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AULA DE SISTEMA do sistema único de saúde

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O SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE
A Reforma Sanitária Brasileira buscou um novo padrão de intervenção do Estado na saúde, em um período de declínio das concepções socialistas com predomínio da idéias neoliberais. Seus ideais fundamentavam-se no direito universal a saúde, atenção integral, descentralização com importante grau de democratização, quando da formação e execução de políticas públicas. Como também, na equidade, na organização de uma rede hierarquizada e regionalizada e na participação da população nas políticas públicas de saúde (controle social). 
A Constituição Federal de 1988, tornou esse ideal possível através da criação do Sistema Único de Saúde com a Lei Orgânica de Saúde (LOS) nº 8.080 / 90 e a Lei Orgânica de Saúde (LOS) nº 8.142 / 90. 
O SUS possui por objetivos finais, dar assistência à população baseada no modelo da promoção, proteção e recuperação da saúde – para que assim, busquemos os meios – processos, estruturas e métodos – capazes de alcançar tais objetivos com eficiência e eficácia e, torna-lo efetivo em nosso país. Estes meios, orientados pelos princípios organizativos da descentralização, regionalização, hierarquização, resolutividade, participação social e complementaridade do setor privado, deve se constituir em objetivos estratégicos que dêem concretude ao modelo de atenção a saúde desejado para o Sistema Único de Saúde. 
PORQUE SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE?
Porque ele segue a mesma doutrina e os mesmos princípios organizativos em todo o território nacional, sob responsabilidade das três esferas autônomas de governo federal, estadual e municipal. Assim, o SUS não é um serviço ou uma Instituição, mas um sistema que significa um conjunto de unidades, de serviços e ações que interagem para um fim comum. Esses elementos integrantes do sistema referem-se ao mesmo tempo, às atividades de promoção, proteção e recuperação da saúde.
QUAL A DOUTRINA DO SUS?
 Baseado nos preceitos Constitucionais, a construção do SUS se norteia pelos seguintes princípios:
Universalidade: todas as pessoas têm direto à saúde, independente de cor, raça, religião, local de moradia, situação de emprego ou renda e etc. A saúde é direito de cidadania e dever dos governos municipal, estadual e federal. Deixa de existir, com isso, a figura do “indigente” para a saúde (brasileiros ao incluídos no mercado formal de trabalho).
Equidade: Todo cidadão é igual perante o SUS e será atendido e acolhido conforme as suas necessidades. Os Serviços de saúde devem considerar que em cada população existem grupos que vivem de forma diferente, ou seja, cada grupo ou classe social tem seus problemas específicos, com diferenças em relação ao seu modo de viver, de adoecer, e também diferentes oportunidades de satisfazer suas oportunidades de vida. Assim, os serviços de saúde devem saber quais são as diferenças dos grupos da população e trabalhar para atender a cada necessidade, oferecendo mais a quem mais precisa, diminuindo as necessidades existentes. O SUS não pode oferecer o mesmo atendimento a todas as pessoas, da mesma maneira, em todos os lugares naquilo que necessitam.
Integralidade: As ações de saúde devem ser combinadas e voltadas ao mesmo tempo para a prevenção, a promoção, a cura e a reabilitação. Os serviços de saúde devem funcionar atendendo o indivíduo como um ser humano integral submetido as mais diferentes situações de vida e trabalho, que o leva a adoecer e a morrer. Além disso, o indivíduo não deve ser visto como um amontoado de partes. O indivíduo é um ser humano, social, cidadão que, biológica, psicológica e socialmente, está sujeito a riscos de via. Desta forma, o atendimento deve ser feito para a sua saúde e não somente para as suas doenças. Isto exige que o atendimento deva ser feito também para erradicar as causas e diminuir os riscos, além de tratar os danos. Ou seja, é preciso garantir o acesso as ações: promoção, proteção e recuperação da saúde, como também ter uma visão holística do indivíduo que busca esse acesso a saúde e não de forma cartesiana em partes fragmentadas
Descentralização: é entendida como uma redistribuição das responsabilidades às ações e serviços de saúde entre vários níveis de governo, a partir da idéia de que quanto mais perto do fato a decisão for tomada, mas chances haverá de acertos. Deverá haver uma profunda redefinição das atribuições dos vários níveis de governo, com um nítido reforço de poder municipal sobre a saúde – a este processo dá-se o nome de municipalização. Aos municípios cabe, portanto, a maior responsabilidade na implementação nas ações de saúde diretamente voltadas para os seus cidadãos. A Lei 8.080/90 e as NOBs (Norma Operacional Básica do Ministério da saúde), que se seguiram, definem precisamente o que é obrigação de cada esfera de governo. A descentralização dá maior autonomia aos Estados e Municípios, porém podem surgir interesses individuais em detrimento do coletivo, rompendo com a idéia de sistema (rede), como também a formação de heterogeneidade entre os diferentes Municípios formando iniqüidades.
Regionalização e Hierarquização: a rede de serviços do SUS deve ser organizada de forma regionalizada e hierarquizada. O acesso da população a rede deve se dar através dos serviços de nível primário de atenção, que devem estar qualificados para resolver os principais problemas que demandam aos serviços de saúde. O Município que não for capaz de gerir serviços de maior complexidade deverá referenciar a demanda por esses serviços ao Município Pólo. A hierarquização permite um conhecimento maior dos problemas de saúde da população de uma área delimitada, favorecendo ações de vigilância epidemiológica e sanitária, controle de vetores, educação em saúde, além das ações de atenção ambulatorial e hospitalar em todos os níveis de complexidade. 
Resolutividade: esse sistema deve estar apto, dentro do imite de sua complexidade e capacidade tecnológica a resolver os problemas de saúde que levem um paciente a procurar os serviços de saúde em cada nível de assistência. Deve, ainda, enfrentar os problemas relacionados ao impacto coletivo sobre a saúde, a partir da idéia de que os serviços de saúde deve se responsabilizar pela vida dos cidadãos de sua área ou território de abrangência, resolvendo-os também até o nível de sua complexidade.
Participação dos cidadãos: é a garantia constitucional de que a população através de suas entidades representativas poderá participar do processo de formulação das políticas de saúde e do controle de sua execução, em todos os níveis, desde o federal até o local. Essa participação deve se dar nos Conselhos de Saúde (nacional, estadual, municipal e local), com representação paritária de usuários, governo, profissionais de saúde e prestadores de serviços, com poder deliberativo. As Conferências de Saúde nas três esferas de governo são as instâncias máximas de deliberação, devendo ocorrer periodicamente e definir as prioridades e linhas de ação sobre a saúde. É dever das instituições oferecer informações e conhecimentos necessários para que a população se posicione sobre as questões que dizem respeito à saúde. A representação dos conselhos de saúde foi definida pela Lei 8.142/90 posteriormente à Lei 8.080/90, por não haver nesta, a inclusão da participação do cidadão nas políticas de saúde. Portanto a Lei 8.142/90 vem para garantir essa participação. 
Complementaridade do Setor Privado: A Constituição definiu que quando, por insuficiência do setor público, for necessária a contratação de serviços privados, isto se deve dar sob três condições:
A celebração do contrato conforme as normas de direito público;
A instituição privada deverá estar de acordo com os princípios básicos e normas técnicas do SUS;
A integração dos serviços privados deverá se dar na mesma lógica do SUS em termos de posição definida na rede regionalizada e hierarquizada dos serviços.
Dentre os serviços privados, devem ter referência os serviços não lucrativos (hospitais filantrópicos, SantasCasas), conforme determina a Constituição.
Assim, cada gestor deverá planejar primeiro o setor público e, na seqüência, complementar a rede assistencial com o setor privado não lucrativo, com os mesmos conceitos de regionalização, hierarquização e universalização.
	Com a necessidade de tornar mais operacional o Sistema Único de saúde, uma vez que a realidade na área de saúde variava conforme a situação de cada governo na esfera Estadual e Municipal foram criadas as Normas Operacionais Básicas de saúde (NOB / 91, NOB / 93 e NOB / 96), com o intuito de normatizar as formas de trabalho entre as 3 esferas do governo (Estado, Município e Governo Federal). 
	
Norma Operacional Básica de Saúde de 1996 (NOB / 96)
Papel do gestor Municipal: planejar, organizar, controlar e avaliar e pela auditoria as ações e os serviços de saúde (públicos e privados) e gerir e executar os serviços públicos de saúde.
Papel do gestor Estadual: exercer a gestão do SUS no âmbito Estadual, promover as condições e incentivar os poder municipal para que assuma a gestão da Atenção à saúde de seus Municípios, sempre na perspectiva da atenção integral, assumir em caráter transitório, a gestão da atenção à saúde daqueles Municípios que ainda não tomaram para si esta responsabilidade e ser o promotor da harmonização, da integração e da modernização dos sistemas municipais.
Papel do gestor Federal: exercer a gestão do SUS no âmbito Nacional, promover as condições e incentivar o poder estadual com vistas ao desenvolvimento dos sistemas municipais; fomentar a harmonização, da integração e da modernização dos sistemas estaduais; exercer as funções de normatização e de coordenação no que se refere à gestão nacional do SUS.
Modalidades de Gestão do Município
 - 	Gestão Plena da Atenção Básica: Municio é responsável por toda Atenção Básica (tanto públicas quanto privadas vinculadas ao SUS) e ações de vigilância epidemiológica e sanitária.
 - Gestão Plena do Sistema Municipal: Município é responsável por gerir todas a ações e serviços de saúde no Município (públicas e privadas). 
Financiamento do setor saúde
As transferências, regulares ou eventuais, da União para Estados e Municípios estão condicionadas a contra-partida destes níveis de governo através da PPI (Programação pactuada e integrada).
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