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Fichamento O CONCEITO DE AMÉRICA LATINA UMA VISÃO FRANCESA Dilma Castelo Branco Diniz

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Fichamento: O CONCEITO DE AMÉRICA LATINA - UMA VISÃO FRANCESA – Dilma Castelo Branco Diniz
O significado e o conceito de América Latina, descrevendo o seu nascimento, na segunda metade do século XIX, seu apogeu, no início do século XX e suas principais modificações ocorridas depois de 1945, dentro da perspectiva francesa.
A DIFÍCIL DEFINIÇÃO
=> Do ponto de vista geográfico:
- América Latina seriam os países da américa do Sul e América Central – Assim, deixaríamos de fora o México que fica na América do Norte.
- Países situado ao sul do Rio Bravo – Incluiríamos os países de língua inglesa e neerlandesa, Guiana Inglesa e Belize, Suriname.
=> Do ponto de vista cultural:
- Nações de cultura latina da América -> Estaria então inclusas as províncias canadenses e Estado livre ligado aos Estados Unidos, respectivamente Quebec e Porto Rico.
- Também não há consciência unitária ligada a traços de solidariedade diversos.
=> Existência da América Latina - Sanches e Zea, intelectuais latino-americanos, questionam a existência da América Latina.
=> Américas Latinas – Niedergang , 1962 - Consequências da existência da pluralidade nas chamadas sociedades latino-americanas.
LATINA? Essa denominação refere-se especificamente aos conquistadores e colonizadores espanhóis e portugueses e não aos conquistados e colonizados. Por isso, a preferência dos espanhóis pelo termo América Hispânica ou Ibero-américa para não deixar de fora os portugueses.
* Portanto, o conceito de América Latina não é totalmente cultural e nem somente geográfico. Seria somente a oposição à América Anglo-saxônica.
* Outro atributo ligado à América Latina ligados a sua situação socioeconômica periférica em relação ao centro desenvolvido e pertencer a cultura ocidental -> Riquié usar o termo “Extremo-Ocidente” em analogia a “Extremo-Oriente”.
O NASCIMENTO DE UM CONCEITO
Historiador francês Guy Martiniere -> nascimento do termo latinidade na América.
-> Estados e Revolução Francesa -> Influenciaram a independência das primeiras nações do Novo Mundo.
Martiniere cita Alexanden Humbold que em 1826 diz “O termo americano não pode mais ser somente aplicado aos cidadãos dos Estados Unidos da América do Norte, sendo necessário uma denominação cômoda, harmoniosa e precisa para denominar as nações independentes do Novo Continente.
Essa nova invenção da América nasceu na Europa, mais precisamente na França, sob o Segundo Império – Napoleão III. Data portanto da segunda metade do século XIX a expressão América Latina, quase tão importante quanto o primeiro batismo América dado pelo geógrafo Waldseemuller, para o continente descoberto por Colombo cujo nome foi dado em homenagem a Américo Vespucci. Viando a favorecer o brilho político, cultural e econômico da França de Napoleão III em relação à América, antigamente colonizada por Espanhóis e Portugueses.
=> A França, herdeira das nações católicas europeias, conduz na américa e no mundo o facho das raças latinas, isto é, francesa, italiana, espanhola e portuguesa. 
* Percebe-se, portanto, que essa ideologia latina de Napoleão III, além de interesses próprios, visava a conter o expansionismo dos Estados Unidos. 
Martiniere ressalta que após a utilização do termo América Latina por Charles Calvo, autor de grande reputação científica, em sua obra, esse termo passou a ser amplamente utilizado. Mas, provocando intenso debate, principalmente com relação ao que Napoleão III poderia pretender com relação ao continente latino da América.
Apesar do intenso debate, foi nos meios das jovens nações independentes da América que a expressão América Latina foi aceita e reivindicada com maior vigor. Pois assim, poderia sair definitivamente da tutela de seus antigos colonizadores e obter um estatuto internacional independente. Seria construir sua autonomia cortando o cordão umbilical ibérico e identificando-se simbolicamente com o modelo francês, permitindo a ruptura por um lado e a identificação simbólica por outro.
Com o passar dos tempos, novos significados foram dados a essa latinidade:
– O caráter católico foi suprimido, coincidindo com a emergência do positivismo. As repúblicas da América se tornaram assim repúblicas latinas, “irmãs” da grande República Francesa que guiava o mundo em direção à Civilização e ao Progresso. A divisa de nossa bandeira – “Ordem e Progresso” – é tipicamente positivista. Os conflitos militares do início do século XX acentuam essa orientação – Primeira Guerra Mundial.
* Foi tão grande o impacto da influência dos Estados Unidos que chegou a se traduzir numa visão PANAMERICANA do continente. Mesmo assim, o conceito de América Latina foi admitido e correntemente empregado pelos estadunidenses. A expressão panamericanismo não venceu sobre o plano cultural, mesmo com a queda da influência francesa na américa Latina. Venceu o termo América Latina.
A AMÉRICA LATINA DEPOIS DA SEGUNDA GRANDE GUERRA 
Outras terminologias haviam sido utilizadas para definir essa área: 
- América Ibérica ou América Espanhola e Portuguesa, continuaram a ser empregadas.
- América Ameríndia foi proposta, mas não foi bem aceita.
=> Afinal qual o papel dos índios na elaboração dessa consciência nacional que as classes dominantes crioulas forjaram?
- Entre os Geógrafos franceses preferiram utilizar termo neutros como América do Sul e América Central, mas parecia artificial isolar o México desse contexto ao qual está ligado.
Após a Segunda Grande Guerra os historiadores franceses passaram a utilizar o termo plural – Américas Latinas, a partir do conhecimento íntimo das realidades, o que somente aconteceu em 1968, ano de efervescência cultural.
Segundo Martiniere, Fidel Castro, em 1975, diz que Cuba não se apresenta somente como um país latino-americano, mas como um país latino-africano. Isso está ligado a identificação de suas raízes na África, mas também a integração de todos os excluídos de uma economia de mercado dependente, reunidas num novo direito à identidade política.
Importante lembrar que esse fenômeno da afro-latino-americanidade não se refere somente a Cuba. Integra também o movimento de revolta da negritude, que nos anos 1930, restabeleceu laços culturais entre a África e a América. Outros países latino-americanos, inclusive o Brasil, traduzem sua africanidade, sobretudo após a emergência do chamado "Terceiro Mundo”, nos anos 1950. Porém, o Brasil entre 1970-1973 só podia estabelecer relações com a África Austral Branca, enquanto Cuba, Socialista, só podia estabelecer relações com a África Progressista.
A continuidade cultural com a Europa, por um lado, apresenta grande facilidade para as transferências científicas ou tecnológicas e por outro, pode também representar um atalho que freia o crescimento, estabelecendo, uma forma sutil de dependência. 
O desenvolvimento da América Latina foi introduzido do exterior e as distorções provocadas por esse tipo d crescimento são múltiplas: vulnerabilidade, dependência exterior, endividamento e ainda heterogeneidade social com o crescimento da desigualdade. Disso resulta a tensão social e racial como expressão de uma crise, sendo também uma característica essencial do perfil dessas sociedades latino-americanas, que s encontram na periferia ocidental do mundo desenvolvido.

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