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União Estável

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RESUMO
 União Estável
CONCEITO:
Encontra-se no próprio Código Civil, em seu artigo 1.723 - É reconhecida como entidade familiar a união estável entre o homem e a mulher, configurada na convivência pública, contínua duradoura e estabelecida com o objetivo de constituição de família
OBS: Devemos interpretar este e os demais artigos que se referem a homem e mulher conforme a posição atual do STJ e STF, compreendendo portanto que o matrimônio e a união estável são entidades familiares reconhecidas também nos casais homoafetivos.
DIFERENÇA PARA O CONCUBINATO:
A expressão “concubinato” é hoje utilizada para designar o relacionamento amoroso envolvendo pessoas casadas, que infringem o dever de fidelidade (também conhecido como adulterino – termo igualmente carregado de preconceitos sociais).
CARACTERÍSTICAS DA UNIÃO ESTÁVEL:
Estabelece-se no artigo 1.723 C.C
Publicidade: convivência pública, que todos reconhecem como tal;
Continuidade: a união estável não se coaduna com a eventualidade, pressupondo a convivência contínua;
Estabilidade: convivência duradoura
Objetivo de constituição de família: Característica mais polêmica da caracterização da União Estável, existindo diferentes interpretações jurisprudenciais a respeito – poderíamos sintetizar como “aparência de um casamento”.
RESTRIÇÕES
Por força do parágrafo primeiro do artigo 1.723 C.C, aplicam-se as restrições do artigo 1.521 C.C em todos os seus incisos, menos o VI.
Questão polêmica: A União Estável estabelece o parentesco por afinidade como determinado no artigo 1.595 C.C que assim determina: 
“Art. 1.595. Cada cônjuge ou companheiro é aliado aos parentes do outro pelo vínculo da afinidade.
§ 1o O parentesco por afinidade limita-se aos ascendentes, aos descendentes e aos irmãos do cônjuge ou companheiro.
§ 2o Na linha reta, a afinidade não se extingue com a dissolução do casamento ou da união estável.”
Portanto, doutrina e jurisprudência entendem pela impossibilidade da União Estável entre “sogro” e “nora” conforme se observa no seguinte julgado:
EMENTA PENSÃO ESTATUTÁRIA. INCLUSÃO DA AUTORA COMO BENEFICIÁRIA DA PENSÃO. ART. 226, § 3º DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. UNIÃO ESTÁVEL ENTRE SOGRO E NORA. IMPOSSIBILIDADE. - A existência de impedimento para o casamento afasta a possibilidade de configuração de união estável. - Não há que se falar em extinção do parentesco por afinidade em linha reta, mesmo quando a relação que lhe deu origem não mais subsista. - Recurso improvido.
(TRF-2 - AC: 334887 RJ 2002.51.01.023726-0, Relator: Desembargador Federal RENATO CESAR PESSANHA DE SOUZA, Data de Julgamento: 17/11/2008, SEXTA TURMA ESPECIALIZADA)
É possível questionar a “justiça” da intenção do legislador ao limitar a autodeterminação dos indivíduos que desejem viver em União Estável (relação com maior informalidade), utilizando os mesmos impedimentos do Casamento (ato mais formal e solene). 
É preciso pesar que, sem dúvida, se cria uma situação cheia de complexidades – principalmente quando existem filhos da relação anterior, onde o (a) “sogro(a)” seria avô ou avó e ao mesmo tempo padrasto/madrasta da mesma criança/adolescente – porém, em outras situações, onde não existe descendência comum, e portanto, ausência de tal complexidade moral e jurídica, tal impedimento fomenta a exclusão de um casal que se ama e, por força de questões da própria vida, descobrem o amor na mais improvável das situações.
Refletindo além: e se fosse apenas um namoro, mesmo com nascimento de uma criança, continuaria o impedimento (já que o artigo 1.595 C.C assim estabelece só para as relações onde existia o matrimônio ou uma união estável)? Não há uma resposta pronta e fácil.
DEVERES DOS COMPANHEIROS
“Art. 1.724 C.C As relações pessoais entre os companheiros obedecerão aos deveres de lealdade, respeito e assistência, e de guarda, sustento e educação dos filhos.”
Questão polêmica: Há menção à lealdade e não à fidelidade, vislumbra-se, portanto, situação em que é possível que alguém seja leal sem ser fiel (em alguns países existe a cláusula de férias do relacionamento que pode ser invocada, por exemplo, nos casos de crises entre os companheiros, gerando um distanciamento físico e afetivo de ambos no período invocado). 
Flávio Tartuce e outros se posicionam no sentido da possibilidade de regulamentar, por meio de contrato, este tipo de abertura sem que se entenda prejudicada a União Estável.
REGIME DE BENS
O regime de bens da união estável é o da comunhão parcial de bens (art. 1.725, C.C) se outro não for escolhido pelos companheiros em contrato de convivência que deve ser escrito, mas que admite tanto instrumento particular como escritura pública, mas para ter validade perante terceiros deve ser registrado junto ao cartório de Títulos e Documentos. 
Pergunta-se: Este contrato tem efeitos ex-tunc ou ex-nunc? 
Resposta: “No tocante à sua eficácia, abalizadas vozes da doutrina divergem. Alguns autores, a exemplo de Maria Berenice Dias, sustentam que seus efeitos são retro operantes, enquanto outros, como Cristiano Chaves, em sentido oposto, indicam que são ex nunc.
Não obstante esse dissenso, ainda no que concerne à eficácia, indiscutível
parece que serão ex tunc os efeitos produzidos pelo contrato convivencial, se os companheiros adotarem o regime da comunhão total de bens. Neste caso, será formado um único patrimônio, incluindo os bens existentes antes da união do casal.”
DIREITOS RECÍPROCOS DA UNIÃO ESTÁVEL
1) Ação de reconhecimento de união estável (pode ser por meio de justificação ou de ação declaratória) a sentença é declaratória e limita-se a reconhecer que a união existiu, devendo fixar seu termo inicial e final.
2) Direito ao sobrenome do companheiro art. 54, §2º. e art. 57, §3º., Lei de Registros Públicos. Será necessária ação de retificação do nome (art. 109, LRP).
3) Estabelecimento do vínculo de parentesco por afinidade art. 1.595, CC.
4) Possibilidade de adoção conjunta art. 42, §2º., ECA.
5) Exercício da curatela pelo companheiro na interdição e na ausência arts. 25 e 1.768, CC.
6) Separação de corpos art. 1.562, CC.
7) Direito a alimentos (indispensáveis à subsistência) art. 1.694, CC.
8) Direito à meação do que resultou do esforço comum art. 1.725, CC[7] .
9) Sucessão hereditária art. 1.790, CC. Os direitos sucessórios são bem mais limitados do que os previstos nas leis anteriores e não contém o direito real de habitação (art. 1.831, CC interpretação restritiva), por isso, considera-se um retrocesso a previsão contida no Código Civil. O companheiro, também, não está incluído na ordem de vocação hereditária.
10) Direito à inventariança art. 990, CPC e art. 1.797, CC.
11) Impenhorabilidade do bem de família art. 1.711, CC e Lei n. 8.009/90.
12) Sub-rogação e retomada na locação de imóvel urbano arts. 11 e 47, III, Lei n. 8.245/91.
13) Impedimento para testemunhar art. 228, V, CC.
14) Direito aos benefícios previdenciários Decreto-Lei n. 7.036/44; Lei n. 6.367/75; Lei n. 8.213/91 e Decreto n. 357/91.
CONVERSÃO DA UNIÃO ESTÁVEL EM CASAMENTO
O art. 1.726, CC, autoriza a conversão da união estável em casamento, mediante pedido formulado por ambos os companheiros ao juiz e assento no Registro Civil. O legislador de 2002 estranhamente dificultou a conversão (segundo o art. 8º., da Lei n. 9.278/96, bastava pedido diretamente feito ao oficial do Registro Civil), contrariando a norma constitucional que manda facilitá-la. Portanto, atualmente, no sentido dado ao art. 1.726, CC, é mais fácil casar do que realizar a conversão da união estável em casamento.
 
Afirma Maria Berenice Dias que “o sentido prático da transformação da união estável em casamento seria para estabelecer seu termo inicial, possibilitando a fixação de regras patrimoniais com efeito retroativo. Dificultado esse intento, o jeito é firmar contrato de convivência, que pode dispor de eficácia retroativa, incidindo suas previsões sobre situações pretéritas a partir da caracterizaçãoda união. A outra solução é casar, hipótese, além de mais barata, certamente mais romântica”.
Destaque-se, por fim, que a conversão da união estável em casamento opera ex tunc quanto aos efeitos pessoais devendo ser considerado casamento desde o início da convivência; no entanto, quanto aos efeitos patrimoniais opera ex nunc uma vez que assim não o fosse, poderiam ser geradas injustiças entre os conviventes e insegurança nas relações destes com terceiros.

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