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Eletricidade I Página 3 Eletrostática – Fenômenos Eletrostáticos Eletrostática Dar o primeiro passo num caminho desconhecido é difícil, mas traz à tona duas necessi- dades do ser humano: a descoberta e a aventura. Comecemos este capítulo com imaginação que será, aliás, um dos grandes instrumentos para o estudo que ora iniciaremos. 1.1 Fenômenos Eletrostáticos Se quiséssemos estudar as características e o comportamento de um pernilongo, poderí- amos fazê-lo em duas etapas: a primeira seria uma análise estática do pernilongo, ou seja, quando ele está parado, à qual daríamos o nome de pernilongostática (análise de suas dimensões físicas, sentidos, formas, ferrão etc) e a segunda seria uma análise dinâmica do pernilongo, ou ou seja, quando ele está voando, à qual daríamos o nome de pernilongodinâmica (análise de sua velocidade, impulsão, reflexos, sua irritante sinfonia etc). Figura 1.1 – Pernilongostática X Pernilongodinâmica Eletricidade I Página 4 Eletrostática – Fenômenos Eletrostáticos Se quiséssemos, agora, estudar a água, poderíamos faze-lo também em duas etapas denominadas hidrostática e hidrodinâmica . Apresentamos estes dois companheiros, a água e o pernilongo, para que nos ajudem a ilustrar os fenômenos elétricos, já que tais fenômenos, se nem sempre podem ser visualizados, podem, ao menos, ser imaginados e, principalmente, sentidos, por exemplo, com os dedos. Figura 1.2 – Desgraça Pouca é Bobagem Por isso, costuma-se dizer que um estudioso em eletricidade deve ter, além de imagina- cão, olhos nos dedos. Com imaginação, água e pernilongo, certamente ficará fácil compreender primeiramente a eletrostática – estudo das cargas elétricas paradas – e, posteriormente, a eletrodinâmica – estudo das cargas elétricas em movimento. Eletricidade I Página 5 Eletrostática – Fenômenos Eletrostáticos Princípios da Eletrostática Embora os fenômenos elétricos tenham sido estudados cientificamente nestes últimos séculos, um sábio grego chamado Tales de Mileto ( 640 - 546 a. C. ) já havia observado que o âmbar, uma substância resinosa, quando atritado com a lã, passava a atrair corpos leves e de pequenas dimensões. Era um fenômeno desconhecido, mas o nome eletricidade já despontava na imaginação destes adoráveis filósofos curiosos. Em tempo, âmbar em grego significa élektron Muitas outras experiências e observações passaram, então, a ser feitas por cientistas e curiosos. Exemplos: a) Atritando-se dois pedaços de vidro em um pedaço de seda, verificou-se que aproximando-se os dois pedaços de vidro surgia entre eles uma força de repulsão, como mostra a figura 3.3. Atrito Repulsão Figura 3.3 – Força de Repulsão a) Atritando-se um pedaço de vidro e um de borracha em um pedaço de seda, verficou-se que, aproximando-se o vidro da borracha, surgia entre eles uma força de atração, como mostra a figura 3.4. Eletricidade I Página 6 Eletrostática – Fenômenos Eletrostáticos Mas como seria possível explicar estes fenômenos? Na antiguidade atribuía-se aos objetos qualidades como almas gêmeas ou incompatíveis ou, então, dizia-se que era a manifestação dos deuses na natureza e no mundo dos homens. Para os cientistas isto não era suficiente (não desmerecendo nossos ancestrais, é claro!). Eles precisavam explicar as causas medindo-as, comprovando-as experimentalmente, criando modelos matemáticos etc. Já, no século XVIII, muitos cientistas curiosos como Charles Augustin de Coulomb e Benjamin Franklin chegaram, primeiramente, a algumas conclusões importantes: • Os corpos podem se eletrizar; • Os fenômenos de atração e repulsão entre corpos ocorrem devido à existência de cargas elétricas; • A carga elétrica é uma propriedade da matéria e pode ser positiva (+) ou negativa (-). Após várias experiências, observações, análises e medidas, eles concluíram que existem três princípios fundamentais da eletrostática: Atrito Atração Figura 3.4 – Força de Atração Eletricidade I Página 7 Eletrostática – Fenômenos Eletrostáticos Assim nasceu a Eletrostática! Cargas elétricas de mesmo sinais repelem-se e de sinais contrários atraem-se. Princípio da Atração e Repulsão Figura 3.6 – Princípio da Atração e Repulsão Num sistema eletricamente isolado, a soma algébrica das cargas elétricas positivas e negati- vas é constante. Princípio da Conservação das Cargas Elétricas Quanto menor a distância entre as cargas elétricas, maior é a força de atração ou repulsão entre elas. Princípio da Força Eletrostática Figura 3.7 – Princípio da Força Eletrostática d1 F1 F1 F1 F1 F2 F2 d2 F2 F2 d1 > d2 F1 < F2 Sistema eletricamente isolado Q1 Q2 Apesar da transferência de cargas de um corpo para outro: Q1 + Q2 = constante Figura 3.5 – Princípio da Conservação das Cargas Elétricas Eletricidade I Página 8 Eletrostática – Fenômenos Eletrostáticos Diferença de Potencial (ddp) ou Tensão Elétrica A descoberta destes três princípios da eletrostática foi importante, mas,ainda assim, as causas da eletrização dos corpos e do surgimento de forças entre eles não estavam explicadas, assim como não existia uma forma de medir a intensidade das cargas elétricas. Ora, só seria possível descobrir as causas destes fenômenos penetrando-se no íntimo ou no átomo da matéria, descobrindo-se sua estrutura, suas menores partes. O Átomo Os estudos e pesquisas continuaram até que Niels Henrik David Bohr, físico dinamar- quês (1885-1962), desenvolveu uma teoria atômica com um modelo para o átomo, o que lhe rendeu o Prêmio Nobel de Física em 1922. Novamente, em tempo, o filósofo grego Demócrito de Abdera (460 – 352 a.C.), em sua doutrina chamada atomismo, sustentava ser a matéria formada por partículas não divisíveis e, em grego, não divisível significa a-tómos. Modelo Atômico de Bohr O modelo de Bohr tem uma estrutura muito semelhante à do sistema solar, onde os pla- netas giram em torno do Sol, cada um em sua órbita. Ele representa o átomo com suas três partí- culas fundamentais: elétrons, prótons e nêutrons, como mostra a figura 3.8. prótons e nêutrons (núcleo) Os elétrons são partículas muito leves, tem carga elétrica negativa e giram em torno do núcleo em níveis de energia (órbitas ou camadas) bem definidos. níveis de energia elétrons Figura 3.8 – Modelo Atômico de Bohr Eletricidade I Página 9 Eletrostática – Fenômenos Eletrostáticos O núcleo é formado por prótons, que têm carga elétrica positiva, e por nêutrons, que não têm carga elétrica, ambos com a mesma massa, porém, muito maior que a do elétron. Um átomo possui um número máximo de 7 (sete) órbitas denominadas K, L, M, N, O, P e Q, sendo que em cada órbita existe um número máximo de elétrons, distribuídos da se- guinte forma: A órbita K é a que fica mais próxima do núcleo, sendo acompanhada pelas demais na sequência apresentada acima. Portanto, o número de órbitas de um átomo está relacionado ao número de elétrons que ele possui. O número de elétrons, prótons e nêutrons de um átomo define sua estrutura atômica e varia de um elemento químico para outro. Na natureza existem aproximadamente 100 tipos dife- rentes de átomos que, sozinhos, formam diversos tipos de materiais. Exemplos: Um átomo, no estado em que é encontrado na natureza, tem um número de elétrons igual ao de prótons e, portanto, sua carga total é nula, ou seja, ele é eletricamente neutro. Órbitas K L M N O P Q Elétrons 2 8 18 32 32 18 2 Elemento Símbolo Elétrons Prótons Nêutrons Hidrogênio H 1 1 0 Oxigênio O 8 8 8 Ferro Fe 26 26 30 Carbono C 6 6 6 Silício Si 14 14 14 Alumínio Al 13 13 14 Cobre Cu 29 29 34 Estanho Sn 50 50 70 Tusgstênio W 74 74 110 Eletricidade I Página 10 Eletrostática – Fenômenos Eletrostáticos Exemplo: Como o número de elétrons é igual ao de prótons, o átomo está eletricamente neutro. Os elétrons que se encontram em órbitas próximas do núcleo, devido à grande força de atração entre eles e os prótons, estão fortemente ligados ao átomo, enquanto que os elétrons que se encon tram em órbitas mais distantes estão fracamente ligados ao átomo. Isto quer dizer que um átomo pode ter a constituição de suas últimas órbitas facilmente alterada com a retirada ou colocação de elétrons ficando, assim, eletrizado positiva ou negati- vamente. Quando um elétron é retirado de um átomo, este passa a ser um íon positivo ou cátion, pois o número de prótons fica maior que o de elétrons, como mostra a figura 3.10(a). Quando um elétron é colocado em um átomo, este passa a ser um íon negativo ou ânion, pois o número de elétrons fica maior que o de prótons, como mostra a figura 3.10(b). O átomo de cobre possui 29 elétrons distribuídos em vários níveis de energia em torno do seu núcleo que, por sua vez, possui 29 prótons e 34 nêutrons, como mostra a figura 3.9. Figura 3.9 – Estrutura Atômica Plana do Cobre Núcleo: 29 prótons e 34 nêutrons Níveis de Energia: Camada K: 2 elétrons Camada L: 8 elétrons Camada M: 18 elétrons Camada N: 1 elétron Ionizar um átomo é alterar o número de elétrons de suas últimas órbitas. Ionização Eletricidade I Página 11 Eletrostática – Fenômenos Eletrostáticos Átomo normal Perdeu um elétron (a) – Íon Positivo ou Cátion Átomo normal Ganhou um elétron (b) – Íon Negativo ou Ânion Figura 3.10 - Ionização Corpos Eletrizados A mesma análise pode ser feita com os corpos que são, afinal, constituídos por átomos. Um corpo é eletricamente neutro quando tem número de prótons igual ao de elétrons, ou quando todos os seus átomos são eletricamente neutros. Porém, se seus átomos estão ionizados, ele está eletrizado positiva ou negativamente. Conclui-se, portanto, que a carga elétrica de um corpo, seja ela positiva ou negativa, corresponde a um múltiplo da carga elétrica do elétron ou do próton. Mas, quanto vale a carga elétrica de um elétron ou de um próton? Carga Elétrica Fundamental Em 1910, o físico americano Robert Milikan conseguiu, através de experiências em la- boratório, determinar um valor para a menor carga elétrica (este e outros trabalhos seus rende- ram-lhe em 1923, o Prêmio Nobel de Física). Eletricidade I Página 12 Eletrostática – Fenômenos Eletrostáticos Esta carga passou a se chamar carga elétrica fundamental que equivale à carga do próton (positiva) e à do elétron (negativa) cuja unidade, no Sistema Internacional, é o Coulomb (C), em homenagem a este cientista. Seus valores são: Portanto,a carga elétrica total Q de um corpo eletrizado pode ser calculada por: onde: Q = carga elétrica total do corpo eletrizado n = número de prótons ou elétrons em excesso num corpo q = carga elétrica fundamental (próton ou elétron) Exemplo: Como a unidade Coulomb refere-se a valores muito pequenos dada a ordem de grande- za da carga elétrica fundamental (10-19), é muito comum o uso de seus submúltiplos: Submúltiplo Unidade Valor milicoulomb mC 10-3 C microcoulomb µC 10-6 C nanocoulomb nC 10-9 C picocoulomb pC 10-12 C carga elétrica do próton qp = 1,6x10-19C carga elétrica do elétron qp = -1,6x10-19C Q = ± n.q Um corpo eletrizado positivamente tem uma intensidade de carga elétrica total Q = +1C e qp = + 1,6x10-19C prótons q Q n p 18 19 1025,6106,1 1 ×= × == − OBSERVAÇÃO: O número de prótons em excesso corresponde, na realidade, ao número de elétrons retirados dos átomos do corpo. Eletricidade I Página 13 Eletrostática – Fenômenos Eletrostáticos Condutores e Isolantes Existem materiais condutores e isolantes nos três estados da matéria: sólidos, líquidos e gasosos. Porém, em eletricidade, os condutores mais utilizados são os sólidos, principalmente os metais e, no caso dos isolantes, os três têm grande aplicação. Portanto, a definição de condutor fi cará restrita ao metais. No caso dos metais, seus átomos, além de possuírem poucos eletrons na última camada, estes encontram-se fracamente ligados ao núcleo. Assim, ao receberem qualquer quantidade de energia, mesmo muito pequena como o calor à temperatura ambiente, eles se libertam dos áto- mos tornando-se elétrons livres, podendo movimentar-se facilmente conduzindo eletricidade. Figura 3.11 – Elétrons Livres num Condutor Metálico Exemplos: Isto se justifica pelo fato de os isolantes possuírem pouquíssimas cargas livres, que que podem ser elétrons ou íons dependendo se são sólidos, líquidos ou gasosos. Os materiais condutores são aqueles que conduzem facilmente eletricidade. Condutores Ferro Latão Estanho Alumínio Prata Níquel Cobre Aço Ouro Os materiais isolantes são aqueles que não conduzem eletricidade ou o fazem com muitíssima dificuldade. Isolantes Eletricidade I Página 14 Eletrostática – Fenômenos Eletrostáticos Figura 3.12 – Material Isolante Exemplos: Responda se Puder: Uma importante propriedade do condutor é que, quando eletrizado, os elétrons livres distri- buem-se na sua superfície externa pois, devido à repulsão mútua entre eles e por poderem se mo- vimentar facilmente, eles buscam o maior afastamento relativo possível entre si. Figura 3.13 – Distribuição dos Elétrons na Superfície de um Condutor Eletrizado ● borracha ● ar seco ● madeira ● plástico ● porcelana ● PVC ● papel ● vidro ● água pura ● Por que os eletricistas usam botas de borracha e suas ferramentas têm os cabos prote- gidos com plástico ou borracha? ● Por que os canos de PVC são atualmente mais utilizados nas construções que os canos metálicos? ● Tapetes de borracha sob o chuveiro elétrico é um belo elemento de decoração e serve para evitar escorregões. Mas é só isso? ● Se o ar é isolante, como explicar as descargas atmosféricas (raios) entre as nuvens e a Terra? Se você não conseguiu responder a todas estas perguntas, não esquente a cabeça. Estu- daremos juntos para encontrar as respostas, certo?! Eletricidade I Página 15 Eletrostática – Fenômenos Eletrostáticos No isolante, ocorre o inverso. Quando ele está eletrizado, devido à dificuldade das cargas elétricas se locomoverem em seu interior, estas permanecem no local, pois a força de repulsão não é suficiente para causar o afastamento entre elas. Figura 3.14 – Corpo Isolante Eletrizado numa Determinada Região Processos de Eletrização Pelo que já foi exposto até aqui, tem-se que um corpo eletrizado é aquele que possui um nú- mero de elétrons diferente do número de prótons. Existem três processos fundamentais para se eletrizar um corpo: atrito, contato e indução. Eletrização por Atrito Dois corpos A e B isolantes, diferentes e eletricamente neutros, quando atritados entre si, o calor produzido pode fazer com que o corpo A perca elétrons para o corpo B. Assim, quando separados, A fica eletrizado positivamente com carga +QA (falta de elétrons) e B fica eletrizado negativamente com carga –QB (excesso de elétrons). Na eletrização por atrito, os corpos ficam, portanto, eletrizados com a mesma intensidade de carga elétrica em módulo, porém, com sinais contrários, ou seja, ׀QA׀ = ׀-QB׀. Porém, a car ga total continua sendo nula, conforme o princípio da conservação de cargas elétricas, isto é, QA + (QB) = 0. Eletrização por Contato Neste processo de eletrização, aparecem dois conceitos importantes: equilíbrio eletrostáti- co e potencial elétrico. Para uma melhor compreensão destes conceitos e desse processo de eletrização, será feita uma analogia com a hidrostática. Eletricidade I Página 16 Eletrostática – Fenômenos Eletrostáticos Experimento Hidrostático – Vasos Comunicantes O sistema da figura 3.15 é conhecido pelo nome de vasos comunicantes. Este sistema é for mado por dois vasos A e B de volumes diferentes e interligados por um condutor hidráulico no qual existe um registro que pode permitir ou não a comunicação entreeles. Figura 3.15 – Vasos Comunicantes com registro fechado Inicialmente o vaso A contém água até a altura há e o vaso B encontra-se vazio, ou seja, hB = 0. Abrindo-se o registro, a água flui do vaso A para o vaso B numa velocidade proporcio- nal à diferença de altura ( ∆h = hA – hB ), ou seja, a velocidade diminui à medida que a diferença de altura da água dos vasos diminui, como mostra a figura 3.16 Quando a diferença de altura é nula (∆h = 0), o fluxo da água cessa fazendo com que o siste ma entre em equilíbrio hidrostático, isto é, nos dois vasos a altura da água é a mesma ( h` ), co- mo mostra a figura 3.16 (b). Nota-se também que no equilíbrio hidrostático, embora a altura da água seja a mesma nos dois vasos, a quantidade de água não é a mesma, mas proporcional aos seus volumes. hA hB = 0 Eletricidade I Página 17 Eletrostática – Fenômenos Eletrostáticos Um fenômeno semelhante ocorre no processo de eletrização por contato entre um corpo condutor eletrizado e outro corpo condutor eletricamente neutro. Através do contato físico, se um corpo está eletrizado positivamente (com falta de elétrons), ele recebe elétrons do corpo neutro, eletrizando-o positivamente. Porém, se um corpo está eletrizado negativamente (com excesso de elétrons), através do contato físico, ele doa elétrons para o corpo neutro, eletrizando-o negativamente. Potencial elétrico V é uma grandeza associada a um corpo carregado eletricamente, cujo valor depende da quantidade de cargas elétricas, das dimensões do corpo e das características do meio onde ele se encontra, como será visto mais adiante. A transferência de cargas elétricas entre dois condutores em contato físico só existe enquan- to houver diferença de potencial elétrico, sendo que, ao atingirem o mesmo potencial, o siste- ma entra em equilíbrio eletrostático, mesmo que suas cargas finais sejam diferentes entre si. Experimento eletrostático – Eletrização por Contato Tomando-se dois corpos A e B com dimensões diferentes, estando A carregado inicial- mente com uma carga elétrica +QA e potencial elétrico +VA e B inicialmente neutro (QB = O e VB=0), como mostra a figura 3.17(a), a eletrização do corpo B, por contato, ocorre da seguinte forma: Colocando os corpos A e B em contato, o corpo A, carregado positivamente (com falta de elétrons) ou com potencial elétrico positivo, atrai elétrons do corpo B que estava inicialmente neu tro ou com potencial elétrico nulo, como mostra a figura 3.17(b). O fluxo de elétrons de B para A começa em alta velocidade devido à diferença de potencial elétrico entre eles e decresce até parar, quando o sistema entra em equilíbrio eletrostático, ou se ja , seus potenciais elétricos se igualam (+VA` = +VB`), como mostra a figura 3.17(c). Quando os corpos são novamente isolados um do outro, verifica-se que o corpo A ficou com uma carga final +QA` (menor que a carga inicial) e que o corpo B carregou-se com uma car ga positiva +QB`, sendo +QA` ≠ +QB`, em função das dimensões dos corpos A e B serem dife- rentes, como mostra a figura 3.17(d). Eletricidade I Página 18 Eletrostática – Fenômenos Eletrostáticos (a) Corpos Isolados (b) Corpos em Contato (c) Equilíbrio Eletrostático (d) Corpos Isolados Figura 3.17 – Processo de Eletrização por Contato Na eletrização por contato, apesar de as cargas iniciais e finais de cada corpo serem diferen- tes entre si, a carga total do sistema permanece a mesma em qualquer momento do processo de eletrização, conforme o princípio da conservação de cargas elétricas, ou seja, QA + QB = QA`+ QB`. Exemplo: Dois corpos A e B têm cargas iniciais QA = -4µC e QB = 0. Colocando-os em contato, após o equilíbrio eletrostático, verifica-se que QA` = -1µC. Qual a carga final QB e qual corpo tem a maior dimensão? Inicialmente tem-se: QA = -4µC e QB = 0 Portanto: Qtotal = QA + QB = -4x10-6 + 0 = -4µC Após o equilíbrio eletrostático e pelo princípio da conservação de cargas elétricas, tem-se: Qtotal = QA` + QB` = -4x10-6 + 0 = -1µCx10-6 + QB` QB` = -3µC Como a carga final do corpo B é maior em módulo que a do corpo A, conclui-se que o corpo B tem dimensão maior. +QA +VA QB=0 VB=0 +VA` = +VB` +V +VA` = +VB` +V +QA` ≠ +QB` +V Eletricidade I Página 19 Eletrostática – Fenômenos Eletrostáticos Eletrização por Indução Para a análise deste processo de eletrização, convém explicar algo muito importante em ele- tricidade. O planeta Terra comporta-se como um condu tor de grandes dimensões eletricamente neutro ou com potencial elétrico nulo, com capacidade de fornecer ou receber elétrons infinita- mente, sem, no entanto, perder estas características. Por isso é possível a utilização de pára-raios como receptores de descargas atmosféricas ou sistemas de aterramento para proteção de instala cões elétricas. Em eletricidade, Terra é o nome genérico de um pólo eletricamente neutro ou com potencial elétrico nulo tomado como referência nos circuitos elétricos, cujos símbolos mais utili zados são: O processo de eletrização por indução ocorre entre corpos condutores sem a necessi- dade de contato físico entre eles e baseia-se na interação entre cargas elétricas conforme o princípio da atração e repulsão. Experimento eletrostático – Eletrização por Indução Um corpo condutor A eletricamente neutro encontra-se apoiado numa base isolante, como mostra a figura 3.18(a). Aproximando-se um corpo B carregado positivamente à extremidade direita do corpo A (sem que haja contato físico entre os dois), observa-se que os elétrons livres do corpo A são atraídos para esta extremidade, ficando a extremidade esquerda com falta de elétrons, fazendo com que o corpo A fique polarizado, isto é, com excesso de elétrons na extremidade direita ( pólo com potencial negativo ) e com falta de elétrons na extremidade esquerda ( pólo com pó- tencial positivo ), embora ele permaneça eletricamente neutro, já que o número de elétrons contí- nua sendo igual ao número de prótons, como mostra a figura 3.18(b). Eletricidade I Página 20 Eletrostática – Fenômenos Eletrostáticos (a) Corpos Condutor Isolado do Solo (b) Polarização do Corpo A (c) Aterramento do CorpoA (d) Corpo A Eletrizado Negativamente Figura 3.17 – Processo de Eletrização por Contato Aterrando-se a extremidade esquerda do corpo A através de um fio condutor, esta, que en- contra-se polarizada positivamente, atrai elétrons do pólo terra até se tornar neutra, igualando-se ao potencial nulo do pólo terra, como mostra a figura 3.18(c). Interrompendo-se o aterramento do corpo A e afastando-o do corpo B para que não haja mais indução, verifica-se que o corpo A ficou com excesso de elétrons (recebidos do pólo terra) que espalham-se em sua superfície, ou seja, o corpo A ficou eletrizado negativamente, como mostra a figura 3.18(d). Nota-se, portanto, que no processo de eletrização por indução, o corpo inicialmente neu- tro, denominado induzido, eletriza-se com carga de sinal contrário em relação ao corpo que pro- vocou o fenômeno, denominado indutor. Figura 3.18 – Eletrização por Indução Eletricidade I Página 21 Eletrostática – Fenômenos Eletrostáticos Campo Elétrico Neste tópico, analisaremos o conceito de Campo Elétrico, facilitando, assim, a com- preensão da Lei de Coulomb que, por sua vez, ajudará a desvendar os mistérios daqueles fenô- menos registrados no início deste livro, a saber, os primeiros fenômenos elétricos observados por nossos heróis ancestrais. O campo elétrico é um fenômeno que, embora não possa ser visualizado, pode ser ob- servado por experiências, e a sua compreensão é tão importante para a eletricidade quanto a do campo gravitacional para a compreensão da queda dos corpos. Portanto, para facilitar o entendimento de campo elétrico, este estudo será iniciado por uma breve análise do campo gravitacional. O campo gravitacional foi explicado por observações e estudos realizados sobretudo por Copérnico (1473-1543), Galileu (1564-1642), Kepler (1571-1638) e Newton (1642-1727), che- gando-se às seguintes conclusões: ● Todo corpo cria ao seu redor um campo gravitacional diretamente proporcional à sua massa e inversamente proporcional ao quadrado da distância entre ele e o ponto considerado. ● A interação dos campos gravitacionais de dois corpos faz surgir entre eles uma força gravitacional de atração. Responda se Puder: Na eletrostática, ocorre um fenômeno análogo. Uma carga elétrica Q produz ao seu re- dor uma região afetada por sua presença denominada campo elétrico, como mostra a figura 3.19. ● Um corpo caindo significa que ele está sendo atraído em direção ao centro da Terra. Não estaria também a Terra sendo atraída em direção a este corpo? ● Por que a força de atração entre os planetas não faz com que eles se choquem? Eletricidade I Página 22 Eletrostática – Fenômenos Eletrostáticos Figura 3.19 – Campo Elétrico Gerado por uma Carga Elétrica Para efeito de estudo, a carga elétrica Q que gera este campo elétrico é chamada de puntiforme, ou seja, suas dimensoões são tão pequenas que se confundem com um ponto. Através de experiências com corpos eletrizados, chegou-se às seguintes conclusões: ● O campo elétrico E gerado por uma carga puntiforme é uma grandeza vetorial e tem direção radial, podendo ser representado graficamente através de linhas imaginárias denominadas linhas de campo ou linhas de força. ● Se a carga elétrica é positiva, o sentido do campo elétrico é divergente e se a carga elétrica é negativa, o sentido do campo elétrico é convergente, como mostra a figura 3.20. Figura 3.20 - Direção e Sentido do Campo Elétrico Q Eletricidade I Página 23 Eletrostática – Fenômenos Eletrostáticos A intensidade do campo elétrico E num ponto é diretamente proporcional ao módulo da carga elétrica Q, inversamente proporcional ao quadrado da distância d entre ela e o ponto considerado e depende da característica do meio denominada constante eletrostática K, ou se- ja: onde: )(.109 2 2 9 vácuono C mNK ×= OBSERVAÇÃO: ● A constante K pode assumir outros valores, já que depende do meio, análise que será feita mais adiante no estudo dos dispositivos denominados capacitores. A unidade de medida de campo elétrico é N/C, o que pode ser demonstrado através da análise dimensional de sua equação: [ ] [ ] [ ][ ] C N mC CmN d QKE === 22 2 2 . ... Exemplo: 2 . d QKE = a) Determinar o campo elétrico num ponto P situado a uma distância d = 40cm de uma carga puntiforme Q = +3µC colocada no vácuo. Intensidade: ( ) C N d QKE 34 3 22 69 2 10.75,16810.1600 10.27 10.40 10.310.9. == × == − − − Direção: radial da carga ao ponto P Sentido: divergente (carga positiva) d = 40cm Q = 3 µC P Eletricidade I Página 24 Eletrostática – Fenômenos Eletrostáticos b) Determinar o campo elétrico no ponto P situado no ponto médio entre as cargas puntiforme Q1 = + 4,5µC e Q2 = - 2,5µC, separadas por 30cm, no vácuo. Como existem duas cargas puntiformes, o campo elétrico EP no ponto P corresponde à soma vetorial dos campos E1 e E2 gerados, respectivamente, pelas cargas Q1 e Q2. Direção: horizontal para os campos E1, E2 e EP Intensidade de E1: ( ) C N d QKE 63 3 22 69 2 1 1 10.8,110.5,22 10.5,40 10.15 10.5,410.9. == × == − − − Sentido de E1: divergente, da esquerda paraa direita (carga positiva) Intensidade de E2: ( ) C N d QKE 63 3 22 69 2 2 2 10.110.5,22 10.5,22 10.15 10.5,210.9. == × == − − − Sentido de E2: convergente, da esquerda para a direita (carga negativa) Intensidade da resultante: C NEEEP 666 21 108,2101108,1 ×=×+×=+= Sentido da resultante: da esquerda para a direita d = 30cm Q1 = 4,5µC P Q2 = - 2,5µC Q1 P E1 Q2 Q1 P Q2 E2 Q1 P Q2 EP Eletricidade I Página 25 Eletrostática – Fenômenos Eletrostáticos Comportamento das Linhas de Campo As linhas de campo ou linhas de força, formadas a partir dos infinitos pontos tangen- ciais aos vetores campo elétrico resultantes, podem se comportar de formas diferentes em fun- cão da natureza das cargas elétricas envolvidas. A análise das linhas de campo é uma das formas de se compreender por que cargas de sinais contrários se atraem (linhas de campo se unem) e de mesmos sinais se repelem (linhas de campo se afastam mutuamente). Campo Elétrico num Condutor Esférico Carregado Eletricamente Como já foi visto anteriormente, no interior de um condutor carregado eletricamente, as cargas elétricas em excesso se repelem mutuamente, ficando na sua superfície. Experimentalmente, pode-se verificar que, devido a esta repulsão mútua, o campo elé- trico em qualquer ponto no interior de um condutor esférico em equilíbrio eletrostático é nulo, como mostra a figura 3.22, referente a um condutor esférico carregado positivamente. (a) Cargas Iguais de Sinais Contrários (b) Cargas Iguais de Mesmo Sinal Figura 3.21 - Linhas de Campo Eletricidade I Página 26 Eletrostática – Fenômenos Eletrostáticos Figura 3.22 - Campo Elétrico no Interior de um Condutor Esférico Carregado Positivamente Aproveitando-se esta propriedade do campo elétrico ser nulo no interior de um condutor uma forma de proteger um equipamento de influências elétricas é colocá-lo dentro de uma malha metálica, isolando-o de qualquer efeito elétrico exterior, uma vez que no interior da malha o cam pó elétrico é nulo. Desta forma, se um carro, cuja estrutura é metálica, é atingido por um raio, as pessoas no seu interior teoricamente nada sofrem. Figura 3.23 - Blindagem Eletrostática Na prática, as pessoas podem se machucar e até morrer por causa do incêndio, explosão ou susto, mas não por causa do campo elétrico, CRB1954 0 R d p E E0 E condutordoraioR centroaopontododistânciad esferadaperiferianacampoE elétricocampoE d QkE → → → → ⋅ = 0 2 Exemplo de Aplicação: Blindagem Eletrostática Eletricidade I Página 27 Eletrostática – Fenômenos Eletrostáticos Campo Elétrico Uniforme Um campo elétrico é uniforme quando em todos os seus pontos o vetor E é constante, ou seja, tem a mesma intensidade, a mesma deireção e o mesmo sentido. É o que ocorre entre pla cas planas paralelas eletrizadas com cargas de sinais contrários. Neste caso, as linhas de campo são retas paralelas, como mostra a figura 3.24. Figura 3.24 - Campo Elétrico Uniforme entre Placas Planas Eletrizadas Lei de Coulomb Voltando ao campo gravitacional, sabe-se que um corpo dentro dele está submetido a uma força, chamada comumente de peso. Charles Augustin de Coulomb observou que algo semelhante ocorre com uma carga elétrica imersa num campo elétrico. Através de várias experiências, comprovou-se que, se numa região do espaço existe um campo elétrico E criado por uma carga elétrica qualquer, uma outra carga elétrica puntiforme Q, imersa neste campo elétrico, fica submetida a uma força F caracterizada da seguinte forma: • Intensidade – diretamente proporcional à carga elétrica Q e ao campo elétrico E, isto é: • Direção – igual à direção do campo elétrico. • Sentido – Se a carga elétrica é positiva, ela fica submetida a uma força no mesmo sentido do campo elétrico e, se a carga elétrica é negativa, fica submetida a uma força no sentido contrário ao do campo elétrico, como mostra a figura 3.25. + + + + + + + + + + + + + + + - - - - - - - - - - - - - - - - - - - F = Q.E Eletricidade I Página 28 Eletrostática – Fenômenos Eletrostáticos Figura 3.25 - Sentido da Força em Cargas Elétricas Imersas num Campo Elétrico Mas, se esta carga elétrica Q imersa num campo elétrico E, gerado por outra carga fica fica submetida a uma força F, é de se esperar que seu campo elétrico faça o mesmo com a outra carga, ou seja, que ela também fique submetida a uma força, correto? Intuitivamente sabemos que sim e, portanto, busquemos uma resposta científica! Uma carga elétrica Q1 positiva gera um campo elétrico divergente E1 a uma distância d , como mostra a figura 3.26. Figura 3.26 - Campo Elétrico E1 Gerado por Uma Carga Elétrica Q1 Este campo elétrico pode ser calculado por: ( )IEquação d QKE 2 11 . = Uma carga elétrica Q2 positiva colocada neste ponto, fica submetida a uma força F2 na mesma direção e sentido do campo elétrico, como mostra a figura 3.27. Figura 3.27 - Força F2 na Carga Elétrica Q2 Imersa em E1 Q Q E F Q1 E1 d E1 F2 Q1 Q2 Eletricidade I Página 29 Eletrostática – Fenômenos Eletrostáticos Esta força pode ser calculada por: )(. 122 IIEquaçãoEQF = Substituindo E1 da equação II por E1 da equação I, tem-se: )(.. 2 212 IIIEquaçãod QQK F = Da mesma forma, esta carga elétrica Q2 gera um campo elétrico E2 no ponto onde se encontra a carga elétrica Q1, fazendo com que ela fique submetida a uma força F1 no mesmo sen- tido do campo elétrico, como mostra a figura 3.28.Figura 3.28 – Força F1 na Cargs Elétrica Q1 imersa em E2 O campo elétrico E2 e a força F1 podem ser calculados por: )(. 2 22 IVEquaçãod QKE = )(. 211 VEquaçãoEQF = Substituindo E2 da equação V por E2 da equação IV, tem-se: )(.. 2 211 VIEquaçãod QQKF = Comparando-se as equações III e VI, observa-se que ambas resultaram no mesmo va- lor, ou seja, F1 = F2, tendo as forças a mesma direção, porém sentidos contrários, gerando assim, uma repulsão entre as duas cargas elétricas positivas. A generalização deste fenômeno para quaisquer cargas elétricas é conhecida como Lei de Coulomb. Q1 Q2 E2 F1 Eletricidade I Página 30 Eletrostática – Fenômenos Eletrostáticos OBSERVAÇÃO: ● Como o sentido das forças (atração ou repulsão) é determinado em função da natureza das cargas elétricas, na equação da Lei de Coulomb utiliza-se apenas os seus módulos para o cal- culo da intensidade da força. Finalmente foi elucidado o mistério das almas gêmeas e das almas incompatíveis. Exemplo: Duas cargas elétricas Q1 e Q2 interagem entre si com forças de mesma intensidade F, cujo valor é diretamente proporcional à constante eletrostática do meio K e ao produto das cargas elétricas e inversamente proporcional ao quadrado da distância d entre elas. As forças têm a mesma direção e sentidos contrários, havendo atração se têm sinais contrários e repulsão se têm mesmos sinais. Lei de Coulomb 2 21 .. d QQK F = a) Determinar a intensidade, direção e sentido das forças que atuam nas cargas Q1 = 23µC e Q2= -8µC quando as mesmas encontram-se no vácuo e distantes 2m uma da outra. Direção: horizontal Sentido: atração Intensidade: N d QQK F 414,0 2 1081023109.. 2 669 2 21 = ××××× == −− b) Três cargas elétricas Q1, Q2 e Q3 estão alinhadas conforme a figura abaixo: Calcular o campo elétrico resultante nos pontos onde está situada cada uma destas cargas e a força resultante em cada uma delas. Q1 = 8µC Q2 = -4µC Q3 = -10µC P1 P2 P3 d1 = 2m d2 = 3m Eletricidade I Página 31 Eletrostática – Fenômenos Eletrostáticos ▪▪▪▪ Cálculo dos Campos Elétricos Representação utilizada: Exy Campo elétrico no ponto Px gerado pela carga Qy CNEE d Qk E /9000 2 10.4.10.9. 122 69 122 1 2 12 =⇒=⇒= − Q2 P1 E12 ( ) CNEEdd Qk E /3600 5 10.10.10.9. 132 69 132 21 3 13 =⇒=⇒ + = − Q3 P1 E13 CNEEEEE RRR /1260036009000 1113121 =⇒+=⇒−= P1 ER1 CNEE d QkE /18000 2 10.8.10.9. 212 69 212 1 1 21 =⇒=⇒= − Q1 P2 E21 ( ) CNEEd QkE /10000 3 10.10.10.9. 232 69 232 2 3 23 =⇒=⇒= − Q3 P2 E23 CNEEEEE RRR /280001000018000 2223212 =⇒+=⇒+= P2 ER2 Eletricidade I Página 32 Eletrostática – Fenômenos Eletrostáticos ( ) CNEEdd QkE /10.2880 5 10.8.10.9. 6 312 69 312 21 1 31 =⇒=⇒ + = − Q1 P3 E31 ( ) CNEEd QkE /4000 3 10.4.10.9. 232 69 322 2 2 32 =⇒=⇒= − Q2 E32 P3 CNEEEEE RRR /112028804000 3331323 =⇒−=⇒−= ER3 P3 Cálculo das Forças Representação utilizada: Fxy Força na carga Qx devido à interação com a carga Qy ( ) NFFd QQk F 072,0 2 10.4.10.8.10.9.. 122 669 122 1 21 12 =⇒=⇒= −− Q1 Q2 F12 ( ) NFFdd QQk F 0288,0 5 10.10.10.8.10.9.. 132 669 132 21 31 13 =⇒=⇒ + = −− Q1 Q3 F13 NFFFFF RRR 1008,00288,0072,0 1113121 =⇒+=⇒+= Q1 FR1 Eletricidade I Página 33 Eletrostática – Fenômenos Eletrostáticos NFF 072,01221 == Q1 Q2 F21 ( ) NFFd QQkF 04,0 3 10.10.10.4.10.9.. 232 669 232 2 32 23 =⇒=⇒= −− Q2 Q3 F23 NFFFFF RRR 112,004,0072,02223212 =⇒+=⇒+= Q2 FR2 NFF 0288,01331 == Q1 Q3 F31 NFF 04,02332 == Q2 Q3 F32 NFFFFF RRR 0112,00288,004,0 3331323 =⇒−=⇒−= Q3 FR3 1.2 Tensão Elétrica Comecemos este tópico com uma analogia ... Durante a realização de um trabalho, um corpo pode transformar um tipo de energia em outro, mantendo, porém, a energia total constante, pois como disse Lavoisier: “na natureza, nada se cria e nada se perde, tudo se transforma”. Eletricidade I Página 34 Eletrostática – Tensão Elétrica Uma mola em repouso não tem potencial para realizar trabalho. Porém, se ela for pressionada por uma força qualquer, esta força realiza um trabalho, que pode ser entendido como a energia cinética da mola ( energia do movimento ) transformando-se em energia potencial elástica, como mostra a figura 3.29. Figura 3.29 – Força Causando Transformação de Energia Quando esta força deixa de existir, a energia acumulada pela mola faz com que ela volte a realizar um trabalho, transformando a energia potencial elástica em energia cinética, porém, no sentido contrário, como mostra a figura 3.30. Figura 3.30 – Energia Acumulada Realizando Trabalho Em Física, o trabalho realizado por uma força num corpo é representado pela letra grega τ (tau), e corresponde ao produto da força aplicada F pelo deslocamento d causado no corpo ou seja τ = F . d. A distância d é medida em relação a um referencial que, no caso da mola, é o ponto de repouso. Eletricidade I Página 35 Eletrostática – Tensão Elétrica Fazendo-se a análise da equação acima, vê-se que a unidade de medida de τ é N.m (Newton x metro) que foi denominado Joule (J), em homenagem a este cientista. Trabalho Realizado por uma Força Elétrica Sabe-se, pela Lei de Coulomb, que se uma carga de prova Q é colocada em uma região do espaço onde existe um campo elétrico (gerado por uma carga q), surge nesta carga uma força capaz de movimentá-la. Ora, tem-se assim, a força elétrica realizando um trabalho τ = F.d. Assim, se esta força estiver deslocando a carga Q de um ponto A para um ponto B, a expressão do trabalho realizado poderia ser: τAB = F.(dB – dA) Poderia, mas não é! Surge aqui um pequeno problema: se a carga de prova Q está em movimento, a distância (dB – dA) está aumentando e, pela Lei de Coulomb, a força está diminuindo, já que ela é inversamente proporcional ao quadrado da distância, como mostra o gráfico da figura 3.31. Figura 3.31 – Relação Força Elétrica x Distância entre Cargas Elétricas Portanto, como chegar a uma equação que mostre o trabalho realizado pela força elétrica, se esta força não é constante? E mais, como o que nos interessa é o fenômeno elétrico, como relacionar este trabalho com as cargas elétricas? Sentimos muito, caros leitores, mas, como estamos falando de algo que precisa de uma matemática superior, muito mais complexa, seremos obrigados a apresentar-lhes esta expressão final, sem nos preocuparmos em demonstrá-la matematicamente. Mas não se desiludam, pois, as conclusões a que chegaremos poderão ser facilmente demonstradas experimentalmente. F d 2 .. d qQKF = Eletricidade I Página 36 Eletrostática – Tensão Elétrica O trabalho realizado por uma força atuando numa carga elétrica Q imersa num campo elétrico, criado por outra carga elétrica q, pode ser expresso matematicamente como: Energia Potencial Elétrica Um corpo, a uma certa altura h do chão, possui energia potencial gravitacional Ep. Se o corpo é largado, a sua energia potencial gravitacional, na medida em que ele cai, transforma-se em energia cinética Ec. Quando o corpo atinge o chão (h=0), ele não tem mais energia potencial gravitacional (Ep=0) e a energia cinética (que é máxima) é transformada em calor e deformação devido ao choque. O chão, ponto mais baixo que o corpo pode atingir e no qual a energia potencial é nula, é considerado uma referência para a medida desta energia. Portanto, é justo que encontremos uma referência para nossa carga de prova para que possamos calcular a energia potencial em jogo. A figura 3.32 representa a força elétrica movimentando uma carga Q do ponto A até o ponto B. Figura 3.32 – Movimento da Carga Q do Ponto A até o ponto B Imaginando-se o ponto B no infinito (dB = ∞), é fácil perceber que a força elétrica que atua na carga neste ponto é nula. Não havendo força, não existe mais movimento e, não havendo movimento, não existe mais energia e, não havendo energia, não existe mais trabalho. Então, é isso! O infinito é a referência que procurávamos! −= BA AB dd qQK 11..τ Q F A B Eletricidade I Página 37 Eletrostática – Tensão Elétrica Neste caso, o trabalho necessário para que a força F desloque esta carga do ponto A até o infinito pode ser calculado pela expressão: −= ∞ ∞ dd qQK A A 11 ..τ Mas, como 01 → ∞ , tem-se: Qual é o significado físico desta expressão? Certamente, este só pode ser o maior trabalho que a força F pode realizar, já que desloca a carga do ponto A até o infinito (que é o ponto mais distante possível). Mas, como energia é a capacidade de realizar trabalho, pode-se afirmar que a energia potencial elétrica Ep, armazenada pela carga Q no ponto A, é igual ao trabalho necessário para deslocá-la do ponto A ao infinito, ou seja, EpA = τA∞ ou, então: É fácil perceber que a unidade de energia potencial elétricaé a mesma unidade de trabalho, ou seja, Joule (J). Puxa! Você deve estar cansado de tanto “trabalho”. Mas espera só um pouquinho, pois a parte mais legal já está chegando! Potencial Elétrico Potencial elétrico é um dos principais conceitos no estudo da eletricidade. É, na verdade quase que o ponto de partida de toda análise teórica e experimental que será vista daqui para frente, e essencial para se compreender o funcionamento dos dispositivos e circuitos eletrônicos. Supondo-se que uma carga positiva q tem várias cargas de prova diferentes e positivas QA , QB , QC e QD em sua volta, mas todas a uma mesma distância d, como mostra a figura 3.33. A A d qQK 1...= ∞ τ A A d qQKEp ..= Eletricidade I Página 38 Eletrostática – Tensão Elétrica q Figura 3.33 – Cargas de Prova ao Redor de uma Carga Elétrica q As energias potenciais elétricas nos pon tos A, B, C e D devido à carga q são, respecti vamente: d QqKE AAP ⋅⋅ = ; d QqKE BBP ⋅⋅ = ; d QqK E CCP ⋅⋅ = ; d QqKE DDP ⋅⋅ = Pelas equações, pode-se observar que a energia potencial em cada ponto é diferente, pois as cargas de prova têm intensidade diferentes entre si, apesar das distâncias em relação à car ga q e o campo gerado por ela serem iguais. Por outro lado, existe um fator igual em todas as equações que vale K.q/d, já que depende apenas da carga geradora do campo elétrico ( a mesma para todas as cargas de prova ) e da distância entre as cargas de prova e a carga geradora do campo elétrico (a mesma distância pa ra todas as cargas de prova). Este fator é definido como potencial elétrico, representado pela letra V, e é uma carac terística do ponto considerado, e não da carga de prova localizada neste ponto, além de ser uma grandeza escalar. Portanto, num campo elétrico, cada ponto possui um potencial elétrico V que é dire tamente proporcional ao produto entre a característica do meio K e a intensidade da carga elétri ca q, geradora deste campo elétrico, e inversamente proporcional à distância d entre a carga ge- radora do campo elétrico e o ponto considerado, ou seja: Pela segunda equação acima, vê-se que a unidade de medida de potencial elétrico é J/C que, no SI é chamada de Volt (V) em homenagem ao cientista Alessandro Volta. QC QD QA QB Q EVaindaou d qKV P=⋅= :, q d Eletricidade I Página 39 Eletrostática – Tensão Elétrica Portanto, um Volt corresponde ao potencial elétrico de um ponto que fornece uma energia potencial elétrica de um Joule a uma carga de um Coulomb. Exemplos: Superfícies Equipotenciais A partir do que foi exposto, tem-se que em volta de uma carga elétrica (positiva ou negativa) existem infinitas regiões esféricas imaginárias, cada uma formada por infinitos pontos com o mesmo potencial elétrico. Estes pontos formam as superfícies equipotenciais, sendo as linhas de campo sempre perpendiculares a elas, como mostra a figura 3.34 para uma carga positiva. a) Qual o potencial elétrico de um ponto que está a 10cm de uma carga elétrica q = +1,5µC localizada no vácuo? q = +1,5µC VVV d qKV 32 69 10135 1010 105,1109. ×=⇒ × ××× =⇒= − − b) Duas cargas elétricas, q1 = +2µC e q2 = -7µC, estão colocadas no vácuo separadas por uma distância de 8m. Qual o potencial elétrico num ponto P localizado na linha imaginária entre q1 e q2, a 3m da carga q1? O potencial neste ponto é a resultante da soma dos potenciais devidos a cada uma das cargas. Portanto VVV d qKV PPP 60003 102109. 1 69 1 1 1 1 =⇒ ××× =⇒= − ( ) VVV d qKV PPP 126005 107109. 2 69 2 2 2 2 −=⇒ ×−×× =⇒= − VVVVVV PPPPP 660012600600021 −=⇒−=⇒+= q1 = +2µC q2 = -7µC P P d2 = 5m d = 10cm d1 = 3m Eletricidade I Página 40 Eletrostática – Tensão Elétrica Figura 3.34 – Superfícies Equipotenciais numa Carga Positiva Considerando-se , agora, duas cargas elétricas de mesma intensidade mas com polaridades opostas, as superfícies equipotenciais assumem o seguinte aspecto: Figura 3.35 – Superfícies Equipotenciais entre Duas Cargas de mesma Intensidade e Polaridades Opostas Neste caso, a superfície que passa pelo ponto médio 0 possui potencial zero, já que os demais pontos eqüidistantes dela possuem potenciais positivos à esquerda (sobre influência da carga positiva) e, com mesmas intensidades, mas negativos, à direita (sobre influência da carga negativa). Finalmente, em relação às placas planas paralelas e eletrizadas, tem-se o seguinte: Figura 3.36 - Superfícies Equipotenciais entre Placas Planas Paralelas Linhas de Campo Superfícies Equipotenciais Potencial Zero Linhas de Campo Superfícies Equipotenciais Potenciais Positivos Potenciais Negativos 0 Linhas de Campo Superfícies Equipotenciais Eletricidade I Página 41 Eletrostática – Tensão Elétrica Neste caso, como o campo elétrico é uniforme, as superfícies equipotenciais são planas. Diferença de Potencial (ddp) ou Tensão Elétrica A figura 3.37 mostra um campo elétrico gerado por uma carga q positiva e os pontos A e B, respectivamente, a uma distância dA e dB desta carga. q(+) Figura 3.37 – Pontos A e B num Campo Elétrico O potencial elétrico nos pontos A e B são: A A d qKV ⋅= B B d qKV ⋅= Como o ponto A está mais próximo da carga do que o ponto B, tem-se que: VA > VB Esta diferença de potencial entre dois pontos é de extrema importância para o estudo de tudo o que está relacionado à eletricidade. A diferença de potencial (ddp) é comumente chamada de tensão ou voltagem e pode ser representadopor VAB ou simplesmente V, sendo sua unidade de medida o Volt. Assim, matematicamente, a tensão entre os pontos A e B pode ser expresso por: A B dA dB VAB = VA - VB Eletricidade I Página 42 Eletrostática – Tensão Elétrica Exemplos: Exemplos: Mas afinal, qual a razão da importância da ddp? A resposta é simples! • Se uma outra carga positiva q' for colocada neste campo elétrico, ela se movimentará no mesmo sentido do campo, ou seja, do potencial maior para o menor, devido à força de repulsão entre as cargas, como mostra a figura 3.38(a). • Se uma outra carga negativa q' for colocada neste campo elétrico, ela se movimentará no sentido contrário do campo, ou seja, do potencial menor para o maior, devido à força de atração entre as cargas, como mostra a figura 3.38(b). (a) – Carga positiva (b) – Carga negativa Figura 3.38 – Movimento de Cargas Devido à Diferença de Potencial Esta análise permite concluir que uma diferença de potencial elétrico produz um movimento de cargas elétricas. Qual a ddp entre os pontos P e Q situados, respectivamente, a 20cm e 45cm de uma carga de 50nC no vácuo? q = 50nC VVV d qKV AA A A 22502,0 1050109. 99 =⇒ ××× =⇒= − VVV d qKV BB B B 100045,0 1050109. 99 =⇒ ××× =⇒= − VVVVV BABA 125010002250 =−⇒−=− P d = 20cm d = 45cm Q A q(+) VA > VB q' B A q(+) VA > VB q'' B Eletricidade I Página 43 Eletrostática – Tensão Elétrica Vamos agora fazer um exercício de especulação: Imagine um dispositivo que forneça constantemente uma diferença de potencial ou tensão elétrica entre dois terminais. Agora, imagine um condutor com muitos elétrons livres ligado a estes terminais. O que acontece? Muitas cargas se movimentando num único sentido, não é verdade? Voltemos agora à realidade, para mostrarmos que esta especulação é a pura realidade. A este movimento de cargas elétricas, dá-se o nome de corrente elétrica, objeto de estudo da eletrodinâmica. Ou seja, as grandezas tensão e corrente são as responsáveis por tudo o que se conhece em termos de equipamentos eletro-eletrônicos, desde uma simples lâmpada até o mais complexo computador. O dispositivo que fornece tensão a um circuito elétrico é conhecido por : gerador de tensão, bateria ou fonte de alimentação. Este pode fornecer tensão contínua (CC-de corrente contínua) ou tensão alternada (CA-de corrente alternada). A tensão contínua é aquela que tem valor constante e a alternada é aquela que muda de polaridade numa determinada freqüência. Exemplos: Exemplos: A figura 3.39 mostra os símbolos elétricos e os gráficos das fontes de alimentação CC e CA senoidal. Fonte de Alimentação CC Fonte de Alimentação CA Senoidal Figura 3.39 – Símbolos e Gráficos das Fontes de Alimentação CC e CA Senoidal Fontes de Alimentação CC: • pilha elétrica - 1,5V • bateria de automóvel - 12V • fonte de tensão ajustável - 0 a 30V Fontes de Alimentação CA: • gerador de usina hidrelétrica - 300.000V/60Hz/Senoidal • gerador de áudio - 0 a 10V/10 a 50kHz/Senoidal V(V) E E t V(V) Vmáx Vmin V t Eletricidade I Página 44 Eletrostática – Tensão Elétrica Por convenção, na fonte de alimentação o ponto de maior potencial é denominado potencial positivo (pólo +) e o de menor potencial é denominado potencial negativo (pólo -). Como a eletricidade e a eletrônica trabalham com faixas muito distintas de tensão (de alguns milionésimos de volts até milhares de volts), esta grandeza pode ser expressa por seus múltiplos e submúltiplos: Curiosidades: Submúltiplos Unidade Valor microvolt µV 10-6 V milivolt mV 10-3 V Múltiplos Unidade Valor quilovolt kV 103 V Megavolt MV 106 V ● Por que tomamos choques? Nós tomamos choques quando ficamos sujeitos a uma ddp, fazendo com que uma corren te elétrica circule por uma parte de nosso corpo. Esta ddp surge, por exemplo, quando estamos com os pés no chão ( potencial da terra é nulo ) e colocamos uma mão num ponto metálico de uma geladeira mal aterrada (com potencial elétrico). ● Por que os passarinhos não tomam choque quando pousam num fio de alta tensão desencapado? Os passarinhos não tomam choque porque não ficam sujeitos a uma ddp (todo o fio está no mesmo potencial elétrico), ou seja, não há corrente elétrica passando por seus corpos. Eletricidade I Página 45 Eletrostática – Voltímetro Como a tensão elétrica é uma grandeza que faz parte dos circuitos elétricos, é necessário saber medi-la. Eis aqui nosso primeiro instrumento de medida elétrica que, com um pouco mais de estudo, você estará apto a utilizá-lo. O instrumento utilizado para medir uma tensão elétrica é o voltímetro, cujos símbolos estão representados a seguir: Tensão Contínua (CC) Tensão Alternada (CA) Figura 3.40 – Símbolos do Voltímetro O voltímetro para medida de tensão contínua possui um pólo positivo (vermelho) e um negativo (preto), nos quais são colocadas as pontas de prova, utilizadas para conectá-lo nos pontos entre os quais se deseja medir a tensão. Já, nos voltímetros utilizados para medida de tensão alternada, não há problema de polaridade. Figura 3.41 – Voltímetro Medindo a Tensão de uma Pilha 3.3 Voltímetro Pi lh a V V ~ Pólo Negativo Pólo Negativo Pólo Positivo Pólo Positivo Eletricidade I Página 46 Eletrostática – Voltímetro A figura 3.41 mostra, também,
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