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Universidade de Brasília Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade Departamento de Economia Disciplina: Evolução das Ideias Econômicas e Sociais (EVIES) Professor: Alexandre F. S. Andrada ___________________________________________________________________________ Segunda Prova de EVIES 2013/02 __________________________________________________________________ Seguem abaixo as 5 (cinco) questões que compõem este exercício. Apenas 4 (quatro) questões deverão ser respondidas. O aluno tem total liberdade para escolher as 4 questões que irá responder. Cada questão vale 2,5 pontos. O aluno deverá responder as questões em uma única folha (ou 4 laudas) de papel pautado que lhe será entregue pelos examinadores. A prova deve ser feita obrigatoriamente com caneta. ________________________________________________________________________________ (1) Apresente e explique a teoria de David Ricardo sobre a tendência de longo prazo da participação da renda da terra, dos salários e dos lucros no produto total. Renda da Terra – À medida que ocorre a acumulação de capital, mais trabalho é demandado, o salário torna-se superior ao nível de subsistência, há um aumento da população. Essa maior população demanda mais alimentos, de forma que terras menos produtivas são ocupadas para a produção. À medida que terras menos produtivas são ocupadas, renda da terra (na definição de Ricardo, não como aluguel, mas como pagamento pelo uso das forças indestrutíveis do solo) é gerada na terra anterior. Então a razão (RENDA DA TERRA/ PRODUTO TOTAL DA ECONOMIA) tende a aumentar. Salários – Seguindo a teoria malthusiana Ricardo acredita que os salários tendem a convergir para o nível de subsistência. Lucos – Como PRODUTO TOTAL = RENDA + SALÁRIOS + LUCROS, e sabendo que a renda tende a aumentar (e os salários tendem ao valor de subsistência), logo a participação dos lucros tende a se reduzir ao longo do tempo. (2) Qual a diferença entre a teoria do valor de Ricardo em relação a de Adam Smith? Ricardo chama a atenção para a necessidade de levar em conta não só o trabalho diretamente aplicado à produção da mercadoria (como faz Smith), mas também para o trabalho indiretamente utilizado na produção das ferramentas, instalações, máquinas, etc. E mais, além do trabalho necessário é preciso levar em conta a durabilidade dessas ferramentas, instalações, máquinas. Exemplo: Para se caçar um coelho e uma lebre é preciso um dia de caça (mesmo valor). Para produzir a ferramenta necessária para a caça de ambos animais é preciso um dia de trabalho (ambas as caças continuam tendo o mesmo valor). A ferramenta utilizada para caçar o coelho se esgota em um dia, enquanto a que se utiliza para caçar a lebre dura um mês (agora o valor do coelho é maior que o da lebre, pois há mais trabalho encerrado na caça de um coelho do que no de uma lebre, por conta da diferença de durabilidade das ferramentas). (3) Em “salários, preços e lucros” Marx apresenta uma distinção entre o valor da força de trabalho e o valor do trabalho. Explique qual essa distinção. Como o trabalho é a fonte original do valor, o valor do trabalho é o próprio valor, isto é, o total de valor produzido pela sociedade. O valor da força de trabalho é o salário real pago aos trabalhadores. Da diferença entre o valor do trabalho e do valor da força de trabalho é que se extrai o mais-valor (mais-valia). (4) Cite e explique dois mecanismos teóricos através dos quais Keynes busca refutar a Lei de Say. Por exemplo: 1 – No cap. II Keynes afasta o segundo postulado clássico, de forma que o volume de emprego é indeterminado pela interação entre oferta e demanda por trabalho. Logo, não há garantias que o mercado de trabalho se equilibra sempre no nível de pleno emprego. 2 – Como a propensão marginal a consumir é menor que a unidade, todo aumento da renda deve ocasionar um aumento do investimento capaz de suprir a lacuna deixada pelo consumo. Essa lacuna deverá ser preenchida pelos investimentos privados. Mas para Keynes os investimentos não são função apenas da taxa de juros, mas também das expectativas. Dessa forma uma redução nos juros não provoca necessariamente um aumento dos investimentos. Então: queda no consumo, provoca um aumento na poupança, que provoca uma queda nos juros que NÃO PROVOCA NECESSARIAMENTE um aumento dos investimentos. 3 – Keynes demonstra que é racional o entesouramento. Para isso ele faz uso do que se conhece por ‘armadilha da liquidez’. Se há consenso que as taxas de juros atingiram seu piso, os agentes preferirão manter moeda entesourada à comprar títulos, pois as futuras perdas de capital serão superiores a possíveis ganhos com juros. Então se a abstenção do consumo se torna entesouramento, isso não provoca uma queda nos juros e não afeta de forma positiva os investimentos. (5) No capítulo II da Teoria Geral Keynes apresenta e discute os dois postulados da economia clássica. O que são esses postulados? Como Keynes os critica? Primeiro postulado: Salário é igual ao produto marginal do trabalho. Keynes critica apenas o segundo postulado, que fornece a curva de oferta de trabalho. Para Keynes como os trabalhadores não abandonam e nem deixam de procurar emprego no caso de um aumento no nível geral de preços, isso significa que a curva de oferta de trabalho não é uma função unívoca do salário real. Keynes justifica esse comportamento afirmando que uma queda nos salários nominais não é aceita passivamente pois significa o empobrecimento de uma categoria em relação às demais, mas no caso de uma redução do salário real via aumento dos preços, todas as categorias são igualmente afetadas, de forma que não há empobrecimento relativo. Logo, a desutilidade do trabalho não é necessariamente igual a utilidade marginal do salário.
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