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!s'" "l)"'""""' t) 7 ~ ~ 57} li ~ ~ ~ () t) g~~- EDITORA CL U2 P644t ele. 1 011844 11111111111 111111111/1 1111111/1 L000010S826 Belo Horizonte - 2007 MARCELO VICENTE 'DE ALKMIM PIMENTA I COMPitA\. F.;I.~.....lti_ :;:,1 .$SC;<-.' FUND/lçAü UNNER.SIDADE FEDERAl DE RONDóNlA BS - M/ Cacoal TEORIA DA CONSTITUiÇÃO Advogado, Assessor Juddico Master do Banco do Brasil Especialistaem Direito Econômico e de empresas - MBA - pela FGVIDF Professor de Teoria da Constituição, Teoria Geral do Estado, Teoria Geral do Processo e Direito Constitucional da Universidade Católica de Brasília .... :,i .... \1.'.: ;.' i,v ; .~.i ! r 'I !I, ! t:' r kj f, I.' 'L.t1, v À Deus, pela graça da vida e pelas oportunidades colocadas em nosso caminho. Aos meus pais Vicellfe (in memorian) e /solina, pelo amor incondicional dedicado à família e pelo exemplo permanente de caráter e bondade. À minha e~posa Patrícia e aos meus filhos Luíza e Gabriel, esteios da minha vida e razões maiores do meu vivel: Antônio Augusto Cançado Trindade Antonio Augusto Junho Anastesia Ariosvoldo de Campos Pires (In memoriam) Aroldo Plínio Gonçalves Carlos Alberto Penno R. de Carvalho Celso de Magalhães Pinto Edelberto Augusto Gomes Lima Edésio Fernandes Eugênio Pocelli de Oliveira Fernando Gonzaga Jayme Hermes Vilchez Guerrero José Adércio leile Sampaio José Edgard Penna Arnorim Pereira Misobel Abreu Machado Derzi Plínio Salgado Rénon Kfuri Lopes Rodrigo do Cunho Pereiro Sérgio Lellis Sonliogo Wille Duarte Costa CDD: 341.2 CDU: 342 1. Direito Constitucional-I. Titulo. Pimenta. Marcelo Vicente de Alkmim. Teoria da Constituição/ Marcelo Vicente de Alkmim Pimenta. - Belo Horizonte: Del Rey. 2007. 280p. ISBN 85-7308-880-x G719 Bibliotecário responsável: Mario Aparecido Costo Duarte CRB6/1047 EDITORA DEL REY LTDA. www.delreyonline.com.br FUNDAÇAo Uf\JiVER~)!'.. ,.DE,,-~.x'lZ FEDERAL DE RONO()NIA "':':'><1''''' 8~/Caco~1 UNI R NO~ Data.?d.I.l.QjJJ1. Copyright @ 2007 by Editoro Del Rey Ltdo. Nenhuma porte deste livro poderá ser reproduzido, sejam quais forem os meios empregados, sem o permissão, por escrito, do Editoro. Impresso no Brasil I Prinled ;n Brozil Editor: Arnaldo Oliveira Conselho Editorial: 1,,1.: (31) 3284-9770 edilor@delreyonline.com.br Editoro Assistente: Waneska Diniz Editora / BH Ruo Aimorés, 612 - Funcion6rios 8elo Horizonle - MG - CEP 30140.070 Telefox:(31) 3273-1684 edi tora@dclreyonline,com.br Editara / SP Ruo Humoil6, 569 - 8elo Visto Teleiax: (11) 3101-9775 São Paulo - SP - CEP 01321-010 ed ilorasp@delreyonline.com.br .~ .... f SUMÁRIO NOTA DO AUTOR ....••.•..........•.•....•.•.....•......•......•.•....•.•.....•• XIX PREFÁCIO ..•.........•.•..........•.•......•.••.•.•.•.•......•...•..•.•....••.•.... xxiü Capítulo I - A Teoria da Constituição - Noções Preliminares 1.A TEORIA GERAL DO ESTADO COMO PRESSUPOSTO AO ESTUDO DA TEORIA DA CONSTITUIÇÃO E DO DIREITO CONSTITUCIONAL ....•.•.....•....•.•......•......•..•.•••.... 1 2. A TEORIA DA CONSTITUIÇÃO NO ÂMBITO DO DIREITO CONSTITUCIONAL ............•.•.........•.......•.......•.•.. 3 3. O DIREITO CONSTITUCIONAL .......•............•.•.....•.•••........ 4 Capítulo 2 - A Teoria Geral do Estado 1. INTRODUÇÃO - A TEORIA GERAL DO ESTADO ....•....•.....•.. 9 2. OBJETO •.....•...............•.•...•...•.•....•...•...•......•................. 11 3. ESTADO E NAÇÃO ..•.•.•.....•....•...•.•..•.....•.•.............•......... 11 4. O ESTADO ..•...•...•...•....•..•...••....•.•.•.•.........••...............••. 12 vii I ' ~ .. 5. TEORIAS DE FORMAÇÃO DO ESTADO 14 5.1. Formação originária 14 5.2. Formação derivada 16 6. ELEMENTOS DO ESTADO .....................•........................... 16 6.1. O povo 17 6.2. O território.. 17 6.3. O governo 19 7. A SOBERANIA 20 8. FORMAS DE ESTADO 20 8.1. Estado simples ou unitá.rio 21 8.2. Estado composto ou complexo 21 8.3. A Federação 23 8.3.1. Soberania e autonomia 24 8.3.2. Origem da Federação 24 8.3.3. Traços comuns das federações 25 9. Os PODERES DO ESTADO -INDEPENDÊNCIA E HARMONIA _ FUNÇÕES TÍPICAS E ATíPICAS DOS PODERES 26 10. FORMAS DE GOVERNO 28 10.1. A Monarquia 29 10.2. A República 30 11. REGIMES POLíTICOS 31 11.1. Regime democrático (democracia) 31 11.1.1. Democracia direta ou participativa 33 11.1.2. Democracia semidireta 33 11.1.3. Democracia indireta ou representativa 34 11.2. Regime autoritário (ditadura) 35 viii 12. SISTEMAS DE GOVERNO 37 12.1. O parlamentarismo 37 12.2. O presidencialismo 39 12.3. O semipresidencialismo 40 12.3.1. Elementos do parlamentarismo no sistema semipresidencialista 41 12.3.2. Elementos do presidencialismo no sistema semipresidencialista 42 13. A EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO ESTADO MODERNO/ CONTEMPORÃNEO . 42 13.1. O Estado absolutista 43 13.2. O Estado liberal 47 13.3. O Estado democrático (ou Estado social) 51 Capítulo 3 - A Constituição 1. A IDÉIA DE CONSTITUIÇÃO 53 2. CONCEITO DE CONSTITUIÇÃO ................................•........ 56 3. CONSTITUiÇÃO MATERIAL E CONSTITUIÇÃO FORMAL 59 4. CONCEPÇÕES SOBRE A CONSTITUiÇÃO 62 4.1. Concepção sociológica 63 4.2. Concepção jurídica 64 5. OBJETO DAS CONSTITUIÇÕES 66 6. CLASSIFICAÇÃO DAS CONSTITUiÇÕES 68 6.1. Quanto ao conteúdo 69 6.2. Quanto à forma 69 6.3. Quanto ao modo de elaboração 70 ix x 7.2. Limites circunstanciais ••••••••••••••••••••••••••••••••••• 4 •• 98 100 101 Capítulo 5 - O constitucionalismo 10.1. Desconstitucionalização . 10.2. Recepção ; ; . 10.3. Repristinação ; . Capítulo 6 - Princípios fundamentais xi 1. O CONSTITUCIONALISMO ••........•.•.•••...•.......•..............•.... 103 2. O CONSTITUCIONALISMO ANTIGO ....•..........•.•.•.......•.•.••.... 105 3. O CONSTITUCIONALISMO MODERNO ••.•...........••................ 106 4. EVOLUÇÃO E CICLOS DO CONSTITUCIONALISMO ..•.••........... 110 5. O CONSTITUCIONALISMO INGLÊS .......................•............•. 113 6. O CONSTITUCIONALISMO NORTE-AMERICANO ..•.•.•..........•.. 116 7. O CONSTITUCIONALISMO NO BRASIL •............•.•.......•••..... 120 1. Os PRINCfPIOS FUNDAMENTAIS .........•...........•.................. 123 2. O PREÃMBULO .........................................•..................... 125 3. Os PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS EM ESPÉCIE ............•...•...... 131 3.1. O princípio féderativo 133 3.2. O princípio republicano 133 3.3. O princípio democrático (O Estado Democrático de Direito) 134 3.4. O princípio da separação de poderes 136 4. OS FUNDAMENTOS DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL 138 4.1. O princípio da soberania 138 7.3. Limite temporal . 7.4. Limites formais 94 Capítulo 4 - O Poder constituinte 1. O PODER CONSTITUINTE ................................................ 77 6.4. Quanto à origem 71 6:5. Quanto à estabilidade 71 6.6. Quanto à extensão 73 7. CLASSIFICAÇÃO DA CONSTITUIÇÃO BRASILEIRA DE 1988 73 8. ELEMENTOS DAS CONSTITUIÇÕES .•.•.•...•...•••.•••.••......•...... 73 2. A AMPLITUDE DO PODER CONSTITUINTE •...•....•.............•... 80 3. A TITULARIDADE DO PODER CONSTITUINTE •..............•...•.. 81 4. A NATUREzA DO PODER CONSTITUINTE ............•............•.. 83 5. O PODER CONsmUINTE ORIGINÁRIO •...•........•..•.•.•.......... 84 6. O PODER CONSTITUINTE DERIVADO •...••.•........•.....•...•..•.•. 88 7. Os LIMITES DO PODER CONsmUINTE DERIVADO •.•....•.•.•.. 91 7.1. Limites materiais 91 93 94 8. O PODER CONSTITUINTE DECORRENTE •.•...••......•.......•..... 94 9. OS LIMITES DO PODER CONSTITUINTE DECORRENTE •.•.•.•... 96 9.1. Limites materiais expressos 96 '9.2. Limites materiais implícitos 97 10. Os EFEITOS DO EXERCfcIO DO PODER CONSTITUINTE ORlGINÁRIO SOBRE A ORDEM JURÍDICA ANTERIOR ......•..•.. 97 •.._-- ..... -,....,---_.....,. •...•••....•_~._c 158 159 158 3.4.1. Normas constitucionais de eficácia plena 156 3.4.2. Normas constitucionais de eficácia contida... 156 3.4.3. Normas constitucionais de eficácia limitada 157 3.4.3.1. Normas constitucionais de eficácia limitada de princípio inslÍtuti vo (orgânico ou organizativo) . 3.4.3.2. Normas constitucionais de eficácia limitada de princípio programático ..... 3.5. Outras classificações quanto à eficácia das norn1as . 1. CONCEITO DE INTERPRETAÇÃO 161 2. HERMENÊUTICA E INTERPRETAÇÃO 163 3. A INTERPRETAÇÃO DA CONSTITUIÇÃO 164 4. SUJEITOS DA INTERPRETAÇÃO CONSTITUCIONAL 167 5. MUTAÇÃO CONSTITUCIONAL 170 6. MÉTODOS DE .INTERPRETAÇÃO 172 6.1. Quanto às fontes 173 6.1.1. A interpretação autêntica 173 6.1.2. A interpretação judiciária 173 6.1.3. A interpretação doutrinária 173 6.2. Quanto aos meios 174 6.2.1. A interpretação gramatical 174 Capítulo 8 - Hermenêutica e intel"pretação constitucional XIH !r i t i I ! ! f ! Capítulo 7 - Normas constitucionais 4.2. O princípio da cidadania 138 4.3. O princípio da dignidade da pessoa humana 139 4.4. O princípio do valor social do trabalho e da livre iniciativa............ 139 4.5. O princípio do pluralismo político 140 -----.---- 5. Os OBJETIVOS FUNDAMENTAIS DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL 140 2. REGRAS E PRINCÍP10S 148 1. CONCE1TO ~ 147 6. Os PR1NCÍPIOS DE REGÊNCIA DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL EM SUAS RELAÇÕES INTERNACIONAIS 142 3. CLASSIFICAÇÃO DAS NORMAS CONSTlTUCIONA1S 151 3.1. Classificação quanto ao conteúdo 151 3.1.1. Normas materialmente constitucionais 151 3.1.2. Normas formalmente constitucionais 151 3.2. Classificação quanto à estrutura 152 3.2.1. Princípios constitucionais 152 3.2.2. Regras constitucionais 153 3.3. Classificação quanto à finalidade 153 3.3.1. Normas constitucionais de organização... 153 3.3.2. Normas constitucionais definidoras de direitos 154 3.3.3. Normas constitucionais programáticas 154 3.4. Classificação quanto à eficácia (classificação de José Afonso da Silva) 155 xii xiv Capítulo 9 - O controle de constitucionalidade 8. TÉCNICAS DE INTERPRETAÇÃO CONSTITUCIONAL _ SISTEMATIZAÇÃO DE CARLOS MAXIMILIANO •...•.•...•........• 181 1 " l I i :l 204 204 204 9. FORMAS DE CONTROLE ....................•.•.•..••.......•.......•....•. 9.1. O controle preventivo . 9.2. O controle repressivo . 5.1. A Constituição imperial de 1824., ;........... 192 5.2. A Constituição de 1891 193 5.3. A Constituição de 1934 ,..;....................... 194 5.4. A Constituição de 1937...................................... 194 5.5. A Constituição de 1946...................................... 195 5.6. A Emenda n. 16, de 1965, e a criação do controle de constitucionalidade abstrato 195 5.7. A Constituição de 1967/69 196 "1' xv 10. FORMAS DE EXERCÍCIO DO CONTROLE JURISDICIONAL ...•.. 205 10.1. O controle difuso (ou controle em concreto, ou incidental) 205 8. SISTEMAS DE CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE .....•••.• 203 6. PRINCIPAIS INOVAÇÕES NO SISTEMA DE CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE BRASILEIRO INTRODUZIDAS PELA CONSTITUIÇÃO DE 1988 196 7. INCONSTITUCIONALIDADES ••.•.••.•........••••••....•.•.•••••••••••..•• 198 7.1. Inconstitucionalidade por ação 199 7.1.1. Inconstitucionalidade por vício formal 200 7.1.1.1. Inconstitucionalidade por vício formal subjetivo 200 7.1.1.2. Inconstitucionalidade por vício formal objetivo 201 7.1.2. Inconstitucionalidade por vício material.... 201 7.2. Inconstitucionalidade por omissão 201 r l ! i ) f r r I f I I i I f \ t 186 187 189 6.2.2. A interpretação sistemática 174 6.2.3. A interpretação histórica 175 6.2.4. A interpretação analógica 175 6.2.5. A interpretação teleológica ~.............. 176 6.3. Quanto aos resultados 176 6.3.1. A interpretação declarativa 176 6.3.2. A interpretação extensiva 176 6.3.3. A interpretação restritiva 177 7. PRINCÍPIOS DA INTERPRETAÇÃO CONSTITUCIONAL .••..••...... 177 7.1. Princípio da supremacia da Constituição 178 7.2. Princípio da unidade da Constituição 178 7.3. Princípio da interpretação conforme a Constituição 179 7.4. Princípio da presunção de constitucionalidade. 180 7.5. Princípio da máxima efetividade , ~........... 180 7.6. Princípio da razoabilidade 181 1. INTRODUÇÃO ....•........••..•........••. '" .•..•.••.....•..•..•..•..••.•...• 2. DEFINIÇÃO E ABRANGÊNCIA ..•..•.....•..•..•....••.........•.....•..... 3. ORIGEM E EVOLUÇÃO .....•....•...•..•.•....•....•..•..•...•............. 4. O 'CONTROLE DA CONSTITUCIONALIDADE NO BRASIL .•.••.... 191 5. A EVOLUÇÃO DO CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE NAS CONSTITUIÇÕES BRASILEIRAS ...............................•.......... 192 xvii 2. O PERÍODO PRÉ-CONSTITUCIONAL 228 4. A CONSTITUiÇÃO REPUBLICANA DE 1891 234 227 19.1. Declaração de nulidade total 224 19.2. Declaração de nulidade parcial 224 19.3. Declaração de nulidade sem redução de texto (Lei n. 9.868/99, art. 28, parágrafo único) 224 19.4. Interpretação conforme a constituição (Lei n. 9.868/99, art. 28, parágrafo único) 225 20. EFEITO DAS DECISÕES PROFERlDAS NO CONTROLE CONCENTRADO DE CONSTITUCIONALIDADE 225 Capítulo 10 - A evolução constitucional brasileira 1. INTRODUÇÃO . 3. A CONSTITUIÇÃO IMPERIAL DE 1824 230 3.1. O Poder Moderador 233 5. A CONSTITUIÇÃO DE 1934 237 6. A CONSTITUIÇÃO DE 1937 238 7. A CONSTITUIÇÃO DE 1946 EA REDEMOCRATIZAÇÃO DO PAÍS .. 240 7.1. Os Atos Institucionais 241 8. A CONSTITUIÇÃO DE 1967 E A EMENDA DE 1969 241 9. A CONSTITUIÇÃO DE 1988 243 BJ.BLIOGRAFJA 247 11.6. Da medida cautelar no controle abstrato da constitucionalidade 214 11.2. A ação declaratória de constitucionalidade (ADC) 209 11. As AÇÕES DE CONTROLE DA CONSTITUCIONALIDADE (CONTROLE CONCENTRADO OU ABSTRATO) 208 11.1. A ação direta de inconstitucionalidade (ADI) 209 10.2. O controle concentrado (ou controle em abstrato, ou em tese) 207 11.3. A ação de inconstitucionalidade por omissão .. 210 11.4. A representação interventiva 213 11.5. A argüição de descumprimento de preceito fundamental 213 xvi 19. DAS ESPÉCIES DE DECISÕES PROFERlDAS NO CONTROLE CONCENTRADO DA CONSTITUCIONALIDADE 223 17. NORMAS JURÍDICAS ANTERIORES À CONSTITUiÇÃO DE 1988 22] 12. A ATUAÇÃO DO PROCURADOR-GERAL DA REPÚBLICA E DO ADVOGADO-GERAL DA UNIÃO NO CONTROLE ABSTRATO DA CONSTITUCIONALIDADE 215 16. COMPROVAÇÃO DA PERTINI~NCIA TEMÁTICA 220 13. A ATUAÇÃO DO "AMICUS CURIAE" 216 14. Do CONTROLE DA CONSTITUCIONALIDADE DAS LEIS MUNICIPAIS 217 15. DA COMUNICAÇÃO AO SENADO FEDERAL 218 18. DECLARAÇí\O DE INCONSTITUCIONALIDADE DE NORMAS CONSTITUCIONAIS......................................................... 222 L. NOTA DO AUTOR Ao longo de nossa trajetória na seara jurídica e, mais pre- cisamente, no Direito Constitucional, uma das conclusões pri- meiras a que chegamos é a de que o Direito Constitucional possui uma amplitude muito maior que a da própria Constitui- ção, sendo que o estudo daquele não pode se restringir a esta. Isto porque o Direito Constitucional, como um todo, antes de representar, de forma singela, o estudo de uma Constituição, busca a compreensão e o estudo da generalidade das Consti- tuições, de sua história, de sua origem, de suá evolução, de suas formas, de suas normas, de sua interpretação, etc. Assim, aquele que pretende se entregar ao estudo do Di- reito Constitucional não pode se limitar ao texto de uma Cons- tituição. Se assim o fizer certamente terá o horizonte de seus estudos encurtado e o objeto de seu trabalho maculado pelo vício da incompletude. Não se nega a relevância do Direito Constitucional Positivo no estudo do Direito, mas este deve ter como ponto de partida e como fundamentos, todos os aspectos históricos, sociais, polí- ticos, ideológicos e jurídicos que ao longo dos séculos conduzi- ram à formação das Constituições, como hoje as conhecemos. Nesse passo, o Direito Constitucional não pode prescindir do estudo do Estado, do constitucionalismo, da teoria do Poder constituinte, das idéias de Constituição, das concepções sobre as Constituições. Enfim, de todos os temas que compõem o que chamamos de Teoria da Constituição. xix '. I j, Desde que começamos a lecionar a disciplina Teoria da Constituição na Universidade Católica de Brasília, deparamo- nos com a dificuldade encontrada pelos alunos em relação a ausência de obras que sistematizassem, em um único livro, o conteúdo de tão importante disciplina. O que, de fato, encon- trávamos, eram obras de Direito Constitucional nas quais os temas ligados à Teoria da Constituição eram tratados de forma resumida, já que o foco plincipal daquelas obras é efetivamen- te o Direito Constitucional Positivo. Alguns temas possuíam obras específicas, como é o caso do controle de constitucionalidade, mas, nesse caso, contava com uma abordagem mais densa e aprofundada, não tão ade- quada a alunos do segundo período do curso de direito. Diante disso, passamos a abordar os temas de nossa disci- plina de forma individualizada, em textos que eram distribuídos aos alunos. O resultado dessa prática mostrou-se bastante satisfatório, já que a matéria era dosada na medida exata, o que propiciava um melhor aproveitamento. Essa foi a célula !nate,. do presente trabalho, no qual pro- curamos condensar todos os assuntos ligados à Teoria da Constituição, de modo a proporcionar tanto ao estudante, quan- to ao profissional do Direito, uma obra que trate de forma completa essa disciplina que constitui a parte inicial do Direi- to Constitucional. Dentro deste propósito, iniciamos o livro com uma visão geral da Teoria da Constituição e sua inserção no âmbito do Direito Constitucional, sem perder de vista a cOlTelação com a Teoria Geral do Estado, disciplina que contou com um capítulo específico no livro. Ao longo dos demais capítulos abordamos todos os temas ligados à Teoria da Constituição, como a idéia de Constituição, concepções, classificações, elementos; o Poder constituinte; o constitucionalismo; os princípios fundamentais; as normas constitucionais; a hermenêutica constitucional; o con- trole de constitucionalidade e, por fim, fechamos a obra com uma visão geral sobre a evolução constitucional brasileira, passan- do por todas as Constituições e suas plincipais características. xx A visão que o leitor terá dessa parte inicial do Direito Cons- titucional com a presente obra, é o resultado da conjugação de uma abordagem histórica dos temas tratados, a uma visão mais prática, facada em nossa própria Constituição. Trata-se de uma obra voltada tanto ao estudante quanto ao profissional do Direito, servindo a todos que um dia fizeram, como nós, a opção de t1ilhar os caminhos dessa magnífica área do conhecimento humano. Brasília (DF), maio de 2006 O Autor XXI 2 MARCELO VICENTE DE ALKMIM PIMENTA A TEORIA DA CONSTITUIÇÃO - NOÇÕES PRELIMINARES __ 3 Nesse sentido, adverte Kildare Gonçalves Carvallho que nada obstante a importância da Teoria da Constituição, Estado e Constituição revezam-se como conceitos-chave do Direito Público. É que sem entender o Estado não há como entender a Constituição. E a Constituição deve ser entendida não apenas como norma, mas também como es- tatuto político, para o que há de se reportar ao Estado, cuja existência concreta é pressuposto de sua existência. I Com efeito, o estudo da Constituição e do Estado se con- fundem em vários aspectos, e também se complementam, ha- vendo uma necessidade inafastável de que haja uma perfeita correlação entre essas duas áreas dá ciência jurídica. Para George Burdeau toda descrição da organização constitucional de um Esta- do, toda análise de sua vida politica, todo estudo do com- plexo tecido de forças que orientam o seu destino conduzem sempre, definitivamente, a um exame de sua Constituição. À luz das regras que ela enuncia, pode-se explicar o funcio- namento dos poderes públicos, assim como aquilatar as oportunidades que ela oferece aos poderes de fato para utilizar em seu proveito os mecanismos estatais. Vai assim a Constituição situar-se necessariamente no centro de to- das as reflexões de que nutre a ciência política.2 O Estado é, de fato, sujeito permanente do interesse da Ciência Política, bem assim de todos os ramos do Direito PÚ- blico. E o Direito Constitucional como base desse ordenamento jurídico estatal, não pode prescindir de uma análise prévia e criteriosa de todos os elementos que compõe o Estado, assim como de sua organização política e de seus fundamentos. Tem- Se aí a primeira noção da Teoria Geral do Estado, a qual será melhor analisada no capítulo. seguinte. CARVALHO, Kildare Gonçalves. Direito Constitucional - Teo- ria do Estado e da Constituição - Direito Constitucional Posi- tivo. 12"ed. Belo Horizonte: Del Rey, 2006, p. 8. BURDEAU. George. Traité de Science Politique, 2" ed. Paris: Librairie Générale de Droit et Jurisprudence, 1969. 1, ~ 205. 2. A TEORIA DA CONSTITUIÇÃO NO ÂMBITO DO DIREITO CONSTITUCIONAL Se por um lado a Teoria do Estado funciona como ponto de partida para o estudo do Direita Constitucional, este compre- ende, também, elementos próprios da idéia de Constituição. e do constitucionalismo formado, sobretudo, ao longo das dois últimos séculos. E esses elementos São justamente a base e o objeto da Teoria da Constituição. Vale dizer que a Teoria da Constituição compreende, lado a lado com a Teoria do Estado, a parte geral da Direito Cons- titucional, estando aí inseridas não só os aspectos atinentes à \..- Constituição em si, como o conceito, canteúdo, classificação, elementos, concepções, eficácia de suas normas, princípios fundamentais, interpretação, hermenêutica, cantrole de constitucionalidade, etc., mas, também, os aspectos relativos à própria evolução histórica do constitucionalismo e a teoria do Poder constituinte. Pode-se dizer que o objeto da Teoria da Constituição situa- se entre o campo da Teoria do Estado, onde tem 'a suabase, e o Direito Constitucional Positivo, que representa a cancretização no mundo jurídico de todo o ideário constitucional alinhavado ao lango dos séculos. Certos autores preferem dizer que a Teoria da Constituição, é o ramo de "intennediação entre o Direito Constitucional e a Constituição da República, eis que aque- le é traduzido pelo estudo sistematizado das normas jurí- dicas veiculadas por esta".3 O certo é que o estudo da Teoria da Constituição, como também da Teoria do Estado, apresenta-se indispensável para o início e também para o aprofundamento do estudo do Direito Constitucional, já que vai além do simples estudo da Constitui- ção positivada, abarcando, antes, os seus genes canstitutivos, MORAES. Guilherme Pena de. Direito Constitucional - Teoria da Constituição. 2" ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 200~. 3. O DIREITO CONSTITUCIONAL distingue-se dos demais ramos do Direito Público pela na- tureza específica de seu objeto e pelos princípios peculia- res que o informam. Configura-se como Direito Público fundamentaI por referir-se diretamente à organização e fun- cionamento do Estado, à articulação dos elementos primá- Como dissemos, a Teoria da Constituição configura o elo entre a Teoria do Estado e o Direito Constitucional Positivo. Neste tom, é importante que se tenha a exata dimensão e abrangência deste fundamental ramo do Direito. Pode-se dizer, dentro deste propósito, que o Direito Constitucional constitui ramo do Direito Público, dotado de total autonomia e voltado para o estudo sistematizado das normas que integram a Constitui- ção, bem assim para a compreensão das normas jurídicas em geral, as quais são subordinadas e informadas pela Constituição. Para José Afonso da Silva, o Direito Constitucional 5A TEORIA DA CONSTITUIÇÃO NOÇÕES PRELIMINARES da comparação entre os direitos positivos extrai-se o que há de comum a todos eles, reunindo-se assim os princípios Segundo Manoel Gonçalves Ferreira Filho SILVA. José Afonso da. Curso de Direito Constitucional Positi- vo. 213 ed. São Paulo: Malheiros, 2002, p. 34. MIRANDA, Jorge. Manual de Direito Constitucional. 4" ed. Coimbra: Coimbra, 1990. T. 1, p. 138. GARCIA-PELAYO. Manuel. Derecho constitucional compara- do, 4" ed. Madrid: Revista de Ocidente, p. 20. Seguindo essa ordem de idéia,>oAutor define o Direito Consti- tucional como "o ramo do Direito Público que expõe, ill1e!]Jreta e sistematiza os princípios e normas fundamentais do Estado". Jorge Miranda define esse ramo do Direito como rios do mesmo e ao estabelecimento das bases da esu'utu- ra política. 4 a parcela da ordem jurídica que rege o próprio Estado, enquanto comunidade e enquanto poder. É o conjunto de normas (disposições e princípios) que recordam o contex- to jurídico correspondente à comunidade política con)O um todo e aí situam os indivíduos e os grupos uns em face dos ouU'os e frente ao Estado-poder e que, ao mesmo tempo, definem a titularidade do poder, os modos de formação e manifestação da vontade política, os órgãos de que esta carece e os actos em que se concretiza. 5 Presentes essas definições, o Direito Constitucional pode ser compreendido a partir de uma subdivisão em três discipli- nas distintas, mas interligadas, são elas: O Direito Constitucio- nal Geral, o Direito Constitucional Comparado e o Direito Cons- titucional Positivo ou Particular. Na órbita do Direito Constitucional Geral pode-se dizer que estão compreendidos os institutos que permeiam todos os ordenamentos jurídicos positivos, ou, em outra definição, que é a disciplina que delineia uma série de princípios, de con- ceitos e de instituições que se acham em vários direitos positivos ou em grupos deles para classificá-los e siste- matizá-los numa visão unitária. I> MARCELO VICENTE DE ALKMIM PIMENTA4 e, por isso mesmo, propiciando a inserção no ambiente consti- tucional de forma mais ampla e em bases conceituais mais sólidas. Temos observado que a bibliografia sobre Teoria da Cons- tituição não é vasta no Brasil, sendo que os autores constitu- cionalistas abordam os temas afetos à Teoria da Constituição, de forma superficial nas obras de Direito Constitucional, dando mais enfoque ao Direito Constitucional Positivo, que tem por objeto o estudo dos princípios e normas de uma Constituição concreta, de um Estado determinado. Atualmente diversas faculdades de direito já consagram em seus currículos regulares, em nossa opinião de forma acer- tada, a disciplina específica de Teoria da Constituição, sendo pré-requisito desta a Teoria Geral do Estado. Assim, ao adentrar no estudo do Direito Constitucional Positivo o estudante já dis- põe de toda a bagagem teórica alusiva à Constituição e ao Estado, estando apto a ingressar de forma mais sedimentada no mundo do Direito Constitucional. • FERREIRA FILHO, Manoel Gonçalves. Curso de Direito Cons- titucional. 31" ed. São Paulo: Saraiva, 2005, p. 17. FRANCO. Monso Arinos de Melo. Curso de Direito Constitucio- nal brasileiro, voI. I. Rio de Janeiro: Forense, 1958, p. 35-36. Por sua vez, o Direito Constitucional Particular, também chamado de interno ou positivo, é o que tem por objeto o estu- do dos princípios e normas de uma Constituição concreta, de um Estado determinado. Vale dizer que essa divisão do Direito Constitucional está voltada, de forma pontual, ao estudo de uma Constituição determinada, com a finalidade de conhecer e sis- tematizar as normas que integram a Constituição de um Esta- do específico. Por se tratar do ramo do Direito que busca a compreensão e a sistematização da norma maior existente no ordenamento Já o Direito Constitucional Comparado tem como foco a confrontação de normas constitucionais de vários ordenamentos jurídicos positivos, por intermédio de critérios de espaço e de tempo. Consistiria, pois, em cotejar instituições políticas e jurídicas para, através do cotejo, extrair a evidência de semelhança entre elas. Mas essa evidência, por si só, não é, ainda, uma conclusão científica. A conclusão está um passo mais além. Está na relação que se estabelece em função da comparação; na afirmação de um tipo genérico de órgão ou de função, cuja existência pode ser assegurada pela observação de várias semelhanças nos sistemas comparados, e assim por dian- te. Na medida em que o método comparativo permite a formulação de leis ou relações gerais e a verificação de estruturas governamentais semelhantes, ele concorre para as conclusões do chamado Direito Constitucional Geral e, indubitavelmente, para o aprimoramento do Direito Cons- titucional interno ou particular. 8 BONAVIDES, Paulo. Curso de Direito Constitucional. 15" ed. São Paulo: Malheiros, 2004, p. 35. .' A TEORIA DA CONSTITUIÇÃO - NOÇÕES PRELIMINARES __ 7 jurídico estatal, que é a Constituição, é normal que ~st~ ~a:~ guarde estreita correlação com outros ramos do. DIreIt , mesmo com a totalidade deles, seja com aqueles ~m~ula~os ~o Direito Público, como o Direito Administrativo, o DIreIto Tn?u~a- rio o Direito Penal e o Processual, seja com os ramos do DIreIto Pri~ado, como o Direito Civil, o Comercial e o do Trabalho. Nesse sentido, assevera Paulo Bonavides que sem o estudo da matéria constitucional ficaria o Direito .. . d sem oPúblico ininteligível, tanto quanto o dIreIto pnva ? direito civil. Não vai, assim, exagero qu~ndo se ,dIZ~ue o alargamento, em cada esfera da vida SOCIal,do am?Ito de ação do Estado acarreta considerável aument~ d~ !mp~r- tância do Direito Constitucional nos estudos JundICos. universalmente respeitados em matéria constitucional. A sistematização desses princípios constitui o Direito Cons- titucional geral ou Teoria Geral do Direito Constitucional, que serve ao mesmo tempo de roteiro para o' constituinte e para o intérprete. 7 MARCELO VICENTE DE ALKMIM PIMENTA 6 .'~. ,: A TEORIA GERAL DO ESTADO 1. Introdução - A Teoria Geral do Estado. 2. Objeto. 3. Estado e Nação. 4. O Estado. 5. Teorias de formação do Estado. 5.1. Formação originária. 5.2. Formação derivada. 6. Os elementos do Estado. 6.1 O povo. 6.2. O território. 6.3. O governo. 7. A soberania. 8. Formas de Estado. 8.1. Estado simples ou unitário . 8.2. Estado composto ou complexo. 8.3. A Federação. 8.3.1. Soberania e autonomia. 8.3.2. Origem da Federação. 8.3.3. Traços comuns das federações. 9. Os Poderes do Estado _ Independência e harmonia - Funções típicas e atipicas dos poderes. 10. Formas de governo. 10.1. A Monarquia. 10.2. A República. 11. Regimes políticos. 11.1. Regime democrático (democracia). 11.1.1. Democracia direta ou participativa. 11.1.2. Democracia semidireta. 11.2.3. Democracia indireta ou repre- sentativa. 11.2. Regime autoritário (ditadura). 12. Sistemas de governo. 12.1. O parlamentarismo. 12.2. O presidencialismo. 12.3 O semipresidencialismo. 12.3.1. Elementos do parlamen- tarismo no sistema semipresidencialista. 12.3.2. Elementos do presidencialismo no sistema semipresidencialista. 13. A evolu- ção histórica do Estado moderno/contemporâneo. 13.1. O Estado absolutista. 13.2. O Estado liberal. 13.3. O Estado de- mocrático (ou Estado social). I. INTRDDUÇÃO - A TEORIA GERAL DO ESTADO Já se disse que o Estado é foco permanente da atenção da Política e do Direito. Neste tom, a Teoria Geral do Estado!, Alguns autores optam por utilizar a expressão "Teoria do Estado" em vez de "Teoria Geral do Estado", de origem alemã (Al/gemeille é uma disciplina de síntese, que sistematiza conhecimen- tos jurídicos, filosóficos sociológicos, políticos, históri- cos, antropológicos, econômicos, psicológicos, valendo- se de tais conhecimentos para buscar o aperfeiçoamento do Estado, concebendo-o, ao mesmo tempo, como um fato social e uma ordem, que procura atingir os seus fins com eficácia e com justiça.3 Staatslehre), por entenderem que tal expressão representa uma concepção mais atual do estudo do Estado, sendo mais adequa- da, portanto, a essa disciplina jurídica. MALUF, Sahid. Teoria Geral do Estado. 26. ed. São Paulo: Sarai- va, 2003, p. 11. DALLARI, Dalmo de Abreu. Elementos de Teoria Geral do Es- tado. 24. ed. São Paulo: Saraiva, 2003, p. 2. CARVALHO, Kildare Gonçalves. Direito Constitucional _ Teo- ria do Estado e da Constituição - Direito Constitucional Posi- tivo. 12. ed. Be.loHorizonte: Del Rey, 2006, p. '11-12. 11A TEORIA GERAL DO ESTADO 2. OBJETO Quanto ao objeto da Teoria Geral do Estado, pode-se dizer, de forma ampla, segundo Dalmo de Abreu Dallari, que é o estudo do Estado sob todos os aspectos, incl~in- do a origem, a organização, o funcionamento e as finaltda- des, compreendendo-se no seu âmbito tudo o que se con- sidere existindo no Estado e influindo sobre ele.5 Como se percebe, não cuida Teoria Geral do Estado do estudo deste ou daquele Estado, mas, de forma ampla e gené- rica, das diversas formatações dos Estados nacionais existen- tes, buscando avaliar os traços comuns a todo Estado, bem assim os elementos característicos e próprios de determinadas espécies estatais. Hermann Heller defende uma Teoria do Estado que vise descrever e interpretar o conteúdo da realidade política, sendo que o seu objetivo seria o de "conceber o Estado como uma conexão real que atua no mundo histórico-social, investi- gando a sua função na realidade social concreta". 6 Op. cit., p. 6. HELLER, Hermann. Teoria do Estado. Trad. Lycurgo Gomes da Motta. São Paulo: Mestre Lou, ]968, citado por CARVALHO, Kildare Gonçalves. Op. cit., p. 12. 3. ESTADO E NAÇÃO Embora possuam contornos semelhantes não se confun- dem os conceitos de Estado e Nação, constituindo duas reali- dades distintas e inconfundíveis. Para Sahid Maluf, a Nação é uma realidade sociológica; o Estado, uma reali- dade jurídica. ° conceito de Nação é essencialmente de ordem subjetiva, enquanto o conceito de Estado é neces- sariamente objetivo. A Nação pode perfeitamente existir sem Estado. A distin- ção entre as duas realidades mais se evidencia quando se MARCELO VICENTE DE ALKMIM PIMENTA la busca, justamente, a sistematização dos conceitos e dos ele~ mentos ligados a esse ente político, de modo a propiciar o seu estudo sob um prisma juridico, o que se dará, sobretudo, a partir de sua Constituição. E nesse sentido que Sahid Maluf defende que "A Teoria Geral do Estado corresponde à parte geral do Direito Constitucional. Não é uma ramificação, mas o próprio tronco deste ramo eminente do direito público". 2 Na visão de Dalmo de Abreu Dallari a Teoria Geral do Estado, Sob este prisma, deve-se ter presente que o conhecimento do Estado, em sua organização e atuação, em especial no que tange ao exercício do poder político, é elemento chave para o estudo da Constituição, mesmo porque, esta não existe sem aquele. Kildare Gonçalves Carvalho ressalta que a Teoria Geral do Estado "é ciência teórica, especulativa, que se propõe a estudar o Estado em si mesmo, no que tem de essencial e permanente no tempo". 4 É no estudo de' alguns dos principais aspectos do Estado, pois, ainda que de forma sintetizada, que nos debruçaremos no presente capítulo. 4. O ESTADO Op. cit., p. 15-16. 13A TEORIA GERAL DO ESTADO nutenção e desenvolvimento, como a segurança, a educação, a saúde, o abastecimento, a jurisdição, dentre outros igualmente importantes. Tem-se, a partir dessa definição, que a existência do Esta- do somente se justifica a partir de uma necessidade, ainda que involuntária, de todo um grupo social de criar condições para a persecução de uma finalidade social comum, que é o bem- estar de todos. E essa finalidade social somente poderá ser alcançada na medida em que essa comunidade estiver dotada de uma organização mínima que lhe permita o atingimento de objetivos comuns, a partir dos objetivos individuais de cada membro do grupo. E essa é uma das funções do Estado, fazer com que os objetivos individuais, que são inerentes e necessários em um grupamento tão grande e complexo, convirjam para um objeti- vo maior, para um objetivo comum, que é a paz social e o bem- estar de todos. E hoje não se tem dúvida que somente o Estado pode desempenhar tarefa de tal magnitude e alcançar esses objetivos, muito embora, em muitos Estados, vemos que isso constitui uma realidade distante. Neste contexto, a Constituição de cada Estado se mostra elemento essencial para que este possa desempenhar sua mis- são, pois é nela que estarão inseridas as normas de organiza- ção desse Estado, que estarão contidos os seus princípios fun- damentais, que estarão disciplinados os direitos e garantias individuais, que estará normatizada a forma de aquisição e de exercício do poder, que estarão previstos a separação e os li- mites desse poder. Enfim, é na Constituição que estará de- monstrada a forma de relacionamento do Estado com os seus cidadãos. Observe-se, pois, que são indissociáveis as noções de Es- tado e de Constituição. Um depende do outro. Um não existe sem o outro. Neste sentido, não se estuda o Direito Constitucional sem o conhecimento da Teoria do Estado, sendo o segundo pressu- posto para o primeiro. ,. -:', t l' tem em vista que várias nações podem reunir-se em um só Estado assim como também uma só Nação pode dividir-se em vá;ios Estados. A Áustria e a Hungria sempre foram nações completamente distintas; não obstante, d~ran.:e muito tempo formaram um só Estado sob a denolllll1açao de Áustria-Hungria. Igualmente, a Escócia, a Irlanda e a Inglaterra foram nações lJ'adicionalmente diversas e se reu- niram num só Estado que é a Grã-Bretanha.? MARCELO VICENTE DE ALKMIi"l PIi"IENTA12 Da mesma forma, a República Tcheca e a Eslováquia que hoje constituem Nações distintas, antes formavam um único Estado que era a Tchecoslováquia. Recentemente houve a di- visão e a criação de dois Estados distintos. o Estado, em um conceito eminentemente formal, é ca- racterizado por um povo homogêneo fixado em um telTitório delimitado, sob a égide de um governo independente, e que exerce plenamente a sua soberania, a fim de alcançar a felici- dade e o bem-estar de seu povo. A denominação Estado (do latim status = estar firme) sig- nificando situação permanente de convivência e ligada à socie- dade política, aparece pela primeira vez no livro "O Príncipe", de Maquiavel, de 1513, na Itália. A partir daí a expressão espa- lhou-se por outros países. Em outro tom, o Estado pode ser definido como uma socie- dade política altanlente complexa e dotada de características bem peculiares, ou de elementos essenciais que o distinguem das diversas outras fOlmas de sociedade. Trata-se de um ente abstrato, criado para a satisfação das necessidades básicas da comunidade que o integra. Necessidades estas que não pode- riam ser supridas de modo isolado, por cada cidadão, emergin- do daí, a necessidade de surgimento de um ente maior, capaz de prover toda a sociedade de utilidades essenciais à sua ma- l 5.1. FORMAÇÃO ORIGINÁRIA 5. TEORIAS DE FORMAÇÃO DO ESTADO 8 DALLARI, Dalmo de Abreu. Op. cit., p. 53. DALLARI, Dalmo de Abreu. Op. cit., p. 54-55. ISA TEORIA GERAL DO ESTADO - Teoria da origem em atos de força, de violência ou de conquista: Os grupos sociais maiores e mais fortes sobrepu- nham-se aos grupos mais fracos, nascendo assim o Estado, da conjunção de dominantes e dominados. Tinha por finalidade a exploração econômica dos mais fracos pelos mais fortes (Oppenheimer); - Teoria da origem em causas econômicas ou patrimoniais: O Estado teria sido formado para se aproveitarem os benefícios da divisão do trabalho, integrando-se as diferentes atividades profissionais, caracterizando-se, assim, o motivo econômico (Platão, Marx e Engels). O Estado aparece, exatamente, quando o homem começa a produzir. Em razão dessa produtividade e das necessidades múltiplas que possui, o homem passa a procurar o seu semelhante para trabalhar a troca de bens. Com a troca surgiu o "pecus", desse a moeda, daí a origem econô- mica do Estado. Para Engels, o Estado não nasceu com a sociedade, "é antes um produto da sociedade, quando ela chega a um . dI'" 10determmado grau de .esenvo vzmento . Segundo a teoria marxista do Estado, este existe como ins- trumento da burguesia para exploração do proletariado. Afir- ma ainda que, n~o tendo existido nos primeiros tempos da socie- dade humana, o Estado poderá ser extinto no futuro, uma vez que foi uma criação 31tificial para a satisfação dos interesses de uma pequena minoria. - Teoria daorigem no desenvolvimento interno da socie- dade: O Estado é tido como apenas uma potencialidade nas sociedades simples e menos desenvolvida. As sociedades que atingem maior grau de desenvolvimento e se tomam mais com- plexas têm absoluta necessidade do Estado, e então ele se cons- titui. Não há influência de fatores externos. 10 ENGELS, Friedrich. A Origem da Família, da Propriedade Pri- vada e do &tado. Rio de Janeiro: Vitória, 1960, p. 102. MARCELO VICENTE DE ALKMIM PIMENTA/4 No que pertine às causas de aparecimento dos Estados, duas questões principais devem ser analisadas: de um lado está o problema da formação originária, a qual tem como ponto de partida os agrupamentos humanos ainda não integrados em qualquer Estado; de outro lado tem-se a questão da formação de novos Estados a partir de outros preexistentes e que, por isso, pode ser chamada de forma derivada.8 Segundo Dalmo de Abreu Dallari, examinando-se as teorias que procuram explicar a formação Oliginária do Estado, che- ga-se à classificação em dois grandes grupos: a) Teorias que sustentam a formação natural: o Estado for- mou-se de forma espontânea, não por um ato puramente voluntário; b) Teorias que sustentam a formação contratual: O Estado originou-se por vontade dos homens. De maneira geral os adep- tos dessa corrente, também defendem a formação contratual da sociedade. De acordo com essa concepção, ainda dentro da visão de Dallari, as teorias naturalistas ou não-contratualistas podem ser agrupadas da seguinte forma:9 - Teoria da origem farruliar ou patriarcal: cada família pri- mitiva se expandiu e deu origem ao Estado. A família seria, portanto, a célula "mater" do Estado. Segundo esta teoria as famílias teriam se unido em clãs, esses em tribos, e essas for~ mando as polis, que eram as cidades-gregas. Surge o patriar- calismo e o matriarcalismo, quando o pai ou a mãe é o detentor da soberania (chefe da fa1l1l1ia); ••!!'Ei!!. •. 2 5.2. FORMAÇÃO DERIVADA 6. ELEMENTOS DO ESTADO 17A TEORIA GERAL DO ESTADO II Dp. cit., p. 96. Território é o espaço geográfico delimitado, onde se en- contra fixado o elemento humano que é o povo, e onde se exerce a soberania. Para alguns autores o território é sim- plesmente o espaço dentro do qual o Estado exercita seu po- der de império. 6.2. O TERRITÓRIO 6.1. O POVO ganha vida e passa a existir como ente personificado, capaz de desempenhar a missão para a qual foi criado. São esses os elementos do Estado: Povo é o elemento humano do Estado, razão da existência deste. É o conjunto de pessoas unidas por vínculos culturais, históricos, religiosos, dentre outros, que juntos buscam a con- secução de objetivos comuns. Esse conjunto de pessoas man- têm um vínculo jurídico-político com o Estado, o que o torna parte integrante deste. Não se confunde com população, já que esta constitui um simples quantitativo de pessoas que habitam determinado terri- tório em determinado momento, sejam nacionais ou estrangei- ros, prescindindo da existência de vínculos mais fortes. Segundo Dalmo de Abreu Dallari, "a noção jurídica de povo é uma conquista bastante recente".ll Para ele o povo é o elemento que dá condições ao Estado para formar e externar uma vontade. Em resumo, deve-se compreender como povo o conjunto de indivíduos que, através de um momento jurídico, se unem para constituir o Estado, estabelecendo com este um vínculo jurídico de caráter permanente, participando da formação da vontade do Estado e do exercício do poder soberano. "~., ,~. MARCELO VICENTE DE ALKMIM PIMENTA16 Como visto, o Estado, enquanto sociedade política, é dota- do de certos elementos constitutivos, a partir dos quais este No tocante à formação derivada do Estado, ou seja, o surgi- mento de novos Estados a partir de outros preexistentes, há dois processos típicos que podem ser mencionados, ambos com ocolTência na atualidade. Por essa razão, tal forma de surgi- mento de novos Estados denota um interesse prático bem maior em seu estudo em face, sobretudo, da existência de inúmeros exemplos ilustTativos desse fenômeno na atualidade. O primeiro desses processos é o fracionamento. Tal fenô- meno OCOITequando parte do ten'itório de um Estado se des- membra e passa a constituir um novo Estado independente e soberano, sem que o Estado que sofreu o desmembranlento dei- xe de existir. Um exemplo desse fenômeno foi a independência dos ten;tórios coloniais. Outra f0l111ade surgimento de novos Estados pelo fraciona- mento OCOITequando há a divisão do teITitÓI;Ode um Estado para a constituição de novos Estados Independentes, que passam a dispor de ordenanlentos jurídicos próprios, deixando de existir o Estado fracionado. Geralmente ocon'e por meios violentos como guen'as e revoltas armadas. Como exemplo podemos citar a divi- são da antiga Iuguslávia, que deu origem à Croácia, à Bósnia, à Eslov~nia: ~ Macedônia e à Sérvia e Montene&,ro. Outro exem- plo 1'01a dIVIsãoda Tchecoslováquia, que deu o6gem à Repúbli- ca Tcheca e à Eslováquia, Estados independentes e soberanos. O segundo processo de formação derivada de novos Estados é a União que, ao contrário do fracionamento, decone da união de dois ou mais Estados preexistentes que deixam de existir para dar origem a um Estado comum, com uma mesma Constituição. Como exemplo podemos citar a união das Alemanhas Ocidental e Orien- tal que passaram a constituiT um Estado único, a Alemanha. São partes do território: a terra firme, com as águas aí com- preendidas, o mar territorial, o subsolo e a plataforma conti- nental, bem como o espaço aéreo, além dos elementos de extraterritori alidade. Mar territorial: é a faixa variável de águas que banham as costas de um Estado e sobre as quais ele exerce direitos de soberania. Zona contígua ao território continental do Estado que alcança uma certa distância da costa, sujeita, porém, a variações impostas por critérios nem sempre uniformes de es- tabelecimento de seus limites. O Brasil, através do Decreto-lei n. 1.098/70, fixou a exten- são de seu mar territorial em 200 milhas marítimas. Posterior- mente, a Lei n. 8.617/93, estabeleceu para o mar territorial a faixa de 12 milhas marítimas de largura, medidas a partir da linha de baixo-mar, revogando o citado DL 1.098/70. O certo é que a ampliação unilateral da extensão do mar territorial provoca dificuldades nem sempre solucionadas, em que pesem os esforços desenvolvidos por organismos interna- cionais. Os Estados Unidos, por exemplo, já em fevereiro de 1970 manifestaram apoio ao limite de 12 milhas, advertindo, contudo, que enquanto este limite não for fixado, não reconhe- cerão águas territoriais mais amplas do que 3 milhas, limite aceito sem objeção por todos os Estados. Duas Conferências sobre o direito do mar, realizadas por iniciativa da ONU, em 1958 e 1964, estabeleceram para o mar territorial o limite entre 3 e 12 milhas, critério controvertido e nem sempre seguido por todos os Estados. Plataforma continental: É leito do mar e o subsolo das re- giões submarinas contíguas à costa, nos mesmos limites do mar territorial. No Brasil, como visto, considera-se o espaço cor- respondente à 12 milhas marítimas. Espaço aéreo: É toda a extensão de espaço existente so- bre os limites do território físico. Não existe uma altitude exata, reconhecida internacionalmente. .1- Alguns juristas admitem que a soberania d~'Estado sobre o espaço aéreo estende-se em altitude até onde haja um interes- 6.3. O GOVERNO 12 Op. cit., p_ 27. 19A TEORIA GERAL DO ESTADO se público que possa reclamar a a~ã~ o~ proteção do ~s~ado. Entende-se, atualmente, que não ha hmIte para o exerCICIOda soberania sobre o espaço aéreo. Subsolo: É a extensão territorial havida abaixo do solo. Não há limites para essa extensão. Exceções ao Poder de império do Estado sobre o teroritó- rio: 1) a extraterritorialidade; 2) a imunidade dos agente dIplo- máticos. Extraterritorialidade: Alguma coisa que se encontra no ter- ritório de um Estado, mas é considerada, por construção do direito como se estivesse situada no território de outro Estado. Ex.: o~ navios e aeronaves militares. Ainda que situ~dos em águas territoriais ou portos estrangeiros são eles conSIderados parte do território nacional. '_ Em alto mar ou no espaço aéreo livre os navios e aVlOes civis de um país são tidos como parte de seus territórios e su- jeitos, por conseguinte, às leis desse país. Quanto à imunidade, os agente diplomát~cos',e~ termos de reciprocidade, se acham isentos do poder de Impeno do E~tado em que estejam exercendo sua atividade de representaçao. O povo, como elemento humano do Esta?o, .pr~c~sase or- ganizar. E esta organização se dá através da mstItuIçao de um governo que terá a função de exercer o poder dentro. d? Est~- do por delegação de seu titular que é o povo. Governar e admI- nistrar, estruturar a sociedade, organizar o povo dentro de cer~ to território. É considerado o elemento formal do Estado. . f " , ny'untoPositivamente, para SahId Malu , governo e o c.o , . das funções necessárias à manutenção da ordem Jundlca d .. - 'bZ'" 12e da a ml1llstraçao pUlca . MARCELO VICENTE DE ALKMIM PIMENTA18 São partes do território: a terra firme, com as águas aí com- preendidas, o mar tetTitorial, o subsolo e a plataforma conti- nental, bem como o espaço aéreo, além dos elementos de extraterri torialidade. Mar territorial: é a faixa variável de águas que banham as costas de um Estado e sobre as quais ele exerce direitos de soberania. Zona contígua ao território continental do Estado que alcança uma certa distância da costa, sujeita, porém, a variações impostas por critérios nem sempre uniformes de es- tabelecimento de seus limites. O Brasil, através do Decreto-lei n. 1.098170, fixou a exten- são de seu mar territorial em 200 milhas marítimas. Posterior- mente, a Lei n. 8.617/93, estabeleceu para o mar territorial a faixa de 12 milhas marítimas de largura, medidas a partir da linha de baixo-mar, revogando o citado DL 1.098170. O certo é que a ampliação unilateral da extensão do mar territorial provoca dificuldades nem sempre solucionadas, em que pesem os esforços desenvolvidos por organismos interna- cionais. Os Estados Unidos, por exemplo, já em fevereiro de 1970 manifestaram apoio ao limite de 12 milhas, advetiindo, contudo, que enquanto este limite não for fixado, não reconhe- cerão águas territoriais mais amplas do que 3 milhas, limite aceito sem objeção por todos os Estados. Duas Conferências sobre o direito do mar, realizadas por iniciativa da ONU, em 1958 e 1964, estabeleceram para o mar territorial o limite entre 3 e 12 milhas, critério controvertido e nem sempre seguido por todos os Estados. Plataforma continental: É leito do mar e o subsolo das re- giões submarinas contíguas à costa, nos mesmos limites do mar territorial. No Brasil, como visto, considera-se o espaço cor- respondente à 12 milhas marítimas. Espaço aéreo: É toda a extensão de espaço existente so- bre os limites do ten-itório físico. Não existe uma altitude exata, reconhecida internacionalmente. " Alguns juristas admitem que a soberania d~Estado sobre o espaço aéreo estende-se em altitude até onde haja uminteres- 6.3. O GOVERNO 12 Op. til .. p. 27, 19A TEORIA GERAL DO ESTADO se público que possa reclamar a ação ou proteção do Estado. Entende-se, atualmente, que não há limite para o exercício da soberania sobre o espaço aéreo. Subsolo: É a extensão territorial havida abaixo do solo. Não há limites para essa extensão. Exceções ao Poder de império do Estado sobre o territó- rio: 1) a extraterritorialidade; 2) a imunidade dos agente diplo- máticos. Extraterritorialidade: Alguma coisa que se encontra no ter- ritório de um Estado, mas é considerada, por construção do direito, como se estivesse situada no território de outro Estado. Ex.: os navios e aeronaves militares. Ainda que situados em águas territoriais ou portos estrangeiros são eles considerados parte do território nacional. Em alto mar ou no espaço aéreo livre os navios e aviões civis de um país são tidos como part,e de seus territórios e su- jeitos, por conseguinte, às leis desse país. Quanto à imunidade. os agente diplomáticos, em termos de reciprocidade, se acham isentos do poder de impétio do Estado em que estejam exercendo sua atividade de representação. O povo, como elemento humano do Estado, precisa se or- ganizar. E esta organização se dá através da instituição de um governo que terá a função de exercer o poder dentro d? Est~- do por delegação de seu titular que é o povo. Governar e admt- nistrar, estruturar a sociedade, organizar o povo dentro de cer- to território. É considerado o elemento formal do Estado. Positivamente, para Sahid Maluf, governo Ué o cOI~junto das funções necessárias à manutenção da ordem jurídica e da administração pública",12 MARCELO VICENTE DE ALKMIM PIMENTA18 7. A SOBERANIA 8. FORMAS DE ESTADO 13 Op. cit., p. 29. 21A TEORIA GERAL DO ESTADO 8.1. ESTADO SIMPLES OU UNITÁRIO o poder político, no Estado unitário, é concentrado em uma única sede, em uma única esfera, sendo o órgão central respon- sável pela decisão que autoriza qualquer grau de descen- tralização. É aquele em que o poder político tem uma única expressão, que é o governo nacional. O Estado simples, ou unitário, representa um corpo homogêneo e exclusivo, no qual uma única autoridade de governo se exerce. Por isso, entre os Estados unitários, alguns são centraliza- dos e outros são descentralizados, podendo estes serem cha- mados de Estados regionais ou autonômicos, variando o grau de descentralização e de autonomia das regiões do Estado. Tal descentralização pode ser apenas administrativa, a mais co- mum, ou administrativa e política. A primeira aplica-se à admi- nistração jurídica; na segunda, o Estado confere a algumas enti- dades territoriais autonomia político-administrativa, ambuindo- lhes, com isso, faculdades legislativas e de governo. Exemplos de Estados unitários são a França, Portugal, Itália, Peru, dentre outros. Vale destacar que o Estado unitário centralizado é, nos dias atuais, uma espécie em extinção, em face das múltiplas servi- dões próprias de um Estado que exige, para sua própria sobre- vivência eficiente, descentralizações várias em todos os seus meios organizacionais e operativos14• 8.2. ESTADO COMPOSTO OU COMPLEXO 14 FRIEDE, Reis. Curso de Direito Constitucional e de Teoria Ge- ral do Estado. 2. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2000, p. 120. O Estado composto ou complexo, diferentemente do Estado unitário, é aquele formado pela união de dois ou mais Estados, apresentando duas esferas de poder de governo, dois campos de autoridade do Estado, obedecendo a um regime jurídico especial. O Estado composto ou complexo, por sua vez, subdivide-se em: MARCELO VICENTE DE ALKMIM PIMENTA20 Embora todos os Estados nacionais, tal como os definimos acima, possuam uma convergência no que concerne às suas funções e aos seus elementos característicos, podem estes se apresentar sob diferentes formas, notadamente em relação ao nível de centralização ou de descentralização do poder ali exercido. Assim, no estudo do Estado é importante que tenhamos presente as diferentes formas de Estado, para que possamos apreciar com maior acuidade a forma do exercício do poder dentro daquele Estado. A forma adotada pelos diferentes Esta- dos devem estar contempladas nas respectivas Constituições. No caso do Brasil, a forma federativa encontra-se disciplinada já no mtigo 10 da Carta Maior que disciplina: "A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado democrático de direito ... " Grande parte da douttina não considera a soberania como um elemento do Estado - conente à qual nos filiamos -, mas sim um exercício ou uma característica própria do Estado, com- preendendo-se no exato conceito de Estado, visto que não existe Estado sem soberania. Pode-se dizer que Estado não soberano ou semi-soberano não é Estado. Soberania, é o poder dos poderes. É ela que explica toda a ordem jurídica nacional e internacional. É o poder maior que emana do povo, e que em seu nome deve ser exercido. A sobe- rania é o elo que une duas realidades, o Estado e o Direito. Sahid Maluf define a soberania como "uma autoridade superior que não pode ser limitada por nenhum outro po- der". 13 É a soberania que torna o Estado imune à interferências externas, seja de ordem política, seja de ordem jurídica. 15 Op. cil., p. 162. a) União Pessoal: é uma forma própria da Monarquia e ocorre quando dois ou mais Estados se unem sob o governo de um mesmo Rei, ou seja, nos casos de casamento ou sucessão, o Monarca receberá a coroa de cada Estado componente da União. Como exemplo, pode-se citar: Espanha e Portugal, no período de 1580 a ] 640. Segundo Sahid Maluf, "na união pessoal os Estados conservam sua autonomia interna e internacional, esta última person!ficada no Rei. Ligam-se apenas pela pessoa F(' d"' "" 15.!lslca ,o Imperante . b) União Real: ocorre quando dois ou mais Estados, se unem sob o governo de um só Rei, mas resguardando a própria organização interna. É também forma tipicamente monárquica, em que os Estados se unem de forma definitiva, conservando cada um a sua autonomia administrativa, mas formam uma só pessoa jurídica de Direito Público Internacional. São exemplos históricos a união de Suécia e Noruega; Áustria e Hungria. c) Confederação: é uma união permanente e contratual entre Estados independentes, com o objetivo de defesa exter- na, paz interna. Na confederação os Estados confederados mantêm sua soberania e sua personalidade jurídica de Direito Público Internacional. São exemplos históricos de confedera- ção os Estados Unidos da América e a Alemanha, os quais acabaram por caminhar para a forma federativa. O exemplo mais recente é a Comunidade dos Estados In- dependentes (CEI), oriunda da antiga União Soviética. Parte da doutrina não admite a confederação como forma de Estado, por não possuir soberania. d) Federação: (do Jatimfoedus,foederis e significa pacto, interação ou liame). É a união de dois ou mais Estados para a formação de um novo. Em sua estrutura, encontram-se diver- sos poderes polfticos e ordenamentos constitucionais que se submetem a um poder superior: o do Estado Federal. Essa for- 83. A FEDERAÇÃO 1(, MALUF, Sahid, in Teoria Gemi do Esrado. Op. cir. 17 Op. cir., p. 120. ..~ :1". i! : ;~. , j~ , I j I i 1, I t ::~"~"'~.••.tt iiS11. ! I I I 1 I i I li 11 ,I IIJ 23A TEORIA GERAL DO ESTADO ma de Estado, dado a sua complexidade e grande relevância, mormente por ser o Brasil um Estado federal, será tratada com maiores detalhes adiante. e) Há ainda uma quinta forma de Estado composto ou com- plexo, que alguns autores chamam de "União Incorponida"J6 e outros de "formas sui generis". Pode-se dizer que esta forma compreende a união de dois ou mais Estados distintos para a formação de outro. Como exemplo clássico podemos destacar a Grã-Bretanha, formada pela união de Inglaterra, Escócia e Irlanda do Norte. A Federação é espécie do gênero Estado composto ou complexo, do qual fazem parte também a União pessoal (união de dois ou mais Estados sob o governo de um único Monar- ca), a União real (união de dois ou mais Estados sob a regên- cia do mesmo Monarca, mas cada reino mantendo a sua or- ganização interna) e a Confederação (união de Estados soberanos, que conservam sua soberania, para consecução de fins comuns). Na Federação há a união de dois ou mais Estados que formam um novo ser estatal, sendo que este novo Estado pas- sa a ser soberano e aqueles Estados membros passam a dispor somente de autonomia política. Para Reis Friede, o Estado Federal é, por definição, "aque- le onde estão asseguradas, pela Constituição, autonomia político-administrativa às partes descentralizadas (Esta- dos-membros, Províncias, Territórios etc.)".17 A maior parte dos autores considera a Federação, sobretu- do em face do alto grau de autonomia de que são dotados os Estados-membros, como a forma mais moderna de Estado. MARCELO VICENTE DE ALKMIM PIMENTA22 8.3.1. Soberania e autonomia 8.3.2. Origem da Federação A origem da formação do Estado federal remonta à histó- ria da concepção dos Estados Unidos da América. Em 1776, as antigas treze colônias da Inglatena na América do Norte, ao se tomarem independentes, resolveram unir esforços para a criação de uma abrangente entidade central que pudesse representá-las e defendê-las em assuntos de interesse comum de todas as colônias, criando assim, em 1778, uma espécie de Confederação de Estados independentes. Esta união foi firma- da por um documento denominado de Artigos da Confedera- ção, que entrou em vigor a partir de 1781, cujo texto guardava semelhança com as Constituições dos Estados, as quais já dis- punham sobre: separação de poderes, congresso bicameral e declaração de direitos (Bill of Rights). 2SA TEORIA GERAL DO ESTADO No entanto, a Confederação não teve vida longa, já que o liame que unia os Estados, independentes e soberanos, era muito vulnerável, e o poder central que fora criado não se mostrou capaz de atender os anseios das unidades confederadas, pois a unidade central existente era apenas uma assembléia de re- presentantes dos Estados, sem autoridade sobre os indivíduos de cada Estado e desprovida de soberania. Assim, em 14 de maio de 1787, na cidade de Filadélfia, reunidos em uma convenção, para rever o pacto formado en- tre as antigas colônias, os Estados decidiram aprovar uma nova carta, a Constituição dos Estados Unidos da América. A Cons- tituição Federal dos EUA, então, fixou as bases sobre a qual se assentaria o novo Estado federativo norte-americano, estabe- lecendo um novo pacto entre os Estados antes soberanos e independentes que, agora, abdicavam desses poderes em prol do novo poder central. Dentro dessa nova união, a Federação, os Estados gozavam somente de autonomia. As entidades que comporiam a Federação norte-amelicana, portanto, seriam o poder central (a União) e as unidades federadas (os Estados). 8.3.3. Traços comuns das federações Embora cada Federação, atualmente, tenha as suas pró- prias características, todas elas, para que assim sejam classifi- cadas, possuem alguns traços comuns, sem os quais o Estado se afastaria do conceito básico de Federação. Estas caracte- rísticas comuns, portanto, podem assim ser elencadas: (l)a existência de pelo menos duas ordens jurídicas distin- tas, a central e a periférica; (2)autonomia das unidades federadas, revelada pela repar- tição constitucional de competências; (3)rigidez da Constituição Federal; (4)indissolubilidade do pacto federativo; (5)possibilidade de manifestação de vontade das unidades parciais, de maneira isonômica, por meio de representantes no Senado Federal; I MARCELO VICENTE DE ALKMIM PIMENTA24 A soberania de um Estado lhe coloca em posição de igual- dade com outros Estados no cenário internacional, e, ao mes- mo tempo, em posição de superioridade dentro do seu limite territorial com relação ao demais poderes internos. A autonomia, por seu turno, é aquele conjunto de compe- tências atribuídas a uma pessoa, que pode exercê-Ias dentro de certos limites. Uma unidade autônoma não é soberana, por- que ela é limitada pelo Direito. Ela exerce os seus poderes dentro de uma moldura cujos limites são definidos pela Consti- tuição do Estado Nacional. Na Federação os Estados federados são Estados autôno- mos, porém, não detêm soberania, a qual é própria e exclusiva do Ente federal ou da União. Nada obstante, mantêm os Esta- dos federados, que em alguns países são denominados de pro- víncias, autonomia administrativa, legislativa, ejudiciária, inclu- sive possuindo Constituições próprias. No que tange a essas autonomias poderá haver limitações impostas pela Constitui- ção do Estado central. 10. FORMAS DE GOVERNO A desarmonia, porém, se dá sempre que se acrescem atri- buições, faculdades e prerrogativas de um em detrimento de outro. 18 SILVA, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional Positivo. 21. ed. São Paulo: Malheiros, 2002, p. 111. 19 DALLARI, Dalmo de Abreu. Op. cito p. 223. 20 DUVERGER, Maurice. Os Partidos Políticos. Brasília: UnB, 1980. 29A TEORIA GERAL DO ESTADO narquia (do grego monos, um, e arché, governo), governo de um só, e a República, que é o governo em que o povo governa o interesse do povo. A degeneração dessas formas básicas puras, daria origem às formas perversas que são, respectivamente, a Tirania, quando o poder é exercido despoticamente, no exclusivo interesse do governante (monarca), a Oligarquia (de oligoi, poucos, e arché, governo), cujo governo é confiado a um grupo de homens no interesse dos mais ricos, e a Demagogia (de demos, povo, e kratos, poder), que confia o governo à coletividade que pros- segue em exclusivo interesse dos mais explorados, consagran- do uma República que só vê o interesse das classes menos favorecidas, a Demagogia. Alistóteles considerava que a democracia era um desvir- tuamento da República. No dias atuais, porém, a democracia é considerada regime e não forma de governo. As formas de governo são variáveis em cada país, pois representam as necessidades/reações da sociedade a todos os tipos de influência, sejam estas morais, geográficas, econômi- cas ou políticas. Também são flexíveis e constantemente mutáveis, adaptando-se aos diversos períodos históricos.21 Atualmente a Teoria do Estado divide o governo em duas formas básicas: A Monarquia e a República. 10.1. A MONARQUIA A Monarquia é uma forma de governo em que as funções de Estado se dividem entre o Rei ou Monarca e o Parlamento, sendo que o Rei exerce a função de Chefe de Estado e o Pri- meiro-ministro a função de Chefe de governo. Nas Monm'quias atuais o poder dos Monarcas foi substan- cialmente esvaziado, cabendo a estes função de mera repre- sentação, não de governo, que passa a ser exercido por um 21 Op. cit., p. 122. MARCELO VICENTE DE ALKMIM PIMENTA28 terferir na atividade jurisdicional, em compensação os minis- tros dos tribunais superiores são por ele nomeados, dependente do controle do Senado Federal que deve aprovar a indicação. São, como se vê, algumas manifestações do mecanismo de freios e contrapesos, característica da harmonia entre os poderes no Estado brasileiro. Isto vem a demonstrar que os trabalhos do Legislativo e do Executivo, em especial, mas tam- bém do Judiciário, poderão se desenvolver a contento, se eles se subordinarem ao princípio da harmonia o que, na lição de José Afonso da Silva, não significa nem o domínio de um pelo outro nem a usurpação de atribuições, mas a verificação de que, entre eles, há de haver consciente colaboração e controle recí- proco (que, aliás, integra o mecanismo), para evitar distorções e desmandos.18 Como forma de governo entende-se "a organização das instituições que atuam o poder soberano do Estado e as relações entre aquelas instituições".19 Trata-se de um conceito que procura identificar cada uma das diferentes formas de exercício do poder político, tendo em conta a relação entre governantes e governados e o grau de participação dos cidadãos no exercício do poder.20 De acordo com a visão mistotélica, traçada em sua obra "Política", foram concebidas três formas básicas de governo: a Aristocracia (de atistoi, melhores e kralos, poder), a Mo- 10.2. A REPÚBLICA 31A TEORIA GERAL DO ESTADO o conceito de regime democrático está indissociavelmente ligado ao conceito de democracia, que representa, sem d~vida, uma das questões mais relevantes no estudo da Teona do Estado. Na visão aristotélica, a democracia representava uma for- ma de governo (governo da maioria), ao lado da monarquia (governo de uma só pessoa), e da aristocracia (go~erno da minoria). Hoje, porém, compreende-se a democracIa como regime político e não como forma de governo, mesmo porque, existem atualmente monarquias amplamente democráticas. A paiavra democracia, etimologicamente, advém do grego demokratía, que significa o governo do povo. Demos = povo e Kratos = força, poder. Assim, teremos democracia se o poder estiver nas mãos do povo. 11.1.REGIME DEMOCRÁTICO (DEMOCRACIA) Nessa linha de idéias, Aristóteles não defendia uma forma de governo em especial, limitando-se a dizer que a melhor for- ma é aquela que tem os melhores governantes. Seja qual for a forma de governo adotada pelos Estados, Monarquia ou República, o regime político com o qual os go- vernos são conduzidos pode sofrer variações, de acordo com o nível de participação popular na escolha dos governantes e na tomada de decisões por parte desses governos. Assim estabelecida a forma de governo de um Estado, o que se faz' na própria Constituição, resta saber so~ quais ~n- damentos e sob quais princípios esse governo sera conduzId~. Cabe indagar qual a legitimidade dos governantes e qual o lll- vel de participação do povo nas decisões ~o Est~do. A re~~os- ta a essas indagações é encontrada em dOISregImes pohÍlcos básicos: o democrático e o autoritário. 11.REGIMES POLíTICOS MARCELO VICENTE DE ALKMIM PIMENTA 30 o termo república vem do latim res (coisa) e publica (de todos, pública), consistindo, em um conceito clássico, no governo "de todos", com o objetivo de alcançar o bem comum da sociedade. A República, no conceito de Dalmo de Abreu Dallari , é a fo~a de governo que se opõe à monarquia, sendo que seu sentIdo se aproxima do atual significado de democra- cia, uma vez que indica a possibilidade de participação do povo no governo. 23 gabinete de ministros, chefiados pelo Primeiro-ministro. Há Estados que o Chefe de governo possui outra terminologia, c?mo na Espanha, em que o governo é chefiado por um "Pre- sIdente do Governo". São características marcantes da Mo- narquia a vitaliciedade e a hereditariedade. Alguns autores22 subdividem a Monarquia em Monarquias absolutas e Monarquias limitadas, na medida em que o poder central é dividido ou não entre oMonarca e outros órgãos estatais. Na República, os governados podem também ser gover- nan~e~,ou pelo m~~os abre-se a possibilidade de que o povo partICIpe do exerCIClOdo poder. A República tem como carac- terísticas básicas a temporariedade e a eletividade. A temporariedade significa que nenhum governante se per- petuará no poder, havendo a necessidade de eleições periódi- cas para que haja sempre uma alternância no poder. A eletividade, por sua vez, significa a possibilidade de o povo escolher aqueles que exercerão o poder, de escolher os seus governantes. Vale dizer que na República os governantes devem ser eleitos para que o exercício do poder seja legítimo. 22 Sahid Maluf divide a monarquia em absoluta e limitada sendo e~ta última subdividida em monarquia de estamentos, c~nstitu- clonaI ou parlamentar. 23 Op. cit., p. 227. I I 24 Op. cit., p. 179. Presente esse conceito etimológico, verifica-se que a de- mocracia está estreitamente ligada ao conceito de legitimidade do poder dentro do Estado. Assim, pode-se dizer que a demo- cracia é o exercício do poder político diretamente pelo povo (democracia pmticipativa), ou através do consentimento dado por esse povo a um governo para que este exerça o poder político em seu nome (democracia representativa). É a demo- cracia, pois, o mais importante fator de legitimação do exercí- cio do poder político. Nesse sentido, deve-se ter presente, ao se falm. em demo- cracia, que a titularidade do poder político dentro do Estado pertence ao povo, que o exercerá através de representantes, ou diretamente. Assim, como poder legítimo é poder consenti- do, tem-se que um governo só será legítimo se contar com o consentimento popular, o que representa, sinteticamente, o con- ceito de democracia. Segundo Kildare Gonçalves Carvalho, "a democracia eJ\pressa valores que são: a maioria, a igualdade e a liber- dade".24 Tais valores são considerados pilares do princípio democrático. A maioria assenta-se no fato de que o povo é representado no poder pelos eleitos, o que se dá mediante a escolha da maioria. A igualdade representa o respeito a condição de cada pes- soa dentro da sociedade, havendo que ser respeitada a igual- dade de direitos e de oportunidades a todos dentro da socieda- de, sem discriminação de qualquer espécie. A liberdade representa a preservação dos direitos individuais contra o poder político. Aí se insere a liberdade de expressão e de manifestação do pensamento, a liberdade de se associar e de pertencer a Partidos políticos, independentemente de sua ideologia, bem como a liberdade de se opor aos governos esta- belecidos e de pugnar por mudanças. 11.1.2. Democracia semidireta 33A TEORIA GERAL DO ESTADO 11.1.1.Democracia direta ou participativa Na democracia direta ou participativa, o povo exerce dire- tamente o poder político dentro do Estado, reunidos em assem- bléia plenária da coletividade. Como exemplo histórico pode- se citm' as cidades estados gregas. Na atualidade esse tipo de democracia existe apenas em alguns cmltões da Suíça (que seriam os Estados federados), com reduzida população.25 Para Kildare Gonçalves Carvalho embora essa modalida- de de democracia seja impraticável na atualidade, pela impos- sibilidade material de sua realização, o voto através do compu- tador deverá viabilizá-Ia.26 Embora o povo seja o titular do poder político, este é exer- cido por meio de representantes eleitos, reservando-se ao ci- dadão, todavia, uma parte do poder decisório e político para ser exercido diretamente. No Brasil, atualmente, tem-se uma de- mocracia semi direta (mt. 10, parágrafo único, da CF). Nos regimes democráticos semidiretos, há a combinação do exercício do poder pelos cidadãos com o exercício pelos seus representantes. Coexistem mecanismos próprios da de- mocracia representativa e mecanismos da democracia direta. A Constituição prevê a existência de órgãos com titulares eleitos, mas condiciona a validade de certas deliberações à manifesta- ção de vontade do próprio povo, constituído pela totalidade dos cidadãos eleitores. A ciência moderna desenvolveu alguns instrumentos para possibilitar a participação direta do povo, tais como: a) referendo, que é a possibilidade de os cidadãos concor- rerem para a aprovação de uma lei já discutida e votada pelos 25 CARVALHO, Kildare Gonçalves. Op. cit., p. 183. 26 Op. cit., p. 183. ".i ., " MARCELO VICENTE DE ALKMIM PIMENTA32 1/.1.3:Democracia indireta ou representativa O regime democrático representativo é o mais freqüente nas democracias políticas contemporâneas. Existe democra- cia indireta ou representativa quando o poder político pertence à coletividade, mas é exercido por meio de autoridades esco- lhidas pelos cidadãos que a compõem. . É aquela na qual os cidadãos, não podendo dirigir os negó- CIOSdo Estado diretamente, outorgam essas decisões coleti- vas, de governo, para representantes por eles escolhidos. A democracia indireta envolve, assim, o instituto da representa- ção política. 1.1~I 1. 1 , .J t I I•1 35A TEORIA GERAL DO ESTADO Segundo Kildare Gonçalves Carvalho, a democracia re- presentativa envolve um conjunto de mecanismos e procedime~tos consti~cio- nais para se efetivar, tais como eleições, SIstema eleItoral, partidos políticos". Para o autor, "a transferência ?O poder representativo que os eleitores propiciam aos eleItos con- t. 27figura o chamado mandato representa IVO. Pode-se dizer que esse mandato representativo surgiu ~a impossibilidade material de se fazer _funcionar ~ d:mocrac~a integral em países de elevada populaçao, nos qUaISnao havena a mínima condição de se estabelecer consultas públicas a ca~a ato de governo. Mesmo nas democracias se,midiretas,.a ~OSSI- bilidade da população se manifestar atraves de plebIscItos e referendos é restrita a casos excepcionais, haja vista a dificul- dade operacional e os custos envolvidos nesse tipo de consulta. O regime autoritário ou ditatorial caracteriza-se pela con- centração abusiva de poder nas mãos de uma única pessoa ou de um único grupo, sendo o poder político exercido de fOlma autoritária com base em uma legitimidade alheia a qualquer forma de~ocrática de expressão da vontade popular, já que não há participação do povo na escolha dos governantes, nem tampouco nas decisões de governo. Há casos em que gover- nos legitimamente eleitos mantêm-se indeterminadamente no poder à margem da vontade popular, violan~o e abusa~do do mandato inicialmente outorgado, o que tambem caractenza um regime autoritário. Trata-se de uma forma ilegítima de conquista e de manu- tenção do poder e que importa, na maior parte dos casos,~a alteração casuística dos estatutos jurídicos e mesmo da própna Constituição, de modo a acomodar uma situação anômala de usurpação de direitos. 11.2. REGIME AUTORITÁRIO (DITADURA) 27 Op. cit., p. 184. ,. " MARCELO VICENTE DE ALKMIM PIMENTA34 representantes do povo. Nesse caso, a lei aprovada pelo Par- lamento só se torna juridicamente perfeita após a aprovação popular. Há uma consulta posterior. O eleitorado acata ou não uma decisão tomada. b) plebiscito, que é a consulta prévia aos cidadãos sobre determinada questão que será posteriormente implementada pelos governantes, caso seja aprovada. O povo é chamado para tomar uma decisão (CF, art. 2° - ADCT). Compete ao Con- gresso Nacional autorizar referendo e convocar plebiscito (CF, art. 49, XV), salvo quando a própria Constituição expressa- mente determinar. c) iniciativa popular, é a possibilidade de uma parte dos eleitores iniciar diretamente o processo de elaboração de uma lei ordinária ou complementar (CF. art. 61), sendo inaplicável à emenda constitucional (alt. 60, I,li e li); d) veto popular, é a faculdade conferida aos eleitores de se manifestarem contrariamente a uma medida ou lei já devida- mente elaborada pelos órgãos competentes e em via de ser posta em execução. Tal modalidade não possui previsão em nossa Constituição. e) Recall, que é uma forma de revogação de mandato pelo qual os eleitores podem destituir representantes eleitos. Tal forma não possui previsão no Brasil. r•~ ! i 28 Op. cit., p. 194-195. São características dos regimes ditatoriais o emprego da força para a manutenção do Poder; a usurpação de direitos individuais, como o voto,
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