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Administração de Recursos Materiais e Patrimoniais Eduardo Batman Júnior APRESENTAÇÃO É com satisfação que a Unisa Digital oferece a você, aluno(a), esta apostila de Administração de Recursos Materiais e Patrimoniais, parte integrante de um conjunto de materiais de pesquisa voltado ao aprendizado dinâmico e autônomo que a educação a distância exige. O principal objetivo desta apostila é propiciar aos(às) alunos(as) uma apresentação do conteúdo básico da disciplina. A Unisa Digital oferece outras formas de solidificar seu aprendizado, por meio de recursos multidis- ciplinares, como chats, fóruns, aulas web, material de apoio e e-mail. Para enriquecer o seu aprendizado, você ainda pode contar com a Biblioteca Virtual: www.unisa.br, a Biblioteca Central da Unisa, juntamente às bibliotecas setoriais, que fornecem acervo digital e impresso, bem como acesso a redes de informação e documentação. Nesse contexto, os recursos disponíveis e necessários para apoiá-lo(a) no seu estudo são o suple- mento que a Unisa Digital oferece, tornando seu aprendizado eficiente e prazeroso, concorrendo para uma formação completa, na qual o conteúdo aprendido influencia sua vida profissional e pessoal. A Unisa Digital é assim para você: Universidade a qualquer hora e em qualquer lugar! Unisa Digital SUMÁRIO INTRODUÇÃO ................................................................................................................................................5 1 EVOLUÇÃO E CONCEITOS DA ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS MATERIAIS E PATRIMONIAIS ..........................................................................................................7 1.1 Funções e Objetivos .......................................................................................................................................................8 1.2 Fluxo Interno e Externo de Recursos .......................................................................................................................9 1.3 Administração do Patrimônio .................................................................................................................................. 10 1.4 Resumo do Capítulo .................................................................................................................................................... 11 1.5 Atividades Propostas ................................................................................................................................................... 11 2 PLANO DE NECESSIDADES: PRODUÇÃO E COMPRAS ............................................. 13 2.1 Informática Aplicada ao Controle de Materiais ................................................................................................. 14 2.2 A Função Compras ....................................................................................................................................................... 15 2.3 Relacionamento com Fornecedores ..................................................................................................................... 17 2.4 Novas Formas de Comprar ........................................................................................................................................ 18 2.5 Ética em Compras ......................................................................................................................................................... 19 2.6 Verticalização ................................................................................................................................................................. 20 2.7 Horizontalização ........................................................................................................................................................... 20 2.8 Decisão: Fabricar ou Comprar .................................................................................................................................. 21 2.9 Técnicas Japonesas: Just-In-Time Aplicado a Suprimentos .......................................................................... 24 2.10 Resumo do Capítulo ................................................................................................................................................. 24 2.11 Atividades Propostas ................................................................................................................................................ 25 3 ARMAZENAMENTO E MOVIMENTAÇÃO DE MATERIAIS ......................................... 27 3.1 Locais para Armazenamento ................................................................................................................................... 28 3.2 A Importância do Layout para Armazenagem .................................................................................................. 29 3.3 Movimentação de Materiais ..................................................................................................................................... 29 3.4 Entrada de Materiais .................................................................................................................................................... 30 3.5 Recebimento de Materiais ........................................................................................................................................ 30 3.6 Inspeção de Recebimento ........................................................................................................................................ 31 3.7 Resumo do Capítulo .................................................................................................................................................... 33 3.8 Atividades Propostas ................................................................................................................................................... 33 4 O PAPEL DOS ESTOQUES NAS EMPRESAS ........................................................................ 35 4.1 A Importância dos Estoques .................................................................................................................................... 35 4.2 Normalização, Padronização e Codificação ........................................................................................................ 38 4.3 Resumo do Capítulo .................................................................................................................................................... 40 4.4 Atividades Propostas ................................................................................................................................................... 40 5 TRANSPORTE E DISTRIBUIÇÃO ................................................................................................. 41 5.1 Resumo do Capítulo .................................................................................................................................................... 44 5.2 Atividades Propostas ................................................................................................................................................... 44 6 LOGÍSTICA INTEGRADA .................................................................................................................. 45 6.1 Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos .......................................................................................................46 6.2 Resposta Rápida ao Consumidor (ECR – Efficient Consumer Response) ...................................................47 6.3 Resumo do Capítulo ....................................................................................................................................................49 6.4 Atividades Propostas ...................................................................................................................................................49 7 CONSIDERAÇÕES FINAIS ...............................................................................................................51 RESPOSTAS COMENTADAS DAS ATIVIDADES PROPOSTAS ..................................... 53 REFERÊNCIAS ............................................................................................................................................. 57 ANEXO ............................................................................................................................................................. 59 Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 5 INTRODUÇÃO Esta apostila não tem a pretensão de encerrar o assunto, mas servirá como introdução e guia para o estudo da disciplina Administração de Recursos Materiais e Patrimoniais. Deverá ser complementada pelas aulas web, pelas aulas via satélite, pelos materiais de apoio disponibilizados pelo professor e, para quem pretende se aprofundar no assunto, em livros e artigos sobre o tema. O objetivo desta é apresentar os conceitos básicos da administração dos recursos materiais e pa- trimoniais, estudar o papel dos estoques nas empresas, a logística empresarial, a gestão de compras e o gerenciamento da cadeia de suprimentos, além de instrumentar você na solução de problemas relacio- nados aos temas. Toda empresa necessita de recursos materiais, recursos patrimoniais, humanos, tecnológicos e de capital para sua operação. Nesta apostila daremos atenção especial aos dois primeiros. Os recursos mate- riais podem ser considerados como os estoques da empresa e se dividem em matérias-primas, materiais auxiliares, produtos em processo e produtos acabados. Os recursos patrimoniais podem ser considera- dos como as instalações da empresa e podem ser divididos em equipamentos (máquinas, ferramentas, móveis, automóveis etc.) e imóveis (terrenos, galpões e prédios). A cada ano que passa os custos das matérias-primas e materiais auxiliares ocupam uma porcenta- gem maior no preço final dos produtos, tornando a Administração de Recursos Materiais e Patrimoniais cada vez mais importante para a eficiência das empresas, melhorando a sua competitividade num mer- cado globalizado e voraz. Bom estudo! Prof. Eduardo Batman Jr. Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 7 EVOLUÇÃO E CONCEITOS DA ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS MATERIAIS E PATRIMONIAIS 1 Caro(a) aluno(a), de acordo Francischini e Gurgel (2002), a evolução da Administração de Materiais processou-se em quatro fases: nos primórdios, a administração dos materiais era realizada pelo proprietário da empresa, pois uma boa compra era a alma do negócio; posteriormente as compras serviram somente como apoio às atividades de produção e foram integradas à área de produção; mais tarde foi incorporada à gestão dos serviços envolvendo materiais, inician- do com o planejamento das matérias- -primas e terminando com a entrega de produtos acabados, em um setor fora da área produtiva; finalmente foi anexada à área de logís- tica. Atualmente, com os processos automatiza- dos e as modernas técnicas de gestão, os exces- sos de produção são cada vez menos importantes e uma boa Administração de Materiais é funda- mental para manter o equilíbrio dos estoques, para que não falte matéria-prima e nem sobre produtos acabados. Vejamos a definição de administração dos recursos materiais, segundo: Martins e Alt (2006, p. 4): A administração dos recursos mate- riais engloba a sequência de operações que tem seu início na identificação do fornecedor, na compra do bem, em seu recebimento, transporte interno e acondicionamento, em seu transporte durante o processo produtivo, em sua armazenagem como produto acabado e, finalmente, em sua distribuição ao consumidor final. A administração de recursos patrimo- niais trata da sequência de operações que, assim como na administração dos recursos materiais, tem início na identifi- cação do fornecedor, passando pela com- pra e recebimento do bem, para depois lidar com sua conservação, manutenção ou, quando for o caso, alienação. Martins e Laugeni (2006, p. 262): As necessidades dos clientes, tanto inter- nos como externos, devem ser analisa- das para que a empresa avalie se poderá atendê-las a partir dos estoques existen- tes ou se terá de iniciar um processo de reposição de material por meio de com- pra, em se tratando de produtos forne- cidos por terceiros, ou de produção, no caso de produtos fabricados internamen- te pela empresa. O recebimento dos produtos pedidos pode envolver diversas atividades, relativas às áreas fiscal e contábil, da qualidade, de verificação de quantidades entregues e atividades necessárias ao registro dos materiais entregues nos sistemas de materiais da empresa. O armazenamento de materiais é uma atividade especializada e con- siste em armazenar adequadamente os materiais para que seja possível sua rápida recuperação e a manutenção dos níveis de qualidade e para que a entrega seja facilitada. A logística de distribuição visa à entrega dos materiais no ponto certo, ao menor custo possível Eduardo Batman Júnior Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 8 e no menor prazo exequível, sem alterar suas me- lhores condições de qualidade. “A administração de materiais tem impacto direto na lucratividade da empresa e na qualida- de dos produtos, havendo necessidade de uma gestão, o mais possível, just-in-time, com o objeti- vo de reduzir estoques e manter o cliente satisfei- to.” (MARTINS; LAUGENI, 2006, p. 262). Caro(a) aluno(a), veremos agora as funções e objetivos da administração dos recursos ma- teriais e patrimoniais. As funções básicas são as atividades de compras, estocagem e movimenta- ção, interligadas pela atividade de planejamento e controle. Recursos que chegam antes do tempo cer- to ocasionam aumento dos estoques, sem ne- cessidade. Recursos que chegam após o tempo certo ocasionam falta de material para atender às necessidades daquele momento. Recursos que chegam além da quantidade necessária repre- sentam estoques desnecessários, que ocasionam custos. Recursos que chegam sem a qualidade necessária geram maiores custos por retrabalho e refugo. Recursos que chegam com quantidade menor que a necessária ocasionam estoques in- suficientes. Podemos ainda citar os principais objetivos específicos: minimizar o investimento em estoques; prever necessidades e disponibilidades de materiais; prever as condições de mercado; manter contato permanente com for- necedores, tanto atuais quanto em po- tencial, verificando preços, qualidade e outros fatores que tenham influência no material e nas condições de forneci- mento; pesquisar continuamente novos ma- teriais, novas técnicas administrativas, novos equipamentos e novos fornece- dores; padronizar materiais, embalagens e for- necedores; controlar disponibilidades de materiais e situação dos pedidos, tanto em rela- ção a fornecedores quanto em relação à produção da empresa; obter segurança de fornecimento; armazenar matérias-primas, ferramen- tas e produtos acabados e semiacaba- dos; movimentar os materiais, entregando- -os nos locais onde forem necessários; organizar a disposição de móveis, má- quinas e equipamentos para facilitar a estocagem e a movimentação; obter preços mínimos de compra; dar suporte à otimização do processo produtivo e à otimização de vendas; melhorar a competitividade da empre- sa. 1.1 Funções e Objetivos AtençãoAtenção O objetivo geral da administração dos recursos materiais e patrimoniais é suprir os diversos se- tores da empresa com os materiais de que neces- sitam com a qualidade requerida, na quantidade correta, no instante adequado, no local apropria- do, ao mínimo custo e otimizando o resultado da organização. Administração de Recursos Materiais e Patrimoniais Unisa | Educaçãoa Distância | www.unisa.br 9 De acordo com Martins e Alt (2006, p. 2), o fluxo interno e externo de recursos obedece, ge- nericamente, a Figura 1: 1.2 Fluxo Interno e Externo de Recursos Figura 1 – Fluxo interno e externo de recursos. Fonte: Martins e Alt (2006, p. 2). Eduardo Batman Júnior Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 10 Agora vamos definir o que são recursos. En- tendemos por recurso tudo aquilo que gera ou tem a capacidade de gerar riqueza, no sentido econômico do termo. Recursos materiais são os itens ou componentes que uma empresa utiliza nas suas operações do dia a dia, na elaboração do seu pro- duto ou serviço final. Exemplos de recursos ma- teriais são as matérias-primas e os materiais au- xiliares. Recursos patrimoniais são as instalações utilizadas nas operações do dia a dia da empresa. Exemplos de recursos patrimoniais são os terre- nos, prédios, móveis, equipamentos, máquinas e veículos. Recursos financeiros ou capital, geralmente, são uma referência à riqueza financeira, especial- mente àquela necessária para iniciar ou manter um negócio. Na gestão organizacional, chamamos de re- cursos humanos o conjunto dos empregados ou dos colaboradores dessa «organização». Recursos tecnológicos são os que envolvem o conhecimento técnico e científico e as ferra- mentas, processos e materiais criados e/ou utili- zados a partir de tal conhecimento. Como já vimos, os principais recursos dispo- níveis em uma empresa são: recursos materiais, recursos patrimoniais, recursos financeiros ou ca- pital, recursos humanos e recursos tecnológicos. Mas neste curso vamos contemplar apenas os re- cursos materiais e patrimoniais, deixando os ou- tros recursos para serem vistos por suas respecti- vas disciplinas. Os recursos materiais são compostos basica- mente pelos estoques. Os estoques são compos- tos por materiais auxiliares, que podem ser defini- dos como materiais que não compõem o produto final, mas que são usados na sua produção, como, por exemplo, o querosene usado para lavar uma peça metálica durante seu processo de fabricação – ele não faz parte do produto final, mas é usado em sua fabricação. As matérias-primas são os itens que com- põem o produto final. Os produtos em processo, também conhecidos como semiacabados, são os produtos que já entraram na linha de produção, mas ainda não estão prontos. Por último, os produtos acabados, ou seja, prontos para serem vendidos, completam os es- toques. Os recursos patrimoniais são compostos pelas instalações. Estas se dividem em equipa- mentos, que são as máquinas, utensílios, móveis, veículos, entre outros, e em imóveis, que são os terrenos, galpões, prédios etc. O fluxo desses recursos será de responsa- bilidade de três departamentos: o primeiro, de compras, será responsável por comprar materiais auxiliares, matérias-primas, equipamentos e final- mente imóveis. Atente para que os produtos em processo e produtos acabados já foram compra- dos em forma de matéria-prima e materiais auxi- liares. O segundo, logística interna, será responsá- vel pela estocagem e movimentação de materiais auxiliares, matérias-primas, produtos em proces- so, produtos acabados e pela disposição de equi- pamentos e imóveis. O terceiro, logística externa, será responsável pela movimentação e transpor- te dos produtos acabados. Para completar o ciclo só faltam os fornece- dores e clientes. O departamento de compras irá adquirir os itens de fornecedores. O departamen- to de logística interna fará sua interface também com os fornecedores. Para finalizar, o departa- mento de logística externa será responsável por levar os produtos acabados até os clientes. 1.3 Administração do Patrimônio Prezado(a) aluno(a), conforme Martins e Alt (2006, p. 2), “pode-se conceituar patrimônio como o conjunto de bens, valores, direitos e obri- gações de uma pessoa física ou jurídica que possa ser avaliado monetariamente e que seja utilizado na realização de seus objetivos sociais.” Os bens patrimoniais podem ser entendidos Administração de Recursos Materiais e Patrimoniais Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 11 como as instalações, prédios, terrenos, jazidas, equipamentos em geral e veículos da empresa. Uma vez implantada uma instalação ou instala- do um equipamento, é preciso administrá-lo da melhor forma possível, pois são os fatores de pro- dução da empresa e, portanto, devem contribuir para o resultado operacional da mesma. Segundo Martins e Alt (2006), administrar o patrimônio significa gerir os direitos e obriga- ções, ou, de outra forma, os ativos e passivos da empresa. O patrimônio de uma empresa é constitu- ído pela diferença entre seu ativo e seu passivo. Quando o passivo de uma empresa é maior que o ativo, ocorre o que se denomina patrimônio líqui- do negativo. 1.4 Resumo do Capítulo 1.5 Atividades Propostas Saiba maisSaiba mais Em contabilidade, o passivo corresponde ao saldo das obrigações devidas, enquanto o ativo repre- senta os bens e direitos que pertencem a uma de- terminada entidade. Neste capítulo vimos a evolução da Administração de Materiais em quatro fases: quando ainda era realizada pelo proprietário da empresa; posteriormente as compras foram sendo integradas à área de produção; depois, incorporadas à gestão dos serviços; e, finalmente, anexada à área de logística. Hoje é fundamental manter o equilíbrio dos estoques, praticando a boa administração dos recursos materiais e patrimoniais. Portanto, não podemos esquecer o objetivo geral da administração dos recursos materiais e patri- moniais: suprir os setores da empresa na quantidade correta, no tempo e locais adequados com o míni- mo de custo exigido para a instituição. 1. Qual é o objetivo geral da administração dos recursos materiais e patrimoniais? 2. Cite 5 objetivos específicos da administração dos recursos materiais e patrimoniais. 3. O que são bens patrimoniais? Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 13 Prezado(a) aluno(a), o planejamento das necessidades de materiais pode ser feito por meio de softwares MRP (Material Requirements Planning), que são sistemas de planejamento ba- seados na explosão da estrutura dos produtos, surgidos na década de 1960 (segundo definiu a American Production and Inventory Control Society – APICS); em 1992, a estrutura de produto (BOM – Bill Of Material) é uma lista de todas as submon- tagens, componentes intermediários, matérias- -primas e itens comprados que são utilizados na fabricação e/ou montagem de um produto, mos- trando as relações de precedência e quantidade de cada item necessário, visando a controlar as necessidades de materiais com o uso do compu- tador (SIMCSIK, 1992). As representações de estruturas de produ- tos (BOM), também conhecidas como árvores de produto, auxiliam a responder questões impor- tantes sobre quais são os componentes necessá- rios à produção do produto ou quanto e quando devemos produzir ou comprar. A lógica central do MRP é programar as compras e a produção para o momento certo de modo a minimizar os esto- ques da empresa. Na Figura 2, temos um exemplo de estrutu- ra de produto (BOM). PLANO DE NECESSIDADES: PRODUÇÃO E COMPRAS2 Segundo Castiglioni (2007, p. 63), o Plano Mestre de Produção (PMP) é, pro- vavelmente, a etapa mais importante do processo de planejamento. É no momen- to de sua execução que a capacidade de produção, estoques disponíveis e deman- das são compatibilizados. Um plano mes- tre bem elaborado proporciona a tran- quilidade necessária para a produção, bem como fornece ao setor de vendas e/ Figura 2 – Exemplo de estrutura de produto. Fonte: O autor. ou marketing uma ferramenta de nego- ciação de prazos, para o setor de compras uma visibilidade de consumo de materiale para a produção uma visibilidade do que produzir. O plano mestre é funda- mental para a produção, pois gera as OPs (ordens de produção) que serão produzi- das. Com as OPs ajustadas à capacidade, fica mais simples ter os componentes e a matéria-prima na data de seu uso. Eduardo Batman Júnior Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 14 Caro(a) aluno(a), a partir de meados dos anos 1980, o conceito do MRP (Material Require- ments Planning) se ampliou do planejamento das necessidades de materiais, assumindo o concei- to de Planejamento de Recursos de Manufatura (Manufacturing Resource Planning), ou MRP II, per- mitindo que as empresas avaliem as implicações da futura demanda nas áreas financeiras (neces- sidades de recursos financeiros) e de engenharia (equipamentos, pessoal, máquinas), assim como as relativas às necessidades de materiais. Figura 3 – Esquema de um MRP. Fonte: Martins e Alt (2006, p. 119). Saiba maisSaiba mais Na década de 1990, o MRP II foi ampliado para co- brir, na totalidade, áreas de engenharia, finanças, vendas, suprimentos, empreendimentos e recursos humanos, denominando-se ERP, sigla de Enterprise Resource Planning, ou, em português, Planejamento dos Recursos da Empresa. A Tecnologia da Informação (TI) é o conjun- to de recursos não humanos utilizado para arma- zenar, processar e comunicar a informação, e a maneira como esses recursos estão organizados num sistema capacita a execução de um conjunto de tarefas e auxilia a logística das empresas para que esta se torne cada vez mais eficiente, permi- tindo a execução das funções com maior rapi- dez, menor desperdício de materiais e menores custos. A Tecnologia da Informação propicia às em- presas maior exatidão nas decisões de compras. O controle dos níveis de estoques através de sistemas informatizados é essencial, principalmente em se tra- tando do comércio varejista, que trabalha com uma quantidade grande de itens. O acompanhamento 2.1 Informática Aplicada ao Controle de Materiais Administração de Recursos Materiais e Patrimoniais Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 15 manual é praticamente impossível de ser realizado. Esse controle informatizado, além de proporcionar maior acurácia (grandeza que indica o quanto algo está acurado, feito com cuidado e perfeição), pode contribuir para a previsão de vendas. A percepção e a previsão da demanda influem diretamente na de- cisão de quanto material comprar, por parte da em- presa. A centralização da aquisição de materiais de uma empresa fica mais eficiente quando a empre- sa utiliza a tecnologia da informação a seu favor. Atualmente o comprador passou a ter a função de analista de suprimentos e negociador, muito diferente da visão anterior de operador que ape- nas realizava e acompanhava os pedidos. Com o advento da Tecnologia da Informação, o acom- panhamento dos pedidos é realizado de maneira mais fácil, rápida e exata. A Tecnologia da Informação também per- mite maior exatidão no controle de vendas e me- lhor acompanhamento dos níveis de estoques colaborando muito para que estes possam ser reduzidos. A Tecnologia da Informação proporciona às empresas softwares desenvolvidos para planejar, otimizar e gerenciar os setores, para monitora- mento em tempo real, para confecção de mapas interativos, roteiros, alertas inteligentes, rastrea- mento de carga, indicadores de desempenho e apoio ao gerenciamento de riscos e segurança. Alguns exemplos de vantagens do uso de softwa- res específicos para controle de compras, estoque e transporte e distribuição são: Compras: softwares que permitem o ca- dastramento do processo de compras; efetuam as licitações ou dispensas; re- gistram as propostas dos fornecedores; definem a contratação do fornecedor; formalizam a compra e a emissão da Autorização de Fornecimento; possibili- tam a consulta e acompanhamento do andamento dos processos e disponibi- lizam a consulta das últimas compras efetuadas e seus respectivos valores contratados. Estoques: softwares que possibilitam eficiente controle do fluxo das merca- dorias (entrada e saída); favorecem uma visão global dos itens estocáveis em termos físicos e financeiros, de mate- riais, produtos em processo, acabados e em consignação; e evitam compras desnecessárias e perdas de venda, pois os mesmos oferecem informações exa- tas para que se possa desenvolver uma correta administração das mercadorias em estoques. Transporte e Distribuição: softwares que gerenciam a execução do transpor- te no ciclo completo, desde o pedido até a entrega para o cliente final; ro- teirização e montagem de cargas com maximização das capacidades de utili- zação dos veículos; emitem relatórios padronizados para avaliação do desem- penho dos serviços de transporte con- tratados; entre outros benefícios para a empresa. 2.2 A Função Compras Veremos agora a função compras e uma em- presa. Para Chaves (2002), a atividade de compras consiste em obter do ambiente externo à empre- sa os materiais, produtos e os serviços necessá- rios ao seu total funcionamento, nas quantidades e prazos estabelecidos, respeitando os níveis de qualidade e ao menor preço que seja possível no mercado. Para Moncza et al. (1998), o termo ‘compras’ refere-se ao gerenciamento das atividades diárias do fluxo de materiais. Para Baily et al. (2000), a atividade de com- pras é o processo pelo qual as empresas definem os itens que deverão ser adquiridos, identificam e confrontam os fornecedores disponíveis, negociam com as fontes de suprimentos, firmam contratos, Eduardo Batman Júnior Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 16 produzem ordens de compras, e recebem e pa- gam os bens e serviços comprados. Entre as principais atividades de compras, podemos destacar: selecionar e qualificar fornecedores; avaliar o desempenho dos fornecedo- res; negociar contratos; comparar preços, qualidade e serviços; programar as compras; estabelecer os termos das vendas; prever mudanças de preços, serviços e demanda; especificar a forma em que os produtos devem ser recebidos; promover um fluxo ininterrupto de ma- teriais e serviços necessários à operação da empresa; manter o investimento em estoque e desperdício em um nível mínimo; melhorar o posicionamento competiti- vo da organização; manter um padrão de qualidade ade- quado; conseguir os menores preços. Até o final da década de 1970, os setores de aquisição de bens e serviços estavam limitados a um papel operacional dentro das empresas. A função básica do departamento de compras era comprar materiais e serviços de fornecedores para atender às necessidades dos outros depar- tamentos internos. Porém, com o passar do tempo e o au- mento do volume de transações, o de- partamento de compras limitou-se a processar pedidos de compras. Grande número de fornecedores, alto número de atividades que não agregavam valor e processos altamente padronizados origi- naram um grande número de atividades burocráticas, que impediram a existência de um pensamento estratégico sobre o negócio da empresa. (SANTOS apud RI- GGS; ROBBINS, 2001, p. 61-83). De acordo com Santos R. V., a partir da dé- cada de 1980, sob a influência da filosofia japone- sa Just-in-time, originada na empresa Toyota, que tem como um dos preceitos o uso mínimo pos- sível de estoques, muitas empresas norte-ameri- canas e brasileiras começaram a adotar a compra em pequenos lotes. A partir da década de 1990, a globaliza- ção, a reengenharia de atividades, a elevação da concorrência e por consequência os imperativos econômicos de redução de custos fizeram com que o foco das empresas fosse concentrado na área de Compras. A importânciada área de compras pode ser entendida pela Figura 4. Figura 4 – Formação do preço de venda. Fonte: Adaptado de Martins e Alt (2006, p. 173). Administração de Recursos Materiais e Patrimoniais Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 17 O preço de venda de um produto é com- posto, basicamente, de três elementos: Material direto (aqui representado pelas letras MD), ou seja, todo material que se integra ao produto acabado e que possa ser incluído diretamente no cálculo do custo do produto. Ex.: maté- ria-prima, insumos secundários, mate- rial de embalagens. Mão de obra direta (aqui representada por MOD), ou seja, é o custo de qual- quer trabalho executado no produto al- terando a forma e natureza do material de que se compõe. Ex.: gasto total com salários e encargos com a mão de obra apropriável diretamente ao produto. Gastos indiretos de fabricação (GIF), ou seja, os outros demais custos neces- sários para a operação da fábrica, po- rém genéricos demais para serem apro- priados diretamente ao produto. Ex.: materiais indiretos, mão de obra indire- ta, energia elétrica, seguro e aluguel da fábrica, depreciação de máquinas. Como podemos observar na Figura 4, hoje, na composição do preço de venda, os gastos indi- retos de fabricação e a mão de obra direta estão diminuindo, enquanto os materiais diretos estão aumentando sua participação. Outra coisa que podemos observar é que com a concorrência globalizada e com as tecno- logias de fabricação, os preços dos produtos, de uma maneira geral, estão diminuindo. No futuro, a tendência é que os materiais diretos ocupem um lugar ainda maior na compo- sição dos preços dos produtos e por isso a admi- nistração dos materiais e, principalmente, a área de compras serão tão importantes. Conforme Hughes (2005), os novos depar- tamentos de compras devem atuar junto aos for- necedores para garantir inovação constante, de- senvolver novos produtos e criar uma verdadeira vantagem em compras. A fim de criar uma tipologia de relaciona- mentos com os fornecedores, a empresa de con- sultoria Booz-Allen e Hamilton (1998), identificou quatro tipos de relações: abordagem darwiniana: clientes e for- necedores são vistos como adversários. O ponto negativo dessa abordagem é a geração de instabilidade nos fornece- dores, que não são estimulados a coo- perar (LASERTE, 1998); relacionamento de confiança com os fornecedores: as empresas acreditam que os fornecedores podem conceder maior valor aos clientes. Ponto negativo: uma vez que ela assume que o fornece- dor já atingiu os objetivos esperados, não estimula melhorias e gera um tipo de “confiança cega” (LASERTE, 1998); abordagem não alavancagem dos fornecedores: tipo de relacionamento que pressupõe a inexistência de nego- ciações com fornecedores e reflete o antigo papel do comprador, de “tirador de pedidos” (LASERTE, 1998); balanced sourcing: pressupõe a exis- tência balanceada de relação de con- fiança e preços competitivos. A otimiza- ção da base de fornecedores, a criação de um sistema de medição de desempe- nho de fornecedores e a criação de rela- cionamentos de longo prazo são alguns dos instrumentos utilizados nesse tipo de relacionamento (LASERTE, 1998). 2.3 Relacionamento com Fornecedores Eduardo Batman Júnior Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 18 O fenômeno da globalização, como não po- deria deixar de ser, tem trazido grande impacto na forma como as compras são efetuadas. Os avanços crescentes em Tecnologia de Informação (TI) têm possibilitado uma genuína revolução na maneira como as instituições têm realizado seus negócios. Os meios de comunica- ção têm aumentado sobremaneira a velocidade e a exatidão no fluxo de informações entre parcei- ros comerciais. Algumas novas formas na maneira das em- presas adquirirem seus bens e serviços são: EDI (Eletronic Data Interchange): uma das formas de compras que mais cres- ce atualmente é uma tecnologia para transmissão de dados eletronicamente, um software específico para comunica- ção e tradução de documentos eletrô- nicos. As ordens ou pedidos de compra, como também outros documentos pa- dronizados, são enviados sem a utiliza- ção de papel. Internet: o e-mail já é utilizado como meio de transação comercial. Também há muitos sites que realizam o e-com- merce (comércio eletrônico). Quando COMPRA REATIVA COMPRA PROATIVA Compras é um centro de custo Subordina-se à finança ou produção Respondem às condições de mercado Problema: responsabilidade do forne- cedor Preço é variável-chave Ênfase no hoje Sistema independente de fornecedores Negociação ganha-perde Muitos fornecedores = segurança Estoque excessivo = segurança Informação é poder Compra pode adicionar valor Compra é importante função gerencial Compra contribui para o mercado Os problemas são compartilhados O custo total e o valor são importantes Ênfase estratégica Os sistemas são integrados Negociação ganha-ganha Muitos fornecedores = perda de opor- tunidade Estoque excessivo = desperdício Informação é valiosa se compartilhada Quadro 1 – Compras reativas x compras proativas. Fonte: Baily et al. (2000). DicionárioDicionário Proativo: adj. Que pensa e age antecipadamente. Que, por antecipação, adota medidas para evitar ou resolver futuros problemas. Fonte: http://www.dicio.com.br. 2.4 Novas Formas de Comprar De acordo com o novo papel do comprador, as diferenças básicas entre compra reativa e com- pra proativa são as apresentadas no Quadro 1. Administração de Recursos Materiais e Patrimoniais Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 19 ligados a um provedor de acesso, te- mos toda a www (World Wide Web) ao nosso alcance, a todo o tempo. Todo o mundo pode ser acessado e a comuni- cação bilateral estabelecida. Exemplo: livraria virtual, supermercado virtual, floricultura virtual, shopping virtual etc. As vantagens em relação ao EDI, segun- do Martins e Alt (2006), são: • investimento inicial é bem mais bai- xo; • atende praticamente a todos na ca- deia de suprimentos; • pode ser operada praticamente em tempo real; • permite a transação máquina-má- quina e também homem-máquina; • Maior flexibilidade nos tipos de transações. Leilões: as empresas solicitam via in- ternet ou edital os materiais ou serviços que pretendem adquirir e fornecedores destes disponibilizarão seus preços e prazos de entrega. A partir daí a empre- sa compradora escolhe a melhor condi- ção para ela e elege o fornecedor. As vantagens desse processo, segundo Martins e Alt (2006), são: • transparência do processo de com- pra; • permite a entrada de novos forne- cedores com novas metodologias produtivas e/ou novas tecnologias. 2.5 Ética em Compras Caro(a) aluno(a), quando pensamos em éti- ca temos que levar em conta o comportamento das pessoas em seu ambiente de trabalho. Em algumas profissões a conduta ética tem um peso maior, não obstante que em todas as profissões a ética é fundamental. Dessa forma, os princípios legais e morais são muito importantes para os profissionais de compras, visto que muitas empresas elaboram um código de ética próprio para seus compra- dores, com o propósito de demarcar limites aos funcionários. A fim de coibir práticas que afrontem a éti- ca, as empresas devem: estar sempre informada sobre tudo o que se relacionar a compras, assim como manter seus funcionários infor- mados a respeito dos padrões éticos; fiscalizar de forma intensiva; quando detectar alguma irregulari- dade, investigar e, se for o caso, punir exemplarmente; publicar suas políticas; promover palestras e debates sobreo assunto. O CBEC (Conselho Brasileiro dos Executivos de Compras) possui um código de ética em com- pras que está disponível no Anexo desta apostila e pode ser encontrado em http://www.cbec.org. br/etica_responsabilidade_social_normas.asp. Eduardo Batman Júnior Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 20 É a opção da empresa de produzir intramu- ros suas matérias-primas ou componentes para montagem de seu produto final. O exemplo clássico é o da Ford, que pro- duzia o aço, o vidro, centenas de compo- nentes, pneus e até a borracha para a fabri- cação dos seus automóveis. A experiência Verticalização Vantagens Independência de terceiros Maiores lucros Maior autonomia Domínio sobre tecnologia própria Desvantagens Maior investimento Menor flexibilidade (perda de foco) Aumento da estrutura da empresa Quadro 2 – Vantagens e desvantagens da verticalização. Fonte: Martins e Alt (2006, p. 94). 2.7 Horizontalização 2.6 Verticalização da plantação de seringueiras no Brasil, na Fordlândia no Amazonas, até hoje é citada como exemplo. (MARTINS; ALT, 2006, p. 94). As vantagens e desvantagens da verticaliza- ção são apresentadas no Quadro 2. Ainda segundo Martins e Alt (2006), a ho- rizontalização consiste na opção de comprar de fornecedores o máximo possível suas matérias- -primas ou os itens que compõem o produto final ou ainda os serviços de que necessita. Atualmente as empresas preferem muito mais horizontaliza- ção, tanto que um dos setores de maior expansão foi o de terceirização e parcerias. As vantagens e desvantagens da horizonta- lização são apresentadas no Quadro 3. Administração de Recursos Materiais e Patrimoniais Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 21 Horizontalização Vantagens Redução de custos Maior flexibilidade e eficiência Incorporação de novas tecnologias Foco no negócio principal da empresa Desvantagens Menor controle tecnológico Maior exposição Deixa de auferir o lucro do fornecedor Quadro 3 – Vantagens e desvantagens da horizontalização. Fonte: Martins e Alt (2006, p. 95). AtençãoAtenção Um determinado componente é um candidato para a produção própria se a empresa tiver capa- cidade tanto quanto necessária e se o valor des- te for alto o bastante para cobrir todos os custos variáveis de produção e ainda cooperar com o pagamento dos custos fixos. Tudo o que não é o negócio principal da empresa, como limpeza, portaria, vigilância, ma- nutenção e, às vezes, até as compras, está sendo terceirizado. 2.8 Decisão: Fabricar ou Comprar Prezado(a) aluno(a), veremos agora como tomar a melhor decisão, comprar ou fabricar de- terminado item que compõe o produto final, ba- seado em uma estratégia de menor custo. A definição de uma estratégia correta de compras pode dar à empresa uma grande vantagem competitiva. Se por um lado ela decidir produzir mais internamente, ganha independência, mas perde flexibi- lidade. Por outro lado, se decidir comprar mais de terceiros em detrimento de fabri- cação própria, pode tornar-se dependen- te. Nesse caso, deve decidir também o grau de relacionamento que deseja com seus parceiros. Componentes que são vitais para o pro- duto final eram sempre fabricados inter- namente. Essa concepção está mudando com o desenvolvimento de parcerias es- tratégicas nos negócios. (MARTINS; ALT, 2006, p. 93). A fabricação dos materiais necessários para a empresa pode ser a melhor alternativa quando se tem uma demanda alta e estável. Segundo Martins e Alt (2006), fundamental- mente pode-se ter duas estratégias de aquisição de bens materiais, a verticalização e a horizonta- lização. Para descobrir qual é a melhor estratégia utilizamos as fórmulas a seguir e comparamos os resultados. A estratégia escolhida será a que apre- sentar menor custo total. A Figura 5, a seguir, nos mostra o ponto de equilíbrio entre comprar e fa- bricar determinado item. Eduardo Batman Júnior Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 22 Utilizamos as fórmulas abaixo para calcular o custo total nas possibilidades de compra e fabri- cação de um componente, onde: CT: Custo Total CV: Custo Variável Q: Quantidade CF: Custo Fixo Para comprar: CT = CV x Q Para fabricar: CT = CV x Q + CF Exemplo: Uma empresa fabrica motores elétricos. Ela desenvolveu um novo modelo de motor, com maior desempenho. O diretor de projetos quer decidir entre comprar ou fabricar a bobina do novo motor. Observe a tabela abaixo e responda: Dados Produzir internamente ComprarProcesso de fabricação X Processo de fabricação Y Volume (unid./ano) 20.000 20.000 20.000 Custo fixo ($/ano) 50.000,00 120.000,00 - Custo variável ($/unid.) 4,50 4,00 5,00 Fonte: Adaptado de Martins e Alt (2006, p. 96). Figura 5 – Ponto de equilíbrio. a) A empresa deve utilizar o processo X, processo Y ou comprar? b) A que volume de produção anual deve deixar de comprar e passar a fabricar utilizando o processo X? c) A que volume de produção anual deve mudar do processo X para o processo Y? Administração de Recursos Materiais e Patrimoniais Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 23 Solução: Item a) Custo total para comprar: CT = CV x Q CT = 20.000 x 5,00 CT = $ 100.000,00 Custo total p/ fabricar utilizando o pro- cesso x: CT = CV X Q + CF CT = 20.000 x 4,50 + 50.000,00 CT = $ 140.000,00 Custo total p/ fabricar utilizando o pro- cesso Y: CT = CV X Q + CF CT = 20.000 x 4,00 + 120.000,00 CT = $ 200.000,00 Custo total para comprar: CT = $ 100.000,00 Custo total p fabricar utilizando o pro- cesso x: CT = $ 140.000,00 Custo total p fabricar utilizando o pro- cesso Y: CT = $ 200.000,00 RESP.: A empresa deve comprar a bobina de ter- ceiros. Item b) Deve-se procurar o ponto de equilíbrio entre comprar e produzir pelo processo x: CT = CV x Q CT = CV X Q + CF CV x Q = CV X Q + CF 5,00 x Q = 4,50 x Q + 50.000,00 5,00Q = 4,50Q + 50.000,00 5,00Q – 4,50Q = 50.000,00 0,50Q = 50.000,00 Q = 50.000,00/0,50 Q = 100.000 unidades RESP.: A empresa deve passar a produzir a bobina pelo processo X, quando seu volume de venda ul- trapassar 100.000 unidades por ano. Item c) Deve-se procurar o ponto de equilíbrio entre produzir pelo processo x e produ- zir pelo processo Y: CT = CV x Q + CF CT = CV X Q + CF CV x Q + CF = CV X Q + CF 4,50 x Q + 50.000,00 = 4,00 x Q + 120.000,00 4,50Q + 50.000,00 = 4,00+ 120.000,00 4,50Q – 4,00Q = 120.000,00 – 50.000,00 0,50Q = 70.000,00 Q = 70.000,00/0,50 Q = 140.000 unidades RESP.: A empresa deve passar a produzir a bobina pelo processo Y, quando seu volume de venda ul- trapassar 140.000 unidades por ano. Eduardo Batman Júnior Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 24 Prezado(a) aluno(a), o Just-in-time surgiu no Japão, mais precisamente na Toyota Motor Com- pany, empresa automobilística que pesquisava um sistema de gestão que pudesse coordenar a produção com a demanda específica por diferen- tes modelos de veículos com o mínimo atraso. Esse sistema de gestão transcendeu para a filosofia Just-in-time, na qual em cada etapa do processo são produzidos somente os itens neces- sários para a fase seguinte, na quantidade exata e no tempo certo. Seu objetivo é terminar com to- dos os tipos de estoques da empresa (de matéria- -prima, de materiais auxiliares, de semiacabados e de produtos acabados), atingindo simultanea- mente um nível superior de qualidade. O sistema de “puxar” a produção, ou seja, re- ceber o pedido antes de começar a fabricar, pro- duzindo somente os itens necessários, nas quan- tidades suficientes e no momento exato, ficou conhecido no mundoocidental como Kanban. O relacionamento com os fornecedores é radicalmente mudado com o Jus-in-time. Aos fornecedores é solicitado, que façam entregas frequentes (até mesmo várias vezes por dia) diretamente à linha de pro- dução. Mudanças nos procedimentos de entrega, como maior proximidade, são muitas vezes necessárias para que o for- necedor seja perfeitamente integrado ao sistema JIT. Dos fornecedores também se requer que entreguem itens de qualida- de perfeita, já que não sofrerão nenhum tipo de inspeção de recebimento (é o free pass). É necessária uma mudança radical na maneira como usualmente vemos os fornecedores. Eles são nossos parceiros e não adversários. (MARTINS; LAUGENI, 2006, p. 406). Estes são alguns dos objetivos do Just-in- -time: flexibilizar a empresa; produzir somente os produtos necessá- rios; produzir com qualidade requerida; menor Lead Time na concepção de no- vos produtos; menor Lead Time na manufatura; menor perda (maior valor agregado ao produto); maior retorno de investimento; reduzir estoques em processo, produ- tos acabados e eventualmente maté- rias-primas; reduzir custos de fabricação; manufatura de fluxo contínuo; gerar espaço de fábrica; produzir por métodos que permitam o envolvimento das pessoas; melhoramento contínuo (Kaizen) da qualidade e produtividade; eliminar desperdícios. 2.9 Técnicas Japonesas: Just-In-Time Aplicado a Suprimentos 2.10 Resumo do Capítulo O cerne da questão é programar as compras e minimizar os estoques da organização – Planeja- mento de Recursos de Manufatura. A Tecnologia da Informação (TI) exerce um papel importante nesse contexto, pois é o conjunto de recursos humanos utilizados para armazenar e processar a informação a fim de facilitar a logística nas empresas, propiciando maior acerto nas compras. Administração de Recursos Materiais e Patrimoniais Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 25 1. Uma empresa adquire 6.000 peças para a produção de seu produto final por ano, a $4,50 cada. Caso a empresa produzisse as peças, incorreria em custos fixos anuais adicionais de $7.500,00, e os custos variáveis seriam de $3,00 por peça. A alternativa que mostra os custos totais para a empresa produzir as peças, para comprar do seu fornecedor e o volume mínimo de produção para que a empresa passe a produzir suas peças em vez de comprá-las do fornecedor, respec- tivamente, é: 2. Defina MRP e explique sua lógica. 3. Qual a diferença entre Verticalização e Horizontalização? 4. Resuma, com suas palavras, a filosofia Just-in-time. 2.11 Atividades Propostas a) $27.000,00, $25.500,00 e a partir de 3.000 peças; b) $25.500,00, $88.500,00 e a partir de 5.000 peças; c) $25.500,00, $27.000,00 e a partir de 5.000 peças; d) $88.500,00, $25.500,00 e a partir de 4.000 peças; e) $27.000,00, $88.500,00 e a partir de 3.000 peças. Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 27 Caro(a) aluno(a), a armazenagem é a guarda temporária de produtos estocados para posterior distribuição. O nível do estoque deve ser o me- nor possível para minimizar os custos, desde que não haja falta de produto e consequente perda de venda. Um alto estoque garante o atendimen- to imediato aos clientes, mas em compensação acarreta em custos de oportunidades e financei- ros perdidos, pois o dinheiro estará comprometi- do na forma de estoque, em vez de estar renden- do juros e disponível em um banco (HONG, 1999). Ballou (1993) afirma que a armazenagem e estocagem de produtos são funções indispensá- veis do sistema logístico e que seus custos podem absorver de 12 a 40% das despesas logísticas de uma empresa. Dias (1996) pondera que o rendimento de um sistema de armazenagem depende da es- colha do almoxarifado, que deve ser condizente com a natureza do material que será armazenado e movimentado. Uma boa gestão do almoxarifa- do propicia um melhor aproveitamento da ma- téria-prima e dos meios de movimentação, evita rejeição de itens devido a avarias ocasionadas por impactos, reduz as perdas de material no manu- seio e impede outros extravios, proporcionando economia nos custos logísticos. Ballou (1993) considera que a empresa tem quatro razões para designar parte de seu espaço fí- sico à armazenagem: diminuir custos de transpor- te e produção; organizar suprimento e demanda; e auxiliar os processos de produção e marketing. A armazenagem deve ser planejada envol- vendo desde o layout, manuseio de produtos, embalagem, identificação dos materiais, méto- dos de localização de materiais, até o custo e nível de serviço que se espera oferecer. O maior objetivo do armazenamento, no que tange o aproveitamento do espaço, é utilizá- -lo nas três dimensões, da maneira mais eficiente possível. As instalações do local de armazenagem devem oferecer uma movimentação rápida e fácil de suprimentos desde o recebimento até a expe- dição (VIANA, 2000). Dessa forma, alguns cuidados devem ser to- mados na hora da armazenagem: determinação do local, em recinto aber- to ou fechado; definição apropriada do layout; definição de uma política de preserva- ção, com embalagens adequadas aos materiais; manutenção da ordem, arrumação e limpeza, constantemente; segurança patrimonial, contra furtos, incêndio etc. Ao se otimizar a armazenagem, obtém-se: melhor utilização do espaço; efetiva utilização dos recursos disponí- veis; acesso rápido a todos os itens; máxima proteção aos itens estocados; boa organização. ARMAZENAMENTO E MOVIMENTAÇÃO DE MATERIAIS3 DicionárioDicionário Almoxarifado: Depósito de material e objetos de um estabelecimento. Fonte: http://www.dicio.com.br. Eduardo Batman Júnior Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 28 Inicialmente, os depósitos eram conside- rados instalações de armazenagem necessá- rias para as práticas básicas de comercialização, também eram considerados essenciais para co- locar os produtos ao alcance do consumidor no momento certo. Como a mão de obra era abun- dante e tinha baixo custo, quase todo o trabalho de movimentação era feito por pessoas, e dava-se pouca importância ao uso racional do espaço, e aos melhores métodos de trabalho e manuseio (BOWERSOX; CLOSS, 2001). Ainda segundo Bowersox e Closs (2001), após a Segunda Guerra Mundial, a atenção ge- rencial voltou-se para o aumento da eficiência dos depósitos. À medida que técnicas de previsão de demanda melhoravam, o nível de estoque ao longo da cadeia foi sendo reduzido. Por outro lado, a indústria aumentava a quantidade de novos produtos. O varejista tinha que escolher: ou assumia o custo de estoque de vários produtos para atender ao consumidor, ou emitia pedidos fracionados aos fabricantes. Os pedidos fracionados implicavam custos de trans- porte maiores, o que gerou a necessidade de interpor depósitos estratégicos para atender à reposição de sortimentos de produtos aos vare- jistas de forma econômica e rápida. Os almoxarifados são normalmente relacio- nados a armazéns dentro das empresas. Mas, nos almoxarifados ficam estocados materiais de lim- peza e escritório, as peças para reposição, dentre outros, para consumo próprio, sendo assim, como também ocorre com os galpões, não possuem relação com o processo logístico; enquanto os depósitos, que são também conhecidos como ar- mazéns, podem estocar matéria-prima, produtos em processo ou produtos acabados, além de pos- suir funções próprias dentro do processo logístico (CALAZANS, 2001). 3.1 Locais para Armazenamento AtençãoAtenção Hoje em dia muitos operadores logísticos, e até empresas, vêm utilizando CD (Centro de Dis- tribuição) almejando ganhos de rendimento e possíveis reduções de custos. A diferença básica entreCDs e depósitos, galpões ou almoxarifados, é que os Centros de Distribuição envolvem ope- rações logísticas enquanto os outros são somen- te estruturas físicas para armazenagem. Saiba maisSaiba mais Estruturas de Armazenagem Porta-Pallets: as estruturas porta-pallets são sistemas de armazenagem para cargas con-sideradas pesadas, sendo projetadas e dimensionadas de acordo com o tipo e medidas do pallet a ser estocado, da carga distribuída sobre o mesmo, da área e do pé direito disponível e do tipo de operação e/ou equipamento (manual ou por empilhadeira), a partir dos quais se determinam as medidas dos corredores, número de níveis por módu-lo, dentre outras informações. Normalmente a carga distribuída em um pallet supera 800 kgf. Pallet: estrado de madeira, plástico ou metálico utilizado como base de apoio de produtos acabados, matérias-primas, sacarias, caixas etc. Para operação nas estruturas porta-pallets é mais seguro o pallet, cujos apoios sobre as longarinas sejam totais, sem saliência entre elas e preferencialmente que o pallet utilizado seja de madeira nobre; pois, embora tenha um custo de aquisição maior, torna-se vantajoso, em termos de economia, pela vida útil prolongada e pela maior segurança obtida. Existem diversos modelos e medidas de pallets, porém, atualmente, o mais utilizado no Brasil é o de pa-drão PBR 1 confeccionado em madeira e que mede 1,00m x 1,20m. Fonte: www.claudioguerra.com Administração de Recursos Materiais e Patrimoniais Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 29 3.2 A Importância do Layout para Armazenagem 3.3 Movimentação de Materiais Dias (1996) define o layout (ou arranjo fí- sico) como sendo a “disposição de homens, má- quinas e materiais que permite integrar o fluxo de materiais e a operação dos equipamentos de movimentação para que a armazenagem se pro- cesse dentro do padrão máximo de economia e rendimento.” Segundo Moura (1997), os objetivos do layout para armazenagem devem ser: garantir a utilização total do espaço; proporcionar a mais eficiente movi- mentação de materiais possível; favorecer a estocagem mais econômica, com relação a equipamentos, espaço e mão de obra; propiciar flexibilidade máxima para sa- tisfazer as necessidades de mudança, de estocagem e de movimentação. Para Bowersox e Closs (2001), o layout do local de armazenagem, independentemente do tamanho ou da complexidade, deve seguir três princípios básicos: critérios de projetos: estão diretamen- te associados às características das ins- talações físicas (número de andares e altura útil) e à movimentação dos pro- dutos (fluxo dos produtos); tecnologia de manuseio: refere-se à eficácia da operação com relação à tec- nologia adotada para a movimentação dos produtos. Os dois pilares da tecno- logia de manuseio são: a continuidade do movimento (responsável por mini- mizar o tempo total gasto e o risco dos produtos) e a economia de escala na movimentação (obtida quando todas as atividades são executadas com a maior quantidade possível de produtos); plano de armazenagem: considera o volume, peso, giro e acondicionamento dos produtos para a armazenagem. A movimentação ou manuseio, dentro de uma mesma empresa, de materiais e produtos é o transporte de bens por distâncias relativamen- te curtas, quando comparadas com as distâncias na movimentação executadas quando o produto é entregue ao consumidor final. Essa atividade é realizada em depósitos, centros de distribuição, fábricas e lojas, assim como no transbordo entre modais de transporte. “Como a atividade de manuseio pode ser repetida inúmeras vezes, pequenas ineficiências em algumas das viagens podem significar gran- des perdas quando aplicadas sistematicamente a muitos produtos por um longo período.” (BALLOU, 1993). A utilização de métodos e equipamentos eficientes tem se mostrado importante aliada na busca de reduções de custo no manuseio de materiais, assim como na melhoria operacional. Existe grande variedade de equipamentos para manuseio de materiais, que são classificados por Bowersox e Closs (2001) como: mecanizados, se- miautomáticos, automáticos e baseados em in- formação. Os sistemas mecanizados utilizam grande variedade de equipamento de manuseio. Os mais comuns são: as paleteiras, as empilhadeiras, os tratores, as esteiras, os guinchos, os veículos de reboque e os elevadores. Eduardo Batman Júnior Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 30 3.5 Recebimento de Materiais 3.4 Entrada de Materiais Os sistemas semiautomatizados comple- mentam os sistemas mecanizados, tornando automáticas algumas atividades próprias de ma- nuseio. Os sistemas mais comuns são: os veículos guiados por automação, a separação computado- rizada de pedidos, a robótica e os vários tipos de estantes inclinadas. Os sistemas de manuseio automatizados são aqueles que dispensam a presença de pesso- as. Os precursores foram os sistemas de separação de pedidos de produtos embalados em caixas. Atualmente temos os sistemas automatizados de armazenagem e recuperação (ASRS – Automated Storage and Retrieval System) para uso em instala- ções de depósitos verticais. O sistema baseado em informação utiliza equipamentos de manuseio mecanizado. A dife- rença é que esse equipamento é integralmente gerido por um computador. A entrada do material é, normalmente, o momento em que a empresa passa a ter respon- sabilidade sobre os materiais adquiridos. Em alguns casos o material é inspecionado pelo comprador nas instalações do fornecedor, mas mesmo assim é importante ter atenção na conferência das especificações de qualidade e quantidade. Outra possibilidade é que o material seja aceito após inspeções e ensaios, que não são possíveis de acontecer no momento do recebi- mento do item. De qualquer forma, esse é um momento crí- tico para as duas partes e deve ser realizado com base em procedimentos adequados de trabalho para evitar surpresas desagradáveis posterior- mente. A função primordial do recebimento de materiais é garantir que o item entregue esteja de acordo com as especificações de qualidade e quantidade constantes no Pedido de Compra. A conduta apropriada na portaria da em- presa, permitindo uma rápida entrada dos veícu- los de transporte, é necessária para que o recebi- mento do material se processe sem prejuízo para nenhuma das partes. Depois de autorizada a en- trada do veículo na empresa, os procedimentos para descarregamento poderão variar: a) quanto à mão de obra: fornecida pelo setor de recebimen- to; fornecida pelo entregador; b) quanto ao equipamento de descar- ga: fornecido pelo setor de recebimen- to; fornecido pelo entregador; c) quanto à documentação: conferência do material entregue diretamente na Nota Fiscal emitida pelo fornecedor; geração de uma via cega (docu- mento em que não constam as quantidades da Nota Fiscal) em momento anterior ao descarrega- mento, com o objetivo de obrigar a conferência de todos os itens sem dispor da informação antecipada da quantidade entregue e com se- Administração de Recursos Materiais e Patrimoniais Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 31 3.6 Inspeção de Recebimento 1 Definição extraída de http://www.canaldotransporte.com.br/letrai.asp gurança de que a conferência do material entregue realmente será feita. d) quanto à inspeção de recebimento, poderá ser: imediata, no momento do recebi- mento; posterior, com a retirada de amos- tras para ensaios; desnecessária, para fornecedores com qualidade assegurada; e) quanto à liberação do entregador: procedimentos rotineiros, se todos os requisitos especificados forem atendidos; procedimentos de não conformida- de, se constatada algumairregula- ridade. Nesse caso, as áreas respon- sáveis deverão ser informadas. Por exemplo: Controle de Qualidade, para aceitação de materiais fora de especificação requerida; Compras, para quantidades diferentes das constantes no Pedido de Compra; e Produção, para materiais necessá- rios para produção urgente. Define-se como inspeção de recebimento um “conjunto de atividades de exame, inspeção, medição, ensaios etc. de uma ou mais caracterís- ticas do produto recebido, e a comparação dos re- sultados com os requisitos especificados, a fim de determinar se há conformidade para cada uma dessas características”.1 O objetivo dessa inspeção é garantir que os itens recebidos não sejam utilizados ou processa- dos até que tenham sido inspecionados, estando de acordo com os requisitos especificados. Tipos de inspeções de recebimento Não se pode ter um mesmo procedimento de inspeção para todos os produtos ou para to- dos os fornecedores. A inspeção de recebimento pode variar quanto ao: a) produto: itens críticos: materiais e compo- nentes de grande importância para o desempenho do produto final; itens não críticos: não afetam gra- vemente o desempenho do produ- to final, ou são materiais auxiliares de produção; amostras iniciais: primeira entrega de novos fornecedores ou lotes de novos materiais. b) fornecedor: fornecedor com alta qualificação: fornecedores que demonstraram ter um sistema de garantia da qua- lidade sem re strições, e, portanto, seus produtos não necessitam de inspeção sistemática de recebi- mento; Eduardo Batman Júnior Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 32 fornecedor com média qualifica- ção: fornecedores com restrições em seu sistema de garantia da qua- lidade. Os lotes recebidos passam por inspeções menos rigorosas; fornecedores com baixa qualifica- ção: fornecedores que apresenta- ram graves problemas nos lotes anteriores fornecidos e que neces- sitam de inspeção rigorosa para aceitação. A atividade de inspeção permite vários en- foques, dependendo da situação em que se quer utilizá-la. Dessa forma, podemos classificar as ins- peções de recebimento: a) quanto à natureza: qualitativa: verificação ou confir- mação por exame de atributos, da conformidade do material recebi- do. Ex.: inspeções visuais, rugosida- des, riscos, limpeza etc.; quantitativa: pressupõe o uso de métodos e instrumentos conforme a unidade adotada na especifica- ção: contagem, pesagem e outras medições dimensionais; b) quanto à porcentagem: inspeção 100%: todos os itens dos lotes entregues são inspecionados; inspeção por amostragem: retiradas de amostras aleatórias dos lotes e apenas essas amostras são inspecio- nadas. Nesse caso o procedimento de inspeção por amostragem, dado o tamanho do lote, deve mostrar: plano de amostragem (simples, dupla ou múltipla), NQA (Nível de Qualidade Aceitável), tamanho da amostra e número de aceitação; c) quanto ao tipo de ensaio: ensaios destrutivos: pressupõe inu- tilização do produto ensaiado. Ex.: fadiga, impacto e tração; ensaios não destrutivos: não alte- ram significativamente as caracte- rísticas do produto ensaiado. Ex.: propriedades elétricas, composição química e ultrassonografia. Identificação da situação de inspeção de ma- teriais recebidos As inspeções de recebimento visam à con- firmação de que as características dos produtos inspecionados estão de acordo, ou não, com as condições especificadas. Assim, em um local de armazenagem de produtos recebidos de fornece- dores, podem-se encontrar lotes em três estados, devidamente identificados: material aprovado: atende a todos os requisitos especificados; material aguardando inspeção: amos- tras do lote foram enviadas para análise e os resultados estão sendo aguardados; material reprovado: o lote inspeciona- do não atendeu a uma ou mais caracte- rísticas especificadas. O lote não poderá ser utilizado pela produção e deverá ser devolvido ao fornecedor, além de pro- cedimentos adicionais de bloqueio de pagamento. Um exemplo de como pode ser o layout da área de recebimento de materiais pode ser visto na Figura 6. Administração de Recursos Materiais e Patrimoniais Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 33 Figura 6 – Exemplo de layout da área de recebimento. 3.7 Resumo do Capítulo 3.8 Atividades Propostas Área de Recebimento Área de Material Aprovado Área de Material Reprovado Área de Material em Inspeção Falamos até agora que o estoque deve ser o menor possível para minimizar os custos (“12 a 40% das despesas logísticas de uma empresa são de armazenagem e estocagem” – BALLOU, 1993). A armazenagem deve ser planejada e o armazenamento eficiente (instalações básicas para comer- cialização). Quanto à entrada de materiais na empresa, este é o momento em que ela passa a ter total respon- sabilidade sobre o que está recebendo. Deve-se ter o cuidado na conferência e na acomodação desses materiais quando os mesmos chegarem à empresa. 1. Por que uma empresa deve ter o mínimo possível de estoques? 2. Qual a função do recebimento de materiais? 3. Quais são os objetivos da armazenagem? 4. Cite 3 objetivos do layout para armazenagem. Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 35 Caro(a) aluno(a), como os estoques consti- tuem parcela considerável dos ativos das empre- sas, eles recebem um tratamento contábil rigoro- so. São classificados, principalmente para efeito contábil, em cinco grandes categorias (MARTINS; ALT, 2006): estoques de materiais: são todos os itens utilizados nos processos de fabri- cação de produtos acabados. Todos os materiais que a empresa compra para usar em seu processo produtivo e arma- zena fazem parte do estoque de mate- riais, independentemente de serem ma- teriais diretos, como as matérias-primas, que se incorporam ao produto final; ou indiretos, como os materiais auxiliares, que não se incorporam ao produto final; estoques de produtos em processo: também conhecidos como semiacaba- dos, correspondem a todos os itens que entraram em processo produtivo, mas que ainda não se transformaram em produtos acabados; estoques de produtos acabados: são todos os itens que já estão prontos para ser entregues aos consumidores finais; estoques em trânsito: correspondem a todos os itens que já foram despacha- dos de uma unidade para outra, nor- malmente da mesma empresa, e que ainda não chegaram a seu destino final; são estoques que estão sendo transpor- tados; estoques em consignação: são os materiais que estão em outras empre- sas, mas continuam sendo propriedade do fornecedor até que sejam vendidos. Em caso contrário, serão devolvidos sem ônus. O PAPEL DOS ESTOQUES NAS EMPRESAS4 A importância dos estoques nas empresas não é mais unanimidade após o advento da filo- sofia Just-in-time, mas, em 1978, Ronald H. Ballou, um dos mais respeitados autores sobre o tema, afirmou que, em sistemas logísticos, os estoques eram mantidos para: • Melhorar o serviço ao cliente: dando suporte à área de marketing, que ao criar demanda precisa de material disponível para concretizar vendas; • Economia de escala: os custos são tipicamente menores quando o pro- duto é fabricado continuamente e em quantidades constantes; • Proteção contra mudanças de preços em tempo de inflação alta: um alto volume de compras minimiza o im- pacto do aumento de preços pelos fornecedores; • Proteção contra incertezas na de- manda e no tempo de entrega: con- sidera o problema que advém dos sistemas logísticos quando tanto o comportamento de demanda dos clientes quanto o tempo de entre- ga dos fornecedores não são perfei- 4.1 A Importância dosEstoques Eduardo Batman Júnior Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 36 tamente conhecidos, ou seja, para atender os clientes são necessários estoques de segurança; • Proteção contra contingências: pro- teger a empresa contra greves, in- cêndios, inundações, instabilidades políticas e outras variáveis exógenas que podem criar problemas. O risco diminuiria com a manutenção de es- toques. (MARTINS; ALT, 2006, p. 172). Vamos estudar agora pontos importantes sobre a gestão de estoques. Existem vários indicadores de produtivida- de na análise e controle dos estoques, sendo os mais usuais as diferenças entre o inventário físico e o contábil, a acurácia dos controles, nível de ser- viço (ou nível de atendimento), giro de estoques e cobertura dos estoques. O inventário físico consiste na contagem física dos itens de estoque. Caso haja diferenças entre o inventário físico e os registros do controle de estoques, devem ser feitos ajustes conforme recomendações contábeis e tributárias. Uma vez terminado o inventário, pode-se calcular a acurácia dos controles, que mede a por- centagem de itens corretos, tanto em quantidade quanto em valor, ou seja: Acurácia = Número de itens com registros corretos Número total de itens Ou Acurácia = Valor de itens com registros corretos Valor total de itens Nível de serviço ou nível de atendimento é o indicador de quão eficaz foi o estoque para atender às solicitações dos usuários. Assim, quan- to mais requisições forem atendidas, nas quan- tidades e especificações solicitadas, tanto maior será o nível de serviço. Para calcularmos o nível de serviço, dividimos o número de requisições aten- didas pelo número de requisições efetuadas. Nível de serviço = Número de requisições atendidas Número de requisições efetuadas O giro de estoques mede quantas vezes, por unidade de tempo, o estoque se renovou ou girou. Sabendo-se que o Estoque Médio em um Período é: E médio = (E inicial + E final) / 2 Giro de estoques = Valor consumido no período Valor do estoque médio no período Cobertura de estoques indica o número de unidades de tempo; por exemplo, dias que o es- toque médio será suficiente para cobrir a deman- da média. Cobertura em dias = Número de dias do período em estudo Giro AtençãoAtenção A gestão de estoques constitui uma série de ações que permite ao administrador verificar se os estoques estão sendo bem utilizados, bem localizados em relação aos setores que deles se utilizam, bem manuseados e bem controlados. DicionárioDicionário Acurácia: Exatidão de uma tabela ou de uma ope- ração. Fonte: http://www.dicio.com.br. Administração de Recursos Materiais e Patrimoniais Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 37 Exemplo: 1. Uma empresa, após um período de 8 meses, obteve o seguinte relatório de movimentação financeira em reais: Mês Estoque Inicial Entradas Saídas Estoque Final Estoque Médio 1 55.000,00 45.000,00 60.000,00 2 75.000,00 50.000,00 3 - 45.000,00 4 80.000,00 70.000,00 5 65.000,00 55.000,00 6 90.000,00 80.000,00 7 - 40.000,00 8 50.000,00 45.000,00 Fonte: Adaptado de Martins e Alt (2006, p. 203). Determinar: a) O giro dos estoques no período. b) A cobertura dos estoques. Solução: Mês Estoque Inicial Entradas Saídas Estoque Fi-nal Estoque Médio 1 55.000,00 45.000,00 60.000,00 40.000,00 47.500,00 2 40.000,00 75.000,00 50.000,00 65.000,00 52.500,00 3 65.000,00 - 45.000,00 20.000,00 42.500,00 4 20.000,00 80.000,00 70.000,00 30.000,00 25.000,00 5 30.000,00 65.000,00 55.000,00 40.000,00 35.000,00 6 40.000,00 90.000,00 80.000,00 50.000,00 45.000,00 7 50.000,00 - 40.000,00 10.000,00 30.000,00 8 10.000,00 50.000,00 45.000,00 15.000,00 12.500,00 TOTAL 445.000,00 TOTAL 290.000,00 Eduardo Batman Júnior Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 38 Para achar o Estoque Final: Estoque inicial + Entrada – Saída Ou seja: 55.000,00 + 45.000,00 – 60.000,00 = 40.000,00 Para achar o Estoque Médio: (Estoque inicial + Estoque Final)/2 Ou seja: 55.000,00 + 40.000,00)/2 = 47.500,00 O estoque inicial de um período é igual ao estoque final do período anterior. Devemos calcular a média do estoque mé- dio: MEM = 290.000,00/8 =36.250,00 Giro de estoques = Valor consumido no período Valor do estoque médio no período Ou seja: Giro de estoques = 445.000,00/36.250,00 = 12,28 vezes Cobertura em dias = Número de dias do período em estudo Giro Ou seja: Cobertura = 240/12,28 = 19,55 dias. Obs.: O período de 8 meses possui 240 dias (8 x 30 = 240). Antes de tudo é necessário diferenciar os termos normatização e normalização: normatiza- ção é a criação de normas e a normalização é o processo de aplicação das normas. A padronização tem a função de identificar o material, bem como a sua utilização e é aplicada em medidas, peso e forma de produtos. Segundo a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT, 2007), os objetivos da normaliza- ção são: economia: proporcionar a redução da crescente variedade de produtos e pro- cedimentos; comunicação: proporcionar meios mais eficientes na troca de informação entre o fabricante e o cliente, melhoran- do a confiabilidade das relações comer- ciais e de serviços; segurança: proteger a vida humana e a saúde; proteção do consumidor: prover a sociedade de meios eficazes para aferir a qualidade dos produtos; eliminação de barreiras técnicas e comerciais: evitar a existência de regu- lamentos conflitantes sobre produtos e serviços em diferentes países, facilitan- do assim, o intercâmbio comercial. Ainda de acordo com a ABNT (2007), a nor- malização é utilizada cada vez mais para reduzir custos de produção e do produto final, melhoran- do sua qualidade. Podemos apontar alguns des- ses benefícios: a) qualitativos: a utilização adequada dos recursos (equipamentos, materiais e mão de obra); a uniformização da produção; no auxílio do treinamento da mão de obra, melhorando seu nível téc- nico; no registro do conhecimento tec- nológico; melhorar o processo de contrata- ção e venda de tecnologia; 4.2 Normalização, Padronização e Codificação Administração de Recursos Materiais e Patrimoniais Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 39 b) quantitativos: redução do consumo de materiais e do desperdício; padronização de equipamentos e componentes; fornecimento de procedimentos para cálculos e projetos; aumento de produtividade; melhoria da qualidade; controle de processos. O Sistema de Codificação de Materiais é im- portante para definir procedimentos de armaze- nagem apropriados, o controle eficiente dos esto- ques e a operação correta do almoxarifado, além de estabelecer meios para uma exata identifica- ção da localização dos itens. A área de materiais de uma empresa possui um grande número de operações e os registros devem estar sempre atu- alizados. Para auxiliar a execução dessas tarefas essas empresas utilizam a codificação dos itens. O código deve identificar um material de maneira que um determinado código correspon- da apenas a um produto, não podendo depender de critérios pessoais e devendo ser expansível, para permitir a inclusão de novos itens. Segundo Chiavenato (1991), os códigos numéricos não sequenciais e estruturados são os mais utilizados hoje. O número de dígitos, dos grupos e dos subgrupos depende do tamanho do sistema a que se destina. Fixa-se um grupo de nú- meros para identificar o grupo de materiais, outro para o subgrupo e um terceiro para o item, além de um dígito verificador, adicionado pelo sistema de processamento eletrônico de dados. Exemplo: Além desse tipo de codificação,
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