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CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 1 Gestão da Sustentabilidade Aula 4 Professor Dr. Rodrigo Silva CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 2 Conversa Inicial A gestão ambiental para a sustentabilidade dentro de uma empresa tem como função principal o desenvolvimento de políticas e estratégias que visem a preservação dos recursos ambientais. Como já vimos em outras ocasiões, isso ocorre pelo fato da crescente preocupação por parte dessas organizações em demonstrar (e atingir) desempenho satisfatório em relação aos seus objetivos. Assim, a gestão ambiental tem sido uma ferramenta importantes quando falamos de atividades de qualquer empresa que deseje se manter competitiva junto ao mercado, demonstrando a sustentabilidade em seus processos. No presente tema, abordaremos (mais profundamente) os principais conceitos de um Sistema de gestão Ambiental (SGA), iniciando com os princípios de sistemas de gestão. Em seguida, prosseguiremos com a apresentação das normas da série ISO 14000 e, em seguida, com mais propriedade, falaremos da NBR ISO 14001, que é a principal referência de um SGA, juntamente com os primeiros passos de uma implantação. Contextualizando Problematizando Atualmente, as empresas adotaram Políticas Ambientais que norteiam tanto seus processos quanto à fabricação dos seus produtos. Mas o que é Política Ambiental dentro de uma empresa? Podemos dizer que se trata de um conjunto de medidas, ações (ordenadas e práticas), princípios e valores que têm por finalidade garantir o desenvolvimento sustentável do nosso planeta. A partir desse conceito, pense na seguinte situação: Você é gestor de uma empresa que utiliza madeira para fabricação de móveis e é bastante engajada com as causas ambientais. Decidido a criar uma Política Ambiental para a empresa, solicita que sua equipe tome à frente desse importante projeto. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 3 Após algumas reuniões, vocês propõem três versões de uma política: A empresa, em constante preocupação com os recursos florestais e com o desenvolvimento sustentável, deve buscar, em um processo de melhoria contínua, gerenciar seus aspectos ambientais e sua poluição, reduzindo de forma inteligente o uso de recursos naturais. Deve também estar sempre em conformidade com a legislação vigente. A empresa, em constante preocupação com os interesses sociais, deve buscar, em um processo de melhoria contínua, gerenciar seus aspectos ambientais e sua poluição, reduzindo de forma inteligente o uso de recursos naturais. A empresa, em constante preocupação com os recursos florestais e com o desenvolvimento sustentável, deve buscar gerenciar seus aspectos ambientais e sua poluição, reduzindo de forma inteligente o uso de recursos naturais. Deve também estar sempre em conformidade com a legislação vigente. Após a leitura atenta das propostas, você deve escolher, com base nos requisitos da norma, qual das políticas está mais adequada para a publicação e disponibilização. Lembre-se de que a Política Ambiental é que norteará as práticas ambientais da empresa. Comentário sobra as opções A Política Ambiental é um conjunto de ações ordenadas e práticas tomadas por empresas e governos com o propósito de preservar o meio ambiente e garantir o desenvolvimento sustentável do planeta. Nesse sentido, tal política deve ser norteada pelos princípios e valores do desenvolvimento sustentável. Lembre-se de que você faz parte de uma equipe que é responsável pela elaboração e aprovação de uma Política Ambiental. Após algumas reuniões, a sua equipe propôs três versões, que foram levadas à alta cúpula da CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 4 organização, a qual chegou à seguinte conclusão: Correta. Esta política está de acordo com a natureza da empresa, pois menciona um trabalho com uma perspectiva da melhoria contínua e se propõe a gerenciar sua poluição e a atender à legislação. Errada. Esta opção não atende à política da empresa, porque dá ênfase às questões sociais e não ambientais. O fato de não mencionar o atendimento à legislação é seu erro mais crítico. Esta política não está de acordo com a natureza da empresa, pois, apesar de aparentemente parecer completa, em nenhum momento menciona o trabalho focado na melhoria contínua. Pesquise Você conhece alguma Política Ambiental de alguma empresa? Se sim, será que ela está em acordo com as reais práticas dessa organização? Para responder a essa pergunta, convido você, caro aluno, a pesquisar sobre a Política Ambiental de quatro grandes multinacionais específicas: Petrobrás; Vale S.A.; Coca-Cola; Volkswagen. Pesquise nos sites das empresas e, após a leitura, compare o que há de comum entre essas políticas e o que diferencia uma política da outra, isto é, o que pode ser uma vantagem competitiva. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 5 Tema 1: O que são Sistemas de Gestão? Primeiramente, precisamos saber o que vem a ser um Sistema de Gestão. Você saberia explicar? Os Sistemas de Gestão são construídos para atender à necessidade de controlar um conjunto de variáveis importantes para o desempenho de uma instituição, e esse controle é feito por intermédio de normas, funções e procedimentos elaborados para disciplinar os elementos de uma empresa. Dessa forma, fazer gestão é eliminar o quanto possível e necessário a subjetividade das ações e das rotinas, para que se obtenha uma padronização que possibilite o controle e a previsão dos resultados. Para tanto, quando iniciamos a implantação de um Sistema de Gestão qualquer, faz-se necessária a construção de processos, pois estes são o elemento-base de qualquer sistema. Lembre-se de que processos são compostos por conjuntos de ações orientadas para a obtenção de determinados resultados. Por consequência, um sistema será um conjunto de processos que são estabelecidos com um propósito em comum para alcançar objetivos previamente estabelecidos. Agora podemos dizer que Sistema de Gestão é, portanto, um conjunto de atividades encadeadas para a promoção de ações transformadoras de uma entrada em uma saída, com um propósito em comum, formando um processo que, pela união de outros, gerará um sistema. Quando identificamos ou construímos esses elementos para um propósito específico, estamos realizando gestão pela construção de sistemas. São inúmeros os objetivos para os quais podemos construir sistemas, por exemplo: Gerenciar riscos à saúde ocupacional; Gerenciar aspectos e impactos ambientais; Com os objetivos relacionados à satisfação do cliente; CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 6 Gerenciar ações de responsabilidade social. Para todos esses objetivos, temos sistemas e normas diferentes como, por exemplo: Sistema de Gestão da Qualidade (SGQ), com a Norma ISO 9001; Sistema de Gestão Ambiental (SGA), com a Norma ISO 14001; Saúde e Segurança Ocupacional (SSO), com a Norma OHSAS 18001; Sistema de Gestão de Responsabilidade Social (SGRS), com a Norma AS 8000 e a ISO 26000. Quanto à construção de sistemas, alguns itens devem ser bem esclarecidos. Por exemplo, quando devo descrever algo como atividade ou como processo? Nesse caso, a dica é a seguinte: identifique primeiramente o grau de importância desse item em questão. Vamos imaginar a seguinte situação: a limpeza de uma sala, você descreveria como uma atividade ou como um processo?A resposta mais adequada seria... depende. Estamos fazendo referência a uma sala de aula que teria sérias complicações se a limpeza, agendada para as 14h30min. de hoje, fosse transferida para o dia seguinte? Ou seja, as consequências disso seriam graves? Agora façamos a mesma análise, porém para a limpeza de uma sala de cirurgia de emergência. Você acha que haveria consequências graves se a limpeza fosse deixada para o dia seguinte? Para essa questão, devemos considerar a importância de determinada atividade e o quanto ela é crítica para o sucesso do sistema. Em situações com as quais quaisquer desvios possíveis seriam, na sua maioria, rapidamente resolvidos pelo sistema, não se justificaria um alto nível de detalhamento e poderíamos perfeitamente considerá-la como atividade. Entretanto, toda vez que se tratar de algo que mereça um controle maior, deve-se identificar e descrever todas as atividades subsequentes dessa ação e, por consequência, CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 7 teremos um processo. Percebam que não existe uma regra que defina que determinada ação deva sempre aparecer no sistema como atividade ou como processo, cabe ao gestor decidir qual grau de controle deve ser atribuído a ela. Contudo, é importante lembrarmos que quanto mais controle, mais caro se torna o sistema e só se justifica se a atividade comercial da empresa for compatível com esses níveis. Texto de leitura obrigatória: Para aprofundar os estudos sobre os Sistemas de Gestão, recomendamos a leitura da obra “Modelos de Gestão: das Teorias da Administração à Gestão Estratégica”, de Elizenda Orlickas. Este livro aponta conceitos ligados às teorias administrativas e organizacionais e aos modelos de gestão sob uma ótica moderna e atualizada. A obra está disponível na sua Biblioteca Virtual. Tema 2: International Organization for Standardization (ISO) A ISO (International Organization for Standardization) é uma organização de membros não governamental independente e a maior desenvolvedora mundial de normas internacionais voluntárias. Participam dessa organização 163 países, que são os organismos nacionais de normalização ao redor do mundo, com uma Secretaria Central, que tem sede em Genebra, Suíça. Os comitês, Technical Commite (TC), são compostos por representantes de diversas áreas: industrial, pesquisa, autoridades governamentais, representantes de grupos de consumidores e organizações internacionais, e têm como tarefa a discussão e a produção de normas. Cada comitê é responsável por criar uma série de normas, em determinadas áreas, como mencionado anteriormente. Na área ambiental, verifica-se que a ISO já tem produções anteriores, como a ISO 14000, porém, com normas avulsas, como a “Qualidade do Ar pelo CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 8 TC-147”, a “Qualidade da Água” e a “Qualidade do Solo pelo TC-190”. Foi com a criação do comitê TC-207 que se efetivou o seu posicionamento diante do meio ambiente. Os estudos na área ambiental iniciaram pelo Strategic Advisory Group on the Environmental (Sage), tendo como referência básica os princípios relativos à qualidade (série ISO 9000), nos quais foram levantados Sistemas de Gestão Ambiental, já existentes em alguns países, abrangendo os seguintes temas: Avaliação de performance ambiental; Rotulagem ambiental; Auditoria ambiental; Análise de ciclo de vida; Aspectos ambientais e normas de produtos. Para esse posicionamento, é importante relembrar a influência da ECO-92, conferência em que surgiu a proposta, juntamente com a ISO, da criação de um grupo a fim de promover estudos para o processo de elaboração de normas de gestão ambiental. O Brasil é representado pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), com o Comitê Brasileiro de Gestão Ambiental (CB-38), que é correspondente ao TC-207 da ISO. Este, criado em 1993, é o comitê técnico responsável pela elaboração das normas de caráter internacional, da série ISO 14000, que tem o propósito de estabelecer normas para o sistema de gestão ambiental. Durante a criação das normas, vários documentos são elaborados e submetidos à aprovação da ISO, sendo esse processo composto por três fases principais: A primeira fase compreende a necessidade requerida, geralmente, pelo setor industrial de uma normatização internacional relativa à padronização. Por exemplo, a padronização de alguns produtos, CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 9 processos e transações internacionais, como a necessidade de estabelecimento de padrões ambientais de selos e rótulos, entre outros. Já na segunda fase, ocorre a elaboração de um padrão (standard), após acordos iniciais, que traz os detalhes das características relativas a eles e busca o estabelecimento de um consenso entre as partes, sendo uma fase crítica, na qual os interesses são postos em questão. A terceira fase é quando ocorre a aprovação dos padrões resultantes dos rascunhos (draft), entre o consenso mínimo de dois terços dos membros, com a participação ativa no processo de desenvolvimento de padrões, e mais 75% de todos os membros. Após essa etapa, ocorrerá a sua aprovação definitiva, com a devida publicação, como uma norma da ISO. São três os princípios que fundamentam a produção das normas ISO: O princípio do consenso; O princípio da abrangência internacional; O princípio da voluntariedade. O último se fundamenta pela não obrigatoriedade da adoção das normas pelas empresas, ou seja, a aceitação dos critérios tem que partir de um interesse na adoção de determinada norma pelas empresas ou entidades; esse tem como fundamento primordial a busca da ampla aplicação para os setores estudados, propondo soluções e uma aplicabilidade global; e aquele se expressa a partir da obrigatoriedade teórica de levar em consideração o interesse de todos, buscando um denominador comum. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 10 Tema 3: Série ISO 14000 (Sistemas de Gestão Ambiental) As normas dessa série estabelecem padrões para a implantação de um Sistema de Gestão ambiental nas organizações que, segundo a NBR ISO 14001:2015, visam: Estabelecer, implementar, manter e aprimorar um sistema de gestão ambiental; Assegurar a conformidade com sua política ambiental definida; Buscar conformidade com a norma. É importante ressaltar que a norma não estabelecerá critérios ou técnicas específicos de desempenho e sim procedimentos e padrões que têm como objetivo facilitar a avaliação do sistema. Assim, a série ISO 14000, desenvolvida para o gerenciamento, tem como objetivo fornecer padrões e normas elaboradas pela International Organization for Standardization, com o intuito de promover melhor desempenho ambiental para a empresa. A ISO 14001 é a norma internacional pertencente à Série de Normas ISO 14000, que trata especificamente da implantação de um sistema de gestão ambiental, sendo a única da série que é certificável; elaborada e publicada no ano de 1996. Mais tarde, no ano de 2004, foi revisada e publicada a nova versão que, em português, foi traduzida pela ABNT como NBR ISO 14001:2004. Atualmente, a norma passou por uma revisão para atualizar seus quesitos. O lançamento aconteceu em 2015. De acordo com a FIESP1, as principais mudanças da versão atual (2015) em relação à anterior (2004) foram: O entendimento do contexto da organização, as necessidades e as expectativas das partes interessadas; A consideração de uma perspectiva de ciclo de vida;1 Disponível em: <http://www.fiesp.com.br/indices-pesquisas-e-publicacoes/iso-140012015- saiba-o-que-muda-na-nova-versao-da-norma/>. Acesso em: 6 jul. 2016. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 11 A ênfase em uma abordagem de riscos; A liderança como papel central para o alcance dos objetivos do sistema de gestão; O destaque para o fortalecimento do desempenho ambiental da organização, por meio da melhoria contínua do Sistema de Gestão Ambiental. A principal motivação das organizações em implantar essa norma deve- se à crescente preocupação por parte das empresas em demonstrar seu desempenho ambiental e uma conduta correta. As contribuições atribuídas a essa norma estão na disponibilização e especificação dos passos essenciais ou nos requisitos necessários a um SGA, que se aplicam perfeitamente a diferentes tamanhos e localizações geográficas, culturais e sociais das mais diversas organizações. Sintetizando, a ISO 14001:2015 é aplicável a todas as organizações que demonstrarem interesse para: Implementar, manter e aprimorar um Sistema de Gestão Ambiental (SGA); Assegurar-se da conformidade com a política ambiental, os objetivos e as metas ambientais que estabeleceu, e comprovar a melhoria contínua do desempenho ambiental; Utilizar-se de um parâmetro internacional para demonstrar conformidade ambiental em caso de realizar autoavaliação ou autodeclaração; Buscar o reconhecimento das partes interessadas, tais como clientes, ou seja, o reconhecimento de uma “segunda parte”; Buscar confirmação de sua autodeclaração por meio de uma organização externa, uma “terceira parte”, sem obter uma certificação; Buscar, por meio de uma organização externa, uma “terceira parte”, a CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 12 “certificação” ou o “registro”, oficial e internacional de seu Sistema de Gestão Ambiental (FIESP, 2015). Segundo a ISO 14001, o que é Sistema de Gestão Ambiental (SGA)? Há cerca de uma década, muitas organizações, que elaboravam uma política ambiental e tinham objetivos e metas ambientais a ser perseguidos, costumavam fazer “análises” ou “auditorias” ambientais para avaliar seu desempenho ambiental, ou seja, se os objetivos e as metas ambientais estavam sendo alcançados. Porém, isso não foi considerado suficiente para garantir que o desempenho ambiental atendesse, de forma contínua, os objetivos e as metas ambientais, fundamentados na política ambiental e, consequentemente, no atendimento a requisitos legais e outros requisitos, com os quais as organizações estivessem comprometidas (FIESP, 2015). Tema 4: A Gestão Integrada Podemos conceituar o Sistema de Gestão Integrada (SGI) — também denominado Enterprise Resource Planning (ERP) — como uma combinação de processos, procedimentos e práticas relacionados à questão de meio ambiente, qualidade, saúde e segurança, que são seguidos pela organização, com o intuito de auxiliar na implementação das suas políticas e atingir seus objetivos (CERQUEIRA, 2006). CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 13 Entre as ações do SGI, podemos destacar as seguintes: Principais objetivos do SGI. Fonte: elaborado pelo autor. Assim, a partir dessas informações, podemos concluir que o SGI de uma determinada organização inclui três normas fundamentais: ISO 9001 (Qualidade), ISO 14001 (Meio Ambiente) e OHSAS 18001 (Saúde e Segurança Ocupacional): Normas que estão envolvidas no SGI. Fonte: elaborado pelo autor. SGI Busca contínua pela excelência em qualidade Satisfação dos clientes Capacitação profissional Integridade física dos colaboradores Preservação ambiental Atendimento às legislações vigentes Incentivo ao comportamento ético e responsável CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 14 De acordo com a Bureau Veritas2 — grupo internacional dedicado à realização de serviços de avaliação de conformidade e certificação — as principais vantagens da implantação de um SGI são: Otimiza os recursos empregados na implementação, certificação e manutenção dos sistemas de gestão da qualidade, meio ambiente e saúde e segurança ocupacional. Demonstra seu compromisso com a qualidade, meio ambiente e saúde e segurança ocupacional; Ajuda a melhorar o seu desempenho organizacional; Minimiza a vulnerabilidade legal; Reduz efetivamente os incidentes e acidentes de trabalho. Tema 5: Certificação Ambiental e Auditoria Desde a abertura do Brasil para o mercado internacional, algumas estratégias competitivas passaram a ser adotadas visando essa inserção. Como já mencionado, a preocupação ambiental tem sido um dos fatores cruciais de adoção de novas estratégias competitivas. Para isso, o mercado implantou ferramentas de qualidade para garantir que os produtos e serviços oferecidos sejam condizentes com aquilo que se propõe. Foi nesse contexto que foram criadas as certificações. É importante destacar que há uma hierarquia em relação as certificações: A certificação se trata de uma Avaliação de Conformidade de um determinado produto, serviço ou processo; A Avaliação de Conformidade é um processo que segue uma sistematização, regulamentação e avaliação e propicia alto grau de confiança aos consumidores daquele produto, serviço ou processo, além de atender aos requisitos legais e normativos. Portanto, a certificação é o reconhecimento formal de produtos, serviços ou processos realizados por meio de auditorias. 2 Trecho retirado na íntegra de: <http://www.bureauveritascertification.com.br/solucoes/sistema- de-gestao/gestao-integrada>. Acesso em: 6 jul. 2016. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 15 De acordo com o Inmetro, “a certificação de conformidade induz à busca contínua da melhoria da qualidade. As empresas que se engajam neste movimento, orientam-se para assegurar a qualidade dos seus produtos, processos e serviços, beneficiando-se com a melhoria da produtividade e o aumento da competitividade (INMETRO, 2014). A certificação é um indicador para os consumidores de que o produto, processo ou serviço atende a padrões mínimos de qualidade. Qual a hierarquia dos organismos que realizam o processo de avaliação de conformidade? De acordo com a norma ABNT NBR ISO/IEC 17011:2005, a definição de acreditação é a “atestação de terceira-parte relacionada a um organismo de avaliação da conformidade, comunicando a demonstração formal da sua competência para realizar tarefas específicas de avaliação da conformidade” (ABNT, 2005). No Brasil, o organismo acreditador é o Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial), reconhecido pelo International Accreditation Forum (IAF). Assim, desde de 1992 o Inmetro acredita e avalia os organismos de certificação públicos e privados. Este organismo avalia e reconhece formalmente um organismo certificador. Na sequência, temos os OAC (Organismos de Avaliação da Conformidade). Como já mencionado, os OAC avaliam a conformidade de produtos, serviços ou processos em relação às especificações e/ou aos requisitos. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 16 Abaixo, segue um esquema de como é o sistema de acreditação: Sistema de acreditação. Fonte: Norma ABNT NBR ISO/IEC 17011:2005 – Set/2005. A auditoria em certificação ambiental é um processo sistemático de avaliação da conformidade da organização em relação aos princípios que são estabelecidos nas normasa qual a empresa esteja desejando se certificar (ISO 14000, por exemplo). Tais auditorias seguem as diretrizes estabelecidas pela NBR ISO 19011:2002 (ABNT, 2002). De acordo com a normativa, as auditorias podem ser classificadas como: Auditoria interna: desempenhada por profissionais da própria empresa que está sendo auditada, tem como principal objetivo garantir o cumprimento dos regimentos, das normas e das políticas internas. Auditoria externa: realizada por uma empresa terceirizada que emite um laudo acerca da veracidade dos dados da empresa que está sendo auditada. Organismo de acreditação - INMETRO (avalia a competência) Organismos de avaliação da conformidade (avalia a conformidade) Produtos, serviços, processos ou fornecedor Norma específica CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 17 Ou, ainda: Auditoria de primeira parte: realizada por uma organização acerca dela mesma, visando benefício da administração na atuação de melhorias. Auditoria de segunda parte: conduzida por uma organização (segunda parte) que tem algum interesse sobre uma outra, visando a averiguação de determinadas características (exemplo: fornecedores). Auditoria de terceira parte: realizada por uma organização independente (terceira parte) sem interesses no auditado. Trocando ideias Ficou com alguma dúvida ou tem algum material interessante para compartilhar? Então entre no fórum! Veja também o que seus colegas têm a dizer, esse é o momento de compartilhar informações, não deixe de participar! Na Prática Os problemas ambientais fazem parte da história da humanidade. A problemática ambiental tem sido motivo de preocupações desde a Antiguidade, isso pode ser muito bem observado em manuscritos, publicações e arquivos históricos. A ampla falta de perspectiva histórica sobre as questões ambientais tem suas origens na negligência e desinformação. Como resultado, as questões ambientais contemporâneas muitas vezes surgem nos meios de comunicação de massa, sem contexto e, em seguida, desaparecem sem sabermos exatamente qual o fim da história. Assim, a proposta dessa atividade é bastante simples: construir uma linha do tempo (timeline) com os principais acidentes ambientais que aconteceram no mundo. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 18 Para isso, as regras são bem simples. a. Começar na década de 1950 e listar ao menos dois acidentes importantes em cada década. b. Cada acidente deve ser explicado brevemente: local, componente químico (se for o caso), óbitos (se houver) e desdobramentos. c. A linha do tempo deve ser construída em ferramenta própria disponível na web. Mãos à obra! Protocolo de Resolução da situação proposta Primeiramente, você deve fazer um levantamento dos principais acidentes ambientais da história (não se esqueça dos requisitos que não podem faltar). Após a coleta das informações, você deve construir a linha do tempo. Para isso utilize uma das páginas abaixo: http://www.dipity.com/ http://www.mapreport.com/subtopics/d/1.html http://noticias.universia.com.br/atualidade/noticia/2014/04/15/1094875/7- ferramentas-online-criar-linhas-tempo.html http://pt.wikihow.com/Criar-uma-Linha-do-Tempo-no-Microsoft-Word http://podeserdivertido.com/2013/09/25/linha-do-tempo-on-line/ https://support.office.com/pt-br/article/Criar-uma-linha-do-tempo-no- Project-628257da-4355-45d4-8605-0f21974a9fcb https://knightcenter.utexas.edu/pt-br/blog/00-13528-mapas-linhas-do- tempo-e-infograficos-5-ferramentas-para-ilustrar-suas-materias-com-vis CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 19 Na web, você encontrará uma série de sites que mencionam os acidentes ambientais mais importantes da história. Se achar necessário, leia o livro “Empresa, Meio Ambiente e Sociedade” do professor Mário Alencastro (disponível na sua Biblioteca Virtual), onde há vários exemplos de acidentes ambientais. Síntese Nessa aula, trabalhamos os seguintes temas: O que são Sistemas de Gestão? International Organization for Standardization (ISO). Série ISO 14.000 (Sistemas de Gestão Ambiental). A Gestão Integrada. Certificação Ambiental e Auditoria. Até a próxima aula! CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 20 Referências ABNT NBR ISO 19011, 2002. Diretrizes para auditorias de Sistema de Gestão da Qualidade e/ou Ambiental. ALENCASTRO, M. S. C. Empresas, ambiente e sociedade: introdução à gestão socioambiental corporativa. Curitiba: InterSaberes, 2012, 125 p. BARBIERI, JOSÉ CARLOS. Gestão Ambiental Empresarial. São Paulo: Saraiva, 2007. BRASIL. Lei n. 6.938, de 31 de agosto de 1981. Institui a Política Nacional do Meio Ambiente. Diário Oficial da República Federativa do Brasil. Brasília, 1981. BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Senado Federal: Centro Gráfico, 1988. 292 p. BRUNDTLAND, G. H. (Org.). Nosso futuro comum. 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