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FARMACOLOGIA CLÍNICA DA DOR: TERAPIA MEDICAMENTOSA Ney Bianchini- Departamento de farmacologia UNISUL TRATAMENTO DA DOR NOÇÕES GERAIS • Avaliação das características clínicas da dor • Diagnóstico fisiopatológico da dor • Avaliação da intensidade da dor • Estratégia terapêutica: custo/ benefício da proposta terapêutica • Capacidade de adesão do paciente ao tratamento proposto Escalas para medida da dor pós- operatória: • Escala Verbal; • Escala Analógica Visual(EAV); • Escala Numérica Verbal; • Escala de Expressão Facial; • Escalas Multidimensionais. Síndromes Dolorosas • Síndrome Dolorosa Aguda • Síndrome Dolorosa Cronica Síndromes Dolorosas Cronicas • Síndrome Dolorosa Miofascial • Síndrome Dolorosa Neuropática Neuropatia dolorosa central Neuropatia dolorosa periférica • Síndrome dolorosa oncológica • Outras Síndrome Dolorosa Miofascial • Cefaléia • Cervicalgia/ cervicobraquialgia • Lombociatalgia • Dor em membros • Associada a outras síndromes dolorosas Síndromes Dolorosas Neuropáticas • Neuropatia dolorosa central 1- lesão encefálica 2- lesão raquimedular • Neuropatia dolorosa periférica 1- tóxica 2- heredodegenerativa 3- infecciosas 4- metabólicas 5- traumáticas 6- imunoalérgicas Neuropatia Dolorosa Central • Acidente vascular cerebral • Lesões raquimedulares 1-traumático 2- infeccioso 3- neoplásico Neuropatia Dolorosa Periférica • Neuropatia diabética • Neuropatia pós-traumática • Neuralgia pós-herpética • Distrofia simpático reflexa • Neuropatia pós-amputação • Neuralgias cranio-faciais Síndrome dolorosa oncológica • Presente em 70% a 90% dos doentes em fase avançada • Gênese mista • Aspecto psicossocial é fundamental Medidas sintomáticas no controle da dor: Medicamentosa: 1-neurolíticos 2-anestésicos a)gerais b)locais 3-analgésicos a)não opióides b)opióides 4-coadjuvantes a)ansiolíticos b)antidepressivos c)relaxantes musculares d)antiepilépticos Não medicamentosa: 1-psicológicas a)relação médico-paciente b)psicoterapia c)técnicas comportamentais 2-fisioterápicas a)calor ou frio c)exercícios moderados 3-neurocirúrgicas a)neurectomia b)rizotomia 4-outras a)TENS b)acupuntura TRATAMENTO FARMACOLÓGICO DA DOR • Dor inflamatória- anti-inflamatórios não- hormonais, corticosteróides, opiáceos • Dor fibromiálgica- relaxantes musculares, antidepressivos tricíclicos • Dor neuropática- antidepressivos tricíclicos, neurolépticos, anti-epilépticos de nova geração TRATAMENTO FARMACOLÓGICO DA DOR • Dor neurálgica- anti-epiléticos, baclofeno • Dor oncológica- opiáceos, antidepressivos tricíclicos, anti-inflamatórios, relaxantes musculares, inibidores da atividade osteoclástica • Dor psicogênica- antidepressivos tricíclicos e nova geração Tratamento Farmacológico: • Explorar a dose terapêutica de cada droga • Esquemas regulares de medicação Escala Analgésica - OMS: AINES + Adjuvantes se dor persiste Opióides Fracos ± AINES + Adjuvantes se dor persiste Opióides Fortes ± AINES + Adjuvantes Adjuvantes: anti-depressivos fenotiazinas anti-convulsivantes Adaptado de: Ventafridda et. al., 1987 Escala analgésica da OMS: Escala analgésica da OMS: Analgesia Multimodal: • Reduz a dose de cada analgésico; • Reduz a intensidade dos efeitos colaterais de cada fármaco; • Provada antinocicepção devido ao efeito sinérgico/ somatório. Analgésicos utilizados na dor aguda: 1-Analgésicos não-opióides: a)Paracetamol b)Dipirona 2-AINE; 3-Opióides; 4-Adjuvantes; 5-Bloqueios anestésicos. Analgésicos não opióides englobam: 1-Antiinflamatórios 2-Acetominofeno(Paracetamol) 3-Dipirona 4-Coadjuvantes -ansioliticos -antidepressivos -anticonvulsivantes/ moduladores centrais da dor -relaxantes musculares 1-Analgésicos não-opióides: a)Paracetamol: aceito como inibidor da COX-3, que seria a nova cicloxigenase descoberta no SNC; Dose máx diária: 4g Risco crônico:hepatotoxicidade b)Dipirona: único fármaco analgésico que bloqueia a própria prostaglandina e não a sua produção. Discreta propriedade anti-inflamatória em dose alta; Dose máx diária: 8g Risco de agranulocitose baixo Anti-inflamatórios não esteroidais (AINES) • Inibidores da síntese de prostaglandinas • Ação periférica e central • Características farmacocinéticas: • Ácidos orgânicos fracos • Absorção rápida e completa (estômago e int. delgado) • Alta afinidade com albumina • metabolismo hepático • excreção renal Mecanismo de ação dos AINE: AINE: Anti-inflamatórios não esteroidais (AINES) A escolha do AINES: • Perfil de toxicidade x Quadro Clínico • Intervalos entre doses • Experiência prévia do paciente • Custo CLASSE CLASSE DROGADROGA DOSAGEMDOSAGEM INTERVALOINTERVALO 1/2 VIDA1/2 VIDA MAX/diaMAX/dia (derivados do:)(derivados do:) (mg)(mg) (horas)(horas) (horas)(horas) (mg)(mg) Ácido Salicílico A. Acetil Salicílico 325-1000 4-6 0.5 4000 Indolacéticos Indometacina 25-75 6-8 2-3 200 Fenilpropiônicos Ibuprofeno 200-600 6-8 2-3 3200 Naproxeno 250-500 12 14 1250 Cetoprofeno 25-75 6-8 1.5-2 300 Fenilacéticos Diclofenaco 25-75 6-8 1-2 200 Oxicans Piroxicam 20 24 36-45 40 Tenoxicam 20 24 70 40 Meloxicam 7.5 24 ? 15 Pirazolonicos Fenilbutazona 100 6-8 50-100 400 Dipirona 500-1000 4-6 ? 4000 Ácido Fenâmico Ácido Mefenâmico250 6 3-4 1250 Nimesulide 100 6 3-4 400 In. COX II Celecoxib 100-200 12 6-8 400 Rofecoxib 25-50 18-24 12-14 100 Parecoxib 20 24 12 Anti-inflamatórios não esteroidais (AINES) Manuseio: • Resposta analgésica plena em 2 semanas • Efeito teto • Proteção gástrica • Falha terapêutica � AINES de outra classe • Uso crônico � monitorização hematológica, renal e hepática mensal Reações adversas aos AINE: Anti-inflamatórios não esteroidais (AINES) Contra-indicações: • Úlcera peptica ativa • Esofagites • Distúrbios da coagulação • Gravidez - terceiro trimestre Opióides: Naturais, semi-sintéticos ou sintéticos, ligam-se a receptores encefalinérgicos no sistema nervoso: • Analgesia potente • Minimizam processos psíquicos e simbólicos relacionados a experiência dolorosa Classificação dos opióides: Opióides: AÇÃO\RECEPTOR µ/δ ε σ ANALGESIA +++ + - DEPRESSÃO RESPIRATÓRIA ++ + - MOTILIDADE TGI < - - ESPASMO MUSCULATURA LISA ++ - - EFEITO COMPORTAMENTAL ++ euforia + disforia ++disforia ++sedação +sedação ++psicoticos DEPENDÊNCIA FÍSICA ++ + - Opióides: Classificação farmacológica: • AgonistasPuros • Agonistas Parciais • Agonistas-Antagonistas • Antagonistas Classificação Clínica: • Morfínicos Fracos • Morfínicos Potentes Opióides: • Vias de administração: VO, VR, IM, IV,Epidural,IT • Metabolização hepática/excreção renal Opióides - bases do tratamento: Dose • Inicial baixa� aumento progressivo • Intervalos fixos • Doses resgate se necessário • Dose noturna • Não existe “dose teto” Nome farmacológico/receptor Dose Pico Duração Dose teto/dia Agonistas fracos: Tramadol µ+δ+κ+ 50mg VO IM IV (4-6x/d) 0.5-1.5 4-6 400mg Peridural 20-100mg/d Codeína µ+δ+κ+ 15-60mg VO (4-8x/d) 0.5-1.0 3-6 240mg Propoxifeno µ+δ+κ+ 50-100 VO (4-6x/d) 2-3 4-6 390mg Agonistas potentes: Cloridr. de Morfina 10-60mg (0.3mg/kg) 0.5-1.0 2-7 não há µ+++δ+κ++ VO (6-8x/d) Sulfato de Morfina 2.5-20mg (0.05-2mg/kg) SC1-1.5 2-7 não há IM/SC (6-8x/d) IM 0.5-1.0 2-7 não há 2.5-15mg(0.05-2mg/kg) IV (6-8x/d) 5-20min 2-7 não há epidural bolo 2-5mg (40-100 µgr/kg) + (2-20 µgr/kg /hr) Meperidina µ++δ+κ+ 50-150mg IM/SC (6-8xd) IM30-50min 2-4hs 25-100mg IV (6-8x/d) IV 5-20min 2-4hs 0.5mg/kg/hr Metadona 2.5-20mg VO/SC/IM (2-4X/d) 0.5-1 22-48hs(VO) não há 4-6(IM/IV) não há Oxicodona 10-80mg VO Citrato de Fentanila µ+++δ+ 25-100 µgr (0.7-2.0 µgr/kg) IV 5-15min 30-60min 0.01mg/kg/hr 25-100 µgr/kg/hr TD Agonistas parciais: Buprenorfina agon µ+++ 0.3-0.6 mg (3-4x/d) 5-20min 4-10hs 1.8mg antagon δ+ epidural 0.15-0.30mg Nalbufina agon µ+++ antagon κ+ 5-10mg IV/IM/SC IV 5-15min 3-6hs 120mg Antagonista: Naloxone antag µ++δ++κ++ 0.1-0.8mg IV/IM/SC IV/IM/SC 5-15min 1-4hs 20mg Opióides-classificação clínica: Opióide fraco/moderado: 1-Codeína; 2-Tramadol; 3-Propoxifeno; 4-Nalbufina; 5-Buprenorfina; 6-Associações. Opióide forte: 1-Morfina; 2-Meperidina; 3-Metadona; 4-Oxicodona; 5-Fentanil. Codeína: -menor teto antiálgico -menor depressão sobre o SNC -nula capacidade de induzir farmacodependência -ação antitusígena -dose usual: 7,5-30mg 4/4h Cloridrato de tramadol: -menor capacidade de depressão respiratória -droga de escolha inicial em idosos com dor aguda moderada-intensa -disponibilidade oral 70% -principal efeito colateral: náusea Meperidina: -em doses equianalgésicas produz muito mais sedação, euforia e depressão respiratória -metabólito ativo(normeperidina) que possui uma meia-vida longa e é neurotóxica -disponibilidade oral baixa 40% -alguns pacientes podem apresentar disforia -alta capacidade de induzir dependência química -meia-vida curta Morfina: -considerada a droga de eleição para tratamento da dor oncológica -praticamente impossível produzir depressão respiratória quando usada por VO para controle de dor oncológica -uso SC de eleição para tratamento de dor aguda intensa: 10mg SC de 6/6h -biodisponibilidade oral somente 25% -apresenta formulação MST long para uso oral Metadona: -meia-vida longa(maior dos opióides em uso) -menor síndrome de abstinência(se usa frequentemente para a desintoxicação de pacientes viciados em outro opióide) -possui tolerância cruzada assimétrica com a morfina -alta disponibilidade oral 80-90% -paciente possui menos euforia se comparado a outro agonista opióide Oxicodona: • 2x mais potente que a morfina por via oral; • Formulação de liberação contínua e prolongada, evitando picos plasmáticos; • Indicações • Apresentação 10mg,20mg e 40mg • Sem necessidade do receituário amarelo Opióides - Reações adversas • Obstipação intestinal • Laxativos, emolientes • Dieta laxativa • Náuseas/Vomitos • anti-eméticos (metoclopramida, fenotiazinas, haloperidol) • Espasmo das Vias Biliares • Naloxone Glucagon • Prurido • Anti-histamínicos Fenotizinas • Retenção urinária • Reduzir doses • Suspender drogas c/ ação anticolinérgica • Cateterização vesical Betanecol Opióides - Reações adversas • Sonolência • Suspender drogas sedativas SNC • Fracionar doses • Anfetaminas • Efeitos Disfóricos • Redução dose - naloxone • Depressão Respiratória • Naloxone Opióides - Reações adversas • Tolerância • Analgésicos adjuvantes • Outros agentes morfínicos • Intoxicação • Redução/Suspensão medicação • Assistência ventilatória e cárdio-circulatória • Correção DHE • Lavagem gástrica/carvão ativado • Síndrome de Abstinência • Paciente e droga dependente • Prevenção:Redução lenta / à 2 agonistas • Psicodependência Dependência química aos opióides- fatores de risco: • Tratamento prolongado e em doses altas, principalmente com opióides de forte intensidade; • Comorbidades psiquiátricas associadas: depressão, transtorno de ansiedade; • Cuidar com médicos e profissionais de saúde; • Pacientes com história de alcoolismo e/ou abuso de drogas. ANTIDEPRESSIVOS • Antidepressivos tricíclicos: amitriptilina, nortriptilina, imipramina, maprotilina • Antidepressivos de nova geração: sertralina, paroxetina, fluoxetina, venlafaxina, duloxetina ANTI-EPILÉPTICOS • Clássicos: carbamazepina, fenitoína, fenobarbital, clonazepam, valproato de sódio • Nova geração: gabapentina, topiramato, pregabalina NEUROLÉPTICOS • CLORPROMAZINA (Amplictil) • LEVOMEPROMAZINA (Neozine) • PERICIAZINA (Neuleptil) Miorrelaxantes: • Mecanismo de ação: bloqueia a ação dos neurotransmissores excitatórios nos núcleos sensitivos, inibe reflexos mono e polissinápticos na medula espinhal, atuando à semelhança de neurotransmissores inibitórios e hiperpolariza os terminais dos aferentes primários Miorrelaxantes utilizados na prática clínica: Princípios gerais no tratamento da dor Aguda: • Escolha o analgésico segundo a intensidade e o tipo de dor; • Ajuste da dose até alcançar o controle da dor ou torná-la tolerável; • Utilização sempre de esquemas regulares de administração do analgésico; • Acompanhamento do tratamento; • Utilização de drogas adjuvantes sempre que necessário. Esquemas de Analgesia conforme intensidade da dor: • Dor de pequena intensidade:(EAV até 3) •AINE; •Analgésicos não-opióides; •Técnicas regionais periféricas. • Dor de intensidade moderada:(EAV 4-7) •AINE + Opióides; •Opióides intravenosos:PCA ou infusão contínua; •Técnicas regionais centrais ou periféricas: AL e adjuvantes; • Dor de grande intensidade:(EAV ≥8) •Opióides intravenosos:infusão contínua ou PCA •Técnicas regionais contínuas Esquema de medicamentos para uso em dor cronica
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