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DISCIPLINA DE TEMAS DE DIREITO II Professor Responsável ▪ Antonio Augusto Tams Gasperin PROVA OBJETIVA DE MÚLTIPLA ESCOLHA ▪ 1ª Avaliação 26 de se tem bro de 20 14 ▪ NOI TE GABARITO E COMENTÁRIOS PROCESSO PENAL 1. São implicações do principio do devido processo legal, EXCETO: (A) Favor rei, Imparcialidade do Juiz, Legalidade das formas. (B) Estado de inocência, Juiz Natural, Identidade física do Juiz. (C) Publicidade, Indisponibilidade da Ação Penal Pública, Oficialidade. (D) Verdade real, Assistência Judiciária, Iniciativa da parte. A Lei 11.719/08 introduziu no art. 399 do CPP o § 2º, conferindo-lhe a seguinte redação: “O juiz que presidiu a instrução deverá proferir a sentença”. O princípio da identidade física do juiz, antes exclusivo do processo civil, doravante será também aplicável ao processo penal. Como as restrições não foram disciplinadas no Código de Processo Penal, deve-se aplicar, quanto a estas, o que estabelece o art. 132 do Código de Processo Civil. Conferir: STJ, HC 163.425- RO, DJ 18.3.10. Gabarito "B" 2. Assinale a alternativa incorreta. (A) O inquérito policial é procedimento administrativo, cautelar, dispensável. (B) O inquérito policial pode ser instaurado de ofício (mediante portaria do Delegado de Polícia, ou auto de prisão em flagrante), por requisição do Juiz ou do Ministério Público, ou por requerimento do ofendido ou de seu representante legal. (C) A Autoridade Policial tem jurisdição na sua área de atuação. (D) A Autoridade Policial, quando receber de qualquer do povo notícia verbal ou por escrito da ocorrência de ilícito penal, só instaurará inquérito policial após verificar a procedência das informações. A: o inquérito tem natureza administrativa. Além disso, constitui peça meramente informativa. Se o titular da ação penal dispuser de informações suficientes para exercê-la em juízo, poderá abrir mão do inquérito policial, que é, portanto, dispensável (art. 12 do CPP); B: art. 5º do CPP; C: art. 4º, caput, do CPP. Onde hoje se lê circunscrições antes se lia equivocadamente jurisdições. A imprecisão terminológica foi corrigida pela Lei 9.043/95; D: art. 5º, § 3º, do CPP. Gabarito "C" 3. Se o querelante, nos crimes de ação penal privada, deixar de formular o pedido de condenação nas alegações finais, o juiz deverá: (A) Extinguir desde logo o processo, em face da renúncia tácita. (B) Extinguir desde logo o processo, em face do perdão tácito. (C) Absolver desde logo o querelado. (D) Julgar extinta a punibilidade pela perempção. A perempção (art. 107, IV, do CP), instituto exclusivo da ação penal privada, constitui uma sanção aplicada ao querelante que deixa de promover o bom andamento processual, mostrando-se negligente e desidioso. Suas hipóteses estão contidas no art. 60 do CPP. A hipótese tratada no enunciado está contemplada no art. 60, III, do CPP. Gabarito "D" 4. Em relação à delimitação da competência no processo penal, às prerrogativas de função e ao foro especial, assinale a opção correta. (A) No caso de conexão entre um crime comum e um crime eleitoral, este deve ser processado perante a justiça eleitoral e aquele, perante a justiça estadual, visto que, no concurso de jurisdições de diversas categorias, ocorre a separação dos processos. (B) Não viola a garantia do juiz natural a atração por continência do processo do co-réu ao foro especial do outro denunciado, razão pela qual um advogado e um juiz de direito que pratiquem crime contra o patrimônio devem ser processados perante o tribunal de justiça. (C) O militar que, no exercício da função, pratica crime doloso contra a vida de um civil deve ser processado perante a justiça militar. (D) Membro do Ministério Público estadual que pratica crime doloso contra a vida deve ser processado perante o tribunal do júri e, não, no foro por prerrogativa de função ou especial, visto que a competência do tribunal do júri está expressa na Constituição Federal. A: art. 78, IV, do CPP; B: art. 96, III, da CF; e art. 78, III, do CPP; C: art. 125, § 4º, da CF; D: prevalece o foro por prerrogativa de função (art. 96, III, da CF), uma vez que a própria Constituição estabelece a exceção à competência do Tribunal do Júri. No entanto, se acaso a competência por prerrogativa de função não estiver contida na Carta Magna, o julgamento deverá ocorrer perante o Tribunal Popular. Gabarito "B" 5. De acordo com o Código de Processo Penal, quanto ao interrogatório judicial, assinale a afirmativa INCORRETA. (A) O silêncio do acusado não importará confissão e não poderá ser interpretado em prejuízo da defesa, mesmo no caso de crimes hediondos. (B) A todo tempo o juiz poderá, atendendo pedido fundamentado das partes, ou mesmo de ofício, proceder a novo interrogatório, mesmo quando os autos já se encontrarem conclusos para sentença. (C) O mudo será interrogado oralmente, devendo responder às perguntas por escrito, salvo quando não souber ler e escrever, situação em que intervirá no ato, como intérprete e sob compromisso, pessoa habilitada a entendê-lo. (D) O juiz, por decisão fundamentada, poderá realizar o interrogatório do réu preso por sistema de videoconferência, desde que a medida seja necessária para reduzir os custos para a Administração Pública. A: assertiva correta, pois em consonância com o disposto no art. 186, parágrafo único, do CPP; B: correta, visto que corresponde ao que enuncia o art. 196 do CPP; C: correta – está em conformidade com o que estabelece o art. 192 do CPP; D: incorreta, pois esta hipótese não está contemplada no rol do art. 185, § 2º, do CPP. Gabarito “D” 6. Em relação às exceções previstas na legislação processual penal, assinale a alternativa correta. (A) A arguição de suspeição sempre precederá a qualquer outra. (B) As exceções serão processadas em autos apartados e não suspenderão, em regra, o andamento da ação penal. (C) Se for arguida a suspeição do órgão do Ministério Público, o juiz, depois de ouvi-lo, decidirá, sem recurso, podendo antes admitir a produção de provas no prazo de 10 (dez) dias. (D) Poderá se opor suspeição às autoridades policiais nos atos do inquérito. A: incorreta, pois esta regra comporta exceção, conforme reza o art. 96 do CPP; B: correta, nos termos do que dispõe o art. 111 do CPP; C: incorreta, uma vez que o prazo estabelecido no art. 104 do CPP é de três dias; D: não se poderá opor exceção às autoridades policiais nos atos do inquérito – art. 107 do CPP. Gabarito “B” DISCIPLINA DE TEMAS DE DIREITO II Professor Responsável ▪ Antonio Augusto Tams Gasperin PROVA OBJETIVA DE MÚLTIPLA ESCOLHA ▪ 1ª Avaliação 26 de se tem bro de 20 14 ▪ NOI TE 7. Acerca da revisão criminal, assinale a opção correta. (A) A revisão poderá ser requerida em qualquer tempo, antes ou após a extinção da pena. (B) Ainda que fundada em novas provas, não é admitida a reiteração do pedido de revisão criminal. (C) A revisão não pode ser pedida pelo próprio réu, pois é recurso de interposição privativo de advogado. (D) Julgando procedente a revisão, o tribunal poderá alterar a classificação da infração ou absolver o réu, mas não poderá modificar a pena. A: art. 622, “caput”, do CPP; B: art. 622, p. único, do CPP; C: art. 623 do CPP; D: art. 626, “caput”, do CPP. Gabarito “A” 8. Durante uma blitz, um policial simulou a descoberta de arma de fogo e substância alucinógena no porta-malas do carro de Rui, que foi preso em flagrante. O flagrante foi comunicado ao juiz no prazo legal. O advogado de Rui apresentou requerimento adequado ao juiz de plantão, que indeferiu o pedido, sob o fundamento de que as prisões provisórias não ofendem os preceitos constitucionais. Nessa situação hipotética, a providência cabível para que Rui sejaliberado será (A) O habeas corpus perante o tribunal de justiça. (B) O livramento condicional perante o juiz titular. (C) A reclamação à corregedoria de polícia. (D) O habeas corpus perante o STF. Art. 5º, LXVIII, da CF; arts. 647 e 648, I, do CPP. O remédio constitucional deverá ser impetrado no Tribunal de Justiça porque a autoridade coatora, neste caso, é juiz de direito. Gabarito “A” 9. No que se refere às ações autônomas criminais, assinale a opção correta. (A) Em face da soberania dos veredictos, das decisões de mérito do tribunal do júri não se admite revisão criminal. (B) A revisão criminal pode ser requerida, desde que antes da extinção da pena, pelo réu ou por procurador, independentemente de habilitação. (C) Cabe habeas corpus contra decisão condenatória a pena de multa ou quando já estiver extinta a pena privativa de liberdade. (D) Admite-se mandado de segurança para o advogado poder acompanhar diligência em processo judicial, ainda que sigiloso. A: prevalece hoje na doutrina e na jurisprudência o entendimento segundo o qual cabe revisão criminal contra decisão definitiva proferida pelo Tribunal Popular; B: arts. 622 e 623 do CPP; C: Súmulas n. 693 e 695, STF; D: art. 5º, LXIX, da CF. As Leis 1.533/51 e 4.348/64 foram expressamente revogadas pela Lei 12.016/09, que estabeleceu nova disciplina para o mandado de segurança (individual e coletivo). Destina-se o mandado de segurança a amparar direito líquido e certo. A jurisprudência tem entendido cabível o uso do mandado de segurança, entre outras hipóteses, para permitir o acesso do advogado aos autos de inquérito e também do processo, ainda que tramitem em segredo de justiça. Gabarito “D” 10. Sobre a denúncia, assinale a alternativa correta. (A) Havendo erro na classificação jurídica do fato imputado ao acusado a denúncia deve ser rejeitada. (B) Desconhecida a identidade física dos demais participantes do fato delituoso, a denúncia do único indiciado conhecido não se apresenta, por essa circunstância, viciada, de sorte a ensejar nulidade. (C) A denúncia deve trazer, necessariamente, o rol de testemunhas. (D) A denúncia deve, necessariamente, estar acompanhada do inquérito policial. A: a classificação jurídica equivocada do fato imputado ao acusado não tem o condão de invalidar a denúncia, que não poderá, por essa razão, ser rejeitada, uma vez que o juiz não está vinculado à classificação do crime formulada na peça acusatória (art. 383 do CPP – princípio do jura novit curia); B: embora não haja previsão expressa, a ação penal pública é informada pelo princípio da indivisibilidade. O promotor de justiça, por conta disso, está obrigado a denunciar todos aqueles que cometeram a infração penal. O fato de o promotor oferecer denúncia em relação a um agente e deixar de fazê-lo em relação a outro que até então não havia sido identificado não implica violação ao princípio da indivisibilidade da ação penal, tampouco qualquer sorte de nulidade; C: reza o art. 41 do CPP: “A denúncia ou queixa conterá...e, quando necessário, o rol das testemunhas”; D: incorreta, nos termos do art. 12 do CPP. Gabarito "B" 11. Quanto à eficácia temporal, a lei processual penal (A) aplica-se somente aos fatos criminosos ocorridos após a sua vigência. (B) vigora desde logo, tendo sempre efeito retroativo. (C) tem aplicação imediata, sem prejuízo da validade dos atos já realizados. (D) tem aplicação imediata nos processos ainda não instruídos. Via de regra, a lei processual penal, em vista do disposto no art. 2º do CPP, terá aplicação imediata (tempus regit actum). Há, entretanto, normas jurídicas que possuem natureza mista (normas híbridas), isto é, são dotadas de natureza processual e material ao mesmo tempo. Dessa forma, se se tratar de uma norma processual de caráter material penal, deverá prevalecer, em detrimento do regramento estabelecido no art. 2º do CPP, as normas contidas no art. 5º, XL, da CF e art. 2º, parágrafo único, do Código Penal. Em se tratando de uma norma mais favorável ao réu, deverá retroagir em seu benefício; se prejudicial a lei nova, aplica-se a lei já revogada (lex mitior). Gabarito "C" 12. Marque a opção INCORRETA. Tratando-se de ação penal de natureza privada, prevalecem as seguintes normas, princípios e fundamentos: (A) Da indivisibilidade. (B) Da indisponibilidade. (C) Da oportunidade. (D) Da conveniência. A ação penal privada, ao contrário da pública, é regida pelo princípio da disponibilidade, na medida em que pode o seu titular desistir de prosseguir na demanda por ele ajuizada. O princípio da indisponibilidade – art. 42, CPP – é exclusivo da ação penal pública. Os outros constituem princípios informadores da ação penal de iniciativa privada, ressaltando- se que oportunidade e conveniência constituem o mesmo postulado. O princípio da indivisibilidade da ação penal privada, por sua vez, está consagrado no art. 48 do CPP. Embora não haja disposição expressa de lei, o postulado da indivisibilidade, em princípio, é também aplicável à ação penal pública. No que se refere a esta modalidade de ação, seria inconcebível imaginar que o MP pudesse escolher contra quem ele iria propor a ação penal. É nesse sentido que incorporamos o postulado da indivisibilidade no âmbito da ação penal pública. Mas o STF não compartilha dessa lógica. Para a nossa Corte Suprema, a indivisibilidade não se aplica à ação penal pública (somente à ação privada). Dito de outro modo, o art. 48 do CPP somente tem incidência na ação penal de iniciativa privada. Sustenta o STF que a divisibilidade da ação penal pública reside no fato de o MP ter a liberdade de não ofertar a denúncia contra alguns autores de crime contra DISCIPLINA DE TEMAS DE DIREITO II Professor Responsável ▪ Antonio Augusto Tams Gasperin PROVA OBJETIVA DE MÚLTIPLA ESCOLHA ▪ 1ª Avaliação 26 de se tem bro de 20 14 ▪ NOI TE os quais ainda não há elementos suficientes e, assim que esses elementos forem reunidos, aditar a denúncia. Assim, a ação deixa de ser indivisível pelo simples fato de a denúncia comportar aditamento posterior. Com a devida vênia, a indivisibilidade, a nosso ver, consiste na impossibilidade de o membro do MP escolher contra quem a denúncia será oferecida. Se houver elementos, a ação deverá ser promovida contra todos. Gabarito "B" 13. Estando diante de crimes em que a pena mínima cominada seja igual ou inferior a 1 (um) ano, a suspensão condicional do processo poderá vir a ser aplicada nos Juizados Especiais Criminais. Partindo desse contexto, julgue os itens a seguir: I. Durante o prazo de suspensão do processo não correrá a prescrição. II. A suspensão será revogada se, no curso do prazo, o beneficiário vier a ser processado por outro crime ou não efetuar, sem motivo justificado, a reparação do dano. III. A suspensão poderá ser revogada se o acusado vier a ser processado, no curso do prazo, por contravenção, ou descumprir qualquer outra condição imposta. IV. Expirado o prazo sem revogação da suspensão condicional do processo, o juiz declarará a extinção da punibilidade. (A) Somente as assertivas I, II e IV estão corretas. (B) Somente as assertivas I, III e IV estão corretas. (C) Somente as assertivas I e IV estão corretas. (D) Todas as assertivas estão corretas. I: art. 89, § 6º, da Lei 9.099/95; II: art. 89, § 3º, da Lei 9.099/95; III: art. 89, § 4º, da Lei 9.099/95; IV: art. 89, § 5º, da Lei 9.099/95. Gabarito "D" 14. Das hipóteses relacionadas, assinale aquela em que a decisão penal absolutória impede a propositura de ação civil. (A) Não constituir o fato infração penal. (B) Não haver provas da existência do fato. (C) Militar uma excludente de antijuridicidade. (D) Estar provada a inexistência do fato. Art. 66 do CPP.Gabarito "D" 15. No processo penal, o recurso de embargos infringentes cabe: (A) quando não for unânime a decisão de segundo grau, desfavorável ao réu; (B) quando não for unânime a decisão de segundo grau; (C) quando, em segundo grau, a decisão, por maioria, reformar a de primeiro grau; (D) quando, em segundo grau, a decisão desfavorável ao réu, por maioria, reformar a de primeiro grau, que lhe era favorável. Art. 609, parágrafo único, do CPP. É recurso privativo da defesa, manejado nos casos em que a decisão de segundo grau não for unânime. Gabarito "A" 16. Haverá conexão material quando (A) a prova de uma infração ou de qualquer circunstância influir na prova de outra. (B) os crimes forem praticados para facilitar ou ocultar outros, ou para se conseguir vantagem ou impunidade de outros. (C) duas ou mais infrações forem praticadas por várias pessoas reunidas. (D) uma única conduta delituosa gerar pluralidade de eventos típicos. Art. 76, II, do CPP. Gabarito "B" 17. Em tema de prova penal, é correto afirmar que: (A) em regra vigora o sistema da íntima convicção, pelo qual o juiz formará sua convicção pela livre apreciação da prova, estando dispensado de motivá-la. (B) não sendo possível o exame de corpo de delito, por haverem desaparecido os vestígios, a confissão poderá suprir- lhe a falta. (C) em crime que deixa vestígios, o juiz não ficará adstrito ao laudo, podendo aceitá-lo ou rejeitá-lo, no todo ou em parte. (D) as provas requeridas pela Defesa deverão ser deferidas pelo juiz independentemente da pertinência que guardem com o objeto do processo. A: adotamos, como regra, o sistema da persuasão racional ou livre convencimento motivado, em que o magistrado decidirá com base no seu livre convencimento. Deverá, todavia, fundamentar sua decisão (art. 93, IX, da CF). O sistema da íntima convicção é o que vige no Tribunal do Júri, onde o jurado não motiva seu voto. Existe ainda o sistema da prova legal: o juiz fica adstrito ao valor atribuído à prova pelo legislador; B: arts. 158 e 167 do CPP. À falta do exame de corpo de delito, a solução está no art. 167 do CPP, com a colheita de depoimentos de testemunhas. A confissão jamais poderá suprir tal falta; C: art. 182 do CPP; D: as provas consideradas impertinentes deverão ser indeferidas. Gabarito "C" HUMANOS 18. Com relação aos chamados “direitos econômicos, sociais e culturais”, é correto afirmar que (A) formam, juntamente com os direitos civis e políticos, um conjunto indivisível de direitos fundamentais, entre os quais não há qualquer relação hierárquica. (B) são previstos, no âmbito do sistema interamericano, no texto original da Convenção Americana sobre Direitos Humanos (Pacto de San José da Costa Rica). (C) incluem o direito à participação no processo eleitoral, à educação, à alimentação e à previdência social. (D) são direitos humanos de segunda geração, o que significa que não são juridicamente exigíveis, diferentemente do que ocorre com os direitos civis e políticos. A: correta. Todos os direitos humanos se retroalimentam e se complementam, assim é infrutífero buscar a proteção de apenas uma parcela deles. Veja-se o exemplo do direito à vida, núcleo dos direitos humanos. Este compreende o direito do ser humano não ter sua vida ceifada (atuação estatal negativa), como também o direito de ter acesso aos meios necessários para conseguir sua subsistência e uma vida digna (atuação estatal positiva). Percebe-se a interação dos direitos pessoais com os direitos sociais, econômicos e culturais para garantir a substancial implementação do direito à vida. Ademais, o princípio da complementaridade solidária dos direitos humanos de qualquer espécie foi proclamado solenemente pela Conferência Mundial de Direitos Humanos, realizada em Viena em 1993. É importante transcrever trecho da Declaração de Viena que bem sintetiza as características dos direitos humanos de um modo geral: “Todos os direitos humanos são universais, indivisíveis, interdependentes e inter- relacionados. A comunidade internacional deve tratar os direitos humanos de forma global, justa e equitativa, em pé de igualdade e com a mesma ênfase. Embora particularidades nacionais e regionais devam ser levadas em consideração, assim como diversos contextos históricos, culturais e religiosos, é dever dos Estados promover e proteger todos os direitos humanos e liberdades fundamentais, sejam quais forem seus sistemas políticos, econômicos e culturais”; B: correta. Isto porque foi o protocolo adicional à Convenção Americana de Direitos Humanos (Protocolo de San Salvador) que definiu o conteúdo dos direitos econômicos, sociais e culturais no âmbito do sistema interamericano de proteção dos DISCIPLINA DE TEMAS DE DIREITO II Professor Responsável ▪ Antonio Augusto Tams Gasperin PROVA OBJETIVA DE MÚLTIPLA ESCOLHA ▪ 1ª Avaliação 26 de se tem bro de 20 14 ▪ NOI TE direitos humanos. Entretanto, os direitos econômicos, sociais e culturais já estavam previstos no art. 26 da Convenção Americana de Direitos Humanos ou Pacto de San José da Costa Rica. Portanto, resta claro que os direitos econômicos, sociais e culturais estão previstos (mas não definidos) no texto original da Convenção Americana de Direitos Humanos (Pacto de San José da Costa Rica). Percebe-se que a redação da assertiva “b” refere-se simplesmente à previsão dos direitos econômicos, sociais e culturais, destarte nós consideramos esta assertiva como correta também. O gabarito oficial indicou somente a assertiva “A” como correta; C: incorreta. O direito à participação no processo eleitoral é um exemplo típico de direito politico e não econômico, social e cultural. Os direitos politicos encontram-se disciplinados no art. 21 da Declaração Universal dos Direitos Humanos; D: incorreta. Todos os direitos humanos são juridicamente exigíveis, pois, conforme dito na assertiva “A”, são indivisíveis, interdependentes e inter- relacionados. É importante lembrar que os direitos humanos de segunda geração referem-se aos direitos econômicos, sociais e culturais. A titularidade desses direitos é atribuída à coletividade, destarte, são conhecidos como direitos coletivos. Seu fundamento é a ideia de igualdade, e o grande motivador do aparecimento desses direitos foi o movimento antiliberal, notadamente após a Primeira Guerra Mundial. A URSS teve papel central neste movimento, pois defendia a perspectiva social dos direitos humanos. E tal linha foi consagrada no Pacto Internacional de Direitos Econômicos, Sociais e Culturais. Cabe destacar que esses direitos aparecerem em primeiro lugar na Constituição Mexicana de 1917 e na Constituição da Alemanha de 1919 (“Constituição de Weimar”). Em que pese nossa afirmação no tocante à justiciabilidade dos direitos econômicos, sociais e culturais, cabe explicar como ela se dá no sistema interamericano. A Corte Interamericana tem competência para interpretar e aplicar o Protocolo Adicional à Convenção Americana de Direitos Humanos (Protocolo de San Salvador) somente em relação ao art. 8, ponto 1, alínea a (direitos sindicais dos trabalhadores) e ao art. 13 (direito à educação). Tudo em conformidade com o art. 19, ponto 6, do mencionado Protocolo, o qual determina que são esses os únicos direitos passíveis de serem acionados perante a Corte (justiciabilidade), entre um amplo conjunto de direitos econômicos, sociais e culturais de que trata esse protocolo. Entretanto, o que se percebe no campo prático é uma jurisprudência criativa que permite uma implementação indireta dos direitos econômicos, sociais e culturais. Uma das grandes contribuições para essa substancial evolução foi a construção jurisprudencial de um conceito amplo ou lato sensu do direito de acesso à justiça (art. 25 da ConvençãoAmericana), o que permite o acionamento da Corte para proteção de todos os direitos humanos, inclusive os econômicos, sociais e culturais. Cabe destacar também a construção jurisprudencial da Corte que qualificou de jus cogens os princípios da equidade e da não discriminação, os quais são, logicamente, aplicados em relação a todos os direitos humanos. E, por fim, o estabelecimento, pela Corte, de um conceito amplo do direito à vida, o qual exige a proteção e a implementação dos direitos econômicos, sociais e culturais para sua satisfatória efetivação. Gabarito "A" 19. De acordo com o Direito Internacional dos Direitos Humanos, no tocante à interpretação, em caso de conflito, das normas definidoras de direitos e garantias, (A) prevalece sempre a norma mais benéfica à pessoa humana. (B) prevalece sempre a norma internacional. (C) prevalece sempre a norma interna. (D) norma posterior derroga a anterior. O Direito Internacional atinente aos Direitos Humanos consagra a prevalência da norma (e da interpretação) mais benéfica ao ser humano, conforme, por exemplo, o art. 29 do Pacto de São José da Costa Rica (promulgado pelo Decreto 678/1992) e o art. 5º, § 2º, da CF. Gabarito "A" 20. Tendo em conta a Emenda Constitucional nº 45, de 2004, em relação à incorporação ao direito interno e à respectiva posição hierárquica dos tratados internacionais de direitos humanos ratificados pelo Brasil, é correto afirmar: (A) Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que vierem a ser aprovados por três quintos dos votos dos membros de cada Casa do Congresso Nacional terão força de emendas constitucionais. (B) Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos ratificados pelo Brasil previamente à edição da Emenda Constitucional nº 45 deixaram de integrar o direito interno. (C) O Supremo Tribunal Federal firmou jurisprudência entendendo que os tratados internacionais de direitos humanos ratificados pelo Brasil nos termos da Emenda Constitucional nº 45 possuem natureza supralegal e infraconstitucional. (D) Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que haviam sido aprovados pelo Congresso Nacional previamente à edição da Emenda Constitucional nº 45 foram equiparados às emendas constitucionais. Nos exatos termos do art. 5º, § 3º, da CF, incluído pela EC 45/2004, os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos membros, serão equivalentes às emendas constitucionais. A: correta, pois reflete o disposto no art. 5º, § 3º, da CF; B: incorreta, pois os tratados anteriores continuam em plena vigência, até porque o art. 5º, § 2º, da CF, vigente desde a promulgação da Constituição em sua redação original, dispõe que os direitos e garantias nela expressos não excluem outros decorrentes dos tratados internacionais em que a República Federativa do Brasil seja parte; C: incorreta, pois o STF jamais afirmou que os tratados internacionais posteriores à EC 45/2004 possuem, necessariamente, natureza infraconstitucional. O STF reconheceu que o Pacto de São José da Costa Rica é norma supralegal com fundamento de validade no art. 5º, § 2º, da CF – ver HC 94.013/SP-STF. Na oportunidade, a Suprema Corte consignou que o atendimento ao art. 5º, § 3º, da CF (não é o caso do Pacto de São José), implicaria, em tese, natureza constitucional do tratado internacional sobre direitos humanos, razão pela qual a assertiva é incorreta; D: incorreta, pois somente os tratados que sejam aprovados pelo Congresso na forma qualificada prevista no art. 5º, § 3º da CF terão a natureza de norma constitucional. Gabarito "A" 21. A Declaração Universal dos Direitos Humanos fundada no reconhecimento da dignidade inerente a todos os membros da família humana reconhece como direito inalienável do Homem, exceto: (A) O direito à instrução, sendo a instrução elementar obrigatória; (B) O direito a um padrão de vida capaz de assegurar a si e a sua família saúde e bem-estar, inclusive alimentação, vestuário, habitação, cuidados médicos e os serviços sociais indispensáveis; (C) O direito à proteção à minoria ética e religiosa, assim entendida como os imigrantes residentes em determinado Estado; (D) O direito de participar livremente da vida cultural da comunidade. DISCIPLINA DE TEMAS DE DIREITO II Professor Responsável ▪ Antonio Augusto Tams Gasperin PROVA OBJETIVA DE MÚLTIPLA ESCOLHA ▪ 1ª Avaliação 26 de se tem bro de 20 14 ▪ NOI TE A: correta. A redação do art. 26, ponto 1, da Declaração Universal dos Direitos Humanos é a seguinte: “Toda pessoa tem direito à instrução. A instrução será gratuita, pelo menos nos graus elementares e fundamentais. A instrução elementar será obrigatória. A instrução técnico-profissional será acessível a todos, bem como a instrução superior, esta baseada no mérito”; B: correta. A redação do art. 25, ponto 1, da Declaração Universal dos Direitos Humanos é a seguinte: “Toda pessoa tem direito a um padrão de vida capaz de assegurar a si e a sua família saúde e bem-estar, inclusive alimentação, vestuário, habitação, cuidados médicos e os serviços sociais indispensáveis, e direito à segurança em caso de desemprego, doença, invalidez, viuvez, velhice ou outros casos de perda dos meios de subsistência fora de seu controle”; C: incorreta, pois não existe disposição, na Declaração Universal dos Direitos Humanos, nesse sentido; D: correta. A redação do art. 27, ponto 1, da Declaração Universal dos Direitos Humanos é a seguinte: “Toda pessoa tem o direito de participar livremente da vida cultural da comunidade, de fruir as artes e de participar do processo científico e de seus benefícios”. Gabarito "C" 22. O Tribunal Penal Internacional tem competência para julgar pessoas (A) e Estados acusados de crimes de guerra, contra a humanidade, genocídio e terrorismo. (B) e Estados acusados de crimes de guerra, contra a humanidade e genocídio. (C) acusadas de crimes de guerra, contra a humanidade e genocídio, ocorridos a partir da entrada em vigor do Estatuto de Roma, em 2002. (D) acusadas de crimes de guerra, contra a humanidade e genocídio, ocorridos a partir da entrada em vigor do Estatuto de Roma, em 1998. O Estatuto de Roma – ER entrou em vigor internacional em 1.7.2002 e, em relação ao Brasil, em 1.9.2002, tendo sido promulgado pelo Decreto 4.388, de 25.9.2002. O ER prevê a competência do Tribunal Penal Internacional – TPI para julgar os crimes de (i) genocídio, (ii) contra a humanidade; (iii) de guerra e (iv) de agressão. No caso da agressão, a definição do crime e as condições para que o TPI exerça a competência foram fixadas apenas recentemente, na Conferência de Revisão do Estatuto de Roma – Kampala/Uganda, em 2010. Gabarito "C" 23. Os direitos fundamentais possuem determinadas características que foram objeto de detalhado estudo da doutrina nacional e internacional. A respeito dessas características, assinale a opção correta. (A) O princípio da universalidade impede que determinados valores sejam protegidos em documentos internacionais dirigidos a todos os países. (B) A irrenunciabilidade dos direitos fundamentais não destaca o fato de que estes se vinculam ao gênero humano. (C) É característica marcante o fato de os direitos fundamentais serem absolutos, no sentido de que eles devem sempre prevalecer, independentemente da existência de outros direitos, segundo a máxima do “tudo ou nada”. (D) A imprescritibilidade dos direitos fundamentais vincula-se à sua proteção contra o decurso do tempo. A: incorreta, pois é o contrário: a Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948 universalizou a noção de direitos humanos.Muito importante foi o papel da Declaração, pois antes disso a proteção dos direitos humanos ficava relegada a cada Estado, que, com suporte em sua intocável soberania, tinha autonomia absoluta para determinar e executar as políticas relacionadas à proteção da dignidade da pessoa humana. Todavia, obras de horror, como o nazifascismo, demonstraram que a proteção do ser humano não pode ficar somente nas “mãos de governos”. Assim, um dos grandes objetivos perseguidos com a criação da ONU foi o de buscar a proteção dos direitos humanos a nível universal. Grande passo foi dado neste sentido com a promulgação da Declaração Universal dos Direitos Humanos. Assim, “o direito a ter direitos” de Hannah Arendt passaria a ter tutela internacional. As críticas referentes à leitura de universalização por ocidentalização não devem proceder, isto porque os direitos humanos transcendem às criações culturais no sentido lato (religião, tradição, organização política etc.) por serem adstritos à condição humana. Desta forma, particularidades regionais e nacionais devem ser levadas em conta, mas nunca devem impedir a proteção mínima dos direitos humanos, até porque estes fazem parte do jus cogens. Assim o universalismo derrota o relativismo; B: incorreta, pois é o contrário: por serem direitos adstritos à condição humana, estes não podem ser renunciáveis, pois formam o indivíduo na sua plenitude. Assim, são indisponíveis tanto pelo Estado como pelo particular. Tal característica se confirma pelo fato de os direitos humanos fazerem parte do jus cogens, isto é, inderrogáveis por ato volitivo; C: incorreta, os direitos fundamentais encontram seus limites em outros direitos, também fundamentais, pois não existem direitos ilimitados e absolutos, mas sim a necessidade de proceder, caso a caso, a uma ponderação para buscar a efetivação, isto é, a aplicabilidade, sempre que estiverem em colisão. Portanto, diante de conflitos entre direitos fundamentais deve- se aplicar o princípio constitucional da proporcionalidade, o qual guiará, no caso concreto, para uma aplicação coerente do direito fundamental, levando em consideração a incidência que cada um deve ter e, desta maneira, preserva-se o máximo dos direitos e garantias fundamentais consagrados constitucionalmente. A título exemplificativo, mesmo o direito à vida é excepcionalmente relativizado, no caso da legítima defesa, por exemplo, ou, em alguns países, no caso da pena de morte; D: correta. Os direitos humanos são atemporais, pois estão adstritos à condição humana. Assim, os direitos humanos não são passíveis de prescrição, ou seja, não caducam com o transcorrer do tempo. Gabarito “D” PENAL 24. Leonardo, indignado por não ter recebido uma dívida referente a venda de cinco cigarros, desferiu facadas no devedor, que, em razão dos ferimentos, faleceu. Logo após o fato, Leonardo escondeu o cadáver em uma gruta. Com base na situação hipotética acima, é correto afirmar que (A) A ocultação de cadáver é crime permanente. (B) Há concurso formal entre o homicídio e a ocultação de cadáver. (C) Leonardo praticou crime de homicídio qualificado por motivo torpe. (D) O fato de Leonardo ter cometido o crime por não ter recebido uma dívida é circunstância que agrava a pena. Comentário – A: o crime a que se refere o art. 211 do CP contém três núcleos (tipo misto alternativo). Nas modalidades “destruir” e “subtrair” o crime será instantâneo; já na forma “ocultar”, o delito será permanente, na medida em que a sua consumação se prolonga no tempo, condicionada à vontade do sujeito; B: o art. 70 do CP, que trata do concurso formal, fala em ação ou omissão única; C: torpe é o motivo vil, repugnante, abjeto. Ao que parece, Leonardo matou por motivo insignificante, de pequena importância, por motivo fútil (art. 121, § 2º, II, do CP); D: a circunstância não está contida no rol do art. 61 do CP (circunstâncias agravantes). Gabarito "A" DISCIPLINA DE TEMAS DE DIREITO II Professor Responsável ▪ Antonio Augusto Tams Gasperin PROVA OBJETIVA DE MÚLTIPLA ESCOLHA ▪ 1ª Avaliação 26 de se tem bro de 20 14 ▪ NOI TE 25. Com relação aos crimes contra o patrimônio, assinale a opção correta. (A) A conduta da vítima não é fator de distinção entre os delitos de roubo e extorsão. (B) O crime de extorsão mediante sequestro consuma-se no momento em que o resgate é exigido, independentemente do momento da privação da liberdade da vítima. (C) Ocorre crime de extorsão indireta quando alguém, abusando da situação de outro, exige, como garantia de dívida, documento que pode dar causa a procedimento criminal contra a vítima ou terceiro. (D) No crime de apropriação indébita, o fato de o agente praticá-lo em razão de ofício, emprego ou profissão não interfere na imposição da pena, por se tratar de elementar do tipo. Comentário – A: opção incorreta. No roubo, a subtração da res é feita pelo autor do crime, ao passo que, na extorsão, o apoderamento da res depende de uma conduta da vítima, que, em regra, entrega o bem ao agente; B: opção incorreta. Tal crime é consumado no momento da privação da liberdade da vítima, independentemente do momento em que a condição ou preço do resgate é exigido; C: opção correta. O crime de extorsão indireta está tipificado no art. 160 do CP, que assim dispõe: “exigir ou receber, como garantia de dívida, abusando da situação de alguém, documento que pode dar causa a procedimento criminal contra a vítima ou contra terceiro”; D: opção incorreta. Trata-se de causa de aumento especial, prevista no art. 168, § 1.º, do CP. Gabarito "C" 26. Considere que Charles, funcionário público no exercício de suas funções, tenha desviado dolosamente valores particulares de que tinha a posse em razão do cargo. Nessa situação hipotética, (A) Charles praticou crime de furto, e não de peculato, haja vista que os valores de que tinha a posse em razão do cargo eram particulares, e não, públicos. (B) se Charles reparar o dano antes do recebimento da denúncia, sua punibilidade será extinta; se o fizer posteriormente, sua pena será diminuída. (C) a pena de Charles não seria alterada na eventualidade de ser ele ocupante de cargo em comissão de órgão da administração direta, visto que a tipificação do crime já considera o fato de ser o agente funcionário público como elementar do tipo. (D) Charles praticou peculato-desvio, podendo eventual reparação do dano ser considerada arrependimento posterior ou circunstância atenuante genérica, a depender do momento em que for efetivada. Comentário – A: opção incorreta. O tipo peculato prevê o envolvimento de valores particulares de que o agente tem a posse em razão do cargo. Assim dispõe o art. 312 do CP: “Apropriar-se o funcionário público de dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel, público ou particular, de que tem a posse em razão do cargo, ou desviá-lo, em proveito próprio ou alheio. Pena: reclusão, de dois a doze anos, e multa. § 1.º Aplica-se a mesma pena, se o funcionário público, embora não tendo a posse do dinheiro, valor ou bem, o subtrai, ou concorre para que seja subtraído, em proveito próprio ou alheio, valendo-se de facilidade que lhe proporciona a qualidade de funcionário.”; B: opção incorreta. A reparação do dano só gera os efeitos mencionados no caso de peculato culposo (CP, art. 312). § 2.º “Se o funcionário concorre culposamente para o crime de outrem. Pena: detenção, de três meses a um ano.” § 3.º “No caso do parágrafo anterior, a reparação do dano, se precede à sentença irrecorrível, extingue a punibilidade; se lhe é posterior, reduz de metade a pena imposta.”; C: opção incorreta. Há aumento de um terço da pena em tais situações. Assim dispõe o art. 327, § 2.º, do CP: “A pena será aumentada da terça parte quando os autoresdos crimes previstos neste Capítulo forem ocupantes de cargos em comissão ou de função de direção ou assessoramento de órgão da administração direta, sociedade de economia mista, empresa pública ou fundação instituída pelo poder público.”; D: opção correta. A conduta se amolda ao tipo descrito no art. 312 do CP. Além disso, quanto ao arrependimento posterior, assim prevê o CP, no art. 16: “Nos crimes cometidos sem violência ou grave ameaça à pessoa, reparado o dano ou restituída a coisa, até o recebimento da denúncia ou da queixa, por ato voluntário do agente, a pena será reduzida de um a dois terços.” Se for posterior ao recebimento da denúncia, somente haverá a incidência de circunstância atenuante genérica. Gabarito "D" 27. Com relação à legislação referente ao combate às drogas, assinale a opção correta. (A) O agente que, para consumo pessoal, semeia plantas destinadas à preparação de pequena quantidade de substância capaz de causar dependência psíquica pode ser submetido à medida educativa de comparecimento a programa ou curso educativo. (B) O agente que tiver em depósito, para consumo pessoal, drogas sem autorização poderá ser submetido à pena de reclusão. (C) O agente que transportar, para consumo pessoal, drogas em desacordo com determinação legal poderá ser submetido à pena de detenção. (D) O agente que entregar a consumo drogas, ainda que gratuitamente, em desacordo com determinação legal, pode ser submetido à pena de advertência sobre os efeitos das drogas. Comentário – A: art. 28, III e § 1º, da Lei 11.343/06; B: o agente que tiver em depósito, para consumo pessoal, drogas sem autorização estará sujeito às penas contidas nos incisos do art. 28 da Lei 11.343/06, a saber: advertência sobre os efeitos das drogas; prestação de serviços à comunidade; e medida educativa de comparecimento a programa ou curso educativo. O legislador não previu pena de prisão para esses casos; C: da mesma forma, serão aplicadas as medidas relacionadas nos incisos do art. 28 da Lei 11.343/06. Também não será aplicada pena de prisão; D: a conduta está tipificada no art. 33, caput, da Lei 11.343/06, cuja pena prevista é reclusão de 5 a 15 anos, além do pagamento de 500 a 1500 dias-multa. Gabarito "A" 28. Ana Maria, aluna de uma Universidade Federal, afirma que José, professor concursado da instituição, trai a esposa todo dia com uma gerente bancária. A respeito do fato acima, é correto afirmar que Ana Maria praticou o crime de (A) calúnia, pois atribuiu a José o crime de adultério, sendo cabível, entretanto, a oposição de exceção da verdade com o fim de demonstrar a veracidade da afirmação. (B) difamação, pois atribuiu a José fato desabonador que não constitui crime, sendo cabível, entretanto, a oposição de exceção da verdade com o fim de demonstrar a veracidade da afirmação, uma vez que José é funcionário público. (C) calúnia, pois atribuiu a José o crime de adultério, não sendo cabível, na hipótese, a oposição de exceção da verdade. (D) difamação, pois atribuiu a José fato desabonador que não constitui crime, não sendo cabível, na hipótese, a oposição de exceção da verdade. Comentário - O fato atribuído por Ana Maria a José, seu professor, em razão da revogação operada pela Lei 11.106/05 do art. 240 do CP, que previa o crime de adultério, deixou de ser crime. Por essa razão, a conduta de Ana Maria não pode configurar o crime do art. 138 do CP (calúnia), que exige que DISCIPLINA DE TEMAS DE DIREITO II Professor Responsável ▪ Antonio Augusto Tams Gasperin PROVA OBJETIVA DE MÚLTIPLA ESCOLHA ▪ 1ª Avaliação 26 de se tem bro de 20 14 ▪ NOI TE o fato imputado seja criminoso. Sua conduta, no entanto, ainda que não constitua o crime de calúnia, se amolda, à perfeição, ao tipo penal do art. 139, caput, do CP - difamação. Não cabe, neste caso, a exceção da verdade, na medida em que, na difamação, não basta que o ofendido seja funcionário público; é ainda necessário que a ofensa tenha relação com o exercício de suas funções, nos termos do art. 139, parágrafo único, CP. Gabarito “D” 29. Filolau, querendo estuprar Filomena, deu início à execução do crime de estupro, empregando grave ameaça à vítima. Ocorre que ao se preparar para o coito vagínico, que era sua única intenção, não conseguiu manter seu pênis ereto em virtude de falha fisiológica alheia à sua vontade. Por conta disso, desistiu de prosseguir na execução do crime e abandonou o local. Nesse caso, é correto afirmar que (A) trata‐se de caso de desistência voluntária, razão pela qual Filolau não responderá pelo crime de estupro. (B) trata‐se de arrependimento eficaz, fazendo com que Filolau responda tão somente pelos atos praticados. (C) a conduta de Filolau é atípica. (D) Filolau deve responder por tentativa de estupro. Comentário - Se o agente deu início à execução de crime que somente não se consumou por circunstâncias alheias à sua vontade (ausência de ereção), deve responder por tentativa. Cuidado: a desistência decorreu da falta de ereção (fator alheio à vontade do agente). Por essa razão, a hipótese descrita no enunciado não se enquadra na desistência voluntária (art. 15, primeira parte, CP), que exige que a interrupção da execução do crime se dê por vontade própria do agente. Gabarito “D” 30. Considerando os crimes contra a administração pública, assinale a opção correta. (A) O agente que, valendo-se das atribuições de um assessor de funcionário público, lhe promete ou oferece vantagem indevida, para determiná-lo a praticar, omitir ou retardar ato de ofício, comete crime de corrupção ativa. (B) O sujeito que atribui a si mesmo a prática de crime inexistente ou que foi cometido por terceiro pratica denunciação caluniosa. (C) Há corrupção ativa no caso de o sujeito, sem oferecer ou prometer qualquer utilidade ao funcionário público, pedir-lhe que “dê um jeitinho” em sua situação perante a Administração Pública. (D) No favorecimento pessoal, o sujeito visa tornar seguro o proveito do delito; no real, o objetivo é tornar seguro o autor do crime antecedente. Comentário - A: art. 333, CP; B: art. 341 do CP (auto- acusação falsa); C: o crime de corrupção ativa, previsto no art. 333 do CP, tem dois núcleos alternativos, oferecer e prometer. Se o agente, dessa forma, sem oferecer ou prometer vantagem ao funcionário público, tão somente pede a ele que dê um “jeitinho”, não incorrerá no crime do art. 333 do CP; D: art. 348 do CP (favorecimento pessoal); art. 349 do CP (favorecimento real). Gabarito "A" 31. A diferença entre crime e contravenção penal está estabelecida (A) pelo Código Penal. (B) pela Lei de Contravenções Penais. (C) pela Lei no 9.099/95 (Juizados Especiais). (D) pela Lei de Introdução ao Código Penal. A distinção entre as duas espécies de infração penal, que não reside no aspecto ontológico, está contida no art. 1o da Lei de Introdução ao Código Penal (Decreto-Lei 3.914/41). Gabarito "D" 32. Sobre a aplicação da lei no tempo e no espaço, o Código Penal brasileiro adotou, respectivamente, as teorias da (do) (A) ubiqüidade e do resultado. (B) ubiqüidade e da ambigüidade. (C) resultado e da ubiqüidade. (D) atividade e da ubiqüidade. Arts. 4o e 6o do CP, respectivamente. Gabarito "D" 33. Caio dispara uma arma objetivando a morte de Tício, sendo certo que o tiro não atinge um órgão vital. Durante o socorro, a ambulância que levava Tício para o hospital é atingida violentamente pelo caminhão dirigido por Mévio, que ultrapassara o sinal vermelho. Em razão da colisão, Tício falece. Responda: quais os crimes imputáveis a Caio e Mévio, respectivamente? (A) Tentativa de homicídio e homicídio doloso consumado. (B) Lesão corporal seguida de morte e homicídio culposo. (C) Homicídio culposo e homicídio culposo.(D) Tentativa de homicídio e homicídio culposo. A colisão que vitimou Tício constitui causa superveniente relativamente independente que por si só gerou o resultado. O nexo causal, nos termos do art. 13, § 1o, do CP, é interrompido (há imprevisibilidade). Caio, por isso, responderá por homicídio na forma tentada; Mévio, que ultrapassou o sinal vermelho (agiu com imprudência), responderá por homicídio culposo. Gabarito "D" 34. Há exclusão da culpabilidade em função de não se poder exigir conduta diversa do agente no caso de (A) coação moral irresistível. (B) doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado. (C) erro sobre a ilicitude do fato. (D) embriaguez completa proveniente de força maior. A exigibilidade de conduta diversa, que constitui um dos pressupostos da culpabilidade, pode ser excluída em dois casos: coação irresistível e obediência hierárquica (art. 22 do CP). Gabarito "A" 35. Fábio induziu Marília, portadora de desenvolvimento mental retardado — síndrome de Down — a praticar suicídio. Posteriormente, após Marília ter aderido à ideia, Fábio emprestou-lhe um revólver, vindo ela a se matar. Nessa situação, Fábio responderá por (A) Induzimento a suicídio. (B) Instigação a suicídio. (C) Auxílio a suicídio. (D) Homicídio. Art. 121, CP. O crime do art. 122 do CP (participação em suicídio) exige que a vítima disponha de alguma capacidade de discernimento e resistência; do contrário, como é o caso, tratar-se-á de homicídio. Gabarito "D" 36. Ao tomar conhecimento de um roubo ocorrido nas adjacências de sua residência, Caio compareceu à delegacia de polícia e noticiou o crime, alegando que vira Tício, seu inimigo capital, praticar o delito, mesmo sabendo que seu desafeto se encontrava na Europa na data do fato. Em decorrência do exposto, foi instaurado inquérito policial para apurar as circunstâncias do ocorrido. A esse respeito, é correto afirmar que Caio cometeu (A) delito de denunciação caluniosa. (B) crime de falso testemunho. (C) delito de comunicação falsa de crime. (D) delito de calúnia. Caio, ao provocar a instauração de investigação policial contra Tício, seu desafeto, sabendo-o inocente do crime que levou ao conhecimento da autoridade policial, cometeu o delito de DISCIPLINA DE TEMAS DE DIREITO II Professor Responsável ▪ Antonio Augusto Tams Gasperin PROVA OBJETIVA DE MÚLTIPLA ESCOLHA ▪ 1ª Avaliação 26 de se tem bro de 20 14 ▪ NOI TE denunciação caluniosa, capitulado no art. 339 do CP. Este crime não deve ser confundido com o do art. 340 do CP, comunicação falsa de crime ou de contravenção, em que se provoca a ação da autoridade, a esta comunicando crime ou contravenção que se sabe não se ter verificado. Difere, também, do tipo prefigurado no art. 138 do CP, calúnia, na medida em que, neste delito, atribui-se falsamente a alguém fato definido como crime. Sua consumação se opera no momento em que o fato chega ao conhecimento de terceiro. Aqui, o agente não dá causa à instauração de investigação ou processo. Gabarito “A” 37. Quando o agente não quer diretamente a realização do tipo, mas a aceita como possível, ou até provável, assumindo o risco da produção do resultado, há (A) dolo eventual. (B) preterdolo. (C) dolo direto de segundo grau. (D) dolo imediato. No dolo eventual, a postura do agente em relação ao resultado é de indiferença. Sua vontade não está dirigida à obtenção do resultado. Ele, em verdade, deseja outra coisa, mas, prevendo a possibilidade de o resultado ocorrer, revela- se indiferente e dá sequência à sua empreitada, assumindo o risco de causá-lo. Ele não o deseja, mas se acontecer, aconteceu. O dolo eventual não deve ser confundido com a culpa consciente. Nesta, embora o agente tenha a previsão do resultado ofensivo, espera, sinceramente, que ele não ocorra. Ele confia em sua destreza para evitar a ofensa ao bem jurídico. Temos, no crime preterdoloso, um antecedente doloso e um consequente culposo, necessariamente. No mais, dolo direto de segundo grau, indireto ou mediato é o que se refere às consequências secundárias, decorrentes dos meios escolhidos pelo autor para a prática da conduta, ao passo que dolo direto de primeiro grau ou imediato é aquele que diz respeito ao objetivo principal almejado pelo agente. Gabarito "A" 38. Paulo abordou a vítima Pedro em via pública e, mediante grave ameaça com emprego de arma de fogo, anunciou o assalto e exigiu a entrega da carteira com dinheiro. No momento em que Pedro retirava a carteira do bolso para entregar para Paulo este resolveu ir embora espontaneamente sem subtrair a res. Trata-se de hipótese típica de (A) arrependimento eficaz. (B) desistência voluntária. (C) tentativa. (D) arrependimento posterior. Na desistência voluntária – art. 15, primeira parte, do CP -, o agente, podendo chegar até a consumação do crime, acha por bem interromper sua execução, isto é, o sujeito ativo muda de ideia e desiste de consumar o delito. Foi o que se passou com Paulo. Ele deu início à execução do crime de roubo, já que empregou grave ameaça contra Pedro com o propósito de subtrair-lhe bens, e, após, de forma espontânea, desistiu da empreitada e evadiu-se do local. A tentativa do crime de roubo fica afastada, pois, para a sua configuração, seria necessário que a consumação não tivesse ocorrido por circunstâncias alheias à vontade do agente. Aqui, o crime não se consumou por circunstâncias relacionadas à vontade do agente. É importante aqui fazer um esclarecimento: o crime narrado no enunciado não teria atingido seu momento consumativo ainda que se considerasse como tal o da subtração da res. Vale dizer, permaneceria, de qualquer maneira, na esfera da tentativa. Digo isso porque, hodiernamente, há uma tendência da jurisprudência, notadamente do STF e do STJ, em considerar o momento consumativo do crime de roubo o do apossamento do bem, independentemente da inversão tranquila da posse. A esse respeito: STF, 1a T., HC 92.450- DF, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, j. 16.9.08. 39. Constituem elementos do estado de necessidade: (A) Perigo atual ou iminente, que o agente não tenha provocado, nem podia de outro modo ter evitado. (B) Reação à injusta agressão, atual ou iminente, fazendo uso dos meios necessários moderadamente. (C) Agressão atual, defesa de direito próprio ou de outrem e reação moderada. (D) Existência de perigo atual, cujo sacrifício, nas circunstâncias era razoável exigir-se. Os requisitos do estado de necessidade estão contidos no art. 24 do CP. Gabarito "A" 40. João, ciente de que José pretende matar seu desafeto, empresta-lhe uma arma para esse fim. Consumado o homicídio, João será considerado (A) autor imediato. (B) partícipe. (C) co-autor. (D) autor mediato. Ocorre participação quando o agente colabora para o crime sem cometer qualquer das condutas típicas (verbos contidos na lei penal). A participação aqui é material. A punição do partícipe se dá por meio do art. 29 do CP, que é uma norma de extensão. Gabarito "B"
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