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CRISE NO SISTEMA PENITENCIÁRIO Aula 2: Justiça e o Direito .............................................................................................................. 2 Introdução ............................................................................................................................. 2 Conteúdo ................................................................................................................................ 3 Justo x injusto .................................................................................................................... 3 Justiça material .................................................................................................................. 4 Direito e justiça .................................................................................................................. 5 Direitos e normas............................................................................................................... 6 Segurança jurídica ............................................................................................................. 7 Direitos Humanos .............................................................................................................. 8 As crises mundiais e o direito de liberdade ................................................................ 10 A prática da tortura e a pena de morte ....................................................................... 10 Direitos Humanos no Brasil ........................................................................................... 12 Pacto de São José da Costa Rica .................................................................................. 12 Referências........................................................................................................................... 14 Exercícios de fixação ......................................................................................................... 14 Chaves de resposta ..................................................................................................................... 21 CRISE NO SISTEMA PENITENCIÁRIO Introdução Essa aula tem como objetivo diferenciar o que é justo do injusto para possibilitar melhor compreensão sobre os direitos humanos, estabelecendo, ainda, se o direito de punir não for de encontro aos princípios que protegem os detentos, caracterizará abuso e não justiça. Pretende-se, também, demonstrar que a ideia de justiça aparece geralmente associada à de igualdade, pois os casos iguais devem ser apreciados de maneira igual, enquanto os casos diferentes devem sê-lo de maneira diferente. Será verificado que no Brasil a caminhada pelos direitos humanos é a própria luta do nosso povo oprimido, através de um processo histórico que se iniciou durante a colonização e continua até hoje na busca de uma sociedade justa, livre e igualitária. Objetivo: 1. Demonstrar o conceito de justo para melhor entendimento dos direitos humanos; verificar o conteúdo material de justiça para que seja possível pressupor quais são os princípios essenciais que devem reger a nossa conduta nas relações; e compreender que, na regra geral, a coação não pode ser exercida pelo interessado; CRISE NO SISTEMA PENITENCIÁRIO 2. Verificar que os terrores da guerra, a terrível experiência nazista e fascista e os excessos estalinistas reavivaram a consciência da necessidade de encontrar fórmulas eficazes de proteção dos direitos humanos; mostrar que a prática da tortura constitui um dos exemplos mais flagrantes e dramáticos da impotência com que se defronta a proteção real dos mais elementares direitos humanos; e ressaltar o Pacto de São José da Costa Rica, sobretudo, o seu Artigo 7º, que trata do direito à liberdade pessoal. Conteúdo Justo x injusto O que é justo e o que é injusto? Na linguagem usual, é frequente qualificar um fato de justo ou injusto. Assim, dizemos que foi justa ou injusta a decisão de um árbitro de futebol que expulsou um jogador ou de um guarda rodoviário que passou uma multa ou de um professor que reprovou um aluno. Nestes, como a maioria dos casos, a justiça refere-se a atos humanos. Mais raro e forçado é referir essa qualificação a fatos naturais, como, por exemplo, a doença que torna inválido um homem jovem de quem havia ainda tanto a esperar. Ora, a justiça exige-se aos homens, não à Natureza. A ideia de justiça, isto é, a ideia dos princípios pelos quais nos devemos reger para qualificar de justo ou injusto um fato ou a solução de um problema, não é igual para todos. Poderia, então, pensar-se que a justiça é, sobretudo, um sentimento, uma valoração meramente subjetiva e emocional que não se presta a qualquer análise racional. Isso teria, como consequência, a impossibilidade de qualquer tentativa de construir uma ideia de justiça comum a todos os homens e que pudesse servir de base para a resolução de todas as questões humanas. CRISE NO SISTEMA PENITENCIÁRIO A ideia de justiça aparece geralmente associada à de igualdade. Os casos iguais devem ser apreciados de maneira igual, enquanto os casos diferentes devem sê-lo de maneira diferente. A igualdade e, portanto, a justiça, pressupõem que se uma regra é válida para todos, ninguém pode infringi-la em benefício próprio e prejuízo alheio. Este princípio, segundo o qual os casos desiguais devem ser desigualmente tratados, completa-se com o da proporção (princípio da proporcionalidade). A diferença de tratamento deve ser proporcional à disparidade de circunstâncias. Então, é injusto castigar um simples furto com a pena máxima de 30 anos, enquanto um homicídio tivesse por única pena alguns meses de prisão. Através do citado princípio, procurou chegar-se a uma primeira e breve formulação da justiça, descobrindo a sua essência no dever de dar a cada um o que lhe pertence. Se acreditarmos, como Aristóteles, que há homens nascidos para serem escravos e outros para serem senhores, a justiça formal exigirá que, de fato, os primeiros sejam escravos e os segundos senhores. Se entendermos, pelo contrário, que todos os homens são livres e substancialmente iguais, essa mesma concepção da justiça nos obrigará a tratar todos os seres humanos como iguais e dignos de respeito. Mas será vã qualquer tentativa de, com esse critério, descobrir qual das opiniões sobre a natureza humana é a mais justa. Dar um conteúdo material, isto é, concreto, à ideia de justiça pressupõe decidir quais são os princípios essenciais que devem reger a nossa conduta nas relações humanas e estabelecer os fundamentos da organização social. Justiça material Quais são os direitos fundamentais do homem que devem ser respeitados pelos outros homens e em que casos se deve ou não admitir a pena de morte? CRISE NO SISTEMA PENITENCIÁRIO A procura de critérios válidos para configurar a justiça material foi, e é ainda hoje, uma das preocupações mais constantes de filósofos e estudiosos do direito, em geral, de todos aqueles que se preocupam com as questões políticas e sociais. Por exemplo, a história nos mostra que foram aceitas como justas, mesmo por povos da mais avançada cultura, instituições e práticas que hoje nos afiguram aberrantes. Um exemplo típico é a escravatura, que os maiores pensadores gregos consideraram um princípio justo, pois constituiu a base econômica do mundo antigo. Com o exemplo anterior percebe-se que não há ação, por mais repugnante e atroz que nos pareça, que não se tenha sido reconhecida como normal por qualquer povo. No Egito dos Faraós, o incesto era habitualentre as famílias reais. Durante séculos, pensou-se que o Sol girava em volta da Terra, nem por isso o contrário deixava de ser verdadeiro. Com efeito, esta é a tese daqueles que defenderam e defendem a existência de uma justiça material. Na verdade, a dificuldade reside em encontrar um método de investigação que permita chegar seguramente à verdade. Nas ciências da Natureza aplica-se o método científico, cuja validade é geralmente aceita. No campo das ideias morais, entre as quais se inclui a justiça, esse método não é aplicável, não havendo acordo sobre a existência de outro método igualmente válido. Isso tem como consequência que, ao contrário do que acontece nas Ciências da Natureza, as investigações sobre o conteúdo da justiça não podem pretender alcançar uma validade geral. Direito e justiça A palavra “justiça” emprega-se, muitas vezes, referindo-se ao direito, em expressões como Palácio da Justiça, administração da justiça e outras semelhantes. Todos nós utilizamos com grande frequência a palavra “direito” em expressões tais como “tenho o direito de fazer tal coisa” ou “você não tem o direito de fazer tal coisa”. Se nos perguntassem o que queremos dizer com CRISE NO SISTEMA PENITENCIÁRIO essas frases, provavelmente, responderíamos que “ter direito” significa “poder fazer ou exigir algo”. Mas afinal, o que é o Direito? Quando se fala de direito, refere-se geralmente a um poder que, não sendo possível agir de outro modo, é susceptível de se impor coercitivamente. Não se trata de uma coação puramente material (“a lei do mais forte”), mas de uma coação socialmente aceita, ou seja, uma coação que a comunidade em que vivemos apoia ou mesmo cria. Nas sociedades primitivas a proteção do direito está, frequentemente, a cargo do próprio interessado. O reconhecimento social consiste apenas em estabelecer os casos e a maneira segundo a qual essa proteção pode exercer- se. Assim, o primitivo direito romano permitia matar o ladrão surpreendido em flagrante, se o roubo fosse à noite. Nos nossos dias, essa defesa privada ainda existe. Assim, em certas circunstâncias, todos temos o direito de repelir pela força um ataque injusto que nos seja movido (legítima defesa). Nos dias atuais, a coação não pode ser exercida pelo interessado para proteger seus direitos, deve-se recorrer aos organismos sociais especializados, como são, por exemplo, os tribunais. Compete a estes últimos verificar se existe realmente o direito alegado e, se necessário, impô-lo pela força. A seguir você conhecerá o Direito Subjetivo e Direito Objetivo. Direitos e normas Você sabe o que é Direito Subjetivo e Direito Objetivo? Na linguagem jurídica, Direito Subjetivo é o poder socialmente reconhecido. Esse reconhecimento ocorre porque a comunidade adota um conjunto de normas que autorizam tais poderes e fixam o modo como devem CRISE NO SISTEMA PENITENCIÁRIO ser respeitados. Por exemplo, na legítima defesa, tem-se o direito de repelir um ataque, pois a isso é autorizado por uma norma do Código Penal. Os códigos são conjuntos de normas estabelecidas pela organização social em que vivemos: o Estado. Ao conjunto de normas apoiadas por uma coação social organizada, damos o nome de Direito Objetivo ou simplesmente “Direito”. O Direito é formado por um conjunto de normas. A palavra “norma” é um termo-chave em teoria jurídica. Em princípio, pode-se definir norma como um enunciado em que se prescreve uma conduta. Existem várias normas de condutas, tais como: regra de jogo de xadrez, regra de etiqueta, entre outros, porém, nesses exemplos, não há sanção se não forem seguidos. Se a violação acarretar em determinada sanção, as normas serão jurídicas. Essa sanção poderá ser de várias índoles: imposição de uma pena; indenização pelos danos causados; anulação de um contrato ou de um testamento (que não tenha sido feito da forma prescrita). Segurança jurídica Agora vamos conhecer o termo segurança jurídica. A segurança jurídica é entendida aqui no sentido de paz, de estabelecimento de uma convivência pacífica entre os homens e também no sentido da garantia dada aos cidadãos de que podem calcular as consequências jurídicas dos seus atos, como, por exemplo, que o contrato ou o testamento produzirão os devidos efeitos no futuro, tal como foi previsto pelos seus autores. O direito garante essa segurança pela sua própria existência pelo fato de ser constituído por normas gerais, ou seja, aplicáveis a todos os casos análogos, e em virtude de uma série de princípios, como, por exemplo, o da irretroatividade, segundo o qual uma lei não é aplicável aos fatos ocorridos antes da sua publicação. CRISE NO SISTEMA PENITENCIÁRIO Segurança e justiça são muitas vezes ideias perfeitamente compatíveis, mas, por vezes, podem entrar em contradição. Enquanto a justiça exige a máxima proteção das liberdades humanas, a segurança, entendida como paz e tranquilidade públicas, leva a que, quando surgem graves alterações da ordem (guerras, catástrofes naturais, crises econômicas, entre outras) todas as legislações prevejam a possibilidade da suspensão da aplicação normal de alguns aspectos do direito e o fortalecimento da autoridade dos governantes, inclusive restringindo a liberdade, suspendendo-se alguns direitos fundamentais para o reestabelecimento da ordem. Direitos Humanos O que significou o Cristianismo na construção dos Direitos Humanos? O cristianismo dá um importante passo ao proclamar, por um lado, a identidade substancial de todos os homens enquanto dotados de alma para salvar e, por outro, ao consagrar a existência de uma consciência pessoal, que não pode integrar na unidade totalitária do Estado. A Igreja passou a ter a função de dirigir essa consciência. A partir de Constantino, a união entre o poder eclesiástico e o temporal passou a pressupor a utilização da força coercitiva do Estado para impor uma determinada crença ou, pelo menos, para estabelecer diferenças de tratamento jurídico entre os cidadãos devido a diferenças de religião. O que significou o Cristianismo na construção dos Direitos Humanos? Após o triunfo da Reforma, a Inglaterra foi o primeiro país a reconhecer o direito à liberdade de consciência. Esta foi, de fato, a primeira e principal conquista da ideia dos direitos humanos. O Estado não tem o direito de impor qualquer religião e de efetuar perseguições por motivos religiosos. Foi sob o signo dos direitos humanos que se deram, no século XVIII, as batalhas pela independência de nossos povos. Invocaram-se então a liberdade, a igualdade e a fraternidade proclamadas pela Revolução Francesa (1789) e CRISE NO SISTEMA PENITENCIÁRIO pela Declaração de Independência dos Estados Unidos da América do Norte (1776). Na América do Norte, as Declarações de direitos de muitos Estados e a própria Declaração de Independência dos Estados Unidos, em 04 de julho de 1776, refletem essa concepção. Mas o seu pleno triunfo na Europa fica a dever à Revolução Francesa e a sua formulação mais famosa é, precisamente, a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão feita na Assembleia Nacional, em 26 de agosto de 1789: Artigo 2º A finalidade de toda a associação política é a conservação dos direitos naturais e inalienáveis do homem. Esses direitos são a liberdade, a propriedade e a resistência à opressão. A Declaração de 1789 indicou com exemplar clareza quais eram esses direitos naturais: liberdade de pensamento, de expressão, de reunião e de associação, proteção contra a detenção arbitrária,submissão exclusiva à lei e não ao arbítrio de governantes ou juízes. A palavra-chave dos liberais é “liberdade” e com ela a ideia dos direitos do homem e a concepção do Estado como meio de proteger. No dizer expressivo de Ricardo Chimenti: Por direitos humanos ou direitos do homem hão de se entender as prerrogativas inerentes à dignidade da espécie humana e que são reconhecidas na ordem constitucional. Os direitos do cidadão, por sua vez, são inerentes à possibilidade de um homem participar dos negócios jurídicos de uma sociedade politicamente organizada, ter voz ativa nos destinos do Estado. CRISE NO SISTEMA PENITENCIÁRIO As crises mundiais e o direito de liberdade Após a Primeira Guerra Mundial, surgiram várias crises que ameaçavam o direito de liberdade. Entre 1918 e 1939, dava a impressão que a concepção liberal ia desaparecer. A Segunda Guerra Mundial e a revolução mundial posterior a 1945 demonstraram que essas profecias eram um tanto precipitadas e que o problema dos direitos humanos continua ocupar lugar importante nas preocupações de juristas e políticos. Os terrores da guerra, a terrível experiência nazista e fascista e os excessos estalinistas reavivaram a consciência da necessidade de encontrar fórmulas eficazes de proteção dos direitos humanos. A primeira consequência dessas críticas formuladas à concepção liberal dos direitos humanos foi a consideração que, ao lado das liberdades formais por ela reconhecida, deviam estabelecer-se também certos direitos de caráter social e econômico que assegurassem uma vida digna a todos os cidadãos, tanto do ponto de vista material como cultural. Nasce assim o direito ao trabalho, direito a algum meio de um sistema de segurança social, direito ao lazer e direito à educação e à cultura. A segurança social protege o cidadão desde o berço até à sepultura. Em 10 de dezembro de 1948, a Assembleia Geral das Nações Unidas aprovou uma declaração universal de direitos, sendo reafirmado o direito de todo o homem à liberdade e à dignidade. A prática da tortura e a pena de morte Você sabia que a prática da tortura constitui um dos exemplos mais flagrantes e dramáticos da impotência com que se defronta, ainda nos nossos dias e mesmo em países de elevado nível cultural, a proteção real dos mais elementares direitos humanos? CRISE NO SISTEMA PENITENCIÁRIO A tortura foi, durante séculos, um meio habitual de investigação judicial. Desde a Idade Média até fins do século XVIII. Prevalecia a ideia de que era indispensável a confissão do réu para se poder pronunciar a sua condenação e de que este não confessaria senão submetido à coação física constituída pela tortura. Podemos dizer que há uma diferença entre tortura e pena de morte, na atualidade. Enquanto a tortura não tem hoje em dia defensores que se atrevam a manifestar publicamente a sua opinião, já que está proibida legalmente em todo o mundo, a pena de morte continua a contar com partidários ardorosos e é reconhecida em vários países. Os argumentos para abolir a pena de morte compreendem desde razões de ordem geral, como a de que ninguém pode dispor da vida do seu semelhante, até outras de caráter mais prático, a possibilidade de erro judicial irreparável, a defesa da reforma do delinquente como finalidade da pena. Mas não faltam também defensores. O seu argumento fundamental reside no valor exemplar da pena. Para certo tipo de criminosos, só o temor da sua aplicação pode dissuadi-lo eficazmente contra a prática do delito. A pena de morte torna-se assim um ato de defesa social. É importante saber que o que evita realmente o delito não é a gravidade da pena, mas a certeza da sua aplicação. As atrocidades cometidas durante a instrução judicial no antigo regime só podem ser explicadas com uma polícia ineficaz e sem meios técnicos de controle social, as possibilidades de capturar o autor de um delito eram muito remotas. Era necessária a ameaça com penas terríveis para dissuadir os criminosos potenciais da prática dos delitos. Na verdade, atualmente, as penas podem ser menores porque as possibilidades de captura são também bastante superiores. Esse é o único caminho de conseguir uma eficaz defesa social e não a conservação de resíduos medievais. CRISE NO SISTEMA PENITENCIÁRIO Direitos Humanos no Brasil No Brasil, a caminhada pelos direitos humanos é a própria luta do nosso povo oprimido, através de um processo histórico que se inicia durante a colonização e continua hoje na busca de uma sociedade justa, livre, igualitária, culturalmente diferenciada e sem classes. Hoje, tal direito está garantido na Constituição brasileira, nos Artigos 1º, III; e 5º, § 3º. É um assunto fundamental para garantia da ordem, tanto que, nas hipóteses de grave violação de direitos humanos, o Procurador-Geral da República, com a finalidade de assegurar o cumprimento de obrigações decorrentes de tratados internacionais de direitos humanos dos quais o Brasil seja parte, poderá suscitar, perante o Superior Tribunal de Justiça, em qualquer fase do inquérito ou processo, incidente de deslocamento de competência para a Justiça Federal (Artigo 109, § 5º, CRFB/88). Atenção De acordo com o § 3º do Artigo 5º da CRFB/88, os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos membros, serão equivalentes às emendas constitucionais. Pacto de São José da Costa Rica Para finalizar essa aula, conheça alguns pontos ressaltados no Pacto de São José da Costa Rica (Decreto nº 678/92), Artigo 7º, ao Direito à Liberdade Pessoal: 1. Toda pessoa tem direito à liberdade e à segurança pessoal. CRISE NO SISTEMA PENITENCIÁRIO 2. Ninguém pode ser privado de sua liberdade física, salvo pelas causas e nas condições previamente fixadas pelas constituições políticas dos Estados-Partes ou pelas leis de acordo com elas promulgadas. 3. Ninguém pode ser submetido à detenção ou encarceramento arbitrários. 4. Toda pessoa detida ou retida deve ser informada das razões da sua detenção e notificada, sem demora, da acusação ou acusações formuladas contra ela. 5. Toda pessoa detida ou retida deve ser conduzida, sem demora, à presença de um juiz ou outra autoridade autorizada pela lei a exercer funções judiciais e tem direito a ser julgada dentro de um prazo razoável ou a ser posta em liberdade, sem prejuízo de que prossiga o processo. Sua liberdade pode ser condicionada a garantias que assegurem o seu comparecimento em juízo. 6. Toda pessoa privada da liberdade tem direito a recorrer a um juiz ou tribunal competente, a fim de que este decida, sem demora, sobre a legalidade de sua prisão ou detenção e ordene sua soltura se a prisão ou a detenção forem ilegais. Nos Estados-Partes cujas leis preveem que toda pessoa que se vir ameaçada de ser privada de sua liberdade tem direito a recorrer a um juiz ou tribunal competente a fim de que este decida sobre a legalidade de tal ameaça, tal recurso não pode ser restringido nem abolido. O recurso pode ser interposto pela própria pessoa ou por outra pessoa. 7. Ninguém deve ser detido por dívida. Este princípio não limita os mandados de autoridade judiciária competente expedidos em virtude de inadimplemento de obrigação alimentar. Por oportuno se torna dizer que o Supremo Tribunal Federal (STF) editou, em 2009, a Súmula Vinculante nº 25, que traduz: “É ilícita a prisão civil de depositário infiel, qualquerCRISE NO SISTEMA PENITENCIÁRIO que seja a modalidade do depósito”. A partir de então, somente é aplicável no Brasil a prisão civil por dívida ao responsável pelo inadimplemento de obrigação alimentícia. Referências ALBERGARIA, João. Manual de direito penitenciário. Rio de Janeiro: Aide, 1993. BEMFICA, Francisco Vani. Da Lei penal e sua aplicação, da execução da pena. Rio de Janeiro: Forense, 1996. CHIMENTI, Ricardo Cunha. Curso de direito constitucional. São Paulo: Saraiva, 2005. FONSECA, Ney Moreira. O Poder Judiciário municipal e a aplicação social da pena. Rio de Janeiro: Forense, 1998. LOPES, Maurício Antônio Ribeiro. Código Penal. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2001. MIRABETE, Júlio Fabbrini. Manual de direito penal. 17. ed. São Paulo: Atlas, 2001. v. I. RIZZOTTO, Nunes. O princípio constitucional da dignidade humana. Rio de Janeiro: Saraiva, 2006. TOURINHO FILHO, Fernando da Costa. Manual de processo penal. São Paulo: Saraiva, 2003. Exercícios de fixação Questão 1 Assinale as opções abaixo que poderão ser VERDADEIRAS ou FALSAS: I – Aristóteles acreditava que todos os homens eram livres e substancialmente iguais. II – Os casos iguais devem ser apreciados de maneira igual, enquanto os casos diferentes devem sê-lo de maneira diferente. A ideia de justiça aparece associada à igualdade. CRISE NO SISTEMA PENITENCIÁRIO III – Pela definição de norma, que é um enunciado em que se prescreve uma conduta, pode-se dizer que a regra de xadrez é uma norma. IV – Após o Triunfo da Reforma, a Inglaterra foi o primeiro país a impor a sua religião à sociedade, efetuando perseguições por motivos religiosos. V – A Revolução Francesa (1789) e a Declaração de Independência dos Estados Unidos da América do Norte (1776) tiveram como base a luta pelos direitos humanos. a) F-V-F-V-V b) F-V-V-F-V c) F-F-V-F-V d) V-V-F-V-F e) V-F-V-V-F Questão 2 Após analisar cada uma das questões abaixo, verifique quais são as verdadeiras ou falsas: I – Os direitos do cidadão são inerentes à possibilidade de um homem participar dos negócios jurídicos de uma sociedade politicamente organizada, ter voz ativa nos destinos do Estado. II – No final do século XVIII, a guilhotina surgiu como um invento humanitário para substituir as formas mais penosas. III – A cadeira elétrica e a câmara de gás foram uma descoberta inglesa. IV – A pena de morte continua a contar com partidários ardorosos e ainda é reconhecida em vários países, como Coreia do Norte e EUA. V – A tortura foi, durante séculos, um meio habitual de investigação judicial. CRISE NO SISTEMA PENITENCIÁRIO a) V-V-F-V-V b) F-V-V-F-V c) V-F-V-F-V d) F-F-V-V-F e) V-F-V-F-F Questão 3 Analise as assertivas abaixo: I – A história sempre mostrou que a escravatura foi considerada injusta, pois nunca conseguiu se firmar como base econômica do mundo antigo. II – No Egito dos Faraós, não era permitido o incesto entre famílias reais. III – Quanto ao método de investigação que permita chegar seguramente à verdade, nas ciências naturais, aplica-se o método científico, cuja validade é aceita. Na justiça, esse método não é, porém, aplicável. IV – Serão equivalentes às emendas constitucionais os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados, em cada casa do Congresso Nacional, em 2 turnos, por 3/5 dos votos dos respectivos membros (Artigo 5º, §3º, CRFB). V – Pela Súmula Vinculante nº 25, STF, é lícita a prisão civil de depositário infiel. a) F-F-F-V-V b) V-F-F-V-V c) F-F-V-V-F d) F-F-V-F-F e) F-V-F-V-V CRISE NO SISTEMA PENITENCIÁRIO Questão 4 Para Aristóteles existiam duas classes de homens, aqueles que nasceram livres e aqueles que nasceram para serem escravos, o conceito de justiça formal exigirá que os primeiros sejam escravos e os segundos senhores, “mutatis mutandis”. A concepção de justiça deve ser entendida como: a) Todos os homens são livres, com exceção daqueles que cumprem pena em regime fechado; b) Todos os homens são livres e substancialmente iguais; c) Todos os homens iguais e consequentemente são livres, com exceção daqueles que cumprem pena em regime semiaberto; d) Não há liberdade plena, consequentemente, não há igualdade. Questão 5 O conjunto de normas positivadas, dar-se-á o nome de: a) Direito subjetivo b) Direito objetivo c) Direito interpretativo d) Direito interrogativo Questão 6 A Revolução Francesa (1789) tem como lema: a liberdade, a igualdade e a: a) Justiça b) Desenvolvimento c) Paz CRISE NO SISTEMA PENITENCIÁRIO d) Fraternidade e) Harmonia. Questão 7 Assinale, dentre as alternativas abaixo, qual reflete o resultado de sua análise: I – Em 1988, a Assembleia-Geral da ONU aprovou uma declaração Universal de Direitos, sendo reafirmado o direito de todo o homem à liberdade e à dignidade. II – Até o fim da Segunda Guerra Mundial, prevaleceu a ideia de que era indispensável a confissão do réu para se poder pronunciar a sua condenação. III – Ao conjunto de normas apoiadas por uma coação social organizada dá-se o nome de Direito Objetivo. IV – A partir de Constantino, a união entre o poder eclesiástico e o temporal passou a pressupor a utilização da força coercitiva do Estado para impor uma determinada crença. V – Os argumentos para abolir a pena de morte são: a possibilidade de erro judicial irreparável e a defesa da reforma do delinquente como finalidade da pena. a) V-V-F-V-V b) V-F-V-V-V c) F-V-F-F-V d) V-F-F-V-F e) F-F-V-V-V CRISE NO SISTEMA PENITENCIÁRIO Questão 8 A Declaração dos Direitos Humanos é um dos documentos básicos das Nações Unidas e foi assinada em 1948. Nela, são enumerados os direitos que todos os seres humanos possuem. Assim, é correto afirmar que, em seu preâmbulo, a Declaração Universal dos Direitos Humanos prevê: a) Que o reconhecimento da dignidade inerente a todos os membros da família humana e de seus direitos iguais e inalienáveis não é o fundamento da liberdade, da justiça e da paz no mundo. b) Que o desprezo e o desrespeito pelos direitos humanos resultaram em atos bárbaros que ultrajaram a consciência da Humanidade e que o advento de um mundo em que todos gozem de liberdade de palavra, de crença e da liberdade de viverem a salvo do temos e da necessidade de liberdade de palavra, de crença e da liberdade de viverem a salvo do temor e da necessidade não pôde ser proclamado como a mais alta aspiração do ser humano comum. c) Que é essencial que os direitos humanos sejam protegidos pelo império da lei, para que o ser humano seja compelido, como último recurso, à rebelião contra a tirania e a opressão. d) Que não se prevê ser essencial promover o desenvolvimento de relações amistosas entre as nações; e) Que os povos das Nações Unidas reafirmaram, na Carta da ONU, sua fé nos direitos humanos fundamentais, na dignidade e no valor do ser humano e na igualdade de direitos entre homens e mulheres, e que decidiram promover o progresso social e melhores condições de vida em uma liberdade mais ampla. Questão 9 A Assembleia Geral proclamou a Declaração Universal dos Direitos Humanos como o ideal comum a ser atingido por todos os povos e todas as nações, com CRISE NO SISTEMA PENITENCIÁRIO o objetivo de que cada indivíduo e cada órgão da sociedade, por promover o respeito a esses direitos e liberdades, e, pela adoção de medidas progressivas de caráter nacional e internacional, por asseguraro seu reconhecimento e sua observância universal e efetiva, tanto entre os povos dos próprios Estados Membros, quanto entre os povos dos territórios sob sua jurisdição. Assim, conforme proclamou a Declaração Universal dos Direitos Humanos, todo ser humano: a) Tem capacidade para gozar os direitos e as liberdades estabelecidos nesta Declaração, sem distinção de qualquer espécie, seja de raça, cor, sexo, idioma, religião, opinião política ou de outra. b) Poderá fazer distinção fundada na condição política, jurídica ou internacional do país ou território a que pertença uma pessoa, quer se trate de um território independente, sob tutela, sem governo próprio, que sujeito a qualquer outra limitação de soberania. c) Tem direito à vida, à liberdade, podendo esta ser restringida, e à segurança pessoal a critério da administração pública através da polícia militar, civil e federal. d) Tem o direito de ser, e todos os lugares, reconhecido como pessoa perante a lei, salvo nos casos previstos em lei específica. e) Tem direito a receber dos tribunais nacionais competentes remédio efetivo para os atos que violem os direitos fundamentais que lhe sejam reconhecidos pela constituição ou pela lei. Questão 10 (DEPEN, Funrio - Agente Penitenciário Federal - 2009) Os Direitos Humanos também estão inseridos na Constituição da Republica Federativa do Brasil de 1988, em seus Artigos 5º ao 15. Com relação aos Direitos Humanos, é correto afirmar que: CRISE NO SISTEMA PENITENCIÁRIO a) Ninguém será submetido à tortura nem a tratamento desumano ou degradante. b) É inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo restringido o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias. c) São invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua inviolação. d) A lei punirá algumas discriminações tipificadas por ela atentatória, ou não, dos direitos e liberdades fundamentais. e) A prática do racismo constitui crime inafiançável e prescritível, sujeito à pena de reclusão, nos termos da lei. Questão 1 - B Justificativa: I – Aristóteles acreditava que todos os homens eram livres e substancialmente iguais. JUSTIFICATIVA: FALSA (Para Aristóteles havia homens nascidos para serem escravos e outros para serem senhores). II – Os casos iguais devem ser apreciados de maneira igual, enquanto os casos diferentes devem sê-lo de maneira diferente. A ideia de justiça aparece associada à igualdade. JUSTIFICATIVA: VERDADEIRA III – Pela definição de norma, que é um enunciado em que se prescreve uma conduta, pode-se dizer que a regra de xadrez é uma norma. JUSTIFICATIVA: VERDADEIRA IV – Após o Triunfo da Reforma, a Inglaterra foi o primeiro país a impor a sua religião à sociedade, efetuando perseguições por motivos religiosos. CRISE NO SISTEMA PENITENCIÁRIO JUSTIFICATIVA: FALSA (A Inglaterra foi o primeiro país a reconhecer o direito à liberdade de consciência. O estado não tem o direito de impor qualquer religião e de efetuar perseguições por motivos religiosos.) V – A Revolução Francesa (1789) e a Declaração de Independência dos Estados Unidos da América do Norte (1776) tiveram como base a luta pelos direitos humanos. JUSTIFICATIVA: VERDADEIRA Questão 2 - A Justificativa: I – Os direitos do cidadão são inerentes à possibilidade de um homem participar dos negócios jurídicos de uma sociedade politicamente organizada, ter voz ativa nos destinos do Estado. JUSTIFICATIVA: VERDADEIRA II – No final do século XVIII, a guilhotina surgiu como um invento humanitário para substituir as formas mais penosas. JUSTIFICATIVA: VERDADEIRA III – A cadeira elétrica e a câmara de gás foram uma descoberta inglesa. JUSTIFICATIVA: FALSA (Foram descobertas pelos Estados Unidos da América). IV – A pena de morte continua a contar com partidários ardorosos e ainda é reconhecida em vários países, como Coreia do Norte e EUA. JUSTIFICATIVA: VERDADEIRA V – A tortura foi, durante séculos, um meio habitual de investigação judicial. JUSTIFICATIVA: VERDADEIRA. Questão 3 - C Justificativa: I – A história sempre mostrou que a escravatura foi considerada injusta, pois nunca conseguiu se firmar como base econômica do mundo antigo. JUSTIFICATIVA: FALSA (Os maiores pensadores gregos consideravam justa a escravatura, pois esta contribuiu para a base econômica do mundo antigo). II – No Egito dos Faraós, não era permitido o incesto entre famílias reais. CRISE NO SISTEMA PENITENCIÁRIO JUSTIFICATIVA: FALSA (O incesto era habitual entre as famílias reais). III – Quanto ao método de investigação que permita chegar seguramente à verdade, nas ciências naturais, aplica-se o método científico, cuja validade é aceita. Na justiça, esse método não é, porém, aplicável. JUSTIFICATIVA: VERDADEIRA IV – Serão equivalentes às emendas constitucionais os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados, em cada casa do Congresso Nacional, em 2 turnos, por 3/5 dos votos dos respectivos membros (Artigo 5º, § 3º, CRFB). JUSTIFICATIVA: VERDADEIRA V – Pela Súmula Vinculante nº 25, STF, é lícita a prisão civil de depositário infiel. JUSTIFICATIVA: FALSA (PELA Súmula Vinculante nº 25, é ilícita). Questão 4 - B Justificativa: A afirmativa está de acordo com o Artigo 5º da Constituição de 1988. Questão 5 - B Justificativa: Direito Objetivo é o conjunto de normas positivas pelo legislador, tipificando condutas e cominando penas. Questão 6 - D Justificativa: A Revolução Francesa tinha como lema liberdade, igualdade e fraternidade. Questão 7 - E Justificativa: I – Em 1988, a Assembleia-Geral da ONU aprovou uma declaração Universal de Direitos, sendo reafirmado o direito de todo o homem à liberdade e à dignidade. JUSTIFICATIVA: FALSA (EM 1948) CRISE NO SISTEMA PENITENCIÁRIO II – Até o fim da Segunda Guerra Mundial, prevaleceu a ideia de que era indispensável a confissão do réu para se poder pronunciar a sua condenação. JUSTIFICATIVA: FALSA (A confissão do réu era indispensável para se pronunciar a condenação. Esta ideia prevaleceu da Idade Média até fins do século XVIII). III – Ao conjunto de normas apoiadas por uma coação social organizada dá-se o nome de Direito Objetivo. JUSTIFICATIVA: VERDADEIRA IV – A partir de Constantino, a união entre o poder eclesiástico e o temporal passou a pressupor a utilização da força coercitiva do Estado para impor uma determinada crença. JUSTIFICATIVA: VERDADEIRA V – Os argumentos para abolir a pena de morte são: a possibilidade de erro judicial irreparável e a defesa da reforma do delinquente como finalidade da pena. JUSTIFICATIVA: VERDADEIRA Questão 8 - E Justificativa: A afirmativa está de acordo com o Preâmbulo da Declaração Universal dos Direitos Humanos. Questão 9 - E Justificativa: A afirmativa está de acordo com o Preâmbulo da Declaração Universal dos Direitos Humanos Questão 10 - A Justificativa: A afirmativa está relacionada ao Artigo 5º, II, da Constituição da República de 1988.
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