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UIZ CLÁUDIO BARRELTO SILVA
26 de março de 2010
O valor mínimo na arrematação de bem de incapaz
Filed under: DIREITO PROCESSUALCIVIL — lcbsa2 @ 20:10 
A arrematação de bem imóvel de incapaz  em hasta pública deve alcançar na segunda praça  o limite mínimo de 80% do valor da avaliação. Esse é o comando do artigo 701[1] Código de Processo Civil [2]em vigor. É irrelevante o fato de tratar-se de incapacidade relativa ou absoluta. Essa norma se direciona para o titular do direito de propriedade e não para o devedor. É certo que também o devedor dela se beneficiará se incapaz.
Não se desconhece, com a análise do dispositivo legal objeto desta abordagem, que é facultado ao julgador adiar a alienação por prazo não superior a um ano. Além disso, observadas as regras dos parágrafos 1º ao 4º do supramencionado artigo do CPC[3], a alienação será possível.
Contudo, fora das hipóteses que excetuam a regra, o juiz não permitirá a alienação em hipótese alguma, como leciona Ernane Fidélis dos Santos:
“Tratando-se de imóvel de incapaz, não importa seja relativa ou absoluta a incapacidade, a arrematação de bens imóveis, na segunda praça, deverá alcançar pelo menos 80% da avaliação.(…).
A incapacidade prevista para o preço mínimo é a do titular do direito de propriedade e não do devedor, podendo haver, no caso, o que é o mais comum, apenas coincidência”.
Em igual sentido, precedente do Tribunal de Justiça de Santa Catarina, da relatoria do Desembargador Alcides Aguiar, com a seguinte ementa:
“APELAÇÃO CÍVEL – EMBARGOS À ARREMATAÇÃO – PREÇO VIL – AUSÊNCIA DE ATUALIZAÇÃO DA AVALIAÇÃO – NECESSIDADE – PRINCÍPIO DA ECONOMICIDADE – ART. 620 DO CPC – EXECUTADO INCAPAZ – LANÇO INFERIOR A 80% DO VALOR DO BEM – ART. 701 DO DIGESTO PROCESSUAL – ATO EXPROPRIATÓRIO NULO – RECURSO PROVIDO.
A atualização da avaliação antes de realizado o praceamento é medida necessária para se adequar o valor do bem à realidade, dadas as freqüentes oscilações do mercado imobiliário, a fim de se evitar prejuízos ao devedor (art. 620 do CPC), e enriquecimento sem causa dos arrematantes. Não obstante por se tratar de executado incapaz o lanço não pode ser inferior a 80% do valor do bem atualizado, consoante preconiza o disposto no art. 701 do CPC”. [5] Pelo exposto, e de acordo com a regra do CPC, não permitirá o julgador a arrematação de bem de incapaz que não alcançar, pelo menos, oitenta por cento da avaliação.
Notas e referências bibliográficas
[1] Art. 701. Quando o imóvel de incapaz não alcançar em praça pelo menos 80% (oitenta por cento) do valor da avaliação, o juiz o confiará à guarda e administração de depositário idôneo, adiando a alienação por prazo não superior a 1 (um) ano. [2] BRASIL. lei n. 5.869, de 11 jan. 1973. Institui o Código de Processo Civil. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil/LEIS/L5869.htm> . Acesso em: 5 jun. 2007.
[3] § 1º – Se, durante o adiamento, algum pretendente assegurar, mediante caução idônea, o preço da avaliação, o juiz ordenará a alienação em praça.§ 2º – Se o pretendente à arrematação se arrepender, o juiz lhe imporá a multa de 20% (vinte por cento) sobre o valor da avaliação, em benefício do incapaz, valendo a decisão como título executivo § 3º – Sem prejuízo do disposto nos dois parágrafos antecedentes, o juiz poderá autorizar a locação do imóvel no prazo do adiamento. § 4º – Findo o prazo do adiamento, o imóvel será alienado, na forma prevista no Art. 686, VI. [4] SANTOS, Ernane Fidélis dos. Manual de direito processual civil. 12. Ed. São Paulo: Saraiva, 2009, p. 190-191). [5] TJSC. Ap. 248415 – SC 2004.024841-5. Relator: Des. Alcides Aguiar. Disponível em: http://www.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/5397794/apelacao-civel-ac-248415-sc-2004024841-5-tjsc . Acesso em: 26 mar. 2010.

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