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DOS RECURSOS CONCEITO: recursos são remédios processuais, instrumentos que se podem valer as partes, o MP, e eventuais terceiros. CARACTERÍSTICAS: ✓ são examinados, em regra, por um órgão diferente daquele que proferiu a decisão. ✓ têm por finalidade modificar, invalidar, esclarecer ou complementar a decisão. ✓ não têm natureza jurídica de ação, nem criam um novo processo. ✓ enquanto há recurso pendente, a decisão impugnada não se terá tornado definitiva (quando se tratar de decisão interlocutória, não haverá preclusão, e quando se tratar de sentença, não fará coisa julgada - efeito suspensivo) ✓ Não havendo recurso com efeito suspensivo, a decisão produzirá efeitos desde logo, mas eles não serão definitivos, porque ela ainda pode ser modificada ✓ provido o agravo, todos os atos processuais supervenientes, incompatíveis com a nova decisão, ficarão prejudicados, até mesmo a sentença EXEMPLO: se o autor requereu a redistribuição do ônus da prova, nos termos do art. 373, § 1º, do CPC, e o juiz a deferiu, tendo sido interposto agravo de instrumento pelo réu, o provimento do recurso fará com que o processo retroaja à fase em que foi proferida a decisão, ficando prejudicados todos os atos supervenientes, incluindo a sentença. ✓ os recursos, em regra, são interpostos perante o órgão a quo, e não perante o órgão ad quem. A exceção é o agravo de instrumento, interposto diretamente perante o Tribunal. CORREÇÃO DE ERROS DE FORMA OU DE CONTEÚDO O interessado, ao fundamentar o recurso, poderá postular a anulação ou a substituição da decisão por outra. Deverá, também, expor quais as razões de sua pretensão, que podem ser de fundo ou de forma, tendo por objeto vícios de conteúdo (errores in procendo) ou processuais (errores in judicando). errores in procendo: vícios processuais, decorrentes do descompasso entre decisão judicial e as regras de processo civil, a respeito do processo ou do procedimento. Enseja a anulação ou declaração de nulidade da decisão, com a restituição dos autos ao juízo de origem para que seja proferida. errores in judicando: vícios de conteúdo, de fundo, em que se alega a injustiça da decisão, o descompasso com as normas de direito material. Leva à reforma da decisão, quando órgão ad quem profere outra, que substitui a originária. Obs.: os embargos à declaração não atendem à regra geral, uma vez que sua finalidade é somente aclarar ou integrar a decisão, não a reformar ou anulá-la. IMPOSSIBILIDADE, EM REGRA, DE INOVAÇÃO REGRA: não se pode invocar matérias que não tenham sido arguidas/discutidas anteriormente. EXCEÇÃO 1: CPC, art. 493, autoriza o juiz a levar em consideração fatos supervenientes que repercutem sobre o julgamento. Pode ser aplicado ao órgão ad quo e ad quem. Eles devem levar em consideração os fatos novos relevantes, que se verifiquem até a data do julgamento do recurso. EXCEÇÃO 2: CPC, art. 1.014, permite que o apelante suscite questões de fato que não tenha invocado no juízo inferior, quando provar que deixou de fazê-lo por motivo de força maior. EXCEÇÃO 3: possibilidade de alegar questões de ordem pública, que podem ser reconhecidas a qualquer tempo. São ressalvados os RE e REsp. O SISTEMA DE INTERPOSIÇÃO REGRA: os recursos são interpostos perante o órgão a quo. EXCEÇÃO: agravo de instrumento, que é interposto perante o Tribunal. Há alguns recursos interpostos e julgados perante o mesmo órgão. Por isso, não se fala em órgão ad quo ou ad quem. No CPC atual, salvo no RE e no REsp, não cabe ao órgão a quo fazer juízo de admissibilidade dos recursos (decidir se eles tinham ou não condições de serem enviados ao órgão ad quem). A função do órgão a quo será apenas fazer o processamento do recurso, enviando-o ao ad quem, que fará tanto o exame de admissibilidade, quanto o de mérito. Não haverá prévio exame de admissibilidade pelo órgão a quo, nem na apelação (art. 1.009, §3º), nem no recurso ordinário (art. 1.028, §3º). Haverá prévio exame de admissibilidade pelo órgão a quo apenas nos RE e REsp (art. 1.030, V). Antes de examinar a pretensão, o órgão ad quem deve fazer o juízo de admissibilidade. → em caso negativo: não conhecerá do recurso. → em caso afirmativo: conhecerá do recurso, podendo dar ou negar provimento. No caso do RE e do REsp, o presidente ou vice-presidente do tribunal recorrido deverá realizar o prévio juízo de admissibilidade. Se for recebido, o processo será encaminhado, se não, da decisão de inadmissão proferida caberá agravo (CPC, art. 1.042) A DECISÃO DO ÓRGÃO AD QUEM EM REGRA SUBSTITUI A DO A QUO ALTERNATIVAS: a) não reconhecer do recurso - a decisão a quo prevalece, não sendo substituída por uma nova. b) pode conhecer do recurso, apenas para anular ou declarar a nulidade da decisão anterior, determinando o retorno dos autos para que seja proferida outra. c) pode conhecer do recurso, negando-lhe provimento, caso em que a decisão anterior será mantida; ou dando-lhe provimento, para reformá-la. No caso de mantença ou reforma, a decisão proferida pelo órgão ad quem substitui a do órgão a quo, ainda que aquela tenha se limitado a manter, na íntegra, a anterior. O que deverá ser cumprido e executado é o acórdão, e não mais a decisão ou sentença. O NÃO CONHECIMENTO DO RECURSO E O TRÂNSITO EM JULGADO O STJ pacificou o entendimento de que o recurso, ainda que não venha a ser conhecido, impede o trânsito em julgado, salvo em caso de ma-fé. Ele só ocorrerá daí para diante, e não mais retroagirá. Nesse sentido: “segundo entendimento que veio a prevalecer no Tribunal, o termo inicial para o prazo decadencial da ação rescisória é o primeiro dia após o trânsito em julgado da última decisão proferida no processo, salvo se provar-se que o recurso foi interposto por má-fé do recorrente” (RSTJ 102/330). O entendimento se pacificou com a edição da Súmula 401 do STJ: “O prazo decadencial da ação rescisória só se inicia quando não for cabível qualquer recurso do último pronunciamento judicial”. PRONUNCIAMENTOS JUDICIAIS SUJEITOS A RECURSO Só cabe recurso contra pronunciamento do juiz. Nunca do MP ou do serventuário ou funcionário da Justiça. Precisa ter algum conteúdo decisório. Não cabe aos despachos, pronunciamentos judiciais de mero andamento do processo. OS RECURSOS SÃO CABÍVEIS CONTRA: a) as sentenças: contra elas caberá apelação e, eventualmente, embargos de declaração. b) as decisões interlocutórias: obs.: há decisões interlocutórias que são recorríveis em separado - por meio de recurso próprio e específico, interposto contra elas, que é o agravo de instrumento. Há decisões interlocutórias que não são recorríveis em separado, mas que podem ser reexaminadas, desde que suscitadas como preliminar de apelação ou nas contrarrazões. c) as decisões monocráticas proferidas pelo relator: o relator dos recursos ou dos processos de competência originária dos tribunais podem, em determinados casos, julgar monocraticamente o recurso, dando-lhe ou negando-lhe provimento. Da sua decisão, cabe agravo interno. d) os acórdãos: decisões colegiadas dos Tribunais (art. 204). Contra elas, além dos embargos de declaração, caberão o RE e REsp, em caso de ofensa à CF ou à lei federal. JUÍZO DE ADMISSIBILIDADE E JUÍZO DE MÉRITO DOS RECURSOS Antes de examinar o mérito, o juiz deve verificar se estão preenchidos os pressupostos processuais e as condições da ação. Eles possuem matéria de ordem pública e, por isso, devem ser examinados de ofício. O não preenchimento leva a que a pretensãorecursal sequer seja examinada. REQUISITOS DE ADMISSIBILIDADE DOS RECURSOS INTRÍNSECOS a) cabimento: apenas os criados por lei - o rol é taxativo (art. 994, CPC) Art. 994. São cabíveis os seguintes recursos: I - apelação; II - agravo de instrumento; III - agravo interno; IV - embargos de declaração; V - recurso ordinário; VI - recurso especial; VII - recurso extraordinário; VIII - agravo em recurso especial ou extraordinário; IX - embargos de divergência. A lei pode criar outros, como os embargos infringentes na LEF, ou o recurso inominado no JEC. b) legitimidade recursal: são legitimados - - partes e intervenientes: as partes são legitimadas por excelência. O único terceiro interveniente que não tem legitimidade recursal é o amicus curiae (exceto para propor embargos de declaração p/ recorrer da decisão que julga o incidente de resolução de demandas repetitivas - art. 138, §§1º e 3º - MP: o MP atua no processo como parte ou fiscal da ordem jurídica. O Promotor pode recorrer ainda quando atua como fiscal da ordem jurídica. Ele pode recorrer porque foi negada a sua intervenção. Em qualquer hipótese, o MP terá prazo em dobro, no prazo do art. 180, caput, do CPC. - o recurso de terceiro prejudicado - advogado: o advogado não postula, em juízo, direito próprio, mas age na condição de mandatário da parte. Portanto, não tem legitimidade para recorrer em nome próprio, mas tão somente no da parte. Apenas pode recorrer sobre os honorários advocatícios (art. 23 da Lei 8.906/94) - STJ – 4ª Turma, REsp 361.713/RJ, Rel. Min. Barros Monteiro, j. 17/02/2004. - não tem legitimidade recursal: o juiz e funcionários da justiça. - interesse recursal: último dos requisitos intrínsecos. Por meio do recurso, deve poder conseguir uma situação mais favorável do que a obtida com a decisão ou a sentença. EXTRÍNSECOS Não dizem respeito à decisão recorrida, e sim com os fatores externos. a) tempestividade: o recurso deve ser interposto no prazo estabelecido em lei. Ao contrário, ele será intempestivo (CPC, art. 219 e 224). O início da contagem do prazo obedece às regras do art. 1.003 do CPC (data da intimação dos advogados/sociedade de advogados, da ADV Pública, da DP ou do MP. OBS.: TODOS OS RECURSOS, SALVO OS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO (05 DIAS), DEVEM SER INTERPOSTOS NO PRAZO DE 15 DIAS. A oposição de embargos de declaração por qualquer dos litigantes interrompe o prazo para a apresentação de outros recursos. b) o preparo: quem recorre deve pagar as despesas com o processamento do recurso (isentos art. 1.007, §1º). RE e REsp: não há necessidade de preparo no RE e REsp. Entretanto, a lei nº 11636/2007 o exige expressamente. c) Valor do preparo: depende da legislação pertinente. Em SP (Lei 11608/2003) fixa como cálculo do preparo o valor da condenação, ou, não havendo, o valor da causa. d) Recurso adesivo: o art. 997, §2º, do CPC dispõe que são aplicáveis ao recurso adesivo as mesmas regras do recurso independente, quanto aos requisitos de admissibilidade. Se o recurso principal recolhe preparo, o adesivo também recolherá. e) Ocasião: (art. 1.007, CPC) no ato de interposição do recurso, ocasião em que também deve ser comprovada o porte de remessa e retorno. f) Complementação do preparo: (CPC, art. 1007, §2º) se houver insuficiência do preparo. O dispositivo trata apenas da INSUFICIÊNCIA, não da falta do recolhimento. A complementação poderá ser feita pela diferença. Havendo a falta de recolhimento, pelo dobro do que era devido, originalmente, como preparo. g) regularidade formal: em regra, são apresentados por escrito. A lei autoriza a interposição oral (JEC). ele deve ser reduzido a termo. h) inexistência de fato extintivo (renúncia e aquiescência) ou impeditivo (desistência do recurso) do direito de recorrer: são os pressupostos negativos de admissibilidade. Circunstâncias que não podem estar presentes para que o recurso seja admitido. - renúncia e aquiescência: prévias à interposição. Renúncia é a manifestação unilateral da vontade, pela qual o titular do direito de recorrer declara a sua intenção de não o fazer. Ela antecipa a preclusão ou a coisa julgada. É irrevogável, prévia e unilateral. Aquiescência é a manifestação, expressa ou tácita, de concordância do titular do direito de recorrer, com a decisão judicial. Impede que haja recurso, por força de preclusão lógica. - desistência do recurso: CPC, art. 998 “O recorrente poderá, a qualquer tempo, sem a anuência do recorrido ou dos litisconsortes, desistir do recurso”. É posterior à interposição do recurso. O recorrente tem sempre o direito de desistir do recurso. MODO DE INTERPOSIÇÃO DOS RECURSOS - O RECURSO PRINCIPAL E O ADESIVO Recurso adesivo não é uma espécie, e sim uma forma de interposição de alguns recursos - apelação, RE e REsp. O recorrente, quando possível, deve optar entre interpô-los sob a forma principal ou adesiva. REQUISITOS DO RECURSO ADESIVO: que tenha havido sucumbência recíproca, onde nenhum dos litigantes tenha obtido no processo o melhor resultado possível. que tenha havido recurso do adversário. QUANDO O RECURSO DEVE SER INTERPOSTO COMO PRINCIPAL OU ADESIVO: Exemplo: A ajuíza em face de B uma ação de cobrança de 100 e que o juiz julga parcialmente procedente o pedido, condenando o réu a pagar ao autor 80. Houve sucumbência recíproca. Se não satisfazer nenhum litigante e ambis queiram que ela seja reformada pelo órgão ad quem, serão intimadas e apresentarão seu recurso sob forma principal. Serão recursos autônomos. Entretanto, A, conquanto não tenha obtido o resultado mais favorável, o aceite e esteja disposto a não recorrer, para que, havendo logo o trânsito em julgado, a sentença passe a produzir efeitos. Sendo assim, deixará transcorrer o seu prazo in albis. Mas A descobre que o seu adversário recorreu, o que impede o trânsito em julgado: os autos terão de ser remetidos ao tribunal. O autor, se soubesse que o réu interporia recurso e que os autos subiriam, também teria recorrido, para tentar obter um resultado ainda mais favorável. Nessa circunstância, a lei processual lhe dá uma segunda oportunidade de recorrer, desta feita sob a forma adesiva. PROCESSAMENTO DO RECURSO ADESIVO Depois de publicada a sentença ou acórdão, fluirá o prazo para a apresentação de recurso principal, que pode ser interposto por ambas as partes. Havendo sucumbência recíproca, que só uma delas recorrer, a outra será intimada para oferecer contrarrazões. Nesse prazo, poderá apresentar o recurso adesivo. Ele deve ser apresentado no prazo das contrarrazões, em peças distintas (nas contrarrazões, o apelado postulará a manutenção do que lhe foi concedido; e, no recurso adesivo, a reforma da sentença, naquilo que lhe foi negado). Recebido o recurso adesivo, o juiz intimará a parte contrária para oferecer-lhe contrarrazões. Os requisitos de admissibilidade são os mesmos do recurso principal. Como ele é subordinado ao principal, se este não for admitido, for julgado deserto ou houver desistência, aquele ficará prejudicado (art. 997, § 2º, III). Aquele que apelou sob a forma principal, não pode, posteriormente, recorrer sob a forma adesiva. Imagine-se, por exemplo, que uma das partes tenha apelado sob a forma principal e que seu recurso não tenha sido admitido, por estar sem preparo ou fora do prazo. Havendo recurso do adversário, não será possível que ele tente agora interpor recurso sob a forma adesiva, uma vez que já exauriu o seu direito de recorrer.
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