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PECA 07 18.04.11

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Jane, no dia 18 de outubro de 2010, na cidade de Cuiabá – MT, subtraiu veículo automotor de propriedade de Gabriela. Tal subtração ocorreu no momento em que a vítima saltou do carro para buscar um pertence que havia esquecido em casa, deixando-o aberto e com a chave na ignição. Jane, ao ver tal situação, aproveitou-se e subtraiu o bem, com o intuito de revendê-lo no Paraguai. Imediatamente, a vítima chamou a polícia e esta empreendeu perseguição ininterrupta, tendo prendido Jane em flagrante somente no dia seguinte, exatamente quando esta tentava cruzar a fronteira para negociar a venda do bem que estava guardado em local não revelado. Em 30 de outubro de 2010, a denúncia foi recebida. No curso do processo, as testemunhas arroladas afirmaram que a ré estava, realmente, negociando a venda do bem no país vizinho e que havia um comprador, terceiro de boa-fé arrolado como testemunha, o qual, em suas declarações, ratificou os fatos. Também ficou apurado que Jane possuía maus antecedentes e reincidente específico nesse tipo de crime, bem como que Gabriela havia morrido no dia seguinte à subtração, vítima de enfarte sofrido logo após os fatos, já que o veículo era essencial à sua subsistência. A ré confessou o crime em seu interrogatório. Ao cabo da instrução criminal, a ré foi condenada a 5 (cinco) anos de reclusão no regime inicial fechado para cumprimento da pena privativa de liberdade, tendo sido levada em consideração a confissão, a reincidência específica, os maus antecedentes e as consequências do crime, quais sejam, a morte da vítima e os danos decorrentes da subtração de bem essencial à sua subsistência. A condenação transitou definitivamente em julgado, e a ré iniciou o cumprimento da pena em 10 de novembro de 2012. No dia 5 de março de 2013, você, já na condição de advogado(a) de Jane, recebe em seu escritório a mãe de Jane, acompanhada de Gabriel, único parente vivo da vítima, que se identificou como sendo filho desta. Ele informou que, no dia 27 de outubro de 2010, Jane, acolhendo os conselhos maternos, lhe telefonou, indicando o local onde o veículo estava escondido. O filho da vítima, nunca mencionado no processo, informou que no mesmo dia do telefonema, foi ao local e pegou o veículo de volta, sem nenhum embaraço, e que tal veículo estava em seu poder desde então.
Com base somente nas informações de que dispõe e nas que podem ser inferidas pelo caso concreto acima, redija a peça cabível, excluindo a possibilidade de impetração de Habeas Corpus, sustentando, para tanto, as teses jurídicas pertinentes.
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MATO GROSSO 
 
 
JANE, nacionalidade, estado civil, profissão, portadora do documento de identidade nº..., residente e domiciliada na Rua..., nº..., Bairro, Cidade, Estado, vem à presença de Vossa Excelência, por seu defensor, com fulcro no artigo 621, inciso I do Código de Processo Penal, requerer a REVISÃO CRIMINAL, pelos motivos de fato e de direito a seguir expostos.
DOS FATOS
Na data dos fatos, em 18/10/2010, a ré fora presa em flagrante delito, ocasião em que subtraiu veículo automotor de propriedade de Gabriela, no momento em que a vítima saltou do carro para buscar um pertence que havia esquecido em casa, deixando-o aberto e com a chave na ignição. A ré, ao ver tal situação, aproveitou-se e subtraiu o bem, com o intuito de revendê-lo no Paraguai. Imediatamente, a vítima chamou a polícia e esta empreendeu perseguição ininterrupta, tendo prendido Jane em flagrante somente no dia seguinte, exatamente quando esta tentava cruzar a fronteira para negociar a venda do bem que estava guardado em local não revelado.
Recebida a denúncia em 30/10/2010, seguiu-se a instrução, e as testemunhas arroladas afirmaram que a ré estava, realmente, negociando a venda do bem no país vizinho e que havia um comprador, terceiro de boa-fé arrolado como testemunha, o qual, em suas declarações, ratificou os fatos. Também ficou apurado que a ré possuía maus antecedentes e era reincidente específico nesse tipo de crime, bem como que Gabriela havia morrido no dia seguinte à subtração, vítima de enfarte sofrido logo após os fatos, já que o veículo era essencial à sua subsistência. 
A ré confessou o crime em seu interrogatório. Ao final da instrução criminal, a ré foi condenada a 5 (cinco) anos de reclusão no regime inicial fechado para cumprimento da pena privativa de liberdade, tendo sido levada em consideração a confissão, a reincidência específica, os maus antecedentes e as consequências do crime, quais sejam, a morte da vítima e os danos decorrentes da subtração de bem essencial à sua subsistência. A condenação transitou definitivamente em julgado, e a ré iniciou o cumprimento da pena em 10/11/2012.
Contudo, em 27/10/2010, antes de ser denunciada e acolhendo os conselhos maternos, a ré indicou o local onde o veículo estava escondido. O filho da vítima, nunca mencionado no processo, informou que, no mesmo dia do telefonema, foi ao local e restituiu o veículo, sem nenhum embaraço, bem como que tal veículo estava em seu poder desde então. Trata-se de fato novo que não consta dos auto do processo-crime nem foi levado a conhecimento do douto representante do Ministério Público, tampouco do juiz sentenciante, antes da condenação, fato este que justifica a interposição do presente pedido de revisão, para fins de restabelecer a justiça da decisão.
DO DIREITO 
Após a sentença, foi descoberta causa especial de diminuição de pena, prevista no art. 16 do Código Penal, qual seja, arrependimento posterior. O filho da vítima confessou que, anteriormente ao recebimento da denúncia, por ato voluntário, a ré restituiu a “res furtiva”, sendo certo que tal restituição foi integral e que, portanto, a ré faz jus ao máximo de diminuição. Assim, com base no art. 626 do Código de Processo Penal, deve ser considerada a causa de diminuição da pena, com a modificação da pena imposta.
De outra banda, a ré foi condenada como incursa na conduta tipificada no art. 155, §5º do Código Penal, com pena prevista de três a oito anos de prisão, recebendo em concreto a pena de cinco anos de reclusão em regime fechado. Veja-se que o juízo sentenciante desconsiderou a atenuante genérica da confissão, prevista no artigo 65, “d” do Código Penal. Os fatos narrados indicam que a dosagem da pena foi abusiva e contrária ao texto legal, não sendo contemplado em qualquer caso a desclassificação da conduta criminosa para furto simples, a restituição do produto do crime como circunstância de natureza pessoal a favor da ré para fins de concessão do regime semiaberto, bem como não tratou da confissão da ré por ocasião da dosimetria da pena, justificando-se, assim, a revisão criminal fundada no art. 621, I do Código de Processo Penal.
Além disso, o fato novo comprova que o veículo não chegou a ser transportado para o exterior, não tendo se iniciado qualquer ato de execução referente à qualificadora prevista no §5º do artigo 155 do Código Penal. Por isso, cabível a desclassificação do furto qualificado para o furto simples (artigo 155, caput, do Código Penal).
Além disso, o fato de a ré ter reparado o dano de forma voluntária prepondera sobre os maus antecedentes e demonstra que as circunstâncias pessoais lhe são favoráveis. Por isso, a fixação do regime fechado se mostra medida desproporcional e infundada, devendo ser abrandado o regime para o semiaberto, com base na Súmula 269 do Superior Tribunal de Justiça.
De outro lado, deve ser considerado que a ré restituiu a coisa furtada ao patrimônio da vítima, por intermédio de seu filho, herdeiro da vítima falecida, de forma livre e desembaraçada, no dia 27/10/2010, ou seja, antes do recebimento da denúncia. Sendo assim, a ocultação do bem objeto de furto, e que se constituiria prova no processo, se deu única e exclusivamente por ato do filho da vítima, não havendo o que se imputar à ré, devendo ser afastada a incidência do art. 630, §2º, “a”. Faz jus,portanto, ao benefício do art. 16 do Código Penal, uma vez que reparou integralmente o dano patrimonial, com a redução obrigatória da pena em 1/3 a 2/3 da pena base, na forma prevista art. 68 do Código Penal.
DO PEDIDO
Em face do exposto no artigo 626 do CPP, requer:
A desclassificação da conduta, de furto qualificado para furto simples;
A diminuição da pena privativa de liberdade, com fundamento no art. 626 do CPP;
A fixação do regime semiaberto para cumprimento da pena privativa de liberdade, ou a alteração, nesta fase revisional, do regime fechado para o regime semiaberto, nos termos da Súmula 269 do Superior Tribunal de Justiça.

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