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CASO GLORIA TECNICAS GESTALT

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ANAIS DA VIII MOSTRA CIENTÍFICA DO CESUCA – NOV./2014 
ISSN – 2317-5915 
 
 
F A C U L D A D E I N E D I – C E S U C A 
Rua Silvério Manoel da Silva, 160 – Bairro Colinas – Cep.: 94940-243 | Cachoeirinha – RS | Tel/Fax. (51) 33961000 | e-mail: cesuca@cesuca.edu.br 
http://ojs.cesuca.edu.br/index.php/mostrac 
238 
 
Técnicas psicoterápicas da Gestalt – reflexões a partir do 
documentário Caso Glória 
 
Katia Adriana Padilha Pessoa¹ 
Vera Rosani Sturmer1 
Aline Piason2 
 
 
Resumo: O presente trabalho tem por objetivo relacionar e analisar as 
técnicas psicoterapêuticas da Gestalt, a partir do documentário: Uma sessão 
de Psicoterapia Gestalt com Fritz Perls. O mesmo discorrerá de forma breve 
pela história da formação da Gestalt Terapia, analisará os procedimentos 
referentes às técnicas utilizadas pela terapia gestaltica e procurará analisar a 
funcionalidade e os alcances terapêuticos de tais técnicas. 
Palavras Chave: Gestalt Terapia; Fritz e Laura Perls; Técnicas da Gestalt. 
 
Abstract: This paper aims to relate and analyze the Gestalt psychotherapeutic 
techniques, from the documentary: A session with Fritz Perls Gestalt 
Psychotherapy. The same will talk briefly the history of the formation of 
Gestalt Therapy, examine the procedures relating to the techniques used by the 
Gestalt therapy and seek to examine the functionality and scope of such 
therapeutic techniques. 
Keywords: Gestalt Therapy; Fritz and Laura Perls; Gestalt techniques. 
 
1. INTRODUÇÃO 
 
Como fundo para o entendimento da funcionalidade da Gestalt Terapia, o caso Glória, 
um breve documentário em que Fritz Perls realiza uma sessão de terapia com uma de suas 
clientes, nos abre caminho para o olhar de como acontece a psicoterapia em Gestalt. Segundo 
Monteiro Jr (2010), a Gestalt-terapia, trabalha com o ‘todo’, o sujeito é tido como participante 
do universo circundante, em toda a sua integralidade. Segundo Fadiman e Frager (2004, p. 75) 
“o princípio fundamental da abordagem gestaltica é que a análise das partes nunca pode 
oferecer uma compreensão do todo, pois o todo consiste das partes mais as interações e 
interdependências entre elas”. Ginger complementa a ideia da Gestalt como perspectiva 
holística, acrescentando que a mesma 
 
visa portanto a manutenção e o desenvolvimento deste bem-estar harmonioso e não 
a ‘cura’ ou a ‘reparação’ de algum distúrbio, seja ela qual for – o que subentenderia 
uma referência implícita a um estado de ‘normalidade’, posição oposta ao próprio 
espírito da Gestalt que valoriza o direito a diferença, a originalidade irredutível da 
cada ser. (GINGER 2007, p.17) 
 
 
1 Acadêmicas do Curso de Psicologia do Cesuca – Faculdade Inedi – Disciplina da Teorias e Técnicas 
Psicoterápicas - Humanismo 
2 Doutora e Professora da Disciplina de Teorias e Técnicas Psicoterápicas - Humanismo 
 
 
 
 ANAIS DA VIII MOSTRA CIENTÍFICA DO CESUCA – NOV./2014 
ISSN – 2317-5915 
 
 
F A C U L D A D E I N E D I – C E S U C A 
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http://ojs.cesuca.edu.br/index.php/mostrac 
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É objetivo deste trabalho, discorrer sobre a Gestalt Terapia a partir do documentário 
‘Uma sessão de Psicoterapia Gestalt com Fritz Perls’, produzido em meados da década de 70. 
Tal documentário faz parte de uma série de atendimentos psicoterápicos. Sendo que Glória, a 
cliente, é atendida por diferentes psicoterapeutas da Linha Humanista. Destacaremos neste 
relato, em particular, o atendimento feito a partir da Psicoterapia da Gestalt. 
Gestalt é o aqui e agora, qualquer mudança para o futuro ou o passado é considerado 
resistência, conforme explica Perls no início do documentário em estudo. Perls chama a 
atenção para o fato que o homem moderno se alienou e sua capacidade para lidar com sua 
experiência tornou-se severamente empobrecida. “A palavra Gestalt, como utilizada pelos 
Perls, alude ao trabalho realizado sobretudo com a Psicologia da Percepção, iniciado no final 
do século XIX, na Alemanha e na Áustria”. (FADIMAN e FRAGER, 2004, p.75) 
Segundo Naranjo, citado por Bock (2008, p.95), são três os princípios gerais da 
Gestalt Terapia: “a valorização da realidade temporal (presente versus passado ou futuro); a 
valorização da tomada de consciência e aceitação da experiência; e a valorização do todo ou 
responsabilidade”. Levando em consideração os aspectos aqui citados é possível verificar que 
os conceitos que fundamentam a Gestalt Terapia tanto dão suporte à teoria em si como na 
prática da mesma. Em relação a sua prática, de acordo com Ginger (2007), pode ser utilizada 
em diferentes contextos, com objetivos distintos, sendo eles: a psicoterapia individual; a 
psicoterapia de casal; a psicoterapia familiar; em grupos de terapia ou de desenvolvimento 
pessoal; em instituições e no quadro de empresas do setor industrial ou comercial. 
O presente artigo discorrerá de forma breve pela história da formação da Gestalt 
Terapia; analisará os procedimentos referentes às técnicas utilizadas pela terapia gestaltica; 
procurará analisar a funcionalidade e os alcances terapêuticos de tais técnicas, a partir do 
documentário proposto. 
 
2. METODOLOGIA 
 
Para realização deste estudo, foi utilizado o método de pesquisa bibliográfica. Como 
metodologia de trabalho se procedeu à coleta de fontes bibliográficas, onde se realizou o 
levantamento da bibliografia escrita e filmada; a coleta de informações e o levantamento de 
dados. 
Na revisão da bibliografia foram selecionados: o filme documentário, artigos 
publicados em periódicos nacionais e/ou traduzidos para a Língua Portuguesa. A busca pelos 
textos foi realizada a partir dos seguintes termos chave: Gestalt Terapia, Fritz e Laura Perls. 
Quanto à ação, frente à bibliografia selecionada, se realizou, num primeiro momento: 
o assistir ao documentário sobre a aplicação da Gestalt Terapia em uma jovem senhora 
conhecida como Glória; a leitura exploratória em cerca de dois artigo; sites relacionados à 
área de pesquisa, e em seis livros publicados nos últimos anos. A partir destas posturas 
exploratórias, partiu-se para a leitura seletiva, tal atividade teve cunho crítico e interpretativo, 
buscando atender aos objetivos deste artigo. 
 
3. BREVE HISTÓRICO DA GESTALT TERAPIA 
 
Cabe primeiramente um breve histórico sobre o casal criador da Gestalt Terapia, e 
sobre a teoria em si. Segundo Bock (2008), o médico Frederick S. Perls (1893 – 1970) e a 
psicanalista Laura Perls (1905 -1990) foram os mentores da Gestalt Terapia. Em suas 
 
 
 
 ANAIS DA VIII MOSTRA CIENTÍFICA DO CESUCA – NOV./2014 
ISSN – 2317-5915 
 
 
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caminhadas pela Psicologia, o casal fez parte da Psicanálise, tendo como companheiros de 
trabalho Otto Fenichel e Karen Horney. Fritz Perls trabalhou também com Wilhelm Reich e 
foi assistente de Kurt Goldestein, que pertencia ao grupo da Psicologia da Gestalt, sendo 
muito influenciado pela Fenomenologia, fato este que se considera, como provável motivo do 
título dado a sua corrente. 
 Ainda segundo Bock (2008) com a aproximação da segunda grande guerra, Perls se 
exilou na África do Sul, onde fundou o Instituto Sul-Africano de Psicanálise. No final dedécada de 40 migrou para os EUA, onde escreveu e lançou os primeiros escritos sobre a 
Gestalt Terapia. 
 Apesar da experiência psicanalítica dos Perls, a Gestalt Terapia se assemelha, muito 
mais, a Fenomenologia, pois a mesma não trabalha com o conceito de inconsciente, ponto 
central da Psicanálise e nem mesmo com o passado, onde a Psicanálise busca os fatores das 
neuroses, mas sim com a centralidade no presente. 
 Fadiman e Frager (2004) consideram que a Gestalt seja uma forma sintetizada de 
compreensão dos diferentes formas de se fazer Psicologia e de compreender o comportamento 
humano. Acrescentam 
a terapia gestaltista incorporou proveitosamente muito da psicologia psicanalítica e 
existencial, bem como alguns elementos do behaviorismo (a ênfase no 
comportamento e no óbvio), do psicodrama (a representação de conflitos), da 
psicoterapia de grupo (trabalhos em grupos) e do zen-budismo (a ênfase na 
sabedoria mais do que na intelectualização e o foco na consciência presente). 
(FADIMAN e FRAGER, 2004, p.80) 
Sendo Humanista, a Gestalt Terapia é orientada ao crescimento, dando importante 
força ao movimento do potencial humano. Sofre criticas, porém, no que diz respeito à ênfase 
nos pensamentos e no processo, mais do que no conteúdo. 
4. A GESTALT E O CASO GLÓRIA 
 
A técnica que Perls usou no documentário com Glória, não é explicada para a 
paciente, ele ofereceu a ela a oportunidade de descobrir e entender a si mesma, para isso ele 
manipula e confronta a paciente para que se confronte. Um exemplo deste confronto se dá no 
início da sessão, onde a paciente diz que está nervosa. Ele pergunta como ela pode estar 
nervosa se está sorrindo; ela diz que sempre que está nervosa ou com medo, sorri, brinca. 
Ela não diz o porquê de estar ali para fazer terapia, fica sempre na defensiva, como se 
brincassem de ‘gato e rato’, ela se utiliza o tempo todo de mecanismos neuróticos para se 
proteger. Ele, por sua vez, tenta fazer com que ela se abra para que ele a ajude a lidar melhor 
com seus temores, sendo que uma das características da Gestalt Terapia é fazer com que o 
outro enxergue além de si mesmo, quebrando seus bloqueios e proporcionando lhe um 
encontro pleno para consigo e para com o mundo. Os mecanismos neuróticos, segundo 
Fadiman e Frager (2004) constituem-se de quatro modos de se fazer com que se impeça o 
crescimento próprio, podendo ser assim caracterizados: 
 Introjeção: “é o mecanismo pelo qual os indivíduos incorporam padrões, atitudes e 
modos de agir e pensar que não lhes são próprios e que eles não assimilam ou digerem 
suficientemente para torná-los seus”. (FADIMAN e FRAGER, 2004, p.77) 
 Confluência: “os indivíduos não sentem o limite entre si mesmos e o ambiente. A 
confluência torna um ritmo saudável de contato e afastamento impossível, pois tanto o 
contato como o afastamento pressupõem experiência acurada do outro com o outro”. 
(FADIMAN e FRAGER, 2004, p.77) 
 
 
 
 ANAIS DA VIII MOSTRA CIENTÍFICA DO CESUCA – NOV./2014 
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 Retroflexão: “os indivíduos que retrofletem, voltam-se contra si mesmos e, em vez de 
dirigir suas energias para a mudança e manipulação de seu ambiente, dirigem essas 
energias para si mesmos”. (FADIMAN e FRAGER, 2004, p.77) 
 Projeção: “é a tendência de tornar os outros responsáveis pelo que se origina do self. 
Ela envolve o repúdio de nossos impulsos, desejos e comportamentos, pois colocamos 
o que pertence ao self fora do self”. (FADIMAN e FRAGER, 2004, p.77) 
Para Monteiro Jr (2010), o gestalt-terapeuta em sua função procura catalisar a 
autopercepção de si mesmo e do ambiente ao seu redor, a isto a Gestalt Terapia chama de 
awareness, que nada mais é do que a redescoberta da vida, onde somos capazes de agir 
deixando o que passou e seguindo em frente, fazendo novos planos, tendo novas perspectivas. 
Em um dos momentos do documentário Perls chama Glória de falsa. Ela fica muito 
incomodada com aquilo, irritada diz que ele se acha superior, que ela queria que ele fosse 
alguém que a protegesse e confortasse, e não que a julgasse como falsa. Tal fala do terapeuta 
é a busca da frustração do eu da paciente, de fazer-se sincera consigo mesma, a demonstração 
do que realmente está sentindo. 
 
5. FUNCIONALIDADE E ALCANCES PSICOTERAPÊUTICOS DAS TÉCNICAS EM 
GESTALT TERAPIA 
 
As diferentes técnicas utilizadas pela Gestalt na tentativa de fazer com que os 
pacientes possam examinar sua consciência, sendo este o ponto focal desta abordagem serão 
aqui analisadas, frente ao atendimento registrado no documentário em estudo. 
Ginger e Ginger (1995) cita algumas das técnicas que a Gestalt usa, como, por exemplo, o 
exercício de awareness, que se trata de estar atento ao fluxo constante das sensações físicas 
(exteroceptivas e proprioceptivas), dos sentimentos, de tomar consciência da sucessão 
ininterrupta de ‘figuras’ que aparecem no primeiro plano, sobre o ‘fundo’ formado pelo 
conjunto da situação que se vive e do sujeito que se é, no plano corporal, emocional, 
imaginário, racional ou comportamental. (GINGER & GINGER 1995 apud MONTEIRO JR, 
2010 s.p.). 
 Outra técnica, conhecida por cadeira quente, segundo Monteiro Jr (2010) é uma das 
mais aceitas e utilizadas pelos psicoterapeutas da Gestalt. A técnica consiste em colocar o 
cliente frente a uma cadeira vazia. A esta cadeira, segundo a vontade do cliente, ele projeta 
um personagem imaginário, mas real em seu dia a dia. Nesta situação o cliente poderá dizer 
ao seu personagem imaginário o que gostaria de dizer a pessoa real que ali esta sendo 
representada pela cadeira vazia ou cadeira quente. 
Sendo uma variação do psicodrama, o monodrama é outra técnica utilizada em 
sessões psicoterápicas da Gestalt. A técnica consiste, segundo Monteiro Jr (2010, s.p.) “em 
que o próprio protagonista desempenha, de maneira alternada, os diferentes papéis da situação 
por ele evocada (...). Troca sempre de lugar quando for mudar de papel para que a situação 
fique clara”. Ainda, segundo o mesmo autor, essa técnica auxilia na percepção do próprio 
sentimento, à medida que este surge na encenação, sem interferência do outro. 
 E, por fim, a amplificação, também citada por Monteiro Jr (2010, s.p.) “que torna 
mais explícito o que está implícito, projetando na cena exterior aquilo que acontece na cena 
interior. Permite, assim, que todos adquiram mais consciência do modo como se comportam 
aqui e agora, na ‘fronteira do contato’ com o meio”. 
As técnicas acima elencadas e outras, também utilizados pela Gestalt podem ser assim 
discriminadas, segundo Andrade (2007, p. 143): 
 
 
 
 ANAIS DA VIII MOSTRA CIENTÍFICA DO CESUCA – NOV./2014 
ISSN – 2317-5915 
 
 
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Contato: Sendo o homem um ser de relação e estando inserido no mundo, para a 
Gestalt Terapia o contato é um dos conceitos relevantes a serem trabalhos em terapia. O como 
a pessoa vivencia suas funções de contato determina a qualidade do mesmo. Para Yontef 
(1998), citado por Andrade (2007, p. 143) “contato é o processo de reconhecer a si mesmo e 
ao outro em um duplo movimento: o de conectar-se e de afastar-se”. É possívelverificar este 
fator no caso Glória, quando a cliente demostrava-se incomodada com aquilo que não 
aprovava como ser o procedimento correto de Perls. De acordo com Perls (1988), citado por 
Andrade (2007, p.144) nem todo contato (conectar) é saudável, e nem toda fuga (afastamento) 
é doentia, visto que as escolhas de aproximação ou distanciamento – meios de satisfazer as 
necessidades emergentes – são necessárias e só se tornam nítidas se advêm do contato. 
Awareness: “É ter consciência da própria consciência, é olhar o próprio olhar”. 
(Andrade, 2007, p. 147). Para a Gestalt Terapia, awareness pode ser definida como uma 
consciência ampliada; é dar-se conta de algo. No documentário em questão, Perls busca levar 
sua cliente a dar-se conta de sua ‘falsidade’, o que lhe causava grande mal estar. 
Andrade, cita Yontef, ao afirmar que 
O objetivo da Gestalt-terapia é o continuum da awareness, a formação continuada e livre de 
Gestalt, onde aquilo que for o principal interesse e ocupação do organismo, do relacionamento, 
do grupo ou da sociedade se torne gestalt, que venha para o primeiro plano, e que possa ser 
integralmente experienciado e lidado (reconhecido, trabalhado, selecionado, mudado ou jogado 
fora, etc.) para que então possa fundir-se com o segundo plano (ser esquecido, ou assimilado e 
integrado) e deixar o primeiro plano livre para a próxima gestalt relevante (YONTEF, 1998 
apud ANDRADE, 2007). 
Mudança Paradoxal: Para Beisser (1980) citado por Andrade (2007, p. 151 e 152) o 
terapeuta deve reconhecer, aceitar, identificar e entender como e onde o cliente está. Yontef 
(1998) citado pela mesma autora, afirma que a mudança paradoxal significa estar em contato 
com o que é; com o que somos, permitindo-se crescer. Mais uma vez é possível a relação com 
o documentário – caso Glória, pois vemos nos procedimentos de Perls o confronto com sua 
cliente na busca de fazer com que a mesma viesse a conhecer-se, permitindo que isso 
acontecesse de forma natural. 
Auto-regulação: Pode-se entender como a constante renovação, é a satisfação daquilo 
que considera ser necessário, passando a uma nova fase da vida. Glória somente passaria a 
uma nova fase se saísse do ‘canto’, se estivesse disposta a renovar-se. 
Figura-fundo: Segundo Andrade (2007) a qualidade do processo de figura-fundo 
determina a qualidade de consciência de uma pessoa e de sua auto-regulação, partindo de um 
processo dinâmico. Quanto mais saudável a pessoa e mais nítida a sua necessidade, maior a 
probabilidade dela alcançar o que lhe falta. 
Ajustamento criativo: É o processo em que as necessidades do organismo e os 
estímulos do ambiente interagem. Ao sentir uma necessidade, a pessoa busca a resposta no 
ambiente. “Em terapia, deve-se favorecer ao cliente estabelecer contato com suas soluções já 
conhecidas, presentes e disponíveis e a encontrar novas soluções”. (Andrade, 2007, p.161 e 
162) 
Aqui-agora: Dando ênfase ao presente, ao espaço (aqui) e ao tempo (agora). Se 
experiências passadas fizerem parte do seu presente e se expectativas futuras fazem parte do 
processo atual, devem ser trabalhadas na terapia. É possível perceber na fala de Glória as 
vivências passadas na relação com o esposo e com o pai. 
Diálogo: A relação terapeuta-cliente é um aspecto fundamental na Gestalt Terapia. 
Justifica-se a necessidade de o terapeuta engajar-se num diálogo, em vez de manipular o 
cliente em direção a um objeto. 
 
 
 
 ANAIS DA VIII MOSTRA CIENTÍFICA DO CESUCA – NOV./2014 
ISSN – 2317-5915 
 
 
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Foram elencadas as técnicas que podem auxiliar nas sessões psicoterápicas na 
Abordagem Gestalt, levando em consideração que se deve ter em mente a individualidade de 
cada cliente e a melhor forma de atuar em relação a cada um. Os diferentes métodos de 
atuação podem ser utilizados de acordo com o que o psicoterapeuta considerar ser mais 
abrangente para levar o cliente à tomada de consciência. Cabe salientar, também, que as 
técnicas podem ser utilizadas em conjunto, conforme a análise do terapeuta. 
 
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
Finalmente, é possível ver tanto no documentário assistido como nos textos que 
serviram de apoio que a Gestalt Terapia tem o desejo de um caráter libertador. A terapia como 
se pode perceber, consiste em propiciar ao outro a possibilidade de dispor mais facilmente de 
si, experimentar novas formas de ser, na busca de um sentido em sua vida, na coragem de ser, 
de sentir. É possível perceber que o cliente depara-se com a emergência de novas figuras, com 
o surgimento de conteúdos muito íntimos, como o sofrimento, a angústia e a ansiedade, 
fatores estes que fazem parte do viver humano, mas que podem ser melhores vivenciados, 
quando nos dispomos a aceitá-los e a enfrentá-los. 
Cada terapeuta tem seu estilo e modo de ser e isso está diretamente relacionado com a 
vivência do próprio terapeuta como humanista, e o modo como percebe a si mesmo, os outros 
e o mundo. 
A intenção dessa abordagem não é moldar o paciente, e sim inspirá-lo para que se 
conheça melhor e assim volte a estar em equilíbrio. A Gestalt trabalha com o tempo presente, 
não que não tenhamos influencia do tempo passado, mas que nossas ações agora possam 
influenciar no futuro, o que temos é o tempo presente, e é com isso que trabalha a Gestalt. 
O filósofo Platão (428/27 a.C. – 347 a.C.) nos diz que: “O corpo humano é a 
carruagem; eu, o homem que a conduz; os pensamentos as rédeas; os sentimentos são os 
cavalos”. Para Monteiro Jr (2010 s.p.) “o gestalt-terapeuta seria aquele que alimentaria os 
cavalos na noite anterior para que a viagem flua harmoniosa e chegue ao seu destino, a fim de 
que a carruagem cumpra sua missão existencial e tenha, ela própria, sentido”. 
 
REFERÊNCIAS 
 
ANDRADE, C.C. A Vivência do Cliente no Processo Psicoterápico – Um estudo 
fenomenológico da Gestalt Terapia. Goiânia: Universidade Católica de Goiás. 2007. 271f. 
Tese (Mestrado em Psicologia) - o Programa de Pós-graduação Stricto Sensu em Psicologia, 
Universidade Católica de Goiás, Goiânia, 2007. 
 
BOCK, A.M.B. Psicologias: uma introdução ao estudo de Psicologia. 14 ed. São Paulo: 
Saraiva. 2008 
 
FADIMAN, J; FRAGER, R. Personalidade e Crescimento Pessoal. 5ed. Porto Alegre: 
Artmed. 2004. 
 
FULL VIDEO. Gestalt Therapy - Fritz Perls' session with Gloria (Three Approaches to 
Psychotherapy). Disponível em: http://www.youtube.com/watch?v=8y5tuJ3Sojc (acesso em 
15/10/2014) 
 
 
 
 
 ANAIS DA VIII MOSTRA CIENTÍFICA DO CESUCA – NOV./2014 
ISSN – 2317-5915 
 
 
F A C U L D A D E I N E D I – C E S U C A 
Rua Silvério Manoel da Silva, 160 – Bairro Colinas – Cep.: 94940-243 | Cachoeirinha – RS | Tel/Fax. (51) 33961000 | e-mail: cesuca@cesuca.edu.br 
http://ojs.cesuca.edu.br/index.php/mostrac 
244 
GINGER, S. Gestalt: a arte do contato – nova abordagem otimista das relações humanas. 
Petrópolis, RJ: Vozes. 2007 
 
GINGER, S; GINGER, A. Gestalt: uma terapia do contato. 2 ed. São Paulo: Summus. 1995 
 
MONTEIRO JR, F. A. B. Da teoria à terapia: o jeito de ser da Gestalt. Revista 
Interdisciplinar NOVAFAPI. v.3, n.1, Jan/Fev/Mar, 2010. 
 
PERLS, F. S; HEFFERLINE, R; GOODMAN, P. Gestalt- terapia. Tradução Fernando Rosa 
Ribeiro. 2 ed. São Paulo: Summus, 1997.

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