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Livro Sistema de Rede de Esgoto Sanitário


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Fisiologia 
1 
 
Sistema de Rede de 
Esgoto Sanitário 
Eduardo Videla 
1ª
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o 
Sistema de Rede de Esgoto Sanitário 
 
2 
 
DIREÇÃO SUPERIOR 
Chanceler Joaquim de Oliveira 
Reitora Marlene Salgado de Oliveira 
Presidente da Mantenedora Wellington Salgado de Oliveira 
Pró-Reitor de Planejamento e Finanças Wellington Salgado de Oliveira 
Pró-Reitor de Organização e Desenvolvimento Jefferson Salgado de Oliveira 
Pró-Reitor Administrativo Wallace Salgado de Oliveira 
Pró-Reitora Acadêmica Jaina dos Santos Mello Ferreira 
Pró-Reitor de Extensão Manuel de Souza Esteves 
 
DEPARTAMENTO DE ENSINO A DISTÂNCIA 
Gerência Nacional do EAD Bruno Mello Ferreira 
Gestor Acadêmico Diogo Pereira da Silva 
 
FICHA TÉCNICA 
Texto: Eduardo Videla 
Revisão Ortográfica: Maria Luzia Paiva de Andrade 
Projeto Gráfico e Editoração: Antonia Machado, Eduardo Bordoni, Fabrício Ramos e Victor Narciso 
Supervisão de Materiais Instrucionais: Antonia Machado 
Ilustração: Eduardo Bordoni e Fabrício Ramos 
Capa: Eduardo Bordoni e Fabrício Ramos 
 
COORDENAÇÃO GERAL: 
Departamento de Ensino a Distância 
Rua Marechal Deodoro 217, Centro, Niterói, RJ, CEP 24020-420 www.universo.edu.br 
 
Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Universo – Campus Niterói 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Bibliotecária: Elizabeth Franco Martins – CRB 7/4990 
 
Informamos que é de única e exclusiva responsabilidade do autor a originalidade desta obra, não se r esponsabilizando a ASOEC 
pelo conteúdo do texto formulado. 
© Departamento de Ensi no a Dist ância - Universidade Salgado de Oliveira 
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida, arquivada ou transmitida de nenhuma forma 
ou por nenhum meio sem permissão expressa e por escrito da Associação Salgado de Oliveira de Educação e Cultura, mantenedor a 
da Univer sidade Salgado de Oliveira (UNIVERSO). 
 
Sistema de Rede de Esgoto Sanitário 
 
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Palavra da Reitora 
 
Acompanhando as necessidades de um mundo cada vez mais complexo, 
exigente e necessitado de aprendizagem contínua, a Universidade Salgado de 
Oliveira (UNIVERSO) apresenta a UNIVERSO EAD, que reúne os diferentes 
segmentos do ensino a distância na universidade. Nosso programa foi 
desenvolvido segundo as diretrizes do MEC e baseado em experiências do gênero 
bem-sucedidas mundialmente. 
São inúmeras as vantagens de se estudar a distância e somente por meio 
dessa modalidade de ensino são sanadas as dificuldades de tempo e espaço 
presentes nos dias de hoje. O aluno tem a possibilidade de administrar seu próprio 
tempo e gerenciar seu estudo de acordo com sua disponibilidade, tornando-se 
responsável pela própria aprendizagem. 
O ensino a distância complementa os estudos presenciais à medida que 
permite que alunos e professores, fisicamente distanciados, possam estar a todo 
momento ligados por ferramentas de interação presentes na Internet através de 
nossa plataforma. 
Além disso, nosso material didático foi desenvolvido por professores 
especializados nessa modalidade de ensino, em que a clareza e objetividade são 
fundamentais para a perfeita compreensão dos conteúdos. 
A UNIVERSO tem uma história de sucesso no que diz respeito à educação a 
distância. Nossa experiência nos remete ao final da década de 80, com o bem-
sucedido projeto Novo Saber. Hoje, oferece uma estrutura em constante processo 
de atualização, ampliando as possibilidades de acesso a cursos de atualização, 
graduação ou pós-graduação. 
Reafirmando seu compromisso com a excelência no ensino e compartilhando 
as novas tendências em educação, a UNIVERSO convida seu alunado a conhecer o 
programa e usufruir das vantagens que o estudar a distância proporciona. 
Seja bem-vindo à UNIVERSO EAD! 
Professora Marlene Salgado de Oliveira 
Reitora. 
Sistema de Rede de Esgoto Sanitário 
 
 
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Sistema de Rede de Esgoto Sanitário 
 
 
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Sumário 
 
Apresentação da disciplina ............................................................................................. 07 
Plano da disciplina ............................................................................................................ 08 
Unidade 1 – Qualidade Da Água ................................................................................... 11 
Unidade 2 – Vazões e Características dos Esgotos .................................................... 35 
Unidade 3 – Fluxo Por Gravidade Em Canais E Tubos Circulares ........................... 71 
Unidade 4 – Seções Especiais Para Os Condutos. Materiais Empregados Nas Redes 
Coletoras De Esgotos........................................................................................................ 111 
Unidade 5 – Bombas E Estações Elevatórias............................................................... 135 
Unidade 6 – Sistemas De Coleta E Transporte De Esgoto Sanitário...................... 165 
Considerações finais ......................................................................................................... 207 
Conhecendo o autor ........................................................................................................ 209 
Referências .......................................................................................................................... 210 
Anexos.................................................................................................................................. 215 
Sistema de Rede de Esgoto Sanitário 
 
 
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Sistema de Rede de Esgoto Sanitário 
 
 
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Apresentação da disciplina 
 
A disciplina sistema de rede de esgoto sanitário, aqui apresentada, tem por 
objetivo não apenas possibilitar a capacitação técnica do aluno em relação aos 
diferentes tipos de sua aplicação, mas, acima de tudo, permitir a construção do 
conhecimento acerca dos aspectos econômicos e sociais envolvidos e relacionados 
diretamente à ausência, em muitas regiões, de uma gestão pública atuante e 
eficaz. 
Atualmente, no Brasil, temos apenas 48,6% da população com acesso a um 
sistema de rede de esgoto sanitário, significando que mais de noventa e sete 
milhões de pessoas não têm acesso a esse serviço. Da mesma forma, estudos 
realizados apontam que mais de 3,5 milhões de pessoas despejam irregularmente 
o esgoto em corpos d’água, mesmo tendo acesso a redes coletoras. 
O panorama acima apresentado pressupõe dois pontos principais a serem 
estudados: O primeiro se refere à ampliação e melhoria dos sistemas de redes de 
esgotos sanitários, os quais estão vinculados à adoção de políticas públicas 
comprometidas com o bem-estar social. Já o segundo ponto é relacionado à 
conscientização, por parte da população, dos impactos negativos significativos que 
ações de despejo irregular de esgotos podem causar. 
O grande desafio dos gestores ambientais é exatamente este, que é o de 
adotar estratégias que atendam, ao mesmo tempo, a necessidade técnica e a 
educação ambiental. Esse constitui o principal paradigma da disciplina aqui 
apresentada, fomentando a discussão e viabilizando a este novo profissional de 
Engenharia Ambiental o acesso a novas e eficazes ferramentas de atuação. 
Nosso intuito é, por fim, através desta disciplina, orientar o aluno em sua 
formação técnica e cidadã, para que, ao final, possa visualizar novos caminhos e 
perspectivas tanto na elaboração de projetos de sistemas de redes de esgotos 
sanitários eficazes, quanto na plena participação em ações que visem à melhoria da 
qualidade de vida, o bem-estar social e a preservação ambiental. 
 
Sistema de Rede de Esgoto Sanitário 
 
 
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Plano da Disciplina 
 
Unidade 1 –Qualidade da Água 
 
Nesta primeira unidade, estudaremos quais são os parâmetros físicos, 
químicos e biológicos utilizados para a certificação da qualidade da água, bem 
como se procede a interpretação de resultados de determinações analíticas. 
Estudaremos, igualmente, algumas legislações referentes ao tema. 
 
Objetivo da Unidade: 
 
Conhecer os parâmetros físicos, químicos e biológicos utilizados para a 
certificação da qualidade da água, assim como seus resultados e suas 
determinações analíticas, além de identificar as legislações pertinentes ao tema. 
 
Unidade 2 – Vazões e Características dos Esgotos 
 
Nesta segunda unidade, estudaremos todos os itens relacionados às vazões e 
características dos esgotos, tais como: 
A classificação e composição dos esgotos domésticos, o conceito de poluição, 
as características físicas, químicas e biológicas dos despejos de esgotos, os 
importantes contaminantes, as doenças de veiculação hídrica, as contribuições per 
capita, a relação entre água e esgoto, as variações nas vazões de esgoto, os 
conceitos de vazão de projeto e vazão de sustentação, as perdas e infiltrações e a 
concentração do esgoto. 
 
Objetivo da Unidade: 
 
Conhecer todos os itens relacionados às vazões e características dos esgotos e 
sua importância para a elaboração de um projeto de sistema de rede de esgoto 
sanitário atualizado e eficaz. 
 
Sistema de Rede de Esgoto Sanitário 
 
 
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Unidade 3 – Fluxo por Gravidade em Canais e Tubos Circulares 
 
A terceira unidade apresenta o funcionamento e o comportamento do fluxo 
por gravidade em canais e tubos circulares. 
Nesta terceira unidade, estão contemplados os tópicos sobre escoamento do 
esgoto, a solução hidráulica de escoamento, as leis gerais, a linha piezométrica, as 
perdas de carga por atrito e localizadas, a fórmula de Chézy, as fórmulas para o 
cálculo do coeficiente de Chézy, Ganguillet-Kutter, Bazin e Manning, os padrões 
para redes de esgotos sanitários segundo a NBR 9649 (Elaboração de Projetos de 
Redes de Esgotos Sanitários), o limite de velocidade e variação de tirantes e a 
conceituação de galeria de águas pluviais. 
 
Objetivo da Unidade: 
 
Conhecer como se apresenta o fluxo por gravidade em canais e tubos 
circulares em função de leis e características das redes, aplicando as fórmulas de 
cálculo específicas e em conformidade com a padronização técnica brasileira. 
 
Unidade 4 – Seções Especiais para os Condutos. Materiais Empregados nas 
Redes Coletoras de Esgotos 
 
A quarta unidade contempla as seções especiais para os condutos e os 
materiais empregados nas redes coletoras de esgotos. Estudaremos os conceitos 
de seções retangulares, ovoides, em forma de ferradura e elíptica, quais suas 
aplicações e critérios para projetos e as obras de lançamento final. 
 
Objetivo da Unidade: 
 
Conhecer conceitos de seções especiais para condutos, aplicações e uso, 
critérios técnicos para elaboração de projetos, obras de lançamento final e 
materiais empregados nas redes coletoras de esgotos. 
 
Sistema de Rede de Esgoto Sanitário 
 
 
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Unidade 5 – Bombas e Estações Elevatórias 
 
Nesta quinta unidade estudaremos bombas e estações elevatórias elencando 
aspectos técnicos, características e operação. A unidade engloba: Classificação de 
bombas centrífugas (grandeza e características), seleção das bombas centrífugas, 
quais são as curvas características das tubulações e das bombas centrífugas, 
pontos de trabalho das bombas centrífugas, conceituação e operacionalização de 
estações elevatórias e poços de sucção. 
 
Objetivo da Unidade: 
 
Conhecer as características e especificidades de bombas e estações 
elevatórias, conceitual e operacionalmente. 
 
Unidade 6 – Sistemas de Coleta e Transporte de Esgoto Sanitário 
 
A sexta e última unidade demonstra como funcionam os sistemas de coleta e 
transporte de esgoto sanitário. Nela estudaremos as plantas e dados necessários 
aos projetos, os traçados de rede, os tipos de traçados, o roteiro do projeto, a 
planilha de cálculo, o dimensionamento de uma rede coletora de esgotos, como 
são feitas as valas, quais os procedimentos para as escavações manuais e 
mecânicas, os rendimentos, os tipos de escoramentos, o reaterro, as sondagens e o 
esgotamento. 
 
Objetivo da Unidade: 
Conhecer o funcionamento de um sistema de coleta e transporte de esgoto 
sanitário no âmbito de seu projeto, suas características e aplicações, de modo que, 
ao final da unidade, o aluno obtenha as competências necessárias para 
aplicabilidade prática do sistema. 
 
 
Sistema de Rede de Esgoto Sanitário 
 
 
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1 Qualidade Da Água 
Sistema de Rede de Esgoto Sanitário 
 
 
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Bem-Vindo à primeira unidade! Nela estudaremos quais são os parâmetros 
físicos, químicos e biológicos utilizados para a certificação da qualidade da água, 
assim como se procede a interpretação de resultados e determinações analíticas. 
Estudaremos igualmente algumas legislações referentes ao tema. 
 
 
Objetivo da Unidade: 
 
Conhecer os parâmetros físicos, químicos e biológicos utilizados para a 
certificação da qualidade da água, assim como seus resultados e suas 
determinações analíticas e identificar as legislações pertinentes ao tema. 
 
Plano da Unidade: 
 
 Parâmetros físicos, químicos e biológicos de qualidade da água. 
Interpretação de resultados de determinações analíticas; 
 
 Lei nº 11.445/2007 da Presidência da República; 
 Resolução CONAMA nº 357/2005 do Ministério do Meio Ambiente; 
 Portaria nº 518/2004 do Ministério da Saúde. 
 
Bons estudos! 
 
Sistema de Rede de Esgoto Sanitário 
 
 
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1 - Parâmetros físicos, químicos e biológicos de qualidade da água. 
Interpretação de resultados de determinações analíticas. 
 
A água é um recurso natural finito de grande valor social e econômico. É 
essencial para as atividades humanas, seja para uso em processos produtivos, seja 
para abastecimento urbano, entretanto, a crescente degradação de corpos d’água 
e mananciais compromete sua qualidade, sendo necessária uma análise qualitativa 
para certificar que se encontra dentro dos padrões internacionais recomendados. 
 
Essa análise é baseada em parâmetros físicos, químicos e biológicos, os quais 
possibilitam demonstrar a presença de agentes contaminantes ou orgânicos para 
que sejam aplicadas as técnicas de correção e se tenha, ao final do processo, a 
potabilidade da água. 
 
No Brasil, a Portaria n° 2.914, de 12 de dezembro de 2011, dispõe sobre os 
procedimentos de controle e de vigilância da qualidade da água para consumo 
humano e seu padrão de potabilidade. 
 
Sistema de Rede de Esgoto Sanitário 
 
 
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A tabela abaixo mostra o padrão microbiológico da água para o consumo 
humano (Tabela 1.1) 
Tipo de água Parâmetro VMP(1) 
Água para consumo 
humano 
Escherichia coli(2) Ausência em 100 mL 
Água 
tratada 
Na saída do 
tratamento Coliformes totais
(3) Ausência em 100 mL 
No sistema 
de 
distribuição 
(reserva-
tórios e 
rede) 
Escherichia coli Ausência em 100 mL 
Coliformes 
totais(4) 
Sistemas ou soluções 
alternativas coletivas 
que abastecem 
menos de 20.000 
habitantes. 
Apenas uma 
amostra, entre as 
amostras 
examinadas no mês, 
poderá apresentar 
resultado positivo. 
Sistemas ou soluções 
alternativas coletivas 
que abastecem a 
partir de 20.000 
habitantes. 
Ausência em 100mL 
em 95% das 
amostras 
examinadas no mês. 
Notas: 
(1)Valor máximo permitido. 
(2)Indicador de contaminação fecal. 
(3)Indicador de eficiência de tratamento. 
(4)Indicador de integridade do sistema de distribuição(reservatório e rede) 
Fonte: Portaria n° 518 do Ministério da Saúde (2004) 
 
1.1 - Parâmetros Físicos: 
 
1.1.1 - Turbidez – Dificuldade de transmissão da luz através da água devido, 
essencialmente, aos materiais sólidos dissolvidos. Indicam a ocorrência de 
partículas de rocha, argila e silte (origem natural), resíduos industriais ou mesmo 
dejetos de esgotos domésticos (origem antropogênica). 
 
1.1.2 - Cor - A capacidade de absorção de determinadas radiações de forma visível 
é denominada cor. Não há como atribuí-la a constituintes exclusivos, mesmo que 
algumas delas em corpos d’água naturais possam ser indicativos de 
contaminantes. 
 
Sistema de Rede de Esgoto Sanitário 
 
 
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A análise em laboratório é feita por comparação, utilizando-se um padrão 
standard à base de cloruro de cobalto – CI2CO e cloroplatinato de potássio. Os 
principais tratamentos para correção da cor são a coagulação e filtração, a adsorção 
através de carvão ativado ou a cloração. 
 
1.1.3 - Condutividade e Resistividade - A capacidade que a água tem para 
conduzir eletricidade é chamada de condutividade. Uma água condutiva 
representa a presença de materiais ionizáveis na mesma e resulta basicamente do 
movimento dos íons de impurezas presentes. A resistividade é a medida inversa da 
condutividade, ou seja, quanto maior a resistência menor o número de impurezas 
presente na água, ou em outras palavras, menor sua condutividade. A análise da 
condutividade é realizada através de um equipamento chamado condutivímetro. 
Por certo, a medida da condutividade é uma ótima forma de controle de qualidade 
da água, entretanto, devem ser analisados três aspectos básicos: 
 
 Não seja uma contaminação orgânica por substâncias não ionizáveis; 
 Se utilize uma temperatura constante para todas as medições; 
 Seja relativamente constante a composição da água. 
 
1.2 - Parâmetros Químicos: 
 
1.2.1 - PH – Em 1909 o químico Dinamarquês Søren Peter Lauritz Sørensen 
introduziu o conceito de PH (Potencial Hidrogeniônico). O PH varia de acordo com 
a composição e a temperatura de cada substância (concentração de metais, sais, 
etc). A escala para medição do PH varia de 0 a 14 e consideramos o valor 7 como 
sendo neutro. A acidez máxima é representada pelo valor 0 e a alcalinidade 
máxima representada pelo valor 14. 
Sendo assim, consideramos uma substância alcalina (ou básica) se os valores 
apresentados em sua medição encontram-se entre 7 e 14 e ácida, se os valores 
encontrados estão entre 0 e 7. 
Considerando águas naturais, podemos dizer que a grande maioria apresenta 
PH entre 6 e 8. A medição é realizada de maneira simples com um PHMETRO, 
entretanto, é necessário que o equipamento esteja devidamente calibrado. 
Sistema de Rede de Esgoto Sanitário 
 
 
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Também podemos utilizar a metodologia de papéis indicadores, os quais variam 
sua coloração de acordo com o PH (ácido ou básico). 
 
1.2.2 - Dureza – A dureza de uma água indica a presença de sais dissolvidos de 
magnésio e cálcio. Esta análise tem por objetivo medir a capacidade de uma água 
produzir incrustrações. A dureza pode interferir tanto em águas de utilização 
industrial quanto em águas de utilização doméstica. Representa a maior fonte de 
incrustrações em trocadores de calor, tubulações e caldeiras, por exemplo. Da 
mesma forma águas consideradas brandas podem não ser indicadas ao consumo 
humano. 
 
Tipos de Dureza da Água: 
 
a) Dureza total ou hidrométrica (TH). Essa dureza mede o conteúdo total de 
íons Ca++ e Mg++. 
b) Dureza permanente ou não carbonatada. Essa dureza também mede o 
conteúdo total de íons, mas com a diferença de que mede Ca++ e Mg++ 
depois de deixar a água em ebulição por trinta minutos, filtrando e 
recuperando o volume inicial com o uso de água destilada. Não é uma 
metodologia precisa, uma vez que as condições de ebulição da água 
podem interferir no processo. 
c) Dureza não carbonatada ou temporal. Essa dureza está associada a íons 
CO3 H=, a qual é eliminável através da ebulição, caracterizando-se pela 
diferença entre a dureza total e a permanente. 
A desmineralização ou abrandamento é o tratamento para diminuição da 
dureza. 
 
1.2.3 - Alcalinidade – Medida da capacidade de neutralização de ácidos. Ocorre, 
principalmente, devido à presença de bicarbonatos, carbonatos e hidróxidos, 
sendo os compostos mais comuns presentes os hidróxidos de cálcio ou de 
magnésio, os carbonatos de cálcio ou de magnésio, os bicarbonatos de cálcio ou 
de magnésio e os bicarbonatos de sódio ou de potássio, assim como os fosfatos e 
silícios ou alguns outros ácidos que tenham caráter débil*. 
 
 
Sistema de Rede de Esgoto Sanitário 
 
 
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Para análises laboratoriais de medição da alcalinidade utiliza-se ácido sulfúrico. 
Interessante lembrar que quando uma água para uso industrial apresenta valores 
muito elevados de alcalinidade, pode originar sérios problemas de formação de 
depósitos e corrosão em alguns sistemas que a mesma for utilizada. 
1.2.4 - Acidez Mineral – A acidez representa a capacidade de neutralização de 
ácidos. Normalmente, águas em seu estado natural não apresentam acidez, 
entretanto, águas superficiais podem apresentar ácidos face à contaminação em 
razão de despejos de mineradoras ou plantas industriais. A acidez da água afeta 
tubulações ou caldeiras, promovendo a corrosão. Utilizam-se as mesmas unidades 
de alcalinidade para sua medição, a qual é determinada pela adição de bases. A 
correção é feita com álcalis. 
 
1.2.5 - Sólidos Dissolvidos – Sólidos dissolvidos ou salinidade total é a medida de 
quantidade de matéria dissolvida na água. Determinamos os sólidos dissolvidos 
através da evaporação de determinado volume de água previamente filtrada. 
Podem ter origem orgânica ou inorgânica, em águas subterrâneas ou superficiais. 
 
A Portaria n° 36 do Ministério da Saúde estabelece como padrão de 
potabilidade 1.000 mg/L de sólidos totais dissolvidos. O CONAMA (Conselho 
Nacional de Meio Ambiente) define em sua Resolução n° 20 que o valor máximo é 
de 500 mg/L. Esses valores também são válidos para águas de irrigação tendo em 
vista que o excesso de sólidos dissolvidos pode gerar graves problemas de 
salinização do solo. Os sólidos dissolvidos estão ainda relacionados com a 
condutividade elétrica da água. 
 
Lembrete! 
 
* Caráter Débil é quando um ácido se ioniza 
parcialmente, sendo, portanto, a reação 
reversível. 
Sistema de Rede de Esgoto Sanitário 
 
 
18 
 
Figura 1.1 – Classificação de Sólidos pelo Tamanho 
 
Fonte: Introdução ao tratamento de esgoto/www.engenhariaambiental.unir.br 
 
1.2.6 - Sólidos Totais – Sólidos totais são a soma dos sólidos dissolvidos e dos 
sólidos em suspensão presentes na água. São todas as substâncias que 
permanecem na cápsula após a total secagem de um determinado volume de 
amostra de água durante sua análise (NTS 013 - Norma Técnica Interna da SABESP – 
Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo – NTS 013). 
 
1.2.7 - Sólidos em Suspensão – Todas as substâncias que após filtração e 
secagem, permaneçam retidas na membrana – fibra de vidro com porosidade 
1,2μm (NTS 013 - Norma Técnica Interna da SABESP – Companhia de Saneamento 
Básico do Estado de São Paulo – NTS 013). 
 
Segundo Carvalho (2008) “Conhecer o comportamento e a quantidades dos 
sólidos em suspensão é de fundamental importância para estudos de bacias, em 
relação a projetos hidráulicos, ambientais e usos dos recursos hídricos.”. 
 
Sistema de Rede de Esgoto Sanitário 
 
 
19 
 
Figura 1.2 – Relacionamento das Análises de Sólidos 
 
Fonte: Metcalf & Eddy (1991) 
 
 
1.2.8 - Coloides – Coloides ou partículas coloidais são impurezas que apresentam 
diâmetro médio entre 1 e 1.000nm(subunidade do metro, correspondente a 
1×10−9 metro, ou seja, um milionésimo de milímetro). Por serem muito pequenas 
essas partículas não se sedimentam com a ação da gravidade. Nesse caso é 
necessário acrescentar à água o que chamamos de coagulantes químicos. No Brasil, 
Sistema de Rede de Esgoto Sanitário 
 
 
20 
o sulfato de alumínio (Al2(SO4)3) é o mais utilizado. Esses coagulantes são insolúveis 
na água e ocorre a geração de íons positivos (cátions), os quais atraem as 
impurezas (coloides) que são carregadas negativamente. Essas etapas do processo 
de tratamento tem o nome de coagulação e floculação. 
 
1.2.9 - Sulfatos – O sulfato é um dos íons mais abundantes na natureza. É 
representado pelo ânion SO4-2. Através da dissolução de solos e rochas surge nas 
águas subterrâneas. Em águas superficiais sua ocorrência é em função de 
descargas de esgotos domésticos e efluentes industriais. Em águas tratadas, 
ocorrem devido ao uso de coagulantes como o sulfato de alumínio, sulfato férrico, 
sulfato ferroso e caparosa clorada. 
 
Em águas de abastecimento público o sulfato pode provocar efeitos laxativos 
se não corretamente controlado. O padrão de potabilidade é fixado em 400 mg/L, 
em conformidade com a Portaria n° 36 do Ministério da Saúde. 
 
1.2.10 - Cloretos – Da mesma forma que o sulfato, o cloreto surge nas águas 
subterrâneas através de solos e rochas. Em águas superficiais as descargas de 
esgotos são fontes importantes de carreamento dos cloretos para as águas 
superficiais. Cada pessoa expele cerca de 6 g de cloreto diariamente através da 
urina, tornando os esgotos grandes locais de concentração de cloreto, 
ultrapassando 15mg/L. Para as águas de abastecimento público, a concentração de 
cloreto constitui padrão de potabilidade (250 mg/L), em conformidade com a 
Portaria n° 36 do Ministério da Saúde. O cloreto provoca ainda sabor salgado na 
água sendo necessário, nesse sentido, realizar seu controle. 
 
1.2.11 - Fosfatos – Geralmente o fosfato forma sais de pouca solubilidade, 
precipitando facilmente como fosfato calcácico. Quando se corresponde com um 
ácido débil o fosfato contribui para a alcalinidade das águas. 
 
Normalmente não são encontrados nas águas valores acima de 1 ppm, 
entretanto, pode, devido à utilização de fertilizantes, chegar a algumas dezenas. O 
fosfato pode também ser crítico na eutrofização das águas superficiais. 
 
1.2.12 - Nitratos – Representa o contaminante inorgânico em águas subterrâneas 
que causa maior preocupação, ocorrendo normalmente em aquíferos de zonas 
suburbanas e rurais. Sua origem nesses reservatórios se dá pela utilização de 
Sistema de Rede de Esgoto Sanitário 
 
 
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fertilizantes com nitrogênio em plantações e cultivo do solo, esgoto humano 
depositado em sistemas sépticos e deposição atmosférica (BAIRD; CANN, 2011). 
Deve ser controlado uma vez que o excesso de nitrato na água potável pode causar 
a síndrome do bebê azul em recém-nascidos e em adultos pode causar câncer de 
estômago, assim como aumentar a probabilidade de câncer de mama em 
mulheres (BAIRD; CANN, 2011). 
 
1.2.13 – DBO – A demanda bioquímica de oxigênio é a quantidade de oxigênio 
necessária para a estabilização da matéria orgânica presente no esgoto. Em um 
efluente, quanto menor o nível de DBO menor será seu efeito poluidor. O valor da 
DBO é utilizado na estimativa das matérias orgânicas não apenas dos efluentes, 
mas também dos recursos hídricos de maneira geral. Em uma estação de 
tratamento de esgoto é avaliada a necessidade de aeração, que é a oxigenação do 
efluente, também pelos valores identificados de DBO. 
 
Consiste no parâmetro mais utilizado para medição do consumo de oxigênio 
na água e representa a quantidade de oxigênio consumido pelos peixes e demais 
organismos aeróbios. 
 
1.2.14 – DQO – A demanda química de oxigênio constitui um parâmetro 
fundamental para os estudos de caracterização de efluentes industriais e esgotos 
sanitários. Através da DQO é avaliada a quantidade de oxigênio dissolvido (OD) 
que é consumido em meio ácido, que leva à degradação da matéria orgânica. As 
avaliações dos valores de DQO determinam o grau de poluição da água, refletindo 
nessa análise a quantidade total de componentes oxidáveis como fósforo, 
detergentes, hidrogênio de hidrocarbonetos ou carbonos. É um dos parâmetros 
mais expressivos na análise da qualidade da água e tratamento de esgotos 
sanitários. 
 
1.3 - Parâmetros Biológicos: 
1.3.1 - Algas – São responsáveis pela produção de grande parte do oxigênio 
existente na natureza, entretanto, em relação à qualidade da água podem 
ocasionar alguns problemas como: 
 
Sistema de Rede de Esgoto Sanitário 
 
 
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Aumento do teor da matéria orgânica, produção excessiva de lodo, liberação 
de inúmeros compostos que podem ser tóxicos ou interferir diretamente no odor e 
sabor, aumenta a turbidez, dificultando a penetração da luz, quando agrupadas em 
camadas em superfícies de reservatórios, assim como aderindo às paredes dos 
mesmos. 
 
1.3.2 - Organismos Patogênicos – Vírus, bactérias, protozoários e vermes. São 
originados a partir de dejetos de pessoas hospedeiras ou infectadas. Dentre esses, 
o grupo coliforme é utilizado como indicador biológico de poluição. Existem os 
coliformes totais e os coliformes fecais. 
 
A razão da escolha desse grupo de bactérias como indicador de contaminação 
da água deve-se aos seguintes fatores: 
 Estão presentes nas fezes de animais de sangue quente, inclusive os seres 
humanos; 
 Sua presença na água possui uma relação direta com o grau de 
contaminação fecal; 
1.3.2.1 - Coliformes 
 
a) Coliformes Totais – Compõe o grupo de bactérias gram-negativas 
(podendo ser aeróbias ou anaeróbicas*), o que depende do ambiente e da 
bactéria. 
b) Coliformes Fecais – Conhecidos como “Termotolerantes” já que suportam 
temperaturas superiores a 40°C. Normalmente são excretados em grandes 
quantidades através das fezes. Uma análise microbiológica da água indica a 
presença de coliformes totais e fecais, estabelecendo parâmetros da 
ocorrência desses organismos patogênicos. Podem transmitir doenças 
(através da ingestão de água contaminada) como a febre tifoide, febre 
paratifoide, cólera e desinteria bacilar. 
 
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23 
Figura 1.3 – Doenças Veiculadas pela Água 
Doenças Agentes patogênicos 
Origem Bacteriana 
Febre tifoide e paratifóide Salmonella typhi 
Salmonella parathyphi A e B 
Disenteria bacilar Shigella sp 
Cólera Vibrio cholerae 
Gastroenterites agudas e diarréias Escherichia coli enterotóxica 
Campylobacter 
Yersínia enterocolítica 
Salmonella sp 
Shigella sp 
Origem Viral 
Hepatite A e B Vírus da hepatite A e B 
Poliomielite Vírus da poliomielite 
Gastroenterites agudas e crônicas Vírus Norwalk 
Rotavírus 
Enterovírus 
Adenovírus 
Origem Parasitária 
Disenteria amebiana Entamoeba histolytica 
Giárdia lâmblia 
Gastroenterites Cryptosporidium 
Fonte: Portaria n° 518 do Ministério da Saúde (2004) 
 
1.4 - Interpretação de resultados de determinações analíticas 
 
Toda análise de qualidade da água para consumo humano deve seguir 
rigorosamente as metodologias padronizadas na busca de um resultado preciso e 
confiável. Os laboratórios de referência devem garantir que não haja discrepâncias 
entre os valores obtidos e os recomendados pelas agências de vigilância da 
qualidade da água. 
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24 
 
Os laboratórios de análise de qualidade da água devem ser estruturados para 
atendimento às demandas, assim como para garantir uma análise atualizada com 
as necessidades de cada região onte atuam. 
 
Os ensaios analíticos são normalmente requisitados por inúmeros motivos. No 
caso deanálise de qualidade de água os objetivos principais são o estabelecimento 
do perfil de concentração e do teor médio em um determinado material presente 
na água ou o grau de contaminação da mesma. Nos dois casos é necessário realizar 
a coleta de determinada quantidade de amostra e, obviamente, o procedimento 
para obter cada amostra dependerá do tipo de análise a ser realizada. 
 
As amostras são a parte representativa do material original, contendo suas 
características naturais, sendo assim, a amostra deve ser coletada de modo a 
preservar todas as suas especificidades as quais mostrarão, depois de analisadas 
em laboratório, todos os itens presentes tais quais suas concentrações, 
quantidades e características. 
 
Definições da IUPAC – International Union of Pure and Applied 
Chemistry/União Internacional de Química Pura e aplicada - em relação às 
amostras: 
 
1.4.1 - Amostra: Uma parcela do material selecionada para representar um corpo 
maior do material; 
 
1.4.2 - Manuseio de amostra: Se refere à manipulação a que as amostras são 
expostas durante o processo de amostragem, desde sua seleção a partir do 
material original até o descarte de todas as amostras e porções de ensaio; 
 
1.4.3 - Subamostra: Se refere a uma parcela da amostra obtida por seleção ou 
divisão; uma unidade individual do lote aceita como parte da amostra ou; a 
unidade final da amostragem multifásica; 
 
 
 
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25 
1.4.4 - Amostra de laboratório: Material primário entregue ao laboratório; 
 
1.4.5 - Amostra de ensaio: A amostra preparada a partir da amostra de 
laboratório; 
 
1.4.6 - Preparação da amostra: Isto descreve os procedimentos seguidos para 
selecionar a porção de ensaio a partir da amostra (ou subamostra) e inclui: 
processamento no laboratório; mistura (homogeneização); redução; coning & 
quartering1; riffling2; moagem e trituração; 
 
1.4.7 - Porção de ensaio: Se refere ao material efetivo, pesado ou medido para a 
análise. 
Figura 1.4 – Fases do Procedimento para Coleta de Amostras 
 
Fonte: OMS, 1998 
A interpretação dos resultados de determinação analítica para a qualidade da 
água é obtida em função das diversas técnicas padronizadas para cada tipo de 
material e/ou contaminante levando em consideração os valores máximos 
permitidos pela legislação pertinente. 
 
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26 
 
2 - Lei nº 11.445, de 05 de janeiro de 2007 - Diretrizes Nacionais para o 
Saneamento Básico e para a Política Federal de Saneamento Básico. 
Essa lei tem por objetivo a regulamentação das ações relativas aos serviços 
públicos de saneamento básico, assim como a garantia do atendimento à 
população com ausência e/ou deficiência desses serviços. 
São princípios fundamentais dessa Lei: 
a) I - universalização do acesso; 
b) II - integralidade, compreendida como o conjunto de todas as atividades e 
componentes de cada um dos diversos serviços de saneamento básico, 
propiciando à população o acesso na conformidade de suas necessidades e 
maximizando a eficácia das ações e resultados; 
c) III - abastecimento de água, esgotamento sanitário, limpeza urbana e manejo 
dos resíduos sólidos realizados de formas adequadas à saúde pública e à 
proteção do meio ambiente; 
d) IV - disponibilidade, em todas as áreas urbanas, de serviços de drenagem e de 
manejo das águas pluviais adequados à saúde pública e à segurança da vida e do 
patrimônio público e privado; 
e) V - adoção de métodos, técnicas e processos que considerem as 
peculiaridades locais e regionais; 
f) VI - articulação com as políticas de desenvolvimento urbano e regional, de 
habitação, de combate à pobreza e de sua erradicação, de proteção ambiental, 
de promoção da saúde e outras de relevante interesse social, voltadas para a 
melhoria da qualidade de vida, para as quais o saneamento básico seja fator 
determinante; 
g) VII - eficiência e sustentabilidade econômica; 
h) VIII - utilização de tecnologias apropriadas, considerando a capacidade de 
pagamento dos usuários e a adoção de soluções graduais e progressivas; 
i) IX - transparência das ações, baseada em sistemas de informações e 
processos decisórios institucionalizados; 
j) X - controle social; 
k) XI - segurança, qualidade e regularidade; 
l) XII - integração das infraestruturas e serviços com a gestão eficiente dos 
recursos hídricos. 
m) XIII - adoção de medidas de fomento à moderação do consumo de água. 
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27 
3 - Resolução - CONAMA nº 357, de 17 de março de 2005 - Dispõe sobre a 
classificação dos corpos de água e diretrizes ambientais para o seu 
enquadramento, bem como estabelece as condições e padrões de lançamento 
de efluentes, e dá outras providências. 
É uma resolução técnica e específica sobre a classificação e o enquadramento 
dos corpos d’água no âmbito da padronização para lançamento de efluentes. 
Tendo em vista a crescente poluição hídrica, que diminui a oferta de mananciais de 
água de qualidade, é necessária a adoção de limites e padrões para a garantia do 
abastecimento tanto para uso humano quando para atividades industriais. 
As águas doces são divididas em classes: 1, 2, 3, 4 e especial, as águas salgadas 
e salobras são divididas em classes: 1, 2, 3 e especial, de acordo com os usos e 
destinações específicas. 
O artigo 38 contempla o enquadramento dos corpos d’água definindo que: 
“O enquadramento dos corpos de água dar-se-á de acordo com as normas e 
procedimentos definidos pelo Conselho Nacional de Recursos Hídricos - CNRH e 
Conselhos Estaduais de Recursos Hídricos”. 
 
4 - Portaria - MS nº 518, de 25 de março de 2004 do Ministério da Saúde – 
Norma de Qualidade da Água para Consumo Humano. 
A Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde (SVS/MS) foi 
instituída em Junho de 2003, assumindo as atribuições do Cenepi (Centro Nacional 
de Epidemiologia) que até então pertencia à estrutura da Funasa (Fundação 
Nacional de Saúde). O novo ordenamento apresentado dentro da estrutura do 
Ministério da Saúde, fez com que algumas Portarias fossem revogadas, entre elas a 
Portaria MS n° 1.469/2000, passando a vigorar a Portaria MS n° 518, de 25 de março 
de 2004. 
As responsabilidades dos produtores de água, que são os sistemas de 
abastecimento de água e de soluções alternativas, estão estabelecidas nos 
capítulos e artigos da Portaria MS n° 518/2004. Esses produtores acima 
mencionados têm a obrigatoriedade de realizar o “controle de qualidade da água”. 
Da mesma forma, a Portaria estabelece as responsabilidades das autoridades 
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28 
sanitárias das diversas instâncias de governo a quem cabe a missão de “vigilância 
da qualidade da água para consumo humano”. A Portaria também faz referência às 
responsabilidades dos órgãos de controle ambiental no âmbito do monitoramento 
e controle das águas brutas de acordo com os diversos usos, inclusive, o de fonte 
de abastecimento de água destinada ao consumo humano. 
O artigo 2° da referida Portaria define com clareza a finalidade da mesma: 
 “Art. 2.º Toda a água destinada ao consumo humano deve obedecer ao padrão de 
potabilidade e está sujeita à vigilância da qualidade da água”. 
 
Leitura Complementar! 
 
Aprofunde seu conhecimento lendo: 
Lei nº 11.445, de 05 de janeiro de 2007 - Diretrizes Nacionais para o 
Saneamento Básico e para a Política Federal de Saneamento Básico. 
Manual prático de análise de água. 2ª ed. rev. - Brasília: Fundação Nacional de 
Saúde, 2006. 
Portaria MS nº 518, de 25 de março de 2004 do Ministério da Saúde – Norma 
de Qualidade da Água para Consumo Humano. 
Portaria MS Nº 2.914, de 12 de dezembro de 2011 do Ministério da Saúde - 
Dispõesobre os procedimentos de controle e de vigilância da qualidade da água 
para consumo humano e seu padrão de potabilidade. 
Resolução CONAMA nº 357, de 17 de março de 2005 - Dispõe sobre a 
classificação dos corpos de água e diretrizes ambientais para o seu 
enquadramento, bem como estabelece as condições e padrões de lançamento 
de efluentes, e dá outras providências. 
 
 
É hora de se avaliar 
Lembre-se de realizar as atividades desta unidade de estudo. Elas irão 
ajuda-lo a fixar o conteúdo, além de proporcionar sua autonomia no processo de 
ensino-aprendizagem. 
 
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29 
 
Exercícios – Unidade 1 
 
1.Sabendo que a água, um recurso natural e finito de grande valor social e 
econômico, é essencial para as atividades humanas e processos industriais, sua 
análise de qualidade deve: 
 
a) Verificar os parâmetros físicos, químicos e biológicos, os quais possibilitam 
demonstrar a presença de agentes contaminantes ou orgânicos para que 
sejam aplicadas as técnicas de correção e se tenha, ao final do processo, a 
potabilidade da água. 
 
b) Verificar os parâmetros físicos e químicos, os quais possibilitam demonstrar 
a presença de agentes contaminantes para que sejam aplicadas as técnicas 
de correção e se tenha, ao final do processo, a potabilidade da água. 
 
c) Quantificar os agentes biológicos presentes uma vez que são esses os 
principais responsáveis pelas doenças transmitidas pela água. 
 
d) Quantificar os agentes químicos e biológicos presentes já que formam uma 
composição químico-biológica responsável pela transmissão de doenças 
graves. 
 
e) Verificar especialmente os parâmetros biológicos, como coliformes totais e 
fecais, os quais possibilitam demonstrar a presença de agentes orgânicos 
para que sejam aplicadas as técnicas de correção e se tenha, ao final do 
processo, a potabilidade da água. 
 
2.É um dos parâmetros químicos utilizados na análise de qualidade da água: 
a) Cor. 
b) Condutividade e Resistividade. 
c) Turbidez. 
d) Alcalinidade. 
e) Coliformes Fecais. 
 
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30 
3.Também chamados de “Termotolerantes” já que suportam temperaturas 
acima de 40° C: 
a) PH. 
b) Fosfatos. 
c) Nitratos. 
d) Cloretos. 
e) Coliformes Fecais. 
 
4.Marque a opção em que a definição de amostra pela IUPAC (International 
Union of Pure and Applied Chemistry/União Internacional de Química Pura e 
aplicada) está correta: 
a) Uma parcela da amostra obtida por seleção ou divisão; uma unidade 
individual do lote aceita como parte da amostra ou; a unidade final da 
amostragem multifásica. 
b) Uma parcela do material selecionada para representar um corpo maior 
do material. 
c) Material efetivo, pesado ou medido para a análise. 
d) Uma parcela da amostra obtida por seleção; uma unidade do lote aceita 
como a unidade final da amostragem multifásica. 
e) Uma parcela do material selecionada para representar um corpo menor 
do material. 
 
5.Toda análise de qualidade da água para consumo humano deve seguir 
rigorosamente as metodologias padronizadas a fim de se obter um resultado 
preciso e confiável. A melhor opção que valida essa afirmação é: 
a) Os laboratórios de referência devem garantir os resultados a fim de que 
não haja discrepâncias entre os valores obtidos e os recomendados pelas 
empresas públicas de saneamento básico, responsáveis pelas análises da 
qualidade da água nos estados. 
 
b) Os laboratórios de referência devem garantir que as amostras cheguem 
íntegras para que não haja discrepâncias e os resultados possam igualar-
se aos valores já analisados anteriormente. 
 
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31 
c) Os laboratórios de referência devem garantir os resultados a fim de que 
não haja discrepâncias entre os valores obtidos e os recomendados pelas 
agências de vigilância da qualidade da água. 
 
d) Os ensaios analíticos são normalmente requisitados pelos usuários. Nas 
análises de qualidade de água o objetivo principal é o estabelecimento 
do perfil do teor médio em um determinado material presente na água. 
 
e) Os ensaios analíticos são aleatórios. Tendo em vista a grande demanda e 
a deficiência de técnicos especializados, há um sorteio mensal que define 
em que local será realizada a análise de qualidade de água. 
 
6.A Lei nº 11.445, de 05 de janeiro de 2007 tem por objetivo a regulamentação 
das ações relativas aos serviços públicos de saneamento básico, assim como a 
garantia do atendimento à população com ausência e/ou deficiência desses 
serviços. Um dos princípios fundamentais dessa Lei é: 
a) Plano de contas e mecanismos de informação, auditoria e certificação; 
b) As metas progressivas de expansão e de qualidade dos serviços e os 
respectivos prazos; 
c) A delegação de serviço de saneamento básico não dispensa o 
cumprimento pelo prestador do respectivo plano de saneamento básico 
em vigor à época da delegação; 
d) A consolidação e compatibilização dos planos específicos de cada serviço 
serão efetuadas pelos respectivos titulares; 
e) Abastecimento de água, esgotamento sanitário, limpeza urbana e manejo 
dos resíduos sólidos realizados de formas adequadas à saúde pública e à 
proteção do meio ambiente. 
 
7.De acordo com a Resolução 357/2005 do CONAMA, as águas doces são 
divididas em: 
a) Classes 1, 2, 3, 4 e especial. 
b) Classes 1, 2, 3 e especial. 
c) Classes 1, 2 e especial. 
d) Classes 1, 2 e 3. 
e) Classes: 1, 2, 3 e 4. 
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32 
8.A Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde (SVS/MS) foi 
instituída em Junho de 2003, assumindo as atribuições do: 
a) SAAE 
b) Funasa 
c) Cenepi 
d) Funesp 
e) Fundap 
 
9.Qual a importância das portarias 518 e 2.914 do Ministério da Saúde para a 
garantia da qualidade das águas? 
 ___________________________________________________________________ 
 ___________________________________________________________________ 
 ___________________________________________________________________ 
 ___________________________________________________________________ 
 ___________________________________________________________________ 
 ___________________________________________________________________ 
 ___________________________________________________________________ 
 ___________________________________________________________________ 
 ___________________________________________________________________ 
 ___________________________________________________________________ 
 ___________________________________________________________________ 
 ___________________________________________________________________ 
 ___________________________________________________________________ 
 ___________________________________________________________________ 
 ___________________________________________________________________ 
 ___________________________________________________________________ 
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33 
10.Explique resumidamente qual a importância da análise dos parâmetros 
físicos, químicos e biológicos para a qualidade da água: 
 ___________________________________________________________________ 
 ___________________________________________________________________ 
 ___________________________________________________________________ 
 ___________________________________________________________________ 
 ___________________________________________________________________ 
 ___________________________________________________________________ 
 ___________________________________________________________________ 
 ______________________________________________________________________________________________________________________________________ 
 ___________________________________________________________________ 
 ___________________________________________________________________ 
 ___________________________________________________________________ 
 ___________________________________________________________________ 
 ___________________________________________________________________ 
 ___________________________________________________________________ 
 ___________________________________________________________________ 
 ___________________________________________________________________ 
 ___________________________________________________________________ 
 ___________________________________________________________________ 
 ___________________________________________________________________ 
 
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34 
 
 
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35 
 
2 Vazões e Características dos Esgotos 
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36 
Bem-Vindo à segunda unidade! Nesta segunda unidade, estudaremos todos os 
itens relacionados às vazões e características dos esgotos, tais como: 
A classificação e composição dos esgotos domésticos, o conceito de poluição, 
as características físicas, químicas e biológicas dos despejos de esgotos, os 
importantes contaminantes, as doenças de veiculação hídrica, as contribuições per 
capita, a relação entre água e esgoto, as variações nas vazões de esgoto, os 
conceitos de vazão de projeto e vazão de sustentação, as perdas e infiltrações e a 
concentração do esgoto. 
 
Objetivo da Unidade: 
 
Conhecer todos os itens relacionados às vazões e características dos esgotos e 
sua importância para a elaboração de um projeto de sistema de rede de esgoto 
sanitário atualizado e eficaz. 
 
Plano da Unidade: 
 
 Classificação; 
 Composição dos esgotos domésticos; 
 Conceito de poluição; 
 Características físicas, químicas e biológicas dos despejos de esgotos; 
 Importantes contaminantes; 
 Doenças de veiculação hídrica; 
 Contribuições per capita; 
 Relação água/esgoto; 
 Variação nas vazões de esgotos; 
 Vazões de projetos; 
 Vazão de sustentação; 
 Perdas e infiltrações; 
 Concentração do esgoto. 
 
Bons estudos! 
 
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37 
 
Classificação 
 
Os esgotos são classificados em três categorias: 
 
 Esgotos sanitários ou domésticos (comum); 
 Esgotos industriais; 
 Esgotos pluviais. 
 
Os esgotos domésticos ou sanitários têm origem, principalmente, do 
lançamento de detritos nas instalações sanitárias de condomínios comerciais, 
assim como casas e condomínios residenciais, provenientes de cozinhas, 
lavanderias, descargas de banheiros, ralos de chuveiros, fossas e demais instalações 
de características domésticas que utilizam água. 
Podemos definir esgoto sanitário como sendo toda vazão esgotável originada 
do desempenho de atividades domésticas. 
O lançamento de efluentes industriais sem controle prévio contamina os 
corpos d’água, prejudicando a fauna, a flora e o abastecimento de água de 
comunidades circunvizinhas ao empreendimento. Por outro lado, da mesma 
forma que o esgoto doméstico, o esgoto industrial apresenta vazão proveniente 
dos banheiros, ralos de chuveiros, lavatórios e cozinhas industriais. 
Com frequência, esse tipo de esgoto carrega materiais contaminantes como 
metais pesados, com potencial corrosivo ou tóxico, como no caso de indústrias 
químicas, refinarias, oficinas, etc... 
O esgoto pluvial tem origem na precipitação atmosférica. Águas de chuva que 
contenham contaminantes são carreadas pelos sistemas de escoamentos públicos 
e podem atingir da mesma forma que os esgotos domésticos e industriais, corpos 
d’água e mananciais. 
 
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38 
 
Figura 2.1 – Esgoto in natura no Rio Pinheiros – São Paulo 
 
Fonte: https://www.flickr.com/photos/cbnsp/6948589632 
 
 
Composição dos esgotos domésticos 
 
Segundo Von Sperling (1996) a composição dos esgotos domésticos é de 
aproximadamente 99,9% de água e 0,1% de sólidos orgânicos e inorgânicos, 
suspensos e dissolvidos, e microrganismos. Por mais que seja um paradoxo, é 
exatamente essa pequena fração que torna necessária a realização de tratamento 
dos esgotos. A matéria orgânica presente encontra-se em processo de 
decomposição e nela se proliferam os microrganismos. 
 
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39 
Abaixo uma representação gráfica da composição geral do esgoto. 
 
Figura 2.2 – Esquema da composição geral do esgoto doméstico 
 
Fonte: SANEPAR, 1997 
 
A composição dos esgotos domésticos é basicamente uniforme, constituída, a 
princípio, por matéria orgânica biodegradável, nutrientes como nitrogênio e 
fósforo, óleo, detergentes, graxas e microrganismos como bactérias, vírus, etc... 
(Benetti & Bidone, 1997, p. 855). 
 
Conceito de poluição 
 
O termo poluição tem origem no latim “poluere” que significa sujar, 
contaminar, tornar impuro. A poluição representa um dos maiores problemas na 
atualidade para a sociedade moderna, exigindo grandes desafios para seu controle 
e minimização dos impactos por ela causados. Há, nesse sentido, um esforço 
internacional para a consolidação de uma agenda que possa encontrar soluções 
em curto prazo e, ao mesmo tempo, implantar medidas que possam atenuar os 
efeitos da poluição sobre as futuras gerações. 
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40 
 
O quadro abaixo apresenta os conceitos legais para poluição. 
 
Quadro 2.1 – Conceitos de poluição extraídos de referências legais 
Referência Conceito 
BRASIL, LEI FEDERAL 
nº 6.938, de 31 de 
agosto de 1981, 
Política Nacional do 
Meio Ambiente. 
Art. 3º, III. 
Poluição 
A degradação da qualidade ambiental resultante de atividades 
que direta ou indiretamente: 
a) prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-estar da população; 
b) criem condições adversas às atividades sociais e econômicas; 
c) afetem desfavoravelmente a biota; 
d) afetem as condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente; 
e) lancem matérias ou energia em desacordo com os padrões 
ambientais estabelecidos. 
SÃO PAULO, LEI 
ESTADUAL nº 9.509, 
de 20 de março de 
1997, Política 
Estadual do Meio 
Ambiente. Art. 3º, III. 
Poluição 
A degradação da qualidade ambiental resultante de atividades 
que direta ou indiretamente: 
a) prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-estar da população; 
b) criem condições adversas às atividades sociais e econômicas; 
c) afetem desfavoravelmente a biota; 
d) afetem as condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente; 
e) lancem matérias ou energia em desacordo com os padrões 
ambientais estabelecidos; 
f) afetem desfavoravelmente a qualidade de vida. 
SÃO PAULO, LEI 
ESTADUAL nº 997, 
de 31 de maio de 
1976, Art. 2º. 
Poluição 
A presença, o lançamento ou a liberação, nas águas, no ar ou no 
solo, de toda e qualquer forma de matéria ou energia, com 
intensidade, em quantidade, de concentração ou com 
características em desacordo com as que forem estabelecidas 
em decorrência desta Lei, ou que tornem ou possam tornar as 
águas, o ar ou o solo: 
I – impróprios, nocivos ou ofensivos à saúde; 
II – inconvenientes ao bem estar público; 
III – danosos aos materiais, à fauna e à flora; 
IV – prejudiciais à segurança, ao uso e gozo da propriedade e às 
atividades normais da comunidade. 
Fonte: São Paulo, UNESP, Geociências, v. 28, n 2, p. 165-180, 2009. 
 
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41 
Há também alguns conceitos técnicos para poluição como mostramos a 
seguir:3.1 - IBAMA (2007) – Poluição – Qualquer alteração das propriedades físicas, 
químicas ou biológicas do meio ambiente, causada por qualquer forma de matéria 
ou energia resultante das atividades humanas que, direta ou indiretamente, afetam 
a saúde, a segurança e o bem-estar da população, as atividades sociais e 
econômicas, a biota, as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente e a 
qualidade dos recursos ambientais. 
 
3.2 - IBGE (2004) – O IBGE faz referência à Lei 6.938/81 
 
Poluição – A degradação da qualidade ambiental resultante de atividades que 
direta ou indiretamente: 
a) Prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-estar da população; 
b) Criem condições adversas às atividades sociais e econômicas; 
c) Afetem desfavoravelmente a biota; 
d) Afetem as condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente; 
e) Lancem matérias ou energia em desacordo com os padrões ambientais 
estabelecidos. 
 
3.3 - Luis Henrique Sánchez (p, 464 - 2006) – Poluição – Introdução, no meio 
ambiente, de qualquer forma de matéria ou energia que possa afetar 
negativamente o homem ou outros organismos. 
 
Conceitos legais e técnicos convergem para um mesmo ponto de reflexão: 
 
“As alterações ambientais que elevam os níveis de poluição são resultados 
diretos das atividades antropogênicas, as quais comprometem os recursos atuais e 
futuros”. 
 
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42 
 
4 - Características físicas, químicas e biológicas dos despejos de esgotos. 
 
As principais características físicas presentes em despejos de esgotos são a 
coloração, o odor, a turbidez, a matéria sólida, a variação de esgoto e a 
temperatura. 
 
A coloração indica qual o nível de decomposição do esgoto, fornecendo 
referências que caracterizam o próprio esgoto. A cor preta, por exemplo, é 
característica de uma decomposição parcial e de um esgoto velho, da mesma 
forma que um tom acinzentado indica um estado fresco de esgoto (Jordão & 
Pessoa, 1995). 
 
A turbidez indica em qual estágio o esgoto se encontra. Segundo Von Sperling 
(1992), esgotos que possuem maior turbidez são mais concentrados ou mais 
frescos. 
 
Em relação ao odor, Jordão e Pessoa (1995) indicam que são três os principais 
odores: 
 
i. Odor razoavelmente suportável, típico do esgoto fresco; 
ii. Odor insuportável, típico do esgoto velho ou séptico, que provém da 
formação de gás sulfídrico oriundo da decomposição do lodo contido nos 
despejos; 
iii. Odores variados, de produtos podres como de repolho, peixe, legumes; de 
fezes; de produtos rançosos; de acordo com a predominância de produtos 
sulfurosos, nitrogenados, ácidos orgânicos, etc. 
 
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43 
 
A variação de esgoto está relacionada a três fontes distintas (para os esgotos 
originados em centros urbanos e encaminhados às estações de tratamento), 
conforme especifica Von Sperling (1996). 
 
 Esgotos domésticos: oriundos dos domicílios bem como de atividades 
comerciais e institucionais de uma localidade; 
 
 Águas de infiltração: ocorrem através de tubos defeituosos, conexões, 
juntas ou paredes de poços de visita; 
 
 Despejos industriais: advindo das indústrias é função precípua do tipo e 
porte da indústria, processo, grau de reciclagem, existência de pré-
tratamento dentre outros. 
 
 
 
A matéria sólida é representada por: 
 
 Sólidos dissolvidos, coloidais e em suspensão (relacionados à dimensão das 
partículas); 
 
 Sólidos flotáveis ou flutuantes, não sedimentáveis e sedimentáveis 
(relacionados à sedimentabilidade); 
 
 Sólidos voláteis ou sólidos fixos (relacionados à secagem e à alta 
temperatura, de 500 a 600 °C); 
 
 Sólidos em suspensão, dissolvidos e totais (relacionados à secagem e à 
média temperatura, de 103 a 105°C). 
 
Quanto maior a temperatura, maior a velocidade de decomposição do esgoto, 
tendo em vista as reações ocorridas na matéria orgânica presente. As temperaturas 
dentro da faixa entre 25 e 35°C são as ideais para a atividade biológica. 
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44 
As características químicas relacionadas ao despejo dos esgotos são óleos, 
proteínas, carboidratos e gorduras (em maior concentração) e pesticidas, fenóis, 
surfactantes e ureia (em menor concentração). 
Os carboidratos são as primeiras substâncias a serem atacadas pelas bactérias. 
A acidez no esgoto é causada principalmente pela degradação bacteriana nos 
carboidratos, a qual produz ácidos orgânicos. 
As proteínas por sua vez fornecem enxofre, responsável pelo gás sulfídrico 
presente nos despejos (SILVA, 2004). 
Gorduras e óleos são designados matéria graxa (FUNASA, 2004), tem origem 
nos despejos domésticos e podem causar o entupimento dos filtros em uma 
estação de tratamento de esgotos uma vez que formam uma camada de escuma. 
Patógenos (indicadores de poluição) e microrganismos compõem as principais 
características biológicas relacionadas aos despejos dos esgotos. Segundo Nuvolari 
(2003), as bactérias, protozoários, vírus, algas e bactérias são os microrganismos 
mais importantes no esgoto sanitário. 
 
Importantes contaminantes 
 
Os contaminantes mais importantes do esgoto são os produtos químicos e os 
microrganismos, os quais acentuam as características físicas, químicas e biológicas 
dos esgotos, exigindo um sistema de tratamento adequado para que sejam, após o 
tratamento, lançados nos corpos d’água. 
 
A conscientização por parte da população, não lançando diretamente em 
águas in natura esgotos domésticos ou industriais é a melhor forma de prevenção 
da degradação do meio ambiente. 
 
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45 
 
Doenças de veiculação hídrica 
 
As principais doenças de veiculação hídrica são: 
 
Amebíase, Giardíase, Gastroenterite, Febre tifoide, Cólera, Hepatite infecciosa, 
Esquistossomose, Ascaridíase (lombrigas), Taeníase (solitária) e Ancilostomíase 
(amarelão). 
6.1 - Amebíase – É uma infecção parasitária que se instala no intestino, A amebíase 
é comum em locais onde há ausência ou deficiência de saneamento básico. Os 
alimentos e as águas nesses locais ficam suscetíveis à contaminação por fezes. Os 
principais sintomas são dores abdominais, diarreia com posterior período de prisão 
de ventre, febre normalmente baixa e disenteria aguda. 
6.2 - Giardíase – Parasitose intestinal causada pelo protozoário Giardia lamblia. É 
mais frequente em crianças do que em adultos. A contaminação ocorre por meio 
de mãos contaminadas, alimentos e água contaminada. Em todos os casos ocorre a 
ingestão dos cistos maduros. Os sintomas são diarreia crônica, fraqueza, cólicas 
abdominais e em crianças pode causar a morte se não for devidamente tratada. 
Ocorrem com mais frequência em locais onde as condições de higiene e sanitárias 
são precárias. 
6.3 - Gastroenterite – Inflamação aguda que compromete os órgãos do sistema 
intestinal. Locais sem tratamento de água, de esgoto, com despejos in natura e sem 
canalização de água são os mais comuns para ocorrência desta doença. A 
gastroenterite é acentuada no verão. Seus sintomas são a desidratação, diarreia, 
enjoo, febre, perda de apetite, dores abdominais, vômitos entre outros. 
 
6.4 - Febre Tifoide – Causada pela bactéria Salmonella typhi, é uma doença 
infecciosa considerada grave. Provoca o aumento significativo das vísceras, febre 
constante e alterações intestinais que se não forem tratadas podem levar à morte. 
A ingestão de alimentos e água contaminados é a principal causa de contágio da 
doença. Alguns dos sintomas dessa doença são a falta de apetite, manchas rosadas 
espalhadas pelo tronco do corpo (esplenomegalia), tosse seca, diarreia, dor de 
cabeça, mal-estar e febre alta.Sistema de Rede de Esgoto Sanitário 
 
 
46 
Assim como outras doenças de veiculação hídrica a febre tifoide ocorre mais 
frequentemente em áreas onde não existem sistemas de saneamento básico ou 
esses são deficitários. 
6.5 - Cólera – A doença é causada pela bactéria Vibrio cholerae. É uma doença 
infectocontagiosa grave transmitida por águas ou alimentos contaminados que 
acomete o intestino delgado. Todos os anos são registrados aproximadamente 
entre três a cinco milhões de casos da doença segundo a Organização Mundial da 
Saúde (OMS), provocando a morte de cerca de cento e vinte mil pessoas. A cólera 
está diretamente relacionada à ausência de saneamento básico, despejo de esgoto 
in natura em corpos d’água e pobreza extrema. Os sintomas são diarreia, náuseas e 
vômitos, boca seca, letargia (perda temporária ou completa da sensibilidade e do 
movimento por causa fisiológica), sede excessiva, arritmia cardíaca, pressão arterial 
baixa, cãibras, boca seca, olhos encovados (sumidos por doença ou cansaço) e pele 
seca. Na maioria dos casos é assintomática e as pessoas acabam nem se dando 
conta de que estão infectadas e, mesmo quando surgem os primeiros sintomas 
acabam os confundindo com os de outras doenças. A cólera representa um 
problema de saúde pública grave, que deve ser combatido e erradicado. 
 
Figura 2.3 – Vibrião do Cólera 
 
Fonte: www.fisioterapiaparatodos.com 
 
6.6 - Hepatite Infecciosa – Inflamação do fígado ocasionada por vírus da hepatite. 
Normalmente a pessoa infectada elimina o vírus nas fezes. No Brasil, entre os anos 
de 2000 e 2011 foram registrados mais de 130 mil casos da doença de acordo com 
o Ministério da Saúde. Também está diretamente relacionada ao despejo de 
esgotos in natura em corpos d’água e ausência ou deficiência de sistemas de 
saneamento básico. Falta de higiene, manipulação e ingestão de alimentos 
contaminados são da mesma forma causas da transmissão. 
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47 
Os principais sintomas são febre baixa, dor muscular, urina escurecida, pele 
amarelada (icterícia), fadiga, desconforto abdominal, náuseas e vômitos. 
6.7 - Esquistossomose – Doença parasitária, transmissível, causada por vermes 
trematódeos do gênero Schistossoma. Similarmente às outras doenças de 
veiculação hídricas citadas anteriormente, a esquistossomose é transmitida através 
do contato com águas contaminadas, as quais possuem as cercarias (Larva 
bifurcada do Schistosoma mansoni, que por sua vez é um verme achatado do Filo 
Platelminte e da Classe Trematoda). 
 
O ciclo funciona da seguinte forma: 
As fezes humanas liberam os ovos dos vermes, estes em contato com a água 
eclodem e liberam larvas (miracídios). Os miracídios infectam caramujos, que são 
os hospedeiros intermediários (os caramujos vivem em águas doces). Após 
aproximadamente quatro semanas as larvas (cercarias) abandonam os caramujos e 
ficam vivendo livremente nas águas naturais. 
Figura 2.4: Ciclo de Vida da Esquistossomose 
 
Fonte: http://www.saudemedicina.com 
 
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48 
Principais sintomas: Calafrios, suores, fraqueza, febre, falta de apetite, diarreia, 
tosse e dor muscular. Pode causar também sintomas tais como dores de cabeça, 
tonturas, coceira no ânus, emagrecimento, palpitações e impotência, além do 
aumento do volume do abdômen. 
6.8 - Ascaridíase (lombrigas) – A ascaridíase é uma verminose intestinal causada 
pelo Ascaris lumbricoides, popularmente conhecida como lombriga e amplamente 
difundida em todo o Mundo. 
A ingestão de água ou alimentos contaminados é a principal fonte de 
contaminação, tendo início um ciclo, sempre com um hospedeiro. A fêmea pode 
produzir até duzentos mil ovos diariamente e grande parte dos mesmos é 
eliminada pelas fezes. Ausência de sistemas de saneamento básico, falta de higiene 
e lançamento de esgotos in natura em corpos d’água são as principais causas da 
ocorrência. Os principais sintomas são náuseas e vômitos, cólicas, diarreias, dores 
abdominais e presença dos vermes nas fezes. 
6.9 - Taeníase (solitária) – Doença provocada pelos parasitas Taenia solium e 
Taenia saginata. Os seres humanos são os hospedeiros definitivos e os parasitas se 
instalam no intestino delgado. Os hospedeiros intermediários são os bovinos e os 
suínos. Esses por sua vez são infectados pela ingestão de águas contaminadas com 
os ovos em decorrência da poluição dessas águas por fezes humanas. 
Quando ingerimos carnes suínas ou bovinas que não são adequadamente 
tratadas, adquirimos os parasitas, iniciando um novo ciclo. Assim como as demais 
anteriormente citadas é uma doença de veiculação hídrica devido à ausência de 
sistemas de saneamento básico, falta de higiene e lançamento de esgotos in natura 
em corpos d’água. Os principais sintomas da doença são insônia, fadiga, diarreia, 
náusea, falta de apetite, perda de peso, dores abdominais e de cabeça. 
6.10 - Ancilostomíase (amarelão) – Essa doença de veiculação hídrica é também 
conhecida como amarelão. É causada por vermes nematódeos (nematoides são 
vermes de simetria bilateral, com corpo bastante alongado, forma cilíndrica e 
extremidade final afilada) das espécies Ancylostoma duodenale e Necator 
americanus. Instalam-se no intestino delgado, alimentando-se de sangue e 
causando anemia. 
 
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49 
 
A penetração ativa das larvas é a origem da transmissão, a qual pode se dar 
através da pele (regiões dos pés, mãos, pernas e nádegas), assim como através da 
ingestão de alimentos contaminados. Os principais sintomas são as lesões na pele 
(hipersensibilidade com irritação local), lesões pulmonares (tosse e febre, 
semelhante à pneumonia) e lesões à mucosa intestinal (pequenas hemorragias 
internas além de quadro evolutivo de anemia que podem ser acompanhadas de 
cólicas abdominais). 
 
Contribuições per capita 
 
O volume de esgoto encontra-se diretamente relacionado à quantidade de 
água consumida, nesse sentido, é primordial um conhecimento dos valores da 
demanda para a realização de um cálculo preciso dos volumes de despejos de 
esgotos produzidos. 
Podemos dizer que per capita é o consumo efetivo de água multiplicado pelo 
coeficiente de retorno (coeficiente de retorno é a relação entre o volume de esgoto 
recebido pela ETE e o volume de água efetivamente consumido). Trata-se, 
portanto, de um valor grandemente variável entre diferentes localidades e 
depende de aspectos como o clima regional, a oferta ou escassez de recursos e a 
regularidade de abastecimento, além de outros diversos fatores culturais (TSUTIYA 
e ALÈM SOBRINHO, 2000). 
O consumo diário de água é, portanto, um dos principais parâmetros na 
elaboração de projetos de sistemas de redes de esgotos sanitários, sendo 
denominado “consumo per capita médio” e representado pela letra “q”. Vários 
fatores contribuem para que esses valores das médias per capita sejam obtidos e, 
dados como desenvolvimento social regional, hábitos da população, aspectos 
geográficos e aspectos econômicos constituem as ferramentas básicas de projetos 
tanto para abastecimento de águas para consumo humano, quanto para projetos 
de sistemas de redes de esgotos sanitários. Obviamente esses parâmetros 
dependem também da infraestrutura pública sanitária dos locais a serem 
desenvolvidos. 
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50 
Uma vez estipulado qual é o consumo per capita de água de determinado 
local, determina-se o consumo per capita médio dos esgotos, sendo representado 
pelo produto “c.q”. Habitualmente, é adotado no Brasil um padrão para per capita 
médio de consumo de água na ordem de cento e cinquenta a duzentos litros 
diários por habitantes em municípios com atédez mil habitantes (150 a 200 litros 
diários por habitantes em municípios que tenham até 10.000 habitantes). 
Municípios com maiores populações tem uma per capita maior. O mínimo 
estipulado pelas normatizações brasileiras para per capita é de cem litros diários 
por habitante (100 litros diários por habitante), sendo o mesmo valor atribuído 
para indicação do consumo médio por populações flutuantes. 
 
Tabela 2.1: Contribuição per capita de Esgoto Sanitário 
Valores medidos de contribuição per capita de esgoto sanitário 
Autor Local Ano 
Contribuição per 
capita (L/hab. x 
dia)(*) 
Dario P. Bruno & 
Milton T. Tsutiya 
Cardoso, 
Fernandópolis, 
Lucélia 
e Pinhal 
(Estado de São Paulo) 
1983 90 
149 
103 
161 
João B. Comparini Cardoso, 
Indiaporã, 
Guarani D’Oeste 
e Pedranópolis 
(Estado de São Paulo) 
1990 106 
74 
89 
103 
Lineu R. Alonso, 
Rodolfo J.C. e Silva Jr. & 
Francisco J.F. Paracampos 
São Paulo 1990 207 
Milton T. Tsutiya & 
Orlando Z. Cassettari 
Tatuí 
(Estado de São Paulo) 
1995 132 
(*) Valor médio 
Fonte: http://www.slideplayer.com.br 
 
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51 
 
 
Relação água / esgoto 
 
No tópico anterior, abordamos a conceituação de contribuições per capita em 
um sistema de rede de esgoto sanitário. Sabemos, pois, que per capita é o consumo 
efetivo de água multiplicado pelo coeficiente de retorno (relação entre o volume 
de esgoto recebido pela ETE e o volume de água efetivamente consumido). 
Há, entretanto, uma variação na correlação entre o volume de água 
consumido e a contribuição dessas para os sistemas de esgotos, uma vez que 
certas águas utilizadas em certas atividades (lavagens de pisos e jardins, águas de 
chuva e cisternas de poços, por exemplo,) não são transformadas em vazões de 
esgotos. Essa variação que existe devido a uma maior ou menor contribuição gera 
um “desequilíbrio”, apresentando diferentes intensidades e frequências (entre 
volume de água consumido e volume de esgoto recolhido). A literatura aponta que 
em média a oscilação volumétrica varia entre 0,60 e 1,30, fração que é definida 
como coeficiente de retorno ou relação água/esgoto, sendo representada pela 
letra “c”. 
De modo geral, um total entre 70 a 90% de todo o volume de água consumida 
acaba retornando à rede como despejos domésticos. 
O conhecimento da relação água/esgoto é primordial, nesse contexto, para a 
elaboração de projetos de sistemas de redes de esgotos sanitários, fornecendo 
subsídios na análise dos parâmetros regionais, sociais, econômicos e de 
infraestrutura dos municípios de acordo com o número de habitantes e consumo 
médio de utilização das águas. 
 
Variação nas vazões de esgotos 
 
A quantidade de esgoto transportada durante determinado tempo caracteriza 
a vazão, sendo assim, uma série de fatores podem influenciar nas vazões dos 
esgotos, vejamos abaixo alguns deles: 
 
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52 
 Como foram realizadas as obras em relação à qualidade das mesmas; 
 Se o regime de escoamento é por gravidade ou pressão; 
 As estações do ano e temperaturas, que representam as condições 
climáticas; 
 Se o sistema de esgoto é separador ou unitário; 
 Composição das canalizações utilizadas, especialmente em relação aos 
materiais empregados e tipos; 
 Qual o tipo de esgoto que está sendo coletado se é doméstico, industrial 
ou misto. 
O volume de esgoto está diretamente relacionado à quantidade de água 
consumida, desse modo, em locais que o consumo de água é maior teremos uma 
maior geração de esgotos e sendo o consumo de água menor, teremos uma menor 
geração de esgotos. A vazão dos esgotos é, portanto, proporcional ao consumo de 
água, o qual pode variar de sazonalmente, diariamente ou semanalmente, de 
acordo, obviamente, com a demanda exigida. 
As variações nas vazões dos esgotos são calculadas utilizando-se o parâmetro 
de vazão média, uma vez que podem variar ao longo do dia, de acordo com a 
maior ou menor geração do mesmo, estando essa geração sempre relacionada ao 
consumo de água, como anteriormente citado. 
Devemos ainda considerar outros parâmetros para cálculo da variação da 
vazão e, nesse sentido, além da vazão média, devem ser calculadas as vazões 
mínimas e máximas para obtenção de um valor real de variação de vazão em um 
determinado período. 
 
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53 
 
Os coeficientes utilizados para variação de vazão são: 
 
 Coeficiente do dia de maior consumo: K1 = 1,2 
 
 Coeficiente da hora de maior consumo: K2 = 1,5 
 
 Coeficiente da hora de menor consumo: K3 = 0,5 
 
Cálculo da vazão média de esgoto doméstico 
 
Qdméd	=	
Pop . QPC . C
1000
 (m3/d) 
 
Qdméd	=	
Pop . QPC . C
86400
			 (L/s) 
 
Onde: 
 
Qdmédio = Vazão doméstica média de esgoto 
 
Pop = População 
 
C = Coeficiente de retorno – esgoto/água 
 
QPC = Quota per capita de água 
 
 
 
 
 
 
 
A norma brasileira NBR 9649 (ABNT, 1986), recomenda o valor de C = 0,8 
quando inexistem dados locais mais específicos. 
 
Lembrete! 
 
* 86400 - número de segundos contido em 24 
horas, para adaptar q, originalmente em 
dias. 
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54 
Já as vazões máxima e mínima de água podem ser dadas pelas seguintes 
relações segundo Von Sperling (1996): 
 
Qdmáx= Qdméd.K1.K2 = 1,8 Qdméd 
 
Qdmin= Qdméd.K3 = 0,5 Qdméd 
 
 
Vazões de projetos 
 
As vazões de projetos de esgotos estão relacionadas diretamente com as 
quantidades volumétricas a serem coletadas ao longo da rede. Os volumes 
coletados, por sua vez, dependerão de fatores tais como a qualidade do sistema de 
abastecimento de água, usuários, lançamentos industriais, entre outros, que 
determinarão o dimensionamento necessário ao sistema. 
 
Em projetos de estruturas, assim como em obras destinadas ao transporte e 
armazenamento de água é fundamental que seja estabelecido o valor da vazão 
máxima para que a partir daí sejam efetuados os cálculos necessários à adequação 
dos demais elementos dos projetos. Áreas de galerias pluviais, vertedores de 
barragens, diâmetro de bueiros, túneis de desvios e obras afins devem ser 
precisamente calculados em função da máxima vazão a ser atingida. 
 
Chamamos a “predeterminação de vazões máximas” o cálculo que tem por 
finalidade antecipar quais as possibilidades e probabilidades de determinada 
vazão ocorrer. É exatamente na fase de projeto que a mesma deve ser calculada a 
partir de parâmetros previamente conhecidos e contemplados no projeto. 
O referido estudo deve analisar criticamente as probabilidades 
fundamentando-se em eventos já ocorridos e seu espaço temporal, ou seja, realizar 
uma pesquisa sobre os eventos anteriores e suas frequências, por exemplo. 
 
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55 
Uma rede em determinada região recebeu há quinze anos uma vazão X em 
função de fortes chuvas, as quais têm a probabilidade de ocorrer a cada dez anos. 
Talvez essa máxima vazão pode ser igualada ou superada, hipótese que deve ser 
considerada no cálculo da máxima vazão de projeto. Essas predeterminações 
permitem, acima de tudo, um projeto de redes eficiente e seguro. 
A essa probabilidade verificada durante a fase de predeterminação de vazões 
máximas chamamos de Tempo de Retorno – “Tr” que é definido como o tempo, em 
anos, que a vazão máxima pode ser igualada ou superada. 
Calcula-se o Tempo de Retorno da seguinte forma: 
 
Tr	= 1
1	-	(1-K) 1n 
 
Onde: 
K é o risco permissível ou probabilidade de ocorrência da máxima vazão 
durante os “n” anos da vida útil da obra;