Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
EXCELENTÍSSIMO SENHOR, DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA VARA CÍVEL DA COMARCA DE ITABUNA/BA. JOANA, brasileira, solteira, técnica em contabilidade, portadora da carteira de identidade nº, expedida pelo , inscrita no CPF sob o nº, endereço eletrônico, domiciliada e residente, nesta cidade, por seu advogado , com endereço profissional, para fins do artigo 77, inciso V, do CPC, vem a este juízo propor AÇÃO EM RITO COMUM Em face de JOAQUIM , nacionalidade, estado civil, profissão, portador da carteira de identidade nº, expedida pelo, inscrito no CPF sob o nº, endereço eletrônico, domiciliado e residente, nesta cidade, pelos fatos e fundamentos jurídicos que passa a expor. I- DOS FATOS A autora relata que no dia 20/12/2016 foi surpreendida com a noticia de que seu filho havia sido preso, que ao procurar um advogado criminalista para atuar no caso, este cobrou um valor do qual não disponha. Ao chegar em casa a autora comentou o fato ocorrido com seu vizinho Joaquim, que lhe propôs cobrar seu carro pelo valor de R$ 20.000,00, só que o carro possui um valor de mercado no valor de R$ 50.000,00, diante da situação em que se encontrava a autora resolveu celebrar o negócio jurídico. Ocorre que no dia seguinte após celebrado o negócio a autora descobriu que avó paterna de seu filho havia contratado um advogado para atuar no caso ao procurar Joaquim para desfazerem o negócio só que este a informa que não pretende desfaze-lo. II- DOS FUNDAMENTOS Dos fatos, restou provado que o réu, sabendo da necessidade da autora em socorrer o filho que estava preso, induziu-a a vender seu automóvel por preço muito inferior ao valor de mercado, aproveitando-se assim para obter vantagem patrimonial, viciando o negócio jurídico. O art. 157 do Código Civil reza: “Ocorre a lesão quando uma pessoa, sob premente necessidade, ou por inexperiência, se obriga a prestação manifestamente desproporcional ao valor da prestação oposta”. De acordo com a Professora Maria Helena Diniz, “o instituto da lesão visa proteger o contratante, que se encontra em posição de inferioridade, ante o prejuízo por ele sofrido na conclusão de contrato comutativo, devido à considerável desproporção existente, no momento da efetivação do contrato, entre as prestações das duas partes” (curso de direito civil brasileiro, pág. 489) Dispõe também o artigo 171, inciso II, Código civil: “Art. 171. Além dos casos expressamente declarados na lei, é anulável o negócio jurídico: II - por vício resultante de erro, dolo, coação, estado de perigo, lesão ou fraude contra credores”. Portanto não a duvidas quanto a intenção do réu, que aproveitando-se do desesperado em que se encontrava a parte autora, ofereceu o valor exato que a mesma precisava no momento R$ 20.000,00 , mesmo tendo conhecimento que o valor de mercado do veiculo era bem maior que o montante acordado entre as partes R$ 50.000,00, ocorrendo assim o dolo, sendo então anulável o negócio jurídico celebrado. Nesse sentido, conforme salienta Maria Helena Diniz: O Código Civil, por referir-se à lesão especial ou lesão-vício, dispensa, por sua vez, como vimos, a verificação e a prova do dolo da parte que tirou proveito com a lesão, ordenando a anulabilidade ou a possibilidade de complementação contratual, bastando, para tanto, que haja prejuízo (desproporção das prestações - requisito objetivo), prova da ocorrência do ato em caso de premência de necessidade, leviandade ou por inexperiência (requisito subjetivo). Daí ser a lesão objetiva, pois, juridicamente, pouco importará o fato de o outro contratante ter, ou não, conhecimento das condições de necessidade ou inexperiência da vítima. Não será preciso comprovação que houve dolo de aproveitamento (intuito de obter vantagem excessiva da situação do lesado) por parte do que tirou proveito.( curso de direito civil, pág. 454) Assim diante do que foi exposto, fica claro que no contrato celebrado, o valor do bem móvel era desproporcional em relação ao preço real do bem, portanto o réu estaria colhendo para si vantagem ilícita, ao passo que o patrimônio da autora sofreria prejuízos. Conforme a determinação do artigo 884 do código civil “Aquele que, sem justa causa, se enriquecer à custa de outrem, será obrigado a restituir o indevidamente auferido, feita a atualização dos valores monetários”. Desta forma, é possível a anulabilidade do contrato pelos dispositivos acima colocado, sendo certo a manifestação do vicio no ato arquitetado pelo réu, diminuindo evidencialmente o patrimônio da autora. Com a anulação do negócio jurídico ora citado, a autora devolverá ao réu o valor pago por este. III- DO PEDIDO Diante do exposto, o autor requera esse juízo: a) Gratuidade de justiça b) a designação da audiência de conciliação ou mediação e intimação do réu para o seu comparecimento; c) citação do réu para integrar a relação processual; d) a procedência do pedido da autora para anular o negócio jurídico entabulado pelas partes; e) a condenação do réu nos ônus sucumbência. IV-DAS PROVAS Requer a produção de todas as provas em direito admitidas, na amplitude dos artigos 369 e seguintes do CPC, em especial documental superveniente, testemunhal, pericial e depoimento pessoal do réu. V- DO VALOR DA CAUSA Dá–se à causa o valor de R$ 20.000,00 (vinte e mil reais), nos termos do art. 292, I, do CPC. Termos em que Pede deferimento. Itabuna, dia, mês de ano. ADVOGADO OAB
Compartilhar