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RESUMO - REVISÃO

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Direito Processual Civil II – Recursos
Conceito: é o meio idôneo para provocar a impugnação e, consequentemente, o reexame de uma decisão judicial na mesma relação processual, almejando a reforma, invalidação, o esclarecimento ou a integração da decisão.
Os recursos objetivam a segurança jurídica dos direitos das partes, a economia processual (proporcionalidade e razoabilidade) e a democracia processual. Muito embora, não seja célere.
O recurso é a continuação/prolongamento da relação processual já existente, não se forma um novo processo, é apenas uma etapa do procedimento. Portanto, não se confunde com nova ação.
Natureza jurídica dos recursos: taxatividade (rol taxativo do art. 496); análise por órgão judicial distinto daquele que proferiu a decisão.
Falando-se em inovação recursal, a regra dita a vedação em se inovar com fatos e fundamentos jurídicos através dos recursos. Cabendo, somente, recurso dos atos suscitados na decisão do juiz.
Exceção – Se tratando de questão de ordem pública; fatos supervenientes ou novas provas específicas conhecidas após a sentença, cabe inovação no recurso.
Fundamentos pelos quais se interpõem recursos: inconformismo das partes; erro judicial (in procedendo ou in judicando); reanálise do que foi julgado (esclarecimento). Portanto, diz-se que a voluntariedade é característica fundamental dos recursos, pois a parte que se sentir lesada com a decisão judicial, tem o ônus de recorrer e não a obrigatoriedade.
Obs.: Erro In Procedendo – consiste no erro do juiz ao proceder. É um erro de forma, decorre de falhas processuais. Gera a anulação da sentença de 1º grau. Consiste, portanto, em um vício formal contido na própria decisão do magistrado, considerado erro procedimental.
Obs¹.: Erro In Judicando – consiste no ato pelo qual o juiz se equivoca quanto à apreciação da demanda, seja porque erra na interpretação da lei, seja porque não adequa corretamente os fatos ao plano abstrato da norma. Consiste em erro material, erro no ato de julgar. Gera a reforma da sentença pelo juízo ad quem.
Os princípios dos recursos decorrem da interpretação e aplicação das regras:
Taxatividade – induz a existência de recursos, somente, citados pela lei. Não permite ao operador inovar nas espécies recursais.
Exceção – agravos internos.
Obs.: não cabe aos tribunais a criação de recursos.
Unirrecorribilidade ou Singularidade – cada decisão comporta uma única espécie de recurso. Diz respeito à quantidade. ≠ adequação (qualidade).
Exceções – Embargos de declaração (recurso genérico); Recurso especial e extraordinário (advindos do acórdão).
Obs.: No caso dos recursos extraordinários e especial a infringência é apenas aparente, uma vez que cada um dos recursos se refere a uma parte ou capítulo da decisão recorrida. Especial = matéria infraconstitucional (STJ); Extraordinário = matéria constitucional (STF).
Obs¹.: Para os embargos de declaração, diz-se aparente a infringência desse princípio, pois não há simultaneidade entre os embargos e o recurso que lhes suceder, vez que primeiro é interposto o embargo e só depois da decisão destes é que há ensejo para outro recurso. Em outras palavras, não se pode interpor recursos enquanto outros ainda estão pendentes.
Non Reformatio in Pejus – é defesa a reforma da decisão a fim de piorar o status processual para quem recorre. Entretanto, caso ambas as partes interponham recurso contra uma decisão, a princípio, não há de se falar em aplicação deste princípio. Vez que, dado provimento ao recurso de uma parte em detrimento de outro, pode ensejar, prejuízo a um dos recorrentes.
Exceção – questões de ordem pública, podem ex officio¸ ser utilizadas para agravar o direito das partes.
Voluntariedade – interpõe-se recurso a parte que manifestar vontade de fazê-lo, pois ninguém é obrigado a apresentá-lo. 
Fungibilidade – advém do princípio da instrumentalidade das formas. Privilegia-se o conteúdo em detrimento à forma. Possibilita a admissibilidade de um recursos erroneamente interposto por outro que deveria ter sido adotado, observando os requisitos: dúvida objetiva a respeito do recurso cabível e dúvida objetiva da decisão.
Exceções – não se acata o princípio da fungibilidade quando provada a má-fé e o erro grosseiro.
Duplo Grau de Jurisdição – possibilita à parte que submete matéria já apreciada e decidida a novo julgamento, por órgão hierarquicamente superior. Implícito na CF. 
Exceções – ações originárias no STF; ações no Juizado Especial, onde o mesmo órgão que julga em primeira instância faz parte da turma recursal para quem será destinado o recurso (mesmo órgão julga duas vezes).
Os Efeitos dos recursos são previstos pela lei, sendo vedada a liberdade do juiz de ditar os efeitos pelos quais recebe o recurso:
Obstativo ou Preclusivo – enquanto estiver pendente o recurso, a decisão não faz coisa julgada. Logo, obsta o trânsito em julgado (sentença ou acórdão) e a preclusão (decisão interlocutória).
Translativo – consiste no julgamento, pelo órgão superior, de matérias que não foram impugnadas no recurso. Ex.: matéria de ordem pública, não suscitadas pela parte, ainda que em segunda instância pois está acima do direito das partes (divergência doutrinária). 
Obs.: para recurso especial e extraordinário – posição favorável: pode ser reconhecida de ofício pelo julgador não precisando ser suscitada.
Obs¹.: posição contrária: não cabe efeito translativo porque a questão não foi prequestionada nas instâncias ordinárias.
Diferido – contido na interposição de recurso na forma adesiva, recurso tardiamente interposto, prazo diferido.
Regressivo;
Extensivo – o recurso interposto subsiste às partes e aos pedidos. Ocorre para pedidos dependentes, nos quais para ser analisado dependa do deferimento dos demais pedidos.
Exceção – R.A. interposto no litisconsórcio unitário unicamente com a finalidade de excluir a própria participação no pólo passivo.
Expansivo;
Suspensivo – impede a produção imediata das consequências e dos resultados da decisão recorrida, não surtindo efeitos (não sendo executável).
Não tem efeito suspensivo – recursos ordinário; especial; extraordinário; embargos divergentes.
Em regra, tem efeito suspensivo – apelação e embargos de declaração.
Em regra, não tem efeito suspensivo – agravos e embargos infringentes. Para que seja possível, deve demonstrar a relevância da causa, lesão iminente e dano irreparável.
Exceções – sentença que condena ou majora alimentos no direito de família; ações demarcatória e divisórias, por sua certeza (laudo pericial de um agrimensor) não há necessidade de discuti-lo por sua objetividade; tutela antecipada desde que confirmada na sentença, pois já vinha surtindo efeitos desde sua concessão; sentença que institui arbitragem; sentença em processo cautelar, pois se suspensa não manterá a relação jurídica.
Efeito suspensivo ativo – concede e converte o pedido da decisão interlocutória dando provimento ao recurso com efeito suspensivo.
Ex.: P.I. (ação de indenização por dano moral c/c pedido liminar – dec. Interlocutória nega a liminar – cabe agravo de instrumento com efeito suspensivo ativo – sobe para o julgamento do Tribunal – dá provimento ao efeito suspensivo do agravo e concede o pedido liminar.
Efeito suspensivo e liminar – P.I. (pedido liminar) – concedida por dec. Interlocutória – sentença nega a liminar – cabe apelação com efeito suspensivo para as duas decisões, pois uma decisão menos madura (liminar) não deve prevalecer sob uma mais madura (sentença).
Obs.: liminar (urgências, causas provisórias) x tutela antecipada (antecipação da sentença devido questão de direito ou de direito e de fato, considerada causa madura).
Efeito suspensivo e conexão – 
Ex.: Ação cautelar (preserva, congela a relação jurídica; após 30 dias, provido ou não o pedido deve-se entrar com a ação principal) x Ação principal (resolver a relação jurídica) – sentença – cabe apelação com efeito suspensivo.
Obs.: Por tratar de AÇÕES diversas, oúltimo recurso de apelação só suspende a sentença da ação principal. Devendo, para suspender a sentença da ação cautelar, entrar com outra apelação diversa da interposta para a ação principal.
Efeito suspensivo e limites – sentença – recurso de apelação que indica sob quais pretensões deverá atuar o efeito suspensivo. Subsistindo para as demais pretensões a coisa julgada.
Devolutivo – por esse efeito, a matéria recorrida é remetida/devolvida para a instância superior para ser julgada novamente. Em regra, vale para todos os recursos. O órgão julgador age mediante provocação da parte ou interessado e nos limites do pedido. Assim, os desembargadores atentam-se às pretensões aclaradas no recurso (quantidades) e aos fundamentos jurídicos que embasam tais pretensões, sendo obrigatória a análise e o julgamento de todos os pontos expostos pela parte. 
Obs.: o desembargador só pode julgar o aclarado pelo recurso, nos limites dos pedidos e fundamentos. Portanto, a apelação limita a atuação do juízo ad quem.
Obs¹.: parte da doutrina entende e considera que os embargos de declaração não possuem o efeito devolutivo, sendo, portanto, considerado exceção.
Quanto aos instrumentos que aparentam ser recurso (sucedâneo recursal), não o são pois não apresentam os mesmos requisitos exigidos legalmente para os recursos (admissibilidade), não há expressa previsão legal. “Aparentam mas não são” recursos:
Reexame necessário – assemelha-se ao recurso pois é levado a um órgão superior para julgamento. Utilizado quando tem-se decisões contra a Fazenda Pública.
Pedido de reconsideração – não está no rol do art. 496, não tem prazo, tem liberdade de petição, não é obrigatória a sua análise, não tem efeito de recurso, não interrompe e nem suspende prazo.
Correição parcial – é medida administrativa e destina-se à reparação de atos do juiz para o qual não haja previsão de recursos e que, em razão de erro (in procedendo) ou abuso, pode causar dano irreparável à parte. Utilizada na lei da Justiça federal e em regimentos internos dos Tribunais.
Obs.: normalmente o juiz converte em agravo retido.
Para que o Juízo de Admissibilidade possa ser positivo (conhecido) e seja acatado o recurso, alguns requisitos devem se fazer presentes:
Intrínseco (relacionado e dependente de análise da decisão recorrida e seu conteúdo; relacionados às condições da ação):
Legitimidade recursal/da parte – diz respeito àqueles que podem interpor recursos (partes, o terceiro prejudicado, o assistente simples e o MP tanto como custos legis ou parte).
Obs.: o juiz, os serventuários da justiça e o perito judicial não podem interpor recurso.
Interesse recursal/de agir – há de se falar em sucumbência para a possibilidade de recorrer. Em regra, só pode recorrer quem perde algo na demanda. O recurso deve ser útil e necessário.
Obs.: a sucumbência pode ser total ou parcial/recíproca.
Adequação/Cabimento – recurso adequado para a obtenção do resultado pretendido. Diz respeito a qualidade do recurso.
Obs.: não se permite interpor recurso contra decisão homologatória de acordo.
Extrínseco (requisitos ligado à peça recursal):
Tempestividade – refere-se ao prazo, peremptório que gera preclusão temporal se não cumprido. Assim, 5 dias para embargos de declaração; 10 dias para agravos; 15 dias para os demais recursos.
Obs.: a Fazenda Pública tem prazo dobrado para interpor recurso e prazo simples para contra razoar. 
Preparo – consiste no devido recolhimento e anexação das custas processuais ao recurso. Geralmente, toma por base o valor da causa. Deve ser apresentado no ato de interposição do recurso, sob pena de, estando em total falta de preparo, deserção (não sanável). Não efetuando o preparo, estando, portanto, deserto o recurso, ocorre a preclusão consumativa. Entretanto, a insuficiência de preparo pode ser resolvida: quando tiver sido recolhido menos do que deveria ou quando houver justo impedimento para efetuar o recolhimento (deve ser comprovado). Nesses casos, o juiz intima para que em 5 dias seja acertado devidamente o preparo.
Obs.: não se admite emenda para recolhimento de custas (exceção – insuficiência ou justo impedimento).
Obs¹.: a Fazenda Pública e o MP não recolhem custas.
Obs².: a decisão que releva a pena de deserção (pelo justo impedimento) é irrecorrível. Pode, entretanto, o Tribunal reexaminá-la de ofício ou mediante provocação do recorrido nas contrarrazões.
Causa impeditiva – diz-se desistência. Ocorre depois da interposição do recurso, a qualquer tempo sem depender de aquiescência da parte contrária (atos unilaterais). Gera o trânsito em julgado da sentença.
Causa extintiva – diz-se renúncia. Ocorre quando a parte poderia interpor recurso, mas não o faz. Nesse caso, a parte concorda com o teor da decisão. Por ser ato unilateral, não depende da concordância da parte adversária. Portanto, é irretratável. A renúncia pode ser expressa ou tácita e, em ambos os casos, gera a preclusão lógica e o trânsito em julgado da sentença.
Regularidade – diz respeito à forma. Petição escrita ou oral (nos casos de dec. Interlocutória proferida em audiência, cabe agravo retido oral; e nos embargos de declaração no juizado especial); Interposição no juízo a quo (exceção para o agravo de instrumento – ad quem); recurso na forma de simples petição + razões recursais.
Portanto, em regra, existem dois juízos de admissibilidade independentes:
1º - no recebimento do recurso no juízo a quo.
2º - após a distribuição no juízo ad quem pelo desembargador relator.
Obs.: há a possibilidade de um outro juízo de admissibilidade. Ainda em 1ª instância após o recebimento das contrarrazões.
Exceção – o agravo de instrumento. Usado para destravar os recursos, só passa pelo 2º (ad quem) juízo de admissibilidade. Tendo em vista que o 1º negou conhecimento do recurso que fora interposto anteriormente ao agravo.
Nomenclatura dos recursos no juízo de admissibilidade (dividido em duas etapas):
Juízo de admissibilidade (primeira parte do julgamento):
Conhecimento (juízo positivo);
Não conhecimento (juízo negativo).
Juízo de mérito (segunda parte do julgamento):
Provimento (verifica-se o direito/pretensão);
Não provimento (não se verifica o direito/pretensão).
Juízo de admissibilidade positivo (conhecido o recurso) e dado provimento:
Anulação da sentença por ser considerada inválida e implica em nova decisão;
Reforma a sentença por decisão do Tribunal que substitui a do juízo a quo.
Juízo de admissibilidade positivo (conhecido o recurso) e negado o provimento:
A decisão de 1º grau é mantida, substituída pelo acórdão que deve ser executado.
Por recurso adesivo (art. 500), entende-se: forma de interposição de recurso. Desta forma, não é recurso, vez que não consta no rol taxativo do art. 496. Para a existência dessa forma deve haver a sucumbência recíproca/parcial; a interposição de recurso por uma das partes e a voluntariedade (vontade). Para tanto, o adesivo é um recurso acessório que segue a mesma sorte de um recurso principal, segue as mesmas regras. Assim, se o principal for inadmitido na origem, o acessório também o será. O prazo para sua interposição é de 15 dias (idem contrarrazões) e deve ser interposto ao mesmo tempo destas.
Exceção – Fazenda Pública e MP tem prazo em dobro para recorrer adesivamente.
Obs.: a desistência também prejudica o adesivo.
Obs¹.: é admissível na apelação; embargos infringentes; recurso extraordinário e recurso especial.
Obs².: um recurso adesivo não pode ser interposto em resposta a outro.
Obs³.: o recurso principal, as contrarrazões ao recurso principal e o recurso adesivo devem ser interpostos em petições diferentes. Não sendo possível, na mesma petição, inserir conteúdo de contrarrazões e conteúdo de recurso adesivo.
Ex.: A x B (ação de danos morais – valor da causa R$ 10.000,00) – sentença favorável a A (R$ 2.000 – pedido parcialmente procedente) – sucumbência recíproca (as partes perderam) – antes do trânsito em julgado, B interpõerecurso de apelação (15 dias) com juízo de admissibilidade positivo – A interpõe contrarrazões ao recurso de apelação de B (15 dias) ao mesmo tempo, interpõe recurso adesivo contra B.
Impetrada sob decisão monocrática dos juízes de 2º grau a súmula impeditiva de recurso atua contra decisão proferida em 1º grau que vai de encontro ao entendimento consolidado daquele Tribunal, do STJ ou do STF. Portanto, não cabe recurso.
Da mesma forma, atua por decisão monocrática dos juízes de 2º grau a decisão conhece a sentença contra súmula consolidada do próprio Tribunal, do STJ ou do STF. Nesse caso, a sentença retorna ao Juiz de Direito para que possa reformá-la. 
Logo, é objeto de decisão monocrática: o não conhecimento do recurso no juízo de admissibilidade; a decisão contra súmula e o recurso contra súmula.

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