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CADERNO DE CIVIL 2 (OBRIGAÇÔES) – Profº Daniela Barcellos
Aula 2
Obrigação em sentido amplo (em 4 áreas principais da sociedade): 
moral; 
religiosa; 
juridica; 
social; 
Obrigação em sentido específico (2 sentidos: obrigação como relação e como dever jurídico): 
Obrigação como dever jurídico: é a obrigação principal dessa obrigação como um todo. Consiste sempre em uma conduta de uma pessoa em favor de outra, que pode ser um dar, fazer ou não fazer. Pode ser uma conduta positiva, ou negativa.
Obs.: 2 outras situações jurídicas negativas: ônus jurídico e estado de sujeição.
Em uma situação jurídica bilateral, sempre que alguém tem um direito potestativo, o outro fica em estado de sujeição, ele não tem o que fazer para melhorar ou piorar a sua situação jurídica. Quem tem o direito (potestativo) tem o poder de escolher fazer ou não fazer determinada coisa. Ex.: pedido de divórcio e pedido de demissão em uma relação trabalhista. No divórcio, se só um cônjuge quiser se divorciar o outro cônjuge vai fica no estado de sujeição de aceitar aquela vontade. 
Diferença entre o estado de sujeição e o dever jurídico: o estado de sujeição é uma situação inerte, já o dever jurídico implica uma escolha para o devedor. O dever jurídico e o ônus  jurídico são como dois lados de uma mesma moeda O ônus jurídico não é  nem como dever jurídico nem como estado de sujeição. 
O ônus juridico é uma situação passiva em que a pessoa tem uma certa liberdade, ela pode escolher realizar ou não aquela conduta para ficar numa situação jurídica mais favorável, mas que se ela não realizar não estará fazendo um ilícito. 
Exemplo: pensão alimentícia para filhos é devida até a maioridade (18 anos), os pais tem o ônus de quando o filho fizer 18 anos entrar com uma ação para cancelar a pensão, a qual poderá ser protelada até os 24 anos, desde que esse filho prove que ele não tem outra renda e que ele ainda é estudante. Então há 2 situações de ônus jurídicos, o pai tem o ônus de entrar com a ação de cancelamento da pensão (quando o filho completar 18 anos) e o filho, para continuar recebendo a pensão, entre os 18 e 24 anos, tem o ônus de mostrar que ele ainda é estudante e não tem outra renda. Se não fizerem isso, vão continuar na situação em que já estavam, não vão ficar em situação pior. Se quiser ficar melhor tem o ônus de agir. O ônus é uma situação em si. 
Relação jurídica: Se estabelece entre dois sujeitos (credor e devedor), em torno de um objeto que é sempre uma ação do devedor em relação ao credor (dar, fazer ou não fazer) e que está protegido por lei através de garantias legais ou contratuais. 
DIREITOS REAIS e DIREITOS OBRIGACIONAIS
Direitos patrimoniais Direito das obrigações + Direitos reais. 
Direitos não patrimoniais Direitos da personalidade. 
Obs.: é possível transformar direitos da personalidade em situações patrimoniais. Ex.: direito da imagem, transformação da imagem, que é essencialmente um direito não patrimonial, em lucro.
Semelhanças: 
Possuem natureza patrimonial; 
Definição de direito das obrigações (Carlos Roberto Gonçalves): “é o complexo de normas que regem as relações jurídicas de ordem patrimonial, tendo por objeto, prestações de um sujeito em favor de outro, tendo em vista os interesse do credor”. 
Diferenças: 
Feitas a partir de inúmeros critérios. 
Conforme Miguel Serpa Lopes, a diferenciação entre os direitos reais e obrigacionais giram em torno da distinção entre direitos absolutos e relativos. Direito absoluto = erga omenes (oponível contra todos, os quais deverão respeitar esse direito). Ex.: direito à vida (direito não patrimonial). Direito relativo = inter partes (vincula somente as partes contratantes). Ex.: contrato de compra e venda.
Os direitos reais são absolutos e os direitos obrigacionais são relativos. Direitos reais estão vinculados a uma relação de uma pessoa com uma coisa, em que todos os demais não podem impedir essa relação. Direitos obrigacionais são sempre relações entre pessoas, cujo objeto (imediato) é uma prestação, que corresponde a uma conduta humana do devedor em favor do credor.
Quanto ao objeto:
Direitos obrigacionais o objeto pode ser determinado ou determinável.
Direitos reais o objeto é sempre determinado.
Obs.: Objeto determinado = tem existência, é descrito de forma precisa, de forma que possa ser distinguido de todos os demais do mesmo gênero e da mesma espécie .Objeto determinável = podem ter ou não existência, no momento da contratação não se sabe ainda o que ele é, descobrindo apenas no momento da execução.
Quanto ao exercício:
Direitos obrigacionais Precisa do outro. O credor só vai satisfazer seu interesse através da conduta do devedor.
Direitos reais Não precisa do outro.
Quanto aos elementos constitutivos (classificação mais antiga): 
Direitos obrigacionais 3 elementos. Sujeito ativo, passivo e objeto.
Direitos reais 2 elementos. Sujeito ativo e objeto. Obs.: há o sujeito passivo universal, já que é erga omnes.
Quanto 
Direitos obrigacionais numerus apertus
Direitos reais numerus clausus (o número é fechado, são derivados da legislação, são só aqueles que estão no código civil, não podem ser inventados novos)
Quanto à natureza jurídica:
Direitos obrigacionais natureza jurídica é pessoal (do devedor em relação ao credor).
Direitos reais natureza jurídica é a relação de domínio (poder do titular sobre a coisa).
Quanto à duração ou extinção:
Direitos obrigacionais temporário/ transitório (surge para a satisfação de uma necessidade temporária)
Direitos reais permanente (situação de propriedade).
Quanto à ação para a proteção da coisa:
Direitos obrigacionais ação contra um integrante da relação jurídica (inter partes/ direito relativo). 
Direitos reais contra qualquer um que detiver a coisa (erga omenes/ direito absoluto).
Situações mistas: também chamadas de pontos de contato ou obrigações mistas. Tem por escopo adquirir a propriedade ou outro direito real, ou direitos reais acessórios de obrigações, ou direitos obrigacionais vinculados a direito real.
Ex.: contrato de locação (direito obrigacional), porém o locador quer uma garantia, como fiança (garantia pessoal), caução (garantia econômica), hipoteca (garantia real). A locação com uma hipoteca como garantia é uma situação mista de direito obrigacional e real (direito real acessório de uma obrigação).
Obrigações propter rem: 
Também chamada obrigação angulatória.
Obrigação por causa da coisa, recai sobre uma pessoa em função de um determinado direito real. O titular deve ser o dono ou o detentor (está na posse. Ex.: locatário) da coisa.
O proprietário nas obrigações propter rem será sempre o sujeito passivo, ainda que haja alteração do mesmo ou que se desconheça sua identidade.
Ex.: obrigação do condômino de concorrer com as despesas do uso das coisas comuns (manutenção da área comum, elevadores, jardim, luzes, portaria...). É um direito/dever do proprietário de pagar o condomínio (relação obrigacional), mas que só existe em razão da titularidade do imóvel. Dever do condômino de não alterar a fachada (obrigação de não fazer), art.1234,cc (obrigação do dono da coisa perdida de recompensar o descobridor), dono de imóveis confinantes (?obrigação de concorrerem para despesas na construção e conservação da divisória e demarcação de prédios), obrigação de dar caução de dano iminente quando o prédio estiver ameaçado, obrigação de indenizar benfeitorias necessárias ...todos os exemplos...
Obrigações com eficácia real:
A eficácia real é oponível contra todos. Para que uma obrigação tenha eficácia real, tem que estar registrado no registro de imóveis. São obrigações resultantes de contrato, mas que por força de lei adquirem dimensão de direito real. Para uma obrigação (numerus clausus) ter eficácia real (numerus apertus) a lei tem que ter essa previsão.
Ex.: locação com eficácia real, art.1576, CC (principalmente imóveis comerciais). A princípio a locação não tem eficácia real, mas se as partes estipularem que ele será registradono registro de imóveis, ela terá eficácia real. O futuro proprietário (que comprou o imóvel) terá que suportar aquela locação até o fim, com as condições estipuladas no contrato de locação.
Ex.: promessa de compra e venda com eficácia real. Como no caso de imóvel arrolado em inventário, as partes fazem uma promessa de compra e venda e registram no registro de imóveis, para “segurar” o imóvel.
Obrigações com ônus real:
Ônus reais é uma categoria especial de ônus jurídico (situação jurídica passiva), são obrigações que limitam o uso e o gozo da propriedade constituindo gravames ou direitos oponíveis erga omenes. A princípio o titular da coisa detém todos os direitos sobre ela, mas ele pode ceder parte desses direitos.
Ex.: constituição de renda (contrato pelo qual uma pessoa se obriga a fazer certa prestação periódica a outra por um prazo determinado).
Bibliografia:
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro. Obrigações. Vol. 2. São Paulo: Saraiva, 2015
SERPA LOPES, Miguel Maria de. Curso de Direito Civil.: obrigações em geral. 2ª ed. Rio de Janeiro: Freitas Bastos, 1957. p. 21-29; 57-67
Aula 3
RELAÇÃO JURÍDICA OBRIGACIONAL:
Conceito específico de obrigação = relação jurídica.
Conceito de obrigação (Carlos Roberto Gonçalves): “é o vínculo jurídico que confere ao credor (sujeito ativo) o direito de exigir do devedor (sujeito passivo) o cumprimento de determinada prestação”. “ Corresponde a uma relação de natureza pessoal, de crédito e débito, de caráter transitório (extingue-se pelo cumprimento), cujo objeto consiste numa prestação economicamente aferível”.
Elementos:
Sujeito: pelo menos 2, credor e devedor.
Credor/ accipiens: sujeito ativo, é o titular de um direito subjetivo a uma prestação, também chamado direito de crédito.
Devedor/ solvens: sujeito passivo, é o titular do dever de prestar.
A posição dos sujeitos (quem é credor e o devedor) deve ser aferida a partir da prestação/obrigação principal.
Podem ser pessoas físicas ou jurídicas; singulares ou plurais; determinados ou determináveis; simples (um único sujeito em um pólo da obrigação), solidários (mais de um sujeito em um mesmo pólo da obrigação, solidariedade ativa ou passiva) ou conjuntos (espécie de coletividade solidaria, cada um responderia proporcionalmente ao seu quinhão) ou ainda inexistentes (nascituro).
Capacidade: capacidade civil (+18 anos) e legitimidade para o ato (titular do direito, ou representante, por força de um contrato/procuração, por força de lei ou de sentença judicial).
Conceitos básicos:
Pessoa: é o titular do direito. Toda pessoa é capaz de ser titular de direitos na ordem civil. Toda pessoa ter personalidade jurídica.
Sujeito de direitos: é estar na posição de titular de direito, é o portador de situações jurídicas dentro de uma relação jurídica. Sujeito ativo= credor (possui direitos). Sujeito passivo= devedor (possui deveres). 
Espécies de sujeitos de direito= pessoas físicas, pessoas jurídicas e entes despersonalizados. 
Entes despersonalizados: são dotados de existência, mas por não serem pessoa, não possuem personalidade. O direito, por exceção, reconhece a possibilidade de entes despersonalizados virem a ser titulares de situações jurídicas e sujeitos de direito. 
2 condições alternativas para ser sujeito de direito: ou a pessoa tem personalidade civil ou não tem personalidade (ente despersonalizado), mas pode ser sujeito de direito sempre que o direito explicitamente permitir. Ex.: massa falida, condomínio, espólio, sociedade irregular (art.75, inciso 9, ncpc) nascituro e holdings. Os entes despersonalizados, por não serem pessoas, não tem personalidade jurídica, logo não podem estar na posição de sujeitos de direito, exceto quando a ordem jurídica permitir de forma explícita.
Personalidade/ capacidade de direito: é a possibilidade de ser titular de situações jurídicas na ordem civil.
Capacidade de fato, exercício ou ação:
Incapacidade absoluta (art.3, CC)
Incapacidade relativa (art.4, CC)
Capacidade absoluta (art.5, CC)
Suprimento da incapacidade:
Representação (pais, responsáveis, curador) absolutamente incapaz.
Assistência relativamente incapaz (sua vontade é levada em conta na medida do possível).
Objeto: objeto imediato é a prestação, que consiste na conduta humana (ação ou omissão) que deve ser realizada pelo devedor em favor do credor. Objeto mediato é a coisa, o objeto da prestação, o bem da vida. Pode ser determinado ou determinável, fungível ou infungível, lícito. O objeto é a coisa sobre a qual recai a relação jurídica. Somente o objeto pode ser valorado econômica ou moralmente.
Requisitos de validade da prestação (art.104, inciso 2, CC):
Lícito: respeito aos limites jurídicos e morais.
Possível: possibilidade física (segundo as leis naturais) e possibilidade jurídica (permitido pelo ordenamento jurídico). A impossibilidade relativa não constitui obstáculo ao negócio jurídico (art. 106, CC).
Determinado ou determináveis: objeto determinado é aquele que já se sabe desde o nascimento da obrigação exatamente qual é. Já o objeto determinável é relativamente indeterminado ou suscetível de determinação no momento da execução. O objeto determinável é determinado ao menos quanto ao seu gênero (e espécie) e quantidade (art.243, CC). A obrigação alternativa tem objeto determinável (art.252, CC).
Economicamente apreciável: O interesse do credor pode ser não patrimonial, mas a prestação deve ser suscetível de apreciação em dinheiro (art.1.174, CC italiano). Conforme o STJ (RSTJ 71/183), o direito de ação por dano moral é de natureza patrimonial e, como tal, transmite-se aos sucessores da vítima (o dano moral apenas não tem natureza patrimonial, mas o dinheiro decorrente da ação de dano moral é).
Fato jurídico: é o que liga credor e devedor, é o que vincula juridicamente os sujeitos ao objeto. Pode ser um contrato, negócios jurídicos unilaterais ou ato ilícito. O vínculo caracteriza-se pelo débito (schuld) e pela responsabilidade (haftung) civil. A responsabilidade civil é um dever jurídico secundário que surge do descumprimento de um dever jurídico primário (débito). A responsabilidade fica em latência caso haja ou não o cumprimento do débito.
Débito/ Schuld: imaterial, dever jurídico originário, neminem laedere, dever contratual.
Responsabilidade/ haftung: material, dever jurídico sucessivo, indenização, restabelecer o status quo ante.
Garantia: são todas as formas de proteção dos sujeitos. Pode ser legal ou contratual.
Garantias contratuais: uma vez escritas no contrato, devem ser respeitadas.
Garantias legais: reparação do dano através do patrimônio do devedor.
Bibliografia:
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil brasileiro. Teoria Geral das Obrigações. 12ª ed. São Paulo: saraiva, 2016. p. 37-56.
LUDWIG, Marcos. Situações jurídicas e relações jurídicas. In: PÜSCHEL, Flávia. P. (Org.). Organização das relações privadas. Uma introdução ao Direito Privado com métodos de ensino participativos. 1ª. ed. São Paulo: Quartier Latin, 2007. v. 1. p. 269-284.
NADER, Paulo. Introdução ao Estudo do Direito. 33ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 2011. p. 279-287
Aula 4 e 5
CLASSIFICAÇÃO DAS OBRIGAÇÕES
A classificação das obrigações está no Código Civil.
Quanto aos elementos essenciais:
Quanto à natureza do objeto:
Obrigação de dar: quando o objeto mediato for uma coisa. A obrigação de dar consiste na entrega de uma coisa, certa ou incerta, com a finalidade de transferir o domínio ou, ainda, proporcionar seu uso, fruição ou a posse direta (contratos temporários). Portanto, a obrigação de dar pode ser em caráter definitivo (obrigação de dar. Ex.: contrato de compra e venda e doação) ou temporário (obrigação de dar e restituir. Ex.: contrato de locação, comodato, penhor, depósito).
Tradição: a obrigação de dar se aperfeiçoa através da tradição. A tradição tem como finalidade dar ou entregar a coisa ao credor, a fim de outorgar-lhe novo direito ou de restituir a mesma ao dono. A doutrina diferencia a obrigação de dar e a de entregar. A de dar seriaa transferência de domínio e outros direitos reais e a de entregar seria simples concessão de uso temporário.
Dar coisa certa: é aquela individualizada, distinta das demais por características próprias, podendo ser móvel ou imóvel. 
Características: 
- Adimplemento = para que haja o cumprimento da obrigação de dar coisa certa, o devedor fica limitado a entregar a própria coisa designada (art.313, CC); 
- A coisa certa deve ser descrita quanto ao seu gênero, espécie, qualidade e quantidade; 
- Se a coisa não tiver sido corretamente transferida para o credor (tradição), ela ainda pertence ao devedor (art.237, parágrafo único + art. 242, parágrafo único, CC).
- A obrigação de dar coisa certa abrange os acessórios, salvo se o contrário resultar do título e das circunstâncias do caso (art. 233, CC). Parte integrante essencial = não pode ser objeto de relação jurídica em separado. Ex.: edifício em relação ao terreno em que foi construído. Parte integrante não essencial = podem ser objeto de relação jurídica em separado. Ex.: fábrica e seu maquinário. Pertença (art.93 e 94, CC) = os negócios jurídicos relativos ao bem principal não abrangem as pertenças, salvo se o contrário resultar da lei, da manifestação de vontade ou das circunstâncias do caso.
Dar coisa incerta: o objeto não é considerado em sua individualidade, sendo determinados ao menos quanto ao gênero (e espécie) a que pertence e a quantidade.
Fazer: obrigações que não são de dar. Se referem à obrigação de prestar um serviço. Ex.: fazer uma pintura, uma casa, uma escrituração contábil de uma pessoa.
Não fazer: são obrigações que se referem a uma abstenção. Ex.: não revelar um segredo, não abrir outro estabelecimento comercial com o mesmo ramo de atividade no mesmo bairro.
Quanto à prestação:
Positivas: dar (coisa certa ou incerta) e fazer.
Negativas: não fazer.
Quanto à liquidez do objeto:
Líquidas: líquido é o valor certo, expresso em dinheiro. A obrigação líquida é certa, quanto à sua existência e determinada, quanto ao seu objeto. Essa modalidade é expressa por um algarismo, quando se trata de dívida em dinheiro. Se o objeto for a entrega ou restituição de outra coisa certa, esta será determinada peça quantidade, gênero e espécie.
Ilíquidas: ilíquido é o valor incerto, que deve ser transformado em dinheiro para se transformar em líquido (determinado). A obrigação ilíquida é aquela cujo objeto depende de prévia apuração, pois o valor ou montante apresenta-se incerto. Deve ser liquidada previamente para que possa ser cumprida pelo devedor. Essa conversão se obtém em juízo pelo processo de liquidação, quando a sentença não fixar o valor da condenação ou não lhe individualizar o objeto.
Quanto ao modo de execução:
Simples: é aquela que possui uma única prestação, que recai sobre uma coisa ou um ato.
Cumulativa: é aquela em que há duas ou mais prestações de dar, fazer ou não fazer. O devedor só se exonera quando tiver cumprido todas as prestações (“e”).
Alternativa: é aquela em que há duas ou mais prestações, mas que o devedor se exonera escolhendo e cumprindo apenas uma delas (“ou”).
Facultativa: é aquela em que há somente uma prestação estipulada, porém a lei ou o contrato permite ao devedor substituí-la para facilita-lhe o pagamento. A prestação in facultate solucionis não é o objeto da obrigação, logo o credor não pode reclamá-la. Tem uma obrigação principal e uma secundária, em caráter subsidiário.
Quanto à divisibilidade do objeto:
Divisível: é aquela em que o devedor poderá cumprir a obrigação por partes. A divisibilidade da prestação será relevante quando o devedor estipula com o credor pagar em parcelas ou quando há pluralidade de credores e/ou devedores. Ex.: prestação em dinheiro.
Indivisível: é aquela em que o devedor não poderá executar a obrigação por partes.
Quanto à pluralidade dos sujeitos:
Solidárias: são aquelas em que há mais de um credor e/ou mais de um devedor, sendo que cada um tem direito ou obrigação pela dívida toda. Solidariedade não se presume, resulta da lei ou do acordo entre as partes.
Solidariedade ativa: pluralidade de credores. Todos os devedores tem o direito de exigir a dívida como um todo.
Solidariedade passiva: pluralidade de devedores. Todos os devedores tem a dever de prestar a dívida como um todo.
Quanto aos elementos não essenciais:
Obrigações quanto ao conteúdo:
Obrigação de resultado (satisfação): é aquela que somente considera-se cumprida com a obtenção de um determinado resultado.
Obrigação de meio (empenho): é aquela em que o devedor é obrigado a empenhar-se para conseguir um certo resultado, não sendo obrigado a necessariamente produzir o resultado para haver o adimplemento. Relacionada a obrigações de fazer. Ex.: advogado, médico.
Obrigação de garantia (reparação): geralmente é acessória à obrigação principal. É aquela pela qual o credor transfere ao devedor, a um terceiro e seus bens a reparação de um eventual risco sobre sua pessoa. Ex.: contrato de plano de saúde e de seguro.
Obrigações reciprocamente consideradas:
Obrigação principal (prestação ou prestação + contraprestação): é a que tem autonomia, sem submissão a outra relação jurídica (vide, por analogia, o art.92, 1º parte, CC). Em algumas relações à prestação corresponde uma contraprestação, que é aquilo que o credor dá em troca da prestação. Ex.: compra e venda. A prestação é dar a coisa que está sendo comprada e a contraprestação é pagar o preço.
Obrigação acessória: é a que supõe uma obrigação principal à qual adere e sem a qual não pode existir (vide o art.92, in fine, CC). Ex.: no contrato de poupança, o juros de poupança é uma obrigação acessória.
Obrigação anexa/ latera: oriundas do princípio da boa-fé objetiva. Não precisam estar escritas nem na lei nem no contrato. É comparada a conduta do sujeito da obrigação às condutas de outras pessoas que estejam na mesma posição que ela, padrão objetivo de conduta (e não em relação ao homem médio). Art.422, CC. Dever de lealdade, dever de informação, dever de segurança, dever de sigilo e dever de cuidado.
Quanto ao momento da execução:
Obrigação instantânea: é aquela em que seu nascimento e sua execução ocorrem simultaneamente.
Obrigação de execução continuada: é a que se prolonga no tempo, exigindo prestações consecutivas. Ex.: assinatura de jornal. Obs.: se a prestação for instantânea, mas a contraprestação for continuada, a obrigação se classifica como continuada.
Obrigação de execução diferida: é aquela cuja execução ocorre num momento futuro em relação a seu nascimento. Obs.: a obrigação pode ser ao mesmo tempo continuada e diferida.
Obrigações naturais:
Obs.: costumam cair em provas de concurso e OAB, pois fogem à regra das obrigações.
Possuem todos os elementos da relação obrigacional, menos um: a ação. A relação jurídica obrigacional tem 4 elementos, os sujeitos, objeto, vínculo e garantia. A obrigação natural também tem todos os elementos, mas não tem o direito a ação, ela é juridicamente inexigível, ou seja, uma vez descumprida, não dá ao credor o direito de pretensão, de reclamar em juízo o seu cumprimento.
No entanto, por ser uma obrigação jurídica, o seu adimplemento consiste em pagamento e não ato de mera liberalidade, como ocorre nas obrigações morais.
Características:
Não se trata de mera obrigação moral.
Não acarreta a exigibilidade da prestação.
Produz a irretratabilidade do pagamento feito em seu cumprimento, desde que a dívida tenha sido feita por pessoa capaz (art.817, CC).
Seus efeitos dependem de previsão normativa (se não estiver na lei não é obrigação natural).
Efeitos que não produz:
Compensação (sendo duas pessoas reciprocamente credoras e devedoras entre si, em obrigações diferentes, de objetos semelhantes e infungíveis, as dívidas podem ser compensadas).
Não é passível de fiança.
Não cabe vícios redibitórios.
Exemplos: contrato de jogo e aposta (são as únicas que estão no código civil):
Jogo: contrato aleatório por meio do qual duas ou mais pessoas prometem a uma dentre elas, a quem for favorável certoazar, um ganho determinado.
Aposta: contrato aleatório por meio em que duas ou mais pessoas, de opiniões diferentes sobre qualquer assunto, concordam em perder certa soma, ou certo objeto, em favor daquela, dentre as contraentes, cuja opinião se verificar verdadeira.
Marco legal: art. 814, CC. As dívidas de jogo ou de aposta não obrigam a pagamento; mas não se pode recobrar a quantia, que voluntariamente se pagou, salvo se foi ganha por dolo, ou se o perdente é menor ou interdito.
Jogos e apostas regulados (Pontes de Miranda, vol.45, p.249): os jogos e apostas regulados, como a lei que disciplina a loteria, são jogos a que se retira qualquer limitação legal. Não são mais obrigações naturais. Ex.: a atividade turfística é autorizada por lei federal, pelo qual é juridicamente exigível dívida oriunda de aposta realizada no Jockey Club.
Marco legal: art.882, CC. Não se pode repetir o que se pagou para solver dívida prescrita, ou cumprir obrigação judicialmente inexigível. A dívida prescrita é existente e válida, mas não é eficaz (não é exigível juridicamente). Repetir é receber de volta. Obrigação judicialmente inexigível = obrigações naturais.
Contrato de empréstimo para jogo ou aposta. Art.815, CC. Não se pode exigir reembolso do que se emprestou para jogo ou aposta, no ato de apostar ou jogar.
Exemplos: a gorjeta nos restaurante era obrigação natural. Comissão amigável para pessoas que não sejam corretores e atuem como intermediários ocasionais em negócios imobiliários.
Bibliografia: 
DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil Brasileiro. Teoria Geral das Obrigações. São Paulo: Saraiva, 2008. p. 51-199
Aula 6
Obrigações de solver dívidas em dinheiro
São a maioria das obrigações.
Espécies:
Obrigações pecuniárias: é a obrigação de entregar dinheiro para solver a dívida.
Obrigações de valor: quando o dinheiro não consiste na obrigação principal, apenas representa seu valor. Ex.: 100 sacas de soja, que são equivalentes a X reais.
Obrigações remuneratórias: consistem nas obrigações acessórias de pagar juros remuneratórios. Obs.: os juros podem ser de 2 tipos, os juros moratórios e os juros remuneratórios. Juros moratórios são os decorrentes da mora (espécie de inadimplemento. Pagar fora do tempo, lugar ou modo determinados). Juros remuneratórios são fruto do dinheiro, é o rendimento.
Art.315, CC. As dívidas em dinheiro deverão ser pagas no vencimento, em moeda corrente e pelo valor nominal, salvo o disposto nos artigos subsequentes.
Princípio do nominalismo: O valor da moeda é o valor nominal que lhe atribui o Estado, no ato da emissão ou cunhagem. Assim, o devedor de uma quantia em dinheiro libera-se entregando a quantidade de moeda mencionada no contrato ou título da dívida, e em curso no lugar do pagamento, ainda que desvalorizada pela inflação.
Como combater a desvalorização? Através da adoção da cláusula de escala móvel, pela qual o valor da prestação deve variar segundo os índices de custo de vida, que podiam ser aplicados sem limite temporal.
Correção monetária: A permissão de inserção de cláusula de escala móvel fez surgir no Brasil uma série de índices de correção monetária, que podiam ser aplicados sem limite temporal. A MP 1106/1995, depois lei 10192/01, desindexou a economia. Art.2, parágrafo 1, lei 10192/2001: é admitida estipulação de correção monetária ou de reajuste por índices de preços gerais, setoriais ou que reflitam a variação dos custos de produção ou dos insumos utilizados nos contratos de prazo de duração igual ou superior a um ano. É nula de pleno direito qualquer estipulação de reajuste ou correção monetária de periodicidade inferior a um ano.
Escala móvel: a correção monetária decorre de prévia estipulação contratual, ou da lei. Art. 316, CC: é lícito convencionar o aumento progressivo de prestações sucessivas.
Art. 1, decreto-lei 869/69: são nulos de pleno direito os contratos, título e quaisquer documentos, bem como as obrigações que exequíveis no Brasil, estipulem pagamento em ouro, em moeda estrangeira, ou, por alguma forma, restrinjam ou recusem, nos seus efeitos, o curso legal do cruzeiro. (as hipóteses de nulidade estão principalmente na parte geral do CC, mas podem estar em leis esparsas)
Exceções do art.2, DL 869/69 (não precisam ser estipulados em reais): I- aos contratos e títulos referentes a importação ou exportação de mercadorias; II- aos contratos de financiamento ou de prestação de garantias relativos às operações de exportação de bens e serviços vendidos a crédito para o exterior; III- aos contratos de compra e venda de câmbio em geral; IV- aos empréstimos e quaisquer outras obrigações cujo credor ou devedor seja pessoa residente e domiciliada no exterior, excetuados os contratos de locação de imóveis situados no território nacional; V- aos contratos que tenham por objeto a cessão, transferência, delegação, assunção ou modificação das obrigações referidas no item anterior, ainda que ambas as partes contratantes sejam pessoas residentes ou domiciliadas no país.
Moeda de curso forçado: Assim, a moeda em vigor no Brasil, atualmente o Real, tornou-se a moeda de curso forçado, o que significa que é a única admitida como meio de pagamento.
Bibliografia: GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro. Obrigações. Vol. 2. São Paulo: Saraiva, 2015. p.75-77.
Aula 7
TEORIA DA OBRIGAÇÃO- A obrigação como sistema, processo e totalidade
Costuma-se classificar as obrigações em simples e complexas.
Obrigação simples: possui uma única obrigação, um vínculo jurídico constituído por um débito e um crédito correspondente (prestação ou prestação + contraprestação). Conforme Mota Pinto (p.264, 1985): a obrigação simples é mera abstração. Mero vínculo singular descarnado que deixa passar a realizada da mesma forma que as malhas duma rede deixam passar as águas do rio.
Obrigação complexa: composta por um feixe de direitos e deveres. Considera-se o conjunto de direitos e deveres que unem as partes intervenientes, em razão dos quais elas são adstritas a cooperarem para a realização dos interesses de que sejam credoras, mas com respeito aos direitos do devedor, tendo em conta a função social.
Hoje, há uma concepção maior da obrigação (como processo e totalidade), que abrange os momentos pré-contratual, contratual e pós-contratual, havendo não só a obrigação principal, mas também obrigações acessórias (são optativas) e anexas (sempre existirão). Portanto, toda obrigação possui 3 conjuntos de obrigações: 
Deveres principais: também chamados de deveres primários, deveres típicos ou essenciais. Dizem respeito às prestações nucleares que satisfazem diretamente o interesse do credor. Ex.: na compra e venda, os deveres principais são de transferir o domínio e de pagar o preço em dinheiro.
Deveres acessórios: também chamados secundários. São deveres específicos, pré-determináveis, ligados à obrigação principal. Ex.: art. 319, CC (dar quitação), art.389, CC (indenização por inadimplemento), art.395 e 404, CC (pagar juros de mora), art.408, CC (pagar cláusula penal), art.215 e 490, CC (pagar as despesas da escritura), art.490, CC (pagar as despesas relativas à tradição).
Deveres anexos: também chamados de deveres fiduciários, laterais ou deveres de mera conduta. Originados do princípio da boa-fé objetiva, são meros deveres genéricos e apontam a conduta legítima, no âmbito de uma obrigação, considerando os padrões de correção, lisura e lealdade. Comparação de uma pessoa com outra na mesma posição que ela.
Obs.: boa-fé subjetiva é o querer agir com boa- fé, diz respeito a intenção do agente. Boa- fé objetiva é um padrão de conduta.
Funções da Boa-fé objetiva no CC:
Art.113: interpretativa.
Art.186: limitativa do exercício de direitos.
Art.422: hermenêutico-criadora (de onde nascem os deveres anexos).
Exemplo de dever anexo: art.23, IV, lei 8245/91. Dever do locatário de levar imediatamente ao conhecimento do locador surgimento de qualquer dano ou defeito cuja reparação a este incumba.
Exemplo de dever anexo: art.6, III, lei 8078/90 (CDC). Informaçãoadequada e clara sobre os diferentes produtos e serviços, com especificação correta de quantidade, características, composição, qualidade, tributos incidentes e preço, bem como sobre os riscos que apresentem.
Violação de dever anexo: implica sempre no dever de reparar o dano causado. Podem invalidar o negócio celebrado ou mesmo acarretar sua resolução. 
Obs.: Nulo ou anulável
3 planos: existência, validade e eficácia.
Só os atos humanos são examinados no plano da validade (atos jurídicos e atos-fatos). Quando o ato jurídico é analisado no plano da validade, ele pode ser válido ou inválido. Quando ele é inválido, ele pode ser nulo ou anulável. A sanção de nulidade ou anulabilidade depende da lei. É a lei que irá informar se o defeito do ato é passível de concerto (anulável) ou se é grave, não sendo passível de concerto (nulo). O ato nulo não produz efeitos nunca (efeitos ex tunc). O ato anulável produz efeitos até a data da anulação (efeitos ex nunc). 
Espécies de deveres anexos:
Cuidado, proteção ou segurança.
Informação, esclarecimento.
Lealdade.
Colaboração.
Exemplo: “A” vendeu para “B” seu estabelecimento comercial, mediante pagamento em duplicatas, estipulando a entrega da mercadoria na residência do comprador. Obrigação simples “A”, sendo devedor (vendedor), deve dar para “B”, credor (comprador), o estabelecimento comercial. Obrigação complexa “A” dá o estabelecimento comercial, transporta a mercadoria e a entrega na casa de “B”, recebe os pagamentos mensais das duplicatas. “B” recebe o estabelecimento comercial, recebe a mercadoria em casa, paga as duplicatas mensalmente. 
Obrigação como totalidade (Karl Larenz): A relação obrigacional é mais do que a soma de direitos, deveres, poderes e outras faculdades jurídicas. A obrigação como um todo não vai somente do acordo de vontade até a execução, ela começa antes, indo do momento pré- contratual ao pós- contratual, existindo direitos e deveres das partes em todos eles.
Obrigação como processo (Clóvis do Couto e Silva): A obrigação é dinâmica “as várias fases que surgem no desenvolvimento da relação obrigacional se ligam entre si com independência”.
Pré- contratual Contratual Pós- contratual
Obrigação como sistema (Fernando Noronha): todo sistema social possui estrutura (é composto por certos elementos) e função (finalidades visadas pelos processos que nele se desenrolam).
Bibliografia:
NORONHA, Fernando. Direito das Obrigações. São Paulo: Saraiva, p.71-88
COUTO E SILVA, Clóvis. A obrigação como processo. São Paulo: FGV, 2006.
MOTA PINTO, Carlos Alberto da. Cessão de contrato. Rio de Janeiro: Forense, 1985.
Aula 8 
FONTES DAS OBRIGAÇÕES
Fontes do direito brasileiro contemporâneo (de onde vem o direito): legislação, costume, jurisprudência, negócio jurídico. A principal fonte do direito é a lei.
Obs.: negócio jurídico é um ato jurídico com autonomia para estipular os efeitos. O contrato é a principal espécie de negócio jurídico. O contrato é um negócio jurídico bilateral, para nascer tem que ter, pelo menos, dois sujeitos. Os negócios jurídicos que não são contratuais (e que não são bilaterais) são os atos jurídicos unilaterais com autonomia para estipular os efeitos (eles não tem um nome específico. A professora chama de “atos jurídicos unilaterais”). Ex.: reconhecimento voluntário de paternidade é um ato jurídico stricto sensu. Já a promessa de recompensa é ato jurídico unilateral, pois a pessoa define os efeitos conforme sua autonomia da sua vontade.
Os atos jurídicos stricto sensu são heterônomos, ou seja, os efeitos decorrem da lei, não havendo autonomia da vontade.
Os atos jurídicos unilaterais são autônomos, ou seja, os efeitos decorrem da autonomia da vontade. 
Fonte formal: é a origem formal do direito. É uma estrutura normativa capacitada a instaurar normas jurídicas em função de fatos e valores, graças ao poder que lhe é inerente (REALE: 1994, p.15) - teoria tridimensional do direito.
Fontes das obrigações: são os meios pelos quais se formam ou nascem as relações jurídicas obrigacionais.
Fonte imediata: diz-se, genericamente, que todo fato jurídico nasce da lei. A lei é, então, a fonte imediata de toda obrigação.
Fontes mediatas das obrigações: 
Ato ilícito: é toda conduta humana ofensiva a direitos alheios, proibida pela ordem jurídica e imputável a uma pessoa. Art. 186 e 187, CC. Consequências = art. 927, CC. 
Ato- fato existencial: Ato- fato = tem ser humano, mas se comporta como se não tivesse, pois sua vontade é juridicamente irrelevante, ou seja, se comporta como fato, pois tem efeitos jurídico iguais aos fatos jurídicos stricto sensu (sem ser humano). Existem (plano da existência), não se analisam no plano da validade e geram efeitos (plano da eficácia). É uma espécie intermediária entre o ato jurídico e o fato jurídico stricto sensu. Não precisa que o ser humano seja capaz. O ato- fato existencial surgiu para explicar situações quotidianas. Ex.: como uma criança que é incapaz pode realizar atos de compra e venda? O ato existe, mas como a criança não tem vontade juridicamente relevante o ato seria inválido, sendo que essa invalidade não poderia ser concertada, logo o ato seria nulo. Contudo, o direito não poderia sancionar com nulidade algo que é quotidiano, então foi criada a teoria dos ato- fatos existenciais, pela qual as situações não serão analisadas tão somente de forma estática. Quando a criança compra uma água, estaticamente o que ela faz é um contrato de compra e venda, sendo esse contrato nulo pela ausência de capacidade. Pela categoria do ato –fato existencial, se desqualificou essa categoria como compra e venda. Para saber se é ato- fato existencial deve-se fazer as seguintes perguntas:
É ato absolutamente necessário à vida humana? Sim ato-fato existencial. Não contrato.
É socialmente típico (usual)? Sim ato- fato existencial.
Na prática, o que seria um contrato de compra e venda (bilateral + credor com direito a receber a coisa e devedor direito de receber o preço + partes capazes) se transforma em uma nova categoria jurídica, para retirar o requisito da capacidade civil. Não importa se o que era contrato e se tornou ato- fato existencial foi feito por uma criança, por um incapaz ou por um adulto com capacidade civil, será ato- fato existencial para todos, apesar de ser particularmente importante para os incapazes, já que sua incapacidade não será analisada.
Obs.: a validade só se analisa quando a vontade é juridicamente relevante.
Fato jurídico stricto sensu: existência eficácia (uma vez existindo, já gera efeitos, não sendo analisado no plano da validade).
Ato- fato: existência eficácia (se comporta que nem os fatos jurídicos stricto sensu).
Ato jurídico lato sensu: existência validade eficácia (tem vontade humana juridicamente relevante, portanto são analisados no plano da validade, podendo ser válidos ou inválidos e estes últimos podem ser nulos ou anuláveis).
Ato- fato existencial: existência eficácia
Ato jurídico unilateral: são declarações de vontade cuja produção de efeitos é preestabelecida no ordenamento jurídico (efeitos heterônomos). Tem ser humano, tem vontade, a vontade vem de um único sujeito, os efeitos decorrem da lei. Pontes de Miranda chama de atos jurídicos stricto sensu.
Obs.: Negócios jurídicos:
Negócios contratuais: autonomia da vontade.
(atos jurídicos unilaterais): heteronomia
Promessa de recompensa: É ato realizado mediante anúncio público, vinculando o emitente a gratificar a quem satisfizer determinada condição.
Requisitos:
Manifestação de vontade (unilateral).
Anúncio público.
Cumprimento de determinada condição ou realização de certo serviço.
Efeitos:
Vincula o promitente.
A promessa torna-se exigível.
Efeitos autônomos.
Gestão de negócios: é a administração que não foi previamente autorizada nos negócios de outrem.
Requisitos:
Negotium alienum: negócio alheio (sem procuração).
Utiliter coeptum: agir com utilidade.
Animus negotia aliena geranti: vontade/intenção de gerir negócio alheio.
Deveres do gestor:Gerir com diligência.
Prestar contas.
Comunicar a gestão.
Ressarcir danos.
Deveres do dono: 
Cumprir as obrigações contraídas pelo gestor.
Indenizar as despesas.
Efeitos:
Gestor se responsabiliza por seus atos.
Dono ratifica a gestão.
Pagamento indevido: pagamento feito por erro a quem não devia ou o que não devia, nascendo a obrigação de restituir.
Características:
Objetivo: pagamento.
Subjetivo: erro. Este pode ser: quanto à pessoa, quanto à existência da dívida, quanto ao valor.
Efeitos:
Repetição: direito de exigir o que se pagou indevidamente por erro através de Ação Regressiva.
Dever de pagar a quem realmente devia.
Enriquecimento sem causa: Ocorre quando alguém, sem justa causa, aufere lucro com base no patrimônio de outrem (art.884, CC).
Características:
Enriquecimento.
Empobrecimento.
Nexo entre enriquecimento e empobrecimento.
Ausência de causa jurídica.
Efeitos:
Subsidiariamente, ingressa-se com o pedido de devolução, através da actio in rem verso
Contrato: acordo de vontades com autonomia para estipular seus efeitos.
Aula 9
ADIMPLEMENTO
As obrigações decorrem dos atos-fatos existenciais, dos atos unilaterais, do contrato e do ato ilícito. Não importa a sua fonte, as obrigações sempre realizam seu ciclo: surgem nas circunstâncias que lhes são apropriadas e se extinguem com o seu cumprimento.
A obrigação nasce para ser cumprida, por isso, gera o direito do credor de exigir o cumprimento da prestação. O adimplemento é o fim natural das obrigações.
Os romanos chamavam o pagamento de solutio (solução) que decorre de solvere e que tem sentido contrário da palavra obligatio (obrigação). Obligatio une credor e devedor perante o objeto e solutio desata o vínculo entre ambos.
Adimplemento é o cumprimento pelas partes das prestações a que estavam vinculadas, consistindo em um dar, fazer ou não fazer. O adimplemento extingue a relação jurídica entre o devedor e o credor. O legislador do Código Civil emprega o termo pagamento como sinônimo de adimplemento, execução, cumprimento da obrigação. Seu sentido técnico-jurídico significa toda e qualquer forma de cumprimento da obrigação assumida e não apenas como cumprimento de obrigação pecuniária (soma em dinheiro), como é mais conhecido na linguagem comum.
Extinção da obrigação é o momento em que a obrigação chega a seu termo, tal como prevista pelo legislador ou pelas partes, observando-se o tempo, lugar e forma de pagamento, além de todos os deveres anexos derivados da boa-fé objetiva e havendo comprovação de sua quitação.
Modalidades:
Espontâneo: o devedor cumpre a obrigação no seu termo (vencimento).
Voluntário: quando interpelado, notificado ou após sentença transitada em julgado em processo de conhecimento, cumpre com o devido.
Coercitivo: quando fica obrigado a satisfazê-la em processo ou fase de execução judicial (não tem mais como evitar).
Critérios para o cumprimento da obrigação:
Pontualidade: significa pagar no tempo acordado, nem antes, nem depois e ainda, observando-se o lugar e o modo devidos.
Boa-fé objetiva: os contratantes são obrigados não apenas ao que está expresso no contrato, mas também todas as consequências que segundo os usos da lei, derivam dele (Art.422, CC).
Formas de término da obrigação:
Pagamento direto: tempo, lugar e forma, provocando a satisfação de acordo com a conduta devida.
Pagamento indireto: consignação, sub- rogação, dação em pagamento, imputação em pagamento.
Extinção sem pagamento: novação, compensação, confusão, remissão.
Bibliografia:
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil brasileiro. Teoria Geral das obrigações. São Paulo Saraiva, 2016. p. 253-289.Cap. Do pagamento.
Aula 10- dia 02 de maio de 2017
PAGAMENTO DIRETO
Pagamento: é o ato- fato jurídico (tem ser humano, mas sua vontade não é juridicamente relevante, basta que a pessoa realize o pagamento para este gerar efeitos, não sendo analisado no plano da validade) que extingue a obrigação efetivando a prestação devida ao credor no tempo, lugar e forma previstos no ato constitutivo, sem deixar de cuidar de sua prova (quitação com recibo). Pagamento é toda forma de cumprimento da obrigação (art.304, CC), sendo assim, não se restringe ao dinheiro, podendo estar previsto nas obrigações de dar, fazer e não fazer.
Pressupostos: 
vínculo obrigacional
satisfação exata da prestação (art.313, CC): o credor não é obrigado a receber prestação diversa da que lhe é devida, ainda que mais valiosa.
Requisitos do pagamento:
Quem paga (art. 304, CC): qualquer interessado na extinção da dívida pode pagá-la, usando, se o credor se opuser, dos meios conducentes à exoneração do devedor. Quem são os interessados (art. 304 a 307, CC):
Devedor: o pagamento não é apenas uma obrigação, é um direito do devedor. Quando se trata de obrigação intuitu personae o cumprimento pelo devedor não é apenas a regra, mas a única possibilidade. 
Representante: 
legal: ex. situação em que o pai paga em nome do filho menor.
Judicial: reconhecido como tal em processo judicial.
Convencional: possui procuração para este fim.
Terceiro interessado: é o que possui interesse jurídico na extinção da dívida. São terceiros interessados o fiador (solidariedade subsidiária), os coobrigados (pluralidade de credores ou devedores, pode ser com solidariedade ou sem solidariedade, neste último caso o coobrigado paga apenas a sua parte, mas por ser terceiro interessado pode paga a parte do outro) e adquirente de imóvel hipotecado (hipoteca= garantia real).
Terceiro não interessado: é aquele que não possui vínculo jurídico direto ou indireto com a prestação. O terceiro não interessado que paga em nome do devedor é tido como espécie de representante ou gestor e o pagamento consiste numa espécie de doação e não está sujeita a reembolso. O terceiro não interessado que paga em nome próprio libera a dívida perante o credor, mas subsiste em relação ao pagante. Por isso, tem direito a reembolso.
Oposição do devedor:
Com justo motivo: ex. dívida prescrita. Implica em não reembolso, a não ser da quantia que se aproveite.
Sem justo motivo: não é admitida e implica no dever de reembolso.
Oposição do credor: estando o terceiro disposto a pagar, o credor não pode se opor, salvo
Se há proibição expressa em contrato.
Se lhe trouxer prejuízo.
Se o contrato for intuitu personae.
Quem recebe (Art.308, CC): O pagamento deve ser feito ao credor ou a quem de direito o represente, sob pena de só valer depois de por ele ratificado, ou tanto quanto reverter em seu proveito. 
A quem se deve pagar (art.308 a 312, CC):
Credor: são considerados credores para fins de recebimento tanto credor originário (que constituiu a obrigação) como que o substituir na titularidade, como, por exemplo, o herdeiro ou o cessionário ou o sub- rogatário.
Representante: tal como ocorre em relação ao devedor, o representante pode ser legal, judicial ou convencional. O representante apto a receber o pagamento deve ser constituído através de mandato com poderes suficientes para receber e dar quitação.
A quem se pode pagar (pagamento a terceiros):
Pessoa indicada pelo credor: Em geral, o terceiro indicado para receber, representa o credor, mas nem sempre age em seu nome. A indicação pode configurar estipulação em favor de terceiro, como no seguro de vida.
Credor putativo: é o pagamento feito ao credor aparente, ou seja, “a quem se apresenta com bases unívocas” capazes de ensejar a convicção no devedor de que é o verdadeiro credor.
Objeto do pagamento: o objeto do pagamento deve ser exatamente de acordo com o combinado na obrigação. Art.313, CC- o credor não é obrigado a receber prestação diversa da que lhe é devida, ainda que mais valiosa.
Prova do pagamento: é a quitação. Consiste num documento em que o credor ou ser representante reconhece ter recebido o pagamento de ser crédito. Art. 319, CC- a prova do pagamento é um direito do devedor que pode exigi-la de forma regular. Somente com o pagamento provado, através da quitação, o devedor exonera-se de sua obrigação.
Elementos da quitação:Escrita;
Valor e espécie da dívida quitada;
Nome do devedor ou de quem pagou;
Tempo e lugar do pagamento;
Assinatura do credor ou seu representante.
O credor não pode se recusar a dar a quitação. Ela é um direito do devedor. A inobservância da quitação, a tornam irregular e autorizam o devedor a exigir, por via judicial, a regularização (o devedor pode se recusar a pagar diretamente se não houver a quitação, podendo pagar por outras formas, como consignação em pagamento).
Modalidades de quitação:
Recibo: meio normal, devendo obedecer as exigências legais de fundo e de forma.
Devolução do título: havendo a devolução do título de crédito, presume-se seu pagamento. Título de crédito = cheque e nota promissória.
Espécies de quitação:
Total: é a que libera o devedor em definitivo. Obs.: “dar quitação plena e total” para o devedor ter certeza se de que nada mais será cobrado, libertando o devedor.
Parcial: é dada nas situações em que o é pagamento feito em parcelas. Nesse caso, a quitação plena se dá apenas com a quitação da última.
Revogável: a quitação é ato revogável. Nem sempre se dá depois do efetivo pagamento. Sendo assim, de regra, admite-se o cancelamento da quitação. Ex.: cheque sem fundo.
Irrevogável: a fim de impedir a cobrança da dívida novamente, o devedor pode exigir a “quitação plena, geral e irrevogável”.
Presunções de pagamento:
Entrega do título da dívida ao devedor, presume-se a quitação da mesma.
Em prestações periódicas, a quitação da última pressupõe a quitação das anteriores.
Os juros consideram-se pagos se a quitação do capital não apresentar reserva de que serão cobrados à parte. O acessório (juros) segue o principal (prestação). Assim, o pagamento do principal pressupõe o pagamento do acessório.
Ônus da prova do pagamento:
Cabe ao devedor. Exceto nas obrigações de não fazer, em que cabe ao credor provar sua violação.
O recibo é a prova da quitação.
Cuidados especiais:
Art. 314, CC
Art. 315, CC
Art. 318, CC
Forma do pagamento
Lugar do pagamento: é o comumente indicado no contrato, vigorando o princípio da liberdade de eleição. Art. 327, CC- o local do pagamento é o domicílio atual do devedor, salvo quando convencionado em contrário. Dívidas quesíveis= é a regra, o credor deve ir buscar no domicílio do devedor. Dívidas portáveis = quando é o devedor que deve ir ao domicílio do credor para pagar.
Tempo do pagamento (art.331 a 333, CC): a determinação do momento em que a obrigação deve ser cumprida é de fundamental importância, pois só ai que ele se torna exigível. Nem antes, nem depois, mas na data do pagamento/ no vencimento. Só no vencimento a obrigação se torna exigível.
Vencimento negocial: o vencimento é estipulado pelas partes. Pode ser feito de forma expressa ou tácita (quando não tem a data do vencimento no contrário. Há uma omissão. Há obrigações que pela circunstância se pode presumir a data do vencimento. Ex.: buffet de natal).
Vencimento natural: a natureza da prestação determina o momento de seu cumprimento. Ex.: parto normal (contratação do médico e da equipe de filmagem...), compra de um jazigo perpétuo.
Vencimento legal: a lei especificamente determina o momento do vencimento. Ex.: contratos de locação residencial tem um prazo legal de 30 meses.
Se não se estipulou uma data para o pagamento = vencimento imediato.
Art.331, CC- salvo disposição legal em contrário, não tendo sido ajustada época para o pagamento, pode o credor exigi-lo imediatamente.
Art.333, CC- (Vencimento antecipado)
Falência ou concurso de credores;
Bens hipotecados ou empenhados penhorados em execução por outro credor;
Se cessarem ou se tornarem insuficientes as garantias do débito e o devedor intimado, se negar a reforça-la.
PAGAMENTO INDIRETO/ ESPECIAL
O pagamento indireto é considerado como pagamento, gera o efeito de pagamento (equiparação ao pagamento), sendo feito sempre que não for possível realizar o pagamento direto. Tem por objetivo libertar o devedor da relação obrigacional.
Consignação em pagamento (art. 334 ao 345, CC)
Pagamento com sub-rogação (art. 346 ao 351, CC)
Imputação do pagamento (art. 352 ao 355, CC)
Dação em pagamento (art. 356 ao 359, CC)
CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO (art. 334 ao 345, CC):
A consignação em pagamento é uma forma de pagamento indireto, pois o devedor não pode pagar diretamente ao credor, já que há algum problema em um dos elementos básicos do pagamento direto (a quem pagar, tempo, lugar, forma, objeto do pagamento e quitação). Sempre que o devedor quiser realizar o pagamento, mas não puder, principalmente por motivo do credor, poderá realizar a consignação em pagamento. Assim, a consignação em pagamento é o depósito, pelo devedor, da coisa devida, com o objetivo de liberar-se da obrigação. 
A consignação em pagamento só pode ser feita quando não for possível realizar o pagamento direto. E deve ser realizada nos casos e formas previstos em lei.
Situações em que é possível realizar a consignação em pagamento (art. 335, CC):
Inciso I: Quando o devedor quiser pagar e o credor não puder receber, se recusar a receber ou se recusar a dar a quitação, sem justa causa.
Inciso II: O credor não vai receber a coisa no tempo, lugar e modo combinados.
Inciso III: O credor é incapaz, desconhecido, declarado ausente, residir em local incerto ou de acesso perigoso/ difícil.
Inciso IV: Dúvida sobre quem deve legitimamente receber o pagamento. Ex.: credor originário morreu e o devedor não sabe quem são os herdeiros. Casal que era credor e se divorciou.
Inciso V: Litígio sobre o objeto do pagamento. Ex.: conta de luz exorbitante. Ex.: conta atrasada em que incide multa de mora de 20%, sendo que por lei essa multa só pode ser de 2%, assim, havendo litígio sobre o objeto do pagamento, o devedor pode consignar em pagamento, enquanto durar o litigio judicial.
Tipos de consignação em pagamento (art. 334, CC):
Consignação judicial: qualquer tipo de objeto, seja em dinheiro ou não. Se objeto não for dinheiro tem que ser feita a consignação em pagamento judicial. Nesse caso, o objeto poderá ficar em um depósito judicial, com um terceiro ou com o próprio devedor, na condição de depositário fiel. Assim, se o objeto se perder sem culpa do depositário, o risco se transmite para o credor, a partir da data da consignação. As custas de manutenção também serão do credor (ex.: custo de garagem se o objeto for um carro). A vantagem da consignação é que ela libera o devedor dos riscos.
Consignação extrajudicial (banco): só o dinheiro pode ser depositado extrajudicialmente em bancos oficiais. É menos onerosa e não tem que contratar advogado. A consignação em pagamento extrajudicial pode ser transformada em ação de consignação em pagamento judicial.
Ex.: aluguel que vence dia 30 (sábado) de abril, sendo que segunda é feriado. O devedor vai até a imobiliária na terça-feira para realizar o pagamento e esta afirma que o locatário esta em mora quanto ao pagamento do aluguel, cobrando juros, correção monetária, honorários advocatícios etc. O locatário, não está em mora e tenta realizar o pagamento, contudo, o credor, se recusa a receber o valor e cobra a mais. Então, o devedor para efetivamente não entrar em mora, realiza a consignação em pagamento extrajudicial do valor devido no banco. Abre-se uma espécie de caderneta de poupança, no nome da imobiliária que será a titular da conta consignada, o valor é depositado e o devedor faz uma carta com AR (aviso de recebimento), informando do depósito extrajudicial e interpelando o credor a ir levantar o valor. Existirá um prazo para a imobiliária se manifestar e levantar o valor (15 dias), se a imobiliária levantar o valor, considera-se quitada a dívida, sem ter que pagar os juros, honorários e correção monetária. Em outra hipótese, a imobiliária levanta o valor, mas manifesta-se por escrito que ela recebe o valor mas não dá quitação, alegando que faltam os juros, correção monetária e honorários de advogado. Ou ela não se manifesta, não levanta o valor. Na segunda e terceira situações, o devedor temque transformar a consignação extrajudicial em ação de consignação judicial. Faz uma ação judicial informando a existência do depósito em consignação, afirmando que o credor não levantou o valor ou não deu a quitação. O juiz irá julgar a ação procedente ou improcedente. Se ação for julgada improcedente para o devedor, ele terá que pagar o valor devido, mais juros, honorários advocatícios e correção monetária corrigidos desde o dia 30 (inadimplemento). 
Obs.: mora é uma falha no pagamento, tempo, lugar, modo.
Requisitos para a consignação em pagamento (art. 336, CC): pessoas (quem paga, quem recebe), objeto, tempo, modo.
Quanto ao objeto do pagamento, se houver ação judicial de consignação em pagamento e revisional do conteúdo do contrato, pois acredita-se que há cláusulas abusivas, nulas, é feita a consignação apenas do valor que se acredita ser devido (valor incontroverso do contrato), não consignando os valores que estão sendo discutidos. Se o juiz julgar improcedente a ação de consignação e revisional, o devedor fica devendo tudo o que o contrato estipulava, com juros de mora desde a data em que ela parou de pagar. 
Só podem ser objeto da consignação em pagamento obrigações de dar, sendo o dinheiro o objeto mais comum. O objeto pode bem móvel ou imóvel, fungível ou infungível, desde que determinado quanto ao gênero e quantidade. Obrigações de fazer não podem ser objeto de consignação em pagamento.
Se o objeto for um bem imóvel ou móvel o devedor deve fazer a citação do credor- interpelação dando um prazo para ele ir receber o bem- sob pena de fazer o depósito (em juízo, a terceiro ou ficar fiel depositária), realizando, assim, a consignação em pagamento (art. 341, CC). Ex.: correios.
Se o bem for imóvel é feita uma consignação simbólica, com a entrega das chaves ao depositário.
Se o objeto for incerto, o credor será citado para realizar a escolha, sob pena de perder esse direito, sendo escolhida pelo devedor e depositada (art. 342, CC). 
Quanto ao(s) credor(es), que é um dos requisitos para o pagamento e para a consignação, se não se souber que é o credor ou se houver dúvidas sobre quem sejam os credores, é feita a ação judicial de consignação em pagamento nomeando-se todos aqueles que o devedor achar que podem ser credores da obrigação. Eles irão resolver judicialmente.
Feita a consignação em pagamento, o devedor só não terá a quitação dada pelo credor (prova do pagamento). Contudo, a consignação judicial, se julgada procedente, equivale ao recibo. E se for consignação extrajudicial por depósito em banco, quando o credor levantar esse valor também equivale ao recibo de quitação.
Efeitos da consignação em pagamento: efeito extintivo da obrigação e exonerativo (os riscos deixam de ser do devedor e passam a ser do credor). Além disso, as despesas passam a ser do credor, se a consignação judicial for julgada procedente, mas passam a ser do devedor se for julgada improcedente.
PAGAMENTO COM SUB-ROGAÇÃO (art. 346 ao 351, CC):
Sub-rogação é uma espécie de substituição de uma coisa por outra ou de uma pessoa por outra. 
Sub-rogação real: substituição do objeto da obrigação por outro, com a transferência do vínculo obrigacional que existia em torno do objeto originário para o novo objeto, mantendo os mesmos direitos e os mesmos deveres. Mantém o mesmo contrato, a mesma relação obrigacional, muda apenas o objeto, transferindo o vínculo de um objeto para o outro. Ex.: quando há uma condenação que vai para cumprimento de sentença, se o devedor continua não pagando, o credor nomeia bens a penhora, então o devedor tem o direito de substituir os bens que foram nomeados a penhora desde que satisfaçam o crédito, nomeando outros bens, ocorrendo com isso a sub-rogação real.
Sub-rogação pessoal: substituição do credor ou do devedor.
Sub-rogação pessoal legal (art. 346, CC – hipótese geral + artigos esparsos, como art. 831, CC): sub-rogação estipulada em lei. É uma proteção para alguém que paga uma dívida que na origem não era sua, mas que ele poderia sofrer efeitos desse não pagamento. A pessoa que pagou passa a ocupar a posição originária do credor no contrato, nos mesmos termos da obrigação originária. 
Inciso 1: devedores comuns. Devedor 1 paga a dívida toda existente entre D1 e D2 e o credor, com isso, o D1 se sub-roga nos direitos do credor originário, tornando-se credor em relação ao D2.
Inciso 3: fiador (terceiro interessado) que paga o aluguel atrasado no lugar do locatário, pois seu patrimônio poderia ser afetado, se sub-roga nos direitos do credor originário (locador).
Sub-rogação pessoal convencional (art.347, CC- hipótese geral): estipulada nos negócios jurídicos.
 Inciso I: estipulação entre o terceiro pagante e o credor.
Inciso II: estipulação entre o terceiro pagante e o devedor.
Obs.: é possível ocorrer sub-rogação total ou parcial, de apenas uma parcela da dívida.
Efeitos da sub-rogação: efeito liberatório em relação ao credor (quando um terceiro paga, ocorre a liberação do credor do vínculo obrigacional) e translativo (aquele que paga passa a ocupar o lugar do credor originário).
Características gerais da sub-rogação: tem por objetivo principal proteger o interesse de terceiro que paga a dívida, não possui finalidade especulativa, ocorre na exata proporção do pagamento efetuado (sub-rogação total ou parcial), configura pagamento perante o credor (efeito liberatório), exonera o devedor perante o antigo credor e mantém o devedor vinculado ao novo credor sub-rogado.
IMPUTAÇÃO DO PAGAMENTO (art. 352 ao 359, CC):
O devedor que é obrigado a dois ou mais débitos de mesma natureza perante um mesmo credor, tem o direito de indicar a qual das dívidas oferece o pagamento, se todas forem líquidas (exatidão do seu conteúdo) e vencidas.
Deve ter o mesmo credor e o mesmo devedor, em dívidas diferentes.
Ex.: uma pessoa tem um cartão da Renner, faz uma primeira compra dividida em duas vezes, faz uma segunda compra dividida em duas vezes e faz uma terceira dívida em duas parcelas. Após um tempo, sem ter pago nenhuma das parcelas, descobre que todas estão vencidas e não tem dinheiro para pagar tudo. Supondo que ela possui dinheiro suficiente para pagar apenas as duas primeiras dívidas ou para pagar apenas a terceira. No momento em que ela fizer o pagamento ela pode escolher e indicar a qual das dívidas oferece o pagamento, realizando uma imputação do pagamento. 
Se o devedor não realizar a imputação do pagamento, o credor escolhe qual das dívidas está sendo paga, se o credor também não escolher, a lei define qual das dívidas está sendo paga (art. 355, CC). Se houver capital e juros, imputa-se o pagamento primeiro os juros (art. 354, CC).
Ex. de como a imputação do pagamento pode ser usada para beneficiar o credor: pensão alimentícia. Foi acordado judicialmente que o pai pagaria 200,00 reais por mês, mas ele passa a pagar somente 100, 00 reais por mês e a mãe vai aceitando. Em um momento, a mãe pode para de aceitar essa situação, quando ela for cobra o devido, só poderá cobrar até 2 anos pretéritos, pela lei de família. Contudo, como o devedor não fez a imputação do pagamento de qual dívida vencida ele estava pagando, o credor tem o direito de escolher. Então a mãe, ao invés de aceitar 100, 00 reais como sendo metade do pagamento de cada mês, ela faz a imputação de forma que primeiro ele pagou metade da parcela devida em Janeiro, depois, no mês seguinte, o pagamento correspondeu a segunda metade do que restava em janeiro (e não a metade do valor de fevereiro), depois os outros 100, 00 foram para pagar a primeira metade do valor de fevereiro (e não metade do valor de março) e assim por diante. Isso seria uma vantagem para a mãe devido o prazo de dois anos para a prescrição desse tipo de dívida.
DAÇÃO EM PAGAMENTO (art. 356 ao 359, CC):
É um acordo entre o credor e o devedor, após o vencimento da dívida. O credor aceita a receber coisa diversa da devida (art.316, CC art. 313, CC). Não precisa ter equivalência econômico-financeira. A dívida tem que ser existente e estar vencida(se não estiver vencida é uma alteração contratual e não dação em pagamento)
Pode ser quando o objeto for dinheiro ou imóvel.
Dação de imóvel (art. 357, CC): quando é dado um imóvel no lugar de outro imóvel, ou imóvel no lugar de dinheiro, a dação deverá ser regulada pelas normas do contrato de compra e venda de imóvel (formalidades legais).
Efeitos da dação em pagamento: Translativo (a coisa dada em pagamento é transferida de domínio, transferida a propriedade do devedor para o credor), extintivo (extingue a obrigação) e liberatório (do devedor).
EXTINÇÃO DA OBRIGAÇÃO SEM PAGAMENTO
Novação (art. 360 ao 367, CC)
Compensação (art. 368 ao 380, CC)
Confusão (art. 381 ao 384, CC)
Remissão (art. 385 ao 388, CC)
NOVAÇÃO (art. 360 ao 367, CC):
É um acordo de vontades (ambas as partes se manifestam com autonomia) pelo qual uma obrigação nova é criada para substituir a anterior, extinguindo a obrigação originária. Tem que haver, necessariamente, uma relação de causa e efeito, a nova obrigação tem que existir para substituir a originária. Para a obrigação ser nova, alguma coisa tem que ser diferente em relação a obrigação anterior.
A novação, por ser um acordo de vontades com autonomia, ocorre por um contrato. Nunca ocorre por lei.
Em relação ao seu conteúdo, a obrigação nova é extintiva em relação a obrigação originária. Não é satisfatória, porque o credor não recebeu a prestação, não houve pagamento direto ou indireto, mas a obrigação originária foi extinta.
Obs.: ao ocorrer a novação, o prazo prescricional também é alterado. Uma prática comum ocorre quando, por exemplo, uma dívida vai prescrever e o banco oferece condições novas para que a pessoa pague a dívida, por meio de uma novação, com isso a dívida que ia prescrever volta a correr do zero o prazo de prescrição. 
Ex.: pessoa devia 2.000,00 reais ao banco, contudo, não paga a dívida por muito tempo e devido aos juros e correção monetária, ela passa a valer 17.000,00 reais. Perto do prazo de prescrição da dívida (quando ela deixaria de ser exigível) o banco faz uma proposta de novação, na qual a pessoa assina uma novo contrato, criando uma obrigação nova que substitui a antiga, onde a dívida passará a ser de 10.000,00 reais, pagos em 10 vezes. A princípio, para um leigo, parece vantajoso. Mas por ser uma obrigação nova, o prazo para sua prescrição volta a contar do zero. E também podem existir outras armadilhas, como, por exemplo, na dívida antiga o valor principal devido era de 2.000,00 reais, sendo que 15.000,00 reais eram juros e correção monetária, sendo que estes, se forem abusivos podem ser revisados judicialmente. Ao novar, pode-se acordar no contrato que o valor devido de 10.000,00 reais são a título da dívida principal, logo não pode ser revisado judicialmente.
Requisitos: 
Obligatio novandi: dívida anterior existente e não nula. Pode ser anulável ou prescrita, mas não pode ser nula.
Animus novandi: vontade das partes de novar. Acordo de vontade entre as partes precisa manifestar que eles estão extinguindo aquela obrigação e criando uma nova que substitui a anterior
Aliquid novi: obrigação nova, alguma coisa tem que mudar, mas deve haver mudança substancial em relação aos sujeitos ou ao objeto, ou seja, algum dos elementos substanciais da obrigação deve mudar.
Diferença entre dação em pagamento e novação: Na dação, objeto novo substitui o original, extinguindo a obrigação que permaneceu sempre a mesma; na novação, um contrato novo substitui o anterior, sendo que o novo extingue a obrigação originária e a nova obrigação continua pendente. Na dação ocorre extinção da obrigação pelo pagamento (indireto); na novação não ocorre o pagamento, ocorre a extinção apenas da obrigação originária pela sua substituição pela nova obrigação.
Novação objetiva: substituição do objeto. Pode ser uma substituição de uma obrigação de dar por outra der dar ou substituição de uma obrigação de dar por outra de fazer. Também pode ocorrer alteração na causa jurídica. Ex.: pessoa paga aluguel de 3000,00 reais e o proprietário resolve vender o imóvel. Então o locatário acorda com o locador em comprar o imóvel por 3000,00 reais por mês mas uma parcela única de 100.000,00 reais. Nesse caso, o locatário se torna comprador do imóvel. Mudou-se a natureza da prestação, embora não tenha mudado o objeto, nem valor da prestação.
Novação subjetiva:
Ativa: substituição do credor. 
Passiva: substituição do devedor.
Por expromissão: o credor negocia com o devedor 2, trocando o devedor originário pelo devedor 2.
Por delegação: o devedor originário negocia com o devedor 2 que este assumirá o seu lugar na obrigação.
COMPENSAÇÃO (art. 368 ao 384, CC):
Se duas pessoas forem credoras e devedoras umas das outras, as dívidas se extinguem até onde se compensarem. 
Pressupostos: 
2 ou mais obrigações distintas.
Ambas são obrigações principais.
O objeto deve ser fungível (pode ser substituído por outra do mesmo gênero) e da mesma espécie.
Credores e devedores recíprocos.
Dívidas devem ser vencidas, líquidas (valor predeterminado, exatidão do seu conteúdo) e exigíveis (art. 369, CC).
Tipos de compensação:
Compensação total: extingue as obrigações.
Compensação parcial: irá subsistir um saldo em favor do que possuir o maior crédito.
Compensação legal: estabelecida em lei.
Compensação convencional: estabelecida pelas partes por acordo.
Compensação judicial: feita pelo judiciário, em sentença.
Situações em que não é possível a compensação (art. 373, CC):
Inciso I: Se o objeto de uma das obrigações for ilícito.
Inciso II: Se uma delas for originária de comodato, depósito ou alimentos.
Inciso III: Se um dos objetos não for suscetível de penhora (não pode ser negociado).
Art. 374, CC: Se em um dos contratos for convencionado não ser passível de compensação.
Efeitos da compensação: Extintivo e liberatório.
Pode ser feita a compensação das obrigações mesmo que as partes não sejam capazes, pois não ocorre prejuízo para elas, consiste em uma simplificação das operações econômicas.
CONFUSÃO (art. 381 ao 384, CC):
É quando na mesma pessoa se confundam as qualidades de credor e devedor.
Efeito da confusão: extinção da obrigação (definitiva ou temporária).
Ex.: empresa A deve para a empresa B e ambas sofre uma fusão, transformando-se na empresa C. Empresa B era credora de A e com a fusão B torna-se credora e devedora de si próprio.
Tipos de confusão:
Confusão total 
Confusão parcial: ex.: quando empresa A é credora de dois devedores (empresa B e empresa C). Empresa A compra a empresa B, mas não compra a empresa C. Então em relação ao crédito de B ocorre confusão e a obrigação é extinta, mas em relação a empresa C a obrigação permanece.
Pós ineficacização da confusão: no momento futuro a confusão cessa e nesse caso a obrigação se restabelece com todos os seus acessórios. Ex.: empresa se funde com outra, então ocorre confusão e extinção das obrigações mas o CADE impede e, com isso, a confusão é desfeita e as obrigações anteriores se restabelecem. Ex.: dois amigos emprestam dinheiro um para o outro, e posteriormente ele se casam com comunhão total de bens, constituindo um único patrimônio. Durante o casamento, ocorre a confusão das obrigações recíprocas. Contudo, eles se divorciam, e as dívidas voltam ao mesmo ponto de antes do casamento. Suspende o prazo prescricional durante a constância da confusão.
Assim, a confusão pode ser uma forma de extinção da obrigação definitiva ou temporária.
REMISSÃO (art. 385 ao 388, CC):
É a extinção da obrigação (sem pagamento) pelo perdão das dívidas.
A remissão não pode prejudicar terceiros.
Formas de remissão:
Expressa: credor escreve que perdoa a dívida.
Tácita: através do comportamento do credor. Ex.: credor para de cobrar a dívida até a sua prescrição.
Presumida: ex.: pessoa possui uma dívida e está em mora, na hora de pagar, o credor recebe a dívida principal, mas não cobra os juros e dá a quitação total. Com isso, presume-se que os juros estão perdoados. Ex.: entrega voluntária do título da obrigação(obrigação garantida por título de crédito, como cheque ou nota promissória) equivale a presunção de pagamento. Ex.: entrega do objeto penhorado significa que a dívida principal foi perdoada.
Total: perdão da dívida como um todo, seja do valor total ou do que faltar para o seu adimplemento quando a divida for em parcelas.
Parcial: perdão de uma parcela da dívida.
Efeito: liberatório do devedor e extintivo da obrigação.
Outras formas de extinção da obrigação:
TRANSAÇÃO: forma de negociação entre partes de uma relação jurídica controvertida mediante concessões recíprocas, de forma a extinguir a obrigação. Ânimo de extinguir as dívidas, extinguindo os litígios.
ARBITRAGEM: forma de solução extrajudicial de solução de conflitos. Vantagem: sigilo.
Efeitos semelhantes as coisas julgadas, pois faz-se um título executivo extrajudicial e caso uma das partes não cumpra o acordado, pode-se acionar o judiciário já na fase de cumprimento de sentença.
INADIMPLEMENTO
É o descumprimento da obrigação. É a conduta do credor ou do devedor no sentido de descomprimir, mau cumprir ou cumprir em atraso a obrigação assumida.
Espécies de inadimplemento: Inadimplemento definitivo, mora, adimplemento substancial e violação positiva do contrato.
Inadimplemento definitivo: é o inadimplemento de obrigação que não foi cumprida a tempo, lugar e forma e não poderá mais sê-lo, pois se tornou impossível e/ou inútil ao credor. Obrigação impossível: dadas as circunstâncias concretas ela é irrepetível, não podendo ser cumprida em atraso. Ex.: filmagem de uma formatura que já aconteceu. Obrigação inútil: depende do credor. A obrigação pode ser possível, mas inútil ao credor. Ex.: buquê de noiva que chegou depois do casamento, é possível ainda a entrega do buquê, mas é inútil ao credor, pois o casamento já aconteceu.
Obs.: é importante escrever no contrato o porquê daquela obrigação, a causa por traz daquele negócio jurídico, para deixar claro que o atraso no seu cumprimento não será simples mora, mas sim inadimplemento definitivo, pois a obrigação será inútil ao credor. São os “considerandos” do contrato. Ex.: estou contratando o serviço da respectiva floricultura, para a confecção do buquê, para a realização do casamento, no dia tal etc.
O descumprimento de certas cláusulas contratuais, derivadas da violação do dever de boa- fé objetiva, também pode ser considerado inadimplemento definitivo. Apenas o descumprimento dessas cláusulas contratuais podem ser consideradas inadimplemento definitivo, gerando a resolução contratual. A violação de outras cláusulas quaisquer gera apenas uma multa por descumprimento contratual, não sendo possível a resolução do contrato.
Ex.: Empresa A aluga posto de gasolina para empresa B com cláusula de exclusividade no fornecimento de combustíveis. Empresa B viola cláusula expressa e comercializa gasolina de empresa concorrente. Violou a confiança e expôs empresa A a um risco, já que a gasolina da outra marca era comercializada como se fosse de A, podendo esta ser responsabilizada por eventual adulteração ou má qualidade, expondo também sua imagem perante os consumidores.
Consequências do inadimplemento definitivo (art. 389, CC):
Perdas e danos (art. 402, CC): Dano efetivo (aquilo que efetivamente perdeu) + lucros cessantes (o que razoavelmente deixou de ganhar).
Juros: São calculados segundo uma taxa, que se compõe de um percentual do capital associado a uma determinada unidade de tempo. Ex.: 1% ao mês.
Juros moratórios: são devidos em decorrência de inadimplemento. Mora é o inadimplemento de obrigação que não foi cumprida no tempo, lugar e forma, mas que ainda poderá ser cumprida, pois ainda é possível e útil. A mora pode ser tanto do credor quanto do devedor.
Mora do devedor: O simples inadimplemento (objetivo) da obrigação não é suficiente para caracterizar a mora, é necessário também haver a culpa do devedor (elemento subjetivo). A culpa sempre é presumida na mora, por isso, cabe ao devedor provar que não houve de fato sua culpa no inadimplemento, tendo sido culpa do credor ou uma impossibilidade absoluta (ex.: caso fortuito, força maior, morte do credor, fato do príncipe etc). Exceção: o devedor responde por caso fortuito e força maior ocorridos após a mora (art.399, CC). Exceção da exceção: não responde por caso fortuito ou força maior, mesmo estando em mora, se comprovar que o fato teria ocorrido mesmo se tivesse cumprido a obrigação sem incorrer em mora (ex.: pessoa vende o carro para um vizinho e no prédio em que ambos moram ocorre um alagamento no estacionamento). Se houver o inadimplemento e a prestação se tornar impossível sem culpa do devedor não há mora, retornando ambos ao status quo ante (art. 396) com a resolução do contrato.
Consequências da mora art. 395, CC (juros, atualização monetária e honorários advocatícios).
Juros moratórios (pro rata die= proporcional aos dias em atraso): nas obrigações de consumo = 2% ao mês proporcional aos dias de atraso, no máximo.
Mora do credor (art.400, CC).
Juros compensatórios/remuneratórios: constituem a contrapartida pela perda do poder de disposição sobre um bem (em geral, dinheiro) durante determinado tempo, bem como do risco de não receber o valor de volta.
Atualização monetária: segundo os índices oficiais.
Honorários de advogado: são devidos sempre que houver a intervenção de advogado realizando atividade privativa da função, seja no âmbito judicial ou extrajudicial.
Cláusula penal: é a obrigação de natureza acessória pela qual as partes estipulam, de antemão durante a formação do contrato, pena pecuniária ou não, contra parte infringente de uma obrigação negocial. É um elemento acessório, as partes podem colocar ou não no contrato, não é obrigatória a sua existência. A cláusula penal pode ser inserida em contratos (bilaterais) ou negócios jurídicos unilaterais. Pode incidir em qualquer espécie de inadimplemento (inadimplemento absoluto, adimplemento substancial, mora, violação positiva do contrato). Se houver apenas a cláusula penal, ela substitui as perdas e danos. Por isso, para poder incidir perdas e danos + cláusula penas deve estar escrito no contrato que há cláusula penal “sem prejuízo das perdas e danos”. Tem caráter preventivo (coerção) e punitivo (pré-liquidação das perdas e danos).
Classificação:
Cláusula penal compensatória/satisfativa (art. 410, CC): substitui a execução do dever originalmente previsto, não somente em caso de inadimplemento absoluto. Seu exercício é potestativo.
Cláusula penal moratória/ cumulativa (art. 411, CC): é devida juntamente com a prestação, no caso em que ocorra mora.
Rescisão: não está escrito no art. 389, CC e independentemente de estar ou não escrito no contrato, qualquer das partes tem o direito de sair do contrato, não é obrigada a ficar contratada. A obrigação é uma relação jurídica transitória, a qual pode terminar com o adimplemento ou inadimplemento. É possível a rescisão contratual por uma das partes com o pagamento de multa. Também é possível a rescisão se a outra parte não cumpre o seu dever.
Adimplemento substancial:
O adimplemento substancial ou substantial performance é uma espécie de inadimplemento que consiste no cumprimento de parte substancial da obrigação e que, por isso, não gera direito à rescisão contratual. Permite-se apenas a propositura de ação de cobrança do saldo em aberto. A Teoria do Adimplemento Substancial não está positivada no código, é uma formulação doutrinária e jurisprudencial, que atua como instrumento de equidade. Vem sendo aplicado a partir da interpretação dos princípios da boa-fé objetiva (art. 422, CC), da função social dos contratos (art. 421, CC) e da vedação ao enriquecimento sem causa.
Considera-se como adimplemento substancial o equivalente a 75% do valor total ou de parcelas iguais. Contudo, esse percentual não é pacificado na jurisprudência.
Consequências do adimplemento substancial = mora.	
Violação positiva do contrato:
É o cumprimento defeituoso ou imperfeito do contrato (pratica aquilo de que deveria abster-se

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