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CESED No. 3 FACISA CURSO DE DIREITO DISCIPLINA: Direito Civil V PROFESSOR: Mário Vinícius Carneiro Da Posse Conceito A expressão posse tem sua origem na palavra “possidere”. No sentido semântico, tem por significado o poder físico de alguém sobre a coisa. No aspecto jurídico, segundo definição de Venosa, “posse é o fato que permite e possibilita o exercício do direito de propriedade”. Tal conceito apresenta dois elementos para a compreensão de tal entendimento: o corpus e o animus. O corpus é a relação material do homem com a coisa. O animus é o elemento subjetivo que demonstra a intenção de proceder com a coisa como faz normalmente o proprietário. Objeto jurídico da posse Qualquer bem pode ser possuído, seja ele corpóreo ou incorpóreo. Nesta última categoria encontram-se os direitos suscetíveis de posse, que são aqueles sobre os quais é possível exercer poder externo, característico da propriedade, principalmente a fruição. Ficam de fora, portanto, os direitos de crédito e todos os demais direitos que não sejam essencialmente reais. É preciso observar que os direitos reais só podem ser possuídos se a relação externa entre eles e seu possuidor puder se comparar ao exercício de verdadeiro domínio. Assim, determinada pessoa pode possuir servidão aparente e constante, como por exemplo, o direito de conduzir fios elétricos pelo terreno do vizinho. Não pode, contudo, ter direito de trânsito pelo terreno do vizinho, salvo existir estrada ou caminho bem delineado, que torne o trânsito, e portanto o exercício da servidão, visível. Natureza Jurídica da Posse As opiniões sobre a natureza jurídica da posse não são unânimes, datando desde a antiguidade as divergências sobre o assunto. Já nos textos romanos, indagava-se se a posse é um fato ou um direito. Entre os doutrinadores, nunca ficou claramente esclarecido o posicionamento da posse. Isto porque em trechos do Corpus Juris Civilis encontramos a expressão jus possessionis expressando a idéia de direito subjetivo da posse ou, em outros, afirmando-se que a posse não é apenas um fato, mas também um direito. E, também, surgem textos que di\em que a posse é exclusivamente um fato. Atualmente, três correntes dividem a doutrina, quanto ao assunto. Para Ihering, a posse é um direito, uma vez que é interesse juridicamente protegido. É relação jurídica, posto que é determinada por um fato. Entre os doutrinadores nacionais, acompanham este entendimento Orlando Gomes e Caio Mário da Silva Pereira, A segunda corrente defende que a posse é um fato, pois não tem autonomia e, assim, não tem valor jurídico próprio. O fato possessório não está subordinado aos princípios que regulam a relação jurídica no seu nascimento, transferência e extinção. Bonfante, por exemplo, sustenta esta tese. Finalmente, temos uma terceira opinião, sendo a mais comum de todas. Esta corrente é denominada de eclética, pois admite a posse sendo fato e direito ao mesmo tempo, conforme ensina Savigny. Isto porque a posse, em si mesma, é um fato. E considerando os efeitos que produz – a usucapião e os interditos – é um direito. Na colocação do assunto no Código Civil, a divergência permanece. Ihering defende que a posse, como um direito, só pode pertencer à categoria dos direitos reais. Para Savigny, ao contrario, ela é direito pessoal ou obrigacional. Já outros doutrinadores afirmam que a posse não é direito real nem pessoal, sendo um direito especial, sui generis, por não se encaixar perfeitamente em nenhuma dessas categorias. Conforme explica Gonçalves (2010:54), a resposta a essas indagações tem importância prática. Isto porque as ações reais exigem a presença do cônjuge, na relação processual concernente a bem imóvel, por exemplo. Assim, os reflexos da distinção que ora vimos são observados, no âmbito do direito processual, principalmente na determinação da competência, da legitimação ativa e passiva ad causam e do litisconsórcio. BIBLIOGRAFIA: Gonçalves, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro, volume V: Direito das Coisas 6ª Ed. São Paulo: Saraiva, 2010. Gonçalves, Carlos Roberto. Direito das Coisas 11ª Ed. São Paulo: Saraiva, 2010. - Coleção sinopses jurídicas, v.3. Venosa, Sílvio de Salvo. Direito Civil: volume 5: direitos reais. São Paulo: Atlas, 11ª Ed. 2011
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