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Aula 08 - A Intervenção Profissional e o Serviço Social Introdução Nesta aula, vamos conversar sobre a prática profissional do assistente social. Cabe a esse profissional desenvolver um papel de protagonista ao participar ativamente de todo o processo de trabalho, ou seja, da definição da ação, da execução, do monitoramento e da avaliação. Além do zelo para a garantia de um fazer profissional cada vez mais qualitativo, apontamos que as ações devem considerar a contribuição para a promoção da cidadania, da construção e do fortalecimento de redes sociais e de integração entre as ações e os serviços oferecidos. Apresentação da aula Nesta aula, discutiremos a prática profissional do assistente social com base em algumas observações fundamentais para o exercício dessa atividade. Cabe ao assistente social desenvolver um papel de protagonista ao participar ativamente de todo o processo de trabalho, ou seja, da definição da ação, da execução, do monitoramento e da avaliação. Vamos começar? Introdução Além do zelo para a garantia do fazer profissional cada vez mais qualitativo, apontamos que as ações profissionais devem considerar a contribuição para a promoção da cidadania, da construção e do fortalecimento de redes sociais e de integração entre as ações e os serviços implementados. É por meio dessa ideia que se materializa o projeto ético-político da profissão, com ações profissionais em que o Serviço Social tem experiência. Ação profissional A reflexão sobre a prática profissional, em qualquer área, apresenta desafios de natureza diversa para aqueles que se propõem a realizá-la. Um dos desafios para o assistente social é a ação profissional. Como vimos em outras aulas, para melhor implementação de uma ação, é preciso obter o conhecimento da realidade e dos sujeitos para os quais as ações são destinadas, definindo objetivos e instrumentos mais apropriados para alcançá-los. Partindo do pressuposto de que toda ação profissional pode ser definida como o conjunto de procedimentos, atos, atividades pertinentes a uma determinada profissão e realizadas por profissionais comprometidos com o exercício profissional qualitativo, todo planejamento requer um apurado senso investigativo. Refletir sobre as ações profissionais permite explorar diferentes ângulos, nos diversos espaços ocupacionais, e possibilita um aprofundamento do debate sobre a prática do assistente social e suas referências teóricas em um processo de planejamento que delimita as decisões a respeito dessas ações. Planejamento das ações profissionais Pensar no planejamento das ações profissionais, em qualquer área que seja, demanda o registro de uma contínua reflexão sobre a eficiência, a efetividade e a eficácia do trabalho desenvolvido ao definir as relações entre as estruturas institucionais e profissionais. As ações profissionais e institucionais caminham juntas, mas não podem ser confundidas, pois apresentam naturezas distintas, embora sejam complementares. Marilda Villela Iamamoto (2007) afirma: “O assistente social ingressa nas instituições empregadoras como parte de um coletivo de trabalhadores que implementa as ações institucionais, cujo resultado final é fruto de um trabalho combinado ou cooperativo, que assume perfis diferenciados nos vários espaços ocupacionais. Também a relação que o profissional estabelece com o objeto do seu trabalho ― as múltiplas expressões da questão social, tal como se expressa na vida dos sujeitos com os quais trabalha ― depende do prévio recorte das políticas definidas pelos organismos empregadores, que estabelecem demandas e prioridades a serem atendidas” (p. 421). O caráter institucional influencia relativamente a delimitação do objeto da ação profissional; esta, por outro lado, certamente influencia os comportamentos institucionais, em uma relação dialética. O conhecimento sobre a área em que se está atuando propicia a articulação entre o caráter institucional e a ação profissional. Sendo assim, planejar uma ação situa-se como um processo de compreensão da realidade e de identificação de possíveis estratégias em um determinado contexto social, econômico e cultural. Fase de execução da ação A fase de execução da ação deverá produzir uma transformação na realidade. Dessa forma, planejar demanda revisões sistemáticas. Exige um cuidadoso movimento de monitoramento, controle e acompanhamento para permitir a avaliação confiável ― que se aproxima o máximo possível da realidade concreta. Monitoramento Segundo Ernesto Cohen (Cohen e Franco, 1993, p. 77), o monitoramento (acompanhamento) é o exame contínuo ou periódico efetuado pela administração, em todos os seus níveis hierárquicos, do modo como se está executando uma atividade. Busca-se assegurar que a entrega de insumos, os calendários de trabalho, os produtos esperados se consubstanciem nas metas estabelecidas e que outras ações necessárias progridam de acordo com o plano traçado. Avaliação A avaliação é outro elemento fundamental, pois envolve a economia de tempo, de recursos ou de trabalho. As instituições precisam ainda apresentar os resultados das ações aos interessados. É dever das instituições públicas manter uma relação de transparência com os usuários, as financiadoras, os atores sociais, enfim, a sociedade em geral, comunicando seus resultados, a eficácia de seus projetos e os custos realizados. A divulgação dos resultados obtidos pode ser realizada por diversos meios, desde reuniões com participação da sociedade civil organizada até publicações, como os boletins e os informativos periódicos. Uma questão que devemos incluir nesta discussão é a necessidade de o profissional avaliar o próprio desempenho. Essa avaliação possibilitará ao profissional identificar tanto as fragilidades de sua ação quanto os pontos fortes. Esse momento contribui para o aperfeiçoamento profissional individual e da categoria por meio da publicação da experiência profissional. Serviço Social O Serviço Social é uma profissão e, como qualquer outra, deve participar das várias etapas do processo de trabalho e acompanhá-las ― desde a execução até o momento de avaliação, considerando a divulgação dos resultados, conforme apontado anteriormente. O Serviço Social é uma atividade profissional, uma prática que, quando sistematizada, organizada ou planejada, desenvolve um processo de atuação que se alimenta de uma teoria e volta à prática para transformá-la por meio de um movimento dialético diante dos desafios de sua realidade. Está inserido na divisão social e técnica do trabalho, realizando sua ação profissional no âmbito das políticas socioassistenciais nas esferas pública e privada. O assistente social implementa suas ações de abordagem da população, que procura as instituições e o trabalho desse profissional. Assistente social O assistente social é um profissional que tem como objeto de trabalho a questão social em suas diversas manifestações, formulando e implementando propostas para seu enfrentamento por meio das políticas sociais, públicas, empresariais, de organizações da sociedade civil e movimentos sociais. Não estamos falando apenas de executar as políticas sociais, mas é importante conhecer as contradições da sociedade capitalista, da questão social e suas expressões, que apresentam desafios ao cotidiano profissional. Os assistentes sociais precisam refletir sobre as políticas sociais e sobre as respostas às demandas da população. O assistente social planeja e executa políticas públicas e programas sociais voltados para o bem-estar coletivo e para a integração do indivíduo na sociedade. Onde está presente o trabalho do assistente social? Está presente em organizações públicas e privadas e em diferentes áreas e temáticas, como: proteção social, educação, programas socioeducativos e de comunidade, habitação, gestão do trabalho, segurança pública, justiça e direitos humanos, direitos sociais, movimentos sociais, responsabilidade social, entre outras. O assistente social precisa conhecer a realidade em que trabalhacom base em um compromisso ético com a população e com a qualidade de seus serviços prestados. Serviço Social e sua trajetória histórica Para uma reflexão do Serviço Social na atualidade, com suas demandas e perspectivas, é necessário situá-lo em sua trajetória histórica e revelar o legado desse momento com seus rebatimentos no contexto do século da globalização. São tempos em que a economia e o ideário neoliberal intensificam as desigualdades sociais com suas múltiplas faces. Tempos em que crescem as massas descartáveis, sobrantes e à margem dos direitos e dos sistemas de proteção sociais. Tempos, portanto, em que crescem as demandas por políticas sociais, de modo geral e, particularmente, por políticas de proteção social (Yazbek, 1995, p. 25). O Serviço Social tem o desafio de conhecer e interpretar algumas lógicas do capitalismo contemporâneo, especialmente em relação às mudanças no mundo do trabalho e às questões de desestruturação dos sistemas de proteção social e das políticas sociais em geral. Considerando o histórico da profissão, constatamos o protagonismo crescente dos assistentes sociais em diversos campos de trabalho. Atualmente, o Serviço Social apresenta-se como uma profissão reconhecida na sociedade brasileira, com grande visibilidade no contexto contemporâneo. Projeto ético-político O projeto ético-político propicia a elaboração de respostas profissionais, para o enfrentamento da questão social, comprometidas com valores e princípios que apontam para a autonomia, a emancipação, a defesa da liberdade e da equidade, a socialização da política e da riqueza socialmente produzida, e o pleno desenvolvimento de seus usuários. No que se refere aos usuários dos serviços, faz-se necessário que o projeto profissional priorize uma nova relação de compromisso com a qualidade do que é oferecido à população, bem como com a publicização, a democratização e a universalização dos recursos institucionais que lhe são direcionados. A concretização do projeto ético-político do Serviço Social demanda profissionais permanentemente atualizados, buscando aperfeiçoar o perfil profissional a fim de superar limites institucionais e identificar a ideologia do assistencialismo para avançar nas lutas pelos direitos e pela cidadania. Esse projeto é a expressão de um momento histórico e fruto de um amplo movimento de lutas pela democratização da sociedade brasileira. A construção do projeto ético-político se caracteriza pela busca do rompimento com a vertente conservadora do Serviço Social por meio da proposição de um novo projeto profissional que se aproxime dos projetos societários. O projeto profissional deve reafirmar o comprometimento da categoria com um projeto societário que suponha a elaboração de uma nova ordem societária, sem dominação, sem exploração de classe, sem preconceito étnico e de gênero. Podemos destacar como um dos aspectos necessários ao projeto profissional a preocupação com a possibilidade de o ser humano fazer concretamente suas escolhas, promovendo a autonomia, a emancipação e a plena evolução do indivíduo. É importante ressaltar que os valores registrados anteriormente devem ser preconizados no projeto ético-político do Serviço Social. No entanto, a pesquisa deve ser utilizada para a devida aproximação das condições de vida e trabalho das classes subalternas, sendo um requisito indispensável para a efetivação desses valores e princípios. O assistente social hoje Nas últimas décadas, a profissão deu um salto qualitativo em sua formação acadêmica e em sua presença política na sociedade. A produção científica e o mercado editorial aumentaram; e os assistentes sociais compõem equipes nacionais e internacionais de pesquisa. Vejamos a seguir o que diz Lúcia M. B. Freire. “Entendemos que a profissão é um movimento de articulação de saberes, de luta por espaços e ao mesmo tempo é de regulamentação e corporação. Esse ponto de vista incorpora tanto a visão regulamentadora de uma atividade, a partir da regulamentação do trabalho de um grupo de pessoas que atua numa área determinada, expressa em lei, relativo à presença de um saber ou conhecimento específico reconhecido e de um objeto disciplinar no contexto de divisão social do trabalho, historicamente em movimento nas relações políticas e econômicas. Não há profissão legítima sem reconhecimento legal... ...no entanto, o grupo reconhecido legalmente também se organiza e mobiliza como um movimento dinâmico e dialético de pessoas que repensam a si mesmas e a sua intervenção no campo da ação legalizada, profissional. Nesse campo, seu conhecimento também vai mudando e acrescentando novas dimensões. Só existirá profissão reconhecida se existir conhecimento articulado e sistematizado dessa área e um poder capaz de fazê-lo valer socialmente, por meio de legitimidade compartilhada ou conquistada, que se torna uma identidade culturalmente referenciada, por exemplo, a de assistência social, a de enfermeiro, de advogado”. (Freire, Freire e Castro, 2006, p. 35). A prática qualitativa O profissional comprometido com a prática qualitativa identifica as possibilidades de transformação na própria realidade e propõe ações por meio da apresentação de um projeto bem-elaborado e consistente. É importante que haja uma intervenção reflexiva e eficaz a fim de articular conhecimentos, saberes, habilidades, valores e posturas. As transformações na configuração sociotécnica da profissão indicam que a formação profissional é um processo dinâmico, continuado, exigindo permanente apropriação e desenvolvimento dos referenciais críticos de análise e dos modos de atuação na realidade social. O Serviço Social hoje Hoje, é possível reconhecer a credibilidade científica que o Serviço Social conquistou perante os órgãos oficiais de fomento à pesquisa, assim como o apoio, o incentivo e o trabalho de seus órgãos competentes. Um dos grandes desafios profissionais da categoria do Serviço Social se refere ao processo de preparação dos profissionais, ou seja, deixá-los aptos para lidar com as demandas impostas pela contemporaneidade. Sabemos que o Serviço Social pode influenciar na construção dos direitos sociais e dos sujeitos políticos contribuindo com movimentos sociais e lutas. Marilda Iamamoto (2007) afirma que: Formas de luta também passam pela reivindicação por melhorias parciais de vida, além do conjunto de expressões associativas e culturais que conformam o modo de viver e de pensar das classes e de seus segmentos sociais. “Os assistentes sociais dispõem de um manancial de denúncias sobre violação dos direitos humanos e sociais e, desde que não firam as prescrições éticas do sigilo profissional, podem ser difundidas e repassadas aos órgãos de representação e meios de comunicação, atribuindo-lhes visibilidade pública na defesa dos direitos” (p. 427).
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