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ARTIGO REDUZIR O BULLYING ATRAVES DAS PRATICAS PEDAGOGICAS

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REDUZIR O BULLYING ATRAVÉS DAS PRÁTICAS PEDAGÓGICAS
 
 
 ROCHA, Maria Sandra de Jesus
MONTESCHIO, Valéria Juliana Tortato 
 RESUMO
A violência que sofre a sociedade hoje, tem a ver com as mudanças internas que vem sofrendo em seus mais variados campos. A presente pesquisa tem como objetivo principal, analisar como as práticas pedagógicas podem ser importantes técnicas, para que seja possível em sala de aula prevenir ou diminuir a violência como o bullying. Para realização deste trabalho, utilizou-se como método a pesquisa bibliográfica, com abordagem qualitativa. Foram escolhidas as obras/artigos mais relevantes para o tema, através de livros, dissertações, teses e revistas cientificas renomadas. Observou-se que, uma das dificuldades mais complicados vivenciados pela escola sem dúvida é a indisciplina que tem se qualificado como fonte intensa de estresse nas relações interpessoais, nomeadamente ao associar-se a casos de conflito no interior da sala de aula. O presente trabalho apresenta reflexões acadêmicas sobre a violência, trazendo nas primeiras seções um panorama parcial, definições e considerações sobre a temática, enfocando nas seções que se seguem, a violência nos espaços escolares, suas contextualizações e possíveis soluções coletivas. O bullying é exibido como um problema social que colonizou na escola, trazendo sempre diversos problemas de ordem estrutural, política e pedagógica. Destaca-se a necessidade de uma atitude participada em relação à violência, investindo em muitas vezes na prevenção. A escola necessita deixar de lado todas as formas de repressão e priorizar um ensino pautado na conversa, na participação, na construção coletiva de normas e no afeto.
Palavras Chave: Bullying. Escola. Violência.
1.INTRODUÇÃO
Tem-se conhecimento e assim a Organização Mundial da Saúde (OMS) afirma a violência como um problema importante e crescente de saúde pública no mundo, dadas as suas sérias implicações para indivíduos, famílias, comunidades e países de acordo com Lopes Neto & Saavedra (2003). Deste modo as pesquisas apontam danos para a saúde física e mental de quem sofre a violência. Vale destacar que nas últimas décadas, esta passou a ser reconhecida como um fator de risco para o desenvolvimento humano. 
É de extrema importância enfatizar que fechar os olhos para assuntos incômodos que comprometem toda a sociedade como no caso da violência chamada bullying, só dificulta as relações entre professores e alunos e traz reflexos negativos à aprendizagem.
Neste contexto, a presente pesquisa teve como objetivo principal, analisar como as práticas pedagógicas podem ser importantes técnicas, para que seja possível em sala de aula prevenir ou diminuir o bullying.
As escolas estão presenciando um momento delicado, em especial no que se menciona ao bullying, tanto em sala de aula quanto no ambiente escolar. Esta ocorrência explica estar obtendo proporções cada vez mais sérias através dos tempos. Estudar e discutir o que se aprende por indisciplina e quais são as suas causas é um assunto constante nos debates e discussões entre pais e professores que se veem envolvido com a arte de educar.
Para realização deste trabalho, utilizou-se como método a pesquisa bibliográfica, com abordagem qualitativa. Foram escolhidas as obras/artigos mais relevantes para o tema, através de livros, dissertações, teses e revistas cientificas renomadas. Assim, entende-se que essa pesquisa, por ser uma revisão bibliográfica, os dados já estão organizados, sendo necessário apenas analisa-los de acordo com o objetivo de pesquisa proposto.
2. O PROBLEMA DA VIOLÊNCIA ESCOLAR
Entende-se que em regra o ambiente escolar é um espaço essencial no processo de socialização do indivíduo, marcando a transição da infância à adolescência. Sendo assim, necessita se distinguir por ser um local seguro, que apresenta proteção ao adolescente, além de prepará-lo para o futuro e oferecer um eficaz processo de ensino-aprendizagem, sempre primando pelo bem-estar dos seus estudantes. Em seu entorno acontecem múltiplas relações interpessoais, entre alunos e professores, alunos e colegas de classe, professores e administração. O que se demonstra é que essas relações estão sobrecarregadas de significados, de símbolos a nível micro e macro social, pois os laços positivos e negativos que são estabelecidos representam a comunidade em que estão inseridos, bem como a política, economia, valores éticos e morais, a cultura, o contexto sócio-histórico (NEVES, REZENDE & TORO, 2010).
A grave crise de segurança que atinge as cidades brasileiras é, cada vez mais, um desafio para os educadores. Destarte que a pouca importância dada à própria formação corrobora o descompasso entre o ensino e o dia-a-dia, refletindo o desinteresse de alunos e professores pela escola e a forma de materialização do direito à educação. Logo o desconforto ao se tratar a respeito de violência é simples de compreender, pois levar temas como medo, agressividade, drogas e gangues para a sala de aula não parecem combinar com o papel construtivo e pacificador da escola. (POLATO, 2007)
Avaliando que a cultura da violência está cada ocasião mais presente nos dessemelhantes ambientes sociais, da família ao Estado, pode-se assegurar que a escola não está imune a esta dinâmica. Portanto a solução para esta problemática é, em comum, buscada acentuando-se as políticas de segurança. Deste modo as situações passam a ser unicamente uma questão de segurança, de responsabilidade da polícia. Certamente mais polícia nas ruas e nas escolas, mais repressão e punição, mais controle. Logo é reforçada a lógica da contraposição de forças, o que é oposto a uma cultura de paz. (CAPRA, 2005)
Sendo assim, Ristum (2004) abordam essa complexidade através de quatro aspectos: a polissemia do conceito e os problemas da definição de violência a violência é exibida na literatura de diferentes formas, sob várias classificações e rotulações; a discussão na delimitação do objeto da violência que pode adquirir diferentes formas e níveis, variando de acordo com as normas socioculturais e legais, a quantidade, a variedade e a interação de suas causas um fenômeno multideterminado, sendo que os diferentes fatores se expõem em interação, e, por fim, a falta de consenso sobre a natureza da violência a literatura apresenta entendimentos diferentes acerca desse assunto, tendendo, de modo geral, ou para posições inatistas ou para posições que defendem a gênese social da violência.
O fenômeno da violência escolar não é atual, apesar de a produção de pesquisas na área ainda necessite de muitas outras investigações. Portanto que para determinar e demarcar fronteiras da violência escolar é complicado, pois o significado de violência não é consensual. De acordo com a literatura, são muitos os termos empregados a fim de distinguir o que vem a ser violência escolar. Então o que conceitua ou caracteriza comportamentos violentos? Nos Estados Unidos, várias pesquisas sobre violência na escola recorrem à expressão delinquência juvenil. Já na Inglaterra, a expressão violência escolar é empregada no caso de conflito entre estudantes e professores, ou no caso de atividades que levam à suspensão, atos disciplinares e prisão. (ABRAMOVAY, 2004)
Conforme entendimento de Charlot (2002), o conceito de violência escolar pode ser considerado em três planos: o da violência propriamente dita, o das incivilidades e o da violência simbólica ou institucional. Sob o primeiro rótulo, estariam os atos de violência prontamente identificados pelo senso comum como golpes, ferimentos, violência sexual, roubos, crimes, vandalismo, etc. Sob o segundo, estariam às humilhações, as palavras grosseiras, a falta de respeito etc. Já no terceiro estaria às práticas que nem sempre são avaliadas pelos atores como manifestações de violência, possivelmentepor estarem arraigadas no cotidiano das escolas, como, por exemplo, a violência que se estabelece nas relações de poder em sala de aula ou a minimização da importância do professor no contexto escolar.
Por sua vez, Negrão e Guimarães (2006, p.02) destacam a necessidade de um estudo reflexivo acerca da violência e da indisciplina, "pois ambos os conceitos parecem estar travados, segundo a percepção de grande parte dos educadores. E mesmo na literatura especializada, existem divergências quanto à conceituação e diferenciação dos termos". A indisciplina na escola tem sido motivo de reclamações por parte dos professores, especialmente daqueles que agem na educação básica. Por preencher, entre outras, a função de auxiliar os professores no seu fazer pedagógico o supervisor encontra-se muitas vezes sem respostas a tais reclamações e duvidas frente às demonstrações de indisciplina dos alunos expostas por educadores.
Como bem esclarece Sposito (2001) a violência escolar propaga aspectos epidêmicos de processos de natureza ampla, até insuficientemente conhecidos. Portanto, uma primeira dificuldade quando se trata da conceituação da violência é sua grande diversidade, fato que determina uma apropriada e precisa delimitação empírica, pois a ambiguidade do conceito comporta uma variedade de comportamentos, tais como indisciplina, assédio moral, entre outros. Deste modo, os vários usos de definição da palavra violência levam a alterações significativas no conjunto das ações escolares.
Depressa a articulação com agentes externos à escola é avaliada pela teoria como uma das fundamentais medidas para a prevenção da violência escolar e necessita fazer parte da raiz de qualquer projeto de prevenção, na expectativa de um trabalho em rede envolvendo: famílias; representantes/promotores de políticas públicas (nas três esferas de governo); representantes da Vara da Infância e Conselho Tutelar; representantes das polícias (Guarda Municipal, Polícia Militar, Bombeiros); representante da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), representantes da Comunidade Local/Bairro/ONGs (Organização Não Governamental). (ELIAS, 2009)
Vale ressaltar que encontros e reuniões repetitivas em meio à os profissionais da escola podem convir para organizar as ações, expandir os conhecimentos a respeito de o assunto, compartilhar informações e propostas, reavaliar as estratégias, acompanhar os progressos e fortalecer os vínculos dos envolvidos. Deste modo as propostas cooperativas e coletivas costumam ser competentes e produzir resultados positivos. (CHALITA, 2008, p.204)
De acordo com Cubas (2007, p. 47) vale frisar que os professores não podem ser habilitados somente para educarem seus alunos nas disciplinas que fazem parte do currículo, carecem desenvolver a capacidade de interferir e de impedir comportamentos agressivos.
Destarte que a educação está no centro do processo da construção da paz, pois é por meio dela que se causa nos indivíduos os valores avaliados como fermento da paz: o respeito, a cooperação, a solidariedade, a igualdade, a liberdade, a justiça, a não violência, a tolerância, a democracia, em meio a outros. Assim a educação promove também o desenvolvimento do espírito de abertura, fator essencial, num mundo em que a interdependência das nações e dos povos se intensifica de dia para dia. Portanto educar para a paz não é combater a diferença, porém compreendê-la e explicá-la. É estar aberto ao diálogo numa atitude de respeito e de aceitação pelas diferenças de cada indivíduo, com vista à edificação de uma cultura de paz. (ALMEIDA, 2003)
Tem-se conhecimento que a educação traz um papel essencial no procedimento de “implantação” da paz entre as nações, por permitir a sensibilização dos educandos para as questões sociais, ambientais e relacionais de sua realidade local e global. Sendo, portanto, a educação para a paz pode colaborar para a ampliação da consciência dos alunos em relação aos problemas sociais, a fim de procurar formas plausíveis, logo existentes ou não, de resolução desses problemas. (GUIMARÃES, 2006)
Assim no ponto de vista de Martins (2006), estabelecer a cidadania na escola diz educar para os valores universais com que adoraríamos de planear o nosso futuro e cativar novamente o mundo. Sugere, ainda, rever a escola por meio de uma nova vivência do espaço educativo, das relações entre educadores e alunos, das influências do meio escolar na comunidade local e das responsabilidades individuais e coletivas e no amor ao conhecimento. Logo tudo isso de um ponto de vista não puramente acadêmico, entretanto compreendido como um processo total de transformação de valores éticos e atitudes.
Competirá à escola com a sua função social e política, transformar-se em espaço de convivência saudável, portanto, construindo e vivenciando práticas de Cultura de Paz, como condição para garantir o sucesso da educação. Assim sob essa ótica, de acordo com Ribeiro (2006, p. 167) “educar para Paz é, aprender a descobrir e enfrentar os conflitos para resolvê-los adequadamente; é possível encontrar nos conflitos cotidianos escolares, através de análise destes, soluções contrárias à violência”. 
2.1 Bullying: um tipo diferente de violência na escola 
Uma das formas de violência escolar, que tem merecido ampla atenção por parte dos pesquisadores nas últimas décadas, tem sido chamada, na literatura internacional, como bullying. Portanto Bullying é uma forma de violência frequente advinda entre colegas na escola. Nota-se que ela pode ser de natureza física, psicológica e/ou sexual sendo determinada como modalidade de violência na qual um ou mais alunos agridem outro (ou outros), de forma repetitiva, por certo período de tempo. (WILLIAMS,2004)
Adotada por diferentes países para conceituar alguns comportamentos agressivos e antissociais o Bullying é uma palavra de procedência inglesa, que foi e é um termo muito usado nos estudos realizados sobre a problemática da violência escolar, que assevera Fante (2005, p. 21), acontece de forma velada, por “meio de um conjunto de comportamentos cruéis, intimidadores e repetitivos, prolongadamente contra uma mesma vítima” e com grande poder destrutivo, pois fere a “área mais preciosa, íntima e inviolável do ser- a alma”. O bullying vem se disseminando nos últimos anos”, tendo como resultados os nefastos massacres em escolas localizadas nas mais diversas partes do mundo”, incluindo o Brasil.
De acordo com Constatini (2004) o bullying “é um comportamento ligado à agressão verbal, física ou psicológica que pode ser realizada tanto individual quanto grupalmente”. O bullying é um procedimento próprio das relações interpessoais, em que os mais fortes convertem os mais frágeis em objetos de diversão e prazer através de “brincadeiras” que disfarçam o propósito de maltratar e intimidar.
Conforme entendimento de Ramirez (2001), a vítima de bullying na maioria das vezes é elegida por particularidades físicas ou psicológicas que a tornam diferente dos outros: obesidade, uso de óculos, sardas, baixa estatura, deficiência física, dificuldade de aprendizagem ou um sotaque de outra região e outros aspetos culturais, étnicos ou religiosos. O fato de sofrer bullying não é culpa da vítima, pois nenhuma pessoa pode ser responsabilizada por ser diferente. Neste sentido, a diferença seria somente um pretexto para que o agressor atenda uma necessidade que é dele mesmo: a de agredir. Deste modo, as características físicas ou psicológicas, justificam o estigma atribuído. Aí o preconceito é estabelecido, promovendo e naturalizando as palavras e ações violentas. 
Na maioria das vezes, as razões que levam a esse tipo de violência são muito variadas e estão relacionados com as experiências que cada estudante tem em sua família e/ou comunidade, o que compreende os fatores econômicos, sociais e culturais, mas ainda a própria personalidade do indivíduo e as influências da rede social. Algumas possíveis causas são: a convivência em ambientes agressivos; relações familiares sem diálogo e sem afetividade; presença de violência doméstica no contextofamiliar; a influência da mídia e a exposição a jogos violentos e destrutivos (VIEIRA, MENDES & GUIMARÃES, 2009).
Segundo entendimento de Beane (2006) alguns são vítimas pelas diferentes características físicas que exibem, como ser: magro, obeso, gago, cor diferente, usar aparelho nos dentes ou ter problemas de saúde como asma, bronquite, problemas de pele ou ser portador de síndrome ou doença rara. Outras razões existem que podem indicar as possíveis vítimas, como: praticar um credo religioso diferente da maioria dos colegas ou por frequentar desportos elitistas como: ténis, golfe, remo, vela ou kart. Os comportamentos de superproteção pelos familiares podem impedir a criança de desenvolver e criar mecanismos de defesa social, levando-a a ter medo e por consequência poucos amigos.
Deste modo pode-se dizer que cada dia maior vem sendo a ocorrência de bullying e as consequências são arrasadoras no desenvolvimento das crianças, na construção da autonomia e na autoestima dos adolescentes. Moz e Zawadski (2007, p.19) descrevem o caso de um jovem que cometeu um suicídio para fugir do sofrimento psíquico o qual era submetido na escola. O adolescente deixou um bilhete à sua mãe assim dizendo:
Eu poderia pegar uma arma e atirar em todos os meninos, mas não sou uma pessoa má. Também não vou dizer quem são os bullies. Você sabe que eles são. Eu ria por fora e chorava por dentro. Mãe, depois da minha morte, vá até a escola e fale com os meninos. Diga para que parem com o bullying, uns sobre os outros, pois isto machuca profundamente. Estou tirando a minha vida para mostrar o quanto machuca. (MOHARIB, apud. Moz e Zawadski, 2007).
Monteiro (2008) assevera que o bullying não é um acontecimento atual mais exclusivamente agora vem sendo reconhecido como causador de danos e merecedor de medidas particulares para a sua prevenção e enfrentamento, pois no dia-a-dia escolar enfrentam-se complexas questões sociais, no qual o conhecimento pedagógico não consegue encarar sozinho, precisando saberes de outros técnicos.
Pode-se dizer, que apesar do bullying ser um problema difícil e de existir muitas diferenças entre os comportamentos abrangidos, pode-se determinar como sendo um abuso sistemático de poder e compreendê-lo de um modo globalizante. Analisar as características psicológicas do agressor e as diferentes formas que a agressão pode adquirir é um estudo conexo, pois desta forma se pode compreender melhor o bullying e estar mais organizados para assim o combater segundo entendimento de Matos (2001) 
 Observou-se que o bullying caracteriza-se por ser um problema mundial descoberto em todas as escolas, sejam elas privados ou públicas, o que vem se ampliando e muito nos últimos anos. A conduta bullying nas instituições de ensino tem sido um sério problema, pois causa um aumento expressivo da propagação da violência entre os alunos.
2.2 Práticas pedagógicas para prevenir ou reduzir o bullying em sala de aula
Cabe enfatizar que as experiências vivenciadas no espaço escolar tornam-se lembranças que os sujeitos carregam por toda a sua vida, desse jeito à escola carece está atenta nas práticas educativas propostas e objetivar a promoção de atividades que beneficiem a influência mútua entre os estudantes, atividades estas que por consequência irão estreitar os laços entre os alunos consentindo uma maior aproximação entre estes, permitindo a construção de novas amizades ou fortalecendo as agora existentes. (NETO, 2005)
A prevenção tem que começar cedo, devendo advir em meio às tarefas diárias do espaço escolar e da educação e formação dos jovens para cidadania, e não somente nas grandes campanhas de “conscientização”, por mais úteis que elas possam ser. Logo o papel essencial nessa prevenção carece ser exercido por aqueles que administram a educação em base cotidiana, contando, se imperativo, com a ajuda de outros profissionais, especializados ou não: além dos professores e funcionários, as famílias e as comunidades. (CHRISPINO, 2002)
Deste modo, prevenir a violência escolar sugere em desenvolver amplos programas de formação, da maior compreensão, profundidade e regularidade possível. Assim nessa acepção, aos Projetos de Prevenção recomenda-se a realização de atividades diversas. Contendo o desenvolvimento de atividades extraclasse, de modo óbvio com o envolvimento de todos os alunos, mediante campanhas várias, conseguindo espaços na mídia, e realizando atividades lúdico-pedagógicas na cidade. Percebem-se essas atividades significativas para o alargamento do espaço educativo da escola e do currículo, revelando inovações educativas interessantes. (SERRANO, 2007)
Por se apresentar de forma oculta, muitas vezes a escola só toma conhecimento dos casos de bullying, quando estes depressa tomaram proporções assombrosas, comumente quando os pais após tiver detectado em seus filhos os sinais referentes ao bullying, comunicam ao corpo docente da escola, ou quando sucede algum fato de relevante gravidade na instituição de ensino. Portanto o adequado seria que as escolas buscassem debater a respeito de esse tipo de violência antes mesmo que ela venha a se fazer presente no espaço escolar, assumindo uma atitude de conscientização, comprometimento e prevenção de combate ao bullying. Assim destaca Fante, (2005)
 Conhecer a realidade da escola – conscientização – e assumir o compromisso de intervir nos problemas – comprometimento – são os dois passos decisivos para começar a abordar a questão da violência em uma escola: primeiro, portanto, a conscientização, e segundo, o compromisso. (FANTE, 2005, p.97).
Vale destacar, que as atividades culturais e de lazer compõem uma implicação bastante expressiva para o currículo no trabalho da prevenção e aponta para a probabilidade da realização de atividades culturais e de lazer com vistas a propiciar a aproximação e interação das pessoas consigo mesmas e com os demais de forma lúdica, descontraída, em que o direito à diversão apareça. Oportunidades essas que possam colaborar para o fortalecimento da identidade cultural local e para o processo educativo. (SERRANO, 2007)
Por sua vez, Costantini (2004) ressalta algumas estratégias de prevenção às consequências do bullying, como, ajustar a escuta e a empatia, incitar o diálogo, constituir relações e contextos afetivamente expressivos, desenvolver a reflexão crítica, incentivar a participação, estabelecer regras e limites desde os primeiros anos de vida e responsabilizar-se por si mesmo e pelos outros. Entretanto embora de advertir tais instrumentos de interferência, o autor esclarece que:
[...] não há respostas infalíveis e cem por cento eficazes; ninguém tem uma varinha de condão, mas, sim, propostas de intervenção, cujos efeitos já foram experimentados em várias ocasiões, que podem ser usadas ou não para enfrentar uma relação mais difícil. (COSTANTINI, 2004, p. 21-22).
As relações professor/aluno, fundamentadas em comunicação; as atividades extracurriculares compartilhadas; a disciplina justa e coerente em sala de aula; o estímulo para o desenvolvimento da autoestima nos alunos; o incentivo à participação de trabalhos em equipe e as avaliações mais regulares e coerentes e em sintonia com os conteúdos ensinados são algumas das soluções que amenizam e previnem os problemas de insegurança e violência nas escolas. (CECCON, 2009)
Destarte que o Projeto “Escola que Protege - Educadores e Agentes Comunitários Fazendo Cultura de Paz: combate às violências na escola” traz como proposta mediadora colaborar para a formulação de ações que revelem e viabilizem alternativa para a escola e seus jovens que, em sua maior parte, vive em situação de vulnerabilidade social. Logo todos os envolvidos no processo de superação das violências no ambiente escolar, muitas vezes se deparam com algumas certezas ou muitos questionamentos. Portanto é pensando dessa maneira que muitas escolas envolvidas no Projeto ora citado, desenvolveram projetos e transformaram a escola em espaço alternativo de educação. (RIBEIRO, 2006)
A escola necessita pronunciar políticas de prevençãoe de intervenção de uma forma consciente, responsável e democrática, para que quando aconteçam casos graves de bullying na escola, todos estejam organizados para atuar com responsabilidade social e de forma segura.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A violência praticada dentro da escola tem, gradualmente, se transformado em um grave problema para a sociedade brasileira, sobretudo no que se refere aos seus centros urbanos, seguindo uma convergência mundial de aumento deste acontecimento. Entretanto, o grau de compreensão e a pesquisa nacional acerca das causas que regem a violência estão em defasagem com o ritmo de desenvolvimento da incidência destes crimes.
A ação da escola na prevenção e combate ao problema, do mesmo modo como a postura tomada frente às conjunturas de violência igualmente apresenta suas implicações. Caso a escola fique omissa perante o bullying e ignore em muitos casos às práticas agressivas, achando que é uma atitude de criança e/ou uma brincadeira sem importância, as agressões podem se intensificar.
A escola precisa ser um lugar seguro para todos os que dela fazem parte, no entanto tem-se conhecimento que nem sempre é o que acontece. Presentemente a escola dispõe de meios para interferir a favor da estabilidade de todos. Para que tal ocorra os agrupamentos necessitam contemplar no Projeto Educativo de Escola as medidas seguir em caso de bullying. Um Projeto Educativo tem de ser enfrentado como o bilhete de identidade da escola, uma vez que é nele que se determinam as metas, finalidades a prosseguir e as políticas que se pretendem desenvolver.
Pode-se concluir com esse trabalho, que romper com a dinâmica do bullying no ambiente escolar é algo complicado, que não sucede de uma hora pra outra. Complicado pela dificuldade em se identificar os autores, pois comumente as agressões não são denunciadas e são experimentadas silenciosamente. Sabe-se que as vítimas se silenciam pelo medo de que as agressões se avivem e os espectadores por medo de tornarem-se às próximas vítimas.
REFERÊNCIAS
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1. Graduanda em Pedagogia pela instituição Fael
2. Orientadora de Trabalho de Conclusão de Curso da instituição Fael

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