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AWARENESS GESTALT UMA TERAPIA DE CONTATO Origem Origens Históricas da Gestalt A Gestalt-Terapia surgiu na década de 60, nos Estados Unidos, fundada por Frederick Salomon Perls – ou Fritz Perls. Sua concepção se deu em torno dos anos 40, na África do Sul, quando Perls, insatisfeito com as limitações que encontrava com a Psicanálise, escreveu o livro “Ego, Hunger and Agression” (Ego, Fome e Agressão), lançado em 1942 na África do Sul e em 1947 na Grã-Bretanha. Seu objetivo inicial era fazer uma revisão da teoria de Freud, na qual discordava em alguns pontos, o que causou revolta no meio psicanalítico, fazendo com que fosse desligado. Em 1950, Fritz, junto com sua esposa Laura Perls e outros teóricos - Paul Goodman, Paul Weisz, Elliot Shapiro, Sylvester Eastman Isadore, Ralph Hefferline e Jim Simkin, criou o “Grupo dos Sete”. A partir de então Perls investiu na estruturação de um novo campo clínico, escolhendo o nome de “Gestalt” e lançando o livro base da teoria “Gestalt-terapia”, em 1951, escrito juntamente com Paul Goodman e Ralph Hefferline. Origens Históricas da Gestalt Nessa época, seu desenvolvimento ainda era lento, obscuro e limitado. Apenas em 1968, na Califórnia, a Gestalt-terapia ganhou força, durante o amplo movimento de contra-cultura. Surgiu nessa época com o objetivo de ser anti- intelectualista, anti-positivista, anti-racionalista, anti-mecanicista, anti-explicativa e anti-determinista. “Visando mostrar a importância de se trabalhar holística e existencialmente com os clientes, atingindo os níveis emocionais e relacionais.” A Gestalt-terapia lançou suas raízes no Brasil no início da década de 1970, com uma palestra proferida por Therése Tellegen. Origem da palavra Gestalt A palavra “Gestalt” é alemã e não tem tradução literal para o português, mas possui o sentido de “forma”, de “estrutura organizada”, de “configuração” ou de “um todo que se orienta para uma definição”. Exemplo: Quando ouvimos uma sinfonia, percebemos que ela é composta por várias partes, tais como o som de cada instrumento, o ritmo e a tonalidade musical. Estas partes nos trazem um estímulo auditivo que nos permite reconhecer a música tocada. Porém, a soma de tais partes – a própria sinfonia – não se resume a estas partes. Pressupostos Seus pressupostos filosóficos são baseados no Humanismo, na Fenomenologia e no Existencialismo, a partir dos quais ela constrói sua visão de homem, o que define sua prática e sua teoria. Também possui influência da Teoria Organísmica, Teoria de Campo, Psicologia da Gestalt e Holismo. Origens Filosóficas da Gestalt TEORIA ORGANÍSMICA TEORIA DE CAMPO PSICOLOGIA DA GESTALT FENOMENOLOGIA EXISTENCIALISMO HUMANISMO FILOSOFIA BUBERIANA Frederick Perls nasceu em 1893, filho de uma família judaica de Berlim. Fez teatro e conheceu o movimento psicanalítico da época. Formou-se em medicina em 1920. Por causa da perseguição nazista na década de 30 estabeleceu-se na África do Sul, onde em 1935, juntamente com sua esposa Laura, também psicanalista, fundou o Instituto Sul-africano de Psicanálise. Em sua caminhada, fez terapia com Karen Horney e com Wilhelm Reich, com quem começou a olhar para o corpo. No início da década de 1940, temendo o apartheid na África do Sul, Perls e sua família emigraram para os Estados Unidos. Quem foi Perls? Algumas frases de Perls “Esperar que o mundo o trate de maneira justa, porque você é uma boa pessoa, é o mesmo que esperar que um touro não o ataque porque você é vegetariano” “Aprender nada mais é do que descobrir que algo é possível. Ensinar é mostrar a alguém que algo é possível”. “Angústia é a diferença entre “agora” e “depois”. Consciência é subjetiva. “Percebemo-nos através do nosso corpo e das nossas emoções. Percebemos o mundo através dos sentidos”. Principais Conceitos Teóricos e Clínicos “O terapeuta não é aquele que tem o poder sobre o outro, mas aquele que está em poder do outro, é seu servidor.” Terapia e Cura são análogas a Serviço, Vigilância. TERAPIA VEM DE CUIDADO TERAPEUTA PRESTA CUIDADO O papel do terapeuta na Gestalt TERAPEUTA CLIENTE Parceiros de uma relação autêntica e seletiva RELAÇÃO DIALÓGICA (teoria filosófica de Martim Buber Eu-Tu/ Eu–Isso)) Não é neutro mas envolvido e controlado. Interage mas não é diretivo Não é passivo mas ativo. Expõe suas emoções. Então o que caracteriza a Gestalt Terapia? Exploração dos sintomas Busca da empatia e confiança Terapia centrada no cliente e no aqui e agora Visa a manutenção do bem estar A qualidade desta relação traz o sucesso no tratamento. O papel do terapeuta em resumo é permitir e favorecer uma abordagem sistêmica: TERAPEUTA CLIENTE MEIO Em 5 níveis: corporal, emocional, intelectual, social e espiritual ou “transpessoal” Segundo Laura Perls: “ Gestalt é uma terapia holística, psicocorporal, leva em consideração a totalidade do organismo, e não simplesmente a voz, o verbo, a ação.” Existe o contato físico tanto na expressão artística quanto na corporal. A Gestalt-terapia considera o homem em si como um fenômeno, que se revela lentamente, sendo visto como um ser complexo, que a todo o momento se reorganiza de acordo com as suas necessidades, não podendo ser então conhecido completamente, nem com características fixas e imutáveis, e que faz parte de um contexto, um campo, no tempo e espaço, que o modifica e é modificado por ele a todo instante. Trata-se de uma prática psicoterapêutica que se orienta por uma visão integradora do homem, procurando vê-lo como um todo, não como um “neurótico”, um “esquizofrênico” ou como um “isso” ou “aquilo”. A patologia é apenas mais uma das várias partes do todo que aquele indivíduo é, e sua "doença" é encarada como a maneira mais "saudável" que encontrou para enfrentar situações insuportáveis ou conscientemente inconciliáveis. Ela dá ênfase à tomada de consciência da experiência atual, o aqui e agora, e reabilita a percepção emocional e corporal, pouco valorizadas no mundo ocidental, que censura a expressão de tristeza, raiva, angústia e até de alegria e amor, por exemplo. Como a Gestalt considera o homem 1. Valorização da realidade: temporal (presente versus passado ou futuro) 2. Valorização da tomada de consciência e aceitação da experiência 3. Valorização do todo ou responsabilidade • Consciência (awareness) É um dos pontos chaves da gestalt-terapia. É por meio dela que as mudanças necessárias para o desenvolvimento de cada indivíduo são possíveis. Para que tenha consciência, primeiro é necessário perceber o que acontece na vida, tanto no interior, quanto no exterior, para isso é preciso atenção. Em seguida, para poder mudar e desenvolver-se, é preciso aceitar. Princípios • Responsabilidade Para a gestalt-terapia, o indivíduo está sempre se desenvolvendo. Por conta disso, ele precisa se responsabilizar pelo que faz e sente, pelas suas vivências, pelas coisas que deixa de fazer, sem preocupar culpar outras pessoas pelas coisas quem ocorrem em sua vida. Aprender como aceitar e abraçar a responsabilidade pessoal é um objetivo da gestalt-terapia, permitindo que os clientes obtenham um maior senso de controle em suas experiências e aprendam a regular melhor suas emoções e interações com o mundo. Não se trata de jogar toda a culpa no indivíduo, mas sim de facilitar a percepção das coisas que podem ser mudadas. Assim, ajudando a pessoa a buscar e alcançar seus próprios objetivos. • Ciclo de Contato É a teorização pela qual Perls se utilizou para pensar a forma como nos relacionamos. A priori nem todo contato é bom, nem toda fuga é negativa. Nenhum é bom ou mau em princípio, ambos são formas de enfrentamento. Quando se tornam patológicos? Temos que avaliar a situação em que acontecem. Os teóricos da gestalt organizam o contato em algumas etapas. Utilizando J. Ponciano Ribeiro como referência, este autor descreve nove etapas do contato e para cada uma delas associa um mecanismo de defesa subjacente quando há interrupção.São elas nesta ordem de acontecimento: fluidez, sensação (de sensibilização), consciência, mobilização de energia, integração, contato pleno, satisfação, retirada ou fechamento. • A Gestalt-terapia recebeu diversas influências, dentre as quais destaco a psicologia da gestalt, a teoria organísmica de Kurt Goldstein e a teoria de campo de Kurt Lewin, que contribuíram para os conceitos de figura-fundo, totalidade, autorregulação organísmica (homeostase), presentificação da experiência, contato, awareness e fronteira de contato, dentre outros. • Outra referência importante foi a filosofia dialógica, proposta pelo filósofo existencialista Martin Buber, que sustenta a compreensão gestáltica da relação terapêutica. • Perls, Heferline; Goodman (1997), no primeiro livro publicado sobre Gestalt-terapia (original em 1951), sustentam que todo organismo vive em função da manutenção do diferente, sendo pela assimilação desse diferente que o organismo cresce e se desenvolve. Conceitos teóricos • O contato é justamente essa troca com o meio (na chamada fronteira-de-contato) que permite a mudança. •Abarca desde as funções mais objetivas, como a respiração, até as mais subjetivas (constituição do eu e aquisição da cultura, por exemplo). Coerente com esse conceito de contato, Ribeiro (1995) afirma que “o modo como uma pessoa faz contato consigo e com o mundo expressa igualmente o grau de individuação, maturidade e entrega com que alguém vive em um dado momento”. Objetivos do Tratamento Objetivos da Terapia na abordagem Gestáltica 1) Desenvolver a consciência sensorial, emocional e relacional de si mesmo. 2) Aprender a ser protagonista e autor da própria vida. 3) Desenvolver a consciência de suas necessidades. 4) Ter um contato mais pleno, presente e profundo consigo e com os que estão à sua volta. 5) Perceber seu poder pessoal e sua capacidade de se dar suporte, 6) Perceber o ambiente que o cerca e saber se defender ou não se contaminar. 7) Assumir a responsabilidade por seus atos. Ao contrário da maioria das abordagens, que defendem a neutralidade e o não envolvimento do terapeuta, a Gestalt-terapia defende a impossibilidade dessa neutralidade e a utilização do terapeuta e da relação construída como principal ferramenta no processo terapêutico, principalmente por acreditar que o sujeito se constitui nas relações, sendo a relação terapêutica uma delas. Um dos objetivos centrais desta abordagem é ampliar a consciência do cliente sobre sua forma de se relacionar consigo mesmo, com os outros e com o mundo à sua volta e mostrá-lo um caminho de maior autonomia e independência, baseando-se no auto suporte, contando com seus próprios recursos internos. A maturidade nada mais é do que a responsabilidade pela própria vida e é exatamente neste sentido que esta abordagem trabalha, ajudando as pessoas a tornarem-se mais maduras emocionalmente a partir de uma maior conscientização a respeito de si mesmas. A Gestalt encoraja a pessoa a experimentar situações, reencenando-as. Busca-se desenvolver a independência, a responsabilidade e a assertividade. O que significa a frase clássica: "O todo é maior que a soma das partes". Entende-se que tudo o que existe e que acontece no mundo pertence a um campo de inter- relações de maneira que nenhum fenômeno deve ser identificado e entendido de maneira isolada. Dessa forma, os transtornos não são vistos como doenças que precisam ser curadas, mas uma parte da pessoa que precisa ser desenvolvida. A Gestalt-terapia segue essa visão integradora e enxerga o homem como um organismo unificado, não acreditando haver divisão entre mente e corpo. Sua perspectiva holística visa à manutenção e o desenvolvimento de um bem-estar harmonioso. Para Perls (1981), os pensamentos e as ações são feitas da mesma matéria, sendo as ações físicas inter-relacionadas às ações mentais. E as “partes” são capazes de afetar o todo, assim como o “todo” afeta as “partes”. Para Perls (1981), a tarefa central da terapia não é fazer com que os pacientes aceitem interpretações arcaicas de sua história passada, mas é ajudá-las a se tornarem vivas para a experiência imediata no momento presente. É acordar para a imediatez e simplicidade do agora. O clássico “por que” da Psicanálise dá lugar ao “o que” e ao “como”. Além disso, a Gestalt-terapia se preocupa mais com a forma e a estrutura do que com o conteúdo da fala. Este sistema modifica radicalmente o que o terapeuta e o cliente vão focalizar, tornando possível começar a partir de qualquer ponto, com qualquer material disponível: um sintoma, um sonho, um suspiro, uma expressão facial, um modo de se sentar, etc. Ou seja, o trabalho se dá em cima do fenômeno, do que aparece, do que emerge. Homeostase Gestalt Auto-realização /Auto-regulação – tanto em termos de sistema nervoso como no que diz respeito ao organismo como um todo – não fazendo dicotomia subjetividade/corpo; enfim, observou-se que o sistema vivo tem uma capacidade de auto-organização e para que essa auto-organização se efetive, ele exerce uma auto regulação. Dizendo de outro modo: todo o sistema vai se empenhar nessa organização de si a partir de uma auto regulação. Esta auto regulação vai estar a serviço de uma outra condição inata que o sistema vivo tem, que é de se auto realizar, ou seja, ser tudo aquilo que ele pode ser em potência, desenvolver-se da melhor forma que puder dentro do contexto que vive. O que é insight? E o que ele provoca? Insight é um conceito muito relevante na Psicologia da Gestalt. Indica a apreensão da verdadeira natureza de uma coisa, através de uma compreensão intuitiva. Também remete para uma visão mental ou discernimento que capacita ver situações ou verdades que estão escondidas. Originário, provavelmente, do escandinavo e do baixo alemão, insight é definido na língua inglesa como “a capacidade de entender verdades escondidas etc., especialmente de caráter ou situação” portando um sentido igual a “discernimento” (Allen, 1990, p. Nem sempre as situações apresentam-se de forma clara, impedindo uma PERCEPÇÃO imediata do que estamos vivendo. Essa situações dificultam o processo de aprendizagem do indivíduo (pessoa) a real distinção entre a figura e o fundo, ou seja, a distinção entre a parte e o todo. O objetivo da Gestalt é ajudar ao cliente a enxergar algo que não faz sentido e a percepção da imagem figura/fundo é elucidada dando sentido ao todo, ou seja, INSIGHT (Compreensão Interna). O Objetivo da Psicologia da Gestalt no aprendizado através do Insight Expandir o repertório de comportamentos das pessoas; Criar condições sob as quais a pessoa possa ver sua vida como sendo de sua própria autoria. Estimular a aprendizagem experiencial da pessoa, bem como a evolução de novos autoconceitos a partir de criações comportamentais; Completar situações inacabadas e superar bloqueios no ciclo de contato; Descobrir polarização (interesses) antes não conhecidas; Estimular a integração de forças conflitivas na personalidade; Remover e reintegrar introjeções (valores e conceitos de outras pessoas) Estimular circunstancias sob as quais a pessoa possa agir e sentir-se mais forte, mais competente, com melhor auto suporte podendo explorar mais o seu Self e estar mais ativo e responsável consigo mesma. Objetivos específicos do terapeuta Gestalt Consciência (awareness) Refere-se a capacidade de aperceber-se do que passa dentro e fora de si no momento presente nos três níveis simultaneamente: corporal, mental e emocional. É o estado de manter-se consciente a respeito do que se passa com a capacidade de estar no aqui-agora, cônscio das suas necessidades e das possíveis escolhas que podem ser tomadas, tanto em termos individuais como coletivo. A consciência é um dos pontos chaves da gestalt-terapia. É por meio dela que as transformações necessárias para o desenvolvimento de cada pessoa são possíveis. Para que haja consciência, primeiro é necessário perceber o que acontece na vida, tanto no interior quanto no exterior.Para isso, é preciso atenção. Em seguida, para poder mudar e desenvolver-se, é necessário aceitar. Só se pode mudar aquilo que se aceita como verdade. O que não é aceito não é trabalhado, pois sua existência é negada. Quando a pessoa percebe e aceita os fatores que provocam a sua infelicidade, ela toma consciência do que acontece em sua vida. Ciclo de contato O objetivo da gestalt-terapia é auxiliar o cliente no desenvolvimento do seu potencial para viver uma vida plena. Focando no aqui e no agora, busca-se melhorar a relação do cliente consigo mesmo e com o ambiente ao seu redor, auxiliando-o a compreender e lidar com suas próprias emoções e solucionar seus problemas. Por meio da gestalt-terapia, promove-se uma tomada de consciência global do(a) cliente em relação a si mesmo(a) e ao mundo em que vive. Dessa forma, a pessoa adquire, efetivamente, responsabilidade por si e favorece o seu próprio desenvolvimento. Concepção Psicopatológica Concepção Psicopatológica • A psicopatologia é uma disciplina científica que estuda a doença mental em seus vários aspectos. nasce junto com a clínica psiquiátrica. • Patologia do grego pathos (sofrimento, doença) logos (estudo, ciência) • Para a medicina, os sinais e sintomas são manifestações patológicas que auxiliam na compreensão das alterações estruturais e funcionais das células, tecidos e órgãos. e no que tange a parte mental busca-se a compreensão do comportamento, cognição e nas experiências subjetivas O que é considerado normal ou patológico em Gestalt-terapia ? Citando Galli (2009), em uma perspectiva fenomenológica, a doença é concebida como um estado do indivíduo que é singular, mutável e interdependente ao contexto vivenciado. “A doença é um estado do ser humano, indicativo de que sua consciência não está mais em ordem, ou seja, sua consciência registrou que não há harmonia, essa perda de equilíbrio interior se manifesta no corpo ou na mente com o sintoma. [...] A enfermidade explica algo sobre o momento da vida. As causas que o paciente atribui ao adoecimento são verdades psicológicas que revelam como a pessoa está vivendo e quais questões existenciais que enfrenta. [...] Toda doença tem um significado único para o seu portador e isso deve ser entendido dentro do contexto atual da vida” Segundo Yheia (2014), Saúde e Doença não podem ser vistas de forma dicotômica , fazem parte de único processo, onde saúde não é apenas o fato da ausência de doença e vice e versa. Como é dito na medicina oriental, são forças opostas mas que se complementam formando uma unidade. A Gestalt-terapia é uma prática psicoterapêutica que se orienta por uma visão integradora do homem, procurando vê-lo como um todo, não como um "neurótico", um "esquizofrênico" ou como um "isso" ou "aquilo". A patologia é apenas mais uma das várias partes do todo que aquele indivíduo é, e sua "doença" é encarada como a maneira mais "saudável" que encontrou para enfrentar situações insuportáveis ou conscientemente inconciliáveis. Não significa que há uma negação do estado patológico, do sofrimento do paciente pelo estado em que se encontra. Somente é feito um novo enfoque, baseado na constatação que - através de tal estado - a pessoa foi capaz de sobreviver e de chegar até ali, ao ponto em que está. E, assim como houve uma necessidade para esta pessoa organizar-se desta maneira, a Gestalt- terapia questiona se não haveria outras maneiras, outras formas de ser e viver, que possam atender mais precisamente ao momento na qual a pessoa vive - suas necessidades atuais (RODRIGUES, 2000). A Gestalt terapia possui um discurso que foca mais na saúde do que na patologia, visando a saúde e o funcionamento pleno da personalidade, permitindo que o terapeuta se envolva em um contato intenso com o cliente, estabelecendo uma relação com a psicoterapia. Por isso, o trabalho clínico é voltado para uma ampliação da consciência do indivíduo sobre seu próprio funcionamento, sobre como ele age ou como se bloqueia em sua tentativa para alcançar seu próprio equilíbrio. Dessa forma, o foco terapêutico é deslocado das mãos do terapeuta e vai para a relação terapêutica, onde o terapeuta trabalha para que o indivíduo perceba a responsabilidade sobre suas escolhas e alcance dentro de seu próprio tempo e possibilidades, uma atitude mais autônoma e autossustentada. A função do gestalt terapeuta não é atacar, vencer ou superar certas resistências ao contato, mas sim ampliar a autoconsciência do indivíduo para que ele mesmo possa identificar comportamentos negativos e trabalhar em cima dos mesmos, adaptando-se a situação. Mecanismos de Defesa e Evitação de Contato CONFLUÊNCIA INTROJEÇÃO PROJEÇÃO RETROFLEXÃO DEFLEXÃO PROFLEXÃO EGOTISMO Psicopatologias TRANSTORNO DA PERSONALIDADE DEPENDENTE TRANSTORNO DA PERSONALIDADE BORDERLINE TRANSTORNO DA PERSONALIDADE HISTRIÔNICA TRANSTORNO DE PERSONALIDADE ESQUIVA TRANSTORNO DE PERSONALIDADE NARCISISTA TRANSTORNO DE PERSONALIDADE ANTISSOCIAL PADRÕES NEURÓTICOS Neuroses e o “self” Quanto as neuroses, do ponto de vista da Gestalt, temos duas concepções: Para Perls, todas as neuroses surgem da incapacidade do indivíduo para encontrar e manter o equilíbrio adequado entre ele e o resto do mundo. Já Paul Goodman acreditava que o self estaria vivendo uma interrupção na capacidade de promover o ajustamento criativo do organismo ao ambiente de forma atualizada. A formação das psicopatologias através de um olhar gestáltico, nos mostra como o comportamento neurótico, psicótico e antissocial tem origem através da vulnerabilidade e fragmentação do self, impulsionadas por experiências de conflitos existenciais e pela repressão de memórias negativas, que favorecem na distorção de perspectiva e evitação de contato afetivo. Integrantes do Grupo ORIGEM PRISCILA TELES LUISA PEREIRA KARINY ROCHA OBJETIVOS DO TRATAMENTO CARLOS ANDRÉ BIANCA VEIGA RENATA MUHLHOFER PRINCIPAIS CONCEITOS TEÓRICOS E CLÍNICOS KAROLINE VITÓRIA SPINELLI RENATA GAVINHO ANA PAULA CONCEPÇÃO PSICOPATOLÓGICA DENISE NOVAES NATAN ROSA KAREN BARBARA NUNES “Seja como você é. De maneira que possa ver quem és. Quem és e como és. Deixa por um momento o que deves fazer e descubra o que realmente fazes. Arrisque um pouco, se puderes. Sinta seus próprios sentimentos. Diga suas próprias palavras. Pense seus próprios pensamentos. Seja seu próprio ser. Descubra. Deixe que o plano pra você surja de dentro de você”. (PERLS, 1975, p. 28) Referências Bibliográficas Perls, F. S. (1981). Abordagem Gestáltica e Testemunha Ocular da Terapia. Rio de Janeiro : Zahar Editores (Original publicado em 1973) Tenório, C. M. D (2012) As Psicopatologias como Distúrbios das Funções do Self: Uma Construção teórica na abordagem gestáltica. Publicado na Revista da Abordagem Gestáltia, versão impressa ISSN 1809-6867. Vol 18 no.2 Goiânia 2012 YONTEF, G.M. Processo, Diálogo e Awareness. São Paulo: Summus, 1988. KARWOWSKI, S. L. Gestalt-terapia e Fenomenologia: Considerações sobre o método fenomenológico em Gestalt-terapia. Campinas/SP: Ed. Livro Pleno, 2005. MENDONÇA, M. M. Ajustamento Criativo. In: D’ACRI, G., LIMA,P., ORGLER, S. Dicionário de Gestalt- terapia: Gestaltês. São Paulo: Summus, 2007. Ginger, S. (1995). Gestalt uma terapia do contato. São Paulo: Summus Editorial. Referências Bibliográficas Cheniaux, Elie (2021), Manual de Psicopatologia. 6.ed. – Rio de Janeiro: Guanabara Koogan Ribeiro, J.P. (1985). Gestalt-terapia: refazendo um caminho. São Paulo: Summus. Ribeiro, J.P. (2006). Vade-mécum de Gestalt-terapia. São Paulo: Summus PERLS, F., HEFFERLINE, R. ; GOODMAN, P. Gestalt-terapia. São Paulo: Summus, 1997. RIBEIRO, J.P. Gestalt-terapia: Refazendo o Caminho. São Paulo: Summus, 1985.
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