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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS Engenharia Mecânica Anna Caroline de Souza Silva Miquelino Alves de Oliveira Tarcísio Augusto Santos Almeida ATIVIDADE PRÁTICA Nº 08: Motores - Desmontagem e remontagem de motor de combustão interna. 2 Anna Caroline de Souza Silva Miquelino Alves de Oliveira Tarcísio Augusto Santos Almeida ATIVIDADE PRÁTICA Nº 08: Motores – Montagem e Desmontagem Trabalho elaborado durante a disciplina de Laboratório de Sistemas Térmicos como requisito parcial para aprovação. Professor: Willian Moreira Duarte Belo Horizonte 2017 3 1. Introdução Motores à combustão interna são equipamentos que transformam energia térmica em energia mecânica, através da combustão de uma mistura ar/combustível, gerando um fluido de trabalho a alta pressão. Este trabalho consiste na desmontagem de um Motor de Combustão Interna, com ênfase no bloco do motor, componentes, materiais e funcionamento, a fim de descobrir os parâmetros construtivos e de operação do motor em questão. 1.1 - Componentes do Motor Abaixo estão descritos os principais componentes de um motor de combustão interna: Bloco É a maior parte do motor e sustenta todas as outras partes. Nele estão contidos os cilindros, geralmente em linha nos motores de tratores de rodas. São normalmente construídos de ferro fundido, que podem ser adicionados outros elementos em suas ligas para melhorar suas propriedades. Alguns blocos possuem tubos removíveis que formam as paredes dos cilindros. Estas paredes podem ser úmidas ou secas, conforme entrem ou não em contato com a água de refrigeração do motor. Cilindro É o local por onde o pistão se desloca. No cilindro que se desenvolve a deflagração do combustível, é a origem da força mecânica que possibilita o deslocamento do veiculo. O cilindro é fabricado com o metal especifico para suportar condições extremas de funcionamento. O numero de cilindros para cada tipo de motor de combustão interna varia de acordo com sua aplicação. 4 Biela É a parte do motor que liga o pistão ao virabrequim. É fabricado de aço forjado e divide se em três partes: cabeça, corpo e pé. A cabeça é presa ao pistão pelo pino e o é está ligado ao virabrequim através de um material anti-fricção, chamado casquilho ou bronzina. Pistão Ou êmbolo de um motor é uma peça cilíndrica, de alumínio ou liga de alumínio, desloca no eixo longitudinal pelo cilindro dos motores de explosão. É a parte móvel da câmara de combustão, recebe a força de expansão dos gases queimados, transmitido à biela, por intermédio do pino do pistão. No pistão encontram-se dois tipos de anéis, Os anéis de vedação que estão mais próximos da parte superior do pistão; E os anéis de lubrificação que estão localizados na parte inferior do pistão e têm a finalidade de lubrificar as paredes do cilindro. O pistão liga-se à biela através de um pino. O pino é normalmente fabricado de aço cementado. Eixo virabrequim É o grande responsável pela transmissão de torque ao sistema. O eixo recebe força dos pistões e faz a inversão de movimento da biela. A sua força é proporcional ao tamanho do braço ou alavanca, da mesma forma o torque. No virabrequim o tamanho da manivela influencia diretamente no torque. Anéis de segmento: Os anéis de seguimento são responsáveis pela vedação da câmara do cilindro, redução da área de contato direta entre as paredes do êmbolo e do cilindro, controle do fluxo de óleo nas paredes do cilindro, dissipação do calor do êmbolo pelas paredes do cilindro. Bronzina São os casquilhos que podem ser móveis ou fixo, é o mancal responsável para redução de atrito, e apoio das peças giratórias, deslizantes e oscilantes do motor. É a peça de sacrifício, porque desgasta primeiro tornando viável e econômica a manutenção das peças. 5 Figura 1: Principais componentes de um motor de combustão interna 1.2 - Funcionamento do Motor de Quatro Tempos O motor é uma maquina que trabalha com os princípios termodinâmicos juntamente com os conceitos de compressão e expansão de fluidos gasosos para geração de força e movimento rotativo. Admissão Ocorre com o motor ainda desligado, pronto para receber o movimento inicial do motor de partida que é acoplado ao motor a combustão. Nesse momento o pistão que está ligado a biela, logo ao eixo virabrequim na posição PMS. Compressão A inversão de sentido do pistão muda o movimento para o segundo tempo do motor do PMI em direção ao PMS. Explosão O pistão inverte novamente o sentido de movimento do PMS para o PMI, pois adquiriu força. 6 Escape O motor admite a mistura no primeiro tempo, comprime e explode no segundo e terceiro tempo e ganha força externa, neste estado, Garante a saída dos gases resultantes da queima do combustível para fora do motor. Figura 2: Etapas do ciclo de funcionamento de um motor de 4 tempos 1.3 – Parâmetros Construtivos PMS - Ponto máximo de elevação do êmbolo PMI - Ponto mínimo de elevação do êmbolo C = PMS-PMI - Curso do êmbolo D - Diâmetro do cilindro Vc - Volume da câmara de combustível Vd - Volume deslocado 7 Figura 3: Parâmetros construtivos 2. Metodologia Materiais utilizados na prática: Motor quatro tempos Paquimetro Chave de boca, estriada, estrela e de fenda. Pano e papel Caixa de serragem Bancada Incialmente a prática se trata de conhecermos um motor, feita a desmontagem para medirmos o volume da câmara, através diãmetro do pistão com seu deslocamento vertical (comprimento do curso). Principio da desmontagem se trata da retirada da tampa do motor com suas carenagens de proteção, coletores, volante do motor, polias, correias, comando de valvulas, Carter, junta do motor, etc. Houve a retirada de apenas um pistão para medição do comprimento da biela realizada com paquimetro universal 8 analogico. Logo abaixo demostra o principio da desmontagem do motor para medir o diâmetro do pistão com o paquimetro. Figura 02: Medição do pistão Fonte: retirado pelo autor Após a retirada da tampa e coletores do motor, obtivemos a primeira visualização do pistoes como demostra a imagem, as mediçoes foram realizadas de modo meio grosseiro, aceitado erros de visualização no paquimetro, de posição e sujeira. Sabendo que se trata apenas de uma prática de reconhecimento do motor para melhor andamento da materia especifica, aplicado conhecimentos adquiridos ao longo do curso. 9 Figura 03: Medição do pistão Fonte: retirado pelo autor Na imagem acima, refere-se a medição do curso do pistão, segundo a posição deixada no volante do motor, a posição da chave se aplica a minimizar o erro de altura mencionado com o paquimetro universal, usando a base da chave de boca como referencia final de altura do bloco. Deste modo, facilita a realização dos cálculos mencionados no formulário entregue no laboratório, como: velocidade média do pistão, pressão média indicada, consome de combustível, consumo especifica indicado/efetivo, torque indicado, potência indicada, pressão média de fricção, torque efetivo (de frenagem ou brake torque) e presão efetiva (de frenagem ou brake power). 10 3. Resultados e AnáliseCom base na prática, obtemos os seguintes valores: Tabela 01 – Dados aferidos Fonte: Elaborado pelos autores Considerando as características dos componentes do motor, faz-se cálculos para obter os parâmetros de desempenho do motor, como seguem abaixo: 3.1 – Cálculo do Volume Deslocado Vd = 𝜋 ∗ 𝐷2 4 ∗ 𝐶 Vd – Volume descolado D – Diâmetro do cilindro C – Curso do êmbolo 3.2 – Relação de Compressão 𝑟𝑐 = 𝑉𝑑 + 𝑉𝑐 𝑉𝑐 Vd – Volume descolado Vc – Volume da câmara rc – Relação de Compressão Dados Comprimento Biela 130,2 mm 0,1302 m Comprimento Virabrequim 40 mm 0,04 m Diâmetro pistão 75,4 mm 0,0754 m Curso do Pistão 82 mm 0,082 m Diâmetro válvula de escape 29,3 mm 0,0293 m Diâmetro válvula de admissão 36,4 mm 0,0364 m Volume da Câmara 43,5 ml 4,35E-05 m³ Valores (aferição) Valores (unid. SI) 11 3.3 – Massa de ar por Ciclo (Teórico) 𝑚𝑎𝑟 𝑡𝑒ó𝑟𝑖𝑐𝑜 = 𝑉𝑑 ∗ 𝜌𝑎𝑟 Sendo: 𝜌𝑎𝑟 = 𝑃𝑎𝑟 𝑇𝑎𝑟 ℎ – número de vezes que o pistão sobe e desce por ciclo de trabalho i – número de cilindros n – rotação 𝜌𝑎𝑟 – densidade do ar 𝑉𝑑– Volume deslocado 3.4 – Massa de ar por Ciclo 𝑚𝑎𝑟 = 𝐸𝑣 ∗ 𝑚𝑎𝑟 𝑡𝑒ó𝑟𝑖𝑐𝑜 𝐸𝑣 – Eficiência volumétrica 𝑚𝑎𝑟 – Massa do ar 𝑚𝑎𝑟 𝑡𝑒ó𝑟𝑖𝑐𝑜 – Massa do ar (teórico) 3.5 – Massa de Combustível por Ciclo para Mistura Estequiométrica 𝑚𝑐 = 𝐹 ∗ 𝑚𝑎𝑟 F – Razão combustível ar 𝑚𝑎𝑟 – Massa do ar 𝑚𝑐 – Massa de combustível 12 3.6 – Velocidade Média do Pistão 𝑠𝑝 = 2 ∗ 𝐶 ∗ 𝑛 C – Curso do êmbolo n – Rotação Sp – velocidade média do embolo 3.7 – Pressão Média Indicada 𝑃𝑀𝑖 = 𝑃𝑖 ℎ ∗ 𝑉𝑑 ∗ 𝑖 ∗ 𝑛 h – Número de vezes que o pistão sobe e desce por ciclo de trabalho n – rotação i – Número de cilindros Pi – Potência indicada PMi – Potência média indicada Vd – Volume deslocado 3.8 – Consumo Específico Indicado 𝐶𝑠𝑖 = 𝑚𝑐̇ 𝑃𝑖 Csi – Consumo Específico Indicado 𝑚𝑐̇ – Fluxo de massa de combustível 𝑃𝑖 – Potência indicada 13 3.9 – Consumo Específico Efetivo 𝐶𝑠𝑒 = 𝑚𝑐̇ 𝑃𝑒 Cse – Consumo Específico Efetivo 𝑚𝑐̇ – Fluxo de massa de combustível Pe – Potência Efetiva 3.10 – Torque Indicado 𝑇𝑖 = 𝑃𝑖 2 ∗ 𝜋 ∗ 𝑛 n – Rotação Pi – Potência indicada 𝑇𝑖 – Torque Indicado 3.11 – Potência Indicada 𝑃𝑖 = 𝑄 ∗ ɳ𝑡̇ Pi – Potência Indicada ɳ𝑡 – Rendimento térmico �̇� – Fluxo de calor 3.12 – Fluxo de Calor no Sistema �̇� = 𝑚𝑐 ∗ 𝐶𝐸 CE – Poder calorífico 𝑚𝑐 – Massa de combustível Q – Calor 14 3.13 – Potência Efetiva 𝑃𝑒 = 𝑄 ∗ ɳ𝑔̇ ɳ𝑔 – Rendimento global Pe – Potência Efetiva Q – Calor 3.14 – Potência Média Efetiva 𝑃𝑀𝑒 = 𝑃𝑒 ℎ ∗ 𝑉𝑑 ∗ 𝑖 ∗ 𝑛 h – Número de vezes que o pistão sobe e desce por ciclo de trabalho i – Número de cilindros n – Rotação Pe – Potência Efetiva Vd – Volume deslocado 3.15 – Torque Efetivo 𝑇𝑒 = 𝑃𝑒 2 ∗ 𝜋 ∗ 𝑛 Pe – Potência Efetiva Te – Torque Efetivo Considerando uma eficiência térmica de aproximadamente 30% a plena carga, o fator λ igual a 0,96 e uma eficiência volumétrica (ηVol) segundo a tabela abaixo: 15 Tabela 02 – Informações Prática n (rpm) 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000 4500 5000 5500 6000 6500 ηVol 90 90 93 96 93 90 90 87 85 80 75 65 Fonte: Elaborado pelo professor William Com base nas fórmulas apresentadas acima e utilizando o software Excel para resolução das mesmas, seguem resultados: Cálculo do Volume Deslocado Vd = 0,000178605𝑚3 Relação de Compressão 𝑟𝑐 = 8,442 = 8: 1 Massa de ar por Ciclo Com 𝜌𝐴𝑟 = 1,2041𝐾𝑔/𝑚³ 𝑚𝑎𝑟 = 𝑣𝑑 ∗ 𝜌𝐴𝑟 = 0,000215058𝐾𝑔 Massa de Combustível por Ciclo considerando 𝐹(𝑔𝑎𝑠𝑜𝑙𝑖𝑛𝑎) = 1 13,3 e 𝐹(á𝑙𝑐𝑜𝑜𝑙) = 1 9 , 𝑚𝑐(𝑔𝑎𝑠𝑜𝑙𝑖𝑛𝑎) = 𝑚𝑎𝑟 ∗ 𝐹 = 1,61698𝐸 − 05𝐾𝑔 𝑚𝑐(𝑎𝑙𝑐ó𝑜𝑙) = 𝑚𝑎𝑟 ∗ 𝐹 = 2,38953𝐸 − 05𝐾𝑔 16 Tabela 03 – Informações Prática Fonte: Elaborado pelos alunos e valores teóricos Aplicando conhecimentos técnicos aliados aos dados fornecidos pelo professor e coletados na prática, os resultados seguem abaixo: Fluxo de Calor Etanol 1275,75 Fluxo de Calor Gasolina 1246,97 Comprimento do Pistão 82 Eficiência Térmica 0,3 Fator λ 0,96 Núm. Cilindros (i) 4 F (gasolina) 0,0752 F (etanol) 0,1111 CE gasolina 3,90E+07 CE etanol 2,70E+07 h 0,5 Vd 3,66E-04 Densidade do Ar 1,16144 Massa Gasolina 3,1974E-05 Massa Etanol 4,725E-05 Rendimento Mecânico 0,85 Dados Cálculos Tabela 04 – Resultados Fonte: Elaborado pelos alunos e valores teóricos 18 Tabela 04 – Resultados - continuação Fonte: Elaborado pelos alunos e valores teóricos 4. Conclusão Após a desmontagem do motor foi possível entender de maneira prática o funcionamento de alguns componentes do motor, como os pistões que são os componentes que se movimentam dentro dos cilindros ou camisas do bloco do motor, a árvore de manivelas, também conhecida como virabrequim, transforma o movimento de subida e descida do êmbolo em movimento de rotação e é constituída por moentes, munhões e contrapesos, a biela que é a peça que transmite o movimento do pistão e o volante do motor que é a parte do mesmo que transforma o movimento linear dos pistões em movimento circular (rotação). Tendo adquirido de forma prática o funcionamento das partes gerais do motor, partimos para os cálculos, aonde descobrimos o volume deslocado, relação de compressão, massa de ar por ciclo, massa de combustível por ciclo na gasolina e alcóol. Juntamente a estes valores, antes do processo de montagem foi realizado o mencionamento de alguns componentes como diâmtero do cilindro, curso do pistão. Centralizado que se o curso do pistão é muito longo, o motor tende a produzir mais torque em rotações baixas. Porém se o objetivo for um motor de alta rotação opta-se por um curso curto. Realizada a montagem do motor pelos alunos, entendemos a precisão de cada componente do motor, assim como cada ferramenta utilizada para montagem/desmontagem do motor, o relatorio expandiu a idéia não apenas teórica, mas a prática conhecendo a complexidade do funcionamento do motor partindo da idéia dos principais sistemas alimentação, lubrificação, ignição e distribuição. 20 5. Referências Bibliográficas APOSTILA PDF, MOTORES A COMBUSTÃO INTERNA. Disponibilizada em: http://wp.ufpel.edu.br/mlaura/files/2013/01/Apostila-de-Motores-a- Combust%C3%A3o-Interna.pdf ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. Apresentação de relatórios técnico-científicos: NBR 10719. Rio de Janeiro: ABNT, 1989 MOTORES DE COMBUSTÃO INTERNA 4 TEMPOS, disponibilizado em: http://carlosfm1987.wordpress.com/2009/09/04/motores-de-combustao-interna-4- tempos 1. Introdução 1.1 - Componentes do Motor 1.2 - Funcionamento do Motor de Quatro Tempos 1.3 – Parâmetros Construtivos 2. Metodologia 3. Resultados e Análise 3.1 – Cálculo do Volume Deslocado 3.2 – Relação de Compressão 3.3 – Massa de ar por Ciclo (Teórico) 3.4 – Massa de ar por Ciclo 3.5 – Massa de Combustível porCiclo para Mistura Estequiométrica 3.6 – Velocidade Média do Pistão 3.7 – Pressão Média Indicada 3.8 – Consumo Específico Indicado 3.9 – Consumo Específico Efetivo 3.10 – Torque Indicado 3.11 – Potência Indicada 3.12 – Fluxo de Calor no Sistema 3.13 – Potência Efetiva 3.14 – Potência Média Efetiva 3.15 – Torque Efetivo 4. Conclusão 5. Referências Bibliográficas
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