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Escola Estadual Desembargador Rodrigues Campos APOSTILA DE GEOGRAFIA FÍSICA Professor Rafael Dias Belo Horizonte Outubro de 2007 (Atualizada em Junho/2008) 2 SUMÁRIO 1. GEOLOGIA ............................................................................................................. 03 1.1. A Origem da Terra............................................................................................... 03 1.2. A estrutura da Terra............................................................................................ 03 1.3. O tempo Geológico............................................................................................. 04 1.4 Teorias da movimentação dos Continentes...................................................... 04 1.4.1. Teoria da Deriva Continental .......................................................................... 04 1.4.2. Teoria da Tectônica de Placas ....................................................................... 05 1.4.2.1. A movimentação do Manto .......................................................................... 06 2. AS ROCHAS ........................................................................................................... 10 3. A FORMAÇÃO DO RELEVO .................................................................................. 11 3.1. Processos construtores do relevo.................................................................... 11 3.2. Processos modeladores do relevo ................................................................... 11 3.3. Formas do relevo................................................................................................ 12 4. CLIMA ..................................................................................................................... 13 4.1. Fatores do Clima................................................................................................. 13 4.1.1. Latitude............................................................................................................. 13 4.1.2. Longitude ......................................................................................................... 14 4.1.3. Massas de ar .................................................................................................... 14 4.1.4. Continentalidade e maritimidade ................................................................... 15 4.1.5. Correntes marítimas........................................................................................ 16 4.1.6. Relevo............................................................................................................... 17 4.1.7. Vegetação......................................................................................................... 17 4.2. Elementos do Clima ........................................................................................... 17 5. HIDROGRAFIA........................................................................................................ 19 6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS........................................................................ 22 3 1. GEOLOGIA 1.1. A Origem da Terra Várias teorias foram formuladas para explicar a origem da Terra e do universo de acordo com as tendências vigentes na época em que foram formuladas. A principal teoria aceita pela comunidade científica por mais de um século dizia que a Terra for formada pelo resfriamento de nuvens de gases que estavam em rotação, o que formou o corpo heterogêneo que é nosso planeta. Nas últimas décadas do século passado, surgiu uma nova teoria segundo a qual a Terra teria surgido pela agregação de poeira cósmica. Esta agregação ocorreu pelo atrito das partículas que se chocavam e geravam calor. Este calor provocou o aparecimento de uma atração gravitacional que atraiu mais corpos dispersos no espaço e aumentou a massa da Terra, até formar o corpo que conhecemos hoje. Esta mesma força gravitacional reteve ao seu redor uma pequena camada de gases que eram gerados pelo atrito das partículas, formando uma atmosfera primitiva. Essa atmosfera primitiva atuou como isolante térmico, criando o ambiente perfeito para a fusão dos materiais terrestres. Sendo assim, os elementos mais densos e pesados como ferro e níquel migraram para o interior do planeta, enquanto os mais leves concentraram-se na superfície. Os materiais que dispunham de ponto de fusão menor, ficaram na superfície e foram resfriados pela atmosfera, solidificando-se. À baixo da superfície, como a temperatura é maior, os elementos permanecem em constante estado líquido/pastoso. 1.2. A estrutura da Terra A Terra possui três camadas distintas, dispostas de formas concêntricas: • Crosta ou Litosfera: Possui profundidades de aproximadamente 30 a 70 Km. Encontra- se no estado Sólido. É composta por duas camadas: 4 � Crosta superior: é constituída por Sial (Sílica e Alumínio). Possui temperaturas de aproximadamente 800ºC em seu interior; � Crosta inferior: é composta por Sima (Sílica e Magnésio). As temperaturas desta camada giram em torno de aproximadamente 1000ºC. • Manto ou Astenosfera: Encontra-se no estado pastoso. É composto, basicamente, por Silicatos de Ferro e de Magnésio, entre vários outros elementos. Sua profundidade é de 2900 Km da superfície terrestre, sendo dividida em Manto Externo e Manto Interno, que possuem densidades diferentes, de acordo com a sua composição (3,3 e 5,5 respecstivamente). • Núcleo: É constituído de Ferro e Níquel (Nife). Subdivide-se em duas sub-camadas: � Núcleo Externo: Possui temperaturas de aproximadamente 3000ºC. Está a uma profundidade de 5100 Km. Acredita-se que esteja no estado líquido devido a imensa pressão encontrada a esta profundidade; � Núcleo Interno: Imagina-se que possua temperaturas próximas à da superfície do Sol (cerca de 5000ºC). Supõe-se que esteja no estado sólido, também devido a enorme pressão no local. Está a 6370 Km da superfície. 1.3. O tempo Geológico De acordo com as marcas deixadas pelo Planeta Terra, podemos interpretar o seu vasto passado. Assim, a história da Geologia nada mais é que a interpretação dessas marcas. • (500 A. C.) O grego Xanto de Sardis acreditava que os peixes fossilizados apareciam em regiões cobertas por antigos mares; • (484 – 420 A. C.) Heródoto, filósofo também grego, enquanto estudava o processo de sedimentação no Delta do Rio Nilo, concluiu que ele teria demorado vários anos para se formar. Imaginava que os fósseis encontrados no Mediterrâneo eram restos de alimentos dos trabalhadores que construíram as pirâmides egípcias; • (384 – 322 A. C.) Aristóteles cogitou a idéia de que existiam peixes terrestres, o que explicava o aparecimento de fósseis; • (Séc. XVII) Um arcebispo irlandês, fazendo leitura dos textos bíblicos, estimou que a Terra havia aparecido a 4004 anos Antes de Cristo, no dia 26 de outubro, às 9 horas; • (1680 D.C.) Thomas Burnet interpretou que as datas bíblicas eram metáforas para longas eras geológicas; • (Fim do Séc XVIII) Cientistas estimaram a idade da Terra entre 20 e 200 milhões de anos; • (Séc. XX) Após a descoberta do processo de desintegração radioativa (meia-vida) dos elementos, foi possível determinar a idade das rochas. 1.4 Teorias da movimentação dos Continentes 1.4.1. Teoria da Deriva Continental No ano de 1620, o navegador inglês Francis Bacon descreveu a similaridade entre os contornos litorâneos da América do Sul e da África. Anos mais tarde, em 1912, esta similaridadeinspiraria o cientista alemão, Alfred Wegener a criar a Teoria da Deriva Continental. 5 Baseado em fósseis em comum (FIGURA 2) e na formação do relevo dos dois continentes, Wegener intuiu que as terras emersas formavam um único continente – chamado Pangéia – que se fragmentou posteriormente, chegando à atual forma e disposição dos continentes. Entretanto, os recursos científicos de investigação da época não eram suficientes para comprovar a teoria de Wegener, o que fez com que a teoria caísse no ostracismo. Esta teoria só voltou a ser discutida anos mais tarde, durante a 2ª Grande Guerra. 1.4.2. Teoria da Tectônica de Placas Durante a 2ª Grande Guerra, o envio de submarinos Norte-americanos para combater a esquadra Nazista, detectou a presença de uma enorme cadeia de montanhas no meio do Oceano Atlântico. Após a guerra, os Norte-americanos iniciaram o estudo dessa cordilheira com o uso de um sonar. Este estudo mapeou o fundo do Oceano e determinou que o assoalho possui a forma constante na FIGURA 3. Após o mapeamento, foram realizadas coletas e datações das rochas de vários pontos da cordilheira, identificando que, quanto mais distante do centro da cordilheira, mais antiga foi a formação das rochas, enquanto no centro da cordilheira, as rochas possuíam idades bem mais recentes. Este processo demonstrou que um dia, os continentes estiveram juntos, formando um único continente e que com o passar do tempo, foram se fragmentando, formando as chamadas Placas Tectônicas, que foram se distanciando umas das outras. Mas o que promove este distanciamento? Qual é a força que impulsiona este distanciamento? FIGURA 2: ÁREAS DE OCORRÊNCIA DOS FÓSSEIS 6 1.4.2.1. A movimentação do Manto Como já foi visto, a Terra possui temperaturas variadas, de acordo com a camada. Assim, o Núcleo possui altíssimas temperaturas, que vão diminuindo gradativamente quanto mais se distância do centro da Terra. Levando-se em conta o exemplo da geladeira, o ar que se esfria na parte superior onde se encontra o congelador, torna-se mais denso, então mais pesado, assim, tende a descer. O ar que se encontra na parte de baixo, além de ser mais leve, é empurrado para cima pelo ar frio, formando ciclos entre o quente e o frio (FIGURA 4). No interior de nosso planeta ocorre o mesmo processo, porém, no lugar do ar, é o magma que se movimenta (FIGURA 5). FIGURA 4: MOVIMENTAÇÃO DO AR DENTRO DA GELADEIRA FIGURA 5: MOVIMENTAÇÃO DO MAGMA 7 Esta movimentação do magma determina o deslocamento da crosta terrestre, distanciando uma Placa Tectônica da outra. É importante salientar que existem dois tipos de Placas Tectônicas. Em primeiro lugar, as placas oceânicas, que formam o assoalho dos oceanos. Possui uma espessura entre 5 e 10 Km. É muito densa devido ao material que a compõe que são elementos máficos, da família dos basaltos e gabros, ricos em elementos ferromagnesianos, muito pesados. Já a segunda é a placa continental, de espessura de aproximadamente entre 20 e 70 Km e é composta de elementos mais leves, como Silício e Alumínio (Sial). A movimentação das placas pode ser classificada de acordo com sua direção e placas envolvidas na movimentação. Elas podem ser: 1. Movimento Divergente: São movimentos formadores de mares e oceanos. Neste tipo de movimentação, o continente inicia sua fragmentação, formando dois outros sub-continentes. Um ótimo exemplo deste movimento é a separação entre América do Sul e África. 2. Movimento Convergente: é o tipo de movimento onde duas placas se dirigem para um ponto comum. Pode ser de três formas diferentes: FIGURA 6: PLACAS TECTONICAS FIGURA 7: SEQÜÊNCIA ESQUEMÁTICA DE UM MOVIMENTO DIVERGENTE 8 a. Placa Oceânica x Placa Oceânica; O Choque entre duas placas oceânicas provoca a subducção, ou seja a passagem da placa mais pesada sob a outra, no manto, o que irá reincorporar o material da placa subductada ao manto, uma vez que a sua temperatura é muito elevada, o que irá mudar o estado físico do material que a compõe (sólido para o pastoso). Já a placa mais leve irá soerguer, formando ilhas. b. Placa Oceânica x Placa Continental; Neste caso, como a placa oceânica é composta por materiais mais pesados que a placa continental, ela irá ser subductada. Neste caso, como no anterior, a placa subductada volta a incorporar o manto, enquanto na placa continental forma-se uma cadeia de montanhas. Um ótimo exemplo desse movimento é a subducção da Placa de Nazca pela Placa Sulamericana, o que formou grande parte da Cordilheira dos Andes, principalmente no Chile, Peru e Bolívia. c. Placa Continental x Placa Continental; Este movimento é completamente diferente dos demais, pois a crosta continental FIGURA 8: SEQÜÊNCIA ESQUEMÁTICA DE UM MOVIMENTO CONVERGENTE ENTRE DUAS PLACAS OCEÂNICAS FIGURA 9: SEQÜÊNCIA ESQUEMÁTICA DE UM MOVIMENTO CONVERGENTE ENTRE UMA PLACA OCEÂNICA E UMA CONTINENTAL FIGURA 10: SEQÜÊNCIA ESQUEMÁTICA DE UM MOVIMENTO CONVERGENTE ENTRE DUAS PLACAS CONTINENTAIS 9 nunca é subductada por outra. Neste tipo de movimento, as crostas se chocam e com a pressão exercida por ambas, inicia-se um processo de soerguimento, que forma uma cadeia de montanhas no limite de contato. Este tipo de movimento é exemplificado pelos Montes Urais (entre a Europa e a Ásia) e pelo Himalaia, onde se encontra o ponto mais alto da Terra (Monte Everest no Nepal). 3. Movimento Tangencial ou Transcorrente Este tipo de movimento ocorre quando uma placa desliza horizontalmente a uma outra placa tectônica. Este movimento não promove construção nem destruição de crosta. Provoca somente, abalos sísmicos no local. Ótimo exemplo para o caso é a Falha de San Andréas na Califórnia (EUA). FIGURA 11: MOVIMENTO TANGENCIAL ENTRE AS PLACAS DO PACÍFICO E NORTE-AMERICANA E A FALHA DE SAN ANDRÉAS 10 2. AS ROCHAS As rochas são todo o material que compõe a porção sólida da superfície terrestre. Elas são formadas pela agregação de um ou mais minerais. São classificadas de acordo com sua origem, sendo: • ROCHAS ÍGNEAS OU MAGMÁTICAS: São as rochas formadas à partir da solidificação do magma. Assim, podem formar: � Rochas Magmáticas Intrusivas ou Plutônicas: Formadas à partir da solidificação do magma no interior da crosta; � Rochas Magmáticas Extrusivas ou Vulcânicas: Formadas À partir da solidificação da lava expelida pelos vulcões na superfície da Terra ou dos oceanos. • ROCHAS SEDIMENTARES:São rochas formadas pela sedimentação e compactação de fragmentos de outras rochas (ígneas, metamórficas ou até mesmo sedimentares), que sofreram a ação do intemperismo e foram transportados pelos rios, ventos, gelo, até serem depositadas. • ROCHAS METAMÓRFICAS: São o tipo de rocha que se formam à partir da transformação das rochas ígneas, sedimentares ou outras metamórficas pela ação da alta pressão e ou temperaturas elevadas no interior da crosta. FIGURA 12: O CICLO DAS ROCHAS 11 FIGURA 13: VULCANISMO – ACRÉSCIMO DA CROSTA FIGURA 14: AÇÃO DOS AGENTES EXTERNOS 3. A FORMAÇÃO DO RELEVO O relevo corresponde às formas assumidas pelo terreno (serras, montanhas, depressões, chapadas, etc.) após serem moldadas pela atuação dos agentes internos sobre a crosta terrestre. Podemos assim, perceber que para a formação do relevo ocorrem duas formas de processos: os processos construtores e os modeladores do relevo. 3.1. Processos construtores do relevoApós a formação da Terra, ocorre o resfriamento da porção externa da Terra, formando a Litosfera. Assim, os fluxos ocorridos no manto produzem movimentos na crosta (Placas Tectônicas). Estes movimentos, quando ocorre o choque entre placas tectônicas, produzem a formação de elevações (montanhas, cordilheiras, serras). Já o derramamento do magma na superfície (lava vulcânica) promove o acréscimo da crosta, “construindo” o relevo. 3.2. Processos modeladores do relevo A forma do relevo é provocada pela ação dos agentes externos como o aquecimento pelo Sol, resfriamento do tempo pela noite, a ação dos ventos, chuvas, rios, gelo, entre outros, que promovem a fragmentação da crosta por sua atuação durante milhares de anos. 12 3.3. Formas do relevo Com a ação dos agentes internos e dos externos o relevo começa a tomar forma. Esta forma se divide em quatro grandes grupos: 1. MONTANHAS: São grandes elevações formadas à partir dos agentes internos. Possuem altitudes superiores a 800m; 2. PLANALTO: ao contrário do que sugere o nome, é uma superfície irregular com altitude acima de 300m. Forma-se à partir do intemperismo (erosão) sobre as rochas. Pode ter morros, serras ou elevações íngremes de topo plano (chapadas). 3. PLANÍCIE: superfície muito plana com no máximo 100 metros de altitude. É formada pelo acúmulo de sedimentos carregados pelas águas do mar, de rios, de lagos ou de chuvas, além dos ventos e do gelo. 4. DEPRESSÃO: superfície entre 100 e 500 metros de altitude com suave inclinação, formada por prolongados processos de erosão. É mais plana do que o planalto. 15. Montanhas: Cordilheira dos Andes – Argentina; 16. Planaltos: Tabuleiro – MG; 17. Planície: Paraná; 18. Depressão: Belo Horizonte – MG. 15. 16. 17. 18. 13 4. CLIMA Inicialmente, é necessário compreender a diferença entre dois conceitos: Tempo e Clima. Tempo corresponde aos fenômenos meteorológicos ocorridos em um instante ou em um dia. Assim, se dizemos que hoje, o dia está quente e úmido, estamos nos referindo ao tempo. Já Clima é relativo ao comportamento médio da atmosfera de algum dado local, durante o período de um ano. Assim, se dizemos que na Amazônia o tempo é quente e úmido durante o ano todo, afirmamos que a média dos tempos de um ano - ou seja, o clima – são quentes e úmidos durante o ano inteiro. É importante lembrar que para se dizer como é o clima de um dado local, é necessário fazer um estudo das médias dos tempos de pelo menos 30 anos consecutivos. Sabe-se que cada região da Terra apresenta um clima diferente. Essa grande diversidade de climas é proporcionada por um conjunto de fatores climáticos, que agem conjuntamente, formando essa diversidade climática. 4.1. Fatores do clima 4.1.1. Latitude Corresponde à distância, na Terra, em relação à Linha do Equador. Quanto mais afastamos do Equador, menor será a temperatura. Este fato ocorre porque nosso planeta possui uma forma esférica. Esta forma esférica determina a forma da incidência de raios solares. Quanto mais direta for a incidência, menor será a área aquecida pelos raios e assim, a intensidade do aquecimento (temperatura) será maior (Figura 19). Se a incidência ocorre em regiões mais inclinadas, como nos pólos da Terra, a incidência dos raios terá uma forma diagonal à superfície do planeta, fazendo com que a área aquecida pelos raios solares seja maior, diminuindo a intensidade do aquecimento (temperatura) (Figura 19). FIGURA 19: DIFERENÇA DE INCIDÊNCIA DE RAIOS SOLARES NA TERRA, DE ACORDO COM A LATITUDE 14 4.1.2. Altitude Quanto mais alto menor será a temperatura. Este fato é condicionado pela quantidade de gases da atmosfera do local, pois o aquecimento da atmosfera depende diretamente da reflexão dos raios solares. Em locais de menores altitudes, a concentração de gases como o Dióxido de Carbono (CO2), o Monóxido de Carbono (CO) e o Metano (CH4), além de vapor d’água (H2O) é mais elevada do que em regiões de altitudes elevadas onde o ar é rarefeito, o que condiciona a retenção de calor e o aquecimento atmosférico (Figura 20). Nas regiões mais elevadas, como a concentração dos gases é menor, também será menor o aquecimento da atmosfera(Figura 20). É importante lembrar que parte dos raios que incidem diretamente na superfície são absorvidos, esquentando-a. Já o restante da energia solar, é refletida e grande parte dela, retida pelos gases atmosféricos. 4.1.3. Massas de ar Para que seja possível entender a formação das Massas de Ar, é necessário entender o funcionamento da circulação do ar na atmosfera. Como já foi visto no tópico 4.1.1, relacionado à Latitude, sabemos que as regiões próximas à Linha do Equador são muito quentes, devido a incidência perpendicular à FIGURA 20: ABSORÇÃO E RETENÇÃO DE CALOR NA ATMOSFERA 15 superfície da Terra, e as regiões situadas nos pólos terrestres são mais frias devido à incidência inclinada dos raios solares. Partindo dessa premissa, é possível concluir que o ar da região equatorial é mais quente, por conseqüência é mais leve, desencadeando a subida do ar. Já o ar das regiões polares é mais frio, desta forma, mais pesado por ser denso, o que faz com que o ar desça. Esta subida do ar quente, forma um região de Baixa Pressão Atmosférica, no Equador, desencadeando uma alternância de regiões de Altas e Baixas Pressões, como pode ser verificado na Figura 21. Sendo assim, podemos concluir que o ar carrega as características da região onde está, por exemplo: O ar da região do Equador se esquenta, car- regando a alta temperatura como característica da região em que se formou. Outra característica que também pode ser trans-portada pelo ar é a umidade. Para essas formações do ar e suas características dá-se o nome de MASSAS DE AR. Nos deslocamentos das massas de ar, ocorre o encontro entre massas diferentes, o que ocasiona uma troca de calor entre as massas provocando, princi- palmente, precipitação (chuva, geada, entre outros). As massas de ar se formam nas mais diversas regiões do globo, como nos continentes e nos oceanos. Então, podemos classifica-las da seguinte forma: As massas oceânicas são úmidas e as continentais – com pouquíssimas exceções – são secas. As massas Equatoriais e Tropicais são quentes, enquanto as temperadas e polares são frias. 4.1.4. Continentalidade e maritimidade A maior ou menor proximidade de grandes quantidades de água influencia bastante o clima. Esta influência, não está restrita, somente a umidade do ar, mas também na temperatura. Sabemos que a capacidade de retenção de calor solar da água é maior do que da terra. Contudo, a água se esquenta mais demoradamente do que os continentes, que se aquecem rapidamente. Porém a água demora mais a se esfriar do que o continente, que inicia seu resfriamento assim que diminui ou cessa a entrada de luz solar. Desta forma, a circulação do ar ocorre diferentemente durante o decorrer do dia (ver figuras 22 e 23). FIGURA 21: CIRCULAÇÃO DE AR NA ATMOSFERA TERRESTRE 16 4.1.5. Correntes marítimas As águas, da mesma forma que outros elementos como o ar, deslocam-se das regiões de temperaturas mais elevadas para as regiões de menores temperaturas. Como as massas de ar, carregam as características das regiões que se formaram. Outro dado importante para o bom entendimento das Correntes marítimas é a capacidade de retenção de calor que, quando se deslocam para regiões frias, aquecemestas regiões, como é o caso do Mar do Norte (região polar) que é impedido de ser congelado pela Corrente do Golfo (quente). Este fator é importantíssimo para amenizar o rigor do inverno no Hemisfério Norte. FIGURAS 22 e 23: CIRCULAÇÃO DIFERENCIADA DO AR DURANTE OS DIAS E AS NOITES, FAVORECIDA PELA RETENÇÃO DE CALOR PELAS ÁGUAS E PELOS CONTINENTES FIGURA 24: CORRENTES MARÍTIMAS Fonte: <http://web.educom.pt/dgpedronunes/oceanos/ images/Oceanos/MapMunCorrentesEncarta.GIF>. 17 4.1.6. Relevo O Relevo está diretamente associado, não só à altitude (diferença de temperatura), mas também a fatores climáticos como a temperatura e umidade, quando facilitam ou dificultam o deslocamento de massas de ar. Em regiões de baixas altitudes ou sem diferenças bruscas no relevo, o deslocamento é facilitado. Já em regiões montanhosas ou com grandes diferenças de altitude, a movimentação das massas é comprometido. 4.1.7. Vegetação A vegetação retira do solo a umidade através de suas raízes e devolvem para a atmosfera através da evapotranspiração (liberação de H2O pelo processo fotossintetizante). Além deste fator, a vegetação impede a incidência direta de raios solares sobre a superfície. Desta forma, a vegetação é um fator que condiciona tanto o aumento da umidade na atmosfera quanto a diminuição de calor na superfície. Se levarmos em conta o desmatamento, ocorrerá uma diminuição significativa da umidade na atmosfera local, diminuindo assim as chuvas e aumentando a temperatura. 4.2. Elementos do Clima A interação dos Fatores do Clima (latitude; altitude; massas de ar; continentalidade e maritimidade; correntes marítimas; relevo e vegetação), é responsável pelo comportamento dos Elementos do Clima, que são as sensações captadas por nossos sentidos. São eles: 1. Temperatura: é o comportamento do calor dos gases e do vapor d’água presentes na atmosfera. 2. Umidade do ar: Corresponde a quantidade de vapor d’água na atmosfera. É representada em % ou g/m3 de ar. Sabe-se que a capacidade de retenção de vapor d’água na atmosfera é de 4%. Assim, Quando se diz que a umidade FIGURA 25: DESLOCAMENTO DE MASSAS DE AR CONDICIONADO PELO RELEVO O relevo barra o deslocamento da massa, que precisa perder massa (chover) para continuar seu deslocamento. 18 relativa do ar é de 80%, significa que falta somente 20% de vapor para que ocorre a saturação e assim, a precipitação. 3. Pressão atmosférica: é responsável pelos deslocamentos do ar no globo. Então, pressão é o peso que o ar exerce sobre a superfície. O ar, então, se desloca sempre das regiões de altas pressões para as de baixas pressões, provocando os deslocamentos das massas de ar. 19 5. HIDROGRAFIA Entender a hidrografia de uma determinada região significa estudar o ciclo da água. Desta forma, podemos estudar como é a manifestação deste ciclo da água na natureza. Observando a Figura 27, temos um exemplo deste ciclo hidrológico, onde podemos elucidar alguns conceitos referentes ao tema. FIGURA 26: FASES DA ÁGUA FIGURA 27: EXEMPLO DE CICLO DA ÁGUA NA NATUREZA 20 Inicialmente, temos a evaporação da água de grandes corpos d’água (Figura 27, letra “a”) como rios, lagos, mares, oceanos; ou temos a evapotranspiração (Figura 27, letra “b”) que é a o processo de perda de água das plantas para a atmosfera pela transpiração. Esta água que está em forma de vapor d’água se condensa formando nuvens (Figura 27, letra “c”) que, em dado momento, precipita1 em forma de chuva (Figura 27, letra “d”). Esta precipitação tem dois destinos: o primeiro é a infiltração (Figura 27, letra “e”) pelos poros do solo. Esta água que infiltrou percorre, de poro em poro, até atingir uma superfície que não permita mais a infiltração. Assim, a água escoa sub-superficialmente, até atingir a superfície novamente. Assim, a água forma uma nascente (Figura 27, letra “f” e Figura 28). Esta nascente pode originar cursos d’água perenes2 ou intermitentes3 (Figura 27, letra “h”). O segundo destino da água da precipitação é o escoamento superficial (Figura 27, letra “g”), que é a formação de um curso d´água intermitente. Devido à gravidade, a água destes cursos d’água são direcionados para as áreas mais baixas, despejando suas águas, através da Foz4 (Figura 27, letra “i”) em grande locais de acúmulo de água, como em lagos, mares e oceanos (Figura 27, letra “j”). Um outro conceito importante é o divisor de águas que é uma considerável elevação do relevo (montanha, serra, cordilheira) que promove a divisão das águas das chuvas entre diferentes cursos d’água, podendo dividir Bacias Hidrográficas. 1 A precipitação também pode ocorrer na forma de chuva, granizo ou neve. 2 O curso d’água perene possui água durante o ano inteiro. 3 O curso d’água intermitente, diferentemente do perene, não possui água durante todo o ano. 4 Foz é o local de despejo de águas de um rio. Pode ser de duas formas: Foz em Estuário (despejo direto da água) e Foz em Delta (despejo da água em pequenos canais, que juntos formam uma figura geométrica triangular, parecida com a Letra Grega). FIGURA 28: INFILTRAÇÃO DE ÁGUA NOS POROS DO SOLO, FORMANDO UMA NASCENTE 21 Para finalizar, temos o conceito de Bacias Hidrográficas (Figura 29), que é o conjunto de cursos d’água que drenam, tendo como destino comum, um único grande rio. FIGURA 29: EXEMPLO DE BACIA HIDROGRÁFICA 22 6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS DIAS, J. A apud WALLACE, R. E.. Falha de San Andréas. Disponível em: <http://w3.ualg.pt/~jdias/GEOLAMB/GA2_SistTerra/203TectPlacas/63FrontTransf.html>. Acesso em 03 de setembro de 2007. MICROSOFT, Enciclopédia Encarta. As Correntes Oceânicas. Disponível em: <http://web.educom.pt/dgpedronunes/oceanos/images/Oceanos/MapMunCorrentesEncart a.GIF>. Acesso em 10 de junho de 2008. Teixeira, W.; Toledo, M. C. M. de; Fairchild, T. R.; Taioli F.. Decifrando a Terra. São Paulo: Oficina de Textos. 2000. SENE, Eustáquio de; MOREIRA, João Carlos. Geografia Geral e do Brasil: espaço geográfico e globalização. São Paulo: Scipione, 1998. WIKIPÉDIA. Mapa de Distribuição das Placas Tectônicas. Disponível em: <http:// upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/5/51/Placas_tectonicas_mapa.png>. Acesso em 04 de setembro de 2007.
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