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A importância da teoria tridimensional do Direito de Miguel Reale, de autoria de Milena Rocha Seixas (Versão para impressão) Boletim Jurídico

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A importância da teoria tridimensional do Direito de
Miguel Reale
 
Autor:Milena Rocha Seixas
Texto extraído do Boletim Jurídico - ISSN 1807-9008
 http://www.boletimjuridico.com.br/doutrina/texto.asp?id=2076
1. INTRODUÇÃO
 
A norma jurídica é considerada por Miguel Reale (apud Maximiliano, 2009)
como a indicação de um caminho, para percorrê-lo deve-se partir de
determinado ponto e ser guiado por certa direção. O Direito, amplamente
difundido, é apreciado como uma integração normativa de fatos, levando em
consideração os valores. Para que haja tal integração, bem como
interpretação, o aplicador do direito pode levar em consideração a Teoria
Tridimensional do Direito de Miguel Reale. 
 
A Ciência do Direito tem a finalidade de atingir a norma com o intuito de
aplicá-la e interpretá-la. Dessa forma, definirá e sistematizará o conjunto de
normas que o estado impõe a sociedade. Já para a Sociologia do Direito, o
fato segundo a norma valorada é o caminho percorrido para examinar o
fenômeno jurídico. Ou seja, estuda o Direito como fato social.
 
Dando sequência a Teoria Tridimensional do Direito, há a Filosofia do
Direito que questiona o critério de justiça adotado nas normas jurídicas. O
valor é o elemento moral do Direito, leva-se em consideração o ponto de vista
da sociedade sobre justiça.
 
O artigo visa fazer uma explanação sobre a Teoria Tridimensional do Direito
de Miguel Reale, que lançou críticas ao positivismo que dominava a
aplicação e o estudo do Direito, e passou a analisar tanto a norma como os
valores morais e os fatos sociais. Assim, o presente artigo propõe, de maneira
sucinta, explanar sobre conceito, finalidade e importância da Teoria
Tridimensional do Direito proposta por Miguel Reale.
 
2. A IMPORTÂNCIA DA TEORIA TRIDIMENSIONAL DO DIREITO DE
MIGUEL REALE
 
As ciências podem ser divididas em naturais e humanas. O Direito está
classificado entre as ciências humanas e pertencente às chamadas ciências
sociais aplicadas. A ciência do Direito pesquisa o homem em todos os
aspectos valorativos de sua personalidade, segundo Nunes (2009),
investigando e estudando as normas jurídicas. Torna-se necessária a
introdução de matérias, de caráter indispensável, na graduação do acadêmico
de direito como, por exemplo, a Hermenêutica Jurídica. 
 A ciência intitulada como Hermenêutica é a ciência da interpretação, tendo
diversos vieses; um deles está a Hermenêutica Jurídica. Esta visa à
interpretação do sentido e alcance das expressões do Direito. Por fim,
Maximiliano (2009) ressalta que a Hermenêutica é a teoria científica da arte
de interpretar. O hermeneuta não irá somente tornar claro a expressão de
Direito, mas sim, revelar o sentido apropriado para a vida real e conducente a
uma decisão reta. Esta ciência, no sentido geral, quer dizer compreender o
significado do mundo, tendo como seu objeto de estudo a sistematização dos
processos que devem ser utilizados para que a interpretação se realize,
concordando com os postulados do autor citado, Nunes (2009).
 
Para tal interpretação, a Hermenêutica Jurídica, demonstra que está implícita
na Fórmula Reale como é chamada a Teoria Tridimensional do Direito de
Miguel Reale. Para que o hermeneuta exerça o seu papel de maneira
assertiva, podem levar em consideração os postulados desta teoria. 
 
Silva Neto (2005) afirma que a tomada de posição de Miguel Reale exige que
o jurista saiba que não há como abstrair fatos e valores da norma jurídica
Dessa forma, um reducionismo do estudo do Direito será evitado, evitando
também uma descaracterização do Direito enquanto verdadeira ciência
normativa.
 
Concordando com Silva Neto, Nader (2010), que também cita Reale em sua
obra, diz que o fenômeno jurídico sempre precisa da participação do fato, do
valor e da norma. Tal posição de Miguel Reale faz com que qualquer teoria
que admita um estudo separado daqueles três elementos seja infrutífera e
improdutiva para a explicação do fenômeno jurídico. 
 
Segundo Miguel Reale apud Nader (1995), o fenômeno jurídico, qualquer
que seja sua forma de expressão, necessita ser levado em consideração o fato,
o valor e a norma. Para diversos juristas, o Direito é considerado como
norma, outros pontuam que é o fato e outros, valores. Porém, Reale propõe o
Tridimensionalismo do Direito que se baseia em uma integração normativa de
fatos segundo valores. 
 
O autor citado acrescenta que o Direito, como valor do justo, é objeto da
Filosofia do Direito, o Direito como norma ordenadora da conduta, é o objeto
da Ciência do Direito e o Direito como fato social e histórico é objeto da
História, da Sociologia e da Etnologia do Direito. A Tridimensionalidade do
Direito apresenta-se como objeto de diversos estudos sistemáticos e o mesmo
demonstra que em qualquer fenômeno jurídico obrigatoriamente haverá um
fato subjacente, podendo ser econômico, geográfico, por exemplo.
 
Esta teoria, ao trabalhar com a experiência jurídica, tem como característica a
própria atualização dos valores e o aperfeiçoamento do ordenamento jurídico.
Neste sentido, expõe que tais elementos ou fatores não podem existir
separados um dos outros, coexistindo como uma unidade concreta. Pois, estes
fatores não só se exigem de forma recíproca, mas atuam como uma ligação de
um mesmo processo, sendo desta forma o Direito uma interação dinâmica e
dialética dos três elementos que o integram. Desta forma, percebe-se que para
ele o Direito é dinâmico e esta característica só pode ser compreendida se
levarmos em consideração não só a dimensão norma, mas também as
dimensões fato e valor (NADER, 1995). 
 
Na concepção de Reale, o fenômeno jurídico é uma realidade fatídico-
axiológico-normativa que se revela como produto histórico-cultural, dirigido
à realização do bem comum. Ele rejeita o historicismo absoluto, entretanto,
posiciona a liberdade da pessoa humana, como valor absoluto e
incondicionado (NADER, 1995). 
 
Contudo, Miguel Reale (apud Maximiliano, 2009), a partir de seus estudos
sobre Tridimensionalidade do Direito, definiu o Direito como uma realidade
histórico-cultural tridimensional, que deve ser levado em consideraçao a sua
forma bilateral atributiva, segundo valores de convivência. O Direito deve ser
considerado com fenômeno histórico, porém não se limitando pela história.
Esta cieência é uma realidade cultural, porque é o resultado da experiência do
homem. 
 
Partindo dos pressupostos de Miguel Reale que fato, valor e norma estão
sempre presentes e correlacionados em qualquer expressão da vida jurídica,
consequentimente o filósofos, juristas e sociólogos não devem estudar nem
analisar esses elementos de forma isolada, mas, sim, associados ao mundo da
vida.
 
3. CONCLUSÃO
 
O presente artigo proporcionou uma visão mais detalhada a cerca da
importância da Teoria Tridimensional de Miguel Reale para a formação do
aplicador do Direito. Esta teoria esta diretamente vinculada ao modo de
interpretação do acontecimento jurídico, ou seja, este pode ser analisado e
interpretado de acordo com focos distintos, porém interligados. Dessa
maneira, demonstra que a mesma situação pode ser encarada por diversos
olhares e necessita de sensibilidade e foco de trabalho por parte do aplicador
de direito.
 
 
4. BIBLIOGRAFIA
 
MAXIMILIANO, C. Hermenêutica e aplicação do direito. 19. ed. Rio de
Janeiro: Forense, 2009.
 NADER, P. Introdução ao estudo do direito. Rio de Janeiro: Forense, 1995.
 NUNES, R. Manual de introdução ao estudo do direito: com exercício para
sala de aula e lições de casa. 9. Ed. São Paulo: Saraiva, 2009.
 NETO, F. C. S. A teoria tridimensional do direito em Miguel Reale. Artigos
Jurídicos, 2005. Disponível em: 
 http://www.advogado.adv.br/artigos/2005/franciscodacunhaesilvaneto/teoriatrid
Acessado em 10 de abril de 2010 às 19 h.
 
 
 
Data de elaboração: abril/2010
Milena RochaSeixas
Psicóloga, Funcionária Pública, Estudante de Direito.
Inserido em 07/12/2010
Parte integrante da Ediçao no 752
Forma de citação
SEIXAS, Milena Rocha A importância da teoria tridimensional do Direito de Miguel Reale. Boletim
Jurídico, Uberaba/MG, a. 5, no 752. Disponível em: <http://www.boletimjuridico.com.br/
doutrina/texto.asp?id=2076> Acesso em: 29 mar. 2018.

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