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1 P ro f. L u iz d a rc y d e M a to s C a st ro - D C E /U E S B Nesta aula abordaremos alguns conceitos da Teoria Cinética dos Gases. Vamos usar um modelo microscópico bastante rudimentar suficiente para esse estudo, não vamos discutir a estrutura do átomo nem da matéria condensada o que necessitaria da Física Quântica. Física Geral II – Aula 17a Qual a principal motivação para estudar a teoria cinética dos gases? Pág. 2 de 78 Quando consideramos um gás contido em um recipiente podemos analisá-lo de uma maneira global usando a Termodinâmica, e calcular as suas propriedades macroscópicas tais como temperatura, pressão, volume e etc. Por outro lado, se quisermos entender os porquês do comportamento macroscópico, devemos analisar os constituintes deste gás, como eles interagem entre si e como interagem com as paredes do volume que os contém. Antes de avançar nesse estudo vamos fazer um breve apanhado das ideias que levaram a teoria atômica. Leucipo de Mileto (nascido em 500 a C.) e seu discípulo Demócrito de Abdera (460 a.C.) são geralmente apresentados juntos porque seus pensamentos constituem uma única doutrina reunida em vários textos conhecidos como a obra da escola de Abdera. Essa obra refere-se ao que chamamos de atomismo. Pág. 3 de 78 A phýsis (natureza) é composta por um número ilimitado de átomos. Os átomos podem existir de formas variadas e habitam uma outra forma de infinitude: o vazio. Neste, os átomos se agregam, se desagregam, se deslocam, formando os seres que percebemos pelos sentidos (movimento). Significa dizer que segundo a teoria atomística, só existem átomos e vazio. Significa também que nossos sentidos percebem uma realidade transitória, mutável, mas ilusória, porque mesmo que apreendamos as mutações das coisas, no fundo, os elementos primordiais que constituem essa realidade jamais se alteram. Assim, a mudança, a mutação, as transformações são explicadas pela agregação ou desagregação de elementos primordiais que somente conseguimos conhecer pelo pensamento. Foi a partir da releitura desses pensadores que as pesquisas que culminaram com a descoberta do átomo pelos cientistas do século XIX (John Dalton e a seguir os modelos de Rutherford-Bohr) foram iniciadas. Pág. 4 de 78 Pág. 5 de 78 Até o século 17, prevaleceu a ideia elaborada na Grécia antiga dos “quatro elementos primordiais” (água, fogo, terra e ar), e os alquimistas medievais procuravam transmutar substâncias em ouro “adicionando fogo”. O curioso que ainda hoje, após a teoria atômica moderna e a física quântica, ainda há pessoas falando dos quatro elementos da natureza. A primeira definição mais próxima da atual de “elementos” foi dada por Robert Boyle em seu livro “ O Químico Céptico” ... “ O que entendo por elementos ... São certos corpos primitivos e simples, perfeitamente sem mistura, os quais, não sendo formados de quaisquer outros corpos, nem uns dos outros, são os ingredientes dos quais todos os corpos perfeitamente misturados são feitos e nos quais podem finalmente ser analisados ...” Pág. 6 de 78 2 Os elementos são substâncias puras que não podem ser decompostas em outras por qualquer transformação química. Sabemos hoje que o que caracteriza um elemento químico é o número atômico, ou seja, o número de prótons no núcleo atômico. Pág. 7 de 78 A Lei da Conservação das Massas foi publicada pela primeira vez 1760, em um ensaio de Mikhail Lomonosov. No entanto, a obra não repercutiu na Europa Ocidental, cabendo ao francês Antoine Lavoisier o papel de tornar mundialmente conhecido o que hoje se chama Lei de Lavoisier. Pág. 8 de 78 Lei da conservação das massas ou Lei de Lavoisier metano oxigênio água + 4 g 16 g 9 g reagentes produto 4 g 16 g 20 g + = gás carbônico + 11 g 11 g 9 g 20 g + = NUMA REAÇÃO QUÍMICA A MASSA TOTAL DOS REAGENTES É IGUAL À MASSA TOTAL DOS PRODUTOS NA NATUREZA, NADA SE PERDE, NADA SE CRIA; TUDO SE TRANSFORMA ou ainda Pág. 9 de 78 Em 1799, o químico francês Joseph Louis Prost formulou, baseado em suas experiências, a lei das proporções definidas, segundo a qual, quando dois ou mais elementos se combinam para formar um composto, essa combinação sempre se dá em proporções bem definidas de peso. Pág. 10 de 78 Lei das proporções constantes ou Lei de Proust hidrogênio oxigênio água + 4 g 32 g 36 g 1ª experiência: 2ª experiência: 2 g 16 g 18 g 1ª experiência: 2 g 16 g 1 g 8 g = massa de hidrogênio massa de oxigênio = 2ª experiência: 4 g 32 g 1 g 8 g = massa de hidrogênio massa de oxigênio = QUALQUER QUE SEJA O MÉTODO DE OBTENÇÃO DE UMA SUBSTÂNCIA, ELA É SEMPRE FORMADA PELOS MESMOS ELEMENTOS QUÍMICOS COMBINADOS NUMA MESMA PROPORÇÃO Pág. 11 de 78 Em linguagem moderna a Lei de Proust diz: Exemplo: massa de H2O (g) massa H2 (g) massa de O2 (g) Exp. 1 18 2 16 Exp. 2 36 4 32 Exp. 3 72 8 64 Verificando a Lei de Proust: 8/64 = 1/8 72/64 = 9/8 72/8 = 9 Exp. 3 4/32 = 1/8 36/32 = 9/8 36/4 = 9 Exp. 2 2/16 = 1/8 18/16 = 9/8 18/2 = 9 Exp. 1 massa de H2O massa de H2 massa de H2O massa de O2 massa de H2 massa de O2 H2O(l) H2(g) O2(g) + 2 2 Pág. 12 de 78 3 John Dalton, frequentemente chamado de o “pai da teoria atômica”, publicou sua obra “Um novo sistema de Filosofia Química” em 1808 – 1810, onde expunha as seguintes ideias básicas: 1) a existência de átomos, sssss Pág. 13 de 78 indivisíveis e imutáveis (ou seja, não podendo ser transmutado uns nos outros por processos ss químicos, como queriam os alquimistas); 2) Todos os átomos de um mesmo elemento são idênticos; 3) Compostos químicos são formados por combinações de átomos, como C + O CO. Pág. 14 de 78 Dalton chama de “átomo composto” o que hoje chamamos de molécula. A interpretação de Dalton da Lei das proporções definidas foi que essas proporções em peso dos diferentes elementos num composto representam os diferentes pesos atômicos dos elementos. Essa interpretação também permitia explicar a lei das proporções múltiplas, proposta em 1803 também por Dalton. Segundo essa quando o mesmo par de elementos pode dar origem a mais de um composto, os pesos de um deles que se combinam com um peso fixo de outro para formar compostos diferentes estão sss Pág. 15 de 78 entre si em razões dadas por números inteiros pequenos. LEI DAS PROPORÇÕES MÚLTIPLAS ou LEI DE DALTON hidrogênio oxigênio água + 4 g 64 g 68 g 1ª experiência: 4 g 32 g 36 g Quando dois elementos reagem formando substâncias diferentes, se a massa de um dos dois permanecer constante, a massa do outro irá variar segundo valores múltiplos ou submúltiplos = hidrogênio oxigênio água oxigenada + 2ª experiência: 32 g 64 g 32 g 64 g : : 32 32 = 1 2 A proporção é de 1 : 2 Pág. 16 de 78 Em linguagem moderna, a interpretação de Dalton deste resultado era que a fórmula química da molécula de água era H2O e a da molécula de água oxigenada era H2O2. Entretanto, tomando por base apenas estas leis, existia considerável ambiguidade na determinação da fórmula sss Pág. 17 de 78 química de um composto, e o critério de Dalton de adotar a formula mais simples nem sempre conduzia ao resultado correto, assim a fórmula de Dalton para água era HO. Resumindo: as principais leis ponderais são: Lei da conservaçãodas massas ou Lei de Lavoisier Lei das proporções constantes ou Lei de Proust Lei das proporções múltiplas ou Lei de Dalton Pág. 18 de 78 4 Em 1808, estudando reações químicas entre gases, em igualdade de condições de temperatura e pressão, Joseph Louis Gay-Lussac descobriu a lei das combinações volumétricas: Os volumes de gases que se combinam nessas condições guardam entre si proporções simples (dadas por números inteiros pequenos). Pág. 19 de 78 Na reação entre os gases hidrogênio e oxigênio foi medidos os seguintes volumes: hidrogênio oxigênio água + 6 L 3 L 6 L Simplificando-se esses valores teremos a seguintes relação 2 : 1 : 2 que é uma relação de números inteiros e pequenos Pág. 20 de 78 Na reação entre os gases hidrogênio e oxigênio foi medidos os seguintes volumes: nitrogênio hidrogênio amônia + 1 L 3 L 2 L Simplificando-se esses valores teremos a seguintes relação 1 : 3 : 2 que é uma relação de números inteiros e pequenos Pág. 21 de 78 Na reação entre os gases hidrogênio e cloro, foram medidos os seguintes volumes: hidrogênio cloro gás clorídrico + 15 L 15 L 30 L Simplificando-se esses valores teremos a seguintes relação 1 : 1 : 2 que é uma relação de números inteiros e pequenos Pág. 22 de 78 Confrontando estes resultados com a ideia de Dalton de que compostos químicos são formados por combinações de átomos, eles sugerem que, à mesma temperatura e pressão, volumes iguais de todos os gases contêm o mesmo número de partículas. Assim, o último exemplo sugere que há o mesmo número de “partículas” de H e Cl em volumes iguais desses gases. Pág. 23 de 78 2 Volume de Hidrogênio + 1 Volume de Oxigênio 2 Volume de água 1 Volume de Nitrogênio + 3 Volume de hidrogênio 2 Volume de amônia 1 Volume de Hidrogênio + 1 Volume de cloro 2 Volume de ácido clorídrico Entretanto, do ponto de vista de Dalton, para quem a fórmula química devia ser a mais simples possível, isto levaria a uma dificuldade: ele interpretava a última reação acima como Pág. 24 de 78 2 Volume de Hidrogênio + 1 Volume de Oxigênio 2 Volume de água 1 Volume de Nitrogênio + 3 Volume de hidrogênio 2 Volume de amônia 1 Volume de Hidrogênio + 1 Volume de cloro 2 Volume de ácido clorídrico HClClH e isto deveria levar ao mesmo número de “partículas” de HCl, ou seja, somente 1 volume!?! 5 A dificuldade estava em perceber que “as partículas” de que é formado o gás hidrogênio, por exemplo, não precisam ser átomos de hidrogênio: podem ser formadas de mais de um átomo. De fato, como sabemos, o hidrogênio é um gás diatômico, e a molécula de hidrogênio é H2, e não H. Pág. 25 de 78 2 Volume de Hidrogênio + 1 Volume de Oxigênio 2 Volume de água 1 Volume de Nitrogênio + 3 Volume de hidrogênio 2 Volume de amônia 1 Volume de Hidrogênio + 1 Volume de cloro 2 Volume de ácido clorídrico Em 1811, o físico italiano Amedeo Avogrado enunciou duas hipóteses básicas: 1) As partículas constituintes de um gás “simples” (elemento) não são necessariamente formadas por um único ssss Pág. 26 de 78 átomo, mas podem conter um certo número de átomos ligados entre si; 2) Nas mesmas condições de temperatura e pressão, volumes iguais de todos os gases contém o mesmo número de partículas. Pág. 27 de 78 Assim, as moléculas de hidrogênio, oxigênio, nitrogênio e cloro são todas diatômicas: H2, O2, N2 e Cl2 e as reações acima se escrevem Fornecendo ao mesmo tempo as fórmulas moleculares dos compostos, e reconciliando todas as leis acima. Em linguagem moderna, podemos enunciar a lei de Avogadro: Volumes iguais de todos os gases, nas mesmas condições de temperatura e pressão, contêm o mesmo número de moléculas. HClClH NHHN OHOH 2 23 22 22 322 222 Pág. 28 de 78 Assim, há uma nova maneira de ver os Gases? Sim. Os gases são constituídos de pequenas entidades, que podem ser átomos, moléculas ou ambos. Ele será um gás monoatômico quando composto apenas de átomos (ou seja: moléculas monoatômicas) ou um gás poliatômico, dependendo das suas características moleculares. As moléculas interagem entre elas, e essa interação acontece aos pares, ou seja elas interagem duas a duas. Se neste gás existirem N moléculas cada molécula interage com todas as outras N-1 moléculas. Cada molécula deve ter o seu movimento governado pela segunda lei de Newton, e portanto temos N equações referentes a aplicação dessa lei, uma para cada molécula. Como cada molécula interage com as restantes, o seu movimento irá interferir no movimento de todas as outras, e dizemos então que essas equações estão acopladas uma as outras. O número de equações resultante deste modelo torna a sua solução numérica impossível, mesmo usando os melhores computadores contemporâneos. Pág. 29 de 78 Mas quantas moléculas existem em uma amostra macroscópica de uma dada substância? Pág. 30 de 78 Vamos definir uma grandeza adequada para lidar com moléculas, é o mol. Um mol é o número de moléculas que existem em 12g de carbono-12. Experimentalmente se determina quantas moléculas existem em um mol, e esse é o chamado número de Avogadro NA, moléculas 1002,6 23AN Desse modo, já podemos relacionar número de moles n e número de moléculas N, ou seja: A A N N nNnN 6 Pág. 31 de 78 Em aulas passadas vimos que: Pág. 32 de 78 À temperatura constante o volume de um gás é inversamente proporcional à pressão, preconiza a lei de Boyle-Mariotte. Pág. 33 de 78 A Lei de Charles e Gay- Lussac (I) é uma lei dos gases ideais que estabelece que sob uma pressão e quantidade de gás constantes, o volume é diretamente proporcional à temperatura. Pág. 34 de 78 Lei de Charles e Gay-Lussac (II) A pressão de um gás é diretamente proporcional a sua temperatura absuluta (a volume e quantidade de matéria fixa) P T (a n e V ctes) P = k.T Transformação isocórica P ( a tm ) T (K) Pág. 35 de 78 Um interpretação que segue imediatamente das hipóteses de Avogadro é: Outra observação importante de Avogadro foi de que o volume é diretamente proporcional ao número de partículas de gás, ou seja, quanto maior for o número de moles do gás, maior será o seu volume, nas mesmas T e p. Isso sabemos desde criança, ao encher um balão de festa, por exemplo: a cada soprada, mais gás entra no balão e este fica mais cheio, com maior volume. Pág. 36 de 78 7 Pág. 37 de 78 Em 1738, o físico matemático Daniel Bernoulli, publicou Hidrodinâmica, a base para a teoria cinética dos gases. Nesse trabalho, Bernoulli posicionou seu argumento, ainda sólido até a atualidade, que os gases consistem em um grande número de moléculas se movendo em todas as direções, onde elas colidem entre si e esse impacto causa uma pressão na superfície de contato que podemos sentir. Pág. 38 de 78 Quais são as hipóteses simplificadoras adotadas no modelo microscópico do gás perfeito? Pág. 39 de 78 1a - As moléculas realizam movimentos aleatórios sem direção preferencial. 2a - As dimensões das moléculas são desprezíveis em comparação com os espaços vazios. 3a - As forças de ação à distância entre as moléculas são desprezíveis. Serão apenas consideradas as forças desenvolvidas nos choques entre moléculas e entre moléculas e as paredes do recipiente que contém o gás. 4a - Os choques realizados pelas moléculassão perfeitamente elásticos. Modelo Molecular para a Lei de Avogadro V = K n (a T e P ctes) A adição de mais partículas provoca um aumento dos choques contra as paredes, o que conduz à um aumento de pressão, que desloca o embolo até que seja igualado com a pressão externa. O processo global supõe um aumento do volume do gás. Teoría cinética dos gases Pág. 40 de 78 Modelo Molecular para a Lei de Boyle e Mariotte V = K /P (a n e T ctes) O aumento de pressão exterior origina uma diminução do volume, que supõe o aumento de choques das partículas com as paredes do recipiente, aumentando assim a pressão do gás. Teoría cinética de los gases Pág. 41 de 78 Modelo Molecular para a Lei de Charles e Gay-Lussac V = K T (a n e P ctes) Ao aumentar a temperatura aumenta a velocidade média das partículas, e com isso o número de choques com as paredes. Isso provoca um aumento da pressão interior que desloca o embolo até que se iguala com a pressão externa, o que supõe um aumento do volume do gás. Teoría cinética dos gases Pág. 42 de 78 8 Mas posso tirar conclusões quantitativa da expressão da pressão? Pág. 43 de 78 Não, todas os comentários que fizemos até aqui são muito qualitativos. Para que tenhamos um maior entendimento de como podemos obter as relações das grandezas macroscópicas como pressão, temperatura, etc e as grandezas microscópicas como velocidade molecular, por exemplo, precisamos aplicar quantitativamente as lei da mecânica ao estudo do gás. Assim, a título de exemplo, Vamos considerar N moléculas de um gás ideal em um recipiente em forma de um cubo de aresta L e considerar os eixos cartesianos paralelos as arestas, como na figura à seguir. Pág. 44 de 78 As moléculas desse gás estão continuamente colidindo com as paredes do recipiente. Vamos analisar especificamente a colisão de uma molécula, que se dirige para colidir com a parede do recipiente paralela ao plano yz e que passa pela origem. Quando ela colide com a parede, não acontecerá mudança nas componentes y e z do momento linear, mas a componente x do momento linear mudará de sinal, acontecerá uma reversão neste movimento. Estamos considerando que as colisões são perfeitamente elásticas. Pág. 45 de 78 Pág. 46 de 78 No esquema acima não acontecerá mudança nas componentes y e x do momento linear, mas a componente z do momento linear mudará de sinal. Pág. 47 de 78 A variação do momento dever-se-á apenas a mudança da componente x xxxifx mvmvmvppp 2)( Qual é a variação do momento linear da molécula ao se chocar com a parede paralela ao plano yz? Sejam A1 e A2 as paredes do cubo perpendiculares ao eixo x. A molécula vai colidir com a face A1 e levar um intervalo de tempo ∆t para colidir com a face oposta A2 e depois colidir novamente com A1. O tempo t necessário para essa molécula ir de uma face até outra é dado por t = L / vx, quando uma molécula se desloca de 2L podemos garantir que ela se chocou uma vez com a face do cubo contida no plano yOz, e desse modo: Pág. 48 de 78 xv L tt 2 2 9 A variação do momento linear de uma molécula, num intervalo ∆t entre duas colisões com a mesma face do recipiente é dada por: Pág. 49 de 78 L mv vL mv t p x x xx 2 /2 2 A equação anterior nos dá a força que uma molécula exerce na face considerada. Para se encontrar a força total exercida por todas as moléculas, devemos considerar as contribuições de todas as N moléculas: Nxxxxx vvvv L m F 2 3 2 2 2 1 2 A pressão que essas moléculas exercerão dependerá da força média e será dada por: Pág. 50 de 78 onde estamos representando o valor médio de uma grandeza A por <A>. Como as moléculas não são distinguíveis, os valores médios das componentes x de cada uma das moléculas são iguais, ou seja: Nxxxx x vvvv L m L F p 2 3 2 2 2 1 2 32 22 3 2 2 2 1 2 xNxxxx vNvvvv Como não há direção preferencial de movimento podemos admitir que num determinado instante 1/3 do número total de moléculas esteja em movimento na direção de cada eixo coordenado. Pág. 51 de 78 Considerando que neste cubo não existe direção privilegiada (isotropia espacial), os valores médios das diversas componentes serão iguais, ou seja: 2222222 3 1 3 vvvvvvv xxzyx Pág. 52 de 78 e como temos N moléculas nesse gás ideal; 2222 3 2 2 2 1 3 v N vNvvvv xxNxxx Assim, voltando a expressão da pressão Nxxxx x vvvv L m L F p 2 3 2 2 2 1 2 32 Desse modo: 22 3 2 2 2 1 2 32 3 v V mN vvvv L m L F p Nxxxx x onde consideramos que o volume do cubo é V = L3. Podemos ainda dizer que: Pág. 53 de 78 2 3 v mN pV Mas N m é a massa total do gás pois: N é número de moléculas e m é a massa de cada molécula. Por outro lado, a massa total também pode ser expressa como n M pois: n é o número de moles e M é a massa molar. Portanto, usando a equação dos gases ideais: M RT vnRTv nM pV 3 3 22 e se definirmos M RT vvRMS 32 Pág. 54 de 78 Para entenderes o que é o valor RMS (root mean square - raiz da média dos quadrados; também chamado de valor eficaz) vou te dar um exemplo numérico. Imagina que tenhamos os seguintes valores para uma determinada grandeza (essa grandeza poderia em um caso particular ser velocidade): -2; -1; 0; 1; 2. A média aritmética desses cinco valores é nula. O valor RMS desse conjunto é definido como "a raiz quadrada da média dos quadrados”, assim o valor RMS desse conjunto é 1,4 aproximadamente. Podemos escrever M RT vvRMS 32 10 de outro modo, lembrando que a massa molar M é igual ao número de Avogadro vezes a massa m de uma molécula M = NAm, e a constante universal dos gases pode ser escrita como R = NAkB, e desse modo teremos que: Pág. 55 de 78 m Tk vv BRMS 32 Como já foi mencionada, em um gás ideal as moléculas não interagem, portanto não existem energia potencial e o único tipo de energia possível é a energia cinética de translação. A energia cinética média de uma partícula é dada por: TkE m Tkm v m mvE BC B C 2 33 222 1 22 É correto afirmar que a energia cinética da molécula de um gás é a mesma para todos os gases à mesma temperatura? Pág. 56 de 78 Sim. A energia cinética de uma molécula de um gás é EC = 3 kBT / 2 onde kB (constante de Boltzmann kB = 1,38 10 −23 J/K) é uma constante universal, ou seja, tem o mesmo valor para todos os gases. A energia cinética de uma molécula tem consequentemente o mesmo valor para todos os gases à mesma temperatura. É correto afirmar que as moléculas de maior massa possuem menor velocidade que as moléculas de menor massa à mesma temperatura? Sim, consideremos dois gases A e B cujas moléculas possuem massas mA e mB (sendo mA maior que mB) e velocidades vA e vB. Como a temperatura dos gases é a mesma as energias cinéticas das moléculas são iguais. Assim, como mA > mB a velocidade de vA < vB. Pág. 57 de 78 Qual seria a energia interna de um gás ideal monoatômico? Vamos considerar uma gás ideal monoatômico, ou seja as suas moléculas têm apenas um átomo. Ao nível dessa nossa descrição da Natureza, não estamos considerando a estrutura interna dos átomos e portanto eles podem ter apenas um tipo de energia: a energia associada ao seu movimento. Desse modo, a energiatotal das N moléculas monoatômicas que compõe esse gás terá a forma: A capacidade térmica a volume constante é definida como Pág. 58 de 78 nRTTNkENU BC 2 3 2 3 dTCdQ VV Donde podemos escrever o calor trocado com a vizinhança em termo do calor específico molar V vvV dT dQ n cdTncdQ 1 Usando a primeira Lei da Termodinâmica Pág. 59 de 78 pdVdQdU e se considerarmos uma transformação isovolumétrica: VdQdU ou seja: VV v T U ndT dQ n c 11 Como para o gás ideal nRTENU C 2 3 Pág. 60 de 78 Obtemos: RnRT Tn c V v 2 3 2 31 Lembrando que a capacidade térmica a pressão constante é definida como dTCdQ pp Donde podemos escrever o calor trocado com a vizinhança em termo do calor específico molar p ppp dT dQ n cdTncdQ 1 11 Usando a primeira Lei da Termodinâmica Pág. 61 de 78 pdVdQdU e se considerarmos uma transformação que envolva uma variação de temperatura, mas com o sistema mantido a pressão constante, temos que: ppp T V p dT dQ T U onde lembramos que d´Q não é uma diferencial exata, daí o aparente contrasenso ao envolver derivadas parciais e total, na equação anterior. Usando as definições de um gás ideal, temos que: Pág. 62 de 78 2 3 2 3 nR T V p p nRT V nR T U nRTENU p p C ou seja: RcnRncnR T V p dT dQ T U pp ppp 2 5 2 3 Note que cp > cV e que é válida a relação de Mayer: cp − cV = 3R/2 − 3R/2 = R. Por que cp > cV? P ro f. L u iz d a rc y d e M a to s C a st ro - D C E /U E S B Teoria Cinética dos Gases O que diz o Teorema da Eqüipartição da energia? Grosso modo, o teorema da eqüipartição da energia, utilizado desde as primeiras investigações sobre a teoria cinética dos gases, estabelece que cada termo quadrático na expressão da energia do sistema produz uma contribuição da forma Pág. 63 de 78 P ro f. L u iz d a rc y d e M a to s C a st ro - D C E /U E S B Teoria Cinética dos Gases kBT/2 para a energia interna do sistema. Pág. 64 de 78 P ro f. L u iz d a rc y d e M a to s C a st ro - D C E /U E S B Teoria Cinética dos Gases 6) O Teorema da Eqüipartição explica a tabela abaixo? Gás cv (J/mol K) Monoatômico Ideal 12,47 He 12,52 Ar 12,45 Diatômico Ideal 20,78 N2 20,80 CO 20,74 Pág. 65 de 78 P ro f. L u iz d a rc y d e M a to s C a st ro - D C E /U E S B Teoria Cinética dos Gases Sabemos que pelo teorema da equipartição da energia que cada termo quadrático na expressão da energia do sistema produz uma contribuição da forma kBT/2 para a energia interna do sistema. Se escrevemos cada contribuição de N partículas em termos do número de moles, temos: , 2 1 2 1 2 1 nRTTkNnTNk R BAB Pág. 66 de 78 12 P ro f. L u iz d a rc y d e M a to s C a st ro - D C E /U E S B Teoria Cinética dos Gases onde NA é o número de Avogadro, assim temos que cada termo quadrático na expressão do hamiltoniano clássico produz uma contribuição da forma RT/2 para a energia interna molar do sistema. Para uma molécula monoatômica, temos energia cinética de translação ao longo dos eixos x, y e z, Pág. 67 de 78 P ro f. L u iz d a rc y d e M a to s C a st ro - D C E /U E S B Teoria Cinética dos Gases Pág. 68 de 78 P ro f. L u iz d a rc y d e M a to s C a st ro - D C E /U E S B Teoria Cinética dos Gases de forma que para a energia interna molar temos: , 2 3 2 1 2 1 2 1 RTRTRTRTu donde escrevemos ./47,12 /31,8 2 3 2 3 2 3 molKJc molKJRRT TT u c v v v Pág. 69 de 78 P ro f. L u iz d a rc y d e M a to s C a st ro - D C E /U E S B Teoria Cinética dos Gases A energia cinética de uma molécula diatômica, possui além desses graus de liberdades translacionais, dois graus de liberdades associados à rotação da molécula em torno dos eixos, x’ e y’, perpendiculares ao eixo da molécula: , 2 1 2 1 2 1 2 1 2 1 22222 yyxxzyx IImvmvmvK Pág. 70 de 78 P ro f. L u iz d a rc y d e M a to s C a st ro - D C E /U E S B Teoria Cinética dos Gases de forma que , 2 5 2 1 2 1 2 1 2 1 2 1 RTRTRTRTRTRTu donde escrevemos ./78,20 /31,8 2 5 2 5 2 5 molKJc molKJRRT TT u c v v v Pág. 71 de 78 P ro f. L u iz d a rc y d e M a to s C a st ro - D C E /U E S B Teoria Cinética dos Gases 7) Por que não consideramos a rotação em torno do eixo z’? Excluímos a rotação em torno do eixo z’ admitindo ou que os átomos são pontos e o momento de inércia em torno desse eixo é portanto zero, ou que os átomos são esferas rígidas e lisas em cujo caso a rotação em torno desse eixo não se altera por colisões e Pág. 72 de 78 13 P ro f. L u iz d a rc y d e M a to s C a st ro - D C E /U E S B Teoria Cinética dos Gases portanto não participam na troca de energia. Quaisquer dessas hipóteses também exclui a possibilidade de rotação de uma molécula monoatômica. Pág. 73 de 78 P ro f. L u iz d a rc y d e M a to s C a st ro - D C E /U E S B Teoria Cinética dos Gases Para um sólido, o calor específico molar também pode ser determinado pelo teorema da eqüipartição (pelo menos para altas temperaturas). Por exemplo, para o cobre o valor é 24, 5 J/mol K, o do ouro é 25,6J/mol K Pág. 74 de 78 P ro f. L u iz d a rc y d e M a to s C a st ro - D C E /U E S B Teoria Cinética dos Gases Na realidade, observa-se experimentalmente que a maior parte dos sólidos tem calor específico molar aproximadamente iguais a 3 R: ./9,243 molKJRcv Este resultado é a lei de Dulong-Petit. Pág. 75 de 78 P ro f. L u iz d a rc y d e M a to s C a st ro - D C E /U E S B Teoria Cinética dos Gases Para entender considere o modelopara o sólido: Pág. 76 de 78 A energia total de um átomo num sólido é, então, , 2 1 2 1 2 1 2 1 2 1 2 1 222222 zkykxkmvmvmvE zyxzyx tomando uma aproximação harmônica para o potencial atrativo dos átomos na rede, de forma que ,33 2 1 6 RTunRTnRTU Pág. 77 de 78 e ./9,24 /31,8333 molKJc molKJRRT TT u c v v v P ro f. L u iz d a rc y d e M a to s C a st ro - D C E /U E S B REFERÊNCIAS Pág. 78 de 78 [1] Sears, F. W.; Zemansky e Young – "Física", vol. 2. Livros Técnicos e Científicos – LTC, 1993. [2] Tipler, P. Física. LTC. 2O.Edição, Vol.1, 2000. [3] Hallyday, D., Resnick, R. Walker, J.; Fundamentos de Física. Vol. 2, LTC, 1993. [4] Sears, Francis W. e Salinger, Gerhard L. Termodinâmica, Teoria Cinética e Termodinâmica Estatística. 3ª Edição, Editora Guanabara Dois, 1979. [5] Chaves, A. S. Física: Mecânica. Reichmann & Affonso Editores, 2001. [6] Nussenzveig, H. M. Curso de Física Básica, Mecânica. Vol.1, Ed. Edgard Blücher LTDA, 1997.
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