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A Atuação do Psicólogo na Equoterapia Um Estudo de Caso

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1. Introdução
A Equoterapia é um método terapêutico baseado na atividade eqüestre e técnicas de equitação, que utiliza o cavalo como um instrumento de trabalho, refere-se às várias áreas que empregam o cavalo por equipes multidisciplinares, com objetivos terapêuticos variados. Buscando o desenvolvimento biopsicossocial, como agente promotor de ganhos físicos, psicológicos e educacionais, desenvolvendo assim, novas formas de socialização, autoconfiança e auto-estima.
Lermontov (2004), descreve a evolução histórica da Equoterapia, que data desde 370 a.C, quando Hipócrates aconselhava esta prática como forma de sanar algumas doenças e como forma preventiva principalmente no tratamento de insônia. Ele afirmava que esta prática ajudava na regeneração e melhora do tônus muscular.
O médico grego Asclepíades, da Prússia (124-40 a.C.), recomendava o uso do cavalo a pacientes que apresentavam problemas motores significativos. Mas após esta data essa prática terapêutica foi abandonada por muitos anos, sendo retomada em 1569 pelo médico Merkurialis, em sua obra “De arte gymnastica” que menciona a equitação em posição de destaque entre os exercícios e ginásticas, pois exercita não só o corpo, mas também os sentidos. Vários outros médicos seguiram a mesma afirmativa como, por exemplo:
O fisiatra Gustavo Zander que foi o primeiro a afirmar que as vibrações transmitidas ao cérebro com 180 oscilações por minuto estimulam o sistema nervoso simpático. Isso ele comprovou, mas sem associar ao cavalo. Quase 100 anos depois, o médico e professor Dr. Rjeder, chefe da unidade neurológica da Universidade Martin Luther, da Alemanha, mediu essas vibrações e verificou que correspondiam exatamente aos valores que Zander havia recomendado sobre o dorso do cavalo ao passo ou ao trote (LERMONTOV, 2004, p. 45).
Mas a Equoterapia só despertou a classe médica empírica que passou a se interessar pelo programa de atividade eqüestre como meio terapêutico, após verem a atuação de Liz Hartel nas olimpíadas de 1952 onde foi premiada com a medalha de prata em adestramento, competindo com os melhores cavaleiros do mundo. Liz havia sido acometida oito anos antes das olimpíadas por uma forma grave de poliomielite, impossibilitando-a de deslocamento a não ser em cadeira de rodas.
A reeducação eqüestre surgiu em 1965 na França, onde o amor pelos cavalos é muito difundido, essa reeducação afirma-se rapidamente como uma possibilidade do deficiente em recuperar e valorizar as próprias potencialidades. Assim, na França, a Equoterapia torna-se uma matéria didática (LERMONTOV, 2004, p. 47).
Para Medeiros (2009), a utilização do cavalo na área da saúde é tão antiga quanto à medicina, mas foi após a Primeira Guerra Mundial que o cavalo entrou definitivamente na área de reabilitação. Os países escandinavos foram os primeiros a utilizá-lo com tal finalidade.
Segundo Nascimento (2008), a prática da equoterapia se dá em pleno contato com a natureza, proporcionando formas de aplicação de exercícios de recuperação e integração, complementando as terapias tradicionais, que se valem de instrumentos tecnológicos em clínicas e consultórios.
No Brasil foi criada a ANDE-Brasil (Associação Nacional de Equoterapia em 1989). Em 1999 o Hospital de Aparelho Locomotor-SARAH realizou a primeira sessão de Equoterapia. A Equoterapia foi reconhecida no Brasil como método terapêutico em 1997 pelo Conselho Federal de Medicina.
Este método terapêutico necessita de um apoio por parte de todos os profissionais envolvidos, onde facilita o desenvolvimento das potencialidades do praticante, em atendimento na equoterapia. Levando em consideração, o fato, de que o mesmo é um ser biopsicossocial, deve ser tratado independente de sua deficiência.
A equipe de Equoterapia pode ser formada por: Médicos, Fisioterapeutas, Psicólogos, Terapeutas Ocupacionais, Fonoaudiólogos, Educadores Físicos e Instrutores de Equitação. A atuação desses profissionais na pista com o trabalho de reabilitação ocorre conforme o perfil clínico de cada praticante.
A atuação do Psicólogo na Equoterapia é necessariamente conhecer todos os profissionais que estarão trabalhando juntos de forma interdisciplinar, como o cavalo, o praticante, além de todo o material empregado nas técnicas e exercícios utilizados na Equoterapia, desta forma ele obterá uma visão precisa das coisas possíveis dentro do tratamento. O Psicólogo, assim, ajuda na desenvoltura da equipe e promove melhora nas relações familiares, atendimento das dificuldades do praticante como um todo, proporcionando-lhe melhoras nos aspectos físicos e psíquicos.
O psicólogo tem como função detectar com o praticante, a família e os membros da equipe, suas necessidades, potencialidades e limites, para uma melhora em seu desempenho inter e intrapessoal, atuando nos aspectos como: aproximar o praticante X cavalo, que é um fator determinante para a continuidade do trabalho; proporcionar a descoberta e a exteriorização dos sentimentos, como por exemplo: a amizade; tem também como função educativa, realizar a conscientização do trabalho; por último, promover a ruptura onde o praticante tem a possibilidade de assumir a separação, do praticante com o cavalo.
Do ponto de vista psicológico, a Equoterapia tem por objetivo acompanhar e orientar os praticantes e seus familiares. E por meio de instrumentos lúdicos, como jogos, brincadeiras, transposições de situações, diálogos, o profissional auxilia na elaboração de aspectos emocionais, conflitos e situações.
O psicólogo realiza avaliações psicológicas com a família e com o praticante, quando possível, para ter uma maior compreensão do mesmo. Além disso, auxilia na aproximação do praticante com o animal, o que é crucial para o desenvolvimento do tratamento. O psicólogo ajuda na montaria, que ocorre a partir do momento em que se estabelece um vínculo afetivo entre o indivíduo e o cavalo, encontrando assim, confiança para montar. Porém, quando há dificuldade em montar o animal, é realizado o processo de maternagem, isto é, o terapeuta monta juntamente com opraticante, fornecendo maior segurança (GIMENES e ANDRADE, 2004 p.2).
É de fundamental importância no decorrer do processo terapêutico que se estabeleça um vínculo de respeito, confiança recíproca e afeto entre o psicólogo e o praticante. O objetivo deste trabalho foi identificar qual a função e atuação do psicólogo na Equoterapia, para isso houve o acompanhamento da atuação do psicólogo com o praticante escolhido onde se observou as reações que o mesmo emite durante a Equoterapia, e a evolução diante da mesma.
2. Metodologia
A pesquisa tem como participantes: o Haras como ambiente favorável para a Equoterapia, o praticante, o cavalo juntamente com uma equipe multiprofissional composta por: Psicóloga, Fisioterapeuta, Condutor (a) do cavalo. Ressalta-se que será observado apenas um praticante, portador de uma lesão cerebral por isquemia, sendo o mesmo escolhido para o nosso estudo de caso.
A técnica utilizada foi a entrevista despadronizada ou não-estruturada à equipe multidisciplinar que acompanha o praticante, durante o processo de Equoterapia, desde seu histórico inicial até o processo evolutivo atual. No uso desta técnica, “o entrevistado tem liberdade para desenvolver cada situação em qualquer direção que considere adequado” (MARCONI e LAKATOS, 2010, p. 82).
Utilizou-se também, a técnica da observação, que “é uma técnica de coleta de dados para conseguir informações e utilizar os sentidos na obtenção de determinados aspectos da realidade. Não consiste apenas em ver e ouvir, mas também em examinar fatos ou fenômenos que se deseje estudar" (MARCONI e LAKATOS, 2010, p. 76).
De acordo com Marconi e Lakatos (2010), as Observações em equipe e Observações na vida real consistem em: observar o praticante por vários ângulos, facilitando assim confrontar os dados colhidos para verificar posteriormente as predisposições, que são normalmente feitas no ambiente real, registrando-se os dados à medida que ocorre o evento, reduzindo tendências seletivas e a deturpaçãona reevocação.
Além das observações do estudo de caso, foram realizadas visitas semanais, com duração de 60 a 120 minutos, durante os meses de outubro e novembro, contados entre o processo de Equoterapia do praticante e as discussões levantadas juntamente com a Psicóloga que o acompanha.
3. Resultados
3.1 Histórico de Vida
O praticante, M.B.R , 28 anos, sexo masculino, nascido em  Itaúna- MG, estudou em escola regular e quando veio morar em Anápolis freqüentou a APAE. Seus pais são: V.B.R, sexo masculino,  63 anos , ensino superior, comerciante e natural de Itaúna-MG; M.F.R, sexo feminino, 57 anos, ensino superior, comerciante e natural de Itaúna-MG. Tendo também o irmão J.B.R, 26 anos, ensino superior completo. Os pais são católicos, e relatam não serem preconceituosos.
Quanto à gravidez, a mãe relata que foi planejada por cinco anos, e receberam a notícia ansiosamente, e o pai amou a notícia. A mãe sentiu-se muito bem corporalmente durante a gravidez. Não fez nenhuma transfusão de sangue, sentiu o filho mexer no tempo normal de qualquer criança, não levou nenhum tombo e não teve nenhuma doença durante a gravidez. As condições de saúde foram perfeitas, ao relato da mãe, e as condições emocionais maravilhosas. A mãe relata que não houve nenhum episódio marcante durante a gravidez.
Sobre o nascimento: nasceu de nove meses, com 3.200 kg, relata que foi tudo normal, o pai esteve presente na sala de parto e emocionalmente muito bem. E sua primeira reação ao nascer foi o choro, ficou vermelho, não precisou de oxigênio e não foi detectada nenhuma anormalidade após o nascimento.
Durante o período de desenvolvimento, M.B.R sofreu um acidente durante uma viagem de ônibus com a mãe , mais não teve nenhum dano e nunca se submeteu a nenhuma cirurgia. Atualmente, não possui nenhuma reação alérgica, não tem bronquite e não apresenta nenhum problema de visão e audição. É muito raro ter dor de cabeça, e quando reclama a mãe acha que é pra chamar a atenção. Nunca desmaiou e nunca teve convulsões. Na família ninguém apresenta problemas de desmaios, convulsões e ataques.
M.B.R foi amamentado até seis meses, e agora, sua alimentação é boa e não é forçado a se alimentar. Quando vai comer derruba a comida, mais come sozinho. O mesmo dorme bem, tem um sono tranqüilo, não é sonâmbulo, não range os dentes, e dorme com o tio.
Nasceu um bebê perfeito, firmou a cabeça no tempo certo, sentou no tempo certo, engatinhou, ficou de pé e andou com dez meses. O controle dos esfíncteres foram todas no tempo certo. A mãe relata que atualmente, M.B.R é lento para realizar algumas tarefas e tem má vontade. Veste-se sozinho, não toma banho sozinho, calça-se sozinho e não sabe dar nós nos sapatos. É desastrado, anda de bicicleta muito bem desde pequeno, o único esporte que pratica é a Equoterapia. Em casa só ele é canhoto, não rói as unhas, não chupas os dedos e tem uma mania de morder os dedos, precisa de ajuda para tomar banho, e quando criança não foi exigida que usasse uma das mãos para escrever ou comer.
Quanto à escolaridade, quando criança não gostou de ir à escola, não foi bem aceito pelos colegas na APAE, onde freqüentou por mais ou menos um ano. Os professores falavam que ele era muito nervoso, e não o aceitaram. Já a aquisição da linguagem ele usou as primeiras palavras com significado normal. E hoje, não gagueja e troca letras quando fala, como por exemplo: “eu papei cu (Eu comi tudo); cucu (tatu)”.
Quanto a sexualidade, M.B.R, não recebeu nenhuma orientação. A mãe contou que, por volta dos dezesseis anos M.B.R masturbava a noite toda e ao amanhecer estava exausto e com os olhos avermelhados, ele nunca saciava e tinha muita ereção, por isso houve a necessidade de uso de uma medicação. E hoje, os pais não conversam sobre a sexualidade.
O relacionamento com os pais é bom. M.B.R não gosta muito do irmão porque sente ciúmes. As medidas disciplinares normalmente usadas com ele são: “falar que não gostei; fiquei triste”, quem as usa com ele é o tio e a mãe.
A mãe relata que do ponto de vista emocional é muito misturado, às vezes a mãe sente raiva mais tem um amor incondicional. E ela relata que o filho é tudo pra ela. E as características que definem M.B.R no dia a dia são: agressivo, dependente,  inquieto, ansioso e retraído. Quando é contrariado reage com muita violência sendo descontrolado. Na visão da mãe, ele é complexo, e não consegue descrever em palavras, pois às vezes parece um anjo, às vezes um demônio, e segundo ela, ele é assim por acumulo de raiva.
As atividades diárias de M.B.R são: acorda uma sete horas da manhã, escova os dentes, toma seus remédios chamado de vitaminas pela família, toma leite com achocolatado, e passa o dia todo brincando tranquilo desde que não seja contrariado. Sua atividade preferida é assistir televisão, e tem adoração pelo programa da Xuxa.
3.2 Entrevista com a Psicóloga
Após realização da entrevista com a psicóloga responsável, foram coletados os seguintes dados: M.B.R. chegou à equoterapia com queixa de autismo, dificuldade de atenção, pensamento, compreensão, além de ser muito fechado e distante. Em relação ao comportamento, a psicóloga descreve que M.B.R. apresenta dificuldade no relacionamento, interação com outras pessoas, déficits lingüísticos, sendo pouco comunicativo, agressivo, imprevisível, por vezes ataca e fere as pessoas mesmo que não existam motivos.
Nos traços de personalidade, apresenta fobia (medo de polícia), ansiedade e depressão. No seu desenvolvimento psicomotor, não conhece partes do corpo e não tem lateralidade definida, não conseguiu desenvolver a grafia.
Apresentou atraso na capacidade de falar e não utiliza a linguagem como instrumento de comunicação com os outros, apenas executa ordens verbais simples e só expressam verbalmente frases curtas como, por exemplo: “Papai doente”, “mamãe não veio”, “gato, pato”.
Na interação com a família, é superprotegido, demonstra ser muito ciumento, birrento, briga constantemente com o irmão (também adulto). Quanto aos aspectos relevantes da saúde, apresenta lesão cerebral que afeta a capacidade de comunicação, estabelecer relacionamentos. Lesão esta que o leva a ser muito fechado e distante, em alguns momentos parecer surdo, não estabelecer contato com os olhos, agir como se não tomasse conhecimento do que acontece com os outros, dificuldade de interação social além de uma agressividade que o impede atualmente de freqüentar a escola.
Durante o processo de equoterapia, nunca demonstrou agressivo, está sempre sorridente, realiza o que lhe é solicitado nos trabalhos elaborados para desenvolvimento de raciocínio e concentração.
3.3 Entrevista com a Fisioterapeuta
Após realização da entrevista com a fisioterapeuta foram coletados os seguintes dados: M.B.R faz uso de remédio controlado, apresenta lesão cerebral por isquemia,  alteração na linguagem oral e déficit intelectual. O praticante não possui seqüelas motoras, assim sendo, tem força e amplitude de movimento normal, tônus normal. Apenas redução na coordenação motora fina devida a cognição reduzida.
3.4 Observações Realizadas
3.4.1 Observação realizada no dia 19/10/2011
O paciente antes do início da equoterapia é levado ao quiosque para a montaria, neste dia a equipe multiprofissional trabalha a cor vermelha durante a sessão, são espalhados pela pista objetos da cor trabalhada, incentivando a pronúncia da cor. No final da sessão M.B.R. ajuda na escovação e alimentação do cavalo.
3.4.2 Observação realizada no dia 26/10/2011
O praticante é conduzido à rampa para montar o cavalo. Eles caminham em volta da pista. A psicóloga caminha ao lado do cavalo estimulando a cor amarela e as posições frente e trás, são apresentados vários objetos que possuem a cor trabalhada. Duas cestas são colocadas na lateral do cavalo com bolas amarelas dentro dos cestos e era pedido para passar a bola de uma cesta para outra. No final da sessão M.B.R. ajuda na escovação e alimentação do cavalo.
3.4.3 Observação realizada no dia 01/11/2011
M.B.R. chega para a sessão de equoterapia,a equipe multiprofissional o recebe já preparados para a atividade do dia. O praticante está aprendendo as cores. No dia de hoje ele está aprendendo a cor verde. Enquanto pratica a equoterapia, vários objetos são mostrados, ele tem que apontar e falar qual é o objeto da cor verde, assim estimulam o seu contato visual, corporal e a psicomotricidade.
3.4.4 Observação realizada no dia 09/11/2011
A mãe que levou o praticante neste dia. M.B.R. é conduzido à rampa para montar o cavalo. A psicóloga caminha ao lado dele estimulando a cor azul. Neste dia o praticante mostra inquietação devido à presença da mãe e não termina a sessão. Ele desce do cavalo e vai direto ao encontro dela. A mãe demonstra impaciência com a atitude do filho de não terminar a sessão.
 3.4.5 Observação realizada no dia 16/11/2011
O praticante chegou ao haras acompanhado pela sua mãe e duas tias. M.B.R. é conduzido à rampa pela equipe e monta o cavalo. Neste dia o praticante mostrou-se muito alegre com a presença das tias, jogou beijo e sorriu. A equipe trabalhou com M.B.R a lateralidade pedindo que ele tocasse a traseira do cavalo alternando as mãos, neste dia a sessão foi considerada um sucesso pela interação do praticante com a equipe e principalmente com as tias.
3.5 Resultados
Através das entrevistas realizadas com a Psicóloga e Fisioterapeuta, pode-se fazer uma análise dos resultados da seguinte forma:
Motivo da avaliação: “Queixa de autismo, dificuldade de atenção, pensamento, compreensão, além de ser muito fechado e distante.” 
Conforme a definição do DSM-IV-TR (2002), o Transtorno Autista consiste na presença de um desenvolvimento comprometido ou acentuadamente anormal da interação social e da comunicação e um repertório muito restrito de atividades e interesses. As manifestações do transtorno variam imensamente, dependendo do nível de desenvolvimento e da idade cronológica do indivíduo. Já a definição da CID-10 (2000), o Autismo é um Transtorno Global do Desenvolvimento caracterizado por:
a) um desenvolvimento anormal ou alterado, manifestado antes da idade de três anos;
b) apresentando uma perturbação característica do funcionamento em cada um dos três domínios seguintes: interações sociais, comunicação, comportamento focalizado e repetitivo. Além disso, o transtorno se acompanha comumente de numerosas outras manifestações inespecíficas, por exemplo: fobias, perturbações de sono ou da alimentação, crises de birra ou agressividade (auto-agressividade).
De acordo com Nascimento (2008), os cuidados especiais para atendimentos a autistas são: o psicólogo tem que ter cuidados especiais como chamá-lo pelo nome, olhar nos olhos, não tocá-lo sem aviso prévio, respeitar sua dificuldade de formar vínculos, intervir de forma firme e coerente, evitar desorganizações, e ajudá-lo a identificar e expressar seus sentimentos.
Em relação ao comportamento, a psicóloga descreve que: “M.B.R. apresenta dificuldade no relacionamento e interação com outras pessoas, déficits lingüísticos, sendo pouco comunicativo, agressivo, imprevisível e por vezes ataca e fere as pessoas mesmo que não existam motivos.” 
Para Lermontov (2004) na esfera social, a Equoterapia é capaz de diminuir a agressividade, tornar o paciente mais sociável, melhorar sua auto-estima, diminuir antipatias, construir amizades e treinar padrões de comportamento como: ajudar e ser ajudado, encaixar as exigências do próprio indivíduo com as necessidades do grupo, aceitar as próprias limitações e as limitações do outro.
“No seu desenvolvimento psicomotor, não conhece partes do corpo e não tem lateralidade definida, não conseguiu desenvolver a grafia.”
Segundo Rocha (2008) a Equoterapia produz efeitos terapêuticos relacionados à psicomotricidade tais como: melhora do tônus muscular, mobilização das articulações de coluna vertebral e de cintura pélvica, facilita o ganho de equilíbrio e de postura do tronco ereto, favorece a obtenção de lateralidade, melhora a percepção do esquema corporal, favorece a referência de espaço, de tempo, e ritmo, permite o trabalho de coordenação motora, dissociações corporais, e melhora da auto-imagem.
Apresentou atraso na capacidade de falar e não utiliza a linguagem como instrumento de comunicação com os outros, apenas executa ordens verbais simples e só expressa verbalmente frases curtas como, por exemplo: “Papai doente”, “mamãe não veio”, “gato, pato”.
De acordo com Lermontov (2004) a fala adequada requer um tônus postural, padrões normais de movimentos, adequação muscular, coordenação fono-respiratória ritmo e tempo. Ao fazer equoterapia o praticante tem os músculos responsáveis pela produção da fala que são influenciados pelo movimento tridimensional do cavalo dando um impacto nos músculos da cavidade oral, nas pregas vocais, nos músculos da laringe e nos músculos da respiração. A equoterapia tem grande influência nos caminhos nervosos envolvidos na função lingüística expressiva e receptiva, já que estimulam uma grande saída de linguagem, melhorando também a qualidade em seu contexto. Assim o impacto do movimento tem implicação direta na fala e na linguagem.
Durante o processo de equoterapia, nunca se demonstrou agressivo, está sempre sorridente, realiza o que lhe é solicitado nos trabalhos elaborados para desenvolvimento de raciocínio e concentração.
Para Lermontov (2004), na esfera social, a equoterapia é capaz de diminuir a agressividade, tornar o praticante mais sociável, facilitando a construção de amizades. O praticante aprende a diferenciar significados importantes ou não quando é estimulado corretamente, promovendo melhor auto-percepção.
“Faz uso de remédio controlado, apresenta lesão cerebral por isquemia, alteração na linguagem oral e déficit intelectual. O praticante não possui seqüelas motoras, assim sendo, tem força e amplitude de movimento normal, tônus normal. Apenas redução na coordenação motora fina devida a cognição reduzida.”
Rocha (2008) afirma que o fisioterapeuta é um profissional habilitado à prevenção, diagnóstico e tratamento de problemas fisio-funcionais, com a função de restaurar, desenvolver e conservar a capacidade corpórea humana. Busca basicamente a estimulação do equilíbrio e modulação do tônus muscular, o ganho sensorial e motor, e uma maior independência ao paciente estimulado. 
Conforme Lermontov (2004) o método terapêutico consiste no trabalho com o movimento rítmico, preciso e tridimensional do cavalo, que ao caminhar se desloca para frente/trás, para os lados e para cima/baixo, pode ser comparado com a ação da pelve humana no andar. O praticante da Equoterapia é levado a acompanhar os movimentos do cavalo, tendo de manter o equilíbrio e a coordenação para movimentar simultaneamente tronco, braços, ombros, cabeça e o restante do corpo, dentro de seus limites. O deslocamento do cavalo impõe ao praticante um movimento doce, ritmado, repetitivo e simétrico. Para manter o equilíbrio, o tônus muscular deve adaptar-se alternadamente ao tempo de repouso e de atividade, o que significa reconhecer uma atitude corporal pelo senso postural, depois reajustar sua posição. Com isso, ele é conduzido à melhor compreensão de seu esquema corporal.
4. Propostas de Intervenção
A partir da análise dos dados pode-se confirmar o quanto a equoterapia tem sido fundamental no desenvolvimento cognitivo e emocional do praticante MBR. A dificuldade da fala se mostrou presente nos três relatos: da mãe, da psicóloga e da fisioterapeuta. Ao se propor uma intervenção, além do que já está sendo feita, acredita-se ser de fundamental importância que se inclua um acompanhamento com um fonoaudiólogo, uma vez que a seqüela e limitação na fala são bastante acentuadas.
A assistência fonoaudiológica poderia ser feita no próprio Haras, caso houvesse um profissional disponível para tal atendimento, ou sugerir um local para que os pais encaminhem o praticante.
Além desta questão da fala, ficou evidente o quanto a presença da mãe desencadeia emoções fortes, como inquietação, no praticante. Diante de tal percepção, considera-se a possibilidadede sugerir a mãe, em primeira instância, que receba também, um acompanhamento psicoterápico, para que esta relação mãe/filho seja resignificada.
Outra questão, que também levantou questionamento, foi o fato do praticante não possuir nenhum diagnóstico conclusivo de especialistas da área neurológica, uma vez que o quadro até aqui exposto nas entrevistas ser de um quadro de Paralisia Cerebral.
E finalizando, o possível diagnóstico de Autismo, também não está fechado, necessitando por isso de uma avaliação de um médico neurologista, como já foi mencionado anteriormente.
5. Considerações Finais
O trabalho de equoterapia no Haras Pegasus na cidade de Anápolis, Goiás é realizado acima de tudo com muita dedicação. Desde o início desta pesquisa, o grupo foi recebido de forma muito receptiva, o que facilitou o trabalho. Tanto na parte das observações, como entrevistas.
Ao final, pode-se comprovar a eficiência deste trabalho psicoterápico, que mesmo com tantas limitações, como o diagnóstico final do quadro psicopatológico do praticante, não tem impedido que conquistas sejam feitas no âmbito geral.
Os objetivos aqui lançados puderam ser alcançados, uma vez que ficou evidente o papel e a função do psicólogo na equoterapia.
Referências:
Fernades, J. (Editor). (2002). Dsm-IV-TR: Manual de Diagnóstico e Estatística das Perturbações Mentais (4ª edição). Lisboa: Climepsi Editores.
Gimenes, Roberta. Andrade, Denise. Implantação de Um Projeto de Equoterapia: Uma Visão do Trabalho Psicológico. Franca, SP, 2004.
Lermentov, Tatiana. A Psicomotricidade na Equoterapia. Aparecida, S.P.: Idéias e Letras, 2004.
Lianza, Sérgio. Medicina de Reabilitação. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2007.
Marconi, Marina de Andrade e Lakatos, Eva Maria. Técnicas de Pesquisa. São Paulo: Editora Atlas, 2010.
Medeiros, Myllena. Equoterapia. Disponível em: http://www.equoterapia.org/historico.asp Acessado em 22/11/2011 acessado às 14:20
Nascimento, Ylna Opa. O Papel do Psicólogo na Equoterapia. Brasília, 2008. Disponível em: Brasil. Associação Nacional de Equoterapia. Apostila do Curso Básico de Equoterapia. Brasília, 1998.
Rocha, Carlos Roberto Franck. Fisioterapia Aplicada À Equoterapia. Brasília, 2008. Disponível em: Brasil. Associação Nacional de Equoterapia. Apostila do Curso Básico de Equoterapia. Brasília, 1998

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