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Marx Tempos Modernos

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Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais – CEFET-MG
Departamento de Filosofia e Ciências Sociais
Coordenação de Ciências Sociais
Estudante: Mariana Moreira Andrade
Turma: Edificações 3A 
Professor: Daniel 
“Tempos Modernos”: o marxismo no contexto cinematográfico
O provérbio “É rindo que se diz verdades” pode ser utilizado para caracterizar o filme “Tempos Modernos” (1936), protagonizado por Charles Chaplin. Através de uma crítica irônica e satírica, essa obra cinematográfica mostra as consequências do desenvolvimento capitalista e seu decorrente processo de industrialização para a classe trabalhadora. Nesse contexto, “Tempos Modernos” foi produzido com base nas ideias de Karl Marx, destacando-se o embasamento nos conceitos de luta de classes, alienação e objetificação do trabalhador, além do incentivo marxista à realização de greves operárias.
Há diversas cenas no filme em que fica explícito o conflito entre burguesia e proletariado, denominado por Marx de luta de classes. O patrão fica em uma sala lendo e controlando os trabalhadores por meio de um monitor, dizendo frases como “Pare de matar tempo e volte ao trabalho!”, de modo que é nítida a exploração do trabalhador. Os operários, por sua vez, trabalham freneticamente, em ritmos cada vez mais rápidos. A condição de vida de ambos também é discrepante, fato conspícuo, por exemplo, em suas vestimentas: o patrão usa terno e gravata, ao mesmo tempo que os trabalhadores usam trajes sujos e em mal estado. Portanto, nota-se a desigualdade crescente entre as classes e o empobrecimento do trabalhador, uma vez que a burguesia apropria-se do trabalho do operário para obter lucro, através da mais-valia. 
Um dos pontos mais importantes do marxismo trata-se da ocorrência do processo de alienação do trabalhador. Segundo Marx, a alienação corresponde ao estado de desconhecimento e distanciamento do trabalhador com o quê este produz. No caso do filme, não é informado qual é o produto feito pelo personagem Carlitos na linha de montagem da fábrica onde trabalhava. Uma possível interpretação consiste no fato de que o trabalhador desse tipo de indústria encontra-se alheio ao bem produzido pelo próprio. 
Além disso, Marx defendia que a perda de controle do homem sobre seu próprio trabalho, característica recorrente em sociedades industriais, torna-o um simples objeto. Essa objetificação pode ser vista nas cenas em que Carlitos trabalha de maneira automatizada e repetitiva, a ponto de ser engolido pela máquina. Perante a rotina monótona de realizar os mesmos movimentos diariamente, o trabalhador perde sua individualidade, pois não importa o trabalhador. A inadequação de Carlitos a esse sistema leva-o a ser internado como louco, o que mostra que a objetificação do trabalhador é recorrente na sociedade capitalista. 
Outro aspecto em que o filme relaciona-se com as ideias marxistas consiste na cena da greve, da qual Carlitos é líder. Em seu “Manifesto Comunista”, Marx reinvidica diversas reformas sociais para os trabalhadores, como a redução da jornada diária de trabalho. De maneira semelhante, em “Tempos Modernos” a classe operária manifesta-se nas ruas exigindo seus direitos e melhorias de salários e condições de trabalho. 
No final do filme, a namorada de Carlitos o pergunta: “Para que tudo isso?”, de modo que ele responde: “Levante a cabeça e nunca abandone a luta.” Posteriormente, ambos seguem de mãos dadas em um caminho, de costas para a câmera. Se relacionada às ideias de Marx, essa cena final pode ser interpretada como uma mudança de rumos para a sociedade, visando a implantação do socialismo. Carlitos e sua namorada simbolizaram, durante todo o filme, uma espécie de desconstrução do capitalismo, por não se enquadrarem a esse sistema. Dessa forma, a busca por uma nova trajetória pode representar o desejo de uma revolução social que instaure o modelo do socialismo científico.

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