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Protocolo de anticoagulantes

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Cuidado Farmacêutico no SUS – Capacitação em Serviço 
 
INTRODUÇÃO 
Os anticoagulantes orais (ACO), especialmente os cumarínicos, são amplamente utilizados para diversas condições de 
saúde, em especial fibrilação atrial, valvopatias e tromboembolismo venoso. Destaca-se também a crescente utilização 
dos novos anticoagulantes orais: dabigatrana, apixabana e rivaroxabana. Todos os ACO estão sujeitos à prescrição 
médica, independente da indicação. Primeiramente serão abordadas indicações para a terapia antitrombótica, aspectos 
específicos dos principais medicamentos e posteriormente será enfatizado o uso dos ACO para cada uma das condições 
de saúde supracitadas. Reitera-se que para as condições crônicas o objetivo do farmacêutico está direcionado para o 
rastreamento, revisão da farmacoterapia e plano de cuidado partindo das necessidades dos pacientes. 
 
ACOLHIMENTO DE DEMANDA 
Acolher significa receber bem, dar conforto, escutar e tornar-se responsável pelo atendimento da queixa apresentada 
pelo paciente, ou no mínimo, auxiliá-lo na escolha do melhor itinerário terapêutico. O farmacêutico deve identificar 
situações que requerem intervenção ou necessidade de atendimento rápido do paciente por outro profissional ou serviço 
(CFF, 2016). No caso do uso de anticoagulantes o farmacêutico deve reconhecer os problemas de efetividade e 
segurança, o que muitas vezes implica no encaminhamento a outro profissional ou serviço de saúde. 
 
ANAMNESE 
No processo de anamnese, o farmacêutico deve capturar informações que auxiliem na identificação das necessidades e 
problemas de saúde do paciente. Dessa forma, o farmacêutico deve reconhecer as principais patologias que implicam no 
uso de ACO: fibrilação atrial, valvopatias e tromboembolismo venoso. 
Inicialmente, no processo de revisão da farmacoterapia, o farmacêutico deve utilizar os escores de CHA2DS2VASc e 
HAS-BLED a fim de avaliar se a indicação dos anticoagulantes está adequada. 
Os escores de CHA2DS2VASc e HAS-BLED servem para avaliação do risco provável de eventos tromboembólicos e 
sangramento, respectivamente. Antes do paciente iniciar a terapia antitrombótica, recomenda-se calcular os dois escores 
(em anexo neste documento) a fim de avaliar o risco-benefício do uso destes medicamentos. Pacientes com 
pontuação ≥1, mas principalmente ≥2, no escore CHA2DS2VASc apresentam indicação para anticoagulação 
crônica, conforme descrito no quadro 1. Entretanto, pacientes que pontuam mais que 3 no escore HAS-BLED 
apresentam alto risco de sangramento, portanto os benefícios devem superar os riscos para que a indicação de 
anticoagulação seja factível. Adicionalmente, a literatura científica aconselha avaliar as condições sociais, cognitivas e 
habilidades com o gerenciamento de medicamentos por parte do paciente, de modo a individualizar a indicação de 
anticoagulantes. 
 
Quadro 1 – Indicações para anticoagulação crônica de acordo com o escore de CHA2DS2VASc 
Categoria de risco Escore CHA2DS2VASc Terapia recomendada 
Ausência de fatores de risco 0 Nada ou AAS 81-300mg/d 
1 fator de risco clinicamente não-
maior 
1 Anticoagulantes orais ou AAS 81-
300mg/d 
1 fator de risco maior ou ≥2 
clinicamente relevantes não-
maiores 
≥2 Anticoagulantes orais 
FONTE: Diretriz Brasileira de Antiagregantes e Anticoagulantes (2013). 
 
ANTICOAGULANTES CUMARÍNICOS 
Os anticoagulantes cumarínicos mais conhecidos são a varfarina e a femprocumona, sendo a primeira mais utilizada na 
prática clínica. São medicamentos antagonistas da vitamina K, a qual é responsável pela ativação dos fatores de 
coagulação II, VII, IX e X. Sendo assim, o uso destes medicamentos implica na inativação destes fatores que compõem a 
cascata de coagulação. 
Para o monitoramento da efetividade e segurança da farmacoterapia, o exame laboratorial indicado é o RNI (Relação de 
Normalização Internacional), obtida a partir da razão matemática do Tempo de Ativação de Protrombina (TAP) do 
	
Cuidado Farmacêutico no SUS – Capacitação em Serviço 
paciente pelo TAP do controle do laboratório. Para a maioria das condições de saúde, o alvo de RNI para pacientes em 
uso de anticoagulantes cumarínicos está entre 2 e 3. Indivíduos com RNI acima do alvo apresentam maior risco de 
sangramento, portanto a dose do anticoagulante deve ser diminuída, enquanto que para valores de RNI abaixo do alvo 
terapêutico, há necessidade de aumentar a dose do medicamento. O ajuste de dose destes anticoagulantes é empírico, 
visto que cada indivíduo responde de uma forma diferente. Ressalta-se que de acordo com a Resolução do Conselho 
Federal de Farmácia nº 585 de 2013, o farmacêutico está apto a solicitar exames laboratoriais que sirvam para 
monitoramento da segurança e efetividade da farmacoterapia, neste caso em especial o RNI. Entretanto, cabe ao 
farmacêutico encaminhar o paciente ao médico nas situações em que o RNI está fora do alvo, sugerindo ajustes de 
dose. 
Como principal reação adversa dos cumarínicos, destaca-se o sangramento não maior e hemorragias graves, de acordo 
com alguns sinais mais comuns: RNI acima do alvo, sangramento gengival, nasal, urinário e fecal. Adicionalmente, o 
farmacêutico deve estar atento a pacientes de risco: pacientes com histórico de ulcera péptica e insuficiência renal ou 
hepática e idosos polimedicados, visto a existência de inúmeras interações medicamentosas, em especial aquelas que 
aumentam a toxicidade da varfarina (antimicrobianos, amiodarona, digoxina, anti-inflamatórios, alguns fitoterápicos, 
antiplaquetários e alguns antidepressivos). 
 
O manejo do paciente que apresenta valores de RNI acima do alvo encontra-se no quadro a seguir, o qual deve ser 
realizado pelo médico a partir de sugestões do farmacêutico. 
 
Quadro 2 – Manejo do paciente com valores de RNI acima do alvo terapêutico 
RNI Sinais de sangramento 
presentes? 
Ação recomendada 
> do alvo, mas 
até 5 
Não - Diminuir a dose de varfarina ou 
- Omitir uma dose e retomar a varfarina em dose menor 
assim que o RNI atingir o alvo terapêutico ou 
- Não reduzir a dose se o RNI estiver minimamente 
acima do alvo 
>5-9 Não - Omitir uma ou as duas doses subsequentes de 
varfarina e retomar o tratamento com dose mais baixa 
assim que o RNI atingir o alvo terapêutico ou 
- Omitir a dose e administrar 1 a 2,5mg de vitamina K 
oral* 
>9 Não - Suspender varfarina e administrar 2,5 a 5mg de 
vitamina K. Monitorar RNI mais frequentemente e repetir 
vitamina K, se necessário. Retomar o uso da varfarina 
em dose menor quando o RNI atingir o alvo terapêutico. 
Qualquer valor Sim (sangramento sério) - Suspender varfarina e administrar 10mg de vitamina K 
endovenoso – infusão lenta. 
* Esta opção é preferível em pacientes com alto risco de sangramento (histórico de sangramento prévio, acidente vascular cerebral, 
insuficiência renal, anemia e hipertensão). 
FONTE: Adaptado de UpToDate (2017). 
 
Ressalta-se também a interação da varfarina com alimentos que contem vitamina K, como as folhas verdes escuras. 
Estes alimentos diminuem a efetividade da varfarina. Sendo assim, recomenda-se que o paciente não faça uso, ou utilize 
porções semelhantes diariamente, uma vez que o RNI será avaliado nesta condição, com consequente ajuste de doses. 
É importante destacar que o pico máximo de efeito da varfarina ocorre em 5 a 7 dias, momento onde deve ser coletado 
um novo exame de RNI após cada ajuste de dose. Após o alcance do alvo do RNI, a frequência de monitoramento deve 
ser individualizada, variando de 1 mês a 3 meses, embora no início do tratamento recomenda-se o monitoramento 
mensal. Ademais, a varfarina precisa ser suspensa pelo médico 5 dias antes de algum procedimento cirúrgico. Pacientes 
com dificuldade de alcançar o alvo de RNI são elegíveis para o uso dos novos anticoagulantes orais. 
 
 
 
	
Cuidado Farmacêutico no SUS – Capacitação em Serviço 
 
NOVOS ANTICOAGULANTESORAIS 
Considerando a existência de várias interações medicamentosas dos anticoagulantes cumarínicos, bem como 
necessidade de monitorização frequente do RNI, ou até mesmo a dificuldade que alguns pacientes apresentam em 
alcançar o RNI alvo, os novos anticoagulantes orais (NOACs) vêm sendo cada vez mais indicados pelos médicos: 
dabigatrana, apixabana e rivaroxabana. A efetividade destes em relação aos cumarínicos não é relevante, entretanto 
muitas vezes eles são preferíveis pois não requerem o monitoramento do RNI apesar do custo elevado. A dabigatrana 
é um inibidor direto da trombina e os demais são bloqueadores do fator de coagulação Xa. 
Os NOACs não apresentam a mesma segurança para pacientes com disfunção renal em relação aos 
cumarínicos, não sendo recomendados para pacientes com ClCr <30ml/min. Cabe ao farmacêutico monitorar 
esta condição, de modo a sugerir ao prescritor mudanças na farmacoterapia, conforme a necessidade. 
Adicionalmente, pacientes com prótese valvar mecânica devem utilizar preferencialmente os anticoagulantes 
cumarínicos, visto a menor efetividades dos NOACs em relação a estes (vide tópico “Valvopatias). 
 
No quadro a seguir são apontadas as doses usuais dos novos anticoagulantes, bem como algumas considerações 
importantes. 
 
Quadro 3 – Doses e considerações dos novos anticoagulantes orais 
 
 
Legenda: AINES: anti-inflamatórios não esteroidais. RAM: reações adversas a medicamentos; TEV: Tromboembolismo venoso. 
FONTE: Adaptado de UpToDate (2017) 
 
FIBRILAÇÃO ATRIAL 
A fibrilação atrial (FA) é a arritmia sustentada mais frequente na prática clínica e está associada ao aumento do risco de 
acidente vascular cerebral (AVC), insuficiência cardíaca e mortalidade total, devido ao seu alto potencial trombogênico. 
As principais estratégias de tratamento da FA incluem a melhora dos sintomas (seja pelo controle de ritmo, seja pelo de 
frequência cardíaca) e a prevenção de fenômenos tromboembólicos. 
Recomenda-se que a utilização da terapia antitrombótica deve ser baseada no risco absoluto de eventos embólicos 
(CHA2DS2VASc) e sangramentos (HAS-BLED), sendo que na maioria dos pacientes com FA deve ser considerada a 
Novos 
anticoagulantes orais 
Dose usual Considerações 
Dabigatrana 
(Pradaxa®) 
150mg 2x ao dia Em pacientes com maior risco de sangramento (idade maior ou igual a 75 
anos, depuração de creatinina entre 30 e 50ml/min, história de sangramento 
gastrointestinal ou intracraniano prévio, uso concomitante de AAS, clopidogrel, 
amiodarona, uso crônico ou abusivo de AINE, IMC <18kg/m2) a dose 
preferencial é de 110mg 2x ao dia. 
Uso não aprovado em gestantes. 
Principais RAM: dispepsia, gastrite e sangramento. 
Apixabana (Eliquis®) 5mg 2x ao dia Pacientes ≥80 anos, ≤60kg, Cr ≥1,5mg/dl ou necessidade de profilaxia 
cirúrgica utilizar 2,5mg 2 x ao dia (profilaxia por 35 dias após a cirurgia). 
Em casos de trombose venosa profunda e embolia pulmonar, recomenda-se 
10mg 2x ao dia ou 20mg 1x ao dia. 
Seu metabolismo é dependente da CYP3A4, portanto o medicamento está 
susceptível a várias interações medicamentosas. 
Uso não aprovado em gestantes. 
Principais RAM: náuseas e hemorragia. 
Rivaroxabana 
(Xarelto®) 
20mg 1x ao dia – 
administrar com 
alimento 
Em pacientes com depuração de creatinina entre 30 e 49ml/min, a dose 
preferencial deve ser 15mg 1x ao dia. Para profilaxia de TEV em pós 
operatório de prótese de joelho e quadril, a dose recomendada é de 10mg 1x 
ao dia por 12-35 dias. Pata tratamento de TEV: 5 mg 2 x ao dia por 21 dias 
seguido de 20mg 1 x ao dia. 
Uso não aprovado em gestantes. 
Principais RAM: hemorragia e dor abdominal. 
	
Cuidado Farmacêutico no SUS – Capacitação em Serviço 
terapia anticoagulante oral. A terapia para fibrilação atrial exige prescrição médica, mas cabe ao farmacêutico realizar a 
revisão da farmacoterapia e acompanhamento farmacoterapêutico de modo a verificar a segurança e efetividade do 
tratamento. 
Reitera-se que para paciente com FA recomenda-se preferencialmente o uso de ACO quando o escore for >1 e 
em casos excepcionais, com uma efetividade inferior, usa-se AAS 81-300mg. 
A FA pode ser classificada em: paroxística (FA que termina espontaneamente ou em 7 dias após intervenções, ou 
episódios que ocorrem com frequência variada), persistente (FA continua sustentada por >7 dias), persistente de longa 
duração (FA continua por > 12 meses), permanente (classificação usada quando houve decisão conjunta por parte do 
médico e do paciente para cessar as tentativas de restaurar ou manter o ritmo sinusal) e não-valvar (FA na ausência de 
estenose mitral reumática, próteses valvares mecânicas ou biológicas). A seleção para a terapia antitrombótica deve 
ser considerada independente da forma de apresentação de FA. A combinação de AAS 81-300mg/d e clopidogrel 
75mg/d pode ser considerada em casos em que o uso de anticoagulantes for contraindicado. 
No caso do uso de anticoagulantes cumarínicos como escolha para o tratamento, o alvo de RNI é entre 2 e 3. 
 
VALVOPATIAS 
Disfunções de válvulas cardíacas expõem o indivíduo a riscos embólicos, especialmente quando há FA associada. 
Entretanto, recomenda-se o uso de anticoagulantes em pacientes com doença valvar na presença de FA, ou no caso de 
episódio prévio de tromboembolismo (mesmo em ritmo sinusal), ou ainda na presença de trombo em átrio esquerdo. 
Pacientes com doenças valvares muitas vezes são elegíveis para a colocação de válvulas, ou próteses, do tipo 
mecânicas ou biológicas. As próteses mecânicas expõem os pacientes a maiores riscos de tromboembolismo, mesmo 
que em ritmo sinusal. Estes pacientes, independente da prótese (aórtica ou mitral) devem utilizar terapia antitrombótica. 
Ressalta-se que os NOACs são contraindicados em pacientes com válvulas mecânicas, devido a menor 
efetividade em relação aos cumarínicos. Atenção para o alvo terapêutico: 
 
Quadro 4 – Alvo terapêutico para pacientes com valvopatia 
Próteses e condição de saúde Alvo de RNI 
Prótese mecânica aórtica em ritmo sinusal 2-3 
Prótese mecânica aórtica associado à FA 2,5-3,5 
Prótese mecânica mitral 2,5-3,5 
Biopróteses 2,0-3,0 
Pacientes em uso concomitante de cumarínico, AAS e clopidogrel 
com prótese mecânica 
2,5-3,0 
Pacientes em uso concomitante de cumarínico, AAS e clopidogrel 
com biopróteses 
2,0-2,5 
NOTA: Pacientes em uso concomitante de cumarínicos, AAS e clopidogrel, a dose máxima de AAS neste caso é de 100mg/d. 
Fonte: adaptado de UpToDate (2017). 
 
Literaturas internacionais recomendam o uso concomitante de AAS 75-100mg em pacientes com válvulas mecânicas, a 
partir dos resultados de duas meta-análises, as quais evidenciaram que o uso combinado de antiagregante e 
anticoagulante reduziu o risco de tromboembolismo e mortalidade em relação aos pacientes que utilizavam 
anticoagulantes isoladamente (Little, 2003; Massel, 2013). 
As biopróteses são menos trombogênicas, entretanto os três primeiros meses podem ser mais críticos. Sendo assim, 
recomenda-se anticoagulação oral nos três primeiros meses após a implantação da válvula biológica e em seguida 
mantém o AAS 81-100mg indefinidamente. Ressalta-se que se o paciente possui FA, a anticoagulação deve ser 
contínua. Além disso, a evidência é limitante com relação ao uso de NOACs em pacientes com válvulas 
biológicas, sendo os cumarínicos novamente preferíveis neste caso. O quadro 4 descreve os alvos terapêuticos. 
 
 
	
Cuidado Farmacêutico no SUS – Capacitação em Serviço 
 
TROMBOEMBOLISMO VENOSO 
Considera-se tromboembolismo venoso (TEV) a trombose venosa profunda (TVP) e o tromboembolismo pulmonar (TEP). 
Em pacientes portadores de Trombose Venosa Profunda o uso de anticoagulantes é indicado. No caso dos cumarínicos 
o alvo de RNI é entre 2 e 3. O tempo de anticoagulação vai depender das condições associadas, porém o tratamento 
deve ser realizado porno mínimo 3 meses e após este período deve ser realizada uma avaliação individual. De maneira 
geral, pacientes com TVP ou TEP espontânea ou com câncer associado, sugere-se anticoagulação contínua. 
Entende-se como TEV espontânea aquela que ocorreu sem fator desencadeante conhecido, como realização de 
cirurgias. Por sua vez, não se recomenda utilizar anticoagulantes indefinidamente em casos de TEV provocado por fator 
externo (aquelas oriundas após um procedimento cirúrgico, traumas ou hospitalização, por exemplo). 
As doses dos novos anticoagulantes orais estão descritas no quadro 3. 
 
OUTRAS INDICAÇÕES DE ANTICOAGULANTES ORAIS E OUTROS ANTICOAGULANTES 
Pacientes que apresentaram AVC cardioembólico, alguns pacientes com disfunção de ventrículo esquerdo e doença 
arterial periférica podem possuir indicações de ACO. 
Ressalta-se que pacientes hospitalizados com baixo risco de sangramento e que apresentam pelo menos um risco para 
TEV (câncer, TEV prévio, mobilidade limitada por pelo menos 3 dias, idade > 70 anos, IMC≥ 3kg/m2, trombofilia, trauma 
ou cirurgia recente (pelo menos 1 mês), insuficiência cardíaca ou respiratória, infarto agudo do miocárdio (IAM) ou AVC, 
infecção aguda ou doença reumatológica) apresentam indicação para profilaxia com anticoagulantes injetáveis, como por 
exemplo: enoxaparina 40mg 1 x ao dia ou heparina 5000UI 2 a 3 x ao dia. Para o tratamento hospitalar de TEV ou em 
casos de IAM indica-se enoxaparina 1mg/kg a cada 12h (com exceção de pacientes com ClCr <30ml/min: 1mg/kg a 
cada 24 h) ou heparina 250UI/Kg 2x ao dia. No caso do IAM, recomenda-se a dose de tratamento até a intervenção 
cirúrgica ou coronariana percutânea e após estes procedimentos, manter a dose profilática. Cabe ao farmacêutico 
realizar o serviço de revisão da farmacoterapia neste cenário para avaliar a necessidade destes medicamentos. 
Além disso, independente da indicação, recomenda-se que gestantes façam uso da enoxaparina, ao invés dos NOACs e 
cumarínicos. 
 
PLANO DE CUIDADO FARMACÊUTICO E AVALIAÇÃO DOS RESULTADOS 
O farmacêutico deve acompanhar os pacientes em uso de ACO, a fim de avaliar o cumprimento de questões 
relacionadas a efetividade e segurança e suas intervenções. Revisão da farmacoterapia, avaliação dos critérios de 
encaminhamento médico, acompanhamento farmacoterapêutico e educação em saúde direcionada à adesão, reações 
adversas e automedicação (considerando existência de inúmeras interações medicamentosas), são serviços clínicos que 
devem ser realizados pelo farmacêutico a fim de alcançar a farmacoterapia ideal sempre que possível, considerando 
quatro aspectos básicos: necessidade, efetividade, segurança, adesão terapêutica. 
No quadro a seguir estão descritos os desfechos de efetividade e segurança a serem avaliados no paciente quando este 
utiliza ACO: 
 
Quadro 5 – Desfechos de efetividade e segurança em pacientes que utilizam anticoagulantes orais 
Desfechos de efetividade Desfechos de segurança 
RNI no alvo terapêutico de acordo com as indicações, 
no caso de cumarínicos. 
Não aplicável aos NOACs 
Sinais de sangramento: fecal, urinário, gengival, nasal e 
hemorragias maiores 
No caso dos cumarínicos: RNI acima do alvo 
terapêutico de acordo com as indicações. 
LEGENDA: NOACs: novos anticoagulantes orais. 
FONTE: Autoria própria (2017) 
 
 
	
Cuidado Farmacêutico no SUS – Capacitação em Serviço 
 
MEDICAMENTOS FITOTERÁPICOS, FITOFARMACOS, DROGAS VEGETAIS E OUTROS PRODUTOS PARA A 
SAÚDE 
 
Nota: A Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (Rename) e o Memento Fitoterápico da Farmacopeia Brasileira 
(MFFB) não possui indicação de plantas medicinais, medicamentos fitoterápicos, fitofarmacos e/ou drogas vegetais para 
o tratamento da fibrilação atrial, valvulopatias e/ou tromboembolismo venoso. 
Deve-se ter atenção redobrada diante do uso de alguns fitoterápicos e plantas medicinais concomitante ao uso de 
anticoagulantes orais, são eles: 
Quadro 6 – Quadro de alerta quanto ao uso de fitoterápicos e plantas medicinais concomitante ao uso de anticoagulantes 
orais 
PLANTAS 
MEDICINAIS 
E/OU 
FITOTERÁPICOS 
 
CONTRAINDICAÇÕES 
 
PRECAUÇÕES DE 
USO 
 
EFEITOS 
ADVERSOS 
 
INTERAÇÕES 
MEDICAMENTOSAS 
Alho (Allium 
sativum l.) 
- SIM - SIM 
Alcachofra 
(Cynara scolymus 
L.) 
- - - SIM 
Ginkgo (Ginkgo 
biloba L.) 
SIM - - SIM 
Erva-de-são-joão 
ou Hipérico 
(Hypericum 
perforatum L.) 
- - - SIM 
Guaraná 
(Paullinia cupana 
Kunth) 
- SIM - SIM 
Saw-palmetto 
(Serenoa repens 
(W. Bartram) 
Small) 
- - - SIM 
Trevo-vermelho 
(Trifolium 
pratense L.) 
- - - SIM 
Unha-de-gato 
(Uncaria 
tomentosa (Willd. 
DC.) 
- - SIM - 
FONTE: Autoria própria (2018) 
 
NOTA TÉCNICA: os fitoterápicos e plantas medicinais inclusos nos protocolos foram retirados da RELAÇÃO NACIONAL 
DE MEDICAMENTOS ESSENCIAS (RENAME) e do MEMENTO DE FITOTERÁPICOS DA FARMACOPEIA 
BRASILEIRA (MFFB). Visto sua disponibilidade no sistema único de saúde, e a comprovação de perfil de efetividade e 
segurança através de estudos clínicos e tradicionalidade. 
	
Cuidado Farmacêutico no SUS – Capacitação em Serviço 
 
REFERÊNCIAS: 
 
Apixaban: Drug information. Disponível em: <www.uptodate.com>. Acesso em: 22.12.17. 
BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Formulário de Fitoterápicos da Farmacopéia Brasileira / Agência. Nacional de 
Vigilância Sanitária. Brasília: Anvisa, 2016. 
BRASIL. Lei nº 13021, de 08 de agosto de 2014. Dispõe sobre o controle sanitário do comércio de drogas, medicamentos, insumos 
farmacêuticos e correlatos. Diário Oficial da União, Poder Executivo, Brasília, DF, 11 ago. 2014. Seção 1, p. 1, Edição Extra. 
BRASIL. Relação Nacional de Medicamentos Essenciais : RENAME 2017 / Ministério da Saúde, Secretaria de Ciência, Tecnologia e 
Insumos Estratégicos, Departamento de Assistência Farmacêutica e Insumos Estratégicos. – Brasília : Ministério da Saúde, 2017. 
CONSELHO FEDERAL DE FARMÁCIA. Resolução nº 585 de 29 de agosto de 2013. Regulamenta as atribuições clínicas do 
farmacêutico e dá outras providências. Diário Oficial da União, Poder Executivo, Brasília, DF, 25 set. 2013f. Seção 1, p.186-188. 
CONSELHO FEDERAL DE FARMÁCIA. Serviços farmacêuticos diretamente destinados ao paciente, à família e à comunidade: 
contextualização e arcabouço conceitual. Brasília: Conselho Federal de Farmácia, 2016. 
Dabigatran: Drug information. Disponível em: <www.uptodate.com>. Acesso em: 22.12.17. 
GAASCH, W.H.; KONKLE, B.A. Antithrombotic therapy for prosthetic heart valves: Indications. UpToDate. Disponível 
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MASSEL, D.R.; LITTLE, S.H. Antiplatelet and anticoagulation for patients with prosthetic heart valves. Cochrane Database Syst 
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https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/23839768>. Acesso em: 18/12/17. 
Rivaroxaban: Drug information. Disponível em: <www.uptodate.com>. Acesso em: 22.12.17.n 
TARASOUTCHI, F., MONTERA, M. W., GRINBERG, M., BARBOSA, M. R., PIÑEIRO, D. J., SÁNCHEZ, C. R. M., BARBOSA, M. M., 
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Bras Cardiol 2011; 97(5 supl. 1): 1-67. Disponível em: <http://publicacoes.cardiol.br/consenso/2011/Diretriz%20Valvopatias%20-
%202011.pdf>. Acesso em: 10/12/17. 
 
 
 
	
Cuidado Farmacêutico no SUS – Capacitação em Serviço 
 
ANEXO: ESCORES CHA2DS2VASc e HAS-BLED 
 
 CHA2DS2VASc 
Sigla Parâmetro Pontuação 
C CHF = Insuficiência Cardíaca Congestiva 1 
H Hypertension = Hipertensão 1 
A2 Age = idade (>75 anos) 2 
D Diabetes 1 
S2 Stroke = Acidente vascular cerebral isquêmico, Acidente 
isquêmico transitório pregresso ou tromboembolismo 
2 
V Vascular disease = doença vascular* 1 
A Age = idade (65-74 anos) 1 
Sc Sex category =sexo feminino 1 
CHF: Congestive heart failure. *No critério de doença vascular são considerados: infarto do miocárdio prévio, 
doença arterial 
periférica ou placas na aorta. 
 FONTE: Diretriz Brasileira de Antiagregantes e Anticoagulantes (2013). 
 
 HAS-BLED 
Sigla Parâmetro Pontuação 
H Hypertension (porém pressão arterial sistólica 
>160mmHg) 
1 
A Abnormal renal and liver function = disfunção renal ou 
hepática (1 ponto cada um) 
1 ou 2 
S Stroke = Acidente vascular cerebral 1 
B Bleeding tendency or predisposition = predisposição à 
sangramento 
1 
L Labile INR = RNI lábil (para pacientes em uso de 
cumarínicos) 
1 
E Elderly = idosos acima de 65 anos 1 
D Drugs (uso concomitante de AAS ou Anti-inflamatórios não 
esteroidais, ou ainda excesso de álcool – 1 ponto para cada 
1 ou 2 
NOTA: Máximo 9 pontos 
 FONTE: Diretriz Brasileira de Antiagregantes e Anticoagulantes (2013). 
 
	
Cuidado Farmacêutico no SUS – Capacitação em Serviço 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Realização: 
 
Coordenação Geral: 
GT de Saúde Pública – Conselho Federal de Farmácia 
Concepção Pedagógica: 
Cassyano Januário Correr 
Thais Teles de Souza 
Walleri Christini Torelli Reis 
Coordenação Pedagógica: 
Thais Teles de Souza 
Walleri Christini Torelli Reis 
Tutoria: 
Alcindo de Souza Reis Junior 
Aline de Fátima Bonetti 
Bruna Aline de Queirós Bagatim 
Cínthia Caldas Rios Soares 
Fernanda Coelho Vilela 
Fernando Henrique Oliveira de Almeida 
Inajara Rotta 
Livia Amaral Alonso Lopes 
Natália Fracaro Lombardi 
Wallace Entringer Bottacin

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