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APOSTILA Residos Solidos

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AT 1
2 32
S
U
M
Á
R
IO
3 INTRODUÇÃO
5 UNIDADE 1 - O crescimento das cidades – causas e consequências
8 UNIDADE 2 - Resíduos sólidos urbanos – RSU
8 2.1 Definição 
8 2.2 Classificação
11 2.3 Acondicionamento
11 2.4 Recolhimento
12 2.5 Coleta Seletiva e os “R’s”
13 2.6 Tratamento
16 UNIDADE 3 - Resíduos dos serviços de saúde – RSS
17 3.1 Coleta, tratamento e destinação
19 UNIDADE 4 - Resíduos sólidos industriais – RSI e resíduos das construções civis
19 4.1 Geração, classificação, tratamento e disposição
21 UNIDADE 5 - Resíduos Líquidos
24 UNIDADE 6 - Poluição Sonora
25 UNIDADE 7 - A legislação e o plano de Gestão Integrado E Sustentável De Resíduos Sólidos Urbanos – GISRSU
33 UNIDADE 8 - Os aspectos epidemiológicos, sociais, econômicos e ambientais dos resíduos urbanos
39 REFERÊNCIAS
2 33
INTRODUÇÃO
A globalização, por um lado facilitou a 
vida das pessoas, já por outro ângulo, pro-
porciona, a cada dia, o consumo exagerado 
dos mais variados produtos aliada ao au-
mento da população e aglomerações nos 
núcleos urbanos, ou seja, nas cidades, trou-
xe problemas ambientais e consequências 
diretas para a vida das pessoas, tais como 
carência de saneamento básico, poluição 
nas suas mais diversas formas, conflitos de 
uso do solo, inadequação na localização de 
atividades especializadas, etc.
Todos esses fatores levam a gestão ur-
bana a ser complexa, exigindo entre outras 
posturas, respostas técnicas a partir de pla-
nejamentos urbanos pensados com muito 
critério e seriedade, integrando os aspec-
tos ecológicos, econômicos e sócio-cultu-
rais, além, é claro, de incorporar a dimensão 
política no enfrentamento dos problemas 
do meio ambiente e do desenvolvimento 
urbano.
Dentre os problemas mais graves surgi-
dos e enfrentados pela sociedade contem-
porânea, encontramos a crescente produ-
ção de lixo urbano, quer seja ele sólido ou 
líquido, proveniente das residências, das 
indústrias, das construções ou dos servi-
ços de saúde. É preciso entender toda a di-
nâmica dessa produção para desenvolver 
medidas cabíveis na solução dos problemas, 
caracterizando os resíduos e seu acondicio-
namento, coleta, transporte, tratamento e 
destinação final, enfatizando, obviamente, 
os aspectos sanitários e ambientais envol-
vidos.
Segundo Cunha e Caixeta Filho (2002) o 
próprio significado da palavra transmite a 
impressão de que lixo é algo sem valor, sem 
importância e que deve ser jogado fora. Ain-
da hoje, muitas vezes, o lixo é tratado com a 
mesma indiferença da época das cavernas, 
quando o lixo não era verdadeiramente um 
problema, seja pela menor quantidade ge-
rada, seja pela maior facilidade da natureza 
em reciclá-lo. Entretanto, em tempos mais 
recentes, a quantidade de lixo gerada no 
mundo tem sido grande e seu mau geren-
ciamento, além de provocar gastos finan-
ceiros significativos, pode provocar graves 
danos ao meio ambiente e comprometer a 
saúde e o bem-estar da população.
É por isso que o interesse em estudar re-
síduos sólidos tem se mostrado crescente. 
O assunto tem se tornado tópico de deba-
tes em diversas áreas do conhecimento e 
sua importância crescente se deve a três 
fatores principais:
1. Grande quantidade de lixo gerada – de 
acordo com dados de Brown (1993), a pro-
dução de lixo pode variar de aproximada-
mente 0,46 kg/hab./dia, em Kano (Nigéria), 
a 2,27 kg/hab./dia, em Chicago (Estados 
Unidos). Segundo Caixeta Filho (1999), o 
índice per capita brasileiro está em torno de 
0,50 a 1,00 kg/hab./dia;
2. Gastos financeiros relacionados ao ge-
renciamento de resíduos sólidos urbanos, 
de acordo com Brasil (2000), no Brasil, em 
média, os serviços de limpeza demandam 
de 7% a 15% do orçamento dos municípios;
3. Segundo Cunha e caixeta Filho (2002), 
impactos ao meio ambiente e à saúde da 
população, a destinação final, inadequada, 
dos resíduos, pode levar à contaminação do 
4 54
ar, da água, do solo e à proliferação de veto-
res nocivos à saúde humana. 
A literatura sobre os resíduos urbanos e 
toda a problemática urbana é enorme, ex-
tensa e até mesmo um pouco controver-
sa. Esta apostila pretende compilar os re-
sultados de alguns estudos sobre o tema, 
apresentando os conceitos pertinentes, 
mostrando as causas e consequências do 
crescimento das cidades, a legislação e o 
plano integrado e sustentável de resíduos 
sólidos urbanos e os aspectos epidemioló-
gicos, sociais, econômicos e ambientais de-
correntes da grande produção de lixo.
Salientamos que o assunto não se esgo-
ta e que as referências ao final da apostila 
têm muito a acrescentar. Boa leitura! 
4 55
UNIDADE 1 - O crescimento das cidades – 
causas e consequências
Quando o assunto é planejamento urba-
no, principalmente planejar pensando em 
um futuro melhor, precisamos levar em con-
sideração o poder ou a grande capacidade 
que o ser humano tem em construir e des-
truir tudo aquilo que a sociedade constitui.
Neste sentido, a cidade tanto se cons-
titui em condição para o desenvolvimento 
econômico, como também é resultado do 
desenvolvimento, que tanto pode caminhar 
num sentido positivo quanto negativo, con-
centrando riquezas e pobrezas.
Especificamente no caso do Brasil, e dos 
países em desenvolvimento, essa questão 
da geração de resíduos em ambientes ur-
banos atinge contornos muito graves, quer 
sejam os resíduos sólidos ou líquidos.
De acordo com Ambiente Brasil (2008), o 
desenvolvimento das cidades sem um cor-
reto planejamento ambiental resulta em 
prejuízos significativos para a sociedade. 
Uma das consequências do crescimento ur-
bano foi o acréscimo da poluição doméstica 
e industrial, criando condições ambientais 
inadequadas e propiciando o desenvolvi-
mento de doenças, poluição do ar e sonora, 
aumento da temperatura, contaminação da 
água subterrânea, entre outros problemas. 
O desenvolvimento urbano brasileiro 
concentra-se em regiões metropolitanas, 
na capital dos estados e nas cidades pólos 
regionais. Os efeitos desta realidade são 
possíveis verificarmos sobre todo aparelha-
mento urbano relativo a recursos hídricos, 
ao abastecimento de água, ao transporte e 
ao tratamento de esgotos cloacal e pluvial. 
No entanto, segundo Ambiente Brasil 
(2008), atualmente, muitos fatores inter-
ferem nesse ciclo, comprometendo a qua-
lidade das águas urbanas, pois desenvolvi-
mento e o crescimento das cidades geram 
o acréscimo da poluição doméstica e indus-
trial, propiciando o aumento de sedimentos 
e material sólido, bem como a contaminação 
de mananciais e das águas subterrâneas.
De modo geral, os problemas ecológicos 
são mais intensos nas grandes cidades do 
que nas pequenas ou no meio rural. Além da 
poluição atmosférica, as metrópoles apre-
sentam outros problemas graves:
 Acúmulo de lixo e de esgotos, boa 
parte dos detritos pode ser recuperada 
para a produção de gás (biogás) ou adubos, 
mas isso dificilmente acontece. Normal-
mente, esgotos e resíduos de indústrias são 
despejados nos rios. Com frequência esses 
rios perdem toda sua fauna característica 
e tornam-se imundos e malcheirosos. Em 
algumas cidades, amontoa-se o lixo em ter-
renos baldios, o que provoca a multiplicação 
de ratos e insetos. 
 Congestionamentos frequentes, 
especialmente nas áreas em que os auto-
móveis particulares são muito mais impor-
tantes que os transportes coletivos, muitos 
moradores da periferia das grandes cidades 
dos países em desenvolvimento, em sua 
maioria de baixa renda, gastam três ou qua-
tro horas por dia só no caminho para o tra-
balho. 
 Poluição sonora, provocada pelo 
excesso de barulho (dos veículos automoti-
vos, fábricas, obras nas ruas, grande movi-
mento de pessoas e propaganda comercial 
6 7
ruidosa). Isso pode ocasionar neuroses na 
população, além de uma progressiva dimi-
nuiçãoda capacidade auditiva. 
 Carência de áreas verdes (parques, 
reservas florestais, áreas de lazer e recrea-
ção, etc.). Em decorrência da falta de áreas 
verdes, agrava-se a poluição atmosférica, 
já que as plantas através da fotossíntese 
contribuem para a renovação do oxigênio 
no ar. Além disso, tal carência limita as opor-
tunidades de lazer da população, o que faz 
com que muitas pessoas acabem passando 
seu tempo livre na frente da televisão, ou 
assistindo a jogos praticados por esportis-
tas profissionais (ao invés de eles mesmos 
praticarem esportes). 
 Poluição visual, ocasionada pelo 
grande número de cartazes publicitários, 
pelos edifícios que escondem a paisagem 
natural, etc.
Na realidade, é nos grandes centros ur-
banos que o espaço construído pelo ho-
mem, a segunda natureza, alcança seu grau 
máximo. Quase tudo aí é artificial e, quando 
é algo natural, sempre acaba apresentando 
variações, modificações provocadas pela 
ação humana. O próprio clima das metrópo-
les – o chamado clima urbano – constitui um 
exemplo disso. Nas grandes aglomerações 
urbanas, normalmente faz mais calor e cho-
ve um pouco mais que nas áreas rurais vizi-
nhas, além disso, nessas áreas são também 
mais comuns as enchentes, após algumas 
chuvas. As elevações nos índices térmicos 
do ar são fáceis de entender: o asfaltamento 
das ruas e avenidas, as imensas massas de 
concreto, a carência de áreas verdes, a pre-
sença de grandes quantidades de gás car-
bônico na atmosfera (que provoca o efeito 
estufa), o grande consumo de energia devi-
do à queima de gasolina, óleo diesel quero-
sene, carvão, etc., nas fábricas, residências 
e veículos são responsáveis pelo aumento 
de temperatura do ar. Já o aumento dos ín-
dices de pluviosidade se deve principalmen-
te à grande quantidade de micropartículas 
(poeira, fuligem) no ar, que desempenham 
um papel de núcleos higroscópicos que fa-
cilitam a condensação do vapor de água da 
atmosfera. E as enchentes decorrem da di-
ficuldade da água das chuvas de se infiltrar 
no subsolo, pois há muito asfalto e obras, o 
que compacta o solo e aumenta sua imper-
meabilização.
Nesse contexto, de acordo com Brasil 
(1995), os dados levantados no Censo de 
1991 apontaram que menos de 64% dos 
domicílios brasileiros possuíam algum sis-
tema de destinação do esgoto sanitário, 
sendo que, do esgoto coletado nos 49% 
dos domicílios que são atendidos pela rede 
pública de coleta, 80% não recebem qual-
quer tipo de tratamento, sendo despejado 
diretamente no solo ou nos corpos d’água, 
gerando sérios impactos aos ambientes 
de vida. O mesmo Censo aponta que quase 
79% dos domicílios têm seus resíduos do-
miciliares coletados, mas que 76% desse 
material é depositado a céu aberto, sem 
qualquer tipo de tratamento ou controle.
Segundo a Pesquisa Nacional de Sane-
amento Básico (PNSB), realizada pelo Ins-
tituto Brasileiro de Geografia e Estatística 
(IBGE, 2002), citada por Pinto (1999), a po-
pulação brasileira é de aproximadamen-
te 170 milhões de habitantes, produzindo 
diariamente cerca de 126 mil toneladas de 
resíduos sólidos. Quanto à destinação final, 
os dados relativos às formas de disposição 
final de resíduos sólidos distribuídos de 
acordo com a população dos municípios, ob-
tidos com a PNSB, indicam que 63,6% dos 
6 7
municípios brasileiros depositam seus re-
síduos sólidos em “lixões”, somente 13,8% 
informam que utilizam aterros sanitários e 
18,4% dispõem seus resíduos em aterros 
controlados, totalizando 32,2 %. Os 5% dos 
entrevistados restantes não declaram o 
destino de seus resíduos.
Essas estatísticas afirmam a grave situa-
ção dos resíduos e suas consequências que 
decorrem da concentração populacional e 
do processo de industrialização que acon-
tece a partir do século XX, aumentando a 
quantidade de lixo e também mudanças na 
sua composição. Ao lixo, que até então era 
formado por restos de alimentos, cascas e 
sobras de vegetais e papéis, foram sendo 
incorporados novos materiais como vidro, 
plásticos, isopor, borracha, alumínios entre 
outros de difícil decomposição. Para se ter 
uma ideia, enquanto que os restos de comi-
da se deterioram rapidamente, o papel de-
mora entre 3 a 6 meses para se decompor, 
o plástico dura mais de cem anos e o vidro 
cerca de 1 milhão de anos quando jogados 
na natureza.
Segundo Alberguini (2008) o impacto 
desse volume de lixo no meio ambiente das 
cidades é grande. A quantidade de dejetos 
só tende a aumentar e pode ocasionar es-
cassez e esgotamento de recursos natu-
rais, poluição do ar, da água, do solo, além de 
problemas de saúde pública, devido à proli-
feração de parasitas e surgimento de do-
enças. Nessa esteira, o crescente número 
de catadores, que garantem o sustento de 
suas famílias com a venda do que é encon-
trado nos depósitos de lixo, é outro desafio 
para muitas prefeituras. Diversos municí-
pios tentam reverter essa situação, incor-
porando esses trabalhadores ao processo 
produtivo, criando cooperativas de catado-
res a partir da instalação de programas de 
reciclagem na cidade.
Alguns organismos governamentais e 
não-governamentais, nacionais e do exte-
rior, têm se preocupado com pessoas, in-
clusive crianças, sobrevivendo dos lixões, 
como veremos no último capítulo. 
Alberguini (2008) cita três medidas ur-
gentes para diminuir a quantidade de lixo e 
o impacto dos resíduos no meio ambiente 
que são a coleta seletiva, a reciclagem de 
materiais e a compostagem, que devem ser 
realizados de forma integrada, dentro de 
um programa contínuo, com apoio do poder 
público municipal, de empresas e conscien-
tização da população.
Enfim, adensamento populacional nas 
grandes cidades, falta de uma política que 
incentive as práticas agrícolas levando as 
pessoas do campo para as cidades na ilusão 
de melhores condições de vida, igualmen-
te falta de planejamento urbano, levam as 
cidades a se tornarem um imenso cantei-
ro onde são encontrados todos os tipos de 
“lixo” e que, a priori, ou seja, a curto prazo 
não tem solução. É preciso conscientização 
imediata da população em relação aos pro-
blemas decorrentes dos resíduos para que 
as futuras gerações tenham alguma condi-
ção de sobrevivência.
8 98
UNIDADE 2 - Resíduos sólidos urbanos – RSU
2.1 Definição 
De acordo com o Dicionário de Aurélio 
Buarque de Holanda, “lixo é tudo aquilo 
que não se quer mais e se joga fora; coisas 
inúteis, velhas e sem valor.”
Já a Associação Brasileira de Normas 
Técnicas – ABNT – define o lixo como os 
“restos das atividades humanas, consi-
derados pelos geradores como inúteis, 
indesejáveis ou descartáveis, podendo-se 
apresentar no estado sólido, semi-sólido 
ou líquido, desde que não seja passível de 
tratamento convencional.”
Normalmente, os autores de publica-
ções sobre resíduos sólidos se utilizam 
indistintamente dos termos “lixo” e “resí-
duos sólidos”. Para Monteiro et al (2001), 
resíduo sólido ou simplesmente “lixo” é 
todo material sólido ou semi-sólido inde-
sejável e que necessita ser removido por 
ter sido considerado inútil, por quem o 
descarta em qualquer recipiente destina-
do a este ato. 
Segundo a classificação para resíduos 
sólidos que consta na norma brasileira 
NBR 10004, de 1987, resíduos sólidos são: 
Aqueles resíduos nos estados sólido 
e semi-sólido, que resultam de ativida-
des da comunidade de origem indus-
trial, doméstica, hospitalar, comercial, 
agrícola, de serviços e de varrição. Fi-
cam incluídos nesta definição os lodos 
provenientes de sistemas de tratamen-
to de água, aqueles gerados em equi-
pamentos e instalações de controle 
de poluição, bem como determinados
líquidos cujas particularidades tornem 
inviável o seu lançamento na rede pú-
blica de esgotos ou corpos de água, ou 
exijam para isso soluções técnicas e 
economicamente inviáveis em facea 
melhor tecnologia disponível. (ABNT. 
NBR-10.004, 1987)
2.2 Classificação
Dentre as várias maneiras de se clas-
sificar os resíduos sólidos, temos: em 
relação aos riscos potenciais de contami-
nação do meio ambiente e quanto à na-
tureza ou origem, ou seja, se baseiam em 
determinadas características ou proprie-
dades identificadas.
A classificação é relevante para a es-
colha da estratégia de gerenciamento 
mais viável. A NBR 10.004/87 trata da 
classificação de resíduos sólidos quanto 
a sua periculosidade, ou seja, caracterís-
tica apresentada pelo resíduo em função 
de suas propriedades físicas, químicas ou 
infectocontagiosas, que podem repre-
sentar potencial de risco à saúde pública 
e ao meio ambiente. 
De acordo com sua periculosidade 
os resíduos sólidos podem ser enqua-
drados como:
Classe I – resíduos perigosos
São aqueles que apresentam pericu-
losidade ou uma das características se-
guintes: inflamabilidade, corrosividade, 
reatividade, toxicidade ou patogenicida-
de.
8 99
Classe II – Não-inertes
São aqueles que não se enquadram na 
classe I ou III. Os resíduos classe II podem 
ter as seguintes propriedades: combusti-
bilidade, biodegradabilidade ou solubili-
dade em água.
Classe III - inertes
Segundo Zanta e Ferreira (2006), são 
aqueles que, por suas características in-
trínsecas, não oferecem riscos à saúde 
e ao meio ambiente. Além disso, quando 
amostrados de forma representativa, 
segundo a norma NBR 10.007, e subme-
tidos a um contato estático ou dinâmi-
co com água destilada ou deionizada, a 
temperatura ambiente, conforme teste 
de solubilização segundo a norma NBR 
10.006, não têm nenhum de seus cons-
tituintes solubilizados a concentrações 
superiores aos padrões de potabilidade 
da água, conforme listagem nº 8, cons-
tante do Anexo H da NBR 10.004, exce-
tuando-se os padrões de aspecto, cor, 
turbidez e sabor. 
De acordo com Monteiro et al (2001), 
a origem é o principal elemento para a 
caracterização dos resíduos sólidos. Se-
gundo este critério, os diferentes tipos 
de lixo podem ser agrupados em cinco 
classes, a saber:
1. Lixo doméstico ou residencial;
2. Lixo comercial;
3. Lixo público;
4. Lixo domiciliar especial: entulho de 
obras, pilhas e baterias, lâmpadas fluo-
rescentes, pneus;
5. Lixo de fontes especiais: industrial, 
radioativo, de portos, aeroportos e ter-
minais rodoferroviários, agrícola e resí-
duos dos serviços de saúde.
Quanto aos componentes do lixo, eles 
podem ser diferenciados nas seguintes 
categorias: matéria orgânica putrescí-
vel; plástico; papel/papelão; vidro; metal 
ferroso; metal não ferroso; pano, trapo, 
couro e borracha; madeira; contaminan-
te biológico e contaminante químico; pe-
dra, terra e cerâmica; e diversos. Deve-se 
sempre explicitar o teor de umidade pre-
sente, uma vez que o peso dos resíduos 
orgânicos é determinado em condição 
úmida. No Quadro 1 abaixo, apresentam-
-se exemplos de materiais que podem 
compor cada categoria, observando-se a 
grande diversidade de materiais.
1 – Exemplos básicos de 
cada categoria de resíduos 
sólidos urbanos
Fonte: Zanta e Ferreira (2006, p. 8) adaptado de Pessin 
et al (2002).
10 11
Segundo Monteiro et al (2001), em 
consonância com a NBR 10.004/87, os re-
síduos sólidos podem ser classificados de 
acordo com suas características físicas, 
químicas e biológicas.
Características Físicas
 A “geração per capita” que relaciona 
a quantidade de resíduos urbanos gerada 
diariamente e o número de habitantes de 
determinada região. Muitos técnicos con-
sideram de 0,5 a 0,8kg/hab./dia como a 
faixa de variação média para o Brasil.
 A composição gravimétrica que tra-
duz o percentual de cada componente em 
relação ao peso total da amostra de lixo 
analisada.
 O Peso específico aparente que é o 
peso do lixo solto em função do volume 
ocupado livremente, sem qualquer com-
pactação, expresso em kg/m3. Sua deter-
minação é fundamental para o dimensio-
namento de equipamentos e instalações. 
Na ausência de dados mais precisos, po-
dem-se utilizar os valores de 230kg/m3 
para o peso específico do lixo domiciliar, de 
280kg/m3 para o peso específico dos re-
síduos de serviços de saúde e de 1.300kg/
m3 para o peso específico de entulho de 
obras.
 O Teor de umidade que representa a 
quantidade de água presente no lixo, me-
dida em percentual do seu peso. Este pa-
râmetro se altera em função das estações 
do ano e da incidência de chuvas, poden-
do-se estimar um teor de umidade varian-
do em torno de 40 a 60%.
 A Compressividade que é o grau de 
compactação ou a redução do volume que 
uma massa de lixo pode sofrer quando 
compactada. Submetido a uma pressão de 
4kg/cm², o volume do lixo pode ser reduzi-
do de um terço (1/3) a um quarto (1/4) do 
seu volume original.
Características Químicas
 O poder calorífico indica a capacida-
de potencial de um material desprender 
determinada quantidade de calor quando 
submetido à queima. O poder calorífico 
médio do lixo domiciliar se situa na faixa 
de 5.000kcal/kg.
 Potencial hidrogeniônico (pH) indica 
o teor de acidez ou alcalinidade dos resí-
duos. Em geral, situa-se na faixa de 5 a 7.
 A composição química que consiste 
na determinação dos teores de cinzas, 
matéria orgânica, carbono, nitrogênio, 
potássio, cálcio, fósforo, resíduo mineral 
total, resíduo mineral solúvel e gorduras.
 A Relação carbono/nitrogênio (C:N) 
indica o grau de decomposição da maté-
ria orgânica do lixo nos processos de tra-
tamento/disposição final. Em geral, essa 
relação encontra-se na ordem de 35/1 a 
20/1.
Características Biológicas
As características biológicas do lixo são 
aquelas determinadas pela população mi-
crobiana e dos agentes patogênicos pre-
sentes no lixo que, ao lado das suas carac-
terísticas químicas, permitem que sejam 
selecionados os métodos de tratamento e 
disposição final mais adequados.
O conhecimento das características 
biológicas dos resíduos tem sido muito 
utilizado no desenvolvimento de inibido-
res de cheiro e de retardadores/acelera-
dores da decomposição da matéria orgâ-
nica, normalmente aplicados no interior 
10 11
de veículos de coleta para evitar ou mini-
mizar problemas com a população ao lon-
go do percurso dos veículos.
Da mesma forma, estão em desenvol-
vimento processos de destinação final e 
de recuperação de áreas degradadas com 
base nas características biológicas dos re-
síduos.
2.3 Acondicionamento
De acordo com Cunha e Caixeta (2002), 
a primeira etapa do processo de remo-
ção dos resíduos sólidos corresponde à 
atividade de acondicionamento do lixo. 
Podem ser utilizados diversos tipos de 
vasilhames, como: vasilhas domiciliares, 
tambores, sacos plásticos, sacos de papel, 
contêineres comuns, contêineres bascu-
lantes, entre outros. No Brasil, percebe-
-se grande utilização de sacos plásticos. O 
lixo mal acondicionado significa poluição 
ambiental e risco à segurança da popula-
ção, pois pode levar ao aparecimento de 
doenças. O lixo bem acondicionado facilita 
o processo de coleta.
Ainda segundo os autores acima, acon-
dicionar os resíduos sólidos domiciliares 
significa prepará-los para a coleta de for-
ma sanitariamente adequada, como ainda 
compatível com o tipo e a quantidade de 
resíduos. A qualidade da operação de co-
leta e transporte de lixo depende da for-
ma adequada do seu acondicionamento, 
armazenamento e da disposição dos reci-
pientes no local, dia e horários estabele-
cidos pelo órgão de limpeza urbana para a 
coleta. A população tem, portanto, parti-
cipação decisiva nesta operação.
A importância do acondicionamento 
adequado está em:
 evitar acidentes;
 evitar a proliferação de vetores;
 minimizar o impacto visual e olfativo;
 reduzir a heterogeneidade dos resí-
duos (no caso de haver coletaseletiva);
 facilitar a realização da etapa da co-
leta.
De acordo com Monteiro et al (2001), 
infelizmente, o que se verifica em muitas 
cidades é o surgimento espontâneo de 
pontos de acumulação de lixo domiciliar a 
céu aberto, expostos indevidamente ou 
espalhados nos logradouros, prejudican-
do o ambiente e arriscando a saúde públi-
ca.
2.4 Recolhimento
Coletar o lixo significa recolher o lixo 
acondicionado por quem o produz para 
encaminhá-lo, mediante transporte ade-
quado, a uma possível estação de trans-
ferência, a um eventual tratamento e à 
disposição final.
A coleta e o transporte do lixo domici-
liar produzido em imóveis residenciais, em 
estabelecimentos públicos e no pequeno 
comércio são, em geral, efetuados pelo 
órgão municipal encarregado da limpeza 
urbana. Para esses serviços, podem ser 
usados recursos próprios da prefeitura, 
de empresas sob contrato de terceiriza-
ção ou sistemas mistos, como o aluguel de 
viaturas e a utilização de mão-de-obra da 
prefeitura.
De acordo com Monteiro et al (2001), o 
lixo dos “grandes geradores” (estabeleci-
mentos que produzem mais que 120 litros 
de lixo por dia) deve ser coletado por em-
presas particulares, cadastradas e autori-
12 13
zadas pela prefeitura.
2.5 Coleta Seletiva e os “R’s”
A operação de coleta engloba, desde a 
partida do veículo de sua garagem, com-
preendendo todo o percurso gasto na via-
gem para remoção dos resíduos dos locais 
onde foram acondicionados aos locais de 
descarga, até o retorno ao ponto de par-
tida.
A coleta normalmente pode ser classi-
ficada em dois tipos de sistemas: sistema 
especial de coleta (resíduos contamina-
dos) e sistema de coleta de resíduos não 
contaminados. Nesse último, a coleta 
pode ser realizada de maneira conven-
cional (resíduos são encaminhados para 
o destino final) ou seletiva (resíduos reci-
cláveis que são encaminhados para locais 
de tratamento e/ou recuperação).
Os tipos de veículos coletores são os 
mais diversos. Uma primeira grande clas-
sificação seria dividi-los em motorizados 
e não-motorizados (os que utilizam a tra-
ção animal como força motriz). Os motori-
zados podem ser divididos em compacta-
dores, que, segundo Roth et al citado por 
Cunha e Caixeta Filho (2002), podem re-
duzir a 1/3 o volume inicial dos resíduos, 
e comuns (tratores, coletor de caçamba 
aberta e coletor com carrocerias tipo pre-
feitura ou baú). Há também os caminhões 
multi-caçamba utilizados na coleta sele-
tiva de recicláveis, em que os materiais 
coletados são alocados, separadamente 
dentro da carroceria do caminhão.
Para Cunha e Caixeta Filho (2002), no 
Brasil, a escolha do veículo coletor é, ain-
da, bastante empírica. Os resíduos cole-
tados poderão ser transportados para 
estações de transferência, para locais de 
processamento e recuperação (incinera-
ção ou usinas de triagem e compostagem) 
ou para seu destino final (aterros e lixões).
A reciclagem, uma das etapas da cole-
ta seletiva, consiste de uma série de pro-
cessos industriais que permitem separar, 
recuperar e transformar os componentes 
dos resíduos sólidos do lixo urbano (domi-
ciliar/comercial).
A necessidade de poupar e preservar 
os recursos naturais não-renováveis vem 
motivando cada vez mais o aproveitamen-
to de resíduos, visto que crescem expo-
nencialmente a população e o consumo, o 
que não acontece com as reservas natu-
rais.
Segundo Dias ( 2008), outro fato agra-
vante é a disposição final dos resíduos 
produzidos nos centros urbanos, de for-
ma desordenada e sem um planejamento 
técnico, pois áreas são ocupadas com a 
deposição de lixo sem tratamento, áreas 
estas que, a curto e médio prazo, invia-
bilizam a sua utilização para outros fins, 
agredindo de forma drástica o meio am-
biente e tornando vulneráveis à contami-
nação, os mananciais de água, sem contar 
que geralmente são áreas o mais próximo 
possível dos centros produtores de lixo, 
no sentido de diminuir os custos operacio-
nais de transporte, e se caracterizam em 
pouco tempo em áreas nobres (em função 
da proximidade dos centros urbanos), com 
o rápido esgotamento de seu uso.
Assim, segundo o mesmo autor, de 
modo a evitar estes problemas, o papel da 
reciclagem está em desenvolver ao con-
sumo da população, dentro do possível, as 
substâncias e a energia contida nos resí-
duos do lixo, de modo que se extraiam da 
12 13
natureza as quantidades de matérias-pri-
mas mínimas, de forma racional e organi-
zada, protegendo de maneira prática os 
recursos naturais disponíveis, preservan-
do efetivamente o meio ambiente.
Segundo UFV/Lesa (2008), para ajudar 
a diminuir o lixo temos a fórmula dos RE’s 
que consiste numa apresentação suges-
tiva de como se pode atingir o objetivo 
de conscientização para a prática de rea-
proveitamento de materiais em busca da 
qualidade de vida e preservação do meio 
ambiente.
1. RE duzir a geração de lixo - é o pri-
meiro passo e a medida mais racional, que 
traduz a essência da luta contra o desper-
dício. São inúmeros os exemplos domés-
ticos e industriais para a minimização dos 
resíduos. Sempre que for possível, é me-
lhor reduzir o consumo de materiais, ener-
gia e água, a fim de produzir o mínimo de 
resíduos e economizar energia. 
2. RE utilizar os bens de consumo - 
significa dar vida mais longa aos objetos, 
aumentando sua durabilidade e reparabi-
lidade ou dando-lhes nova personalidade 
ou uso, muito comum com as embalagens 
retornáveis, rascunhos, roupas, e nas ofi-
cinas de Arte com Sucatas. Após a utili-
zação de um produto ou material (sólido, 
líquido, energia, etc.) deve-se recorrer a 
todos os meios para reutilizá-lo. 
3. RE cuperar os materiais - as usinas 
de compostagem são unidades recupera-
doras de matéria orgânica. Os catadores 
recuperam as sucatas, antes delas vira-
rem lixo. 
4. RE ciclar - é devolver o material usa-
do ao ciclo da produção, poupando todo o 
percurso dos insumos virgens, com enor-
mes vantagens econômicas e ambientais. 
A agricultura e a indústria absorvem gran-
des quantidades de resíduos, aliviando 
a “lata de lixo” das cidades. A reciclagem 
deve ser aplicada somente para mate-
riais não reutilizáveis. Embora a recicla-
gem ajude a conservar recursos naturais, 
existem custos econômicos e ambientais 
associados à coleta de resíduos e ao pro-
cesso de reciclagem. 
5. RE pensar os hábitos de consumo e 
de descarte, pois para a maior parte das 
pessoas tais atos são compulsivos e, mui-
tas vezes, poluentes. É preciso também 
desmistificar a ação de jogar fora, porque, 
na maioria dos casos, o “fora” não existe. 
O lixo não desaparece depois da coleta e 
acaba sendo destinado a aterros, incine-
radores ou usinas, localizados próximos à 
nossa residência. A educação ambiental é 
básica para que os esforços em prol dos 5 
RE’s sejam vistos com seriedade pela po-
pulação. 
2.6 Tratamento
Monteiro et al (2001), define trata-
mento como uma série de procedimentos 
destinados a reduzir a quantidade ou o po-
tencial poluidor dos resíduos sólidos, seja 
impedindo descarte de lixo em ambiente 
ou local inadequado, seja transforman-
do-o em material inerte ou biologicamen-
te estável. O tratamento mais eficaz é o 
prestado pela própria população, quando 
está empenhada em reduzir a quantidade 
de lixo, evitando o desperdício, reapro-
veitando os materiais, separando os re-
cicláveis em casa ou na própria fonte e se 
desfazendo do lixo que produz de maneira 
correta, que acaba por fazer parte da co-
leta seletiva.
14 15
Além desses procedimentos, o mesmo 
autor diz que existem processos físicos e 
biológicos que objetivam estimular a ati-
vidade dos micoorganismos que atacam 
o lixo, decompondo a matéria orgânica e 
causando poluição. As usinas de incine-
ração ou de reciclagem e compostagem 
interferem sobre essaatividade biológi-
ca até que ela cesse, tornando o resíduo 
inerte e não mais poluidor, pois a incinera-
ção do lixo é também um tratamento efi-
caz para reduzir o seu volume, tornando o 
resíduo absolutamente inerte em pouco 
tempo, se realizada de forma adequada. 
Mas sua instalação e funcionamento são 
geralmente dispendiosos, principalmente 
em razão da necessidade de filtros e im-
plementos tecnológicos sofisticados para 
diminuir ou eliminar a poluição do ar pro-
vocada por gases produzidos durante a 
queima do lixo.
As usinas de reciclagem e composta-
gem geram emprego e renda e podem 
reduzir a quantidade de resíduos que de-
verão ser dispostos no solo, em aterros 
sanitários.
De acordo com Monteiro et al (2001), 
a economia da energia que seria gasta 
na transformação da matéria-prima, já 
contida no reciclado, e a transformação 
do material orgânico do lixo em compos-
to orgânico adequado para nutrir o solo 
destinado à agricultura representam van-
tagens ambientais e econômicas impor-
tantes, proporcionadas pelas usinas de 
reciclagem e compostagem.
Um aterro sanitário é uma forma para a 
deposição final de resíduos sólidos gera-
dos pela atividade humana. Nele são dis-
postos resíduos domésticos, comerciais, 
de serviços de saúde, da indústria de 
construção, ou dejetos sólidos retirados 
do esgoto.
Segundo Monteiro et al (2001), a base 
do aterro sanitário deve ser constituída 
por um sistema de drenagem de efluen-
tes líquidos percolados (chorume 1) acima 
de uma camada impermeável de polietile-
no de alta densidade - PEAD, sobre uma 
camada de solo compactado para evitar o 
vazamento de material líquido para o solo, 
evitando assim a contaminação de lençóis 
freáticos. O chorume deve ser tratado e/
ou recirculado (reinserido ao aterro) cau-
sando assim uma menor poluição ao meio 
ambiente. 
Para o mesmo autor, o seu interior deve 
possuir um sistema de drenagem de ga-
ses que possibilite a coleta do biogás, que 
é constituído por metano, gás carbôni-
co(CO2) e água (vapor), entre outros, e é 
formado pela decomposição dos resíduos. 
Este efluente deve ser queimado ou be-
neficiado. Estes gases podem ser queima-
dos na atmosfera ou aproveitados para 
geração de energia. No caso de países em 
desenvolvimento, como o Brasil, a utiliza-
ção do biogás pode ter como recompensa 
financeira a compensação por créditos de 
carbono ou CERs do Mecanismo de Desen-
volvimento Limpo, conforme previsto no 
Protocolo de Quioto, como já é feito por 
diversos aterros sanitários no Brasil: ater-
ro de Nova Iguaçu, aterro dos Bandeiran-
tes e São João em São Paulo, Embralixo-A-
rauna em Bragança Paulista, entre outros.
Sua cobertura é constituída por um sis-
1- É o Líquido malcheiroso e escuro produzido a partir da 
composição da matéria orgânica contida no lixo. É ácido e 
apresenta alto potencial contaminante, podendo poluir o solo 
e os lençóis de água subterrâneos, principalmente em locais de 
deposição não controlada de lixo, onde a grande quantidade 
desse líquido se infiltra facilmente no solo.
14 15
tema de drenagem de águas pluviais, que 
não permita a infiltração de águas de chu-
va para o interior do aterro.
Quando atinge o limite de capacidade 
de armazenagem, o aterro pode ser alvo 
de um processo de monitorização espe-
cifico, e se reunidas as condições, pode 
albergar um espaço verde ou mesmo um 
parque de lazer, eliminando assim o efei-
to estético negativo. Uma das principais 
vantages é o fato de poder ser deslocado 
de um lugar para outro sem prejudicar a 
vida animal. 
A Associação Brasileira de Normas Téc-
nicas (ABNT) define da seguinte forma os 
aterros sanitários: 
Aterros sanitários de resíduos só-
lidos urbanos, consiste na técnica de 
disposição de resíduos sólidos urbanos 
no solo, sem causar danos ou riscos à 
saúde pública e à segurança, minimi-
zando os impactos ambientais, mé-
todo este que utiliza os princípios de 
engenharia para confinar os resíduos 
sólidos ao menor volume permissível, 
cobrindo-os com uma camada de terra 
na conclusão de cada jornada de traba-
lho ou à intervalos menores se for ne-
cessário. (ABNT, 1992)
De acordo com monteiro et al (2001), 
além do aterro sanitário, temos o aterro 
controlado, sendo que este prescinde de 
uma coleta e tratamento do chorume, as-
sim como da drenagem e queima do bio-
gás.
Um aterro sanitário conta necessa-
riamente com as seguintes unidades:
 Unidades operacionais: células 
de lixo domiciliar; células de lixo hospita-
lar (caso o Município não disponha de pro-
cesso mais efetivo para dar destino final 
a esse tipo de lixo); impermeabilização de 
fundo (obrigatória) e superior (opcional); 
sistema de coleta e tratamento dos líqui-
dos percolados (chorume); sistema de co-
leta e queima (ou beneficiamento) do bio-
gás; sistema de drenagem e afastamento 
das águas pluviais; sistemas de monitora-
mento ambiental, topográfico e geotécni-
co; pátio de estocagem de materiais.
 Unidades de apoio: cerca e barreira 
vegetal; estradas de acesso e de serviço; 
balança rodoviária e sistema de controle 
de resíduos; guarita de entrada e prédio 
administrativo; oficina e borracharia.
O Aterro controlado, por não possuir 
sistema de coleta de chorume, esse líqui-
do fica retido no interior do aterro. Assim, 
é conveniente que o volume de água de 
chuva que entre no aterro seja o menor 
possível, para minimizar a quantidade de 
chorume gerado. Isso pode ser consegui-
do empregando-se material argiloso para 
efetuar a camada de cobertura provisória 
e executando-se uma camada de imper-
meabilização superior quando o aterro 
atinge sua cota máxima operacional.
Também, é conveniente que a área de 
implantação do aterro controlado tenha 
um lençol freático profundo, a mais de 
três metros do nível do terreno.
Normalmente, um aterro controlado 
é utilizado para cidades que coletem até 
50t/dia de resíduos urbanos, sendo desa-
conselhável para cidades maiores.
16 1716
UNIDADE 3 - Resíduos dos serviços de 
saúde – RSS
Os resíduos dos serviços de saúde com-
preendem todos os resíduos gerados nas 
instituições destinadas à preservação 
da saúde da população. Segundo a NBR 
12.808 da ABNT, os resíduos de serviços 
de saúde seguem a classificação apresen-
tada no Quadro 2, abaixo:
TIPO NOME CARACTERÍSTICA
Classe A – Resíduos Infectantes
A.1 Biológicos
Cultural, inoculo, mistura de microorganismos e meio de 
cultura inoculado provenientes de laboratório clínico ou de 
pesquisa, vacina vencida ou inutilizada, filtro de gases aspira-
dos de áreas contaminadas por agente infectantes e qualquer 
resíduo contaminado por estes materiais.
A.2 Sangue e hemoderivados
Sangue e hemoderivados com prazo de validade vencido ou 
sorologia positiva, bolsa de sangue para análise, soro, plasma 
e outros subprodutos.
A.3
Cirúrgicos, anatomopatoló-
gicos e exsudato
Tecido, órgão, feto, peça anatômica, sangue e outros líquidos 
orgânicos resultantes de cirurgia, necropsia e resíduos conta-
minados por estes materiais
A.4 Perfurantes e cortantes Agulha, ampola, pipeta, lâmina de bisturi e vidro.
A.5 Animais contaminados
Carcaça ou parte de animal inoculado, exposto a microorganis-
mos patogênicos ou portador de doenças infecto-contagio-
sas, bem como resíduos que tenham estado em contato com 
eles.
A.6 Assistência a pacientes
Secreção e demais líquidos orgânicos procedentes de pacien-
tes bem como os resíduos contaminados por estes materiais, 
inclusive restos de refeições.
Classe B – Resíduos Especiais
B.1 Rejeitos radioativos
Material radioativo ou contaminado com radionuclídeos, 
proveniente de laboratório de análises clínicas, serviços de 
medicina nuclear e radioterapia.
B.2 Resíduos farmacêuticos
Medicamento vencido, contaminado, interditado ou não utili-
zado.
B.3
Resíduos químicosperigo-
sos
Resíduo tóxico, corrosivo, inflamável, explosivo, reativo, ge-
notóxico ou mutagênico.
Classe C – Resíduos Comuns
C Resíduos comuns
São aqueles que não se enquadram nos tipos A e B, por sua 
semelhança aos resíduos domésticos, não oferecem risco 
adicional à saúde pública.
16 1717
O lixo de serviços de saúde e hospita-
lar se constitui dos resíduos sépticos, ou 
seja, que contêm ou potencialmente po-
dem conter germes patogênicos; ou de 
resíduos assépticos destes locais, cons-
tituídos por papéis, restos da preparação 
de alimentos, resíduos de limpezas gerais 
(pós, cinzas etc.), e outros materiais que 
não entram em contato direto com pa-
cientes ou com os resíduos sépticos, an-
teriormente descritos, que são conside-
rados como domiciliares.
Há, no Brasil, mais de 30 mil unidades 
de saúde, produzindo resíduos e, na maio-
ria das cidades, a questão da destinação 
final dos resíduos urbanos não está re-
solvida. Predominam os vazadouros a céu 
aberto. 
Segundo Ferreira (1995), da mesma 
forma que para os resíduos sólidos, em 
geral, as propostas de gerenciamento 
para os resíduos hospitalares têm-se fun-
damentado em padrões do Primeiro Mun-
do.
A questão central que se coloca é sobre 
a periculosidade ou não dos resíduos hos-
pitalares. Embora esta seja uma questão 
não-resolvida, os países desenvolvidos 
adotam uma política cautelosa e conside-
ram tais resíduos como resíduos que exi-
gem tratamento especial. De acordo com 
Ferreira (1995), a recomendação de inci-
neração dos resíduos, ou de parte deles, é 
uma constante. As prefeituras brasileiras 
precisam estruturar-se para resolver com 
maestria os seus problemas, principal-
mente pelo fato de termos unidades de 
saúde em todas elas, ajudando a maximi-
zar o problema destes resíduos.
3.1 Coleta, tratamento e 
destinação
De acordo com Monteiro et al (2001), a 
higiene ambiental dos Estabelecimentos 
Assistenciais à Saúde – EAS ou simples-
mente Serviços de Saúde (hospitais, clíni-
cas, postos de saúde, clínicas veterinárias 
etc.), é fundamental para a redução de in-
fecções, pois remove a poeira, os fluidos 
corporais e qualquer resíduo dos diversos 
equipamentos, dos pisos, paredes, tetos 
e mobiliário por ação mecânica e com so-
luções germicidas. O transporte interno 
dos resíduos, o correto armazenamento 
e a posterior coleta e transporte comple-
tam as providências para a redução das 
infecções.
Sobre as áreas hospitalares, o mes-
mo autor, mencionado anteriormente, 
as classificam em três categorias:
1. Áreas críticas: que apresentam 
maior risco de infecção, como salas de 
operação e parto, isolamento de doenças 
transmissíveis, laboratórios etc.;
2. Áreas semicríticas: que apresen-
tam menor risco de contaminação, como 
áreas ocupadas por pacientes de doenças 
não-infecciosas ou não-transmissíveis, 
enfermarias, lavanderias, copa, cozinha 
etc.;
3. Áreas não-críticas: que teorica-
mente não apresentam riscos de trans-
missão de infecções, como salas de admi-
nistração, depósitos etc.
Existem regras a seguir em relação à 
segregação (separação) de resíduos in-
fectantes do lixo comum, nas unidades de 
serviços de saúde, quais sejam:
18 1918
 Todo resíduo infectante, no momen-
to de sua geração, tem que ser disposto 
em recipiente próximo ao local de sua ge-
ração;
 Os resíduos infectantes devem ser 
acondicionados em sacos plásticos bran-
cos leitosos, em conformidade com as 
normas técnicas da ABNT, devidamente 
fechados;
 Os resíduos perfurocortantes (agu-
lhas, vidros etc.) devem ser acondiciona-
dos em recipientes especiais para este 
fim;
 Os resíduos procedentes de análises 
clínicas, hemoterapia e pesquisa micro-
biológica têm que ser submetidos à este-
rilização no próprio local de geração;
 Os resíduos infectantes compostos 
por membros, órgãos e tecidos de origem 
humana têm que ser dispostos, em sepa-
rado, em sacos plásticos brancos leitosos, 
devidamente fechados;
 Os resíduos infectantes e especiais 
devem ser coletados separadamente dos 
resíduos comuns; 
 Os resíduos radioativos devem ser 
gerenciados em concordância com reso-
luções da Comissão Nacional de Energia 
Nuclear – CNEN;
 Os resíduos infectantes e parte dos 
resíduos especiais devem ser acondicio-
nados em sacos plásticos brancos leitosos 
e colocados em contêineres basculáveis 
mecanicamente em caminhões especiais 
para coleta de resíduos de serviços de 
saúde. Tais resíduos representam no má-
ximo 30% do total gerado.
Para Monteiro et al (2001), são muitas 
as tecnologias para tratamento de resídu-
os de serviços de saúde. Até pouco tempo, 
a disputa no mercado de tratamento de 
resíduos de serviços de saúde era entre a 
incineração e a autoclavagem, já que, em 
muitos países, a disposição em valas sép-
ticas não é aceita. Recentemente, com os 
avanços da pesquisa no campo ambiental 
e a maior conscientização das pessoas, os 
riscos de poluição atmosférica advindos 
do processo de incineração fizeram com 
que este processo tivesse sérias restri-
ções técnicas e econômicas de aplicação, 
devido à exigência de tratamentos muito 
caros para os gases e efluentes líquidos 
gerados, acarretando uma sensível perda 
na sua parcela de mercado.
Os processos comerciais disponíveis 
que atendem às premissas fundamen-
tais são: a incineração (de grelha fixa ou 
de leito móvel), fornos rotativos, pirólise, 
autoclavagem, microondas, radiação ioni-
zante, desativação eletrotérmica e trata-
mento químico.
O único processo de disposição final 
para esse tipo de resíduo é a vala séptica, 
método muito questionado por grande 
número de técnicos, mas que, pelo seu 
baixo custo de investimento e de opera-
ção, é o mais utilizado no Brasil. De acor-
do com Monteiro et al (2001), a rigor, uma 
vala séptica é um aterro industrial Clas-
se II, com cobertura diária dos resíduos e 
impermeabilização superior obrigatória, 
onde não se processa a coleta do percola-
do.
18 1919
UNIDADE 4 - Resíduos sólidos industriais – 
RSI e resíduos das construções civis
Segundo Monteiro et al (2001) a indús-
tria da construção civil é a que mais explora 
recursos naturais. Além disso, a construção 
civil também é a indústria que mais gera re-
síduos. No Brasil, a tecnologia construtiva, 
normalmente aplicada, favorece o desper-
dício na execução das novas edificações.
Enquanto em países desenvolvidos a 
média de resíduos proveniente de novas 
edificações encontra-se abaixo de 100kg/
m2, no Brasil este índice gira em torno de 
300kg/m2 edificado.
Em termos quantitativos, esse material 
corresponde a algo em torno de 50% da 
quantidade em peso de resíduos sólidos 
urbanos coletados em cidades com mais de 
500 mil habitantes de diferentes países, in-
clusive o Brasil.
Segundo Monteiro et al (2001), em ter-
mos de composição, os resíduos da cons-
trução civil são uma mistura de materiais 
inertes, tais como concreto, argamassa, 
madeira, plásticos, papelão, vidros, me-
tais, cerâmica e terra, não recebem solução 
adequada, impactam o ambiente urbano e 
constituem local propício à proliferação de 
vetores de doenças, aspectos que aumen-
tam os problemas de saneamento nas áreas 
urbanas.
De acordo com Pinto (1999) e Montei-
ro et al (2001), os resíduos de construção 
e demolição (RCD) são partes dos resíduos 
sólidos urbanos que incluem também os 
resíduos domiciliares com todos os proble-
mas anteriormente relatados. Porém, para 
os resíduos de construção e demolição há 
agravantes: o profundo desconhecimen-
to dos volumes gerados, dos impactos que 
eles causam, dos custos sociais envolvidos 
e, inclusive, das possibilidades de seu rea-
proveitamento, fazem com que os gesto-
res dos resíduos se apercebam da gravida-
de da situação unicamente nos momentos 
em que, acuados, vêem a ineficácia de suas 
açõescorretivas. 
4.1 Geração, classificação, 
tratamento e disposição
Segundo Swana citado por Pinto (1999), 
a classificação da origem dos RCD proposta 
pela The Solid Waste Association of North 
America, é bastante útil para a quantifica-
ção de sua geração:
 Material de obras viárias;
 Material de escavação;
 Demolição de edificações;
 Construção e renovação de edifícios;
 Limpeza de terrenos.
A composição dos RCD originados em 
cada uma dessas atividades é diferente em 
cada país, em função da diversidade de tec-
nologias construtivas utilizadas.
De acordo com Pinto (1999), a madeira é 
muito presente na construção americana e 
japonesa, tendo presença menos significa-
tiva na construção européia e na brasileira; 
o gesso é fartamente encontrado na cons-
trução americana e européia e só recente-
mente vem sendo utilizado de forma mais 
significativa nos maiores centros urbanos 
brasileiros. Da mesma forma acontece com 
as obras de infra-estrutura viária, havendo 
20 2120
preponderância do uso de pavimentos rígi-
dos em concreto nas regiões de clima frio.
 Segundo o mesmo autor, além de se 
tornarem resíduos, acontece um grande 
desperdício que implica em custos maiores, 
sendo considerada como perda a quantida-
de de material sobre-utilizada em relação 
às especificações técnicas ou às especifica-
ções de um projeto, podendo ficar incorpo-
rada ao serviço ou transformar-se em resí-
duo. O quadro mais comumente encontrado 
nos municípios de médio e grande porte é 
a adequada disposição dos grandes volu-
mes de RCD em aterros de inertes, também 
denominados de “bota-foras”. Constitui o 
problema mais significativo na destinação 
dessa parcela dos resíduos o inexorável e 
rápido esgotamento das áreas designadas 
para disposição.
De acordo com Pinto (1999), os “bota-fo-
ras” são áreas de pequeno e grande porte, 
privadas ou públicas, que vão sendo desig-
nadas oficial ou oficiosamente para a re-
cepção dos RCD e outros resíduos sólidos 
inertes. A designação dessas áreas pela ad-
ministração pública se faz necessária pelo 
fato de a ampla maioria das Leis Orgânicas 
Municipais prever como competência das 
municipalidades a definição do destino dos 
resíduos municipais. A oferta dessas áre-
as por agentes privados se faz em função 
principalmente do interesse de planificá-las 
e, com isso, conquistar valorização no mo-
mento da sua comercialização.
Dentre os impactos, que muitas vezes 
são extremamente visíveis, causados pe-
los resíduos das construções, temos: ex-
tenso comprometimento da qualidade do 
ambiente e da paisagem local; prejuízos às 
condições de tráfego de pedestres e veícu-
los; obstrução de córregos; dentre outros.
A presença dos RCD e outros resíduos 
cria um ambiente propício para a prolifera-
ção de vetores prejudiciais às condições de 
saneamento e à saúde humana; é comum 
nos “bota-foras” e locais de deposições ir-
regulares a presença de roedores, insetos 
peçonhentos (aranhas e escorpiões) e inse-
tos transmissores de endemias perigosas 
(como a dengue). 
Para Pinto (1999), não há dúvidas de que 
a elevada geração de resíduos sólidos, de-
terminada pelo acelerado desenvolvimento 
da economia neste século, coloca como ine-
vitável a adesão às políticas de valorização 
dos resíduos e sua reciclagem, nos países 
desenvolvidos e em amplas regiões dos pa-
íses em desenvolvimento. Os processos de 
gestão dos resíduos em canteiro, de sofisti-
cação dos procedimentos de demolição, de 
especialização no tratamento e reutilização 
dos RCD, vão conformando um respeitável 
e sólido ramo da engenharia civil, atento à 
necessidade de usar parcimoniosamente 
recursos que são finitos e à necessidade de 
não sobrecarregar a natureza com dejetos 
evitáveis.
A reciclagem dos resíduos de construção 
e demolição no Brasil é bastante recente, 
mas vem chamando a atenção dos gestores 
urbanos pelas possibilidades que apresenta 
enquanto solução de destinação dos RCD e 
solução para a geração de produtos a baixo 
custo.
Segundo Pinto (1999), os primeiros es-
tudos sistemáticos foram realizados a par-
tir de 1983, PINTO (1986), ocorrendo na 
sequência os estudos de SILVEIRA (1993), 
ZORDAN (1997), LEVY (1997), LATTERZA 
(1998) e LIMA (1999), além de uma série de 
outros estudos pontuais. 
20 2121
UNIDADE 5 - Resíduos Líquidos
Os resíduos líquidos ou esgotos sanitá-
rios segundo a NORMA NBR 9648/86 são 
definidos como: “o despejo líquido cons-
tituído de esgoto doméstico e industrial, 
água de infiltração e a contribuição para-
sitária”.
- esgoto doméstico: é o despejo líquido 
resultante do uso da água para higiene e 
necessidade fisiológicas humanas. 
- esgoto industrial é o despejo líquido 
resultante dos processos industriais, res-
peitados os padrões de lançamento.
- água de infiltração é toda água pro-
veniente do subsolo, indesejável ao sistema 
separador e que penetra nas canalizações. 
- contribuição parasitária é a parcela 
do deflúvio superficial inevitavelmente ab-
sorvida pela rede de esgoto sanitário. Como 
exemplo, temos a penetração direta nos 
tampões de poços de visita, ou outras even-
tuais aberturas, ou ainda pelas áreas inter-
nas das edificações e escoam para a rede 
coletora, ocorrendo por ocasião das chuvas 
mais intensas com expressivo escoamento 
superficial. 
De acordo com UNESP (2008), a coleta 
e o movimento da drenagem superficial de 
águas pluviais, esgotos sanitários e despe-
jos industriais exige a solução de proble-
mas de natureza diferente dos existentes 
no sistema de abastecimento de água. Os 
esgotos domésticos, por exemplo, que se 
constituem das águas servidas, provenien-
tes da utilização da água potável em zonas 
residenciais e comerciais, devem ser cole-
tados e removidos para suas áreas de dis-
posição final ou tratamento, o mais rápido 
possível, a fim de que se possa evitar o de-
senvolvimento de suas condições sépticas.
Os despejos industriais são constituí-
dos pelas águas servidas provenientes das 
indústrias que podem, em muitos casos, 
apresentar produtos químicos que impossi-
bilitam a sua coleta no mesmo sistema em-
pregado para os aspectos sanitários.
Assim, os sistemas de coleta e remoção 
de resíduos líquidos (também chamado de 
esgoto ou águas servidas) podem ser clas-
sificados de acordo com a composição ou 
espécies das águas a esgotar, tomando de-
signações especiais, como: sanitário (água 
usada para fins higiênicos e industriais); 
sépticos (em fase de putrefação); pluviais 
(águas pluviais); combinado (sanitário + plu-
vial); cru (sem tratamento); fresco (recente, 
ainda com oxigênio livre). Existem soluções 
para a retirada do esgoto e dos dejetos, ha-
vendo ou não água encanada. 
Segundo UNESP (2008), existem três 
tipos de sistemas de esgotos: 
1. Sistema unitário: é a coleta dos es-
gotos pluviais, domésticos e industriais em 
um único coletor. Tem custo de implantação 
elevado, assim como o tratamento também 
é caro.
2. Sistema separador: o esgoto do-
méstico e industrial ficam separados do es-
goto pluvial. É o usado no Brasil. O custo de 
implantação é menor, pois as águas pluviais 
não são tão prejudiciais quanto o esgoto do-
méstico, que tem prioridade por necessitar 
tratamento. 
3. Sistema misto: a rede recebe o esgo-
22 23
to sanitário e uma parte de águas pluviais. 
Todos esses sistemas são constituídos 
de canalizações enterradas, geralmente as-
sentadas com declividades suficientes para 
o escoamento livre por gravidade. 
Nesse contexto, o saneamento é o con-
junto de medidas, visando a preservar ou 
modificar as condições do ambiente com a 
finalidade de prevenir doenças e promover 
a saúde. Saneamento básico se restringe 
ao abastecimento de água e disposição de 
esgotos, mas há quem inclua o lixo nesta ca-
tegoria. Outras atividades de saneamentosão: controle de animais e insetos, sanea-
mento de alimentos, escolas, locais de tra-
balho e de lazer e habitações. 
Normalmente, qualquer atividade de 
saneamento tem os seguintes objetivos: 
controlar e prevenir doenças, melhorar a 
qualidade de vida da população, melhorar a 
produtividade do indivíduo e facilitar a ativi-
dade econômica.
Investimentos em saneamento, princi-
palmente no tratamento de esgotos, dimi-
nui a incidência de doenças e internações 
hospitalares e evita o comprometimento 
dos recursos hídricos do município.
A percepção de que a maior parte das do-
enças é transmitida, principalmente, atra-
vés do contato com a água poluída e esgo-
tos não tratados, levou os especialistas a 
procurarem soluções integrando várias áre-
as da administração pública. 
Atualmente, emprega-se o conceito mais 
adequado de saneamento ambiental. Com 
o crescimento desordenado das cidades, 
no entanto, as obras de saneamento têm 
se restringido ao atendimento de emer-
gências, como: evitar o aumento do núme-
ro de vítimas de desabamento, contornar o 
problema de enchentes ou controlar epide-
mias.
O saneamento é de responsabilidade 
do município. No entanto, em virtude dos 
custos envolvidos, algumas das principais 
obras sempre foram administradas por ór-
gãos estaduais ou federais e quase sempre 
restritas a soluções para o problema, como 
enchentes.
Esgotos, Coleta e Trata-
mento
Ainda que só 0,1% do esgoto de origem 
doméstica seja constituído de impurezas 
de natureza física, química e biológica, e 
o restante seja água, o contato com esses 
efluentes e a sua ingestão é responsável 
por cerca de 80% das doenças e 65% das 
internações hospitalares. Atualmente, ape-
nas 10% do total de esgotos produzido re-
cebem algum tipo de tratamento, os outros 
90% são despejados “in natura” nos solos, 
rios, córregos e nascentes, constituindo-se 
na maior fonte de degradação do meio am-
biente e de proliferação de doenças.
Investir no saneamento do município me-
lhora a qualidade de vida da população, bem 
como a proteção ao meio ambiente urbano. 
Combinado com políticas de saúde e habi-
tação, o saneamento ambiental diminui a 
incidência de doenças e internações hospi-
talares. Por evitar comprometer os recursos 
hídricos disponíveis na região, o saneamen-
to ambiental garante o abastecimento e a 
qualidade da água. Além disso, melhorando 
a qualidade ambiental, o município torna-se 
atrativo para investimentos externos.
Nas obras de instalação da rede de coleta 
de esgotos poderão ser empregados os mo-
22 23
radores locais, gerando emprego e renda 
para a população beneficiada, que também 
pode colaborar na manutenção e operação 
dos equipamentos.
De acordo com Ambiente Brasil (2008), 
conduzido pela administração pública mu-
nicipal, o saneamento ambiental é uma 
excelente oportunidade para desenvolver 
instrumentos de educação sanitária e am-
biental, o que aumenta sua eficácia e efi-
ciência. Por meio da participação popular, 
ampliam-se os mecanismos de controle ex-
terno da administração pública, concorren-
do também para a garantia da continuidade 
na prestação dos serviços e para o exercício 
da cidadania.
Ainda segundo Ambiente Brasil (2008), 
apesar de requerem investimentos para as 
obras iniciais, as empresas de saneamento 
municipais são financiadas pela cobrança 
de tarifas (água e esgoto) o que garante 
a amortização das dívidas contraídas e a 
sustentabilidade a médio prazo. Como a co-
brança é realizada em função do consumo 
(o total de esgoto produzido por domicílio é 
calculado em função do consumo de água), 
os administradores públicos podem imple-
mentar políticas educativas de economia 
em épocas de escassez de água e praticar 
uma cobrança justa e escalonada. 
24 2524
UNIDADE 6 - Poluição Sonora
Segundo Pereira Jr (2002) a emissão de 
sons e ruídos em níveis que causam incô-
modos às pessoas e animais e que preju-
dicam, assim, a saúde e as atividades hu-
manas, enquadram-se perfeitamente no 
conceito de poluição legalmente aceito 
no Brasil, o qual é, também, de consenso 
do meio técnico. Como a poluição sonora 
pode causar danos à saúde humana, afe-
tando os sistemas auditivo e nervoso das 
pessoas, pode aquele que a provocar, ser 
enquadrado pela lei, sujeitando-se a pe-
nas de reclusão de um a quatro anos, além 
de multa.
Para Pereira Jr (2002), está entre as 
competências da União, portanto, a de es-
tabelecer normas gerais sobre o contro-
le da poluição, entendida esta de forma 
ampla, bem como nos planos urbanísticos 
municipais, onde, por exemplo, as ativi-
dades urbanas devem ser distribuídas de 
modo a não haver incompatibilidades, tais 
como a localização de uma grande meta-
lúrgica no meio de uma área residencial 
ou, pior ainda, ao lado de um hospital. São 
também decisões municipais que deter-
minam outras medidas mitigadoras da 
poluição sonora, como: a restrição ao uso 
de buzinas em determinadas áreas; e os 
horários e locais em que podem funcio-
nar atividades naturalmente barulhentas, 
como espetáculos musicais e esportivos, 
bares, boates, obras civis, etc.
De acordo com o caput do art. 18 da 
Constituição Federal, o disciplinamento 
do uso do solo e das atividades urbanas é 
estabelecido por meio das leis municipais 
de ordenamento urbano e pelos códigos 
municipais de obras e de posturas. Se, em 
determinado Município, essas leis – ou 
a ausência delas – permitem a poluição 
sonora, nada pode ser feito em termos 
de legislação federal ou estadual, pois o 
“Pacto Federativo” garante a autonomia 
administrativa dos entes federados, res-
peitando-se as competências constitucio-
nais de cada um deles.
De acordo com Pereira Jr (2002), para 
controlar a poluição sonora, os Municípios 
e os órgãos ambientais e de trânsito se 
valem de normas técnicas editadas pela 
Associação Brasileira de Normas Técni-
cas – ABNT e pelo Instituto Brasileiro de 
Normatização e Metrologia – INMETRO, 
as quais definem os limites de ruído acima 
dos quais se caracteriza a poluição. Como 
normas técnicas, esses instrumentos são 
periodicamente atualizados, de acordo 
com a evolução tecnológica, o que não po-
deria ocorrer – ou seria muito mais difícil 
de ocorrer – se fossem leis. Isto sem se le-
var em conta que as normas técnicas tra-
tam de assuntos altamente complexos, 
de natureza especializada e, portanto, 
impossíveis de serem tratados pelos po-
deres legislativos. 
24 2525
UNIDADE 7 - A legislação e o plano de 
Gestão Integrado E Sustentável De Resíduos 
Sólidos Urbanos – GISRSU
Observamos, ainda nos dias de hoje, 
principalmente em municípios pequenos, o 
depósito de resíduos sólidos a céu aberto 
ou lixão que é uma forma de deposição de-
sordenada sem compactação ou cobertura 
dos resíduos, o que propicia a poluição do 
solo, ar e água, bem como a proliferação de 
vetores de doenças. Por sua vez, o aterro 
controlado é outra forma de deposição de 
resíduo, tendo como único cuidado a cober-
tura dos resíduos com uma camada de solo 
ao final da jornada diária de trabalho com o 
objetivo de reduzir a proliferação de veto-
res de doenças.
Segundo Zanta e Ferreira (2006), a pre-
dominância dessas formas de destinação 
final pode ser explicada por vários fatores, 
tais como: falta de capacitação técnico-ad-
ministrativa, baixa dotação orçamentária, 
pouca conscientização da população quan-
to aos problemas ambientais ou mesmo 
falta de estrutura organizacional das insti-
tuições públicas envolvidas com a questão 
nos municípios, o que acaba refletindo na 
inexistência ou inadequação de planos de 
GIRSU.
Para reverter essa situação, uma das 
ações possíveis é a busca de alternativas 
tecnológicas de disposição final sustentá-
vel, entendida como aquela que atente para 
as condições peculiares dos municípios de 
pequeno portequanto às dimensões am-
biental, sócio-cultural, política, econômica 
e financeira, e que, simultaneamente, seja 
integrada às demais etapas do Gerencia-
mento Integrado e Sustentável dos Resídu-
os Sólidos Urbanos (GISRSU).
Nesse sentido, de acordo com Zanta e 
Ferreira (2006), o aterro sustentável é uma 
tecnologia para municípios pequenos que 
pode ser alternativa para o GISRSU aten-
dendo vários objetivos, dentre eles:
 O manejo ambientalmente adequado 
de resíduos sólidos urbanos;
 A capacitação técnica das equipes 
responsáveis pelo projeto, operação, moni-
toramento e encerramento do aterro;
 A geração de emprego e renda;
 Custos adequados à realidade sócio-
-econômica dos municípios; 
 O efetivo envolvimento dos atores 
políticos e institucionais e da população lo-
cal.
Para Zaneti e Sá (2004) a gestão inte-
grada dos resíduos sólidos urbanos deveria 
implicar na necessidade de compreender a 
complexidade da questão socioambiental, 
ou seja, da ecologia urbana que é alvo do 
sistema de gestão proposto, o que inclui co-
nhecer a natureza das fontes geradoras de 
resíduos, seus impactos na população e am-
biente urbanos, estudando-se a realidade 
local em seus aspectos sócio-econômicos, 
políticos, e pessoais/coletivos, além de arti-
culá-los com os impactos da dimensão glo-
bal, para que se obtenha uma visão real da 
complexidade da questão.
Essa integração exige a criação de redes 
relacionais de sustentação da comunicação 
entre os atores, que, no caso dos resíduos 
sólidos urbanos, são os produtores, catado-
res, o poder público, os serviços privados, os 
intermediários e as empresas que utilizam 
os resíduos como matéria prima.
26 27
As instituições responsáveis pelo 
sistema de GISRSU devem contar com a 
existência de uma estrutura organiza-
cional que forneça o suporte necessário 
ao desenvolvimento das atividades do 
sistema de gerenciamento. A concepção 
desse sistema abrange vários subsis-
temas com funções diversas, como de 
planejamento estratégico, técnico, ope-
racional, gerencial, recursos humanos, 
entre outros.
Esta concepção é condicionada pela 
disponibilidade de recursos financeiros 
e humanos, como também pelo grau de 
mobilização e participação social. Para 
municípios de pequeno porte, observa-
-se muitas vezes uma organização hie-
rárquica construída com base no princí-
pio da especialização funcional, no qual 
a cadeia de comando flui do topo para 
a base da organização, como ilustrado 
pela figura abaixo:
Exemplo de estrutura organiza-
cional do sistema de gerenciamento 
integrado de RSU para um município 
de pequeno porte.
 Fonte: Zanta e Ferreira (2006, p. 11).
Nesse exemplo, observa-se que o sis-
tema de GIRSU constitui-se em uma das 
gerências da Secretaria de Saneamento 
Ambiental da Prefeitura Municipal, as-
sistida pelo Conselho de Saneamento 
Ambiental, formado por segmentos 
representativos da comunidade com 
função de contribuir com a proposição 
e o controle do GIRSU.
A essa gerência de resíduos sóli-
dos urbanos, com atribuição técnica 
de planejamento, projeto e operação, 
está subordinado o setor de fiscaliza-
ção e atendimento, ao qual compete 
a fiscalização do desempenho das ati-
vidades e a comunicação com a popu-
lação quanto às demandas e esclare-
cimentos, não possuindo estruturas 
próprias de suporte jurídico, financeiro 
e administrativo.
Alguns aspectos do arranjo institu-
cional, como normas municipais para 
a limpeza urbana, a capacitação técni-
ca continuada dos profissionais e sua 
motivação para o melhor desempe-
nho de suas atribuições e a existência 
de um canal de comunicação a fim de 
possibilitar a participação social nos 
processos decisórios, ouvir e atender 
demandas, divulgar os serviços pres-
tados, bem como permitir a formação 
de consciência coletiva sobre a impor-
tância da limpeza pública por meio da 
educação ambiental, quando imple-
mentados, favorecem a melhoria dos 
serviços prestados.
As diretrizes das estratégias de 
gestão e gerenciamento de resíduos 
sólidos urbanos buscam atender aos 
objetivos do conceito de prevenção da 
poluição, evitando-se ou reduzindo a 
geração de resíduos e poluentes pre-
judiciais ao meio ambiente e à saúde 
pública. Desse modo, busca-se priori-
zar, em ordem decrescente de aplica-
ção: a redução na fonte, o reaproveita-
26 27
mento, o tratamento e a disposição final. 
No entanto, cabe mencionar que a hie-
rarquização dessas estratégias é função 
das condições legais, sociais, econômicas, 
culturais e tecnológicas existentes no mu-
nicípio, bem como das especificidades de 
cada tipo de resíduo.
A redução na fonte pode ocorrer por 
meio de mudanças no produto, pelo uso 
de boas práticas operacionais e/ou pelas 
mudanças tecnológicas e/ou de insumos 
do processo. De acordo com Valle citado 
por Zanta e Ferreira (2006), a estratégia 
de reaproveitamento engloba as ações 
de reutilização, a reciclagem e a recupe-
ração. Observa-se que no reuso, o resí-
duo está pronto para ser reutilizado, en-
quanto a reciclagem exige um processo 
transformador com emprego de recursos 
naturais e possibilidade de geração de re-
síduos, embora possa produzir um bem de 
maior valor agregado. Por último, têm-se 
as ações de tratamento e disposição fi-
nal que buscam assegurar características 
mais adequadas ao lançamento dos resí-
duos no ambiente.
As ações de gerenciamento podem ser 
promovidas por meio de instrumentos 
presentes em políticas de gestão. Se-
gundo Milanez citado por Zanta e Ferrei-
ra (2006), os instrumentos econômicos 
compreendem os tributos, subsídios ou 
incentivos fiscais; os instrumentos volun-
tários, as iniciativas individuais; e os ins-
trumentos de comando e controle, as leis, 
normas e punições.
O sistema de GIRSU pode ser compos-
to por atividades relacionadas às etapas 
de geração, acondicionamento, coleta e 
transporte, reaproveitamento, tratamento 
e destinação final. Na etapa de geração de 
resíduos sólidos, alteração no padrão de 
consumo da sociedade que promova a não 
geração, incentivar o consumo de produ-
tos mais apropriados ambientalmente ou 
mesmo o compartilhamento de bens, con-
tribui para melhoria da condição de vida 
da comunidade. Ainda nessa etapa, a ação 
de segregar os resíduos com base em suas 
características possibilitará a valorização 
dos resíduos e maior eficiência das demais 
etapas subsequentes de gerenciamento 
por evitar a contaminação de quantidades 
significativas de materiais reaproveitá-
veis em decorrência da mistura de resídu-
os.
Segundo Zanta e Ferreira (2006), o 
acondicionamento dos resíduos sólidos, 
por sua vez, deve ser compatível com suas 
características quali-quantitativas, faci-
litando a identificação e possibilitando o 
manuseio seguro dos resíduos, durante 
as etapas de coleta, transporte e armaze-
namento. A coleta e transporte consistem 
nas operações de remoção e transferên-
cia dos resíduos sólidos urbanos para um 
local de armazenamento, processamento 
ou destinação final. Essa atividade pode 
ser realizada de forma seletiva ou por co-
leta dos resíduos misturados. A coleta dos 
resíduos misturados, denominada de re-
gular ou convencional, é realizada, em ge-
ral, no sistema de porta em porta ou ain-
da, em áreas de difícil acesso, por meio de 
pontos de coleta onde são colocados con-
têineres basculantes ou intercambiáveis. 
A coleta seletiva é a coleta de materiais 
segregados na fonte de geração passíveis 
de serem reutilizados, reciclados ou recu-
perados. Pode ser realizada de porta em 
porta com veículos coletores apropriados 
ou por meio de Postos de Entrega Volun-
tária (PEVs) dos materiais segregados.
28 29
Para Zanta e Ferreira (2006), o dimen-
sionamento da frota de veículos coleto-
res empregados para o transporte é es-
tabelecido com base nas característicasquali-quantitativas dos resíduos a serem 
coletados e da área de coleta, como, por 
exemplo, o tipo de sistema viário, pavi-
mentação, topografia, iluminação e ou-
tras. Vários tipos de veículos coletores 
podem ser utilizados, como caminhões 
compactadores, caminhões basculantes, 
caminhões com carroceria de madeira 
aberta, veículos utilitários de médio porte, 
caminhões-baú ou carroças. Independen-
temente do tipo de coleta a ser adotado, a 
educação ambiental é peça fundamental 
para a aceitação confiabilidade nos servi-
ços prestados, motivando a participação 
da comunidade.
O reaproveitamento e o tratamento 
dos resíduos são ações corretivas cujos 
benefícios podem ser a valorização de re-
síduos, ganhos ambientais com a redução 
do uso de recursos naturais e da poluição, 
geração de emprego e renda e aumento 
da vida útil dos sistemas de disposição fi-
nal. Essas ações devem ser precedidas de 
estudos de viabilidade técnica e econômi-
ca, uma vez que fatores como qualidade 
do produto e mercado consumidor podem 
ser restritivos ao uso de algumas dessas 
alternativas.
Essas ações, quando associadas à co-
leta seletiva, ganham maior eficiência por 
utilizarem como matéria prima, resíduos 
de melhor qualidade. Os resíduos coleta-
dos também podem ter maior valor agre-
gado se beneficiados por meio de proce-
dimentos como segregação por tipo de 
materiais constituintes, lavagem, tritura-
ção, peneiramento, prensagem e enfar-
damento, de acordo com as exigências do 
mercado consumidor.
Segundo Zanta e Ferreira (2006), para 
municípios de pequeno porte, a disposição 
final dos RSU deve ser realizada segundo 
técnicas de engenharia de modo não pre-
judicar o meio ambiente e a saúde pública. 
Algumas técnicas recomendadas na lite-
ratura para municípios de pequeno por-
te são: aterros em valas (Cetesb, 1997), 
aterro simplificado (Fiuza et al., 2002) e 
aterro manual (Jaramillo, 1991).
Temos, abaixo, algumas das atividades 
operacionais de GISRSU relativas aos RSU 
domésticos e àqueles oriundos dos ser-
viços de limpeza pública que abrangem, 
neste exemplo, atividades de varrição, 
capina, raspagem, poda, limpeza de feiras 
e limpeza de boca-de-lobo.
 Atividades operacionais relaciona-
das aos resíduos sólidos domésticos e 
de limpeza pública.
 Fonte: Zanta e Ferreira (2006, p. 14).
De acordo com o Ministério do Meio Am-
biente (2001):
O plano de gerenciamento é um do-
cumento que apresenta a situação atu-
al do sistema de limpeza urbana, com a 
pré-seleção das alternativas mais viáveis, 
28 29
com o estabelecimento de ações integra-
das e diretrizes sob os aspectos ambien-
tais, econômicos, financeiros, adminis-
trativos, técnicos, sociais e legais para 
todas as fases de gestão dos resíduos 
sólidos, desde a sua geração até a des-
tinação final. (MINISTÉRIO DO MEIO AM-
BIENTE, BRASIL, 2001).
Considerando essa definição, no plano de 
gerenciamento deve haver um diagnóstico 
da situação atual que apresente os aspec-
tos institucionais, legais, administrativos, 
financeiros, sociais, educacionais, opera-
cionais e ambientais do sistema de limpeza 
pública, como também, informações gerais 
sobre o município. As informações relativas 
ao município abrangem: a coleta de dados 
sobre os aspectos geográficos, sócio-eco-
nômicos, de infra-estrutura urbana e da 
população atual, flutuante e prevista. Em 
relação ao sistema de limpeza pública são 
informações de interesse:
 Características quantitativas e qualita-
tivas dos resíduos sólidos urbanos;
 Identificação e análise das disposições 
legais existentes, incluindo contratos de 
execução de serviços de limpeza urbana 
municipal por terceiros;
 Identificação e descrição da estrutura 
administrativa (organização e alocação de 
recursos humanos);
 Identificação, levantamento e caracte-
rização da estrutura operacional dos servi-
ços prestados (infra-estrutura física, proce-
dimentos e rotinas de trabalho);
 Identificação dos aspectos sociais 
(presença de catadores na disposição final, 
coleta informal, existência de cooperativas 
ou associações);
 Identificação, levantamento e carac-
terização da estrutura financeira do serviço 
de limpeza urbana (remuneração e custeio, 
investimentos, controle de custos);
 Identificação e caracterização de ações 
ou programas de educação ambiental.
Depois da obtenção e da sistematização 
de dados e informações, é possível realizar 
um diagnóstico em que sejam identificados 
os problemas, as deficiências e as lacunas 
existentes e suas prováveis causas. Esta 
primeira fase subsidiará a elaboração do 
prognóstico contendo a concepção e o de-
senvolvimento do plano de gerenciamento. 
A concepção, as proposições e as alternati-
vas apresentadas no plano fundamentam-
-se em princípios e diretrizes de políticas 
públicas existentes ou a serem propostas 
que precisam estar claramente menciona-
das no texto do plano. O plano de gerencia-
mento deve contemplar:
 O modelo tecnológico, sua estrutura 
operacional e estratégia de implantação 
com as devidas justificativas e com defini-
ção de metas e prazos;
 A estrutura financeira e estudos 
econômicos com a definição das fontes de 
captação dos recursos necessários à im-
plantação e operacionalização do sistema 
previsto pelo plano (organograma, remune-
ração e custeio);
 A proposição de uma estrutura organi-
zacional e jurídica necessária ou a adequa-
ção da estrutura existente, com a inserção 
da participação e do controle social;
 Planos que promovam a inserção so-
cial para os grupos sociais envolvidos;
30 31
 Programas e ações de atividades de 
educação ambiental.
Monitoramento dos programas de ges-
tão, empregando-se como ferramentas, 
indicadores que resumem de forma inteligí-
vel e comparável uma série de informações, 
tais como, os de desempenho, os econômi-
co-financeiros e sócio-econômicos e am-
bientais.
De acordo com Zanta e Ferreira (2006), 
além da Constituição Federal, o Brasil já dis-
põe de uma legislação ampla (leis, decretos, 
portarias, etc.) mas que, por si só, não tem 
conseguido equacionar o problema do GIR-
SU. A falta de diretrizes claras, de sincronis-
mo entre as fases que compõem o sistema 
de gerenciamento e de integração dos di-
versos órgãos envolvidos com a elaboração 
e aplicação das leis possibilitam a existência 
de algumas lacunas e ambiguidades, dificul-
tando o seu cumprimento.
Nas diferentes esferas governamentais, 
ainda são iniciativas recentes ou inexistem 
leis específicas de Políticas de Gestão de Re-
síduos Sólidos que estabeleçam objetivos, 
diretrizes e instrumentos em consonância 
com as características sociais, econômicas 
e culturais de Estados e municípios. Alguns 
dos principais instrumentos legais e norma-
tivos de interesse para o tema são citados e 
comentados brevemente.
Segundo IPT/Cempre citado por Zanta 
e Ferreira (2006), a Constituição Federal, 
promulgada em 1988, estabelece em seu 
artigo 23, inciso VI, que “compete à União, 
aos Estados, ao Distrito Federal e aos Muni-
cípios proteger o meio ambiente e combater 
a poluição em qualquer das suas formas”. 
No artigo 24, estabelece a competência da 
União, dos Estados e do Distrito Federal em 
legislar concorrentemente sobre “[...] pro-
teção do meio ambiente e controle da polui-
ção” (inciso VI) e, no artigo 30, incisos I e II, 
estabelece que cabe, ainda, ao poder públi-
co municipal “legislar sobre os assuntos de 
interesse local e suplementar a legislação 
federal e a estadual no que couber”. A Lei 
Federal n. 6.938, de 31/8/81, que dispõe 
sobre a Política Nacional de Meio Ambiente, 
institui a sistemática de Avaliação de Impac-
to Ambiental para atividades modificadoras 
ou potencialmente modificadoras da quali-
dade ambiental, com a criação da Avaliação 
de Impacto Ambiental (AIA). A AIA é forma-

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