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Profa. Farm. Ana Paula G. L. K. Galvão – UNESA – Curso de Nutrição 1 Medicamentos Anti-Obesidade: Anorexígenos e outros. Obesidade: Doença universal correlacionada com diabetes, hipertensão e doenças cardiovasculares, onde temos a interação de 2 fatores principais: Mecanismos de fome e de saciedade alterados; Queima calórica deficiente. Regulação dos mecanismos de fome e de saciedade 1) Sinais Periféricos: oriundos da ingestão de nutriente e metabolismo de energia, retransmitidos via tronco cerebral para o hipotálamo. 2) Sinais Centrais: Hipotálamo Hipotálamo Lateral: Centro Regulador da Fome Adrenalina Noradrenalina Dopamina Se for lesado, causa anorexia Núcleos Ventromediais: Centro Regulador da Saciedade Serotonina Se for lesado, causa hiperfagia e obesidade Qual é o tratamento ideal da obesidade? Diminuição da ingesta alimentar Aumento da queima calórica MEDICAMENTO S Profa. Farm. Ana Paula G. L. K. Galvão – UNESA – Curso de Nutrição 2 Tratamento Farmacológico da Obesidade: O tratamento farmacológico da obesidade está indicado quando o paciente tem IMC maior que 30 ou quando o indivíduo tem doenças associadas ao excesso de peso com IMC superior a 25, em situações nas quais o tratamento com dieta, exercício ou aumento de atividade física e modificações comportamentais provou ser infrutífero. Em qualquer discussão sobre o uso racional de medicamentos anti-obesidade, é importante entender alguns conceitos: 1) O tratamento farmacológico só se justifica em conjunção com orientação dietética e mudanças de estilo de vida. Os agentes farmacológicos somente ajudam a aumentar a aderência dos pacientes a mudanças nutricionais e comportamentais. 2) O tratamento farmacológico da obesidade não cura a obesidade – quando descontinuado, ocorre reganho de peso. Como qualquer outro tratamento em Medicina, os medicamentos não funcionam quando não são tomados, isto é, deve-se esperar recuperação do peso perdido quando os medicamentos são suspensos. 3) Medicamentos anti-obesidade devem ser utilizadas sob supervisão médica contínua. 4) O tratamento e a escolha medicamentosa é moldada para cada paciente. Os riscos associados ao uso de uma droga devem ser avaliados em relação aos riscos da persistência da obesidade. 5) O tratamento deve ser mantido apenas quando considerado seguro e efetivo para o paciente em questão. Profa. Farm. Ana Paula G. L. K. Galvão – UNESA – Curso de Nutrição 3 Classificação dos Fármacos Anti-obesidade: Categorias Ação Central (centro da fome e da saciedade) Sistema Catecolaminérgico Sistema Serotoninérgico Ação Periférica (interferem na absorção intestinal) Inibição enzimática FÁRMACOS ANTI-OBESIDADE Ação central Mecanismo de ação Anfetamina Adrenérgico misto e inibidor da MAO Anfepramona Adrenérgico Femproporex Adrenérgico Mazindol Adrenérgico Fenfluramina Serotoninérgico D-Fenfluramina Serotoninérgico Fluoxetina Inibidor seletivo da recaptação de serotonina Sibutramina Adrenérgico e serotoninérgico Topiramato / Fentermina Anticonvulsivante. Mecanismo de ação como agente redutor do peso ainda desconhecido + catecolaminérgica Rimonabanto Antagonista do receptor CB1 Bupropiona / Naltrexona Inibidor da recaptação de dopamina e norepinefrina + antagonista de receptor opióide Ação periférica Mecanismo de ação Orlistate inibidor das lipases gástrica e pancreática Acarbose inibidor da -glicosidase intestinal Profa. Farm. Ana Paula G. L. K. Galvão – UNESA – Curso de Nutrição 4 Outros agentes coadjuvantes: Substâncias calorigênicas ou termogênicas: mimetizam o efeito do exercício, elevando o gasto energético. Ex: cafeína, efedrina, aminofilina, ioimbina, hormônios da tireóide, fenilpropanolamina. Substâncias celulósicas não-nutritivas: em grandes volumes, distende o estômago e, parcialmente, diminui a fome. Ex: metilcelulose, farelos, fibras dietéticas, gomas. Substância não-celulósicas não-nutritivas: Adsorção de gorduras. Ex: quitosana. Profa. Farm. Ana Paula G. L. K. Galvão – UNESA – Curso de Nutrição 5 Anorexígenos ou Anorexiantes Agentes de ação central, que interferem na fisiologia dos neurotransmissores, por meio de dois tipos de ações: Ações catecolaminérgicas Interferem na fisiologia da adrenalina, noradrenalina e dopamina Promovem uma inibição do centro da fome Ações serotoninérgicas Interferem na fisiologia da serotonina Promovem um estímulo do centro da saciedade Os anorexígenos, além de suprimirem o apetite, de maneira geral são estimulantes do SNC, provocando a síndrome anfetamínica. Uso recomendado por período curto, pois desenvolve TOLERÂNCIA em 6 a 12 semanas. Anfetaminas: Grupo mais comum das drogas psicoestimulantes (ação central), foram os mais empregados como redutores de apetite. As anfetaminas interferem na dopamina e noradrenalina, que são neurotransmissores do SNC, aumentando a liberação e diminuindo a recaptação e degradação pela MAO. Com isso, aumenta a quantidade dessas substâncias na fenda sináptica e suas funções ficam exacerbadas no organismo. Nome químico Apelido Dextroanfetamina (ou simplesmente anfetamina) “rebite”, “bolinha” Metanfetamina “ice” Metilenodioxianfetamina (MDA) --- Metilenodioximetanfetamina (MDMA) "ecstasy" Profa. Farm. Ana Paula G. L. K. Galvão – UNESA – Curso de Nutrição 6 Quais são os efeitos das “Anfetaminas” ou Síndrome Anfetamínica? São potentes estimulantes do SNC, causando hiperexitabilidade. Inapetência, podendo evoluir para uma anorexia nervosa, desnutrição e até morte. Insônia, sono conturbado e pouco reparador. Exercem atividades cardíacas, como taquicardia e aumento da P.A. Comportamento estereotipado (tiques exagerados ou anormais, principalmente das mandíbulas). Midríase (dilatação pupilar) e conseqüente ofuscamento da visão noturna (motoristas). Perda da inibição e aumento da extroversão. Dependência química e psíquica. Alucinações. Hipertermia. Transpiração Secura na boca Sede Desidratação Outros efeitos: Overdose, Tolerância, Síndrome de Abstinência Quem que toma anfetamina é capaz de executar uma atividade qualquer por mais tempo, sentindo menos cansaço, fazendo com que o organismo reaja acima de suas capacidades, exercendo esforços excessivos, o que é prejudicial à saúde. O cansaço vem horas mais tarde, quando a substância já tiver sido excretada (tempo de meia-vida = 10 h). Se uma nova dose for administrada, estes efeitos retornam, embora com menos intensidade. Overdose O exagero da dose acentua todos os efeitos descritos anteriormente e podem surgir comportamentos diferentes do normal como agressividade, irritação, delírio persecutório (suspeita de que outros estão tramando contra si), psicose anfetamínica (verdadeiro estado de paranóia e alucinações, confundido frequentemente com a esquizofrenia) e hipertermia acentuada (podendo levar a convulsões e ser fatal). Profa. Farm. Ana Paula G. L. K. Galvão – UNESA – Curso de Nutrição 7 Tolerância À medida que o tempo passa, o organismo desenvolve tolerância à anfetamina e torna-se necessário aumentar cada vez mais as doses para se conseguir os mesmos efeitos. Síndrome deAbstinência Quando a substância é suprimida, o usuário revela um padrão típico de síndrome de abstinência, cujos sinais são os opostos daqueles produzidos pela substância. O usuário privado das anfetaminas pode sentir os seguintes sintomas: sonolência, letargia, apatia, apetite voraz, exaustão, fadiga, falta de energia, fraqueza muscular (astenia) e depressão psíquica. A irritabilidade, alterações do sono e idéias suicidas, podem persistir durante meses. Fluoxetina: Usada no transtorno obsessivo compulsivo, bulimia nervosa e obesidade exógena. Inibe a recaptação de serotonina em neurônios pré-sinápticos. Ação nos centros hipotalâmicos. Efeito anorexígeno controverso. Nomes comerciais: Prozac, Daforim, Eufor Sibutramina: Tem uma ação tanto serotoninérgica quanto catecolaminérgica, inibindo a recaptação da serotonina e da noradrenalina, e em menor extensão, da dopamina. Estes neurotransmissores permanecem por mais tempo na fenda sináptica e, assim, produzem um aumento da sensação da saciedade, diminuição da compulsão alimentar, inibição da sensação de fome e aumento na queima de calorias. Não é derivado anfetamínico e segundo a literatura não há risco de dependência química. Até o presente, os estudos não mostraram nenhum efeito sobre as válvulas cardíacas. Profa. Farm. Ana Paula G. L. K. Galvão – UNESA – Curso de Nutrição 8 Mecanismo de ação 1) Diminui a ingestão calórica pelo aumento das respostas à saciedade pós-ingestão 2) Aumento do gasto de energia pelo aumento da taxa metabólica Efeitos Benéficos Indesejáveis Redução da circunferência da cintura secura da boca Diminuição dos níveis plasmáticos de triglicerídeos e LDL taquicardia / hipertensão constipação intestinal Aumento de HDL insônia Melhora a hiperinsulinemia cefaleia Melhora a taxa de metabolismo da glicose sudorese alteração do paladar excitação Nomes comerciais: Reductil, Plenty Topiramato / Fentermina: O topiramato exerce sua atividade antiepiléptica pelo bloqueio de canais de sódio e cálcio, potencializando a ação do GABA e inibindo a anidrase carbônica. Possui eficácia em 70% dos casos de compulsão alimentar, porém não se sabe como a substância age no organismo para inibir a compulsão, ou seja, seu mecanismo de ação como agente redutor do peso ainda é desconhecido. Em modelos animais, o topiramato tanto reduz o apetite como interfere na eficiência da utilização de energia, ao aumentar a termogênese e a oxidação de gorduras. Possui elevada incidência de efeitos colaterais muito pouco tolerados pelos pacientes, tais como: parestesias (sensações cutâneas subjetivas), alterações de memória, dificuldade de concentração e alterações do humor. Profa. Farm. Ana Paula G. L. K. Galvão – UNESA – Curso de Nutrição 9 A fentermina é uma substância catecolaminérgica, com propriedades de aumentar a liberação de noradrenalina no SNC. Seu efeito estimulante leve poderia compensar os efeitos negativos do topiramato sobre a memória e a cognição. Nomes comerciais: Amato, Topamax, Qsymia (Qnexa) Bupropiona / Naltrexona: A bupropiona é um inibidor da recaptação de dopamina e norepinefrina inicialmente aprovado como antidepressivo e como auxiliar no tratamento contra o tabagismo. A naltrexona é um antagonista de receptor opióide, inicialmente aprovado como tratamento da dependência aos opiáceos (ópio, morfina, heroína) e, posteriormente, da dependência ao álcool. Em monoterapia, apresentam uma eficácia discreta, porém, em associação apresentam um efeito sinérgico. Os estudos com a combinação mostraram uma perda de peso significativa (> 5%), com efeitos colaterais de leve a moderados (cefaléia, obstipação, náuseas, insônia e irritabilidade). Estes efeitos parecem ser atenuados com a manutenção do tratamento. Nome comercial: Contrave Profa. Farm. Ana Paula G. L. K. Galvão – UNESA – Curso de Nutrição 10 Fármacos anti-obesidade de ação periférica Fármacos que não tem ação no SNC, portanto, NÃO SÃO CONSIDERADOS ANOREXÍGENOS. Orlistate: Excerce sua atividade terapêutica no lúmen do estômago e no intestino delgado, formando uma ligação covalente com a porção serina ativa da lipase gástrica e pancreática. Portanto, a enzima inativada é incapaz de hidrolizar a gordura proveniente da dieta (triglicerídeos), em ácidos graxos livres e em monoglicerídeos absorvíveis. Impede a absorção de aproximadamente 30% da gordura ingerida durante a refeição. Efeitos colaterais: cólicas abdominais, flatulência com evacuação, urgência fecal, evacuações gordurosas, incremento das evacuações e incontinência fecal principalmente se associada à uma ingestão de alimentos gordurosos. Pode causar diminuição da absorção de vitaminas lipossolúveis (principalmente A e E). Nome comercial: Xenical Acarbose: Inibibor da -glicosidase intestinal, retarda a absorção dos carboidratos no intestino delgado e produz uma discreta perda de peso. Utilizada em pacientes com diabetes tipo 2 que são inadequadamente controlados pela dieta. Efeitos indesejados: flatulência, fezes amolecidas, diarréia, dor e distensão abdominal. Nomes comerciais: Glucobay, Aglucose Profa. Farm. Ana Paula G. L. K. Galvão – UNESA – Curso de Nutrição 11 ”Fórmula” para emagrecimento Clínica de Emagrecimento Ex-Fat Paciente: Hipohipopó Uso interno, V.O. Anorexígeno: 1cáp, 1h antes do almoço e jantar. Inibidor de lipases: 1cáp, antes do café, almoço e jantar. 13/03/2003 Dr.Slim CREMERJ 52-000000 Clínica de Emagrecimento Ex-Fat Paciente: Hipohipopó Uso interno, V.O. Diurético Laxante Hipotensor Beta-bloqueador Sedativo/Ansiolítico Hipoglicemiante Hormônio tireoidiano Tomar 1 cáp, 1h antes do almoço e jantar. 13/03/2003 Dr.Slim CREMERJ 52-000000
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