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Celina Trajano de Oliveira Contabilidade Societária Sumário 03 CAPÍTULO 1 – Qual a Finalidade das Demonstrações Contábeis? .......................................05 Introdução ....................................................................................................................05 1.1 Estrutura do Balanço Patrimonial segundo o CPC ........................................................07 1.2 Ativo Circulante e Ativo não circulante ........................................................................10 1.3 Passivo Circulante, Passivo não Circulante e Patrimônio Líquido ....................................14 1.4 Demonstração de Resultado do Exercício ....................................................................18 Síntese ..........................................................................................................................23 Referências Bibliográficas ................................................................................................24 Capítulo 1 05 Introdução Demonstrações Contábeis são relatórios que apresentam informações detalhadas para atendi- mento das necessidades de informações dos usuários externos, que não têm condições de reque- rer relatórios específicos para atender suas necessidades. Você sabe quem define as bases para apresentação das Demonstrações? As bases para apresentação das Demonstrações Contábeis são definidas pelo Comitê de Pronunciamentos Contábeis-CPC. O CPC 26 (R1) - Apresentação das Demonstrações Contábeis apresenta a finalidade e o conjunto completo das demonstrações. Um dos objetivos do pronunciamento é assegurar a comparabilidade de diversas demonstrações de períodos anteriores da mesma ou de outra entidade. Mas, qual a finalidade das Demonstra- ções Contábeis? Para ser caracterizada como Demonstração Contábil ela precisa estar estruturada com infor- mações úteis para a tomada de decisão. Tomar uma decisão exige conhecimento de relatório contábil, fluxos de caixa e resultados apresentados pela administração da empresa com o obje- tivo de ser útil para um grande número de usuários, para que eles possam fazer avaliações ne- cessárias e tomar decisões econômicas baseadas nas informações obtidas. Outra finalidade das Demonstrações é apresentar as responsabilidades, da administração, sua atuação, seus deveres e como foram geridos os recursos. Para que os objetivos das demonstrações sejam satisfeitos é necessário que contenham as seguintes informações: o ativo da empresa, o passivo, o patrimô- nio líquido, as receitas, as despesas, os ganhos e perdas. É necessário também que apresente as alterações ocorridas no capital próprio e os fluxos de caixa. Com essas informações, mais as notas explicativas obrigatórias, os usuários das demonstrações contábeis poderão decidir qual a melhor decisão a ser tomada. De acordo com CPC 00 (R1) - Estrutura Conceitual para Elaboração e Divulgação de Relatório Contábil-Financeiro são considerados usuários externos governos, órgãos re- guladores ou autoridades tributárias, pessoas físicas e jurídicas. VOCÊ SABIA? Importantíssimo! As demonstrações contábeis devem ser identificadas com clareza e distinguidas de qualquer outra informação que possa constar no mesmo documento publicado pela entidade. Vale ressaltar que elas são uma representação monetária da posição patrimonial e financeira de uma empresa em determinada data, constando as transações realizadas por essa entidade no fim de um determinado período. Por meio das demonstrações pode-se ver o resultado da atuação da administração, como os gestores trabalharam e de que forma apresentam a prestação de contas dos recursos a eles confiados. Para que todos os objetivos sejam satisfeitos, é necessário que as demonstrações apresentem informações sobre o ativo, passivo, patrimônio líquido, receitas, despesas, perdas e ganhos, Qual a Finalidade das Demonstrações Contábeis? 06 Laureate- International Universities Contabilidade Societária assim como as alterações ocorridas no capital próprio da empresa, por meio de integralizações de capital feitas pelos proprietários e a devida distribuição. Qual a estrutura das Demonstrações Contábeis? Segundo o Comitê de Pronunciamentos Contábeis – CPC 26 (R1), as demonstrações contábeis são compostas por um Balanço Patrimonial elaborado ao final do período operacional da empresa. O Balanço tem uma estrutura composta por Ativo, Passivo e Patrimônio Líquido. Além do Balanço, as empresas deverão apresentar: a Demonstração do Resultado do Perío- do, com as devidas Receitas, Custos e Despesas e o resultado do período; Demonstração do Resultado Abrangente do Período, mostrando o resultado abrangente atribuível e, por fim, a Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido do Período, com as alterações pertinen- tes ao patrimônio da entidade. A Demonstração dos Fluxos de Caixa do Período é uma outra demonstração contábil que apresenta a capacidade da empresa em gerar caixa e equivalentes de caixa. A Legislação também obriga as empresas a apresentarem as Notas Explicativas, são informações relevantes apresentadas aos interessados nas demonstrações contábeis para que possam compreender as políticas contábeis da entidade. A Demonstração do Valor Adicionado do Período será apresentada se houver alguma exigência legal de algum órgão regulador, a não ser que a entidade queira apresentá-la de forma voluntária. Nas notas explicativas, as entidades devem divulgar claramente que as demonstrações contábeis foram elaboradas de acordo com os pronunciamentos, interpretações e orientações do CPC. Em relação ao CPC, algumas diferenças na composição entre a legislação societária estão presen- tes, como a expressão das demonstrações contábeis ao invés de demonstrações financeiras utili- zadas na legislação societária. O CPC possui maiores exigências em relação às informações que devem ser apresentadas no relatório da administração. O CPC não torna obrigatória a apresen- tação da demonstração do valor adicionado, mas a legislação societária obriga as companhias abertas a apresentá-la. O CPC, no entanto, exige a apresentação da demonstração do resultado abrangente e a legislação societária não exige. As bases para apresentação e classificação de itens nas demonstrações contábeis devem ser mantidas de um período para o outro para dar uniformidade às informações. O regime contábil será o de competência, a exceção se dá apenas nas demonstrações dos fluxos de caixa. Para que as informações sejam adequadamente apresentadas é necessário o nome da entidade ou outra forma que permita a identificação da entidade às quais as demonstrações contábeis estão sendo mostradas. É necessário também informar se as demonstrações referem-se a uma entidade individual ou a um grupo de entidades. Deve-se mencionar ainda a moeda de apresen- tação e o nível de arredondamento (milhares ou milhões), a data base e as notas explicativas e o período abrangido. 07 1.1 Estrutura do Balanço Patrimonial segundo o CPC Não existe uma definição sobre a estrutura ou o formato do balanço patrimonial. O CPC especi- fica quais são os grupos e subgrupos que compõe o balanço. Porém, a ordem instituída no Brasil é a decrescente de liquidez. Ativo Passivo Ativo Circulante Passivo circulante – Caixa e equivalentes de caixa – contas a pagar comerciais e outras – Clientes e outros recebíveis – provisões – Estoques – provisões para benefícios dos empregados – Ativos Financeiros – obrigações financeiras – Pagamentos Antecipados – obrigações relativas à tributação – Ativo não circulante mantido para venda e operações descontinuadas – obrigações associadas a ativos à disposição para venda Ativos biológicos Ativo Não Circulante – receitas recebidas antecipadamente Ativo realizável a longo prazo Passivo Não Circulante– Impostos diferidos – Obrigações financeiras - LP Investimentos *– Provisões – Investimentos avaliados pelo método de equivalência patrimonial – Obrigações associadas a ativos à disposição para venda – LP – Propriedades para investimento – Impostos diferidos Ativo imobilizado – Receitas recebidas antecipadamente - LP Patrimônio Líquido Ativo intangível – Capital – Reservas (com indicação da natureza) – Prejuízos acumulados – Participação de não controladores Total do Ativo Total do Passivo e Patrimônio Líquido *exceto provisões para benefícios de empregados e outros custos operacionais Quadro 1 - Estrutura do Balanço Patrimonial. Fonte: Santos, 2015 e CPC 26. 08 Laureate- International Universities Contabilidade Societária O Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC) foi idealizado a partir da união de esforços e comunhão de objetivos das seguintes entidades: ABRASCA; APIMEC NACIO- NAL; BOVESPA; Conselho Federal de Contabilidade; FIPECAFI; e IBRACON. Em função das necessidades de: convergência internacional das normas contábeis (re- dução de custo de elaboração de relatórios contábeis, redução de riscos e custo nas análises e decisões, redução de custo de capital); centralização na emissão de normas dessa natureza (no Brasil, diversas entidades o fazem); representação e processo demo- cráticos na produção dessas informações (produtores da informação contábil, auditor, usuário, intermediário, academia, governo) (CPC, 2015). VOCÊ SABIA? A estrutura do Balanço Patrimonial proposta pelo Comitê de Pronunciamentos Contábeis está bastante simplificada em relação ao que ocorre com as empresas. As grandes empresas são obrigadas a apresentarem informações completas sobre sua situação patrimonial. Abaixo um modelo de balanço de acordo com a legislação: MODELO DE BALANÇO PATRIMONIAL DE EMPRESA PRIVADA Balanço Patrimonial – Operações Continuadas- R$ milhões 31/12/x6 31/12/x5 ATIVO Circulante Caixa e equivalentes de caixa 2.000 1.000 Aplicações financeiras 500 400 Contas a receber 1.500 1.300 Estoques 1.000 800 Ativos biológicos 300 200 Ativos não circulantes mantidos para venda e operações descontinuadas 600 300 Total Circulante 5.900 4.000 Ativo Não Circulante Ativo realizável a longo prazo 4.000 3.000 Aplicações financeiras 500 500 Contas a receber de clientes 2.000 1.500 Títulos a receber 1.500 1.000 Permanente 13.500 10.400 Investimentos 500 400 Imobilizado 10.000 8.000 09 MODELO DE BALANÇO PATRIMONIAL DE EMPRESA PRIVADA Balanço Patrimonial – Operações Continuadas- R$ milhões 31/12/x6 31/12/x5 Intangível 3.000 2.000 Total do Não Circulante 17.500 13.400 Total do Ativo 23.400 17.400 PASSIVO E PATRIMÔNIO LÍQUIDO Circulante Empréstimos e financiamentos 3.000 2.500 Fornecedores 2.000 1.000 Salários e obrigações sociais 3.000 2.500 Obrigações tributárias 500 300 Provisões 500 300 Total do Passivo Circulante 9.000 6.600 Passivo Não Circulante Empréstimos e financiamentos 2.000 1.000 Fornecedores 4.400 3.400 Obrigações sociais e tributárias 1.000 400 Total do Não Circulante 7.400 5.800 Patrimônio Líquido Capital social realizado 4.000 3.000 Reservas de Capital 300 200 Reservas de lucros 1.700 1.500 Lucros acumulados 1.000 300 Total do Patrimônio Líquido 7.000 5.000 Total Passivo e Patrimônio Líquido 23.400 17.400 Quadro 2 – Modelo de Balanço Patrimonial Operações Continuadas. Fonte: Elaborado pela autora, 2015. Veja o Balanço Patrimonial do Quadro 2, está em ordem decrescente de liquidez. Para se fazer uma análise de balanço é necessária a comparação entre diversos anos. Com as informações, o usuário interessado poderá verificar se a empresa está crescendo ou não. Geralmente compa- ram-se os últimos três anos. A empresa da figura 1 acompanha a estrutura utilizada pela maioria das entidades. As disponibilidades imediatas encontram-se no Ativo Circulante. No Ativo Não Circulante são registrados os direitos que serão realizados no exercício seguinte. O Passivo Cir- culante compreende as obrigações que a empresa tem com terceiros. No Passivo Não Circulante são apresentadas as obrigações da entidade, geralmente exigíveis após 12 meses do fechamento do exercício social. O Patrimônio Líquido da empresa já está de acordo com a Lei nº 11.638/07. Portanto, essa primeira Demonstração Financeira, chamada de Balanço Patrimonial, é o instru- mento contábil mais importante de uma entidade. Por meio dele os clientes internos e externos 10 Laureate- International Universities Contabilidade Societária podem verificar a situação patrimonial da empresa. A liquidez é mensurada por meio da sub- tração dos ativos circulantes menos passivos circulantes. A imobilização da empresa é obtida a partir do ativo não circulante. O passivo exigível apresenta o endividamento feito por meio do capital de terceiros. Já o patrimônio líquido apresenta os lucros, prejuízos que a empresa vem apresentando no decorrer do período. CASO Eastman Kodak Company A Eastman Kodak Company é uma empresa multinacional especializada em equipamentos foto- gráficos profissionais e amadores. Foi cofundada por George Eastman, inventor do filme foto- gráfico, e ficou mundialmente famosa pela produção e comercialização desse produto. Durante a maior parte do século 20, a companhia foi uma gigante no mercado de filmes fotográficos, chegando a dominar 90% desse mercado nos Estados Unidos na década de 70. Entretanto, no fim dos anos 90, a Kodak começou a enfrentar sérios problemas financeiros de- vido à queda de vendas em filmes durante a transição para a era da fotografia digital. O último ano em que obteve algum lucro, nesse longo período de crise, foi 2007. A empresa chegou a mudar de estratégia, abraçando a tecnologia digital de fotografia e im- pressão, mas, em 2012, pediu proteção contra a falência para o governo norte-americano. Em 2013, a Kodak emergiu da falência abrindo mão de vários de seus serviços, como a fabricação de câmeras digitais de foto e vídeo. A geração de caixa medida pelo lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) mostrou uma importante melhora. Passou de um prejuízo de US$ 50 milhões no quarto trimestre de 2012 para US$ 9 milhões negativos em igual período de 2012. Fonte: Tecmundo, 2015. 1.2 Ativo Circulante e Ativo não circulante O Ativo é dividido em Circulante e Não Circulante, que deve ser apresentado de forma separada. Os recursos do Ativo são controlados pela entidade, que deve apresentar o montante que ela espera ser recuperado em até 12 meses ou o montante a ser recuperado em um prazo maior que 12 meses, para cada item do ativo. Essa informação é mostrada por meio do Balanço Patrimo- nial. O CPC 26 (R1) ressalta a importância da classificação do ativo, que deve estar em ordem de liquidez, para que a informação seja confiável. Como se classifica o Ativo Circulante? De acordo com o CPC 26 (R1), o ativo será classificado no circulante da seguinte forma: precisa estar configurado como caixa ou equivalente de caixa, precisa ser realizado em até 12 meses após a data do balanço. O propósito do ativo circulante é ser negociado, realizado, vendido ou consumido ciclo operacional normal da entidade. O que é ciclo operacional? Ciclo operacional é o tempo entre a aquisição do ativo e a realização por meio do caixa ou equivalentes. Quando não houver clareza quanto ao ciclo operacional da empresa, pressupõe-se que a duração seja de 12 meses. Ou seja, o ativo circulante deverá ser de 12 meses exceto quando a empresa tiver um ciclo operacional maior. 11 Portanto, conclui-se que a entidade que tiver em seus estoques contas receber de clientes vendi- dos ou consumidos dentro do ciclo operacional normal, esse ciclo operacional será de 12 meses, classificadas noativo circulante. Quando houver operações com ciclos operacionais maiores, elas serão classificadas no ativo não circulante. No ativo circulante devem ser apresentados os subgrupos em ordem de liquidez. O que significa “ordem de liquidez”? Significa que no Brasil o balanço é apresentado primeiramente por contas que podem se transformar em dinheiro imediato. Portanto, a conta “Caixa de Equivalentes de Caixa” geralmente é a primeira conta do balanço patrimonial, conforme modelo apresentado, Equivalentes de Caixa refere-se a todas as operações feitas por meio de aplicações financeiras de curto prazo ou conta corrente bancária. Depois, seguem no balanço as contas com menor liquidez. São os títulos a receber, estoque, ativos financeiros, entre outros. É importante ressaltar que as contas relacionadas a vendas precisam estar disponíveis e devem ser mensuradas a valor justo, de acordo com o CPC 38. De acordo com o CPC 31 aparecem também os ativos não circulantes mantidos para venda e os clientes comerciais, seguindo contas a receber de partes relacionadas e pagamentos antecipados. Finalizando com outras contas a receber. MODELO DE BALANÇO PATRIMONIAL DE EMPRESA PRIVADA Balanço Patrimonial – Operações Continuadas- R$ milhões 31/12/x6 31/12/x5 ATIVO Circulante Caixa e equivalentes de caixa 2.000 1.000 Aplicações financeiras 500 400 Contas a receber 1.000 1.000 Tributos a recuperar 500 300 Dividendos e juros sobre Capital Próprio a receber 100 100 Estoques 900 700 Ativos biológicos 300 200 Ativos não circulantes mantidos para venda e operações descontinuadas 600 300 Total Circulante 5.900 4.000 Quadro 3 - Modelo de balanço patrimonial. Ativo Circulante. Fonte: Elaborado pela autora, 2015. O Balanço Patrimonial do Quadro 3 apresenta o grupo do Ativo separado no subgrupo Circulan- te. A demonstração deve apresentar o tipo de operação, continuada ou descontinuada. Se a em- presa não tem a intenção de descontinuidade, ou seja, encerrar seus negócios, então o balanço deve demonstrar as operações com o pressuposto da continuidade. No modelo há informações comparativas para que seja compreendido o conjunto das demonstrações contábeis, de acordo com o CPC 26 (R1). A Norma Contábil informa que devem ser apresentados no mínimo dois balanços patrimoniais e, se quiser, poderá também apresentar adicionais. A conta “caixa de equivalentes de caixa”, segundo a norma internacional, é designada para di- nheiro em caixa ou em bancos, na conta corrente da entidade, assim como valores que podem ser convertidos em dinheiro, como aplicações de curtíssimo prazo que poderão ser convertidos 12 Laureate- International Universities Contabilidade Societária de forma rápida. Quanto às aplicações financeiras, o prazo de resgate deve ser de 90 dias, para atender ao conceito de liquidez imediata. Geralmente fazem parte dessa conta: o caixa, depósi- tos bancários à vista, numerários em trânsito e aplicações de liquidez imediata. A conta “tributos a recuperar” refere-se geralmente a compensação de tributos, muitas vezes recolhidos a maior e que devem ser contabilizados nas contas do ativo. A conta “dividendos e juros sobre capital próprio a receber”, refere-se a distribuição de rendi- mentos de empresas abertas quando elas apresentam lucros. Essas empresas são obrigadas a distribuir pelo menos 25% do lucro líquido em dividendos. Dividendo é uma fração do lucro da empresa. Dependendo do estatuto da empresa, os dividendos podem ser distribuídos por meio de juros sobre o capital próprio, onde o investidor paga 15% de imposto de renda. A conta “ativo biológico” tem definições diferentes. Na norma internacional, de acordo com a definição do CPC 29, caracteriza-se como ativo biológico animal e/ou planta, vivos e, de acordo com O Instituto de Auditores Independentes do Brasil, é tudo que nasce, cresce e morre, sendo que no momento em que morre, torna-se produto agrícola. É o que ocorre com árvores, por exemplo, enquanto está na plantação é ativo biológico, quando se transforma em madeira, torna-se produto agrícola. No modelo há o subgrupo Ativo Circulante, uma conta chamada “Ativos não circulantes manti- dos para venda e operações descontinuadas”. Essa conta deve ser apresentada quando a empre- sa entender que o valor do ativo estará disponível para venda imediata e que ela não pretende fazer uso contínuo desse ativo. Os ativos, tanto circulantes como não circulantes, devem estar como grupos separados no balanço patrimonial, o mesmo ocorre com o passivo circulante e o não circulante. O livro Contabilidade Societária, de José Luiz dos Santos e Paulo Schmidt, Ed. Atlas (2015) é importantíssimo para os futuros contadores. Se você ainda não leu nenhum livro relacionado à área, está na hora de começar. Este livro apresenta informações atualizadas sobre as normas do Comitê de Pronunciamentos Contábeis – CPC. VOCÊ QUER LER? De acordo com o item 66 do pronunciamento técnico CPC 26 (R1), todos os demais ativos devem ser classificados no ativo não circulante, isto é, outros ativos que não sejam caixa ou equivalente de caixa, cuja utilização não está restrita ou que se espera que seja realizado ou é mantido para venda, negociação ou consumo dentro dos 12 meses seguintes à data do balanço. O ativo não circulante, de acordo com o pronunciamento técnico CPC 26 (R1), deve ser subdi- vidido em: • realizável a longo prazo; • investimentos; • imobilizado; • intangível. 13 MODELO DE BALANÇO PATRIMONIAL DE EMPRESA PRIVADA Balanço Patrimonial – Operações Continuadas- R$ milhões 31/12/x6 31/12/x5 ATIVO Circulante Caixa e equivalentes de caixa 2.000 1.000 Aplicações financeiras 500 400 Contas a receber 1.000 1.000 Tributos a recuperar 500 300 Dividendos e juros sobre Capital Próprio a receber 100 100 Estoques 900 700 Ativos biológicos 300 200 Ativos não circulantes mantidos para venda e operações descontinuadas 600 300 Total Circulante 5.900 4.000 Ativo Não Circulante Ativo realizável a longo prazo 4.000 3.000 Aplicações financeiras 500 500 Contas a receber de clientes 2.000 1.500 Títulos a receber 1.500 1.000 Permanente 13.500 10.400 Investimentos 500 400 Imobilizado 10.000 8.000 Intangível 3.000 2.000 Total do Não Circulante 17.500 13.400 Total do Ativo 23.400 17.400 Quadro 4 - Modelo de Balanço Patrimonial. Ativo Circulante e Não Circulante. Fonte: Elaborado pela autora, 2015. A demonstração no Quadro 4 mostra que devem ser apresentadas, pelo menos anualmente, o conjunto das demonstrações contábeis. No ativo não circulante, a conta “ativo realizável a longo prazo” refere-se operações cujas rea- lizações ocorrerão após o término do exercício seguinte. Por exemplo, venda de mercadorias a longo prazo, 48 meses por exemplo. O ativo imobilizado é considerado um ativo tangível, ou seja, corpóreo, palpável, é aquele que se espera utilizar por mais de um período social, dentro do balanço patrimonial. Geralmente destinado à manutenção das atividades da entidade. Para ser reconhecida como conta do ativo imobilizado, é necessário que seja provável o benefício econômico futuro para a entidade. Além disso, o custo relacionado ao item do ativo imobilizado precisa ser confiável, por exemplo, 14 Laureate- International Universities Contabilidade Societária se constar no ativo imobilizado um computador por R$ 10.000,00, a empresa precisará apre- sentar documentos que provem a confiabilidade desse valor para um computador. Estão clas- sificados dentro do ativo imobilizado: imóveis, terrenos, veículos, móveis e utensílios, máquinas e equipamentos, aviões, navios e equipamentos de escritório. Os itens do ativo imobilizado são reavaliados simultaneamente. A conta “investimentos” refere-se a participações em sociedades de forma permanentecom o objetivo de gerar algum rendimento, além de investimento em ouro, obras de arte, propriedades para investimento, investimento em coligadas e controladas. O art. 179 da Lei nº 6.404/76, informa que essa conta não deve fazer parte da manutenção da empresa. Para ser considerado como Intangível, segundo o CPC 26 (R1), o ativo não pode ter substância física e não pode ser identificável monetariamente. Está relacionado ao desenvolvimento de pro- jetos, conhecimentos técnicos, implantação de sistemas ou processos, propriedade intelectual, imagens, marcas, patentes, registros, conhecimentos mercadológicos e direitos autorais. As contas do Ativo referem-se aos bens e direitos que a empresa possui e, por meio delas, o interessado na demonstração contábil poderá verificar a situação patrimonial da empresa. Para que? São diversos os motivos. Os interessados nas demonstrações podem ser investidores que precisam verificar quais os bens que a empresa possui para ver se vale a pena investir. Podem ser também as instituições financeiras. Se a empresa estiver precisando de um empréstimo, os gerentes especializados em análise de crédito verificarão se a empresa tem bens suficientes para arcar com uma possível inadimplência. O governo é outro interessado na demonstração contábil das empresas, fiscalizando e verificando a lucratividade e o pagamento dos impostos. Dependen- do da empresa e da atividade que ela oferece, a comunidade também pode se interessar pela situação patrimonial, principalmente se os membros da comunidade trabalham para a empresa. As contas do Ativo também mostram a solidez da entidade. Quando se compara as demonstra- ções de anos anteriores, os interessados na demonstração verificarão se a entidade está inves- tindo no patrimônio ou se está se desfazendo dos bens. É importante ressaltar que os bens encontrado no Ativo Não Circulante referem-se ao patrimônio da empresa. Não será vendido, pois eles foram adquiridos para que empresa pudesse existir. São imóveis, veículos para uso, máquinas em geral, equipamentos. Algumas entidades também têm participação em outras empresas e é no Ativo Não Circulante que se demonstra o investimento em participação em outras empresas. 1.3 Passivo Circulante, Passivo não Circulante e Patrimônio Líquido Para ser considerado Passivo precisa existir na entidade uma obrigação ou responsabilidade para agir ou executar uma determinada tarefa. Essas exigências ou obrigatoriedades podem ser con- tratuais ou estatutárias. Podem ser salários a pagar, impostos a pagar, bens ou serviços, desde que sejam obrigações presentes. 15 Detentora de marcas reconhecidas como Sadia, Perdigão, Qualy Chester, Perdix e Par- ty, a BRF é hoje uma das maiores produtoras de alimentos resfriados e congelados de proteínas do mundo. A empresa atua nos segmentos de carnes, alimentos processados, lácteos, margarinas, massas, pizzas e vegetais congelados, sendo responsável por 14% do comércio mundial de aves. VOCÊ O CONHECE? O lado direito do Balanço Patrimonial será denominado de passivo e patrimônio líquido, mas não existe obrigatoriedade nas normas brasileiras por meio do CPC de que o patrimônio líquido faça parte do passivo. A legislação societária menciona a obrigatoriedade. O passivo deve ser classificado em ordem decrescente de exigibilidade, conforme determina o CPC 26 (R1). É uma obrigação presente da entidade, derivada de eventos já ocorridos, cuja liquidação espera que resulte em saída de recursos capazes de gerar benefícios econômicos. Deve ser classificado em passivo circulante e passivo não circulante. Quando o passivo é classificado como circulante? Para ser classificado como circulante, de acordo com o CPC 26 (R1), ele precisa satisfazer os seguintes critérios: a liquidação ocorreu durante o ciclo operacional da entidade, sendo que a liquidação deverá ocorrer no período de até doze meses após a data do balanço. Para ser con- siderado passivo, deverá estar vinculado à finalidade de ser negociado e não poderá diferir a liquidação durante pelo menos doze meses após a data do balanço. Modelo de recorte do Passivo Circulante e Não Circulante: PASSIVO E PATRIMÔNIO LÍQUIDO Passivo Circulante Empréstimos e financiamentos 3.000 2.500 Fornecedores 2.000 1.000 Salários e obrigações sociais 3.000 2.500 Obrigações tributárias 500 300 Provisões 500 300 Total do Passivo Circulante 9.000 6.600 Passivo Não Circulante Empréstimos e financiamentos 2.000 1.000 Fornecedores 4.400 3.400 Obrigações sociais e tributárias 1.000 400 Total do Não Circulante 7.400 5.800 Quadro 5 - Modelo de Passivo Circulante e Não circulante. Fonte: Elaborado pela autora, 2015. Todos os outros passivos devem ser classificados como não circulantes. O ciclo operacional normal da entidade deve ser aplicado nos ativos e passivos. Quando não houver classificação 16 Laureate- International Universities Contabilidade Societária clara do ciclo operacional, deve-se considerar 12 meses. Para ser classificado como passivo circulante, alguns critérios devem ser levados em consideração. Da mesma forma que os ativos, os passivos circulantes devem ser classificados na entidade quan- do sua liquidação estiver prevista para o período de 12 meses após a data do balanço. Já a classificação como não circulante será dada se o credor tiver concordado com prazo maior que 12 meses após a data do balanço. O passivo circulante deve ter no mínimo os seguintes subgrupos, segundo o CPC 26 (R1): • contas a pagar comerciais e outras; • provisões; • obrigações financeiras; • obrigações relativas à tributação corrente; • obrigações associadas a ativos à disposição para venda. As provisões devem ser segregadas no balanço ou em notas explicativas como provisões para be- nefícios de empregados. As provisões geralmente são consideradas com prazos ou valores incertos. A conta “dividendos/juros sobre capital próprio - JSCP” no passivo refere-se a valores que deve- rão ser pagos obrigatoriamente de acordo com o estatuto social da empresa. Por exemplo: se a empresa BRF S/A tiver sócios, ela deverá distribuir o valor dos dividendos para eles e contabilizar da seguinte forma: Pelo crédito dos juros sobre capital próprio - JSCP a pagar em 2015 D - Juros sobre o Capital Próprio (Conta de Resultado – Despesas Financeira) .. R$ 5 C - Juros sobre Capital Próprio a Pagar (Passivo Circulante) ...............................R$ 4 C - IRRF a Recolher (Passivo Circulante)............................................................ R$ 1 • Patrimônio líquido O patrimônio líquido é o valor que sobra da redução entre os ativos e passivos da entidade, referem-se aos recursos próprios feitos pelos sócios da entidade, como investimentos em dinhei- ro, por reservas de lucros. Portanto, a divisão do patrimônio líquido está vinculada ao capital integralizado pelos proprietários e as reservas, assim como a participação de não controladores que deve ser apresentada de forma destacada dentro do patrimônio líquido. 17 Modelo de Patrimônio Líquido em uma empresa: Patrimônio Líquido Capital social realizado 4.000 3.000 Reservas de Capital 300 200 Reservas de lucros 1.700 1.500 Lucros acumulados 1.000 300 Total do Patrimônio Líquido 7.000 5.000 Quadro 6 - Modelo de Patrimônio Líquido. Fonte: Elaborado pela autora, 2015. De acordo com o art. 179 da Lei nº 6.404/76, alterada pela Lei nº 11.638/07, o patrimônio lí- quido deverá ter as seguintes contas: capital social, reserva de capital, reservas de lucros, ajustes de avaliação patrimonial, ações em tesouraria e prejuízos acumulados. A conta “capital social” refere-se ao investimento feito pelos proprietários ou acionistas destina- dos à entidade. A conta “reservas de capital” refere-se ao valor que não pode ser distribuído aos investidorese deve ser alocado à conta Capital Social ou a Reserva de Lucros. A conta “reservas de lucros” refere-se ao lucro reservado pela empresa, realizados, mas ainda não distribuídos aos acionistas. As reservas de lucros, segundo a Lei nº 11.638/07 podem ser relacionadas como: a) Reserva Legal, é uma obrigatoriedade que visa dar proteção ao credor, está vinculada a 5% do lucro líquido da entidade e não pode ultrapassa a 20% do capital social da empresa; b) Reserva para Contingências, refere-se a uma parcela do lucro que visa amenizar alguma perda que a empresa possa ter no período; c) Reserva para Retenção de Lucros, visa reter uma parte do lucro líquido da entidade para expandi-la. A conta “ações em tesouraria” são ações que a empresa adquire dela mesma e que devem ser destacadas como redutora no patrimônio líquido. O patrimônio líquido muitas vezes é confundido com dinheiro em caixa. Esse é um erro muito comum do leigo, que muitas vezes faz um mau negócio por não compreender devidamente a função do patrimônio líquido. A empresa pode estar com um lucro extraordinário e sem nenhum dinheiro em caixa. Por exemplo: Ativo Passivo Circulante Circulante Caixa e equivalentes R$ 0 Contas a pagar R$10.000,00 Não Circulante Patrimônio Líquido -PL Imóveis R$ 90.000,00 Capital R$ 10.000,00 Máquinas e equipamentos R$ 10.000,00 Veículos R$ 50.000,00 Lucro R$ 130.000,00 Total do Ativo R$ 150.000,00 Total do Passivo e PL R$ 150.000,00 Quadro 7 - Situação de empresa com lucro sem dinheiro. Fonte: Elaborado pela autora, 2015. 18 Laureate- International Universities Contabilidade Societária Entendeu o que ocorreu no Quadro 7? O lucro apresentado pela empresa refere-se aos bens comprados pela empresa e que não poderão ser vendidos, pois são compras feitas para a ma- nutenção da empresa. No entanto, ela apresenta um lucro extraordinário em relação às dívidas, ou seja, ela apresenta uma dívida insignificante diante do lucro extraordinário, mas nenhum di- nheiro em caixa. Portanto, para que a empresa possa efetivamente trabalhar, ela terá que vender parte dos bens que foram comprados para a manutenção da empresa. O investidor leigo poderá ter problemas sérios se investir nesta empresa. Para entender a participação do patrimônio lí- quido na empresa, deve-se fazer a equação: Ativo - Passivo= Patrimônio Líquido, mostra que se deve somar o total do ativo e subtrair todas as dívidas todas as dívidas que se encontram no passivo. O resultado será o patrimônio líquido. Portanto, no exemplo mencionado Ativo = R$ 150.000,00 – Passivo R$ 10.000,00 = Patrimônio Líquido R$ 140.000,00 (capital + lucros). 1.4 Demonstração de Resultado do Exercício Para que serve a Demonstração de Resultado do Exercício - DRE? O maior objetivo da Demonstração do Resultado do Exercício (DRE) é mostrar a formação do resul- tado líquido de uma entidade por meio das informações sobre receitas, despesas, custos e resultados. Análise Avançada das Demonstrações Contábeis: Uma Abordagem Crítica – Autor (a) – Elizeu Martins, Josedilton Alves Diniz e Gilberto José Miranda. O livro apresenta diversos exercícios que poderão ser utilizados pelo futuro contador, mostrando indica- dores de desempenho econômico e financeiro, apresentando análise de diversas de- monstrações contábeis e auxiliando a abordagem crítica dos assuntos tratados. Fonte: Análise avançada das demonstrações contábeis, 2015. VOCÊ QUER LER? Demonstração de Resultado do Exercício ou Demonstração do Resultado do período, conforme normas brasileiras editadas pelo CPC, é uma demonstração obrigatória que deve ser apresentada pelas entidades. A entidade deve apresentar todos os itens de receita e despesas ocorridas no pe- ríodo, por meio de duas demonstrações: Demonstração do Resultado do Período e Demonstração do Resultado Abrangente do período. As entidades têm a obrigatoriedade de apresentar as de- monstrações em conformidade com o regime de competência. Apenas a Demonstração dos Fluxos de Caixa não deve ser apresentada com esse regime. De acordo com a Lei nº 6.404/76, alterada pela Lei nº 11.941/09, o critério para apresentação deve ser baseado na função das despesas e receitas. Segundo o CPC 26 (R1), a divulgação deve obedecer as seguintes disposições: a) recei- tas referem ao ingresso bruto de benefícios econômicos, b) custo dos produtos, das mercadorias ou dos serviços prestados; c) lucro bruto que se refere a diferença entre a receita e o custo; d) as despesas em geral (administrativas e operacionais); e) o resultado pelo método de equivalência patrimonial; f) as despesas financeiras; g) outras despesas e receitas operacionais; h) as receitas fi- nanceiras; i) o resultado antes do tributo sobre o lucro; j) resultado de operações descontinuadas; l) a participação de acionistas e não controladores ; e m) resultado líquido consolidado. Apesar do CPC ter estipulado os dados mínimos necessários, a entidade, se entender que serão necessários outros títulos, considerados relevantes, poderá fazê-lo. 19 Modelo de Demonstração de Resultado do Período: Receita Operacional Líquida R$ 10.000 Custo das Vendas (R$ 6.000) % sobre a ROL (60%) Lucro Bruto R$ 4.000 % sobre ROL 40% Despesas Operacionais (R$ 300) Despesas com Vendas (R$ 100) Despesas Administrativas e honorarios (R$ 200) Resultado Operacional R$ 3.700 Outros Resultados Operacionais R$ 400 Resultado da Equivalência Patrimonial R$ 100 EBIT R$ 3.200 Financeiras Líquidas (R$ 200) Resultados Antes dos Impostos R$ 3.000 Imposto de Renda e Contribuição Social (R$ 250) Resultados Antes das Participações R$ 2.750 Participações de Acionistas não controladores 0 Lucro Líquido (operações continuadas) R$ 2.750 % sobre ROL 27,5% Lucro Líquido (operações descontinuadas) R$ 50 Lucro Líquido (op.continuadas + op. Descontinuadas) R$ 2.800 EBITDA (op. Continuadas) 3.400 * EBITDA (op. Continuadas + Descontinuadas) 3.600 * *valores fictícios Quadro 8 - Modelo de Demonstração de Resultado do Período – DRP. Fonte: Elaborado pela autora, 2015. Perceba que a empresa acima apresenta uma Demonstração de Resultados com informações mais completas do que as pedidas pela legislação. Eles apresentam os percentuais de cada conta em relação à Receita Operacional Líquida (ROL). Por exemplo: qual o percentual do custo de venda em relação à receita operacional líquida? Custo de venda: R6.000/ R$ 10.000 = 60% , ou seja, o custo de venda representa 60% da recei- ta líquida da empresa. Essas informações servem para os investidores fazerem suas avaliações. Note que todos os percentuais estão relacionados à receita operacional líquida. Há também duas siglas desconhecidas, EBITDA e EBIT. Estes dois termos referem-se a divulga- ções que as empresas voluntariamente resolvem oferecer aos acionistas ou usuários em geral. Há uma instrução da Comissão de Valores Mobiliários (instrução nº 527/12), que tem por objetivo uniformizar as informações que as empresas divulgam em suas demonstrações contábeis. EBITDA (sigla em inglês para earnings before interest, taxes, depreciation and amortization), no Brasil é 20 Laureate- International Universities Contabilidade Societária chamado de LAJIDA, que refere-se aos lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortiza- ção. Esses valores são retirados para que as empresas possam se aproximar dos valores de um fluxo de caixa. É largamente utilizado por administradores e economistas, que se utilizam dessa ferramenta para avaliar a situação financeira da empresa. Não deve ser avaliado separadamente de outras informações porque a análise pode dar um resultado errôneo da situação da empre- sa. EBIT (earnings before interest and taxes), em português LAJIR, que é o lucro antes de juros, imposto de renda e contribuição social sobre o lucro líquido. Tem uma função operacional. Os analistasa utilizam com o objetivo de verificar a situação operacional da empresa, isto é, qual o verdadeiro lucro da empresa a partir da atividade que ela exerce. Qual a diferença entre EBIT e EBITDA? O EBIT considera os cálculos da depreciação e da amortização visto que essas informações in- dicando a situação sobre o resultado da empresa. Já o EBITDA não considera a depreciação e a amortização para a avaliação do resultado empresa- rial. Os dois instrumentos fazem com que o acompanhamento dos resultados indicando como estão os negócios para que os administradores e contadores possam fazer o planejamento adequado. Note que na Demonstração de Resultado do Exercício da empresa BRF S/A (Figura 6), essas in- formações ficaram em destaque. Perceba também que a empresa está mencionando as operações descontinuadas, ou seja, ope- rações em que houve ganho ou perda no resultado. Devem ser mencionadas na Demonstração de Resultado. As operações descontinuadas são relativamente novas nas demonstrações de resultado das empre- sas. Estão dentro dos pronunciamentos do Comitê de Pronunciamentos Contábeis – CPC 31, que apresenta os normativos para o Ativo Não Circulante Mantido para Venda e Operação Descontinu- ada, que exige que os ativos não circulantes que forem remetidos para venda sejam mensurados. Segundo Santos (2015), há diferenças entre a legislação societária e o CPC, relacionadas às separações de receitas e despesas financeiras, conceito de resultado operacional, destaque nas participações, informações sobre ganhos e perdas, que devem ser vistos detalhadamente tanto no CPC quanto na legislação. Um dado importante é que o grupo denominado resultado opera- cional não existe nas normas brasileiras pelo CPC. VOCÊ QUER VER? O filme “Um sonho de Liberdade”, do diretor Frank Darabont, mostra que o conhe- cimento contábil pode ser usado de diversas formas. A história conta que um detento com conhecimentos contábeis tem acesso às contas pessoais do diretor do presídio e aproveita-se da situação. Muito interessante. Segundo Santos (2015) e de acordo com as normas internacionais, os ganhos e perdas prove- nientes da venda ou baixa de ativos não circulantes, assim como a redução nos estoques e a re- estruturação das atividades da entidade, devem ser divulgados separadamente na demonstração do resultado do período antes do grupo “resultado antes das receitas e despesas financeiras”, conforme item 98 do CPC 26 (R1). É importante ressaltar que as demonstrações contábeis são preparadas com o intuito de continuidade de suas operações, a menos que a entidade precise liquidar e não tenha meios de dar continuidade operacional à empresa. 21 Ainda de acordo com Santos (2015), se as demonstrações forem apresentadas com o pressu- posto da descontinuidade, ou se houver alguma operação descontinuada, os valores devem ser apresentados após as operações continuadas com as seguintes informações: os resultados líqui- dos devem ser apresentados após as operações descontinuadas e o resultado após o valor justo deve estar mensurado sem as despesas de vendas. De acordo com o pronunciamento técnico CPC 26 (R1), o grupo intitulado tributos sobre lucro é a diferença entre o resultado antes das receitas e despesas financeiras e as despesas e as receitas financeiras. Ainda segundo o CPC 26 (R1): • Itens extraordinários não devem ser apresentados nos itens de receitas ou despesas, deverão ser apresentados em linha específica, com as devidas notas explicativas. • Lucro ou prejuízo líquido do exercício: o grupo intitulado resultado líquido do período é a diferença entre o resultado das operações continuadas e o resultado líquido das operações descontinuadas. Se a empresa estiver em continuidade, será a diferença entre o resultado antes dos tributos sobre o lucro e as despesas com tributos sobre o lucro. • Lucro ou prejuízo por ação: obrigatoriamente há necessidade de apresentar ao final da demonstração o lucro ou prejuízo básico e diluído por ação ou quota de capital. De acordo com Santos (2015, p.62): a) o lucro ou o prejuízo atribuível aos titulares de capital próprio ordinário da companhia deve ser aumentado pelo valor após tributos sobre dividendos e participação (se houver) reconhecidos no período em relação às ações ordinárias potenciais diluidoras, e deve ser ajustado por quaisquer outras alterações nas receitas ou despesas que resultariam da conversão das ações ordinárias potenciais diluidoras; e b) o número médio ponderado de ações ordinárias totais com os acionistas deve ser aumentado pelo número médio ponderado de outras ações ordinárias que teriam estado em poder dos acionistas, assumindo a conversão de todas as ações ordinárias potenciais diluidoras. Entende-se por diluição a redução do lucro por ação. “Ações ordinárias” são instrumentos do patrimônio que estão subordinadas a outras classes de instrumentos patrimoniais. Há uma estrutura mínima para a Demonstração do Resultado do Período. 22 Laureate- International Universities Contabilidade Societária Demostração do Resultado do período Receita Bruta (-) Deduções da receita bruta* Receita Líquida* (-) CMV Lucro Bruto Despesa com vedas Despesas administrativas Outras despesas e receitas operacionais Resultado e Equivalência patrimonial Itens evidenciados separadamente (item 98 do CPC 26(R1)) Resultado antes dos tributos sobre o lucro Despesas �nanceiras Receitas �nanceiras Resultado líquido das operações continuadas Resultado líquido das operações descontinuadas Resultado da mensuração a valor justo de ativos descontinuados Resultado líquido do período (-) Participação de minoritários Resultado líquido Consolidado Lucro (prejuízo) líquido por ação *itens que não constam da estrutura mínima. Figura 1 - Modelo de Demonstração do Resultado do Período. Fonte: Santos, 2015. A Demonstração de Resultado do Período apresenta o resumo das operações financeiras das empresas, a possibilidade de crescimento, as receitas, os custos, as despesas, a participação dos acionistas minoritários, de forma gerencial, sendo uma obrigatoriedade legal de acordo com a Lei nº 11.638/07. A periodicidade de uma demonstração financeira ou de resultado depende da necessidade da empresa. Há uma obrigatoriedade legal anual, mas, dependendo do tamanho e do tipo de em- presa, as demonstrações poderão ser divulgadas semestralmente, trimestralmente. A divulgação deve ser feita em jornais de grande circulação para atender à legislação. A maioria das empresas que têm essa obrigatoriedade divulga também em outros meios de comunicação, principalmente a internet. O exercício social tem duração de um ano e, a cada momento, apura-se o resultado do exercício verificando se houve lucro ou prejuízo na empresa. É por meio da Demonstração de Resultado do Período que se verifica a eficiência da empresa, com indicadores globais, apresentando se houve retorno do investimento aplicado. 23 Síntese Neste capítulo inicial você teve a oportunidade de: • conhecer os conceitos de Demonstrações Contábeis; • entender o que é Balanço Patrimonial e a importância desses instrumentos de avaliação para as empresas; • entender as diferentes formas de se analisar uma empresa, seja por meio do Balanço Patrimonial ou por meio da Demonstração de Resultado do Período; • Distinguir a diferença ente Ativo, Passivo e Patrimônio Líquido; • Identificar as funções das contas patrimoniais. Conhecer ainda que para se chegar ao lucro, a empresa precisa calcular suas receitas seus custos, despesas e impostos. • Enfim, compreender que as demonstrações podem ser apresentadas com periodicidade trimestral ou anual A forma de apresentação depende da necessidade das empresas em informar a seus clientes e outros usuários externos, sobe suas ações, investimentos e práticas. Síntese 24 Laureate-International Universities Referências ANÁLISE AVANÇADA DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS. http://www.saraiva.com.br/ana- lise-avancada-das-demonstracoes-contabeis-uma-abordagem-critica-4054685.htm. Acesso em 09/11/2015 BRF S/A. Disponível em: http://br.investing.com/equities/brf-foods-on-ej-nm-balance-sheet. Acesso em 10/11/2015 CPC - COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS – CPC – Disponível em: http://www. cpc.org.br/CPC. Acesso em 11/11/2015 COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS PRONUNCIAMENTO TÉCNICO CPC 26 (R1) Apresentação das Demonstrações Contábeis CONHEÇA O CPC . Disponível em: http://www.cpc.org.br/CPC/CPC/Conheca-CPC. Acesso em 06/11/2015 DARABONT, Frank. Um Sonho de Liberdade. Elenco: Tim Robbins, Morgan Freeman, Bob Gunton. História: Stephen King. Columbia Pictures. Los Angeles, 1994. SANTOS, José Luiz, SCHMIDT, Paulo. Contabilidade societária: Atualizada Pela Lei Nº 12.973/14 e Pelas Normas do CPC até o Documento de Revisão de Pronunciamentos Técnicos nº 03/2013. 5ª ed. São Paulo: Atlas, 2015. TECMUNDO. Disponível em www.tecmundo.com.br/empresas-e-instituicoes/56240-perdidas- -tempo-10-grandes-empresas-estiveram-no-topo.htm. Acesso em 12/11/2015. Bibliográficas
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