Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
1 Na situação problema apresentado devemos identificar todos os aspectos da vida de Salim que se referem ao seu desenvolvimento. O problema a ser tratado mostra algo comum nas famílias de hoje, que é a desunião de um casal, algo que afeta sempre quem é mais frágil dentro da família, que são os filhos. Quando ocorre o divórcio ocorre uma grande transformação para a criança, ocasionando mudanças no seu desenvolvimento psicológico, que pode vir afetar o desenvolvimento escolar. Conforme Bee (2003) a teoria de Piaget sobre o desenvolvimento cognitivo é uma teoria de etapas, que os seres humanos passam por uma série de mudanças ordenadas e previsíveis. Na hipótese básica de sua teoria, os fatores que interferem no desenvolvimento. A criança é como um ser dinâmico, que a todo o momento interage com a realidade, operando ativamente com objetos e pessoas. Essa interação com o ambiente faz com que construa estruturas mentais. Portanto, essa interação acontece através de dois processos: a organização interna e a adaptação, funções exercidas pelo organismo ao longo da vida. A adaptação, definida por Piaget, como o próprio desenvolvimento da inteligência, ocorre através da assimilação e acomodação. Os esquemas de assimilação vão se modificando, configurando os estágios de desenvolvimento. Refletindo sobre o comportamento apresentando, com três anos sempre que possível Salim buscava ir dormir na cama com os pais. Na idade em questão a criança está passando pela fase do desenvolvimento da autonomia. A autonomia é marcada pela mudança do controle externo para o autocontrole, conforme Papalia, et tal., (2006, pag. 255) a criança está amadurecendo física, cognitiva e emocionalmente, buscando independência dos próprios adultos aos quais são apegados. Baseando-se no conceito que Papalia, et tal., nos mostra sobre autonomia e refletindo sobre o comportamento de Salim entende-se que o mesmo não está em pleno desenvolvimento dessa fase, mas que ele está apresentando dificuldades emocionais de buscar independência dos próprios pais. Estudando um pouco mais sobre o desenvolvimento da criança podemos entender que as fases anteriores ao seu desenvolvimento refletem a atual situação da criança. Papalia, et tal. (2006, pag.246) apresentam em seu livro um estudo realizado sobre padrões de apego, que é 2 desenvolvido no primeiro ano de vida do bebê, na qual foram constatados três padrões principais: Apego seguro, apego evitativo e apego ambivalente. A teoria do apego propõe que a segurança do apego influencia a competência emocional, social e cognitiva da criança. De acordo com Papalia: O relacionamento entre o apego no primeiro ano de vida e as características observadas anos depois ressaltam a continuidade do desenvolvimento e o inter-relacionamento dos diversos aspectos do desenvolvimento. (PAPALIA, et tal., 2006, pag.250) Portanto, quanto mais seguro é o apego da criança com seu cuidador mais fácil será para a criança ser independente daquele adulto, e desenvolver boas relações com os outros. Papalia e Feldman, ainda afirmam que tanto a mãe quanto os bebês contribuem para a segurança do apego com suas personalidades, com seu modo de comportamento e como a maneira que respondem um ao outro. Com base nas interações a criança constrói um modelo viável do que pode esperar mãe. Enquanto a mãe continua agindo da mesma forma o modelo sustenta-se, mas se o comportamento dela muda constantemente o bebê pode alterar o modelo e a segurança do apego pode mudar. Quando a mãe tem seus sentimentos confusos em relação a si mesma pode não ter a sensibilidade adequada para interpretar o comportamento de apego de seu bebê e reagir inadequadamente, fazendo com que a criança fique confusa e insegura. O apego evitativo (inseguro), pode trazer problemas posteriores como inibições, hostilidade com outras criança e dependência durante os anos escolares. Segundo Papalia e Feldman (2006, pag. 253) criança que tiveram problemas de apego evitativo, tendem a ter problemas para suprimir a frustração e a tensão, entre os 18 meses a 3 anos de idade elas podem responder aos sinais de retraimento emocional da mãe tentando primeiramente reconquistar a atenção dela e depois que essas tentativas forem frustradas, a criança afasta-se tentando obter sua atenção de forma negativa. Analisando o parágrafo acima com a situação de Salim sobre o fato dele querer dormir com seus pais pode-se entender que ele e seus cuidadores em sua primeira infância tiveram uma relação de apego evitativo, pois o mesmo tenta chamar desesperadamente a atenção de seus pais com suplícios e soluços e não conseguindo ter a independência dos pais para a sua idade. 3 Isso continua refletindo nas fases posteriores da criança, aos cinco anos Salim selecionava quem ia buscá-lo na escola: ora a mãe, ora o pai. Os pais não conseguiam dizer “não” a ele, sempre o mimando com todos os presentes que ele queria. Segundo Bee (2003) os responsáveis são exemplos para as crianças, são imitados por elas, ou seja, aprendem pela observação e pela ação, conforme os adultos lidam com os seus sentimentos, como estresse e formas de punição. Gritar com uma criança pode ser resolvido momentaneamente, porém em alguma ocasião, ela reagirá da mesma forma. Consequentemente a educação de Salim, não desenvolve firmeza, pois as reações emocionais da criança indicam falta de carinho familiar e elemento de controle, deixando claro para ela sobre quais são as regras e quais as consequências de obedecê-las ou não. Os pais devem ser claros, consistentes e objetivos, para obter retorno de comportamento ideal. A explicação do fato que com 05 anos, Salim obedecia às professoras na escola, desenvolvia atividades escolares, sem problemas ou perturbações, assim tendo eficácia das educadoras nos estilos de educação. Atualmente Salim esta com 08 anos e apresenta dificuldades no desenvolvimento escolar. Ele vem apresentando problemas em matemática e em português – tanto na escrita quanto na fala. Segundo Piaget (1994), os estágios da evolução intelectual são ordenados e fixos, entretanto o ritmo de desenvolvimento de cada pessoa, bem como suas capacidades intelectuais, irá depender exclusivamente de sua herança genética e das condições ambientais em que vive. A família apresenta grande responsabilidade sobre o desenvolvimento da criança, pois influenciam na motivação. Alguns pais utilizam da motivação por meios extrínsecos (externos) – recompensas com dinheiro ou presentes e outros pais motivam por meio intrínseco (interno) elogiando por sua capacidade e esforço, parecendo essa ser a forma mais eficaz, mas mesmo assim deve ser utilizada com moderação, pois desvia o foco da motivação fazendo com que a criança tenha necessidade de agradar aos outros. (PAPALIA, et tal., 2006, pag. 383). As deficiências de aprendizagem de Salim podem estar ocorrendo pelos problemas apresentado por sua família e ele parece sofrer de lateralidade cruzada, que também desenvolve quadro de dislexia. A lateralidade é a preferência da utilização de uma das partes simétricas do corpo: mão, olho, ouvido, perna. Ela é cruzada quando há uma discordância na utilização de uma dessas partes, 4 como escrever com a mão direita e chutar com o pé esquerdo, por exemplo. A definição da lateralidade ocorre por volta dos seis anos, e nesse fato reside à importância da criança ao ingressar na escola já possuir uma dominância lateral estabelecida. (NETO, XAVIER, et tal.,2013). Segundo Neto, Xavier et tal(2013), foi observado que as crianças que possuem preferência manual discordante apresenta desempenho inferior em testes de leitura e matemática se comparandocom as crianças que apresentavam preferência lateral definida. Crianças com lateralidade cruzada têm maiores probabilidades de padecerem de algum problema de aprendizado como, por exemplo: Confusão entre multiplicação e divisão. Muitas das vezes é necessário que os responsáveis procurem um fonoaudiólogo para superar as dificuldades causadas pela lateralidade cruzada. CONCLUSÃO Concluindo que as mudanças trazidas com a separação da família são geralmente radicais, podendo gerar principalmente nas crianças, distúrbios e emoções conflitivas, como o sentimento de abandono. A ansiedade experimentada nessa época aumenta a necessidade da criança de um ambiente de apoio estável. Como as mudanças são de grande magnitude é possível que o sistema familiar vá ter dificuldade em fornecer a educação, sustentar a intimidade e conter a ansiedade. Segundo Papalia, et tal. (2006) os pais muitas vezes precisam de auxilio psicológico para desenvolver sentimentos com equilíbrio. Os pais depressivos tendem a ter filhos difíceis e problemáticos, desestruturando o ambiente familiar. Salomão e Romana estão prestes a se divorciarem por conflitos e mudanças estressantes da vida, analisando se Salim irá entender esse momento, as crianças tendem a sofrer com o pré-divórcio ocorrendo antes mesmo de se separarem, pelo fato dos pais gerarem discussões, discórdias e hostilidade parental, a criança vivendo nesse ambiente tende a ter elevados comportamentos negativos. Portanto é necessário ter cautela para desenvolver psicologicamente entendimento sobre o divórcio, para a criança não ter mais riscos psicológicos. 5 BIBLIOGRAFIA BEE, Helen. A criança em desenvolvimento. - 9ed. Porto Alegre: Artmed, 2003. PAPALIA, Diane E; OLDS, Sally Wendkos; FELDMAN, Ruth Duskin. Desenvolvimento Humano; trad. Daniel Bueno – 8ed. Porto Alegre: Artmed, 2006. PIAGET, Jean. O Juízo Moral na Criança. São Paulo: Summus, 1994. NETO,Francisco Rosa; XAVIER, Regina Ferrazoli Camargo; SANTOS, Ana Paula Marília; AMARO, Kassandra Nunes; FLORÊNCIO, Rui; POETA,Lisiane Schilling. A lateralidade cruzada e o desempenho da leitura e escrita em escolares. Disponível em: <https://blog.mettzer.com/referencia-de-sites-e-artigos-online/> Acesso em 28/03/2018.
Compartilhar