalhistas e tributários; (Incluído pela Emenda 
Constitucional nº 19, de 1998) 
Ressalte-se que o regime das SEMs e EPs exploradoras de atividade econômica em 
regime de concorrência não é exclusivamente privado, pois realizam concursos públicos em 
suas contratações, submetem-se à Lei 8.666/93, etc. Nada obstante, deve ser o mais próximo 
possível do regime privado. 
 Falência de SEMs e EPs 
Lei 11.101/2005, Art. 2o Esta Lei não se aplica a: 
I – empresa pública e sociedade de economia mista; 
Por expressa disposição do seu artigo 2º, a Lei 11.101/2005, que dispõe sobre 
recuperação judicial e extrajudicial e falência, não se aplica às SEMs e EPs. Logo, por 
orientação legal, tais pessoas não podem sofrer falência e nem recuperação. Tal vedação não 
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é inédita, uma vez que a Lei das Sociedades Anônimas (Lei 6.404/76) chegou a proibir, em seu 
artigo 242, a falência das sociedades de economia mista, dispositivo esse revogado pela Lei 
10.303/2001, em razão das celeumas que produziu. 
Raciocina-se da seguinte forma: além de não se confundirem com a pessoa do Estado 
que as instituiu, nem todas as SEMs e EPs prestam serviços públicos. No mais, ao atuarem em 
regime de concorrência, por que motivo o particular com quem concorrem poderia falir e tais 
entidades não? Qual a razão da proibição? 
Na doutrina, há vozes, dentre as quais a de Celso Antônio Bandeira de Mello, no 
sentido de que a proibição de falência é inconstitucional, quando se tratar de SEM ou EP 
que explore atividade econômica em regime de concorrência. 
Inexiste jurisprudência sobre o tema, pois, em terras brasileiras, quando uma SEM ou 
EP entra em profundo processo de insolvência, o Poder Público vende o controle da entidade 
ou, como no caso da Rede Ferroviária, opera a liquidação extrajudicial e assume o seu passivo. 
 Diferenças entre SEMs e EPs 
 
 SOCIEDADE DE ECONOMIA MISTA EMPRESA PÚBLICA 
TIPO SOCIETÁRIO Artigo 5º, inciso III, DL 200/67 
“sob a forma de sociedade 
anônima” 
Artigo 5º, inciso II, DL 200/67 
“podendo revestir-se de 
qualquer das formas admitidas 
em direito” 
COMPOSIÇÃO DO CAPITAL SOCIAL Necessariamente, o particular 
tem participação 
O particular não participa 
diretamente. A participação 
dá-se, apenas, por pessoas que 
compõem a Administração 
Pública 
FORO COMPETENTE PARA 
APRECIAÇÃO DE CONFLITOS 
Em se tratando de SEM 
federal, compete ao juiz 
estadual – Verbetes 517 e 556 
da súmula do STF 
Em se tratando de EP federal, 
compete ao juiz federal 
 
Posição do STF: compete à Justiça Federal julgar mandado de segurança impetrado 
contra ato praticado por dirigente de sociedade de economia mista federal. Aqui, não se aplica 
o artigo 109, inciso I, mas, sim, o artigo 109, inciso VIII, da CRFB. 
Direito Administrativo 
 
O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitoresa partir da aula 
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e na jurisprudência dos Tribunais. 
 
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CRFB, Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar: 
VIII - os mandados de segurança e os "habeas-data" contra ato de autoridade federal, 
excetuados os casos de competência dos tribunais federais; [o dirigente de uma SEM 
federal é, pois, uma autoridade federal, motivo por que o MS contra ato praticado por 
ele é de competência da Justiça Federal]