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União Estável Obs: a comunhão de vida formada pela união estável é informal e não solene, por isso que não produz efeito erga omnes (não emancipa; não muda o estado civil), só produzindo efeito entre as partes. Em que consiste a união estável? A união estável é uma entidade familiar, caracterizada pela união entre duas pessoas, do mesmo sexo ou de sexos diferentes, que possuem convivência pública, contínua e duradoura, com o objetivo de constituição de família. Previsão constitucional Art. 226 (...) § 3º — Para efeito da proteção do Estado, é reconhecida a união estável entre o homem e a mulher como entidade familiar, devendo a lei facilitar sua conversão em casamento. Previsão no CC-2002 Art. 1.723. É reconhecida como entidade familiar a união estável entre o homem e a mulher, configurada na convivência pública, contínua e duradoura e estabelecida com o objetivo de constituição de família. Requisitos para a caracterização da união estável a) A união deve ser pública (não pode ser oculta, clandestina); b) a união deve ser duradoura, ou seja, estável, apesar de não se exigir um tempo mínimo; c) a união deve ser contínua (sem que haja interrupções constantes); d) a união deve ser estabelecida com o objetivo de constituir uma família; e) as duas pessoas não podem ter impedimentos para casar; f) a união entre essas duas pessoas deve ser exclusiva (é impossível a existência de uniões estáveis concomitantes e a existência de união estável se um dos componentes é casado e não separado de fato). Questão de Prova: (TJ/SC/2019)Assinale a alternativa correta. União estável: A)É a união informal entre duas pessoas do mesmo sexo ou entre duas pessoas de sexo diferente, configurada na convivência pública, contínua e duradoura e estabelecida com o objetivo de constituição de família. B)Poderá ser convertida automaticamente em casamento somente após o transcurso de dois anos de convivência. C)Não exige deveres entre os conviventes. D)É a união informal entre duas pessoas de sexo diferente, configurada na convivência pública, contínua e duradoura e estabelecida com o objetivo de constituição de família. Obs: E, a grande realidade está em constatar que, na relação adulterina de união estável paralela ao casamento sempre faltarão ao conjunto afetivo os requisitos da fidelidade e da exclusividade na coabitação, porque o concubino, por ser casado, não é fiel à esposa, mas com esta tem um contrato precedente de matrimônio; mas tampouco está sendo fiel à concubina, pois segue amando e vivendo com a sua esposa, da qual não está faticamente separado e nem dela quer realmente se separar. Para o Ministro do STJ Luis Felipe Salomão, está consolidada a jurisprudência no sentido de ser descabido o reconhecimento de uniões concomitantes (REsp. n. 789.293/RJ; REsp. n. 1.157.273/RN),59 podendo ser acrescidos dois outros votos da sua lavra. Também o Supremo Tribunal Federal tem descartado o reconhecimento jurídico do concubinato paralelo ao casamento, como sucedeu, por exemplo, no RE n. 397.762-8/BA, relatado pelo Ministro Marco Aurélio, em cujo julgamento era buscado o reconhecimento de união estável entre o senhor Valdemar do Amor Divino e a senhora Joana da Paixão Luz, de cujo relacionamento nasceram nove filhos, mantendo o varão seu casamento em paralelo com a sua esposa, com a qual tivera outros onze filhos. A relação adulterina configura, sem sombra de dúvida, um fato social, capaz até de gerar resultados jurídicos no plano do Direito das Obrigações, mas não tem alcançado no âmbito dos Tribunais Superiores a categoria de fato jurídico do Direito de Família, no modelo puro de uma entidade familiar, pois, como decidiu a Ministra Nancy Andrighi no REsp. n. 1.157.273 da Terceira Turma do STJ, julgado em 18 de maio de 2010, “uma sociedade que apresenta como elemento estrutural a monogamia não pode atenuar o dever de fidelidade – que integra o conceito de lealdade – para o fim de inserir no âmbito do Direito de Família relações afetivas paralelas e, por consequência, desleais, sem descurar que o núcleo familiar contemporâneo tem como escopo a busca da realização de seus integrantes, vale dizer, a busca da felicidade”. Uniões estáveis plúrimas ou paralelas: 1ª corrente - Afirma que nenhum relacionamento constitui união estável, eis que a união deve ser exclusiva, aplicando-se o princípio da monogamia. Para essa corrente, todos os relacionamentos descritos devem ser tratados como concubinatos. (Maria Helena Diniz, curso de direito civil brasileiro, direito de família, 22ºed. sp, saraiva, 2007, p. 364-365). 2ª corrente - O primeiro relacionamento existente deve ser tratado como união estável, enquanto que os demais devem ser reconhecidos como uniões estáveis putativas, havendo boa fé do cônjuge. Aplica-se, por analogia, o art. 1.561 do CC, que trata do casamento putativo. Adeptos: Flávio Tartuce, Euclides de Oliveira, Rolf Madaleno, José Fernando Simão. 3ª corrente - Todos os relacionamentos constituem uniões estáveis, pela valorização do afeto que deve guiar o Direito de Família. (Maria Berenice Dias, manual de direito das famílias, 5ºed, sp, RT, 2010, p. 165-166). OBS: O STJ tem apicado a primeira corrente, repudiando a ideia de uniões plúrimas ou paralelas. REsp 789.293/RJ; REsp 1.157.273/RN. Obs: A união estável não se confunde com o matrimônio. Uma relação é de base factual, enquanto o outro é baseado em uma rígida solenidade e seu consequente registro. O sistema formalista desenvolvido ao redor do casamento nem sempre será apto a produzir os mesmos efeitos na união estável. Por isto o CNJ, buscando estabelecer segurança jurídica exarou o Provimento 37/2014. Como ocorre o registro de Uniões Estáveis? Circunscrição registral Cartório de Registro Civil da Sede ou do 1º Subdistrito da Comarca em que os companheiros têm ou tiveram seu último domicílio. Livro E Documento a ser registrado Escritura pública de união estável – seja de reconhecimento ou de distrato – (inviabilizando o registro do contrato particular) ou sentença de reconhecimento e dissolução da união estável Dados a serem registrados a) Data do registro b) Qualificação completa das partes, incluindo data de nascimento dos companheiros. c) Prenomes e sobrenomes dos pais d) Indicação de data e local do registro do nascimento dos companheiros (constando em qual Registro Civil foi feito o assento). Ainda, as mesmas informações em relação ao casamento, união estável, óbito de anterior companheiro (a)/ cônjuge, divórcio ou separação, tanto cartorais quanto judiciais. e) Data do trânsito em julgado da sentença ou do acórdão, número do processo, juízo e nome do Juiz que proferiu ou do Desembargador que relatou, quando o caso. f) Data da escritura pública, com o livro, página e Tabelionato em foi lavrada. g) O regime de bens ou a menção de que não houve escolha. Vedação È proibido registrar no Livro E uniões estáveis de pessoas casadas. Isto não desfaz a regra do art. 1.723, parágrafo primeiro, apenas dá mais segurança ao registro. Questão de Prova: (TJ/SC/2019)Considerando o instituto da união estável: A)A lei determina que a união estável deva ser estabelecida obrigatoriamente por escritura pública. B)Ao lavrar uma escritura pública de união estável, deve o Notário averiguar a real existência da situação relatada e especificar o regime de bens, bem como de sua administração, além de outras obrigações decorrentes da situação de convivência. C)Ao notário é permitido, conforme sua apreensão dos fatos, lavrar escritura de união estável embasado em declaração unilateral. OBS: A doutrina defende a possibilidade de que a união estável deve ser equiparada ao matrimônio em seu sentido material (sendo digna de proteção, gerando direito à sucessão,alimentos, etc..), mas deve ser afastada, para manutenção da segurança jurídica, nos pontos que derivarem da simples formalidade (como a não possibilidade de exigência de outorga). Exemplo da ausência de outorga: É válida a fiança prestada durante união estável sem anuência do companheiro O que é fiança? Fiança é um tipo de contrato por meio do qual uma pessoa (chamada de “fiadora”) assume o compromisso junto ao credor de que ela irá satisfazer a obrigação assumida pelo devedor, caso este não a cumpra (art. 818 do Código Civil). Outorga uxória Se a pessoa for casada, em regra, ela somente poderá ser fiadora se o cônjuge concordar. Essa concordância, que é chamada de “outorga uxória/marital”, não é necessária se a pessoa for casada sob o regime da separação absoluta. Tal regra encontra-se prevista no art. 1.647, III, do CC: Art. 1.647. Ressalvado o disposto no art. 1.648, nenhum dos cônjuges pode, sem autorização do outro, exceto no regime da separação absoluta: (...) III - prestar fiança ou aval; Se o cônjuge negar essa autorização sem motivo justo, a pessoa poderá pedir ao juiz que supra a outorga, ou seja, o magistrado poderá autorizar que a fiança seja prestada mesmo sem o consentimento. Feitos esses esclarecimentos, imagine a seguinte situação hipotética: Pedro aluga seu apartamento para Rui (locatário). João, melhor amigo de Rui, aceita figurar no contrato como fiador. Após um ano, Rui devolve o apartamento, ficando, contudo, devendo 4 meses de aluguel. Pedro propõe uma execução contra Rui e João cobrando o valor devido. O juiz determina a penhora da casa em que mora o João e que está em seu nome. É possível a penhora da casa de João, mesmo sendo bem de família? SIM. A impenhorabilidade do bem de família não se aplica no caso de dívidas do fiador decorrentes do contrato de locação. Veja: Lei n. 8.009/90 Art. 3º A impenhorabilidade é oponível em qualquer processo de execução civil, fiscal, previdenciária, trabalhista ou de outra natureza, salvo se movido: (...) VII - por obrigação decorrente de fiança concedida em contrato de locação. Embargos de terceiro Maria, companheira de João, apresenta embargos de terceiro contra Pedro (exequente), alegando que a fiança prestada foi nula em razão da falta de outorga uxória já que ela, na condição de companheira, não autorizou o ato. Afirmou, ainda, que convivia em união estável com João há muitos anos e que eles já tinham até mesmo feito uma escritura pública reconhecendo essa relação. A pergunta que surge agora é a seguinte: a outorga uxória/marital é necessária também no caso de união estável? Uma pessoa que viva em união estável com outra, se quiser prestar fiança, precisará da autorização de seu(sua) companheiro(a)? NÃO. Na união estável não se exige o consentimento do companheiro para a prática dos atos previstos no art. 1.647 do CC. Assim, uma pessoa que viva em união estável com outra pode prestar fiança sem a necessidade de autorização de seu(sua) companheiro(a). Logo, NÃO é nula a fiança prestada por fiador convivente em união estável sem a autorização de sua companheira. Entendimento do STJ Esse foi o entendimento adotado pela 4ª Turma do STJ no Resp 1299894/DF, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 25/02/2014. Qual é o fundamento para essa conclusão? O STJ considerou que a fiança prestada sem a autorização do companheiro é válida porque é impossível ao credor saber se o fiador vive ou não em união estável com alguém. Como para a caracterização da união estável não se exige um ato formal, solene e público, como no casamento, fica difícil ao credor se proteger de eventuais prejuízos porque ele nunca terá plena certeza se o fiador possui ou não um companheiro. Segundo o Min. Luis Felipe Salomão, é certo que não existe superioridade do casamento sobre a união estável, sendo ambas equiparadas constitucionalmente. Isso não significa, contudo, que os dois institutos sejam inexoravelmente coincidentes, ou seja, eles não são idênticos. Vale ressaltar que o fato de o fiador ter celebrado uma escritura pública com sua companheira, disciplinando essa união estável, não faz com que isso altere a conclusão do julgado. Isso porque para tomar conhecimento da existência dessa escritura, o credor teria que percorrer todos os cartórios de notas do Brasil, o que se mostra inviável e inexigível. Dessa forma, o STJ considerou que não é nula nem anulável a fiança prestada por fiador convivente em união estável, sem a outorga uxória, mesmo que tenha havido a celebração de escritura pública entre os consortes. OBS: Conceito de união estável putativa: ocorre quando há duas ou mais uniões (de qualquer natureza, todas eficientes – sem separação) e uma das partes está de boa fé. ➢ Os Tribunais ainda não fecharam questão sobre o tema, havendo decisões favoráveis e contrárias. ➢ A coabitação é um requisito da união estável? ➢ NÃO. O CC-2002 não exige que os companheiros residam sob o mesmo teto, de sorte que continua em vigor, com as devidas adaptações, a antiga Súmula 382-STF: A vida em comum sob o mesmo teto "more uxorio", não é indispensável à caracterização do concubinato. Fonte: http://www.inurture.co.in/getting-to-know-business-research-methods/ ➢ Se duas pessoas estão vivendo em união estável, a lei prevê regras para disciplinar o patrimônio desse casal? ➢ SIM. O Código Civil estabelece que, na união estável, as relações patrimoniais entre o casal obedecem às regras do regime da comunhão parcial de bens (art. 1.725). Em outras palavras, é como se as pessoas que vivem em união estável estivessem casadas sob o regime da comunhão parcial de bens. ➢ É possível que esse casal altere isso? ➢ SIM. Os companheiros podem celebrar um contrato escrito entre si estipulando regras patrimoniais específicas que irão vigorar naquela união estável. Ex.: empresários, esportistas ou artistas milionários costumam assinar contratos de convivência com suas companheiras estabelecendo que, naquela união estável, irá vigorar o regime da separação de bens. ➢ Imagine agora a seguinte situação hipotética: Em 2010, Christian, rico empresário, começa a namorar Anastasia. O relacionamento fica sério e se transforma em uma união pública, duradoura e contínua. Eles, inclusive, falam em constituir uma família. Em 2015, orientado por seus advogados, Christian decide celebrar com Anastasia um “contrato de união estável” por meio de escritura pública lavrada por tabelião de notas. No contrato é estipulado que o regime de bens do casal é o da separação total. A cláusula 9.1.2.3.4 afirma que esse regime de bens retroage ao ano de 2010, quando começou o relacionamento entre o casal. ➢ Segundo o STJ, essa cláusula é válida? ➢ NÃO. Não é lícito aos conviventes atribuírem efeitos retroativos ao contrato de união estável, a fim de eleger o regime de bens aplicável ao período de convivência anterior à sua assinatura. ➢ STJ. 3ª Turma. REsp 1.383.624-MG, Rel. Min. Moura Ribeiro, julgado em 2/6/2015 (Info 563). ➢ O regime de bens entre os companheiros começa a vigorar na data da assinatura do contrato, assim como o regime de bens entre os cônjuges começa a produzir efeitos na data do casamento (§ 1º do art. 1.639 do CC). ➢ Assim, no exemplo, Anastasia será proprietária de metade do que Christian adquiriu onerosamente desde que começou a união estável até a data da assinatura do contrato quando passa a vigorar o regime da separação total. O contrato de união estável é válido, mas somente gera efeitos para o futuro, ou seja, o STJ não admitiu a atribuição de efeitos pretéritos. Em suma, só a cláusula da retroação é que era ilícita. Cuidado: Muitoslivros defendem posição contrária ao que foi decidido pelo STJ. É o caso, por exemplo, de Maria Berenice Dias e Francisco José Cahali. Assim, muita atenção para o tipo de pergunta que será feita na hora da prova para não se lembrar do que leu no livro e errar a questão, especialmente em concursos CESPE. Regras de Ouro: ✓ O STJ decidiu que um casal de namorados que morou juntos e que depois resolveucasar, não vivia em união estável se o objetivo deles era apenas constituir famíliano futuro. (REsp 1.454.643-RJ/2015) ✓ Um casal que vive (ou viverá) em união estável pode celebrar contrato de convivência dizendo que aquela relação será regida por um regime de bens igual ao regime de comunhão universal. Esse contrato, para ser válido, precisa ser feito por escrito, mas não é necessário que seja por escritura pública. (REsp1.459.597SC/2016) ✓ A união estável também admite a presunção de concepção dos filhos na constância do casamento, prevista no artigo 1.597, II CC. (REsp 1.194.059-SP, 2012). ✓ Alienação de bem imóvel sem o consentimento do companheiro: a invalidação deimóvel comum, fundada na falta de consentimento do companheiro, dependerá dapublicidade conferida à união estável, mediante a averbação de contrato deconvivência ou da decisão declaratória da existência de união estável no Ofício doRegistro de Imóveis em que cadastrados os bens comuns, ou da demonstração demá-fé do adquirente.Se presumir boa fé do comprador, preserva-se a alienação realizada. (segurança eproteção.) (REsp 1.424.275-MT/2014) ✓ O casal não é obrigado a formular pedido extrajudicial antes de ingressar com açãojudicial pedindo a conversão da união estável em casamento: (REsp 1.685.937-RJ/2017). O ordenamento oferece duas opções para o casal: a) Pode fazer a conversão extrajudicial (pelo artigo 8º da lei 9.278/96); b) Pode optar pela conversão judicial (pelo artigo 1.726 CC) - Contrato de convivência Finalmente, vale registrar que este contrato de namoro não se confunde com o denominado contrato de convivência (objeto da bela obra, com mesmo nome, da lavra de Francisco Cahali). Nesse contexto, para o adequado entendimento da matéria, o que seria contrato de convivência? O contrato de convivência, segundo Francisco Cahali, não tem força para criar a união estável, uma vez que objetiva apenas disciplinar determinados aspectos patrimoniais ou disponíveis, à luz da autonomia privada. A união estável é um fato da vida. Não precisa de registro. Não gera estado civil, como o casamento gera. Por isso o contrato de convivência não cria a união estável, mas pode disciplinar alguns aspectos, como por exemplo o regime de bens. Não é lícito aos conviventes atribuírem efeitos retroativos ao contrato de união estável, a fim de eleger o regime de bens aplicável ao período de convivência anterior à sua assinatura. STJ. 3ª Turma. REsp 1.383.624-MG, Rel. Min. Moura Ribeiro, julgado em 2/6/2015 (Info 563). 4. Efeitos pessoais da união estável (CC 1.724). Efeitos entre os companheiros: basicamente os mesmos efeitos pessoais de um casamento. Art. 1.724, CC: “As relações pessoais entre os companheiros obedecerão aos deveres de lealdade, respeito e assistência, e de guarda, sustento e educação dos filhos”. Art. 1.566, CC: “São deveres de ambos os cônjuges: I - fidelidade recíproca; II - vida em comum, no domicílio conjugal; III - mútua assistência; IV - sustento, guarda e educação dos filhos; V - respeito e consideração mútuos.” Os efeitos pessoais do casamento são muito próximos aos da união estável., com exceção de fidelidade e vida comum no domicílio. Ou seja, na união estável não incide fidelidade e coabitação, são efeitos jurídicos específicos do casamento. A súmula 382 do STF já dizia que para a caracterização do antigo concubinato, agora união estável, não precisa morar sob o mesmo teto. Em que pese a inexistência de fidelidade, o art. 1.724 trouxe a lealdade e respeito, gêneros cuja a fidelidade é uma das suas espécies, como efeito da união estável. EFEITOS PESSOAIS DA UNIÃO ESTÁVEL Deveres convivenciais (lealdade e respeito; mútua assistência e guarda, sustento e educação da prole. Possibilidade de acréscimo de sobrenome do outro. Art. 56 a 58 da Lei de Registros Públicos. É facultativo e dependerá de decisão judicial pelo Juiz da Vara de Registros Públicos, procedimento de jurisdição voluntária – art. 109 da LRP. Parentesco por afinidade (CC art. 1.595). O parentesco por afinidade é firmado no casamento e na união estável. Inalterabilidade do estado civil e não emancipação. A união estável não muda o estado civil e não emancipa. Possibilidade de exercício de curadoria (ausência ou interdição) Essa curadoria será exercida preferencialmente pelo cônjuge ou companheiro. A questão da presunção de paternidade (pater is est) – art. 1.597. Esse artigo diz que a presunção de paternidade seria exclusiva do casamento, mas o STF – RESp 23, estabeleceu a incidência da presunção de paternidade na união estável em razão da igualdade entre os filhos e da proteção constitucional da união estável. Atenção: o CC não permite essa incidência. 5. Efeitos patrimoniais da união estável. Regime de bens da união estável: comunhão parcial, salvo contrato escrito em contrário (bens adquiridos a título oneroso ou eventual na constância da relação). Art. 1.725, CC: “Na união estável, salvo contrato escrito entre os companheiros, aplica-se às relações patrimoniais, no que couber, o regime da comunhão parcial de bens”. A comunhão parcial é o regime da união estável, salvo a existência de um contrato em contrário – contrato de convivência. Esse contrato de convivência, diferente do pacto antenupcial, pode ser celebrado por instrumento público ou particular, não será registrado no Cartório de Imóveis. O contrato de convivência produzirá efeitos entre os companheiros. O pacto antenupcial produz efeitos entre os cônjuges e com relação a terceiros. O contrato de convivência é um contrato jurídico firmado entre os conviventes disciplinando a eficácia patrimonial da união estável, podendo escolher outro regime de bens. O contrato de convivência alem de servir para a escolha de bens, serve para outras declarações de vontade: bem de família; nomear curador; reconhecer filho; etc. Hoje, já se entende, que o contrato de convivência pode inclusive ter declarações de vontades pessoais, existenciais entre os companheiros. (Maria Berenice Dias e Gustavo Tepedino) – ex: abrir mão de determinados deveres pessoais. Só não é possível no contrato de convivência, declarações proibidas por lei (ex: renunciar a herança de pessoa vida). É possível declarar a vontade de retroagir os efeitos patrimoniais eleitos no contrato. No silêncio, o contrato produz efeitos exnunc. ATENÇÃO – ENTENDIMENTO MAIS RECENTE DO STJ É NO SENTIDO DE QUE NÃO PODE RETROAGIR. O STJ entendeu que o regime de separação obrigatória só incidiria na união estável no casamento de maiores de 70 anos quando do inicio da relação. Mas na letra fria do CC, não tem previsão. Na união estável é inexigível a outorga do companheiro (interpretação restritiva do CC 1.647). O CC exige a outorga do cônjuge em 3 casos: - alienação/oneração de bem imóvel; - fiança; - aval. Isso porque a união estável só produz efeito entre as partes. Se a eficácia é tão somente entre as partes, não se pode exigir em relação a terceiros efeitos dos companheiros. O STJ entende que esses atos são plenamente válidos na união estável. Embora ambas sejam entidades familiares, mas são situações jurídicas distintas, produzindo efeitos diferenciados. Outros efeitos patrimoniais: a) Direito à herança;b) Direito ao benefício previdenciário; c) Direito aos alimentos; d) Direito real de habitação EFEITOS PATRIMONIAIS DA UNIÃO ESTÁVEL1 Direito à meação (regime de bens da comunhão parcial, salvo disposição em contrário. Direito à herança (CC 1.790) – incidirá somente sobre os bens comuns. Sobre os bens particulares não tem meação e nem herança. Obs: Cuidado para não confundir com os direitos sucessórios que foram explicados na aula passada (ver desenho do caderno, artigo 1.829CC) Direito ao benefício previdenciário – quem vive em união estável faz jus ao benefício previdenciário nas mesmas condições das pessoas casadas. Ou seja, com presunção de dependência. Direito aos alimentos (art. 1.694). Esse direito depende da presença do trinômio: necessidade de quem recebe, capacidade contributiva de quem presta e proporcionalidade. Direito real de habitação, em caso de óbito do companheiro (Lei 9.278/96, art. 7). 1 Tal temática foi cobrada pela FCC, em 2016, na prova da DPE-BA. Foi proposto o seguinte caso fático: “Margarida de Oliveira conviveu em união estável com Geraldo Teixeira desde o ano de 2006, ambos pessoas capazes e não idosos. Não realizaram pacto de convivência. Durante o relacionamento, Margarida, funcionária pública, recebia salário equivalente a dez salários mínimos, enquanto Geraldo não realizava qualquer atividade remunerada. Em 2010, Margarida adquiriu, por contrato de compra e venda, um bem imóvel onde o casal passou a residir. Em 2015, recebeu o valor de R$ 100.000,00 (cem mil reais), deixado por seu pai por sucessão legítima.” E foi considerado correto: “Geraldo tem direito à meação do imóvel adquirido na constância da união estável, independente de prova de esforço comum, mas não faz jus à partilha do valor recebido a título de herança por Margarida, uma vez que o regime de bens aplicável à relação não contempla herança.” O CC não previu o direito de habitação para a união estável. Recentemente o STJ estabeleceu que o direito real de habitação na união estável não está submetido a essa lei, sendo revogada pelo CC, mas tem direito real de habitação da união estável por analogia ao casamento – direito real de habitaçao vitalício e incondicionado. Possibilidade de exercício da inventariança. LEMBRETE! Recordar é sobreviver! Existe direito real de habitação para o companheiro sobrevivente (união estável)? Direito real de habitação O direito real de habitação é previsto no Código Civil nos seguintes termos: Art. 1.831. Ao cônjuge sobrevivente, qualquer que seja o regime de bens, será assegurado, sem prejuízo da participação que lhe caiba na herança, o direito real de habitação relativamente ao imóvel destinado à residência da família, desde que seja o único daquela natureza a inventariar. Exemplo: João era casado com Maria e faleceu deixando quatro filhos e, como herança, um único apartamento que estava em seu nome e onde ele morava com a esposa. Nesse caso, Maria terá direito real de habitação sobre esse imóvel. O que significa isso? Em palavras simples, a pessoa que tem direito real de habitação poderá residir no imóvel. Logo, mesmo havendo quatro filhos como herdeiros, Maria terá direito de residir no apartamento. O direito real de habitação tem por objetivo garantir o direito fundamental à moradia (art. 6º, caput, da CF/88) e o postulado da dignidade da pessoa humana (art. art. 1º, III). Recai sobre o imóvel destinado à residência da família O cônjuge sobrevivente tem direito real de habitação sobre o imóvel em que residia o casal, desde que seja o único dessa natureza e que integre o patrimônio comum ou particular do cônjuge falecido no momento da abertura da sucessão (STJ. 3ª Turma. REsp 1273222/SP, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 18/06/2013). O regime de bens do casamento interfere no reconhecimento do direito real de habitação? NÃO. Poderá ser assegurado o direito real de habitação qualquer que seja o regime de bens. Até quando dura o direito real de habitação? O titular do direito real de habitação poderá, se quiser, morar no imóvel até a sua morte. Trata-se, portanto, de um direito vitalício. O fato de o cônjuge falecido ter tido filhos com outra mulher, interfere no direito real de habitação da esposa sobrevivente? NÃO. O direito real de habitação sobre o imóvel que servia de residência do casal deve ser conferido ao cônjuge/companheiro sobrevivente não apenas quando houver descendentes comuns, mas também quando concorrerem filhos exclusivos do de cujos (STJ. 3ª Turma. REsp 1134387/SP, julgado em 16/04/2013). Se o cônjuge sobrevivente casar novamente, ele continuará tendo direito real de habitação? SIM (posição majoritária). Isso porque o Código Civil de 1916 previa que o direito real de habitação seria extinto caso o cônjuge sobrevivente deixasse de ser viúvo, ou seja, caso se casasse ou iniciasse uma união estável (art. 1.611, § 2º). Como o CC-2002 não repetiu essa regra, entende-se que houve um silêncio eloquente e que não mais existe causa de extinção do direito real de habitação em caso de novo casamento ou união estável. Veja o que diz a doutrina: “Comparando-se o art. 1831 do Código Civil de 2002 com o seu antecessor (art. 1.611, CC 1916), houve substancial acréscimo qualitativo do direito real de habitação em favor do cônjuge sobrevivente. Primeiro, o cônjuge passa a desfrutar do direito real de habitação, independente do regime de bens adotado no matrimônio - no CC de 1916, só caberia em prol do meeiro no regime da comunhão universal. Segundo, no CC de 1916 o direito de habitação era vidual, posto condicionada a sua permanência à manutenção da viuvez. Doravante, mesmo que o cônjuge sobrevivente case novamente ou inaugure união estável, não poderá ser excluído da habitação, pois tal direito se torna vitalício.” (FARIAS, Cristiano Chaves de; ROSENVALD, Nelson. Direitos Reais. 8ª ed., Salvador: Juspodivm, 2012, p. 856-857). O direito real de habitação precisa ser inscrito no registro imobiliário? NÃO. O STJ possui precedentes afirmando que o direito real de habitação em favor do cônjuge sobrevivente se dá ex vi legis, ou seja, por força de lei, dispensando registro no registro imobiliário, já que guarda estreita relação com o direito de família (STJ. 3ª Turma. REsp 565.820/PR, julgado em 16/09/2004). Existe direito real de habitação no caso da morte de companheiro (união estável)? João vivia em união estável com Maria e faleceu deixando quatro filhos e, como herança, um único apartamento que estava em seu nome e onde ele morava com a companheira. Nesse caso, Maria terá direito real de habitação sobre esse imóvel? SIM. O STJ possui o entendimento tranquilo de que a companheira sobrevivente faz jus ao direito real de habitação sobre o imóvel no qual convivia com o companheiro falecido. O art. 1.831 do CC-2002 fala apenas em cônjuge. Qual é o fundamento para estender o direito real de habitação também aos companheiros? De fato, o art. 1.831 do CC-2002, ao tratar sobre o direito real de habitação, menciona apenas o cônjuge sobrevivente, silenciando quanto à extensão desse direito ao companheiro sobrevivente. No entanto, esse dispositivo do CC deverá ser interpretado conforme a regra contida no art. 226, § 3º, da CF/88, que reconhece a união estável como entidade familiar. Assim, deve-se buscar uma interpretação que garanta à pessoa que viva em união estável os mesmos direitos que ela teria caso fosse casada. O art. 226, § 3º da CF/88 é uma norma de inclusão, sendo contrária ao seu espírito a tentativa de lhe extrair efeitos discriminatórios entre cônjuge e companheiro. Desse modo, o direto real de habitação contido no art. 1.831 do CC deve ser aplicado também ao companheiro sobrevivente. Lei n. 9.278/96 O argumento acima (equiparaçãoconstitucional dos cônjuges e companheiros) é o mais correto e pertinente. Vale ressaltar, no entanto, que você pode encontrar alguns doutrinadores mencionando, ainda, mais um fundamento pelo qual o direito real de habitação poderia ser concedido aos companheiros: o fato de a Lei n. 9.278/96 conceder esse direito à união estável. De qualquer modo, seja por uma razão, seja por outra, o certo é que o direito real de habitação é extensível ao companheiro supérstite (sobrevivente). Enunciado 117 da I Jornada de Direito Civil: 117: O direito real de habitação deve ser estendido ao companheiro, seja por não ter sido revogada a previsão da Lei 9.278, seja em razão da interpretação analógica do artigo 1.831, informado pelo artigo 6º, caput, da Constituição de 88. Imagine agora seguinte situação: João vivia em união estável com Maria e faleceu deixando quatro filhos e, como herança, um apartamento que estava em seu nome e onde ele morava com a companheira. Além disso, João deixou um seguro de vida, em que sua esposa figurava como beneficiária da apólice, tendo ela, portanto, recebido 300 mil reais de indenização da seguradora. Com o dinheiro, Maria comprou uma casa, que aluga para terceiros. Diante disso, indaga-se: Maria continuará tendo direito real de habitação sobre o apartamento? SIM. O fato de a companheira ter adquirido outro imóvel residencial com o dinheiro recebido pelo seguro de vida do de cujus não tem o condão de exclui-la do direito real de habitação referente ao imóvel em que residia com seu companheiro, ao tempo da abertura da sucessão, uma vez que, segundo o art. 794 do CC, no seguro de vida, para o caso de morte, o capital estipulado não está sujeitos às dívidas do segurado, nem se considera herança para todos os efeitos de direito. Dessa forma, se o dinheiro do seguro não se insere no patrimônio do de cujus, não há falar em restrição ao direito real de habitação, porquanto o imóvel adquirido pela companheira sobrevivente não faz parte dos bens a inventariar. STJ. 4ª Turma. REsp 1.249.227-SC, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 17/12/2013 (Info 533). *Algumas vezes, uma empresa apura lucro, mas decide que não irá distribuí-los aos acionistas, retendo esses lucros com o objetivo de incrementar o seu capital social. O lucro destinado à conta de reserva, ou seja, que não é distribuído aos sócios, continua pertencendo à sociedade empresária (e não ao sócio). Em razão disso, essa quantia não será partilhada caso um dos sócios termine a união estável que mantinha. Em outras palavras, os lucros de sociedade empresária destinados a sua própria conta de reserva não são partilháveis entre o casal no caso de dissolução de união estável de sócio. STJ. 3ª Turma. REsp 1.595.775-AP, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 9/8/2016 (Info 588). 6. Conversão da união estável em casamento. Mandamento constitucional da facilitação da conversão da união estável em casamento. Duvidosa constitucionalidade do CC 1.726. Art. 1.726, CC: “A união estável poderá converter-se em casamento, mediante pedido dos companheiros ao juiz e assento no Registro Civil.” Pode ocorrer com efeitos retroativos. Essa retroação depende de inexistência de impedimentos matrimoniais no período. 7. Jurisprudência em teses do STJ acerca da união estável 1) Os princípios legais que regem a sucessão e a partilha não se confundem: a sucessão é disciplinada pela lei em vigor na data do óbito; a partilha deve observar o regime de bens e o ordenamento jurídico vigente ao tempo da aquisição de cada bem a partilhar. 2) A coabitação não é elemento indispensável à caracterização da união estável. 3) A vara de família é a competente para apreciar e julgar pedido de reconhecimento e dissolução de união estável homoafetiva. 4) Não é possível o reconhecimento de uniões estáveis simultâneas. 5) A existência de casamento válido não obsta o reconhecimento da união estável, desde que haja separação de fato ou judicial entre os casados. 6) Na união estável de pessoa maior de setenta anos (art. 1.641, II, do CC/02), impõe-se o regime da separação obrigatória, sendo possível a partilha de bens adquiridos na constância da relação, desde que comprovado o esforço comum. 7) São incomunicáveis os bens particulares adquiridos anteriormente à união estável ou ao casamento sob o regime de comunhão parcial, ainda que a transcrição no registro imobiliário ocorra na constância da relação. 8) O companheiro sobrevivente tem direito real de habitação sobre o imóvel no qual convivia com o falecido, ainda que silente o art. 1.831 do atual Código Civil. 9) O direito real de habitação poder ser invocado em demanda possessória pelo companheiro sobrevivente, ainda que não se tenha buscado em ação declaratória própria o reconhecimento de união estável. 10) Não subsiste o direito real de habitação se houver co-propriedade sobre o imóvel antes da abertura da sucessão ou se, àquele tempo, o falecido era mero usufrutuário do bem. 11) A valorização patrimonial dos imóveis ou das cotas sociais de sociedade limitada, adquiridos antes do início do período de convivência, não se comunica, pois não decorre do esforço comum dos companheiros, mas de mero fator econômico. 12) A incomunicabilidade do produto dos bens adquiridos anteriormente ao início da união estável (art. 5º, § 1º, da Lei n. 9.278/96) não afeta a comunicabilidade dos frutos, conforme previsão do art. 1.660, V, do Código Civil de 2002. 13) Comprovada a existência de união homoafetiva, é de se reconhecer o direito do companheiro sobrevivente à meação dos bens adquiridos a título oneroso ao longo do relacionamento. 14) Não há possibilidade de se pleitear indenização por serviços domésticos prestados com o fim do casamento ou da união estável, tampouco com o cessar do concubinato, sob pena de se cometer grave discriminação frente ao casamento, que tem primazia constitucional de tratamento. 15) Compete à Justiça Federal analisar, incidentalmente e como prejudicial de mérito, o reconhecimento da união estável nas hipóteses em que se pleiteia a concessão de benefício previdenciário. 16) A presunção legal de esforço comum quanto aos bens adquiridos onerosamente prevista no art. 5º da Lei 9.278/1996, não se aplica à partilha do patrimônio formado pelos conviventes antes da vigência da referida legislação. Obs.: O companheiro faz jus à cobertura de cláusula de remissão por morte de titular de plano de saúde na hipótese em que a referida disposição contratual faça referência a cônjuge, sendo omissa quanto a companheiro # INFO 554, STJ – 2015: O art. 1.647, I, do CC prevê que, nenhum dos cônjuges pode, sem autorização do outro, exceto no regime da separação absoluta, alienar ou gravar de ônus real os bens imóveis. Se duas pessoas vivem em união estável, é como se elas fossem casadas sob o regime da comunhão parcial de bens (art. 1.725 do CC). Para a 3ª Turma do STJ, a regra do art. 1.647, I, do CC pode ser aplicada à união estável, desde que tenha sido dada publicidade aos eventuais adquirentes a respeito da existência dessa união estável. Se um imóvel foi alienado pelo companheiro sem a anuência de sua companheira, a anulação dessa alienação somente será possível se no registro de imóveis onde está inscrito o bem, houvesse a averbação (uma espécie de anotação/observação feita no registro) de que o proprietário daquele imóvel vive em união estável. Se não houver essa averbação no registro imobiliário e se não existir nenhuma outra prova de que o adquirente do apartamento estava de má-fé, deve-se presumir que o comprador estava de boa-fé, preservando, assim, a alienação realizada, em nome da segurança jurídica e da proteção ao terceiro de boa-fé. Em suma: a invalidação da alienação de imóvel comum, fundada na falta deconsentimento do companheiro, dependerá da publicidade conferida à união estável, mediante a averbação de contrato de convivência ou da decisão declaratória da existência de união estável no Ofício do Registro de Imóveis em que cadastrados os bens comuns, ou da demonstração de má-fé do adquirente. STJ. 3ª Turma. REsp 1.424.275-MT, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 4/12/2014 (Info 554). #INFO 568, STJ - 2015 A autora pode optar entre o foro de seu domicílio e o foro de domicílio do réu para propor ação de reconhecimento e dissolução de união estável cumulada com pedido de alimentos, quando o litígio não envolver interesse de incapaz. STJ. 3ª Turma. REsp 1.290.950-SP, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 25/8/2015 (Info 568). - Regra de competência no caso de ação de dissolução de união estável. Se os ex-conviventes moram em comarcas diferentes, onde deverá ser proposta a ação de dissolução de união estável? No foro do domicílio do réu. A ação de dissolução de união estável é uma ação pessoal e, portanto, deve ser proposta na comarca de domicílio do réu, conforme previsto no art. 94 do CPC 1973 (art. 46 do CPC 2015). - Essa regra especial do art. 100, II, do CPC 1973 (art. 53, II, do CPC 2015) só vale para as ações de alimentos envolvendo menores de idade? NÃO. Essa regra especial vale não apenas para ações de alimentos envolvendo poder familiar, como também no caso de alimentos decorrentes de casamento, parentesco e união estável. - Atenção: essa regra especial não se aplica no caso de ação de alimentos baseada em ato ilícito. Neste caso, incide a regra geral do art. 94 do CPC 1973 (art. 46 do CPC 2015), salvo se houver alguma norma específica. - Obs: caso envolvesse interesse de incapazes (ex: pedido de alimentos para menor de 18 anos), aí a regra de competência em favor do domicílio do menor seria absoluta.
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