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União Estavel

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União Estável 
Obs: a comunhão de vida formada pela união estável é 
informal e não solene, por isso que não produz efeito erga 
omnes (não emancipa; não muda o estado civil), só produzindo 
efeito entre as partes. 
Em que consiste a união estável? 
A união estável é uma entidade familiar, caracterizada pela união entre 
duas pessoas, do mesmo sexo ou de sexos diferentes, que possuem 
convivência pública, contínua e duradoura, com o objetivo de constituição 
de família. 
Previsão constitucional 
Art. 226 (...) § 3º — Para efeito da proteção do Estado, é reconhecida a 
união estável entre o homem e a mulher como entidade familiar, devendo 
a lei facilitar sua conversão em casamento. 
Previsão no CC-2002 
Art. 1.723. É reconhecida como entidade familiar a união estável entre o 
homem e a mulher, configurada na convivência pública, contínua e 
duradoura e estabelecida com o objetivo de constituição de família. 
Requisitos para a caracterização da união estável 
a) A união deve ser pública (não pode ser oculta, clandestina); 
b) a união deve ser duradoura, ou seja, estável, apesar de não se exigir um 
tempo mínimo; 
c) a união deve ser contínua (sem que haja interrupções constantes); 
d) a união deve ser estabelecida com o objetivo de constituir uma família; 
e) as duas pessoas não podem ter impedimentos para casar; 
f) a união entre essas duas pessoas deve ser exclusiva (é impossível a 
existência de uniões estáveis concomitantes e a existência de união estável 
se um dos componentes é casado e não separado de fato). 
 
Questão de Prova: (TJ/SC/2019)Assinale a alternativa 
correta. União estável: 
A)É a união informal entre duas pessoas do mesmo sexo ou 
entre duas pessoas de sexo diferente, configurada na convivência 
pública, contínua e duradoura e estabelecida com o objetivo de 
constituição de família. 
B)Poderá ser convertida automaticamente em casamento 
somente após o transcurso de dois anos de convivência. 
C)Não exige deveres entre os conviventes. 
D)É a união informal entre duas pessoas de sexo diferente, 
configurada na convivência pública, contínua e duradoura e 
estabelecida com o objetivo de constituição de família. 
 
Obs: E, a grande realidade está em constatar que, na relação 
adulterina de união estável paralela ao casamento sempre faltarão 
ao conjunto afetivo os requisitos da fidelidade e da exclusividade na 
coabitação, porque o concubino, por ser casado, não é fiel à esposa, 
mas com esta tem um contrato precedente de matrimônio; mas 
tampouco está sendo fiel à concubina, pois segue amando e vivendo 
com a sua esposa, da qual não está faticamente separado e nem 
dela quer realmente se separar. Para o Ministro do STJ Luis Felipe 
Salomão, está consolidada a jurisprudência no sentido de ser 
descabido o reconhecimento de uniões concomitantes (REsp. n. 
789.293/RJ; REsp. n. 1.157.273/RN),59 podendo ser acrescidos dois 
outros votos da sua lavra. 
Também o Supremo Tribunal Federal tem descartado o 
reconhecimento jurídico do concubinato paralelo ao casamento, 
como sucedeu, por exemplo, no RE n. 397.762-8/BA, relatado pelo 
Ministro Marco Aurélio, em cujo julgamento era buscado o 
reconhecimento de união estável entre o senhor Valdemar do Amor 
Divino e a senhora Joana da Paixão Luz, de cujo relacionamento 
nasceram nove filhos, mantendo o varão seu casamento em paralelo 
com a sua esposa, com a qual tivera outros onze filhos. 
A relação adulterina configura, sem sombra de dúvida, um fato 
social, capaz até de gerar resultados jurídicos no plano do Direito das 
Obrigações, mas não tem alcançado no âmbito dos Tribunais 
Superiores a categoria de fato jurídico do Direito de Família, no 
modelo puro de uma entidade familiar, pois, como decidiu a Ministra 
Nancy Andrighi no REsp. n. 1.157.273 da Terceira Turma do STJ, 
julgado em 18 de maio de 2010, “uma sociedade que apresenta como 
elemento estrutural a monogamia não pode atenuar o dever de 
fidelidade – que integra o conceito de lealdade – para o fim de inserir 
no âmbito do Direito de Família relações afetivas paralelas e, por 
consequência, desleais, sem descurar que o núcleo familiar 
contemporâneo tem como escopo a busca da realização de seus 
integrantes, vale dizer, a busca da felicidade”. 
 
Uniões estáveis plúrimas ou paralelas: 
1ª corrente - Afirma que nenhum relacionamento constitui união 
estável, eis que a união deve ser exclusiva, aplicando-se o princípio 
da monogamia. Para essa corrente, todos os relacionamentos 
descritos devem ser tratados como concubinatos. (Maria Helena 
Diniz, curso de direito civil brasileiro, direito de família, 22ºed. sp, 
saraiva, 2007, p. 364-365). 
2ª corrente - O primeiro relacionamento existente deve ser 
tratado como união estável, enquanto que os demais devem ser 
reconhecidos como uniões estáveis putativas, havendo boa fé do 
cônjuge. Aplica-se, por analogia, o art. 1.561 do CC, que trata do 
casamento putativo. Adeptos: Flávio Tartuce, Euclides de Oliveira, 
Rolf Madaleno, José Fernando Simão. 
3ª corrente - Todos os relacionamentos constituem uniões 
estáveis, pela valorização do afeto que deve guiar o Direito de 
Família. (Maria Berenice Dias, manual de direito das famílias, 5ºed, 
sp, RT, 2010, p. 165-166). 
OBS: O STJ tem apicado a primeira corrente, repudiando a 
ideia de uniões plúrimas ou paralelas. REsp 789.293/RJ; REsp 
1.157.273/RN. 
Obs: A união estável não se confunde com o matrimônio. Uma 
relação é de base factual, enquanto o outro é baseado em uma rígida 
solenidade e seu consequente registro. 
O sistema formalista desenvolvido ao redor do casamento nem 
sempre será apto a produzir os mesmos efeitos na união estável. Por 
isto o CNJ, buscando estabelecer segurança jurídica exarou o 
Provimento 37/2014. 
 
Como ocorre o registro de Uniões Estáveis? 
Circunscrição registral Cartório de Registro Civil da Sede 
ou do 1º Subdistrito da Comarca 
em que os companheiros têm ou 
tiveram seu último domicílio. 
Livro E 
Documento a ser registrado Escritura pública de união estável 
– seja de reconhecimento ou de 
distrato – (inviabilizando o registro 
do contrato particular) ou 
sentença de reconhecimento e 
dissolução da união estável 
Dados a serem registrados a) Data do registro 
b) Qualificação completa das 
partes, incluindo data de 
nascimento dos 
companheiros. 
c) Prenomes e sobrenomes 
dos pais 
d) Indicação de data e local do 
registro do nascimento dos 
companheiros (constando 
em qual Registro Civil foi 
feito o assento). Ainda, as 
mesmas informações em 
relação ao casamento, 
união estável, óbito de 
anterior companheiro (a)/ 
cônjuge, divórcio ou 
separação, tanto cartorais 
quanto judiciais. 
e) Data do trânsito em julgado 
da sentença ou do acórdão, 
número do processo, juízo e 
nome do Juiz que proferiu 
ou do Desembargador que 
relatou, quando o caso. 
f) Data da escritura pública, 
com o livro, página e 
Tabelionato em foi lavrada. 
g) O regime de bens ou a 
menção de que não houve 
escolha. 
Vedação È proibido registrar no Livro 
E uniões estáveis de 
pessoas casadas. Isto não 
desfaz a regra do art. 1.723, 
parágrafo primeiro, apenas 
dá mais segurança ao 
registro. 
 
Questão de Prova: (TJ/SC/2019)Considerando o instituto da 
união estável: 
A)A lei determina que a união estável deva ser estabelecida 
obrigatoriamente por escritura pública. 
B)Ao lavrar uma escritura pública de união estável, deve o 
Notário averiguar a real existência da situação relatada e especificar 
o regime de bens, bem como de sua administração, além de outras 
obrigações decorrentes da situação de convivência. 
C)Ao notário é permitido, conforme sua apreensão dos fatos, 
lavrar escritura de união estável embasado em declaração unilateral. 
OBS: A doutrina defende a possibilidade de que a união estável 
deve ser equiparada ao matrimônio em seu sentido material (sendo 
digna de proteção, gerando direito à sucessão,alimentos, etc..), mas 
deve ser afastada, para manutenção da segurança jurídica, nos 
pontos que derivarem da simples formalidade (como a não 
possibilidade de exigência de outorga). 
Exemplo da ausência de outorga: 
É válida a fiança prestada durante união estável sem anuência do 
companheiro 
O que é fiança? 
Fiança é um tipo de contrato por meio do qual uma pessoa (chamada 
de “fiadora”) assume o compromisso junto ao credor de que ela irá 
satisfazer a obrigação assumida pelo devedor, caso este não a 
cumpra (art. 818 do Código Civil). 
 
Outorga uxória 
Se a pessoa for casada, em regra, ela somente poderá ser fiadora se 
o cônjuge concordar. 
Essa concordância, que é chamada de “outorga uxória/marital”, não 
é necessária se a pessoa for casada sob o regime da separação 
absoluta. 
Tal regra encontra-se prevista no art. 1.647, III, do CC: 
Art. 1.647. Ressalvado o disposto no art. 1.648, nenhum dos 
cônjuges pode, sem autorização do outro, exceto no regime da 
separação absoluta: 
(...) 
III - prestar fiança ou aval; 
 
Se o cônjuge negar essa autorização sem motivo justo, a pessoa 
poderá pedir ao juiz que supra a outorga, ou seja, o magistrado 
poderá autorizar que a fiança seja prestada mesmo sem o 
consentimento. 
 
 
Feitos esses esclarecimentos, imagine a seguinte situação 
hipotética: 
Pedro aluga seu apartamento para Rui (locatário). 
João, melhor amigo de Rui, aceita figurar no contrato como fiador. 
Após um ano, Rui devolve o apartamento, ficando, contudo, devendo 
4 meses de aluguel. 
Pedro propõe uma execução contra Rui e João cobrando o valor 
devido. O juiz determina a penhora da casa em que mora o João e 
que está em seu nome. 
 
É possível a penhora da casa de João, mesmo sendo bem de 
família? 
SIM. A impenhorabilidade do bem de família não se aplica no caso 
de dívidas do fiador decorrentes do contrato de locação. Veja: 
 
Lei n. 8.009/90 
Art. 3º A impenhorabilidade é oponível em qualquer processo de 
execução civil, fiscal, previdenciária, trabalhista ou de outra natureza, 
salvo se movido: 
(...) 
VII - por obrigação decorrente de fiança concedida em contrato de 
locação. 
 
Embargos de terceiro 
Maria, companheira de João, apresenta embargos de terceiro contra 
Pedro (exequente), alegando que a fiança prestada foi nula em razão 
da falta de outorga uxória já que ela, na condição de companheira, 
não autorizou o ato. 
Afirmou, ainda, que convivia em união estável com João há muitos 
anos e que eles já tinham até mesmo feito uma escritura pública 
reconhecendo essa relação. 
A pergunta que surge agora é a seguinte: a outorga 
uxória/marital é necessária também no caso de união estável? 
Uma pessoa que viva em união estável com outra, se quiser 
prestar fiança, precisará da autorização de seu(sua) 
companheiro(a)? 
NÃO. Na união estável não se exige o consentimento do 
companheiro para a prática dos atos previstos no art. 1.647 do CC. 
Assim, uma pessoa que viva em união estável com outra pode 
prestar fiança sem a necessidade de autorização de seu(sua) 
companheiro(a). 
Logo, NÃO é nula a fiança prestada por fiador convivente em união 
estável sem a autorização de sua companheira. 
 
Entendimento do STJ 
Esse foi o entendimento adotado pela 4ª Turma do STJ no Resp 
1299894/DF, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 25/02/2014. 
 
 
Qual é o fundamento para essa conclusão? 
O STJ considerou que a fiança prestada sem a autorização do 
companheiro é válida porque é impossível ao credor saber se o fiador 
vive ou não em união estável com alguém. 
Como para a caracterização da união estável não se exige um ato 
formal, solene e público, como no casamento, fica difícil ao credor se 
proteger de eventuais prejuízos porque ele nunca terá plena certeza 
se o fiador possui ou não um companheiro. 
Segundo o Min. Luis Felipe Salomão, é certo que não existe 
superioridade do casamento sobre a união estável, sendo ambas 
equiparadas constitucionalmente. Isso não significa, contudo, que os 
dois institutos sejam inexoravelmente coincidentes, ou seja, eles não 
são idênticos. 
Vale ressaltar que o fato de o fiador ter celebrado uma escritura 
pública com sua companheira, disciplinando essa união estável, não 
faz com que isso altere a conclusão do julgado. Isso porque para 
tomar conhecimento da existência dessa escritura, o credor teria que 
percorrer todos os cartórios de notas do Brasil, o que se mostra 
inviável e inexigível. 
Dessa forma, o STJ considerou que não é nula nem anulável a fiança 
prestada por fiador convivente em união estável, sem a outorga 
uxória, mesmo que tenha havido a celebração de escritura pública 
entre os consortes. 
 
OBS: Conceito de união estável putativa: ocorre quando há 
duas ou mais uniões (de qualquer natureza, todas eficientes – sem 
separação) e uma das partes está de boa fé. 
➢ Os Tribunais ainda não fecharam questão sobre o tema, 
havendo decisões favoráveis e contrárias. 
 
➢ A coabitação é um requisito da união estável? 
➢ NÃO. O CC-2002 não exige que os companheiros residam sob 
o mesmo teto, de sorte que continua em vigor, com as devidas 
adaptações, a antiga 
 
Súmula 382-STF: A vida em comum sob o mesmo teto "more 
uxorio", não é indispensável à caracterização 
do concubinato. 
Fonte: http://www.inurture.co.in/getting-to-know-business-research-methods/ 
 
➢ Se duas pessoas estão vivendo em união estável, a lei prevê regras 
para disciplinar o patrimônio desse casal? 
➢ SIM. O Código Civil estabelece que, na união estável, as relações 
patrimoniais entre o casal obedecem às regras do regime da 
comunhão parcial de bens (art. 1.725). Em outras palavras, é 
como se as pessoas que vivem em união estável estivessem 
casadas sob o regime da comunhão parcial de bens. 
 
➢ É possível que esse casal altere isso? 
➢ SIM. Os companheiros podem celebrar um contrato escrito entre 
si estipulando regras patrimoniais específicas que irão vigorar 
naquela união estável. Ex.: empresários, esportistas ou artistas 
milionários costumam assinar contratos de convivência com suas 
companheiras estabelecendo que, naquela união estável, irá 
vigorar o regime da separação de bens. 
 
 
 
 
 
 
 
 
➢ Imagine agora a seguinte situação hipotética: 
Em 2010, Christian, rico empresário, começa a namorar Anastasia. 
O relacionamento fica sério e se transforma em uma união pública, 
duradoura e contínua. Eles, inclusive, falam em constituir uma família. 
Em 2015, orientado por seus advogados, Christian decide celebrar com 
Anastasia um “contrato de união estável” por meio de escritura pública 
lavrada por tabelião de notas. 
No contrato é estipulado que o regime de bens do casal é o da separação 
total. 
A cláusula 9.1.2.3.4 afirma que esse regime de bens retroage ao ano de 
2010, quando começou o relacionamento entre o casal. 
 
 
➢ Segundo o STJ, essa cláusula é válida? 
➢ NÃO. Não é lícito aos conviventes atribuírem efeitos retroativos 
ao contrato de união estável, a fim de eleger o regime de bens 
aplicável ao período de convivência anterior à sua assinatura. 
➢ STJ. 3ª Turma. REsp 1.383.624-MG, Rel. Min. Moura Ribeiro, 
julgado em 2/6/2015 (Info 563). 
 
➢ O regime de bens entre os companheiros começa a vigorar na 
data da assinatura do contrato, assim como o regime de bens entre 
os cônjuges começa a produzir efeitos na data do casamento (§ 
1º do art. 1.639 do CC). 
 
➢ Assim, no exemplo, Anastasia será proprietária de metade do que 
Christian adquiriu onerosamente desde que começou a união 
estável até a data da assinatura do contrato quando passa a vigorar 
o regime da separação total. O contrato de união estável é válido, 
mas somente gera efeitos para o futuro, ou seja, o STJ não 
admitiu a atribuição de efeitos pretéritos. Em suma, só a 
cláusula da retroação é que era ilícita. 
 
Cuidado: 
 Muitoslivros defendem posição 
contrária ao que foi decidido pelo STJ. 
É o caso, por exemplo, de Maria 
Berenice Dias e Francisco José Cahali. 
Assim, muita atenção para o tipo de 
pergunta que será feita na hora da prova 
para não se lembrar do que leu no livro 
e errar a questão, especialmente em 
concursos CESPE. 
 
 
Regras de Ouro: 
✓ O STJ decidiu que um casal de namorados que morou juntos 
e que depois resolveucasar, não vivia em união estável se o 
objetivo deles era apenas constituir famíliano futuro. (REsp 
1.454.643-RJ/2015) 
 
✓ Um casal que vive (ou viverá) em união estável pode 
celebrar contrato de convivência dizendo que aquela 
relação será regida por um regime de bens igual ao regime de 
comunhão universal. Esse contrato, para ser válido, precisa 
ser feito por escrito, mas não é necessário que seja por 
escritura pública. (REsp1.459.597SC/2016) 
 
✓ A união estável também admite a presunção de concepção 
dos filhos na constância do casamento, prevista no artigo 
1.597, II CC. (REsp 1.194.059-SP, 2012). 
 
 
✓ Alienação de bem imóvel sem o consentimento do 
companheiro: a invalidação deimóvel comum, fundada na 
falta de consentimento do companheiro, dependerá 
dapublicidade conferida à união estável, mediante a 
averbação de contrato deconvivência ou da decisão 
declaratória da existência de união estável no Ofício 
doRegistro de Imóveis em que cadastrados os bens comuns, 
ou da demonstração demá-fé do adquirente.Se presumir boa 
fé do comprador, preserva-se a alienação realizada. 
(segurança eproteção.) (REsp 1.424.275-MT/2014) 
 
✓ O casal não é obrigado a formular pedido extrajudicial antes 
de ingressar com açãojudicial pedindo a conversão da união 
estável em casamento: (REsp 1.685.937-RJ/2017). 
O ordenamento oferece duas opções para o casal: 
a) Pode fazer a conversão extrajudicial (pelo artigo 8º da lei 
9.278/96); 
b) Pode optar pela conversão judicial (pelo artigo 1.726 CC) 
 
 
- Contrato de convivência 
 
 Finalmente, vale registrar que este contrato de namoro não se 
confunde com o denominado contrato de convivência (objeto da bela 
obra, com mesmo nome, da lavra de Francisco Cahali). 
 Nesse contexto, para o adequado entendimento da matéria, o 
que seria contrato de convivência? 
 
 O contrato de convivência, segundo Francisco Cahali, não tem 
força para criar a união estável, uma vez que objetiva apenas 
disciplinar determinados aspectos patrimoniais ou disponíveis, à luz 
da autonomia privada. A união estável é um fato da vida. Não precisa 
de registro. Não gera estado civil, como o casamento gera. Por isso 
o contrato de convivência não cria a união estável, mas pode 
disciplinar alguns aspectos, como por exemplo o regime de bens. 
 Não é lícito aos conviventes atribuírem efeitos retroativos ao 
contrato de união estável, a fim de eleger o regime de bens aplicável 
ao período de convivência anterior à sua assinatura. STJ. 3ª Turma. 
REsp 1.383.624-MG, Rel. Min. Moura Ribeiro, julgado em 2/6/2015 
(Info 563). 
 
4. Efeitos pessoais da união estável (CC 1.724). 
 
Efeitos entre os companheiros: basicamente os mesmos efeitos 
pessoais de um casamento. 
 
Art. 1.724, CC: “As relações pessoais entre os 
companheiros obedecerão aos deveres de lealdade, respeito e 
assistência, e de guarda, sustento e educação dos filhos”. 
Art. 1.566, CC: “São deveres de ambos os cônjuges: I - 
fidelidade recíproca; II - vida em comum, no domicílio conjugal; 
III - mútua assistência; IV - sustento, guarda e educação dos 
filhos; V - respeito e consideração mútuos.” 
 
Os efeitos pessoais do casamento são muito próximos aos da 
união estável., com exceção de fidelidade e vida comum no 
domicílio. Ou seja, na união estável não incide fidelidade e 
coabitação, são efeitos jurídicos específicos do casamento. 
A súmula 382 do STF já dizia que para a caracterização do 
antigo concubinato, agora união estável, não precisa morar sob o 
mesmo teto. 
Em que pese a inexistência de fidelidade, o art. 1.724 trouxe 
a lealdade e respeito, gêneros cuja a fidelidade é uma das suas 
espécies, como efeito da união estável. 
 
EFEITOS PESSOAIS DA UNIÃO ESTÁVEL 
Deveres convivenciais (lealdade e respeito; mútua 
assistência e guarda, sustento e educação da prole. 
Possibilidade de acréscimo de sobrenome do outro. 
Art. 56 a 58 da Lei de Registros Públicos. 
É facultativo e dependerá de decisão judicial pelo Juiz da Vara de 
Registros Públicos, procedimento de jurisdição voluntária – art. 
109 da LRP. 
Parentesco por afinidade (CC art. 1.595). 
O parentesco por afinidade é firmado no casamento e na união 
estável. 
Inalterabilidade do estado civil e não emancipação. 
A união estável não muda o estado civil e não emancipa. 
Possibilidade de exercício de curadoria (ausência ou 
interdição) 
Essa curadoria será exercida preferencialmente pelo cônjuge ou 
companheiro. 
 
 
 
A questão da presunção de paternidade (pater is est) – art. 
1.597. 
Esse artigo diz que a presunção de paternidade seria exclusiva do 
casamento, mas o STF – RESp 23, estabeleceu a incidência da 
presunção de paternidade na união estável em razão da 
igualdade entre os filhos e da proteção constitucional da união 
estável. 
Atenção: o CC não permite essa incidência. 
 
5. Efeitos patrimoniais da união estável. 
 
Regime de bens da união estável: comunhão parcial, salvo 
contrato escrito em contrário (bens adquiridos a título oneroso ou 
eventual na constância da relação). 
Art. 1.725, CC: “Na união estável, salvo contrato escrito 
entre os companheiros, aplica-se às relações patrimoniais, no 
que couber, o regime da comunhão parcial de bens”. 
A comunhão parcial é o regime da união estável, salvo a 
existência de um contrato em contrário – contrato de convivência. 
Esse contrato de convivência, diferente do pacto antenupcial, 
pode ser celebrado por instrumento público ou particular, não será 
registrado no Cartório de Imóveis. 
O contrato de convivência produzirá efeitos entre os 
companheiros. O pacto antenupcial produz efeitos entre os cônjuges 
e com relação a terceiros. 
O contrato de convivência é um contrato jurídico firmado entre 
os conviventes disciplinando a eficácia patrimonial da união estável, 
podendo escolher outro regime de bens. 
O contrato de convivência alem de servir para a escolha de bens, 
serve para outras declarações de vontade: bem de família; nomear 
curador; reconhecer filho; etc. 
Hoje, já se entende, que o contrato de convivência pode 
inclusive ter declarações de vontades pessoais, existenciais entre os 
companheiros. (Maria Berenice Dias e Gustavo Tepedino) – ex: abrir 
mão de determinados deveres pessoais. 
Só não é possível no contrato de convivência, declarações 
proibidas por lei (ex: renunciar a herança de pessoa vida). 
É possível declarar a vontade de retroagir os efeitos patrimoniais 
eleitos no contrato. No silêncio, o contrato produz efeitos exnunc. 
ATENÇÃO – ENTENDIMENTO MAIS RECENTE DO STJ É NO 
SENTIDO DE QUE NÃO PODE RETROAGIR. 
O STJ entendeu que o regime de separação obrigatória só 
incidiria na união estável no casamento de maiores de 70 anos 
quando do inicio da relação. Mas na letra fria do CC, não tem 
previsão. 
Na união estável é inexigível a outorga do companheiro 
(interpretação restritiva do CC 1.647). 
O CC exige a outorga do cônjuge em 3 casos: 
- alienação/oneração de bem imóvel; 
- fiança; 
- aval. 
Isso porque a união estável só produz efeito entre as partes. Se 
a eficácia é tão somente entre as partes, não se pode exigir em 
relação a terceiros efeitos dos companheiros. 
O STJ entende que esses atos são plenamente válidos na união 
estável. Embora ambas sejam entidades familiares, mas são 
situações jurídicas distintas, produzindo efeitos diferenciados. 
Outros efeitos patrimoniais: 
a) Direito à herança;b) Direito ao benefício previdenciário; 
c) Direito aos alimentos; 
d) Direito real de habitação 
EFEITOS PATRIMONIAIS DA UNIÃO ESTÁVEL1 
Direito à meação (regime de bens da comunhão parcial, salvo 
disposição em contrário. 
Direito à herança (CC 1.790) – incidirá somente sobre os bens 
comuns. Sobre os bens particulares não tem meação e nem 
herança. 
Obs: Cuidado para não confundir com os direitos sucessórios 
que foram explicados na aula passada (ver desenho do 
caderno, artigo 1.829CC) 
Direito ao benefício previdenciário – quem vive em união estável 
faz jus ao benefício previdenciário nas mesmas condições das 
pessoas casadas. Ou seja, com presunção de dependência. 
Direito aos alimentos (art. 1.694). 
Esse direito depende da presença do trinômio: necessidade de 
quem recebe, capacidade contributiva de quem presta e 
proporcionalidade. 
Direito real de habitação, em caso de óbito do companheiro (Lei 
9.278/96, art. 7). 
 
1 Tal temática foi cobrada pela FCC, em 2016, na prova da DPE-BA. Foi proposto o seguinte 
caso fático: “Margarida de Oliveira conviveu em união estável com Geraldo Teixeira desde o ano 
de 2006, ambos pessoas capazes e não idosos. Não realizaram pacto de convivência. Durante 
o relacionamento, Margarida, funcionária pública, recebia salário equivalente a dez salários 
mínimos, enquanto Geraldo não realizava qualquer atividade remunerada. Em 2010, Margarida 
adquiriu, por contrato de compra e venda, um bem imóvel onde o casal passou a residir. Em 
2015, recebeu o valor de R$ 100.000,00 (cem mil reais), deixado por seu pai por sucessão 
legítima.” E foi considerado correto: “Geraldo tem direito à meação do imóvel adquirido na 
constância da união estável, independente de prova de esforço comum, mas não faz jus à 
partilha do valor recebido a título de herança por Margarida, uma vez que o regime de 
bens aplicável à relação não contempla herança.” 
O CC não previu o direito de habitação para a união estável. 
Recentemente o STJ estabeleceu que o direito real de habitação 
na união estável não está submetido a essa lei, sendo revogada 
pelo CC, mas tem direito real de habitação da união estável por 
analogia ao casamento – direito real de habitaçao vitalício e 
incondicionado. 
Possibilidade de exercício da inventariança. 
 
 
LEMBRETE! Recordar é sobreviver! 
Existe direito real de habitação para o companheiro 
sobrevivente (união estável)? 
Direito real de habitação 
O direito real de habitação é previsto no Código Civil nos seguintes 
termos: 
Art. 1.831. Ao cônjuge sobrevivente, qualquer que seja o regime 
de bens, será assegurado, sem prejuízo da participação que lhe 
caiba na herança, o direito real de habitação relativamente ao 
imóvel destinado à residência da família, desde que seja o único 
daquela natureza a inventariar. 
Exemplo: 
João era casado com Maria e faleceu deixando quatro filhos e, como 
herança, um único apartamento que estava em seu nome e onde ele 
morava com a esposa. Nesse caso, Maria terá direito real de 
habitação sobre esse imóvel. 
O que significa isso? 
Em palavras simples, a pessoa que tem direito real de habitação 
poderá residir no imóvel. Logo, mesmo havendo quatro filhos como 
herdeiros, Maria terá direito de residir no apartamento. 
O direito real de habitação tem por objetivo garantir o direito 
fundamental à moradia (art. 6º, caput, da CF/88) e o postulado da 
dignidade da pessoa humana (art. art. 1º, III). 
 
Recai sobre o imóvel destinado à residência da família 
O cônjuge sobrevivente tem direito real de habitação sobre o imóvel 
em que residia o casal, desde que seja o único dessa natureza e que 
integre o patrimônio comum ou particular do cônjuge falecido no 
momento da abertura da sucessão (STJ. 3ª Turma. REsp 
1273222/SP, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 
18/06/2013). 
O regime de bens do casamento interfere no reconhecimento do 
direito real de habitação? 
NÃO. Poderá ser assegurado o direito real de habitação qualquer que 
seja o regime de bens. 
Até quando dura o direito real de habitação? 
O titular do direito real de habitação poderá, se quiser, morar no 
imóvel até a sua morte. Trata-se, portanto, de um direito vitalício. 
O fato de o cônjuge falecido ter tido filhos com outra mulher, 
interfere no direito real de habitação da esposa sobrevivente? 
NÃO. O direito real de habitação sobre o imóvel que servia de 
residência do casal deve ser conferido ao cônjuge/companheiro 
sobrevivente não apenas quando houver descendentes comuns, mas 
também quando concorrerem filhos exclusivos do de cujos (STJ. 3ª 
Turma. REsp 1134387/SP, julgado em 16/04/2013). 
Se o cônjuge sobrevivente casar novamente, ele continuará 
tendo direito real de habitação? 
SIM (posição majoritária). Isso porque o Código Civil de 1916 previa 
que o direito real de habitação seria extinto caso o cônjuge 
sobrevivente deixasse de ser viúvo, ou seja, caso se casasse ou 
iniciasse uma união estável (art. 1.611, § 2º). Como o CC-2002 não 
repetiu essa regra, entende-se que houve um silêncio eloquente e 
que não mais existe causa de extinção do direito real de habitação 
em caso de novo casamento ou união estável. Veja o que diz a 
doutrina: 
“Comparando-se o art. 1831 do Código Civil de 2002 com o seu 
antecessor (art. 1.611, CC 1916), houve substancial acréscimo 
qualitativo do direito real de habitação em favor do cônjuge 
sobrevivente. Primeiro, o cônjuge passa a desfrutar do direito real de 
habitação, independente do regime de bens adotado no matrimônio 
- no CC de 1916, só caberia em prol do meeiro no regime da 
comunhão universal. Segundo, no CC de 1916 o direito de habitação 
era vidual, posto condicionada a sua permanência à manutenção da 
viuvez. Doravante, mesmo que o cônjuge sobrevivente case 
novamente ou inaugure união estável, não poderá ser excluído da 
habitação, pois tal direito se torna vitalício.” (FARIAS, Cristiano 
Chaves de; ROSENVALD, Nelson. Direitos Reais. 8ª ed., Salvador: 
Juspodivm, 2012, p. 856-857). 
O direito real de habitação precisa ser inscrito no registro 
imobiliário? 
NÃO. O STJ possui precedentes afirmando que o direito real de 
habitação em favor do cônjuge sobrevivente se dá ex vi legis, ou seja, 
por força de lei, dispensando registro no registro imobiliário, já que 
guarda estreita relação com o direito de família (STJ. 3ª Turma. REsp 
565.820/PR, julgado em 16/09/2004). 
Existe direito real de habitação no caso da morte de 
companheiro (união estável)? João vivia em união estável com 
Maria e faleceu deixando quatro filhos e, como herança, um 
único apartamento que estava em seu nome e onde ele morava 
com a companheira. Nesse caso, Maria terá direito real de 
habitação sobre esse imóvel? 
SIM. O STJ possui o entendimento tranquilo de que a companheira 
sobrevivente faz jus ao direito real de habitação sobre o imóvel no 
qual convivia com o companheiro falecido. 
O art. 1.831 do CC-2002 fala apenas em cônjuge. Qual é o 
fundamento para estender o direito real de habitação também 
aos companheiros? 
De fato, o art. 1.831 do CC-2002, ao tratar sobre o direito real de 
habitação, menciona apenas o cônjuge sobrevivente, silenciando 
quanto à extensão desse direito ao companheiro sobrevivente. No 
entanto, esse dispositivo do CC deverá ser interpretado conforme a 
regra contida no art. 226, § 3º, da CF/88, que reconhece a união 
estável como entidade familiar. 
Assim, deve-se buscar uma interpretação que garanta à pessoa que 
viva em união estável os mesmos direitos que ela teria caso fosse 
casada. 
O art. 226, § 3º da CF/88 é uma norma de inclusão, sendo contrária 
ao seu espírito a tentativa de lhe extrair efeitos discriminatórios entre 
cônjuge e companheiro. 
Desse modo, o direto real de habitação contido no art. 1.831 do CC 
deve ser aplicado também ao companheiro sobrevivente. 
Lei n. 9.278/96 
O argumento acima (equiparaçãoconstitucional dos cônjuges e 
companheiros) é o mais correto e pertinente. Vale ressaltar, no 
entanto, que você pode encontrar alguns doutrinadores 
mencionando, ainda, mais um fundamento pelo qual o direito real de 
habitação poderia ser concedido aos companheiros: o fato de a Lei 
n. 9.278/96 conceder esse direito à união estável. 
De qualquer modo, seja por uma razão, seja por outra, o certo é que 
o direito real de habitação é extensível ao companheiro supérstite 
(sobrevivente). 
Enunciado 117 da I Jornada de Direito Civil: 
117: O direito real de habitação deve ser estendido ao companheiro, 
seja por não ter sido revogada a previsão da Lei 9.278, seja em razão 
da interpretação analógica do artigo 1.831, informado pelo artigo 6º, 
caput, da Constituição de 88. 
Imagine agora seguinte situação: 
João vivia em união estável com Maria e faleceu deixando quatro 
filhos e, como herança, um apartamento que estava em seu nome e 
onde ele morava com a companheira. 
Além disso, João deixou um seguro de vida, em que sua esposa 
figurava como beneficiária da apólice, tendo ela, portanto, recebido 
300 mil reais de indenização da seguradora. 
Com o dinheiro, Maria comprou uma casa, que aluga para terceiros. 
Diante disso, indaga-se: Maria continuará tendo direito real de 
habitação sobre o apartamento? 
SIM. O fato de a companheira ter adquirido outro imóvel residencial 
com o dinheiro recebido pelo seguro de vida do de cujus não tem o 
condão de exclui-la do direito real de habitação referente ao imóvel 
em que residia com seu companheiro, ao tempo da abertura da 
sucessão, uma vez que, segundo o art. 794 do CC, no seguro de 
vida, para o caso de morte, o capital estipulado não está sujeitos às 
dívidas do segurado, nem se considera herança para todos os efeitos 
de direito. 
Dessa forma, se o dinheiro do seguro não se insere no patrimônio do 
de cujus, não há falar em restrição ao direito real de habitação, 
porquanto o imóvel adquirido pela companheira sobrevivente não faz 
parte dos bens a inventariar. 
STJ. 4ª Turma. REsp 1.249.227-SC, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, 
julgado em 17/12/2013 (Info 533). 
 
*Algumas vezes, uma empresa apura lucro, mas decide que não irá 
distribuí-los aos acionistas, retendo esses lucros com o objetivo de 
incrementar o seu capital social. O lucro destinado à conta de 
reserva, ou seja, que não é distribuído aos sócios, continua 
pertencendo à sociedade empresária (e não ao sócio). Em razão 
disso, essa quantia não será partilhada caso um dos sócios termine 
a união estável que mantinha. Em outras palavras, os lucros de 
sociedade empresária destinados a sua própria conta de reserva não 
são partilháveis entre o casal no caso de dissolução de união estável 
de sócio. STJ. 3ª Turma. REsp 1.595.775-AP, Rel. Min. Ricardo Villas 
Bôas Cueva, julgado em 9/8/2016 (Info 588). 
 
 
 
6. Conversão da união estável em casamento. 
 
Mandamento constitucional da facilitação da conversão da união 
estável em casamento. Duvidosa constitucionalidade do CC 1.726. 
 
Art. 1.726, CC: “A união estável poderá converter-se em 
casamento, mediante pedido dos companheiros ao juiz e 
assento no Registro Civil.” 
 
Pode ocorrer com efeitos retroativos. Essa retroação depende 
de inexistência de impedimentos matrimoniais no período. 
 
7. Jurisprudência em teses do STJ acerca da união estável 
 
1) Os princípios legais que regem a sucessão e a partilha não se 
confundem: a sucessão é disciplinada pela lei em vigor na data do 
óbito; a partilha deve observar o regime de bens e o ordenamento 
jurídico vigente ao tempo da aquisição de cada bem a partilhar. 
2) A coabitação não é elemento indispensável à caracterização da 
união estável. 
3) A vara de família é a competente para apreciar e julgar pedido de 
reconhecimento e dissolução de união estável homoafetiva. 
4) Não é possível o reconhecimento de uniões estáveis simultâneas. 
5) A existência de casamento válido não obsta o reconhecimento da 
união estável, desde que haja separação de fato ou judicial entre os 
casados. 
6) Na união estável de pessoa maior de setenta anos (art. 1.641, II, 
do CC/02), impõe-se o regime da separação obrigatória, sendo 
possível a partilha de bens adquiridos na constância da relação, 
desde que comprovado o esforço comum. 
7) São incomunicáveis os bens particulares adquiridos anteriormente 
à união estável ou ao casamento sob o regime de comunhão parcial, 
ainda que a transcrição no registro imobiliário ocorra na constância 
da relação. 
8) O companheiro sobrevivente tem direito real de habitação sobre o 
imóvel no qual convivia com o falecido, ainda que silente o art. 1.831 
do atual Código Civil. 
9) O direito real de habitação poder ser invocado em demanda 
possessória pelo companheiro sobrevivente, ainda que não se tenha 
buscado em ação declaratória própria o reconhecimento de união 
estável. 
10) Não subsiste o direito real de habitação se houver co-propriedade 
sobre o imóvel antes da abertura da sucessão ou se, àquele tempo, 
o falecido era mero usufrutuário do bem. 
11) A valorização patrimonial dos imóveis ou das cotas sociais de 
sociedade limitada, adquiridos antes do início do período de 
convivência, não se comunica, pois não decorre do esforço comum 
dos companheiros, mas de mero fator econômico. 
12) A incomunicabilidade do produto dos bens adquiridos 
anteriormente ao início da união estável (art. 5º, § 1º, da Lei n. 
9.278/96) não afeta a comunicabilidade dos frutos, conforme 
previsão do art. 1.660, V, do Código Civil de 2002. 
13) Comprovada a existência de união homoafetiva, é de se 
reconhecer o direito do companheiro sobrevivente à meação dos 
bens adquiridos a título oneroso ao longo do relacionamento. 
14) Não há possibilidade de se pleitear indenização por serviços 
domésticos prestados com o fim do casamento ou da união estável, 
tampouco com o cessar do concubinato, sob pena de se cometer 
grave discriminação frente ao casamento, que tem primazia 
constitucional de tratamento. 
15) Compete à Justiça Federal analisar, incidentalmente e como 
prejudicial de mérito, o reconhecimento da união estável nas 
hipóteses em que se pleiteia a concessão de benefício 
previdenciário. 
16) A presunção legal de esforço comum quanto aos bens adquiridos 
onerosamente prevista no art. 5º da Lei 9.278/1996, não se aplica à 
partilha do patrimônio formado pelos conviventes antes da vigência 
da referida legislação. 
 
 Obs.: O companheiro faz jus à cobertura de cláusula de 
remissão por morte de titular de plano de saúde na hipótese em que 
a referida disposição contratual faça referência a cônjuge, sendo 
omissa quanto a companheiro 
 
# INFO 554, STJ – 2015: 
 O art. 1.647, I, do CC prevê que, nenhum dos cônjuges pode, 
sem autorização do outro, exceto no regime da separação absoluta, 
alienar ou gravar de ônus real os bens imóveis. Se duas pessoas 
vivem em união estável, é como se elas fossem casadas sob o 
regime da comunhão parcial de bens (art. 1.725 do CC). Para a 3ª 
Turma do STJ, a regra do art. 1.647, I, do CC pode ser aplicada à 
união estável, desde que tenha sido dada publicidade aos eventuais 
adquirentes a respeito da existência dessa união estável. Se um 
imóvel foi alienado pelo companheiro sem a anuência de sua 
companheira, a anulação dessa alienação somente será possível se 
no registro de imóveis onde está inscrito o bem, houvesse a 
averbação (uma espécie de anotação/observação feita no registro) 
de que o proprietário daquele imóvel vive em união estável. Se não 
houver essa averbação no registro imobiliário e se não existir 
nenhuma outra prova de que o adquirente do apartamento estava de 
má-fé, deve-se presumir que o comprador estava de boa-fé, 
preservando, assim, a alienação realizada, em nome da segurança 
jurídica e da proteção ao terceiro de boa-fé. Em suma: a invalidação 
da alienação de imóvel comum, fundada na falta deconsentimento 
do companheiro, dependerá da publicidade conferida à união estável, 
mediante a averbação de contrato de convivência ou da decisão 
declaratória da existência de união estável no Ofício do 
Registro de Imóveis em que cadastrados os bens comuns, ou da 
demonstração de má-fé do adquirente. STJ. 3ª Turma. REsp 
1.424.275-MT, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 
4/12/2014 (Info 554). 
 
 #INFO 568, STJ - 2015 
A autora pode optar entre o foro de seu domicílio e o foro de domicílio 
do réu para propor ação de reconhecimento e dissolução de união 
estável cumulada com pedido de alimentos, quando o litígio não 
envolver interesse de incapaz. STJ. 3ª Turma. REsp 1.290.950-SP, 
Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 25/8/2015 (Info 
568). 
- Regra de competência no caso de ação de dissolução de união 
estável. Se os ex-conviventes moram em comarcas diferentes, onde 
deverá ser proposta a ação de dissolução de união estável? No foro 
do domicílio do réu. A ação de dissolução de união estável é uma 
ação pessoal e, portanto, deve ser proposta na comarca de 
domicílio do réu, conforme previsto no art. 94 do CPC 1973 (art. 
46 do CPC 2015). 
- Essa regra especial do art. 100, II, do CPC 1973 (art. 53, II, do CPC 
2015) só vale para as ações de alimentos envolvendo menores de 
idade? NÃO. Essa regra especial vale não apenas para ações de 
alimentos envolvendo poder familiar, como também no caso de 
alimentos decorrentes de casamento, parentesco e união estável. 
- Atenção: essa regra especial não se aplica no caso de ação de 
alimentos baseada em ato ilícito. Neste caso, incide a regra geral 
do art. 94 do CPC 1973 (art. 46 do CPC 2015), salvo se houver 
alguma norma específica. 
- Obs: caso envolvesse interesse de incapazes (ex: pedido de 
alimentos para menor de 18 anos), aí a regra de competência em 
favor do domicílio do menor seria absoluta.

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