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CRISE NO SISTEMA PENITENCIÁRIO aula 5

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CRISE NO SISTEMA PENITENCIÁRIO 1 
Aula 5: Da liberdade, da prisão e dos direitos do preso ............................................................... 2 
Introdução ............................................................................................................................. 2 
Conteúdo ................................................................................................................................ 3 
Liberdade como direito do indivíduo ............................................................................ 3 
Prisão legal e ilegal ............................................................................................................ 5 
Prisão-pena e a prisão sem pena ................................................................................... 6 
Penalidade no Brasil .......................................................................................................... 6 
Prisão ilegal e habeas corpus .......................................................................................... 7 
Dos direitos do preso ........................................................................................................ 9 
Direitos e deveres do preso ........................................................................................... 11 
Garantias na proteção dos direitos do preso ............................................................. 12 
Aprenda Mais ....................................................................................................................... 14 
Referências........................................................................................................................... 14 
Exercícios de fixação ......................................................................................................... 15 
Chaves de resposta ..................................................................................................................... 22 
 
 
 CRISE NO SISTEMA PENITENCIÁRIO 2 
Introdução 
Esta aula terá como objetivo demonstrar que o direito à liberdade é uma 
garantia constitucional, pois, este direito, sendo ferido, permitirá o uso do 
remédio constitucional, o habeas corpus. Será possível analisar, ainda, 
baseando-se no direito de ir e vir, aspectos que fazem, muitas vezes, uma 
prisão legal tornar-se ilegal. Para isso, será verificado também que as diversas 
arbitrariedades ao se efetuar uma prisão geram ilegalidade. 
 
Será também demonstrado que os direitos dos presos são garantidos por meio 
de princípios constitucionais, bem como de outros mecanismos que garantem 
sua integridade física e moral. 
 
Objetivo: 
1. Demonstrar que a liberdade é um dos direitos fundamentais do indivíduo e a 
Constituição da República procura resguardar esse direito; 
2. Compreender que a liberdade é o direito de fazer o que a lei não proíbe e 
verificar que a prisão deve ser conforme a lei, respeitando-se o Princípio da 
ampla defesa e do contraditório; 
3. Entender que, para a garantia da paz social, a Constituição brasileira 
permite, em alguns casos, a restrição à liberdade e compreender que as prisões 
realizadas com arbitrariedade, devido ao uso da violência, acarretam em 
ilegalidade. 
 
 CRISE NO SISTEMA PENITENCIÁRIO 3 
Conteúdo 
Liberdade como direito do indivíduo 
Para iniciar esta aula, vamos começar falando da Liberdade como direito do 
cidadão. A liberdade é um dos direitos fundamentais do indivíduo e a 
Constituição da República procura resguardar ao máximo esse direito, 
disponibilizando em seus diversos incisos previstos no Artigo 5º, os remédios 
contra violações. 
 
Conheça o que está previsto na Constituição no Artigo 5º: 
 
É livre a locomoção no território nacional em tempo de paz, podendo qualquer 
pessoa, nos termos da lei, nele entrar, permanecer, ou dele sair com seus bens 
(Artigo 5º, XV); 
 
Conceder-se-á habeas corpus sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado 
de sofrer violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade 
ou abuso de poder (Artigo 5º, LXVIII); 
 
Não haverá prisão civil por dívida, salvo a do responsável pelo inadimplemento 
voluntário e inescusável de obrigação alimentícia e a do depositário infiel 
(Artigo 5º, LXVII); 
 
Ninguém será levado à prisão ou nela será mantido, quando a lei admitir a 
liberdade provisória (Artigo 5º, LXVI); 
 
A prisão ilegal será imediatamente relaxada pela autoridade judiciária (Artigo 
5º, LXV); 
 
Ninguém será preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e 
fundamentada de autoridade judiciária competente, salvo nos casos de 
 
 CRISE NO SISTEMA PENITENCIÁRIO 4 
transgressão militar ou crime propriamente militar, definidos em lei (Artigo 5º, 
LXI); 
 
A prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontre serão comunicados 
imediatamente ao juiz competente e à família do preso ou à pessoa por ele 
indicada (Artigo 5º, LXII); 
 
O preso tem direito à identificação dos responsáveis por sua prisão ou por seu 
interrogatório policial (Artigo 5º, LXIV); 
 
Não haverá penas de caráter perpétuo (Artigo 5º, XLVII, b); 
 
Nenhuma pena passará da pessoa do condenado, de modo a atingir seus 
familiares (Artigo 5º, XLV); 
 
Ninguém será privado de sua liberdade sem o devido processo legal, em que se 
lhe assegure o direito ao contraditório e à ampla defesa (Artigo 5º, LIV e LV); 
 
Ninguém será condenado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal 
condenatória (Artigo 5º, LVII); 
 
O Estado indenizará o condenado por erro judiciário, assim como o que ficar 
preso além do tempo fixado na sentença (Artigo 5º, LXXV); 
 
Os atos processuais serão públicos, salvo quando a defesa da intimidade ou o 
interesse social exigir sigilo (Artigo 5º, LX). 
 
 
Atenção 
 A liberdade não é o direito de alguém fazer o que bem quiser e 
entender, mas sim o de fazer o que a lei não proíbe. 
A acumulação demográfica e urbana obrigou o homem a 
 
 CRISE NO SISTEMA PENITENCIÁRIO 5 
respeitar certas leis de convivência que foram exaltados 
numa frase respeitada: “Minha liberdade termina onde começa a 
liberdade dos outros. ”Que é melhor entendida quando afirmada, 
assim:“ Só tenho liberdade, por meus pares as tem.” 
A prisão, pois, há de ser conforme a lei. 
 
Prisão legal e ilegal 
Como se dá uma prisão dentro da legalidade e dentro da ilegalidade? 
 
Viver numa comunidade é conviver com determinadas pessoas ou grupos que 
dispõem de poder sobre as demais; poder que é, ou deve ser, reconhecido 
como válido, permitindo a vida em comum. Costuma dar-se o nome de poder 
político a este tipo de poder. 
 
Quando se afirma que o direito é criado ou reconhecido pelo poder político, não 
significa que este atue sem limitações. A expressão “poder político” é uma 
abstração, o que existe na realidade é um conjunto de seres humanos 
formando uma comunidade, com os seus hábitos, convicções coletivas, 
conflitos, necessidades econômicas e aspirações. 
 
Nesse tipo de comunidade, quem exerce o poder está condicionado pela 
situação em que se encontra. Sobretudo, num regime democrático, o poder 
deve procurar conciliar interesses, atenuar lutas e harmonizar correntes de 
opinião. Uma das finalidades do direito é a justiça. O direito, além da justiça, 
tem uma outra finalidade que é a segurança, a paz social. 
 
Ocorre que, na prática, nossos policiais têm como hábito agir sempre com 
emprego da força no momento da prisão, apesar de nosso ordenamento 
jurídico proibir qualquer violência no ato da prisão, salvo em caso de resistência 
ou de tentativa de fuga, como prevê o Artigo 284, CPP. 
 
 CRISE NO SISTEMA PENITENCIÁRIO 6Para que ocorra a prisão dentro da legalidade (Artigo 282, CPP), a 
autoridade terá de observar o que preceitua o Artigo 5º, LXII, CRFB/88, ou 
seja, terá de comunicar ao juiz competente de toda e qualquer prisão, ainda 
que por ele ordenada. A prisão legal (Artigo 283, CPP) poderá ser efetuada 
em qualquer dia e a qualquer hora, respeitadas as restrições relativas à 
inviolabilidade do domicílio. 
 
No intuito de garantir a paz social, a Constituição brasileira permite a 
restrição à liberdade, pois, ao contrário, a falta de limite à liberdade implicaria 
em anarquia, enfim, no caos urbano. Quando as prisões são realizadas com 
arbitrariedade, devido ao uso da violência, acarretam em ilegalidade. 
 
Prisão-pena e a prisão sem pena 
Segundo Tourinho Filho, existem em nosso Ordenamento Jurídico a prisão-pena 
e a prisão sem pena. 
 
A prisão-pena advém de sentença penal condenatória irrecorrível, pois o 
Estado impõe ao infrator um sofrimento como retribuição ao mal praticado por 
este a uma pessoa ou a toda sociedade. (TOURINHO FILHO, Fernando da 
Costa. Manual de Processo Penal. Ed. Saraiva). 
 
A prisão sem pena não decorre de condenação, por exemplo, a prisão civil 
e a prisão cautelar. Na prisão cautelar, existem três modalidades: a prisão 
em flagrante, prisão preventiva e a prisão temporária. 
 
Penalidade no Brasil 
O Brasil prevê as seguintes penas que estão elencadas no Artigo 32, do Código 
Penal: penas privativas de liberdade (reclusão, detenção e prisão simples); 
penas restritivas de direitos e de multa. 
 
 
 CRISE NO SISTEMA PENITENCIÁRIO 7 
São proibidas pela Constituição brasileira, em seu Artigo 5º, XLVII, as 
penas de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do Artigo 84, 
XIX, CRF/88; de caráter perpétuo; de trabalho forçado; de banimento; e cruéis. 
 
Das penas privativas de liberdade, a pena de reclusão é a mais severa, 
ou seja, é aplicada para delitos mais graves. O regime fechado é aquele em que 
a execução da pena se faz em estabelecimento de segurança máxima ou 
média. É normalmente prevista quando a pena de reclusão for superior a oito 
anos. Porém, se a pena de reclusão for igual ou inferior a oito anos, e o 
acusado for reincidente, o regime inicial será fechado. 
 
O regime será semiaberto quando executado em colônia agrícola, industrial 
ou estabelecimento similar. O regime será aberto quando a execução for em 
casa de albergado ou estabelecimento adequado. 
 
Nos crimes apenados com reclusão, o regime será sempre fechado e se a 
infração for apenada com detenção, o regime será o semiaberto ou o 
aberto. A prisão simples é prevista para as contravenções, ou seja, é 
cumprida sem o rigor penitenciário. 
 
Conforme Artigo 43, do Código Penal, as penas restritivas de direitos 
são: prestação pecuniária; perda de bens e valores; prestações de serviços à 
comunidade ou a entidades públicas; interdição temporária de direitos; e 
limitação de fim de semana. 
 
Prisão ilegal e habeas corpus 
Diante de uma prisão ilegal, o Juiz deverá tomar duas providências: a primeira 
é determinar a soltura do preso, relaxando, assim, a prisão; a segunda 
providência é encaminhar ao órgão do Ministério Público as peças 
comprobatórias da ilegalidade, a fim de que se promova a responsabilidade 
do funcionário. 
 
 
 CRISE NO SISTEMA PENITENCIÁRIO 8 
O cidadão que entender que ele ou outrem sofreu uma prisão ou 
constrangimento ilegal em sua liberdade prisão ou constrangimento ilegal 
em sua liberdade, tem direito de pedir uma ordem de habeas corpus em 
seu favor. O direito à liberdade é um direito fundamental e o habeas corpus é 
um meio de se garantir esse direito. Se a coação ou violência resulta de 
ilegalidade ou abuso de poder, qualquer que seja a violência, qualquer que seja 
a coação, desde que resulte de abuso de poder ou de ilegalidade, é inegável o 
recurso do habeas corpus. 
 
Portanto, dar-se-á habeas corpus quando alguém se achar constrangido no 
seu direito de ir e vir, conforme prevê o Artigo 647, CPP. O constrangimento 
diz-se ilegal nas hipóteses do Artigo 648, CPP. (Artigo 5º, LXVIII, CRFB/88). A 
segurança jurídica tem como um dos seus principais pressupostos que ninguém 
pode ser condenado por ter praticado um ato não qualificado legalmente como 
delito ninguém pode ser condenado por ter praticado um ato não 
qualificado legalmente como delito, isto é, por ter praticado um ato não 
sancionado pela lei com uma determinada pena criminal. 
 
O Artigo 185, da LEP, preceitua que “Haverá excesso ou desvio de 
execução sempre que algum ato for praticado além dos limites fixados 
na sentença, em normas legais ou regulamentares”. 
 
O excesso e o desvio de execução, conceituados de forma única, 
diferenciam-se. O primeiro se dá quando a autoridade administrativa do 
presídio ultrapassa, em quantidade, a punição disciplinar. O segundo, quando 
ela rompe com os parâmetros previstos na Lei de Execução Penal, até mesmo 
para beneficiar o condenado. 
 
 
 CRISE NO SISTEMA PENITENCIÁRIO 9 
 
Atenção 
 É importante saber que nem sempre a consciência dos 
governantes constitui a melhor garantia contra os atropelos à 
dignidade e à liberdade do homem, nem as prisões é o único 
remédio contra a delinquência. 
De acordo com a Declaração dos Direitos do Homem e do 
Cidadão: “A finalidade de toda a associação política é a 
conservação dos direitos naturais e imprescindíveis do homem. 
Esses direitos são a liberdade, a propriedade, a segurança e a 
resistência à opressão ”. 
 
Dos direitos do preso 
Os direitos dos presos são garantidos por meio de princípios 
constitucionais, bem como de outros mecanismos que garantem sua 
integridade física e moral. 
 
Mesmo admitindo a privação da liberdade individual, a Carta Magna, por outro 
lado, procurou resguardar o cidadão de toda e qualquer extralimitação 
do Poder Público. Daí os princípios insertos no Artigo 5º, III, XLIX, LIV, LXII, 
LXIII, LXIV, LXV e LXVI. 
 
Os presos são as únicas coletividades que não têm uma associação 
para a defesa de seus interesses. E a pena privativa de liberdade, nos 
moldes da nossa, não tem produzido bons resultados. Tal medida, em nada 
contribui para a diminuição da criminalidade. Se o direito de punir for de 
encontro aos princípios que protegem os detentos, caracteriza abuso e não 
justiça. 
 
 
 CRISE NO SISTEMA PENITENCIÁRIO 10 
O Artigo 41, da LEP, enuncia os direitos do preso. Os direitos humanos do 
preso estão previstos em vários documentos internacionais e nas Constituições 
modernas. 
 
A proteção dos direitos humanos não é matéria exclusiva da legislação nacional, 
desde que o homem passou a ser sujeito do Direito Internacional Público. A 
legislação positiva da ONU, em seus principais documentos internacionais, 
como as Regras Mínimas, a Declaração Universal dos Direitos do Homem, o 
Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos, os “Draft Principes” sobre 
prisão arbitrária, prevê a nível internacional a tutela da situação jurídica do 
preso. 
 
Além dos direitos uti cives, o estatuto jurídico do preso enfatiza os chamados 
direitos penitenciários, que são as prestações previstas em forma de 
assistência, como dispõe o Artigo 11, da LEP. 
 
Incluem-se na primeira categoria dos direitos dos presos não só os direitos civis 
e sociais como os direitos inerentes à pessoa humana, radicados na lei natural. 
Os direitos da pessoa humana são: o direito à vida e à integridade física e 
moral, à dignidade humana, à intimidade, à liberdade religiosa. 
 
Na segunda categoria dos direitos do preso, estão os direitos especificamente 
penitenciários.São os direitos que derivam da sentença condenatória e 
integram a relação jurídico-executiva. São direitos do condenado, internado e 
preso provisório, que correspondem às obrigações do Estado previstas nos 
Artigos 12, 14, 17 e 24, da LEP. 
 
Os direitos do preso à assistência material, à saúde, à assistência educativa, 
jurídica e religiosa estão implícitos no direito da pessoa humana à perfeição ou 
realização de sua vocação pessoal, centrado na lei natural. 
 
 
 CRISE NO SISTEMA PENITENCIÁRIO 11 
Direitos e deveres do preso 
O preso não só tem deveres a cumprir, mas é sujeito de direitos, que devem 
ser reconhecidos e amparados pelo Estado. A relação jurídica do preso com o 
Estado é uma relação jurídica penitenciária, com direitos e deveres recíprocos 
para o condenado e a administração penitenciária. O recluso não está fora do 
direito, pois encontra-se numa relação jurídica em face do Estado, e exceto os 
direitos perdidos e limitados à sua condenação, sua condição jurídica é igual à 
das pessoas não condenadas. 
 
São direitos e deveres que derivam da sentença do condenado com relação à 
administração penitenciária: 
 
Ao direito à vida, corresponde a obrigação da administração quanto à 
assistência material, à assistência à saúde, à assistência jurídica e religiosa 
(Artigo 41, LEP); 
 
Quanto aos direitos civis, mantém o preso o direito de propriedade, o direito de 
família, dentro das limitações da prisão; 
 
O preso tem direito de orientar a educação dos filhos, se a sentença não se 
referiu expressamente a esse direito; 
 
A presa tem o direito de manter consigo o filho até a idade pré-escolar; 
 
Relativamente aos direitos sociais: direito à educação e ao trabalho 
remunerado, juntamente com os benefícios da seguridade social, descanso, 
pecúlio e recreação; 
 
Direito à seguridade social, como direito adquirido, que não se suspende com o 
rompimento da relação de emprego no meio livre; 
 
 
 CRISE NO SISTEMA PENITENCIÁRIO 12 
Direito ao tratamento reeducativo (é direito fundamental, do qual derivam os 
demais direitos); 
 
Direito à cela individual; 
 
Direito a alojamento com condições sanitárias; 
 
Direito ao processo disciplinar, quando lhe for suposta infração disciplinar, não 
tipificada ou sem justificativa; 
 
Direito à qualidade de vida; 
 
Direito à progressão e afetação do regime apropriado, e ao estabelecimento 
que lhe for indicado pelo Centro de Observação; 
 
Direito do egresso à assistência pós-penal, que decorre da obrigação do Estado 
de assistir moral e materialmente o recluso na sua volta ao meio livre; 
 
Direito de propor ação judicial para defesa de seus direitos por intermédio de 
Defensoria Pública ou advogado constituído. 
 
Garantias na proteção dos direitos do preso 
Para haver desenvolvimento na personalidade do delinquente, deverá haver 
condição escolar e profissional e assistência religiosa, que são direitos 
vinculados ao regime penitenciário e ao tratamento reeducativo. 
 
A Lei de Execução Penal prevê mecanismos jurídicos que asseguram a 
tutela dos direitos do preso. Não só enumera os principais direitos do preso 
(Artigo 41), como estabelece o controle administrativo (Artigo 64, VIII; 70, II; 
71, I e II; 77, II e III; 81, I, e o controle judiciário (Artigo 65, VII; 67, e 68, 
Parágrafo único). 
 
 CRISE NO SISTEMA PENITENCIÁRIO 13 
O Anteprojeto da Constituição previa a instituição do Defensor do Povo: 
Artigo 56. Com a aprovação do Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos, 
o preso poderá recorrer à instância internacional. O Artigo 151, da Lei 
portuguesa, prevê o recurso para o Tribunal dos Direitos do Homem. O inciso 
XIV, do Artigo 4º, prevê o direito de representação e petição, a qualquer 
autoridade, para defesa do direito do preso. O Artigo 16 prevê instituição 
obrigatória da assistência jurídica nos estabelecimentos penitenciários. 
 
Todavia, a maior garantia na proteção dos direitos do preso provém da 
jurisdicionalização da execução penal. O processo disciplinar (Artigo 59) e o 
processo judicial (Artigo 194) aproximam-se do processo de conhecimento, 
previstos o contraditório e ampla defesa e a recorribilidade da decisão. 
 
O saudoso Norberto Bobbio afirmava que: “Os direitos do homem, a 
democracia e a paz são três momentos necessários do mesmo movimento 
histórico: sem direitos do homem reconhecidos e protegidos, não há 
democracia; sem democracia, não existem as condições mínimas para a solução 
pacífica dos conflitos. Em outras palavras, a democracia é a sociedade dos 
cidadãos, e os súditos se tornam cidadãos quando lhes são reconhecidos alguns 
direitos fundamentais.” (NORBERTO, Bobbio. A Era dos Direitos). 
 
Para concluir, é importante entender que o propósito da pena privativa de 
liberdade é recuperar o infrator e não torná-lo pior, porém, constata-se 
que ela é uma evolução em relação ao sistema antigo de execução penal que 
punia com o açoite, a mutilação e a própria morte. Vale salientar que terá o 
preso o mesmo direito junto às autoridades administrativas e 
judiciárias, responsáveis pelo controle da execução penal, quando for vítima 
do uso inadequado de algemas, falta de assistência médica em isolamento, 
revista sem respeito à dignidade humana. 
 
 
 CRISE NO SISTEMA PENITENCIÁRIO 14 
Também quanto ao processo disciplinar, quando lhe for imputada suposta 
infração disciplinar, não tipificada, justificará a reclamação ao juiz da execução 
penal. 
 
O efetivo controle judiciário e administrativo da execução penal ocorrerá 
para prevenir ou eliminar os abusos e arbitrariedades nas prisões e, 
consequentemente, surgimento de motins e rebeliões. 
 
Aprenda Mais 
 
Material complementar 
 
Para saber mais sobre os assuntos tratados nesta aula, leia o livro 
Livro Teoria dos Direitos fundamentais – autor Alexy Robert. 
 
Referências 
ALBERGARIA, João. Manual de Direito Penitenciário. Rio de Janeiro: 
Aide, 1993. 
BEMFICA, Francisco Vani. Da Lei Penal e sua aplicação, da execução da 
pena. Rio de Janeiro: Forense, 1996. 
CHIMENTI, Ricardo Cunha. Curso de Direito Constitucional. São Paulo: 
Saraiva, 2005. 
FONSECA, Ney Moreira. O poder judiciário municipal e a aplicação social 
da pena. Rio de Janeiro: Forense, 1998. 
LOPES, Maurício Antônio Ribeiro. Código Penal. São Paulo: Revista dos 
Tribunais, 2001. 
MIRABETE, Júlio Fabbrini. Manual de Direito Penal, 17. ed. São Paulo: Atlas, 
2001. v. 1. 
RIZZOTTO, Nunes. O princípio constitucional da dignidade humana. Rio 
de Janeiro: Saraiva, 2006. 
 
 CRISE NO SISTEMA PENITENCIÁRIO 15 
TOURINHO FILHO, Fernando da Costa. Manual de processo penal. São 
Paulo: Saraiva, 2003. 
 
Exercícios de fixação 
Questão 1 
Assinale, entre as alternativas abaixo, qual reflete o resultado de sua análise: 
I – De acordo com o Artigo 5º, LXXV, da CRFB, o Estado indenizará o 
condenado por erro judiciário, assim como o que ficar preso além do tempo 
fixado na sentença. 
II – Viver em comunidade é conviver com determinadas pessoas em grupo, que 
dispõem de poder sobre os demais, poder que é, ou deve ser reconhecido 
como válido, permitindo a vida em comum. A este poder dá-se o nome de 
Poder Político. 
III – Conforme prevê o Artigo 283, CPP, a prisão legal somente poderá ocorrer 
a qualquer dia, porém, até as 18 horas. 
IV – Somente em alguns casos previstos em lei, algumas prisões devem ser 
comunicadas ao juiz. 
V – A prisão temporária pode ser considerada uma prisão sem pena, pois não 
decorre de condenações. 
a) V-F-F-V-F 
b) V-V-F-F-V 
c) F-V-V-F-F 
d) V-V-V-F-F 
e) F-V-V-V-VCRISE NO SISTEMA PENITENCIÁRIO 16 
Questão 2 
Analise as questões abaixo: 
I – Desvio de execução é quando a autoridade administrativa do presídio 
ultrapassar, em quantidade, a punição disciplinar. 
II – Os presos, como outras coletividades, possuem associação instituída para a 
defesa de seus interesses. 
III – Um dos principais pressupostos da segurança jurídica é que ninguém pode 
ser condenado por ter praticado um ato não qualificado legalmente como 
delito. 
IV – Na segunda categoria dos direitos do preso, não estão só os direitos civis e 
sociais, mas também os direitos inerentes à pessoa humana. 
V – Os direitos dos presos são garantidos através de princípios constitucionais 
que garantem a integridade física e moral. 
a) V-V-V-V-F 
b) V-F-F-F-V 
c) F-F-F-V-F 
d) F-F-V-F-V 
e) F-V-V-V-F 
 
Questão 3 
Nenhuma pena passará da pessoa do condenado, podendo a obrigação de 
reparar o dano e a decretação do perdimento de bens ser, nos termos da lei, 
estendidas aos sucessores e contra eles executadas, até o limite do valor do 
patrimônio transferido. Deste modo, a lei regulará a individualização da pena e 
adotará, entre outras, as seguintes penas: 
a) De caráter perpétuo. 
 
 CRISE NO SISTEMA PENITENCIÁRIO 17 
b) De banimento. 
c) De trabalhos forçados. 
d) Cruéis. 
e) Privação ou restrição da liberdade. 
 
Questão 4 
(FCC – 2011 – TRE-RN – Analista Judiciário – Área Judiciária) - Considere a 
situação de quem: 
I. É perseguido, logo após, pelo ofendido, em situação que faça presumir ser 
autor da infração penal. 
II. É encontrado, logo depois, com objetos ou papéis que façam presumir ser 
ele autor da infração penal. 
III. É surpreendido num bloqueio policial, de posse de objetos e instrumentos 
que façam presumir ser ele autor de infração penal praticada há dois dias. 
Podem(m) ser preso(os) em flagrante quem se encontrar na(s) situação(ções) 
indicada(s) apenas em: 
a) I e II 
b) I e III 
c) II e III 
d) I 
e) III 
 
 
 
 
 
 CRISE NO SISTEMA PENITENCIÁRIO 18 
Questão 5 
A assistência ao preso e ao internado consistirá no fornecimento de 
alimentação, vestuário e instalações higiênicas. Tais assistências são 
denominadas? 
a) material 
b) à saúde 
c) educacional 
d) social 
e) religiosa 
 
Questão 6 
Após analisar cada uma das questões abaixo, verifique se elas são verdadeiras 
ou falsas: 
I – Os direitos especificamente penitenciários são os direitos que derivam da 
sentença condenatória. 
II – Condição escolar e profissional e assistência religiosa são direitos 
desvinculados do regime penitenciário. 
III – Somente a Constituição da República trata dos direitos do preso. 
IV – A proteção dos direitos humanos não é matéria exclusiva da legislação 
nacional. Sobre a prisão arbitrária, tem-se no nível internacional a tutela da 
situação jurídica do preso, conforme se verifica em legislação positiva da ONU. 
V – Conforme Artigo 5º, XLVII, CRFB, é permitido no Brasil a pena de morte em 
caso de guerra declarada. 
a) F-V-V-F-V 
b) V-F-F-V-V 
c) F-F-V-V-V 
 
 CRISE NO SISTEMA PENITENCIÁRIO 19 
d) V-V-F-F-F 
e) F-V-V-F-V 
 
Questão 7 
Analise as afirmativas a seguir e verifique quais são verdadeiras (V) e quais são 
falsas (F): 
I – A prisão simples é prevista para as contravenções, ou seja, é cumprida sem 
rigor penitenciário. 
II – Para o regime semiaberto, a execução será em casa de albergado. 
III – Quando a pena de reclusão for maior do que 4 anos, o regime será 
fechado. 
IV – Ao apenado com detenções, poderá cumprir sua pena no regime fechado. 
V – O regime fechado é aquele em que a execução da pena se faz em 
estabelecimento de segurança máxima 
a) V-F-F-V-V 
b) F-V-F-V-V 
c) F-F-F-V-F 
d) V-V-F-V-V 
e) V-F-F-F-V 
 
Questão 8 
Analise as afirmações a seguir e assinale a alternativa correta. 
I – Não haverá falta nem sanção disciplinar sem expressa e anterior previsão 
legal ou regulamentar. 
 
 CRISE NO SISTEMA PENITENCIÁRIO 20 
II – As sanções não poderão colocar em perigo a integridade física e moral do 
condenado. 
III – É vedado o emprego de cela escura. 
IV – São permitidas as sanções coletivas. 
a) Apenas a afirmação I está incorreta 
b) Apenas a afirmação II está incorreta 
c) Apenas a afirmação III está incorreta 
d) Apenas a afirmação IV está incorreta 
e) Todas afirmações estão corretas 
 
Questão 9 
(TJ/PE 2013 – FCC – JUIZ SUBSTITUTO) A respeito da execução penal, 
instituída pela Lei 7.210/1984, assinale a opção correta: 
a) O trabalho do condenado, como dever social e condição de dignidade 
humana, deve ser finalidade educativa e produtiva, não sendo 
remuneradas as tarefas executadas como prestação de serviço à 
comunidade. 
b) Na hipótese de saída temporária, a ausência de vigilância direta não 
impede a utilização de equipamento de monitoração eletrônica pelo 
condenado, se o julgar necessário o direitor do estabelecimento 
prisional. 
c) A autorização para a inclusão do preso em regime disciplinar 
diferenciado, como sanção disciplinar, depende de requerimento 
circunstanciado elaborado pelo juízo das execuções penais. 
d) O tempo de isolamento ou inclusão preventiva no regime disciplinar 
diferenciado não deve ser computado no período de cumprimento da 
sanção disciplinar. 
 
 CRISE NO SISTEMA PENITENCIÁRIO 21 
e) Os condenados que cumprem pena em regime fechado podem obter 
permissão para sair do estabelecimento, mediante escolta, benefício não 
assegurado aos presos provisórios. 
 
Questão 10 
(DPE/RS 2011 – FCC – DEFENSOR PÚBLICO DE CLASSE INICIAL) Nos termos 
do Artigo 146-B da Lei de Execução Penal, o juiz poderá definir a fiscalização 
por meio da monitoração eletrônica quando: 
I – aplicar pena restritiva de liberdade a ser cumprida nos regimes aberto ou 
semiaberto, ou conceder progressão para tais regimes; 
II – autorizar a saída temporária no regime semiaberto; 
III – aplicar pena restritiva de direitos que estabeleçam limitação de horários ou 
de frequência a determinados lugares; 
IV – determinar a prisão domiciliar; 
V – conceder o livramento condicional ou a suspensão condicional da pena. 
Considerando exclusivamente as disposições da Lei de Execução Penal, estão 
corretas APENAS as hipóteses. 
a) I, II e III 
b) III, IV e V 
c) III e IV 
d) II e IV 
e) I e V 
 
 
 
 CRISE NO SISTEMA PENITENCIÁRIO 22 
Questão 1 - B 
Justificativa: A afirmativa III está errada porque, conforme o Artigo 283, § 2º, 
CPP, a prisão legal ocorrerá em qualquer dia e a qualquer hora. A afirmativa 
também está errada porque, segundo o Artigo 5º, CRFB/88, as prisões serão 
comunicadas ao juiz imediatamente. 
 
Questão 2 - D 
Justificativa: A afirmativa I está incorreta porque trata-se de excesso e não de 
desvio. Já a afirmativa II está errada, pois os presos são as únicas coletividades 
que não têm associação para a defesa de seus interesses. A afirmativa IV, por 
fim, está incorreta porque, na segunda categoria, estão os direitos que derivam 
da sentença. Na primeira categoria, estão os direitos da pessoa humana. 
 
Questão 3 - E 
Justificativa: A afirmativa está de acordo com o Artigo 5ª, XLVII da Constituição 
da República de 1988. 
 
Questão 4 - A 
Justificativa: O que deixa o item IV incorreto é o lapso temporal. Embora o 
Artigo 301, III, não estabeleça um prazo expresso em minutos, horas, dias, 
etc., o mesmo utiliza a expressão “logo após”. Sendo assim, não seria razoável 
considerar os dois dias da questão como sendo flagrante. 
 
Questão 5 - A 
Justificativa: Determina o artigo 12, da LEP que "a assistênciamaterial ao 
preso e ao internado consistirá no fornecimento de alimentação, vestuário e 
instalações higiênicas". 
 
Questão 6 - B 
 
 CRISE NO SISTEMA PENITENCIÁRIO 23 
Justificativa: A afirmativa II está incorreta, pois são direitos vinculados ao 
regime penitenciário e ao tratamento reeducativo. A afirmativa III também está 
errada, pois além da CRFB/88, a LEP, Artigo 41, cuida dos direitos do preso. 
 
Questão 7 - E 
Justificativa: A afirmativa II está incorreta, pois no caso descrito a execução 
será em colônia agrícola, industrial ou estabelecimento similar, conforme o 
Artigo 35, § 1º, CP. A afirmativa III está errada, pois o regime será semiaberto, 
conforme o Artigo 33, § 2º, “a” e “b”, CP. Por fim, a afirmativa IV também está 
incorreta, porque a pena poderá ser cumprida em regime semiaberto ou aberto. 
 
Questão 8 - D 
Justificativa: Dispõe o Artigo 45, da lei em estudo, que “não haverá falta nem 
sanção disciplinar sem expressa e anterior previsão legal ou regulamentar”. 
 
Questão 9 - D 
Justificativa: A afirmativa está de acordo com a Lei 7.210/1984. 
 
Questão 10 - D 
Justificativa: A afirmativa está de acordo com o Artigo 146 – B da Lei 
7.210/1984.

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