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Resenha ''Eu Daniel Blake"

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ATIVIDADE AVALIATIVA: Resenha Crítica do Filme “Eu, Daniel Blake”
Disciplina: Seminário Temático I Período: Data: 19/05/2021
Docente: Kátia Hale dos Santos Discentes: Jennifer Kelly Santa Cruz Galdino
EU, Daniel Blake”. Direção de Ken Loach. Sixteen Films, Why Not Productions e Wild
Bunch com o apoio do British Film Institute e da BBC Filmes. Reino Unido, 2016
Eu, Daniel Blake, é um longa com direção de Ken Loach e roteiro de Paul
Laverty, ganhador do do Prêmio Palma de Ouro, no Festival de Cannes em 2016.
Ken Loach é conhecido por abordar em seus enredos temas críticos e polêmicos
que trazem à tona problemas sociais e conflitos de uma sociedade separada em
classes. Não traz em seu longa, apenas uma crítica ao Estado e seu sistema
burocrático e cheio de protocolos incapacitantes, mas sim a um modelo societário
desigual e que se alimenta e se reproduz das desigualdades.
O filme conta em seu enredo central a história de Daniel Blake, um
carpinteiro, cidadão da Cidade de Newcastle - Reino Unido. Após sofrer um ataque
cardíaco, foi proibido por seus médicos de retornar ao trabalho, depois de 40 anos
de trabalho e contribuição Dan vai à procura do Departamento Social Inglês para
solicitar seus direitos trabalhistas, e é aí que sua saga se inicia, ao passar por
perícia , vê seu pedido negado e a partir daí começa a lutar contra um sistema
burocrático que tem como objetivo colocar obstáculos quase que intransponíveis
para o trabalhador. Dan passa horas no celular esperando para ser atendido, e
mesmo após conseguir a chamada, deve esperar contatá-lo para seguir o processo,
são inúmeras idas e vindas as agências do governo, onde ele se depara com a
burocratização do sistema e a desumanização do homem. Outro obstáculo é o fato
de Dan não ter nenhum conhecimento digital “me dá um terreno que eu construo
uma casa para você, mas eu não sei usar um computador” Eu, Daniel Blake, (13
min 23 seg) e todos os formulários são feitos digitalmente. Enfim, incontáveis
barreiras, requisitos, condicionamentos que não são apenas um retrato do Sistema
de seguridade social do Reino Unido, mas de toda uma sociedade que tem como
https://pt.wikipedia.org/wiki/Wild_Bunch_(distribuidora_de_filmes)
https://pt.wikipedia.org/wiki/Wild_Bunch_(distribuidora_de_filmes)
https://pt.wikipedia.org/wiki/British_Film_Institute
modo de reprodução o capitalismo e como regulador o Estado que tende a
beneficiar o grande capital.
Ao propormos analisarmos criticamente o filme cabe primeiramente
entendermos o sistema, e analisá-lo de forma totalitária e não fragmentária e para
tal iniciamos nossa crítica a esse modelo de sociedade que se baseia na exploração
do trabalhador para produzir/reproduzir sua riqueza e quais suas implicações para
as relações sociais. Ao analisarmos a sociedade através do método Marxicista,
Materialista histórico - dialético, compreendemos que, o modo de produção da vida
material condiciona o conjunto da vida social, compreendendo a análise da história,
das lutas e do desenvolvimento político e econômico das sociedades humanas, de
modo que a transformação da realidade social passa a estar condicionada à um
revolucionamento da sociedade e do modo de produção da vida social.
A partir do desenvolvimento do modo de produção capitalista, a mercadoria,
entendida como todo o objeto produzido para o mercado ao invés de suprir a
necessidade de quem o produz, passa a ser generalizada, o que significa dizer que,
foi criado um sistema de mercantilização das mais diversas áreas, reduzindo a
atividade humana a um valor que pudesse ser medido em dinheiro. A principal
destas atividades, o trabalho, passa a ser transformada em mercadoria, sendo
vendida pelo trabalhador ao proprietário dos meios de produção, de modo a ser
transformada em um mero instrumento necessário para a geração de lucro. O
trabalhador destituído dos meios de produção, se vê obrigado a vender sua força de
trabalho por um salário que não condiz com a quantidade de valor produzido, sendo,
portanto, superexplorado para gerar lucro para o capitalista. Esse modelo de
produção segundo Marx gera um distanciamento entre o trabalhador e o produto do
seu trabalho, esse estranhamento é chamado de Alienação, pois o trabalhador não
domina mais todas as etapas de produção, assim como não possui os meios de
trabalho, participando de uma pequena parcela apenas na fabricação do produto,
com isso ele não se identifica com o produto final produzido se tornando alienado ao
mesmo.
Outra categoria importante para analisarmos o filme é chamada por Marx de
Fetichismo da mercadoria e está intrinsecamente ligado ao conceito de alienação,
pois quando o produtor perde a relação com o produto, é como se o produto
misteriosamente tivesse aparecido no mercado como um “feitiço”, daí o nome
fetichismo da mercadoria, o fetichismo se caracteriza por ocultar a relações sociais
de exploração do trabalhador. A mercadoria assume papel de subjugar o produtor, e
as relações entre homens aparecem como relação entre coisas. Acontece o
fenômeno de reificação ou coisificação das relações e inter - relações sociais.
Quando Dan vai repetidas vezes as agências do governo e se depara com
funcionários que se assemelham a máquinas, reproduzindo falas e protocolos
mecanicamente sem levar em conta o ser humano, sem solidariedade ou
reconhecimento, se escancara que
“O processo de industrialização, mercantilização e globalização do
capitalismo, sobretudo no que diz respeito à competitividade, à
imediaticidade, à lucratividade na e da vida social, são características
constitutivas do individualismo exacerbado e violento, ou seja, da reificação
da vida humana”. (VERONESE, 2014, p. 36 - 37)
O capitalismo ao longo de sua história vem se reestruturando, e com ele o
trabalho; consequentemente afetando, a forma de ser e de se “identificar” como
sujeito, tornando a identidade do trabalhador mais heterogênea, fragmentada e,
sobretudo, complexificada.
Uma vez que este novo contexto de exploração do trabalhador cria um novo
mundo do trabalho, o novo método de trabalho passa a desenvolver um novo
método de vida, de forma que a potência do capital sai da esfera da fábrica e passa
a remodelar toda a esfera da existência. Assim o trabalhador, mecanicamente, se
adequa aos novos modelos produtivos, modelos que afetam não só a economia,
mas também a reprodução social, cultural e o caráter ético-moral.
Vale destacar aqui, condições que acabam agravando as desigualdades e a
exclusão social por vivermos em uma sociedade, patriarcal, conservadora e
preconceituosa, vemos isso com figuras como os vizinhos de Dan “China” e “Piper”
únicos personagens negros do filme e que são obrigados a trabalhar por um salário
bem menor e que acabam tento que recorrer ao comércio ilegal para terem
melhores condições de vida.
Outra personagem que tem suas condições sociais agravadas é Katie,
mulher, pobre, mãe de dois filhos que se vê sozinha para criá-los após o pai
abandona-los, desempregada e marginalizada, prova do descaso do Estado e a
burocratização do sistema que a relega ao esquecimento, encontra na prostituição a
unica maneira de atender as necessidades suas e de seus filhos, se marginalizando
ainda mais, tendo que além de tudo suportar julgamentos moralizantes de uma
sociedade hipócrita.
Cabe salientar que apesar de todo o processo alienante característico do
modo de produção capitalista e aprofundado pelas políticas neoliberais adotadas
pelo Estado, podemos perceber ao decorrer do filme momentos de solidariedade
entre classe, de empatia. Vemos isso nitidamente quando Dan conhece Katie e sua
história, e se identifica, se solidariza e não só isso, a defende e busca ao seu lado
lutar por seus direitos, quando a servidora pública se solidariza com Dan, ou o
gerente do mercado que não denuncia Katie. É na coletividade que nos
fortalecemos, que nos humanizamos e nos emancipamos, a caminhada é mais fácil
se feita ao lado de pessoas que nos fortaleceme lutam pelos mesmos objetivos e
direitos.
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
VERONESE, Renato T. A realidade coisificada e reificada em tempos de
manifestações sociais. Emancipação, Ponta Grossa, 14(1): 33-45, 2014.
Disponível em http://www.revistas2.uepg.br/index.php/emancipacao

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