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Material de pisicologia juridica

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IED – Campus Resende – 2015.1 – MATERIAL DE APOIO 01 – Profº. Francisco
É logicamente possível a existência de um ordenamento de uma norma apenas?
Essa questão lógica é enfrentada por Bobbio como forma de fundamentar formalmente a sua teoria, pois se ele pretende que o direito seja necessariamente um ordenamento, entendido de uma forma bastante simples como um conjunto de normas, a possibilidade de existir uma ordem jurídica de uma norma só – mesmo que inviável no mundo real, como ele mesmo admite – seria um forte argumento teórico na linha do positivismo analítico e formalista.
Assim, são 03 (três) as possibilidades, segundo Norberto Bobbio, de ordenamento jurídicos com apenas uma norma:
Primeira possibilidade: uma norma de conduta que pretenda regular todas as ações possíveis, qualificando-as com uma única modalidade.
Assim:
1. “Tudo é permitido”: essa norma leva a uma situação semelhante ao estado de natureza, onde inexistia qualquer tipo de tutela;
2. “Tudo é proibido”: tal norma tornaria impossível a vida social, já que nada poderia ser feito (ações positivas), já que qualquer ação seria antijurídica;
3. “Tudo é obrigatório”: nessa situação, seria impossível a vida social, já que as ações obrigatórias conflitariam entre si.
Segunda possibilidade: a existência de uma norma de conduta que regule uma única ação. Isso pressupõe a existência de uma norma geral exclusiva pois, do contrário, apenas aquela única conduta regulada é que seria juridicamente possível. Assim, temos pelo menos duas normas, o que exclui logicamente a possibilidade de uma ordem jurídica de uma norma só.
Terceira possibilidade: a presença de uma norma de estrutura ou competência tal como "é obrigatório tudo o que o soberano determina" seria possível. Contudo, essa norma leva a uma pluralidade de normas de conduta e pressupõe outras normas de competência, como, v.g., uma norma que determine quem é o soberano. Então, novamente a possibilidade de uma ordem jurídica como uma única norma fica logicamente excluída.[1: Critério do sujeito ao qual a norma é destinada: Tentar caracterizar uma norma como jurídica a partir de seus destinatários leva a dois critérios: normas destinadas aos súditos ou aos juízes.a) súditos: afirmar que os súditos são os destinatários das normas jurídicas é muito genérico e não permite uma conclusão a respeito do que seja o direito. Normalmente esse critério é especificado com a afirmação de que a norma jurídica é aquela que os súditos cumprem em função da crença ou convicção de sua obrigatoriedade ("opinio iuris ac necessitatis"). Para Bobbio, essa convicção de obrigatoriedade nasce da certeza que se tem que ao violar esse tipo de norma haveria uma intervenção do poder judiciário e muito provavelmente ocorreria a aplicação de uma sanção. Nesse sentido, o sentimento de obrigatoriedade seria o sentimento de que aquela norma faz parte de um organismo mais complexo e, portanto, esse critério escapa à singularidade da norma e chega à totalidade do ordenamento.b) juiz: a definição de juiz como aquele ao qual uma norma atribui o poder e dever de aplicar a norma jurídica, tornando possível a execução de uma sanção, só pode existir a partir de um conjunto de normas e, novamente, somos levado a abandonar a singularidade da norma e ir ao encontro do conjunto do ordenamento jurídico.]
Bobbio passa então a analisar os principais problemas da teoria geral do direito não resolvidos pela teoria da norma, quais sejam, o problema da unidade, coerência e completude da ordem jurídica.
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ATENÇÃO (01): Mesmo que existisse apenas 01 (uma) norma, ela, na verdade, seria 02 (duas). Significa dizer que para cada NORMA EXPLÍCITA, existiria outra IMPLÍCITA. Assim:
É proibido matar, logo, é permitido não matar!
É permitido fazer tudo o que a lei não proíbe, logo, é proibido fazer o que lei não permite!
É proibido fumar em espaços públicos fechados, logo, é permitido não fumar em espaços públicos fechados!
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ATENÇÃO (02): Tanto a PRODUÇÃO quanto a EXECUÇÃO são verticais, já que encerram comandos hierárquicos (poder/dever). A PRODUÇÃO, contudo, será sempre de CIMA para BAIXO, e a EXECUÇÃO de BAIXO para CIMA.

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