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37 Re vi sã o: C ar la - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 7/ 07 /1 7 PLANEJAMENTO E GESTÃO SOCIAL Unidade II 5 O PAPEL DA EMPRESA E O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL Até o final da década de 1990, existiam dois sistemas econômicos amplamente utilizados pelas economias da maior parte dos países do mundo: o capitalismo e o socialismo (CARVALHO, 2009). [...] no mundo atual há dois sistemas básicos que orientam a organização da vida econômica. O sistema capitalista é o primeiro, fundamentado na propriedade privada de bens de produção, na livre concorrência, na iniciativa privada, funcionando de um modo geral nos Estados que não se orientam pelo tipo de economia coletivizada. O outro sistema é o socialista, fundamentado na propriedade coletiva dos meios de produção, implantado na URSS e na China, e durante muito tempo no Leste europeu (FERREIRA, 1991, p. 577). Porém, analisando a Constituição Federal Brasileira de 1988, é possível verificar que a dicotomia entre socialismo e capitalismo está superada e transformada em um sistema liberal com princípios sociais. Desse modo, o Estado Democrático de Direito deve garantir o modelo econômico e a participação de todos na economia de livre-iniciativa (CARVALHO, 2009). 5.1 A livre-iniciativa e a livre concorrência A livre-iniciativa pressupõe o quanto é provável que qualquer pessoa interessada exerça livremente alguma atividade econômica. Logo: [...] livre-iniciativa é um termo de conceito extremamente amplo. Não obstante, a inserção da expressão no art. 170, caput, tem conduzido à conclusão, restrita, de que toda a livre-iniciativa se esgota na liberdade econômica ou de iniciativa econômica (GRAU, 2005, p. 200). A livre-iniciativa transfere das mãos do Estado para as empresas particulares o direito de exercer alguma atividade econômica, excetuando-se aquelas enumeradas no artigo 173 da Constituição Federal: [...] ressalvados os casos previstos nesta Constituição, a exploração direta de atividade econômica pelo Estado só será permitida quando necessária aos imperativos da segurança nacional ou a relevante interesse coletivo, conforme definidos em lei (BRASIL, 1988). Desse modo, a livre-iniciativa admite a livre exploração das atividades empresariais não reservadas ao Estado (BRASIL, 1988, artigo 173). Isso independe da autorização do Estado, conforme parágrafo único do artigo 170 da Constituição Federal: 38 Re vi sã o: C ar la - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 7/ 07 /1 7 Unidade II [...] é assegurado a todos o livre exercício de qualquer atividade econômica, independentemente de autorização de órgãos públicos, salvo nos casos previstos em lei (BRASIL, 1988). Com a finalidade de impedir que ocorram atos de concentração de mercado, e que, consequentemente, se crie um poder econômico capaz de impossibilitar a permanência de outras empresas no mercado já existente ou de impedir a entrada de novas, nasce, então, a necessidade de se garantir a livre-iniciativa das organizações. Vale considerar, ainda, que a livre concorrência é mais um princípio da ordem econômica. Cabe ao Estado oferecer condições para que o exercício da atividade econômica empresarial transcorra dentro dos limites aceitáveis para uma saudável competição. Com tais ações, o Estado apresenta condições sociais adequadas para diferentes finalidades, tais como: • maior produção de riquezas (tanto produtos como serviços); • oferta de empregos diretos e indiretos; • considerável melhora na qualidade de produtos e serviços em oferta; • redução de preços em razão da alta competitividade de mercado; • geração de renda. O Brasil adotou o regime econômico capitalista a partir de um modelo econômico-social que garanta a defesa da concorrência. Com essa postura, o país defende a manutenção das empresas no mercado e evita a possibilidade de abusos de poder econômico ou de atos de concentração de mercado. [...] no mercado, por outro lado, verifica-se que em muitos segmentos há a ocorrência do fenômeno da concentração do poder econômico, que fica, por assim dizer, assenhorado nas mãos de uns poucos, com ofensa à livre-iniciativa, invocando a necessidade de tutela e intervenção do Estado, sob pena de aquela, literalmente, sucumbir. Então, ao contrário do que poderia se imaginar, a intervenção do Estado no domínio econômico (CF, art. 174), muito antes de limitar a iniciativa e a liberdade do particular, tem por fim, mesmo, preservá-la (PETTER, 2005, p. 161). Livre-iniciativa é a exploração de modos privados de produção (como as empresas privadas, por exemplo) dentro de um modelo econômico que possa garantir direitos sociais. Com isso, o legislador baseia a ordem econômica em diferentes aspectos sociais, tais como: • valorização do trabalho; • redução das desigualdades sociais; 39 Re vi sã o: C ar la - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 7/ 07 /1 7 PLANEJAMENTO E GESTÃO SOCIAL • existência digna; • busca do pleno emprego; • defesa do meio ambiente; • proteção da soberania nacional; • justiça social; • tratamento favorável para micro e pequenas empresas; • defesa do consumidor (PETTER, 2005). Assim, a livre-iniciativa transcende uma exploração privada dos meios de produção e estabelece a liberdade da empresa dentro do modelo econômico adotado. Além disso, ela garante oportunidades de exercício de uma atividade econômica a todos os interessados. 5.2 O papel social das organizações Hoje, os desafios econômicos são bem diferentes daqueles vividos por Tylor ou Ford. As empresas preocupadas apenas com a lucratividade a qualquer custo e as que ainda acreditam que a sociedade e os empregados são apenas unidades econômicas de produção perdem credibilidade e clientela. Nos dias atuais, nota-se uma preocupação nas organizações com a promoção de ações dentro do universo do desenvolvimento sustentável. A partir dessa preocupação, há investimentos nas pessoas e, consequentemente, na sociedade. É visível que empresas atentas ao investimento em responsabilidade social adquirem mais credibilidade e maior poder de competição. Com tais atitudes, elas agregam valor aos seus produtos e serviços e transformam-se em referências na sociedade (CARVALHO, 2009). No momento em que as organizações adotam posturas éticas e compromissos sociais com a comunidade, esse quesito se torna, num prazo mais estendido, um diferencial competitivo e também um indicador de rentabilidade e sustentabilidade. [...] entre uma empresa que assume uma postura de integração social e contribuição para a sociedade e outra voltada para si própria e ignorando o resto, a tendência do consumidor é ficar com a primeira (CHIAVENATO, 1999, p. 447). A responsabilidade social empresarial é de interesse das organizações e dos altos executivos. Entidades como o Grupo de Institutos, Fundações e Empresas (Gife) e o Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social, criados em 1995 e 1998, respectivamente, reúnem empresas preocupadas em desenvolver ações voltadas para a comunidade e em praticar seus negócios de maneira ética e 40 Re vi sã o: C ar la - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 7/ 07 /1 7 Unidade II socialmente responsável. Esse assunto ganha cada vez mais espaço na mídia, nos debates, nos seminários, nos prêmios e nas publicações a respeito do tema. 5.2.1 Objetivos de empresas com responsabilidade social A prática da responsabilidade social nas empresas apresenta os seguintes objetivos e benefícios: Quadro 8 – Objetivos e benefícios de empresas com práticas sociais Objetivos Benefícios Proteger e fortalecer a imagem da marca e sua reputação. Credibilidadee diferencial competitivo da empresa. Diferente dos concorrentes. Diferencial caracterizador da empresa. Visão positiva da empresa. Satisfação de acionistas e consumidores. Mídia espontânea. Mercado futuro. Há crescimento da comunidade. Futuros consumidores. Fideliza clientes. Alcança o cliente. Profissionais valorizam empresas que os valorizam. Profissionais respeitados que buscam atingir os objetivos da empresa. Atração de investidores. Investidores buscam empresas socialmente responsáveis e há retorno garantido. Dedução fiscal. Valor utilizado em atividades sociais pelas empresas, abatido no imposto de renda. Proteger e fortalecer a imagem da marca e sua reputação. Credibilidade e diferencial competitivo da empresa. Diferente dos concorrentes. Diferencial caracterizador da empresa. Visão positiva da empresa. Satisfação de acionistas e consumidores. Mídia espontânea. Mercado futuro. Fonte: CARVALHO, 2009. 5.2.2 As ações As ações de uma empresa que pratica a responsabilidade social e ambiental podem ser as elencadas a seguir: • interação e comprometimento com stakeholders, empregados, consumidores, fornecedores, comunidade, meio ambiente e com os próprios acionistas; • compromisso com a promoção do desenvolvimento pessoal de todos, direta ou indiretamente; • equilíbrio entre lucros e ética, o que significa: — recompensar empregados afastados de ações comprometedoras; — considerar questões éticas no processo seletivo; — incentivar aqueles que possam orientar moralmente os empregados (CARVALHO, 2009). 41 Re vi sã o: C ar la - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 7/ 07 /1 7 PLANEJAMENTO E GESTÃO SOCIAL A corporação amoral é uma empresa que considera empregados como meras unidades econômicas de produção, violam normas e valores sociais e buscam o sucesso a qualquer custo. Esse tipo de organização com certeza tem perdido credibilidade no mercado. Com isso, o que se pode notar no mercado atual é que a ausência de tais preocupações reflete direta e rapidamente nos lucros de uma empresa (CARVALHO, 2009). Toda iniciativa socialmente correta por parte das organizações deve ser incentivada. Apesar de as ações empresariais no Brasil ainda não serem suficientes para resgatar a dívida social, o tema está em discussão desde o início da década. Entretanto, o que se percebe é apenas uma tímida mudança da parte dos empresários. 5.2.3 Características da responsabilidade social nas empresas A responsabilidade social nas empresas apresenta as seguintes características: • planejamento estratégico das organizações: — investimento em valores éticos que agregam à marca e alcançam resultados satisfatórios. • qualidade de vida e da produção: — existe o cuidado com a qualidade dos relacionamentos interpessoais dentro da empresa; — os empresários sabem que o esforço para solucionar dificuldades resulta em melhores relacionamentos, estímulos a inovações, incremento à maturidade e produtividade; — existe o cuidado com o cumprimento dos requisitos legais relacionados à saúde e segurança dos trabalhadores; — existe, ainda, o cuidado para evitar danos ao meio ambiente e economizar energia e reservas naturais durante o ciclo de produção. • empresários e empresa: — os empresários, com base em critérios próprios de uma gestão correta e participativa, criam estratégias, objetivos e planos empresariais; — os empresários valorizam o ser humano e não o capital, adotam medidas de apoio aos funcionários com dificuldades e valorizam os talentos individuais. • liberdade de participação: — experiência de liberdade; — empresários decidem livremente o destino dos lucros: 42 Re vi sã o: C ar la - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 7/ 07 /1 7 Unidade II - crescimento da empresa; - auxílio das pessoas em dificuldades econômicas; - difusão da cultura (CARVALHO, 2009). Desse modo, uma empresa socialmente responsável tem seus interesses voltados para a comunidade incorporada aos negócios, pois organizações com responsabilidade social apresentam projetos sociais bem administrados, atuam junto a entidades da sociedade civil e do poder público e contribuem para a busca de alternativas que melhoram da qualidade de vida a partir do uso da criatividade e do bom gerenciamento (CARVALHO, 2009). Por esse motivo, as empresas são beneficiadas com a consolidação de uma imagem moderna e, além disso, questões relacionadas à produtividade e à competitividade estão diretamente relacionadas à qualidade de vida da comunidade na qual a organização está inserida. Assim, as empresas desenvolvem projetos voltados tanto à educação empresarial e à interação da sociedade como à formação de pessoas e de empresas sólidas, competitivas, socialmente responsáveis e promotoras da sustentabilidade econômica. 5.3 O desenvolvimento sustentável Figura 8 A atual política de economia globalizada gerou um crescimento econômico com muitos desequilíbrios econômicos, sociais e políticos. Dentre os fatores econômicos, pode-se dizer que nunca houve tanta riqueza e fartura no mundo. Em contrapartida, é notório o crescente aumento da degradação ambiental, da miséria humana e também da poluição (CAVALCANTI, 1995). Nesse contexto, a ideia de desenvolvimento sustentável (DS) mostra-se como necessária, pois ela busca a conciliação entre o desenvolvimento econômico e a preservação ambiental como meta de se chegar ao fim da pobreza no mundo (CAVALCANTI, 1995). Isso é reiterado pela assertiva oriunda do documento Agenda 21, no qual pode-se ler: 43 Re vi sã o: C ar la - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 7/ 07 /1 7 PLANEJAMENTO E GESTÃO SOCIAL A humanidade de hoje tem a habilidade de desenvolver-se de uma forma sustentável, entretanto é preciso garantir as necessidades do presente sem comprometer as habilidades das futuras gerações em encontrar suas próprias necessidades (Agenda 21) (CAVALCANTI, 1995). A seguir, o texto de apresentação do referido documento: A Agenda 21 é um programa de ação, baseado num documento de 40 capítulos, que constitui a mais ousada e abrangente tentativa já realizada de promover, em escala planetária, um novo padrão de desenvolvimento, conciliando métodos de proteção ambiental, justiça social e eficiência econômica. Trata-se de um documento consensual para o qual contribuíram governos e instituições da sociedade civil de 179 países num processo preparatório que durou dois anos e culminou com a realização da Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (Cnumad), em 1992, no Rio de Janeiro, também conhecida por ECO-92. Além da Agenda 21, resultaram desse processo cinco outros acordos: a Declaração do Rio, a Declaração de Princípios sobre o Uso das Florestas, o Convênio sobre a Diversidade Biológica e a Convenção sobre Mudanças Climáticas.1 Saiba mais Para saber mais sobre a Agenda 21, acesse: <http://www.ecolnews.com. br/agenda21/>. Acesso em: 2 abr. 2012. Desse modo, o desenvolvimento sustentável precisa ser entendido como componente necessário para todo o tipo de desenvolvimento. A seguir, apresentamos as diferenças existentes entre crescimento e desenvolvimento: Quadro 9 – Diferenças entre crescimento e desenvolvimento Crescimento Desenvolvimento Não conduz à igualdade nem à justiça sociais. Considera apenas o acúmulo de riquezas (retido nas mãos de alguns poucos indivíduos da população) e desconsidera a qualidade de vida. Sua preocupação se concentra na geração de riquezas. Tem por objetivos distribuir as riquezas, melhorar a qualidade de vida da população e considerar a qualidade ambiental do planeta. Fonte: MENDES, s. d. 1 O documento emquestão está disponível no site: <http://www.ecolnews.com.br/agenda21/>. 44 Re vi sã o: C ar la - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 7/ 07 /1 7 Unidade II O desenvolvimento sustentável apresenta, ainda, seis aspectos prioritários que devem ser entendidos como metas: • satisfazer às necessidades básicas da população, que correspondem ao acesso à educação, à alimentação, à saúde e ao lazer; • ser solidário com as gerações futuras e preservar o meio ambiente a fim de que elas possam viver nele; • buscar a participação da população, envolvendo-a, afinal, todos devem conhecer a necessidade de conservar o meio ambiente; • preservar os recursos naturais, tais como água, oxigênio e plantas; • elaborar um sistema social que garanta emprego, segurança social e respeito a outras culturas e erradique a miséria, o preconceito e o massacre de populações oprimidas; • efetivar os programas educativos (MENDES, s. d.). Vale lembrar, inclusive, que a educação ambiental é parte fundamental para o desenvolvimento sustentável. Somente com a participação efetiva da população será possível atingir, no mínimo, uma das seis metas apresentadas. Figura 9 – Geração de energia eólica colaborando para o desenvolvimento sustentável 45 Re vi sã o: C ar la - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 7/ 07 /1 7 PLANEJAMENTO E GESTÃO SOCIAL Figura 10 – Geração de energia solar colaborando para o desenvolvimento sustentável Figura 11 – Usina geotérmica: produção de energia elétrica a partir do calor da Terra Os homens formadores das sociedades atuais estão destruindo o meio ambiente. O crescimento das cidades, as indústrias e os veículos estragam a qualidade do ar, do solo e das águas. (SUA PESQUISA, s. d.). O desenvolvimento é necessário, porém não se tem respeitado o meio ambiente. Todos dependem dele para a sobrevivência. Por esse motivo, o Desenvolvimento sustentável pretende obter o desenvolvimento econômico e, garantir, assim, o equilíbrio ecológico. 46 Re vi sã o: C ar la - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 7/ 07 /1 7 Unidade II A seguir, apresentamos algumas sugestões para o desenvolvimento sustentável: • coleta seletiva de lixo; • reciclagem de diversos tipos de materiais: papel, alumínio, ferro, vidro, plástico, borracha etc.; • tratamento de esgotos industriais e domésticos, que não mais seriam jogados em rios, lagos, córregos e mares; • descarte de baterias de celulares e outros equipamentos eletrônicos em locais especializados; • geração de energia por meio de fontes não poluentes (eólica, geotérmica e solar); • substituição de sacolas plásticas pelas de papel; • uso racional de recursos da natureza (água); • diminuição da utilização de combustíveis fósseis como gasolina e diesel, que poderiam ser substituídos por biocombustíveis; • substituição gradual dos meios de transporte individuais (carros particulares) por coletivos (metrô, ônibus, trem etc.); • técnicas agrícolas que não prejudiquem o solo; • criação de sistemas urbanos (ciclovias) eficientes e seguros; • implantação do transporte solidário (um veículo com várias pessoas); • combate rigoroso ao desmatamento ilegal; • combate à ocupação de regiões de mananciais; • criação de áreas verdes nos grandes centros urbanos; • manutenção e preservação dos ecossistemas; • produção e consumo de alimentos orgânicos; • implantação da técnica do “telhado verde” (SUA PESQUISA, s. d.). 47 Re vi sã o: C ar la - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 7/ 07 /1 7 PLANEJAMENTO E GESTÃO SOCIAL Saiba mais Para saber mais sobre a energia eólica, geotérmica e solar, acesse: <http://www.suapesquisa.com/o_que_e/energia_eolica.htm>; <http://www.suapesquisa.com/o_que_e/energia_solar.htm>; <http://www.suapesquisa.com/o_que_e/energia_geotermica.htm>. Acesso em: 3 abr. 2012. Saiba mais Para saber mais sobre os biocombustíveis e o “telhado verde”, acesse: <http://www.suapesquisa.com/o_que_e/biocombustiveis.htm>; < http://www.envec.com.br/django/wwwx1/>. Acesso em: 3 abr. 2012. 6 ADMINISTRAÇÃO E GESTÃO 6.1 Gestão pública e privada A compreensão do que é público e privado – conceitos diferentes e complementares – na gestão pública aproxima-se do entendimento e difícil distinção entre o que é administração e o que é gestão (KRULL, 2010). Pelo fato de o termo gestão ser usualmente confundido com administração, essas duas palavras são muitas vezes utilizadas como sinônimas, pois a maioria não conhece a distinção entre esses dois conceitos. Para Ferreira (1997), a gestão é o ato de agir sobre um bem privado, enquanto administração é a ação sobre um bem público. Contudo, o Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa aponta as duas palavras como sinônimas (FERREIRA, 2008). Fayol (1960), por sua vez, trata administração como uma função na operação de uma empresa, que, juntamente com as áreas técnica, comercial, financeira, de segurança e de contabilidade, forma as funções essenciais das quais a direção deve cuidar. Assim, segundo o autor, a administração não estaria acima das outras funções e nem estas fariam parte da administração. 48 Re vi sã o: C ar la - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 7/ 07 /1 7 Unidade II A gestão está baseada no bom relacionamento entre operários, logística e mercadologia. Ainda de acordo com Fayol, o gestor é definido pelas suas funções no interior da organização: é a ele que compete a interpretação dos objetivos propostos pela organização e a atuação por meio do planejamento, da organização, da direção e do controle a fim de atingir os referidos objetivos (FAYOL, 1960). Desse modo, o gestor: • desenvolve os planos estratégicos e operacionais que julga mais eficazes para atingir os objetivos da organização; • concebe as estruturas e estabelece as regras, as políticas e os procedimentos mais adequados aos planos desenvolvidos; • implementa e coordena a execução dos planos por meio de determinado tipo de comando e de controle. Observação A administração é de cunho operacional e a gestão tem caráter estratégico. Na prática vivencial, gestão é uma especialização tanto da administração como da gerência. O gestor não faz nada diferente daquilo que é feito pelo administrador, porém suas ações e responsabilidades devem ser respaldadas por uma maior engenhosidade (KRULL, 2010). 6.2 Administração pública Não seria possível pensar no cenário econômico, político e social se não hovesse o convívio entre a administração pública e privada. Tanto a economia nacional como a internacional sofreriam significativas transformações caso houvesse somente uma das modalidades de gerenciamento. A administração pública é importante no cenário empresarial porque favorece a economia e faz com que as crises sejam administradas da melhor maneira. Por esse motivo, o governo arrecada impostos que são aplicados em serviços que favorecem toda a população. Afinal, todos têm os mesmos direitos como cidadãos. Além disso, há facilidade na distribuição de renda. A administração pública também é importante no cenário empresarial, pois permite a igualdade social e a garantia de serviços de qualidade para toda a população. Isso porque a burocracia é intensificada e há a garantia de maior eficiência em todos os serviços (CERIOLI, 2009). 49 Re vi sã o: C ar la - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 7/ 07 /1 7 PLANEJAMENTO E GESTÃO SOCIAL A seguir, apresentamos alguns conceitos consoantes às três formas de administração pública: • administração pública patrimonialista:apresenta características predominantes do período feudal. Naquele período, o patrimonialismo atendia ao interesse da classe dominante. Na forma monárquica de governo, a administração se manifesta na apropriação privada dos bens públicos, tanto no caráter material (usurpação do patrimônio público) como no intangível (o próprio exercício do poder), mediante o qual o governante torna-se um Senhor que tudo pode e o Estado seria sua propriedade particular em detrimento dos direitos dos cidadãos os quais, em troca, recebiam benesses ao invés de exigir serviços e benefícios a eles devidos pelo poder público (MAJONE, 1999). • administração pública burocrática: a administração pública burocrática surge como uma protetora da coisa pública em relação às especulações pautadas em interesses particulares. É um sistema de frenagem aos excessos da administração pública patrimonialista. Nesse âmbito, o atendimento às necessidades do cidadão fica em segundo plano, pois, nessa forma de administração, a burocracia se constitui como um fim em si mesma (MAJONE, 1999). • administração pública gerencial: surge com olhos na satisfação do cidadão-cliente. Redireciona o foco dos processos para o real objetivo de existência da administração, a saber, satisfazer a sociedade em suas vitais necessidades (MAJONE, 1999). Atualmente, as três formas de administração pública são convergentes: • a patrimonialista se manifesta nas empresas estatais; • a burocrática se manifesta pelas prestações de conta, leis orçamentárias, concurso público e também pelas licitações; • a gerencial se manifesta nos polos público e privado. Relacionam-se usualmente quando existe a preocupação com a eficácia – em atingir objetivos – e com a eficiência – no bom uso dos recursos. Já ao que concerne o processo licitatório, deve-se considerar que este apresenta suas bases na burocracia. Assim, busca reduzir o favorecimento do poder público a determinados interesses particulares nocivos ao interesse coletivo. Contudo a legislação não descarta os benefícios do patrimonialismo, principalmente quando este repercute positivamente na segurança nacional e na relação custo-benefício existente no setor público. Por esse motivo, é possível prever a dispensa daquilo que não pode ser exigido em alguns casos. Ao mesmo tempo, as licitações visam a selecionar as propostas mais vantajosas para a administração, com base no aspecto econômico e também na eficiência da prestação dos serviços públicos (KRULL, 2010). 6.2.1 A burocracia na administração pública De acordo com os preceitos sociológicos de Max Weber, a burocracia torna as ações mais objetivas, pois é inflexível e foi estabelecida para oferecer eficiência no trabalho realizado no setor público. 50 Re vi sã o: C ar la - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 7/ 07 /1 7 Unidade II Quando o filósofo pensou a burocracia, cada funcionário tinha sua atividade específica e a relação com outras atividades estava definida com precisão. Observação Os burocratas são definidos como gestores habilidosos que fazem as organizações funcionar. As características da burocracia são: • divisão do trabalho: as atividades são desmembradas em tarefas simples; • hierarquia de autoridade: posições ou empregados são organizados de modo a estruturar a hierarquia; • racionalidade: as promoções ocorrem por desempenho, por capacitação técnica e por mérito; • regras e padrões: as decisões gerenciais acontecem dentro de regras, disciplina e controles; • compromisso profissional: todos trabalham para garantir a eficiência organizacional; • registros escritos: registros que apresentam detalhes das transações da organização; • impessoalidade: as regras e procedimentos aplicam-se com uniformidade e imparcialidade (SILVA, 2004). 6.2.2 Prós e contras da administração pública Max Weber ainda sugere a redução da desigualdade social a partir da prática da distribuição de renda entre a população. Desse modo, a administração pública garante o crescimento sólido em todas as classes sociais, bem como melhora a intervenção estatal. Além disso, ela sugere programas de distribuição de renda e inclusão social que melhoram as condições de vida das pessoas. Isso possibilita o acesso a benefícios como saúde, lazer, cultura, educação de qualidade e melhores relações de trabalho. O programa governamental Bolsa Família, por exemplo, sofre críticas por causa de falhas estruturais, porém ele desempenha papel fundamental na economia, pois promove a distribuição de renda (SILVA, 2004). Com a distribuição de renda para as classes menos favorecidas, essa população passa a ter mais dinheiro para saciar suas necessidades. Isso impulsiona a demanda por produtos e serviços (SILVA, 2004). O crescimento da demanda aumenta a produção. Isso gera mais riquezas para as empresas, e estas admitirão mais funcionários para suprir esse aumento. Em contrapartida, com menos desempregados, 51 Re vi sã o: C ar la - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 7/ 07 /1 7 PLANEJAMENTO E GESTÃO SOCIAL menor será o número de pessoas que necessitarão do auxílio do governo. Este, por sua vez, investirá mais recursos em outros projetos e, assim, toda a população ganha (SILVA, 2004). Para o setor público, o lucro vem em forma de harmonia social, que irá gerar tanto a aprovação popular quanto a continuidade do sistema democrático e do pagamento dos impostos (KRULL, 2010). Se o setor público administrar bem o lucro, ele próprio já estará lucrando. Porém, se administrar mal, vai faltar dinheiro e a máquina administrativa não vai andar como deveria. Se há dinheiro envolvido, de certa forma há lucro, o que indica que não existem diferenças profundas e significativas entre gestão pública e gestão privada, já que tudo está baseado no sistema capitalista. O governo precisa de dinheiro e precisa também fazer com que as coisas funcionem. A razão pela qual há tantos problemas no setor público é que os governantes acreditam que podem administrar as verbas sem pensar em resultados coerentes e precisos. Essa mentalidade, por sua vez, é bastante comum nas empresas privadas que devem sobreviver às crises. Atualmente, o setor público busca aproximar sua administração do setor privado, imitando-o em seu aspecto enxuto e competente. No entanto, vale considerar que esse processo ainda está na fase inicial. Com a administração pública, a economia tende a ser mais forte, pois o governo arrecada valores por meio de impostos e possui diversos bens. Desse modo, a administração pública amplia a facilidade de se manter estável diante de crises em alguns setores. A administração pública também apresenta um melhor planejamento na luta contra as forças econômicas externas e controla problemas de mercado. De acordo com Max Weber, na administração pública, a economia avança de modo forte e planejado, atendendo, assim, à coletividade. O Estado distribui estabilidade à população e, por esse motivo, no modelo ideal, cada tarefa deve ser executada por um especialista. Assim, cada pessoa da administração pública torna-se responsável por uma atividade. Para o filósofo, a promoção profissional deve-se ao mérito e à competência, oferecendo ao trabalhador estabilidade no cargo. É fundamental haver a formalização dos processos para que todos tenham conhecimento de quais são os procedimentos para torná-los impessoais. Na linha de comando, o subordinado realiza as tarefas e se reporta somente a um superior imediato. Desse modo, para Max Weber, a burocracia é um grande perigo para o homem. Para ele, ela era uma doença, não um remédio (SILVA, 2004). 52 Re vi sã o: C ar la - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 7/ 07 /1 7 Unidade IIO planejamento estruturado da economia, com base na administração pública, não apresentaria problemas com crises, pois a economia seria controlada pela coletividade do Estado e haveria um maior planejamento e controle sobre as forças do mercado. Outra vertente digna de ênfase na presença público-privada na gestão pública reside na atuação do terceiro setor e na consecução dos serviços de interesse público (KRULL, 2010). 6.3 O terceiro setor O terceiro setor: • corresponde às instituições com preocupações e práticas sociais; • não tem fins lucrativos; • gera bens e serviços de caráter público; • congrega pessoas idealistas. São exemplos de instituições do terceiro setor: • ONGs; • instituições religiosas; • clubes de serviços; • entidades beneficentes; • centros sociais; • organizações de voluntariado etc. Ainda que desfrute de recursos financeiros que recebe do Estado (primeiro setor), o terceiro setor não trabalha unicamente com recursos pecuniários. Faz parte de sua concepção: • a prática de valores que motivam os indivíduos a buscar melhoria na própria vida e na do próximo; • o esmero das qualidades ou virtudes sociais; • o aprimoramento das aptidões e habilidades profissionais; • o amadurecimento da cidadania; 53 Re vi sã o: C ar la - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 7/ 07 /1 7 PLANEJAMENTO E GESTÃO SOCIAL • o voluntariado; • as iniciativas beneficentes; • o cooperativismo; • a independência; • a objetividade; • o humanismo; • o subsidiário (que ajuda, socorre); • a partilha etc. O poder de influência do terceiro setor reflete, inclusive, as mudanças e inovações sociais mais significativas dos últimos tempos. A presença do terceiro setor na gestão pública advém de: • explosão demográfica em termos globais; • aumento da pobreza; • corrupção em muitos países; • efeitos da globalização sobre as economias dos países subdesenvolvidos, efeitos estes que desarticularam empresas locais; • dificuldade do Estado para gerenciar a coisa pública. Isso exige profundas modificações ao que se refere às funções do Estado e à sua forma de administrar (MAJONE, 1999). Assim, o surgimento, o fortalecimento e a crescente participação das organizações civis sem fins lucrativos (ONGs) ligadas à administração pública – o denominado terceiro setor – se dão junto ao governo e às empresas de atividade lucrativa. O terceiro setor é formado por um batalhão de pessoas das mais variadas profissões e áreas de atuação que lutam por objetivos comuns (KRULL, 2010). É interessante observar que essas entidades não fazem parte da administração direta ou indireta, já que não são empresas paraestatais, mas sim entidades privadas que prestam serviços privados de caráter ou de interesse público. 54 Re vi sã o: C ar la - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 7/ 07 /1 7 Unidade II No terceiro setor, os lucros devem ser reinvestidos em novos projetos ou mesmo distribuídos para os fins sociais a que se destinam. Assim, o terceiro setor congrega as mais diversas organizações sociais. A qualidade do serviço público prestado também deve ser almejada, ou seja, deve-se tratar o usuário como um cliente exigente. Para isso, a colaboração do setor privado é primordial, pois o Estado não pode mais executar sozinho todas as atividades públicas que lhe são impostas, sob pena de continuar incompetente, burocrata e moroso, como é atualmente (KRULL, 2010). O Estado deve buscar auxílio na força de trabalho das organizações sociais que compõem o terceiro setor, instituindo novas fórmulas de captação do potencial de trabalho, novas maneiras de estimular a produção e de negociar as medidas que pretende tomar etc. Também deve fazer parte dessa reforma a modificação da estrutura e dos métodos, para que possa haver campo para a flexibilização na política pública. Vale lembrar a importância de uma correta negociação dos contratos de gestão para a aplicação prática das diretrizes públicas que se pretendem. É evidente que as organizações públicas podem e devem se apropriar dos instrumentos de gerenciamento desenvolvidos no âmbito privado das diferentes organizações (KRULL, 2010). Os referidos instrumentos podem ser o Planejamento Estratégico, o Balanced Scoreboard, o uso avançado e inteligente da TI (Tecnologia da Informação) e até mesmo, quando for o caso, o uso de ferramentas específicas da área de produção ou de gerenciamento de RH (inclusive a remuneração por produtividade e o reconhecimento pela participação de indivíduos e equipes com resultados de interesse público). Também é evidente que é cada vez mais interessante para as organizações privadas informar publicamente o que fazem em relação à sociedade e ao meio ambiente. Porém, é necessário que haja critério quanto à descentralização da ação pública. Afinal, parte dos parceiros é regida por um regime privado e contemplada em seus quadros dirigentes. Do mesmo modo, parte dos recursos financeiros dessas instituições é direta ou indiretamente oriunda da administração pública. Assim, um dos problemas das referidas organizações é o que segue: elas vivem do poder estatal, porém, não se submetem aos controles próprios da administração pública. 6.4 A administração privada A administração privada gera mobilidade entre as classes sociais e oportunidade de crescimento econômico. Para Weber, a administração privada era importante no cenário empresarial porque cada pessoa passa a conquistar benefícios individuais, o que possibilita o aumento da renda per capita. Além disso, ela ainda é importante porque prioriza a satisfação do cliente e isso resulta em competitividade. Por esse motivo, há uma busca incessante pela ampliação de mercado, há a oferta de diferentes tipos de produtos e há também conflitos entre as classes sociais baseados no anseio por ascensão social (SILVA, 2004). As pessoas trabalham para ter seu dinheiro e ter reconhecimento profissional. Elas escolhem em qual das classes sociais desejam estar incluídas e lutam por essa posição. As que têm maior ambição 55 Re vi sã o: C ar la - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 7/ 07 /1 7 PLANEJAMENTO E GESTÃO SOCIAL trabalham mais para ganhar mais dinheiro ou abrem o seu próprio negócio, enquanto as demais trabalham para satisfazer suas necessidades particulares (SILVA, 2004). Assim, a administração privada: • possui diferentes meios para melhor atender aos clientes; • busca sobreviver, quando bem administrada; • busca ser mais bem-vista perante a sociedade; • as organizações funcionam em ambiente competitivo, e este inclui os concorrentes atuais. Lembrete Para Max Weber, a administração privada pode oferecer o melhor serviço para alcançar a satisfação do cliente e tornar-se competitiva. Existe, inclusive: • a ameaça de novos concorrentes; • a ameaça de substitutos; • o poder dos fornecedores e consumidores. A competitividade das empresas privadas remete à busca por uma produção em escala correta e por um preço competitivo. A meta de proporcionar a satisfação aos clientes demarca uma concorrência global e isso já faz parte da rotina das organizações, que se aproximam dos consumidores e procuram conhecer suas necessidades e valores (SILVA, 2004). Frente a esse cenário, quem ganha é o cliente, que tem o poder final de escolha. As empresas disputam entre si para apresentar os melhores preços e atender aos clientes com eficiência. A meta central é sempre vender mais e obter lucros (SILVA, 2004). Apenas com a existência de organizações públicas, não haveria esse leque de opções oferecidas hoje às pessoas. Ou seja, seriam oferecidos produtos ou serviços que a empresateria para oferecer à sociedade, e não os que esta deseja do modo que espera encontrar. Lembrete Para a gestão privada, o objetivo primordial é o lucro (KRULL, 2010). 56 Re vi sã o: C ar la - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 7/ 07 /1 7 Unidade II 6.4.1 A burocracia na administração privada As características da burocracia na administração privada são: • princípio das atribuições oficiais: grau de especialização; • princípio da hierarquia funcional: sistema racionalmente organizado; • mando e subordinação: linha de comando; • uniformidade na organização das tarefas: conjunto específico de regras para a tomada de decisões; • formação profissional: recrutamento com base no conhecimento técnico e na perícia; • eficiência dos funcionários; • normas; • promoção por mérito e estabilidade no cargo; • formalização de procedimento (SILVA, 2004). 6.4.2 Administração pública, administração privada, gestão pública e iniciativa privada Para Max Weber, administração pública e administração privada devem ser analisadas sob a ótica da gestão e da iniciativa. Assim, pode-se observar: Quadro 10 Administração pública Administração privada Gestão pública Iniciativa privada Não se preocupa com a competitividade A empresa deve gerar lucro Proporciona serviços aos cidadãos Conquista novos clientes a cada dia Tem por intenção arrecadar tributos Oferece benefícios, preço e qualidade Fonte: SILVA, 2004. 6.5 Equilíbrio entre administração pública e privada Seguem algumas considerações com relação às características pertinentes à administração púublica e à administração privada: 57 Re vi sã o: C ar la - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 7/ 07 /1 7 PLANEJAMENTO E GESTÃO SOCIAL Quadro 11 – Importância das administrações pública e privada Gestão pública Iniciativa privada As organizações e as pessoas não seriam competitivas e não teriam a oportunidade de desenvolvimento pelo reconhecimento de seu trabalho. As pessoas não teriam poder de escolha e seriam dependentes desse tipo de organização. Haveria desigualdade entre as de maior poder aquisitivo e as de classes econômicas mais baixas. Estas seriam cada vez mais excluídas e as de maior poder aquisitivo teriam o privilégio de mais escolhas e melhores oportunidades. A burocracia existe em ambas as administrações e não se intensificaria ou se extinguiria se apenas uma delas existisse. A burocracia faz com que esses dois tipos de gestão caminhem lado a lado e, ao mesmo tempo, uma contra a outra. Para haver estabilidade e não haver oscilações nas ações tomadas tanto pela gestão pública como pela iniciativa privada, é preciso considerar que a organização privada depende da pública e vice-versa. Para que uma gestão fiscalize a outra. Para haver o mencionado equilíbrio da sociedade. Fonte: SILVA, 2004. Observação Para haver equilíbrio na sociedade, é preciso que tanto a gestão pública quanto a administração privada existam concomitantemente. Se existir apenas uma delas, haverá um abalo na estrutura da sociedade Resumo O que vimos nesta unidade é que devemos considerar a importância da administração pública no cenário empresarial, pois isso favorece a economia e auxilia nas crises nacionais ou de setores específicos. Assim, os impostos arrecadados pelo governo devem ser aplicados nos serviços necessários à população, favorecendo-a, pois todos os cidadãos têm os mesmos direitos. Com relação à burocracia na administração pública, vale considerar que ela torna as ações mais objetivas, afinal, ela é inflexível e oferece eficiência no trabalho realizado no setor público. Desse modo, os burocratas são gestores habilidosos que fazem as organizações funcionar. 58 Re vi sã o: C ar la - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 7/ 07 /1 7 Unidade II Há ainda as questões referentes ao terceiro setor. Este se fortaleceu com a participação das organizações civis sem fins lucrativos (ONGs). Tais associações estão estruturadas tanto junto ao governo como às empresas privadas. A base do referido setor está nas pessoas das mais variadas profissões e áreas de atuação que buscam objetivos comuns. No terceiro setor, as entidades formadoras não pertencem à administração direta ou indireta, pois elas não são empresas paraestatais, mas sim entidades privadas que prestam serviços privados de caráter ou de interesse público. Dentro da referida estrutura, os lucros são reinvestidos em novos projetos e distribuídos para os fins sociais a que se destinam. Existe, ainda, o aspecto referente à administração privada, que gera mobilidade entre as classes sociais e a oportunidade de crescimento econômico. Na administração privada, cada pessoa conquista benefícios individuais – há geração do aumento da renda per capita – e a satisfação do cliente é ressaltada, o que demarca a competitividade. Assim, há uma busca pela ampliação de mercado e pela oferta de diferentes produtos e, também, existe conflitos entre as classes econômicas em razão de anseios por ascensão social. A autogestão, por sua vez, é uma prática econômica na qual os trabalhadores se colocam como donos das ferramentas e equipamentos de produção, ou seja, é a organização do trabalho sem a existência de patrões. Desse modo, as decisões e a execução dos projetos são submetidas ao controle dos trabalhadores. A autogestão garante às organizações a gerência do próprio negócio.