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ESQUEMA I DIREITO PROCESSUAL

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DIREITO PROCESSUAL II - SENTENÇA/RECURSO
Prof. Fernando Rubin – Esquema I
Fonte principal - Livro F. RUBIN O Novo CPC. SP:Editora LTr, 2017.
INTRODUÇÃO. PROCESSO CIVIL E FORMAÇÃO DA DECISÃO FINAL DE MÉRITO NO PROCEDIMENTO COMUM. O CPC/73 E O NOVO CPC/2015
O estudo da formação do processo civil é importante para compreendermos o momento atual de aplicação do Novo CPC: fase do “neoconstitucionalismo” em que se exige principalmente “segurança jurídica” (profundidade e qualidade da prestação jurisdicional) na fase de conhecimento e “efetividade” (celeridade e movimentos sincréticos na realização de obrigação) na fase de execução.
A sentença é o ato final do procedimento comum, com busca do mérito – respeitado o princípio da primazia do mérito (art. 139, IX). Acordos podem ser feitos nas 3 audiências, substituindo a decisão final – como se mérito fosse (art. 515, par. 2°). Sentenças devem se limitar à causa de pedir/pedido, em respeito ao princípio dispositivo (art.141); acordos (autocomposição judicial) não !
Pode ser proferida sentença em fase anterior do processo, após a fase postulatória principalmente (julgamento antecipado do mérito), mas na dúvida o Estado-juiz deve determinar o prosseguimento da instrução, para mais completa instrução, ao menos no ambiente procedimental que não se confunde com os Juizados Especiais (respeito ao princípio da segurança jurídica).
O princípio dispositivo, portanto, é essencial para a dinâmica do procedimento, seja na fase de conhecimento seja na fase de execução. Como grande limitador do agir do Estado-juiz, impõe que seja a parte autora a única responsável por impulsionar o processo nos termos desejados, iniciando a demanda com a petição inicial e também expressamente peticionando ao magistrado para que se inicie os trabalhos executivos propriamente ditos.
O princípio da preclusão representa esse grande limitador para as partes ao longo de todo o procedimento, tanto na fase de conhecimento como na fase de execução. Os litigantes, em linhas gerais, possuem prazos e formas para se manifestarem nos autos, sob pena de não poderem mais agir, tento em vista que o processo deve seguir, abrindo uma nova etapa procedimental à medida que é fechada a anterior.
Quanto à atividade do Estado-juiz, necessário registro de que há prolação de Sentença na Fase de Conhecimento – quando o magistrado põe fim a sua atividade jurisdicional no primeiro grau, em decisão com cognição exauriente (“an debeatur”); e há Sentença na Fase de Execução – quando o magistrado extingue a execução em razão da satisfação integral da obrigação executiva (“quantum debeatur”).
Aproveitando o ensejo, lembremos dos conceitos clássicos, mantidos pelo Novo CPC, a respeito das modalidades de pronunciamentos do Estado-juiz ao longo do processo judicial:
Dos Pronunciamentos do Juiz
Art. 203. Os pronunciamentos do juiz consistirão em sentenças, decisões interlocutórias e despachos.
§ 1º Ressalvadas as disposições expressas dos procedimentos especiais, sentença é o pronunciamento por meio do qual o juiz, com fundamento nos arts. 485 e 487, põe fim à fase cognitiva do procedimento comum, bem como extingue a execução.
§ 2º Decisão interlocutória é todo pronunciamento judicial de natureza decisória que não se enquadre no § 1º.
§ 3º São despachos todos os demais pronunciamentos do juiz praticados no processo, de ofício ou a requerimento da parte.
§ 4º Os atos meramente ordinatórios, como a juntada e a vista obrigatória, independem de despacho, devendo ser praticados de ofício pelo servidor e revistos pelo juiz quando necessário.
Art. 204. Acórdão é o julgamento colegiado proferido pelos tribunais.
Art. 205. Os despachos, as decisões, as sentenças e os acórdãos serão redigidos, datados e assinados pelos juízes.
§ 1º Quando os pronunciamentos previstos no caput forem proferidos oralmente, o servidor os documentará, submetendo-os aos juízes para revisão e assinatura.
§ 2º A assinatura dos juízes, em todos os graus de jurisdição, pode ser feita eletronicamente, na forma da lei.
§ 3º Os despachos, as decisões interlocutórias, o dispositivo das sentenças e a ementa dos acórdãos serão publicados no Diário de Justiça Eletrônico.
SENTENÇAS. CLASSIFICAÇÃO DAS DECISÕES JUDICIAIS. SENTENÇA TERMINATIVA E SENTENÇA DEFINITIVA. ELEMENTOS DA SENTENÇA
- A classificação das decisões judiciais respeita os termos do art. 203. Sentença é ato final que encerra o procedimento de 1° grau; decisões interlocutórias são decisões gravosas proferidas ao longo do iter (em meio à tramitação do processo); e os despachos não desafiam recurso porque não são gravosos (de mero expediente).
- O recurso da sentença é a apelação; das decisões interlocutórias é o agravo de instrumento, mas só das mais graves decisões, nos termos anunciados pelo próprio codex no art. 1015 (v.g., tutelas provisórias, julgamento antecipado parcial mérito).
- Acórdão é o julgamento do colegiado proferido pelos Tribunais (art. 204), para reforma/confirmação da sentença; mas pode ser substituída pelo julgamento monocrático do relator (art. 932).
- Uma grande mudança do Novo CPC foi estabelecer duas ordens de decisões interlocutórias: as de maior gravidade e as de menor gravidade; nas últimas (a regra do sistema) não há recurso imediato, à parte interessada daí só resta levar a matéria ao Tribunal em preliminar de apelação, após proferida sentença (art. 1009, par. 1°).
- Uma outra mudança bastante interessante é a de que as decisões interlocutórias podem decidir questões de mérito, desde que seja em julgamento interlocutório, que portanto não põe fim ao procedimento de 1° grau (art. 1015, II).
- A distinção entre sentença terminativa e definitiva vêm prevista nos arts. 485 e 487. A sentença terminativa indica para uma decisão final que não julga o mérito, por isso autorizado, por regra, o reajuizamento da demanda, sanado o vício processual. Exemplo seria o reconhecimento de preliminar por ausência de interesse processual, por falta de requerimento administrativo no caso concreto. No caso específico de litispendência, perempção e coisa julgada, temos a impossibilidade de reajuizamento da ação de conhecimento.
- A expressão “condições da ação” (de Liebmann – processualista italiano que muito influenciou a redação do CPC/73) não foi reeditada pelo CPC/2015, o que confirma a busca pela primazia do mérito, com redução das questões formais em nome da substância. Inclusive uma das condições de Liebmann, a impossibilidade jurídica do pedido, passa a ser considerado julgamento de mérito agora. Segue existindo a legitimidade da parte e o interesse processual, mas devem ser examinados a partir exclusivamente da petição inicial, a fim de ser proferida sentença terminativa (teoria da asserção).
- Outras hipóteses do art. 485 vinculadas à atividade imprecisa do autor: abandono da causa e desistência da ação determinam a prolação de sentença sem julgamento de mérito; não se confundindo com a renúncia ao direito sob o qual se funda a ação, que aí sim seria julgamento de mérito (art. 487).
- As sentenças definitivas são as decisões finais de mérito, que permite portanto a formação da coisa julgada material. Envolve o pedido formulado na ação do autor ou reconvenção do réu; homologação de acordos, na forma de transação ou conciliação; ou decisão de ofício ou a requerimento a respeito da prescrição/decadência.
- Por fim, os elementos da sentença vêm previstos no art. 489: relatório, fundamentação e dispositivo. O relatório é a parte mais simples, breve resumo da demanda; não há exigência nos juizados; importante para identificação de vícios, que poderiam daí ser sanados, baixando o juiz os autos em diligência antes de formalmente publicar a sentença.
- Fundamentação: análise das questões de fato e de direito com profundidade. Exigência de decisão completa do art. 489, par. 1°, explicitando o teor art. 93, IX CF. As decisões interlocutórias, em respeito aos termos do art. 11, também podem ser reconhecidas como nulas, por faltade fundamentação. Entende-se, aqui do ponto de vista principiológico, que a decisão judicial (final ou interlocutória) deve prestigiar o debate entre as partes que a antecedeu, respeitando o princípio do contraditório prévio (art. 10).
- Dispositivo: a finalização da sentença, onde se diz quem ganhou e o que ganhou. Trata-se da parte definitiva imunizada pela coisa julgada. Deve ser o mais completo possível, já que os seus termos serão objeto de ulterior execução, assim que transitada em julgado a sentença. Deve indicar a condenação em principal e acessórios (honorários sucumbenciais, correção monetária e juros de mora).
3.	SENTENÇAS. DISPOSIÇÕES ESPECÍFICAS. VÍCIOS, CORREÇÕES E JULGAMENTOS ANTECIPADOS.
- Os vícios da sentença vêm previstos no art. 492.
- Sentença citra petita: não enfrenta um dos pedidos da parte; sentença ultra petita: concede coisa além do requerido pela parte; sentença extra petita: concede algo diverso do postulado, sem autorização legal.
- Todos os vícios são graves e passíveis de correção, porquu atentam contra o contraditório e o princípio dispositivo.
- Cabível a utilização de embargos de declaração para o juiz reconsiderar vício, diante de omissão/contradição/obscuridade do julgado. 
- Já o Tribunal pode reconhecer dos vícios, por provocação ou mesmo de ofício, já que se tratam de matérias de interesse supra-partes.
- O reconhecimento do pedido implícito não gera reconhecimento de vício (art. 322, par. 1°) e ajustes na sentença em relação ao pedido passam a ser autorizados, respeitado o conjunto da postulação e a boa-fé da parte (art. 322, par. 2°).
- Por fim, os julgamentos antecipados do processo podem se dar de duas formas: improcedência liminar do pedido (art. 332) e julgamento antecipado parcial de mérito (art. 356).
- A improcedência liminar envolve somente matérias de direito, em temas já consolidados pelos Tribunais Superiores (como o STJ) ou Tribunal local (como o TJRS). O recurso é a apelação. Casos em que sequer terá citação; interposto o recurso, juízo terá prazo de 5 dias para eventual retratação; não interposto recurso, réu será citado do trânsito em julgado, por carta AR.
- Já o julgamento antecipado parcial de mérito desafia sempre agravo de instrumento. Aqui se fala na lógica da “sentença fatiada” no Novo CPC. Casos em que um dos pedidos é incontroverso ou já está em condições de imediato julgamento, seguindo os demais pedidos para aprofundamento da instrução. Se não houver recurso dessa decisão interlocutória parcial de mérito, há formação de preclusão (dentro do processo não há mais possibilidade de ser interposto um outro recurso) e coisa julgada material sobre o pedido (efeitos para fora do processo, impedindo que o tema venha a ser discutido em um outro futuro processo judicial). Ainda cabe registrar que o julgamento antecipado parcial não se confunde com as tutelas provisórias, porque embora em ambas se examine o mérito, a primeira é em cognição exauriente e a última é em cognição sumária.
- Correções da sentença: No caso da sentença citra-petita deve ser determinado pelo Tribunal o retorno dos autos para novo julgamento na origem, sob pena de supressão de instância. No caso de sentença ultra petita, o Tribunal pode diretamente ajustar o julgado. E na sentença extra petita, a tendência é de um cenário semelhante ao da sentença citra petita, sendo que se trata, de uma maneira geral, do vício mais grave da decisão final. Quando tivermos sentença com falta de fundamentação ou recurso contra sentença que extinguiu incorretamente o feito sem julgamento de mérito, admite-se que o Tribunal possa julgar imediatamente a causa, se esta estiver pronta (madura) para enfrentamento – vide art. 1013, par. 3°, IV.
BIBLIOGRAFIA PESQUISADA
LACERDA, Galeno. Do despacho saneador. Porto Alegre: La Salle, 1953.
LEMOS, Vinícius Silva. Recursos e processos nos tribunais no Novo CPC. São Paulo: Lexia, 2015.
LIEBMAN, Enrico Tullio. Eficácia e autoridade da sentença. Trad. de Alfredo Buzaid e Benvindo Aires. Notas de Ada Pellegrini Gri-nover. 2ª ed. RJ: Forense, 1981.
RUBIN, Fernando; REICHELT, Luis Alberto. Grandes temas do novo CPC – Vol. 2. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2016.
ZANETI JÚNIOR, Hermes. A constitucionalização do processo. São Paulo: Atlas, 2014, 2ª ed.
USTÁRROZ, Daniel. PORTO, Sérgio Gilberto. Manual dos recursos cíveis – de acordo com o anteprojeto do Novo CPC. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2013, 4ª ed.
MATERIAL COMPLEMENTAR PARA REFLEXÃO (passagem extraída do site AMBITO JURÍDICO - Monique Rodrigues Gonçalves).
Tem-se por conceito de sentença o ato do juiz que põe termo a uma das etapas do procedimento em primeira instância, com ou sem a resolução do mérito. O ordenamento jurídico pátrio consagrou o princípio da congruência, também chamado de princípio da correlação ou da adstrição, segundo o qual a decisão judicial deverá guardar estrita relação com o que foi incialmente pedido pelo autor. Quando a sentença proferida pelo magistrado não respeitar esse princípio, estaremos diante de uma decisão extra, ultra ou citra petita, podendo causar a anulação do referido pronunciamento judicial.
A decisão extra petita é aquela na qual o magistrado decide diversamente que foi estabelecido na inicial, em relação ao pedido, à causa de pedir ou às partes do processo. Dessa decisão, cabe a interposição do recurso de apelação, com base no error in procedendo, pleiteando a nulidade da decisão proferida e a remessa dos autos para o juízo prolator da sentença. Quando o pronunciamento judicial puder ser dividido em capítulos autônomos e independentes entre si, a anulação somente deverá alcançar a parte viciada, preservando-se os capítulos restantes.
Por outro lado, a decisão ultra petita se dá quando a sentença excede os limites quantitativos fixados na exordial, seja em relação ao pedido, seja em relação às partes que compõem a lide. Dessa forma, concede-se acertadamente a tutela e o bem pretendidos pelo autor, extrapolando-se, contudo, a quantidade do que foi pleiteado. Da sentença ultra petita proferida pelo juízo, cabe o recurso de apelação, com a finalidade de pleitear a nulidade da decisão relativa, apenas, ao excesso.
Por sentença citra petita, entende-se aquela na qual se decide aquém que foi pleiteado em relação ao pedido, à causa de pedir ou aos litigantes. Noutras palavras, o magistrado se omite de analisar questão essencial ao deslinde da causa, gerando, assim, uma nulidade. Em virtude da existência de omissão, o meio adequado para impugnar a decisão citra petita é os embargos de declaração, visando integrá-la, tornando-a completa e perfeita. Contudo, caso os mencionados embargos não sejam opostos, entende-se que não se opera o efeito da preclusão, podendo a parte interpor o recurso de apelação, buscando anular a referida decisão.
Após o trânsito em julgado da decisão, respeitando-se o lapso temporal de 2 (dois) anos – prazo decadencial –, o STJ admite o ajuizamento de ação rescisória para rescindir a parte viciada das sentenças extra, ultra ou citra petita, em função de ofensa a literal dispositivo de lei.
TRECHO JURISPRUDENCIAL PARA REFLEXÃO DESCONSTITUÍRAM A SENTENÇA. PREJUDICADO O RECURSO DE APELAÇÃO (Apelação Cível Nº 70070909247, Oitava Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Rui Portanova, Julgado em 15/12/2016).
APELAÇÃO CÍVEL. ANULATÓRIA DE PARTILHA. SENTENÇA COM FUNDAMENTAÇÃO GENÉRICA E SEM ENFRENTAMENTO AO CASO CONCRETO. NULIDADE POR FALTA DE FUNDAMENTAÇÃO. NECESSIDADE DE OBSERVÂNCIA AO DISPOSTO NO ARTIGO 489, § 1º, III E IV DO CPC/15. Caso em que a sentença é de tal modo genérica que serviria para julgamento da maioria dos casos em que se pede anulação de acordo de partilha de bens, sob a alegação de vício de consentimento. Da leitura da sentença, não se verifica tenha o juízo enfrentado as alegações trazidas pela parte, que justificariam a anulação do acordo. Hipótese em que se verifica nulidade na sentença, por falta de fundamentação, pois os fundamentos expostos se prestariama justificar qualquer outra decisão (em ação anulatória de partilha), bem como por que não foram enfrentados todos os argumentos que, em tese, poderiam alterar a conclusão da sentença. Inteligência do artigo 489, § 1º III e IV do CPC/15”.
SENTENÇA ADAPTADA PARA FINS ACADÊMICOS – BASEADA EM CASO CONCRETO processo n° 001/1052454489-5 – fonte: www.tjrs.jus.br.
Comarca de Porto Alegre
___________________________________________________________________
	Processo nº: 
	001/00000000000
	Natureza:
	Ordinária – Outros 
	Autora:
	Segurada
	Réu:
	INSS – Instituto Nacional de Seguridade Social
	Juiz Prolator:
	Juiz de Direito
	
	
Vistos etc.
SEGURADA, qualificada na inicial, propôs ação acidentária contra o INSS – INSTITUTO NACIONAL DE SEGURIDADE SOCIAL, narrando que desde 16.04.1979 laborou junto ao Banco Banrisul S/A na função de escriturária em decorrência do que realizava movimentos repetitivos sem pausas adequadas e por longos períodos, os quais expunham seus membros superiores à possibilidade de contrair algum tipo de lesão por esforço repetitivo (LER/DORT). Diz que em 17.06.2004 foi emitida CAT pela empregadora passando a receber o benefício acidentário (B91/115.752.906-0) até que teve alta programada, após pedido de reconsideração, em 31.12.2005. Requer, em sede de antecipação de tutela, o restabelecimento do auxílio-doença acidentário. Por fim, requer seja o réu condenado definitivamente a manter o benefício auxílio-doença por acidente de trabalho. Requer a concessão do benefício da assistência judiciária gratuita. Acosta procuração e documentos (fls. 14/66).
Concedido o benefício da assistência judiciária gratuita e deferido o pleito em antecipação de tutela para restabelecer o benefício de auxílio-doença acidentário (fl. 70). Irresignado o réu interpôs agravo de instrumento (fls. 83/89), ao qual foi negado seguimento (fls. 91/94).
Citado, o réu apresentou contestação às fls. 81/82, alegando ausência do elemento básico para o restabelecimento do benefício auxílio-doença, qual seja a incapacidade laboral. Pugna pela improcedência da ação. 
A autora voltou em réplica (fls. 95/96) mantendo o posicionamento da inicial. 
O réu, por sua vez, trouxe cópia do procedimento administrativo (fls. 128/233). E, ainda, junta cópia dos laudos médicos-periciais às fls. 239/241, oportunidade em que pede a revogação do pleito antecipatório.
Saneado o feito e deferida a prova pericial (fls. 111/112), tendo as partes apresentado quesitos às fls. 123/124, vindo os laudos médicos periciais às fls. 339/342, do que tiveram ciência às partes, sendo que a autora apresentou impugnação ao laudo às fls. 345/352, juntou os documentos de fls. 353/466 e anexou laudo da assistente técnica às fls. 471/542, enquanto o réu, por sua vez, pronunciou-se à fl. 545, pedindo pela revogação da tutela antecipada.
À fl. 712 veio o laudo pericial complementar, com vista às partes, tendo a parte autora manifestado-se às fls. 714/715 e o réu às fls. 727/728.
O Ministério Público trouxe parecer final pela procedência da ação para deferir o benefício da aposentadoria por invalidez acidentária (fls. 729/736).
A certidão de fl. 737 atesta que a autora não ajuizou outros feitos acidentários nesta Comarca.
É O RELATO. 
PASSO A DECIDIR.
O presente feito percorreu todos os trâmites legais, estando presentes os pressupostos e as condições da ação, inexistindo nulidades a serem declaradas.
Tratam os autos de pedido de manutenção do auxílio-doença acidentário em razão das patologias nos membros superiores e que teriam incapacitado a autora para a sua atividade profissional ou sua conversão no benefício da aposentadoria por invalidez. 
A controvérsia versa acerca da existência de incapacidade laborativa. 
Tenho que razão assiste à parte autora.
A perícia efetuada, inicialmente, pelos peritos-médicos nas especialidades da ortopedia e da medicina do trabalho atestaram que a demandante não se encontra incapacitada para o trabalho, como se confere pela conclusão da fl. 341.
Já pelos laudos psicológico e psiquiátrico os peritos concluíram pela incapacidade laborativa consoante se lê das conclusões de fls. 676/677 e 679. 
Ora, pelo histórico da doença atual da autora e pelos relatos na inicial de que vinculados ao quadro de LER/DORT, vem acompanhado os sintomas de depressão e ansiedade, os quais foram confirmados pelos laudos psiquiátrico e psicológico, não como negar que o quadro apresentado pela autora não a possibilita retornar ao trabalho. 
Tem-se, assim, como bem expressado pelo Ministério Público à fl. 735 que a perícia médica judicial não afastou de forma absoluta a origem laboral da patologia da demandante e ainda concluíram que as dores ortopédicas podem ser oriundas da patologia psiquiátrica. 
E mesmo que se tenha dúvidas acerca do nexo causal entre a patologia apresentada pela autora e o exercício de suas atividades, em face das conclusões do laudo pericial, havendo duas vertentes de prova, deve a dúvida ser interpretada em benefício da parte mais fraca da relação jurídica, aplicando-se o princípio geral do in dubio pro misero, até porque, dada a natureza do benefício acidentário, o indeferimento torna-se muito mais gravoso para o segurado do que para a Autarquia.
Portanto, da análise do acervo probatório, emerge a conclusão de que a segurada apresenta Incapacidade laborativa, decorrente de acidente do trabalho.
Por derradeiro, não se pode descartar que a demandante também tenha pretendido a concessão de aposentadoria por invalidez. De qualquer sorte, mesmo que assim não fosse, diante do princípio da fungibilidade, norteador que é das demandas acidentárias, tendo em vista o caráter social de que se revestem os benefícios acidentários, confere ao julgador, de conformidade com a situação fática encontrada nos autos, definir o benefício a ser concedido a parte demandante, inclusive podendo conferir benefício diverso daquele pretendido.
Assim, mesmo que o pedido formulado pela autora tenha sido direcionado para o restabelecimento do benefício de auxílio-doença acidentário, a situação fática indica a concessão de benefício diverso daquele pleiteado, sendo o caso, na espécie, de aposentadoria por invalidez, a contar do dia seguinte ao da data da alta do último auxílio-doença acidentário.
DIANTE DO EXPOSTO, com fundamento nos artigos 59 a 60 e 42 a 44, ambos da Lei 8.213/91, julgo procedente esta ação acidentária, ajuizada por SEGURADA para condenar o réu INSTITUTO NACIONAL DE SEGURO SOCIAL – INSS, a converter o benefício de auxílio-doença acidentário (B91) em aposentadoria por invalidez acidentária (B92), a partir da presente data, tornando DEFINITIVA a liminar concedida para restabelecimento do benefício auxílio-doença acidentário até essa data e a contar do indeferimento administrativo.
As parcelas atrasadas deverão ser pagas, desde a época em que devidas, com correção monetária segundo IGP-DI, bem como acrescidas de juros de 1% (um por cento) ao mês, mas estes últimos contados somente a partir da data da citação, de conformidade com a Súmula nº 204 do e. STJ. Arcará o réu com o pagamento das custas e despesas processuais por metade e com os honorários advocatícios do(a) procurador(a) do(a) autor, que estabeleço em 10% (dez por cento) sobre o valor das parcelas vencidas (assim compreendidas aquelas que venceram até a data da prolação desta sentença, incluídas as alcançadas por ordem da tutela antecipada), tudo de conformidade com as Súmulas nºs 110, 111 e 178 do e. STJ e 234 e 236 do e. STF, c/c o artigo 11, "a", da Lei Estadual nº 8.121/85.
Publique-se. Registre-se. Intimem-se.
Juiz de Direito.

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