Buscar

Documento 15

Prévia do material em texto

Tutorial 4 - Módulo V - Anticorpos 
Objetivo 1 - Estudar anticorpos, incluindo sua produção, classificação e 
função 
Fonte: Abbas - Imunologia celular e molecular 
Os anticorpos são proteínas circulantes produzidas pelos vertebrados em resposta a antígenos; são 
os mediadores primários da imunidade humoral contra todas as classes de micro-organismos. 
Os anticorpos, as moléculas do complexo principal de histocompatibilidade (MCH) e os receptores 
de antígenos dos linfócitos T são as três classes de moléculas usadas pelo sistema imune adaptativo 
para a ligação a antígenos. Destas três, os anticorpos reconhecem a maior gama de estruturas 
antigênicas, mostrando sua maior capacidade de discriminação de diferentes antígenos, e se ligam a 
estes com maior afinidade. 
Os anticorpos podem existir em duas formas: ligados a membranas na superfície de linfócitos B, 
atuando como receptores de antígenos, e anticorpos secretados, que residem na circulação, nos 
tecidos e nas mucosas, onde neutralizam toxinas, impedem a entrada e a disseminação de 
patógenos e eliminam micro-organismos. O reconhecimento do antígeno pelos anticorpos ligados à 
membrana em linfócitos B virgens (Naïve) ativa as células, iniciando a resposta imune humoral. Os 
anticorpos são também produzidos em forma secretada pelos linfócitos B estimulados por 
antígenos. Na fase efetora da imunidade humoral, estes anticorpos secretados se ligam a antígenos 
e, através do desencadeamento de diversos mecanismos efetores, os eliminam. A eliminação de 
antígenos frequentemente exige a interação dos anticorpos a outros componentes do sistema 
imune, como proteínas do sistema complemento e células, incluindo fagócitos e eosinófilos. Dentre 
as funções efetoras mediadas por anticorpos, estão a neutralização dos micro-organismos ou 
produtos microbianos tóxicos, a ativação do sistema complemento, a opsonização de patógenos, 
aumentando a fagocitose, a citotoxicidade mediada por células dependentes de anticorpos, em que 
os anticorpos marcam células infectadas para sua lise por células do sistema imune inato, e a 
ativação de mastócitos mediada por anticorpos, que elimina vermes parasitas. 
Os linfócitos B são as únicas células que sintetizam moléculas de anticorpos. Estas células 
expressam uma forma integral de membrana da molécula de anticorpo em sua superfície, que atua 
como seus receptores de antígenos. Após a exposição a um antígeno, as células B se diferenciam em 
plasmócitos, que secretam anticorpos. Formas secretadas de anticorpos se acumulam no plasma, 
nas secreções mucosas e no líquido intersticial dos tecidos. 
Após a coagulação do sangue ou do plasma, os anticorpos permanecem no soro. O soro não possui 
fatores de coagulação, mas contém todas as demais proteínas encontradas no plasma. Qualquer 
amostra de soro que contenha moléculas de anticorpo passíveis de detecção é comumente chamada 
de antissoro. Soros com elevada concentração de anticorpos específicos para um dado antígeno são 
ditos de alto título. Um indivíduo adulto saudável de 70kg produz cerca de 2 a 3g de anticorpos por 
dia. Quase 2/3 destas moléculas são de IgA, que é produzido por linfócitos B ativados e plasmócitos 
nas paredes dos tratos respiratório e gastrointestinal. 
Estrutura do Anticorpo 
-> Características Gerais da Estrutura dos Anticorpos: 
Outro nome comum aos anticorpos é Imunoglobulinas (Ig), que se refere à porção responsável pela 
imunidade da fração gamaglobulina. 
Todas as moléculas de anticorpos compartilham as mesmas características estruturais básicas, 
mas apresentam enorme variabilidade na região de ligação aos antígenos. Esta variabilidade das 
regiões de ligação com os antígenos é responsável pela capacidade de diferentes anticorpos se 
ligarem a um número elevado de antígenos estruturalmente diversos. Acredita-se que exista um 
milhão ou mais de diferentes moléculas de anticorpos em cada indivíduo, cada uma com sequências 
únicas de aa em seus sítios de combinação ao antígeno. As funções efetoras e as propriedades fisico-
químicas comuns dos anticorpos são associadas às regiões que não se ligam ao antígeno, que 
apresentam relativamente pouca variação entre as diferentes moléculas. 
 Uma molécula de anticorpo apresenta estrutura central simétrica, composta por duas cadeias 
leves idênticas e duas cadeias pesadas idênticas. As cadeias leves e pesadas contém uma série de 
unidades homólogas repetidas, cada uma com cerca de 110 resíduos de aa de comprimento, que se 
dobra independentemente em uma forma globular denominada domínio Ig. 
As cadeias pesadas e cadeias leves são compostas por regiões aminoterminais variáveis (v), que 
participam do reconhecimento de antígenos, e regiões carboxiterminais constantes ( c); as regiões 
C das cadeias pesadas medeiam as funções efetoras das moléculas de anticorpo. Nas cadeias 
pesadas a região V é composta por um domínio Ig e a região C por três ou quatro domínios Ig. Cada 
cadeia leve é composta por um domínio Ig da região C e um domínio Ig da região V. 
A região V de uma cadeia pesada (VH) e a região V da cadeia leve (VL) formam o sítio de ligação ao 
antígeno; cada imunoglobulina apresenta pelo menos dois sítios de ligação ao antígeno. As regiões C 
da cadeia pesada interagem com outras moléculas efetoras e células do sistema imune e, portanto, 
medeiam a maioria das funções biológicas dos anticorpos. Além disso, as cadeias pesadas podem 
apresentar duas formas, conforme sua extremidade carboxiterminal: uma forma da cadeia pesada 
ancora anticorpos ligados à membrana na superfície dos linfócitos B e a outra forma é secretada 
quando associada a cadeias leves de Ig. As regiões C de cadeias leves não participam de funções 
efetoras nem são diretamente ligadas a membranas celulares. 
 As cadeias leves e pesadas são covalentemente ligadas por pontes dissulfeto. As duas cadeias 
pesadas de cada molécula de anticorpo são também covalentemente ligadas por pontes dissulfeto. 
 Nas moléculas de IgG, a região mais estendida da "dobradiça", entre os domínios CH1 e CH2 da 
cadeia pesada, é o segmento mais suscetível à clivagem proteolítica. Quando a IgG de coelhos é 
tratada com a enzima papaína, sob condições de proteólise limitada, há clivagem da molécula na 
região da dobradiça, formando três segmentos. Dois desses segmentos são idênticos um ao outro e 
compostos pela cadeia leve completa (V L e CL) associada a um fragmento VH-CH1 da cadeia pesada. 
Estes fragmentos mantém a capacidade de se ligar a antígenos, já que cada um contém um par de 
domínios VL e VH, sendo denominadas Fab (fragmento de ligação ao antígeno). O terceiro segmento 
é composto por dois peptídeos idênticos ligados por ponte dissulfeto, contendo os domínios CH2 e 
CH3 da cadeia pesada. Este segmento da IgG apresenta propensão à autoassociação e a se cristalizar 
em treliça, sendo, portanto, denominado Fc (Fragmento cristalizável). 
Experimentos de proteólise forneceram a primeira evidência de que as funções de reconhecimento 
de antígenos e as funções efetoras das moléculas de imunoglobulina são especialmente segregadas. 
-> Características Estruturais das Regiões Variáveis dos Anticorpos: 
A maioria das diferenças de sequência e da variabilidade entre diferentes anticorpos é confinada a 
três curtos segmentos localizados na região V da cadeia pesada e a três curtos segmentos 
localizados na região V da cadeia leve. Estes segmentos são conhecidos como segmentos 
hipervariáveis, e correspondem a três alças protrusas que conectam fitas adjacentes das lâminas 
beta que formam os domínios V das cadeias proteicas pesadas e leves das Ig. 
Em uma molécula de anticorpo, as 3 regiões hipervariáveis do domínio V L e as 3 regiões 
hipervariáveis do domínio VH são unidas, formando a superficie de ligaçãoao antígeno. As alças 
hipervariáveis podem ser imaginadas como dedos saindo de cada domínio variável; a união de três 
dedos da cadeia pesada e três dedos da cadeia leve forma o sítio de ligação ao antígeno, Uma vez 
que estas sequências é complementar à estrutura tridimensional do antígeno ligado, as regiões 
hipervariáveis são também denominadas regiões determinantes de complementariedade (CDR). As 
diferenças sequenciais entre os CDR de diferentes moléculas de anticorpos contribuem para a 
formação de superfícies de interação distintas e, portanto, para a geração das especificidades de 
cada anticorpo. A capacidade de dobramento da região V em um domínio Ig é determinada, 
principalmente, pelas sequências conservadas das regiões estruturais adjacentes aos CDR. O 
confinamento da variabilidade sequencial a três segmentos curtos permite a manutenção da 
estrutura básica de todos os anticorpos, apesar da variabilidade existente entre as diferentes 
moléculas de imunoglobulina. 
 A ligação do antígeno às moléculas de anticorpo é, principalmente, uma função das regiões 
hipervariáveis de VH e VL. Análises cristalográficas dos complexos antígenos-anticorpos mostram que 
os resíduos de aa das regiões hipervariáveis formam múltiplos contatos com o antígeno ligado. O 
contato mais extenso é feito com a terceira região hipervariável (CDR3), que é também a mais 
variável entre os três CDR. Além disso, durante a ligação de alguns antígenos, um ou mais dos CDR 
podem estar fora da região de contato com a molécula, não participando desta interação. 
-> Características Estruturais das Regiões Constantes dos Anticorpos: 
As moléculas de anticorpos podem ser divididas em classes e subclasses distintas com base nas 
diferenças estruturais de suas regiões C da cadeia pesada. As classes de moléculas de anticorpos 
são também chamadas isótipos e são denominadas de IgA, IgD, IgE, IgG e IgM. Em seres humanos, 
os isótipos IgA e IgG podem ainda ser subdivididos em subclasses chamadas IgA1 e IgA2, e IgG1, 
IgG2, IgG3 e IgG4. 
As regiões C da cadeia pesada de todas as moléculas de anticorpos de um isótipo ou subtipo 
apresentam, essencialmente, a mesma sequência de aa. Esta sequência é diferente em anticorpos 
de outros isótipos ou subtipos. As cadeias pesadas são designadas pela letra do alfabeto grego que 
corresponde ao isótipo do anticorpo: a IgA1 contém cadeias pesadas α1; a IgA2 ,α2; a IgD, δ; a IgE, ε; 
a IgG1, γ1; a IgG2, γ2; a IgG3, γ3; a IgG4, γ4 e a IgM, μ. 
 Diferentes isótipos e subtipos de anticorpos realizam diferentes funções efetoras. Isto se deve ao 
fato de que a maioria das funções efetoras dos anticorpos é mediada pela ligação das regiões C da 
cadeia pesada a receptores de Fc em diferentes células, como fagócitos, células NK e mastócitos, e a 
proteínas plasmáticas, como aquelas do sistema complemento. Isótipos e subtipos de anticorpos 
apresentam diferentes regiões C, e portanto, ligam-se a diferentes células e/ou moléculas e 
executam funções efetoras diversas. 
 As moléculas de anticorpos são flexíveis, permitindo sua ligação a diferentes formas de antígenos. 
Todos os anticorpos contém pelo menos dois tipos de ligação ao antígeno. Muitas moléculas de Ig 
podem orientar estes sítios de ligação, de modo que duas moléculas de antígeo em uma superfície 
planar possam ser engajados de uma só vez. Esta flexibilidade é conferida, em grande parte, pela 
região da dobradiça. A região da dobradiça apresenta comprimento variável, de 10 a mais de 60 
resíduos de aa, dependendo dos isótipos. Algumas das maiores difrenças entre as regiõe s constantes 
das subclasses de IgG são concentradas na região de dobradiça, levando à geração dos diferentes 
formatos apresentados pelos subtipos destes anticorpos. 
 Existem duas classes, ou isótipos, de cadeias leves, chamadas κ e λ que são diferenciadas por suas 
regiões carboxiterminais constantes ( C). 
 Anticorpos secretados e associados à membrana apresentam diferentes sequências de aa na 
porção carboxiterminal da região C da cadeia pesada. Na forma secretada, encontrada no sangue e 
em outros fluidos extracelulares, a porção carboxiterminal é hidrofílica. Nos anticorpos ligados à 
membrana, o segmento carboxiterminal apresenta uma α-hélice hidrofóbica e um segmento 
intracelular de carga positiva, que auxiliam a ancoragem da proteína na membrana. 
As IgG E IgE secretadas e todas as moléculas de Ig de membrana, independentemente do isótipo, 
são monoméricas em relação à unidade estrutural básica do anticorpo. Por outro lado, as IgM e IgA 
de mucosa secretadas formam complexos multiméricos, em que duas ou mais das unidades 
estruturais básicas do anticorpo, isto é, contendo quatro cadeias, são covalentemente unidas. 
As formas multiméricas dos anticorpos se ligam aos antígenos com maior avidez que os anticorpos 
monoméricos, mesmo quando os dois tipos de imunoglobulinas contém fragmentos Fab que se 
unem ao antígeno igualmente bem. 
 Anticorpos de diferente espécies diferem entre si quanto às regiões C e partes estruturais das 
regiões V. Portanto, quando moléculas de Ig de uma espécie são introduzidas em animais de outra 
espécie, o aceptor monta uma resposta imune e sintetiza anticorpos direcionados, em grande parte 
às regiões C da Ig administrada. Esta resposta frequentemente cria uma enfermidade chamada 
doença do soro e, assim, limita muito a capacidade de tratamento de indivíduos com anticorpos 
produzidos por outras espécies. Diferenças sequenciais menores são observadas em anticorpos 
provenientes de diferentes indivíduos, mesmo naqueles pertencentes à mesma espécie, refletindo 
polimorfismos hereditários nos genes que codificam as regiões C das cadeias pesadas e leves das Ig 
Anticorpos Monoclonais: 
Um tumor de plasmócitos é monoclonal e, portanto, produz anticorpos de uma única 
especidficidade. Na maioria dos casos, a especificidade do anticorpo derivado do tumor não é 
conhecida, de modo que este não pode ser utilizado na detecção ou ligação à moléculas de 
interesse. No entanto a descoberta de anticorpos monoclonais produzidos por esses tumores 
originou a ideia da possibilidade de síntese de anticorpos monoclonais similares, de qualquer 
especificidade desejada, por células imortalizadas produtoras de anticorpos de um animal imunizado 
com um antígeno conhecido. Este método é baseado na fusão de linfócitos B de um animal 
imunizado com uma linhagem celular de mieloma e no cultivo das células em condições as quais as 
células normais, não fundidas, e tumorais não podem sobreviver. As células fundidas resultantes são 
denominadas hibridomas; cada ibridoma produz apenas uma Ig. Os anticorpos secretados por 
muitos clones de hibridomas são separados conforme sua ligação ao antígeno de interesse, e este 
único clone, com a especificidade desejada, é selecionado e expandido. Os produtos destes clones 
são anticorpos monoclonais, específicos para um único epítopo de um antígeno, ou mistura de 
antígenos, usado na identificação das células secretoras de Ig. 
Algumas de suas aplicações comuns são: 
 Imunodiagnóstico 
 detecção de tumores 
 Terapia 
Uma das limitações ao uso de anticorpos monoclonais em terapias é o fato de que tais 
imunoglobulinas são mais facilmente produzidas por meio da imunização de camundongos; no 
entanto, pacientes tratados com anticorpos monoclonais muridos podem sintetizar anticorpos 
contra a Ig destes animais, em uma reação denominada resposta humana antianticorpo de 
camundongo. 
Síntese, Montagem e Expressão das Moléculas de Ig: 
As cadeias pesadas e leves de imunoglobulinas são sintetizadas por ribossomos ligados à membrana 
celular em RER. A proteína é translocada ao retículo endoplasmático, e as cadeias pesadas de I são 
N-glicosiladas durante o processode translocação. O enovelamento adequado das cadeias pesadas 
de Ig e sua montagem com as cadeias leves são regulados por proteínas residentes no retículo 
endoplasmático, chamadas chaperoninas. Estas proteínas, que incluem a calnexina e uma molécula 
denominada BIP (proteína de ligação), se unem aos polipetídeos recém-sintetizados da Ig, 
garantindo que sejam retidas ou degradadas, a não ser que montadas e dobradas da maneira 
adequada em moléculas completas de Ig. A associação covalente das cadeias pesadas e leves, 
estabilizada pela formação de pontes de dissulfeto, é parte do processo de montagem e também 
ocorre no retículo endoplasmático. Depois da montagem, as moléculas de Ig são liberadas das 
chaperoninas, transportadas até as cisternas do complexo de Golgi, onde os carboidratos são 
modificados, e, então, enviadas à membrana plasmática em vesículas. Os anticorpos expressos na 
membrana são ancorados à bicamada de fosfolipídeos, e a forma secretada é transportada para fora 
da célula. 
 A maturação dos linfócitos B a partir de progenitores da medula óssea é acompanhada por 
alterações específicas na expressão do gene da Ig, resultando na produção de moléculas de 
anticorpos em diferentes formas. A primeira célula na linhagem dos linfócitos B a produzir 
polipeptídeos de Ig, chamada pré-linfócito B, sintetiza a cadeia pesada μ. Estas cadeias μ se associam 
a proteínas denominadas cadeias leves substitutivas, formando o receptor do pré-linfócito B; 
pequenas quantidades desse receptor são expressas na superfície celular. Linfócitos B imaturos e 
maduros produzem cadeias leves κ ou λ, que se associam às proteínas μ para formar as moléculas 
de IgM. Os linfócitos B maduros coexpressam em suas superfícies a IgM e a IgD (cadeias pesadas μ e 
δ associadas a cadeias leves κ ou λ). Estas Ig de membrana atuam como receptores de superfície 
celular que reconhecem antígenos e iniciam o processo de ativação do linfócito B. O receptor do pré -
linfócito B e o receptor de antígeno do linfócito B são associados, de modo não covalente, a duas 
outras proteínas integrantes da membrana, Igα e Igβ, que desempenham funções de sinalização e 
são essenciais à expressão de superfície de IgM e IgD. 
Quando linfócitos B maduros são ativados por antígenos e outros estímulos, diferenciam-se em 
células secretoras de anticorpos. Este processo é também acompanhado por alterações no padrão 
de produção de Ig. Uma destas alterações é a maior produção da forma secretada da Ig em relação à 
forma ligada à membrana. A segunda alteração é a expressão de outros isótipos de cadeia pesada 
além de IgM e IgD. 
-> Meia vida dos Anticorpos: 
Diferentes isótipos de anticorpos apresentam meias-vidas bastante variáveis na circulação. A meia-
vida da IgE é muito curta, de cerca de 2 dias, na circulação (embora a IgE ligada à célula e associada a 
seu receptor de alta afinidade nos mastócitos apresente meia-vida muito longa; a IgA circulate 
apresenta meia-vida de cerca de 3 dias, e a IgM circulante, de aproximadamente 4 dias. Por sua vez, 
moléculas circulantes de IgG têm meia-vida de cerca de 21 a 28 dias. Esta maior meia-vida da IgG é 
usada para conferir vantagens terapêuticas a certas proteínas administradas, através da produção 
de proteínas fundidas, contendo a parte biologicamente ativa da molécula e a porção Fc da IgG. 
Objetivo 2 - Entender o programa Mãe Paranaense e os exames laboratoriais 
que constam no protocolo 
Fonte: www.saude.pr.gov.br/ - linha guia Mães paranaenses 
A Rede Mãe Paranaense propõe a organização da atenção materno-infantil nas ações do 
pré-natal e puerpério e o acompanhamento do crescimento e desenvolvimento das 
crianças, em especial no seu primeiro ano de vida. 
 
É um conjunto de ações que envolve a captação precoce da gestante, o seu 
acompanhamento no pré-natal, com no mínimo 7 consultas, a realização de 17 exames, a 
classificação de risco das gestantes e das crianças, a garantia de ambulatório especializado 
para as gestantes e crianças de risco, a garantia do parto por meio de um sistema de 
vinculação ao hospital conforme o risco gestacional. 
Componentes da Rede Mãe Paranaense 
 
Uma rede de atenção se consolida a partir da implantação dos seus cinco 
componentes. Por isso o Governo do Paraná está investindo na Rede Mãe 
Paranaense com as seguintes ações: 
 
1. A atenção primária organizada em todos os 399 municípios do Paraná é pressuposto 
para a implantação da Rede Mãe Paranaense. Por meio do Programa APSUS, de 
qualificação da Atenção Primária à Saúde em todos os municípios, o Governo do Estado 
está alocando recursos financeiros para: 
 
• Melhoria da estrutura dos serviços de Atenção Primária à Saúde – APS, investindo na 
construção, reforma, ampliação e equipamentos para as Unidades Básicas de Saúde 
(UBS). 
 
• Incentivo financeiro para os municípios. 
 
• A implantação da segunda opinião e o telessaúde para apoiar os profissionais das equipes 
de APS. 
 
• Ampliar as ações na área de saúde bucal, em especial à gestante e à criança. 
 
• Apoiar os municípios para a realização do acompanhamento das crianças de risco até um 
ano de vida. 
 
2. Na atenção secundária e terciária: 
 
• A implantação dos ambulatórios para atendimento da gestante e criança de risco nas 22 
regiões de saúde do Estado, por meio do COMSUS, programa estadual de apoio aos 
Consórcios Intermunicipais de Saúde. 
 
• A garantia da referência hospitalar para a realização do parto de modo seguro e solidário, 
o mais natural possível, de acordo com o grau de risco da gestante, por meio de um sistema 
de vinculação da gestante, organizado via HOSPSUS, programa de qualificação dos 
hospitais públicos e filantrópicos do SUS do Paraná. 
 
• A alocação de recursos para a ampliação de leitos de UTI adulto, neonatal e pediátrica, 
bancos de leite humano, e a melhoria das condições das salas de parto nos hospitais 
vinculados. 
 
• Instituir o incentivo de qualidade do parto para os hospitais que atendem os critérios para 
uma adequada atenção ao parto. 
 
3. Os sistemas de apoio diagnóstico e terapêutico (tratamentos). 
 
• A garantia dos exames de pré-natal e do acompanhamento da criança. 
 
• Viabilizar os insumos necessários para o funcionamento da Rede de Atenção Materno 
Infantil. 
 
4. Os sistemas logísticos: cartão SUS, Sisprenatal (Sistema de Informação do Pré-natal e 
Nascimento), prontuário (carteira da criança e da gestante), transporte sanitário eletivo e de 
urgência, e a regulação do sistema. 
 
• Padronizar a utilização da carteira da gestante e da criança em todo o Estado. 
 
• Disponibilizar a carteira da gestante e da criança para os municípios. 
 
• Implementar transporte sanitário eletivo e de urgência para gestantes e crianças de risco 
menores de um ano. 
 
5. O sistema de governança da rede, por meio das Comissões Intergestores Bipartites – 
CIB Regionais. 
 
• Implantar o sistema de monitoramento da Rede Mãe Paranaense em todas as regiões de 
saúde do Estado. 
 
• Qualificar os profissionais que atuam nos pontos de atenção da rede por meio de 
programas de educação permanente. 
 
A quem se dirige a Rede Mãe Paranaense 
 
O público alvo são as mulheres em idade fértil e crianças menores de 1 ano de idade, o 
que, segundo dados do IBGE/2010, representa uma população de 177.557 mulheres e, de 
acordo com dados do SINASC (Sistema Nacional de Nascidos Vivos), 152.350 nascidos 
vivos no estado do Paraná no ano de 2011. 
 
Embora a Rede Mãe Paranaense tenha como público alvo as mulheres e crianças, é 
importante destacar que ações implantadas deverão promover a qualidade de vida de toda 
a Família Paranaense. 
Exames Solicitados para todas as gestantes: 
Teste rápido de gravidez,Teste rápido para HIV, Teste rápido para sífilis, Teste rápido para 
dosagem de proteinúria (a critério médico), Tipagem sanguínea, Pesquisa fator RH, 
Eletroforese de hemoglobina*, urina I, VDRL para detecção de Sifilis, Hematócrito, Cultura 
de bactérias (a critério médico), Dosagem de hemoglobina, Dosagem de glicose, Pesquisa 
de antígeno de superfície do vírus da hepatite B (HBSAG), Pesquisa de anticorpos anti – 
HIV – 1 + HIV – 2 (ELISA), Ultrassonografia obstétrica, Exame citopatológico cervico-
vaginal / microflora, Teste indireto de antiglobulina humana (TIA) ( a critério do médico); 
Exames para Gestantes de Alto Risco: 
Determinação de curva glicêmica, Contagem de plaquetas, Dosagem de Proteínas 
(urina 24 horas), Dosagem de ureia, Dosagem de creatinina, Dosagem de ácido úrico, 
Eletrocardiograma, Ultrassonografia obstétrica com doppler colorido pulsado, 
tococardiografia anteparto; 
Relação de exames complementares: 
 Exame odontológico, preferencialmente no 1º trimestre; 
 Ecografia obstétrica: realizar antes da 24ª semana de gestação, preferencialmente 
no 1º trimestre, para determinar a idade gestacional, repetir na presença de 
intercorrências; 
 Tuberculose para gestante HIV positivo. 
Objetivo 3 - Listar as vacinas mais importantes para a gestação: 
- Influenza (pode ser tomada em qualquer fase da gestação); 
-Hepatite B (3 doses que podem ser tomadas a partir do segundo trimestre de gravidez) 
-Tríplice bacteriana acelular do tipo adulto (dTpa) ou dupla do tipo adulto (dT) (A mulher que tomou 
a vacina há mais de cinco anos e pretende engravidar, está grávida ou teve um filho recentemente 
deve se imunizar. As grávidas podem tomar a vacina a partir da 20ª semana”, Caso a mulher já 
tenha sido vacinada, é necessária apenas uma dose de reforço, mas se ela nunca tomou esta vacina, 
será preciso tomar três doses.) 
Vacinas liberadas para grávidas em casos específicos: 
-Hepatite A; Quando tomar: Esta vacina pode ser tomada a partir do segundo trimestre de gestação 
e é aplicada em duas doses. 
- Meningocócica conjugada; Quando tomar: durante a gestação, quando for detectado o surto do 
problema. 
Objetivo 4 - Estudar a toxoplasmose (ciclo, fisiopatologia, consequência na 
gestação, interpretação de exames e epidemiologia) 
Fonte: Veronesi 
Ciclo: 
 
Contágio: 
 
Epidemiologia: 
A maior parte das infecções é assintomática, sendo a doença uma exceção no homem. Assim, 70 a 
100% dos adultos pode ter sido infectado. 
No Brasil, a prevalência de anticorpos varia de 54% no centro oeste pra 75% no norte; a incidência 
aumenta com a idade, estimando-se a frequência anual de conversão sorológica de 10% entre 0 e 5 
anos, 1%entre 6 e 20 anos, e 0,3% acima de 20 anos de idade. 
Cerca de 50% dos gatos são comumente encontrados com anticorpos. 
O homem adquire a infecção principalmente por 3 vias: 
a) ingestão de oocistos do solo, areia, latas de lixo e em qualquer lugar onde os gatos defecam, em 
torno das casas, jardins, disseminando-se através de hospedeiros transportadores tais como moscas, 
baratas e minhocas; 
b) Ingestão de cistos de carne crua e mal cozidas, especialmente do porco e de carneiro. Os cistos 
sobrevivem por semanas ao frio, mas são, em geral, mortos pelo congelamento. O congelamento 
acima de 66º seguramente mata os cistos; 
c) Infecção transplacetária mostrou que 40% dos fetos foram infectados por essa via em mulheres 
que adquiriram a infecção toxoplásmica durante a gravidez. 
A prevalência humana mais baixa é encontrada em climas quentes e secos, tal como no Arizona. 
Toxoplasmose na gavidez: 
-no primeiro trimestre: 
O bebê pode ter encefalite (inflamação na parte do sistema nervoso central que compreende cérebro, 
cerebelo e medula alongada) e nascer com seqüelas. Em termos de visão, o bebê pode apresentar 
lesões oculares na retina que resultam em importantes prejuízos da visão, além de outras 
conseqüências. 
 
Quando a gestante manifesta a doença neste período, muitas vezes há o aborto espontâneo, pois os 
danos que o Toxoplasma gondii provoca no feto são muito grandes. 
 
No segundo trimestre de gravidez 
Neste período, a probabilidade de transmissão para o embrião é maior e acontece em 1/3 das 
gestações. Por outro lado, o feto não é tão afetado quanto no primeiro trimestre. Mesmo assim, o 
bebê pode apresentar problemas como pequeno retardo mental e problemas oculares. 
 
No terceiro trimestre de gravidez 
Neste período, a probabilidade de transmissão para o feto é muito comum, porém a doença mostra-
se bem menos agressiva para o bebê. 
Diagnóstico Laboratorial: 
No início da infecção do hospedeiro as imunoglobulinas da classe IgM, IgA e IgE aparecem primeiro, 
podendo ser detectadas pelas reações sorológicas dentro de 8 a 12 dias após a infecção aguda pelo T. 
gondii. 
A presença de IgM e IgA em recém nascidos é usada para o diagnóstico de toxoplasmose congênita, 
pois não atravessam a placenta e quando presentes no soro indicam a produção pelo próprio feto, em 
resposta a uma infecção intrauterina. 
 
 
. 
Fisiopatologia 
Após a ingestão, via oral, as paredes externas dos cistos ou dos oocistos são 
rompidas por degradação enzimática e as formas infectantes (bradizoitos e 
esporozoitos) são liberadas no lúmen intestinal; 
Eles rapidamente invadem e se multiplicam dentro das células circundantes, onde 
se tornam taquizoítos; 
A seguir a disseminação dos taquizoítos do T. gondii ocorre pelo rompimento das 
células infectadas, seguida da invasão de células visinhas; 
Eles invadem o tecido linfóide associado ao intestino e se disseminam pelos 
linfáticos, sangue e macrófagos infectados praticamente para todos os órgãos; 
Em aproximadamente duas semanas o hospedeiro começa a desenvolver 
imunidade, o que faz com que a taxa de multiplicação do parasita diminua; 
Os organismos com lenta taxa de multiplicação, agora chamados bradizoítos, 
confinam-se num cisto de parede elástica, no citoplasma das células infectadas; 
A resposta imune do hospedeiro destrói os taquizoítos, mas os bradizoitos ficam 
protegidos pelo cisto intracelular e permanecem viáveis por muitos anos em 
estado latente;

Continue navegando