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2014-2 Temas II-1a-N-20140926 - GABCOMENT

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DISCIPLINA DE TEMAS DE DIREITO II 
Professor Responsável ▪ Antonio Augusto Tams Gasperin 
PROVA OBJETIVA DE MÚLTIPLA ESCOLHA ▪ 1ª Avaliação 
26 de se tem bro de 20 14 ▪ NOI TE 
 
 
GABARITO E COMENTÁRIOS 
 
PROCESSO PENAL 
 
1. São implicações do principio do devido processo legal, 
EXCETO: 
(A) Favor rei, Imparcialidade do Juiz, Legalidade das formas. 
(B) Estado de inocência, Juiz Natural, Identidade física do 
Juiz. 
(C) Publicidade, Indisponibilidade da Ação Penal Pública, 
Oficialidade. 
(D) Verdade real, Assistência Judiciária, Iniciativa da parte. 
A Lei 11.719/08 introduziu no art. 399 do CPP o § 2º, 
conferindo-lhe a seguinte redação: “O juiz que presidiu a 
instrução deverá proferir a sentença”. O princípio da 
identidade física do juiz, antes exclusivo do processo civil, 
doravante será também aplicável ao processo penal. Como as 
restrições não foram disciplinadas no Código de Processo 
Penal, deve-se aplicar, quanto a estas, o que estabelece o art. 
132 do Código de Processo Civil. Conferir: STJ, HC 163.425-
RO, DJ 18.3.10. Gabarito "B" 
 
2. Assinale a alternativa incorreta. 
(A) O inquérito policial é procedimento administrativo, cautelar, 
dispensável. 
(B) O inquérito policial pode ser instaurado de ofício (mediante 
portaria do Delegado de Polícia, ou auto de prisão em 
flagrante), por requisição do Juiz ou do Ministério Público, ou 
por requerimento do ofendido ou de seu representante legal. 
(C) A Autoridade Policial tem jurisdição na sua área de 
atuação. 
(D) A Autoridade Policial, quando receber de qualquer do povo 
notícia verbal ou por escrito da ocorrência de ilícito penal, só 
instaurará inquérito policial após verificar a procedência das 
informações. 
A: o inquérito tem natureza administrativa. Além disso, 
constitui peça meramente informativa. Se o titular da ação 
penal dispuser de informações suficientes para exercê-la em 
juízo, poderá abrir mão do inquérito policial, que é, portanto, 
dispensável (art. 12 do CPP); B: art. 5º do CPP; C: art. 4º, 
caput, do CPP. Onde hoje se lê circunscrições antes se lia 
equivocadamente jurisdições. A imprecisão terminológica foi 
corrigida pela Lei 9.043/95; D: art. 5º, § 3º, do CPP. 
Gabarito "C" 
 
3. Se o querelante, nos crimes de ação penal privada, deixar 
de formular o pedido de condenação nas alegações finais, o 
juiz deverá: 
(A) Extinguir desde logo o processo, em face da renúncia 
tácita. 
(B) Extinguir desde logo o processo, em face do perdão tácito. 
(C) Absolver desde logo o querelado. 
(D) Julgar extinta a punibilidade pela perempção. 
A perempção (art. 107, IV, do CP), instituto exclusivo da ação 
penal privada, constitui uma sanção aplicada ao querelante 
que deixa de promover o bom andamento processual, 
mostrando-se negligente e desidioso. Suas hipóteses estão 
contidas no art. 60 do CPP. A hipótese tratada no enunciado 
está contemplada no art. 60, III, do CPP. Gabarito "D" 
 
4. Em relação à delimitação da competência no processo 
penal, às prerrogativas de função e ao foro especial, assinale 
a opção correta. 
(A) No caso de conexão entre um crime comum e um crime 
eleitoral, este deve ser processado perante a justiça eleitoral e 
aquele, perante a justiça estadual, visto que, no concurso de 
jurisdições de diversas categorias, ocorre a separação dos 
processos. 
(B) Não viola a garantia do juiz natural a atração por 
continência do processo do co-réu ao foro especial do outro 
denunciado, razão pela qual um advogado e um juiz de direito 
que pratiquem crime contra o patrimônio devem ser 
processados perante o tribunal de justiça. 
(C) O militar que, no exercício da função, pratica crime doloso 
contra a vida de um civil deve ser processado perante a 
justiça militar. 
(D) Membro do Ministério Público estadual que pratica crime 
doloso contra a vida deve ser processado perante o tribunal 
do júri e, não, no foro por prerrogativa de função ou especial, 
visto que a competência do tribunal do júri está expressa na 
Constituição Federal. 
A: art. 78, IV, do CPP; B: art. 96, III, da CF; e art. 78, III, do 
CPP; C: art. 125, § 4º, da CF; D: prevalece o foro por 
prerrogativa de função (art. 96, III, da CF), uma vez que a 
própria Constituição estabelece a exceção à competência do 
Tribunal do Júri. No entanto, se acaso a competência por 
prerrogativa de função não estiver contida na Carta Magna, o 
julgamento deverá ocorrer perante o Tribunal Popular. 
Gabarito "B" 
 
5. De acordo com o Código de Processo Penal, quanto ao 
interrogatório judicial, assinale a afirmativa INCORRETA. 
(A) O silêncio do acusado não importará confissão e não 
poderá ser interpretado em prejuízo da defesa, mesmo no 
caso de crimes hediondos. 
(B) A todo tempo o juiz poderá, atendendo pedido 
fundamentado das partes, ou mesmo de ofício, proceder a 
novo interrogatório, mesmo quando os autos já se 
encontrarem conclusos para sentença. 
(C) O mudo será interrogado oralmente, devendo responder 
às perguntas por escrito, salvo quando não souber ler e 
escrever, situação em que intervirá no ato, como intérprete e 
sob compromisso, pessoa habilitada a entendê-lo. 
(D) O juiz, por decisão fundamentada, poderá realizar o 
interrogatório do réu preso por sistema de videoconferência, 
desde que a medida seja necessária para reduzir os custos 
para a Administração Pública. 
A: assertiva correta, pois em consonância com o disposto no 
art. 186, parágrafo único, do CPP; B: correta, visto que 
corresponde ao que enuncia o art. 196 do CPP; C: correta – 
está em conformidade com o que estabelece o art. 192 do 
CPP; D: incorreta, pois esta hipótese não está contemplada 
no rol do art. 185, § 2º, do CPP. Gabarito “D” 
 
6. Em relação às exceções previstas na legislação processual 
penal, assinale a alternativa correta. 
(A) A arguição de suspeição sempre precederá a qualquer 
outra. 
(B) As exceções serão processadas em autos apartados e 
não suspenderão, em regra, o andamento da ação penal. 
(C) Se for arguida a suspeição do órgão do Ministério Público, 
o juiz, depois de ouvi-lo, decidirá, sem recurso, podendo antes 
admitir a produção de provas no prazo de 10 (dez) dias. 
(D) Poderá se opor suspeição às autoridades policiais nos 
atos do inquérito. 
A: incorreta, pois esta regra comporta exceção, conforme reza 
o art. 96 do CPP; B: correta, nos termos do que dispõe o art. 
111 do CPP; C: incorreta, uma vez que o prazo estabelecido 
no art. 104 do CPP é de três dias; D: não se poderá opor 
exceção às autoridades policiais nos atos do inquérito – art. 
107 do CPP. Gabarito “B” 
 
 
DISCIPLINA DE TEMAS DE DIREITO II 
Professor Responsável ▪ Antonio Augusto Tams Gasperin 
PROVA OBJETIVA DE MÚLTIPLA ESCOLHA ▪ 1ª Avaliação 
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7. Acerca da revisão criminal, assinale a opção correta. 
(A) A revisão poderá ser requerida em qualquer tempo, antes 
ou após a extinção da pena. 
(B) Ainda que fundada em novas provas, não é admitida a 
reiteração do pedido de revisão criminal. 
(C) A revisão não pode ser pedida pelo próprio réu, pois é 
recurso de interposição privativo de advogado. 
(D) Julgando procedente a revisão, o tribunal poderá alterar a 
classificação da infração ou absolver o réu, mas não poderá 
modificar a pena. 
A: art. 622, “caput”, do CPP; B: art. 622, p. único, do CPP; C: 
art. 623 do CPP; D: art. 626, “caput”, do CPP. Gabarito “A” 
 
8. Durante uma blitz, um policial simulou a descoberta de 
arma de fogo e substância alucinógena no porta-malas do 
carro de Rui, que foi preso em flagrante. O flagrante foi 
comunicado ao juiz no prazo legal. O advogado de Rui 
apresentou requerimento adequado ao juiz de plantão, que 
indeferiu o pedido, sob o fundamento de que as prisões 
provisórias não ofendem os preceitos constitucionais. Nessa 
situação hipotética, a providência cabível para que Rui sejaliberado será 
(A) O habeas corpus perante o tribunal de justiça. 
(B) O livramento condicional perante o juiz titular. 
(C) A reclamação à corregedoria de polícia. 
(D) O habeas corpus perante o STF. 
Art. 5º, LXVIII, da CF; arts. 647 e 648, I, do CPP. O remédio 
constitucional deverá ser impetrado no Tribunal de Justiça 
porque a autoridade coatora, neste caso, é juiz de direito. 
Gabarito “A” 
 
9. No que se refere às ações autônomas criminais, assinale a 
opção correta. 
(A) Em face da soberania dos veredictos, das decisões de 
mérito do tribunal do júri não se admite revisão criminal. 
(B) A revisão criminal pode ser requerida, desde que antes da 
extinção da pena, pelo réu ou por procurador, 
independentemente de habilitação. 
(C) Cabe habeas corpus contra decisão condenatória a pena 
de multa ou quando já estiver extinta a pena privativa de 
liberdade. 
(D) Admite-se mandado de segurança para o advogado poder 
acompanhar diligência em processo judicial, ainda que 
sigiloso. 
A: prevalece hoje na doutrina e na jurisprudência o 
entendimento segundo o qual cabe revisão criminal contra 
decisão definitiva proferida pelo Tribunal Popular; B: arts. 622 
e 623 do CPP; C: Súmulas n. 693 e 695, STF; D: art. 5º, LXIX, 
da CF. As Leis 1.533/51 e 4.348/64 foram expressamente 
revogadas pela Lei 12.016/09, que estabeleceu nova 
disciplina para o mandado de segurança (individual e 
coletivo). Destina-se o mandado de segurança a amparar 
direito líquido e certo. A jurisprudência tem entendido cabível 
o uso do mandado de segurança, entre outras hipóteses, para 
permitir o acesso do advogado aos autos de inquérito e 
também do processo, ainda que tramitem em segredo de 
justiça. Gabarito “D” 
 
10. Sobre a denúncia, assinale a alternativa correta. 
(A) Havendo erro na classificação jurídica do fato imputado ao 
acusado a denúncia deve ser rejeitada. 
(B) Desconhecida a identidade física dos demais participantes 
do fato delituoso, a denúncia do único indiciado conhecido não 
se apresenta, por essa circunstância, viciada, de sorte a 
ensejar nulidade. 
(C) A denúncia deve trazer, necessariamente, o rol de 
testemunhas. 
(D) A denúncia deve, necessariamente, estar acompanhada 
do inquérito policial. 
A: a classificação jurídica equivocada do fato imputado ao 
acusado não tem o condão de invalidar a denúncia, que não 
poderá, por essa razão, ser rejeitada, uma vez que o juiz não 
está vinculado à classificação do crime formulada na peça 
acusatória (art. 383 do CPP – princípio do jura novit curia); B: 
embora não haja previsão expressa, a ação penal pública é 
informada pelo princípio da indivisibilidade. O promotor de 
justiça, por conta disso, está obrigado a denunciar todos 
aqueles que cometeram a infração penal. O fato de o 
promotor oferecer denúncia em relação a um agente e deixar 
de fazê-lo em relação a outro que até então não havia sido 
identificado não implica violação ao princípio da 
indivisibilidade da ação penal, tampouco qualquer sorte de 
nulidade; C: reza o art. 41 do CPP: “A denúncia ou queixa 
conterá...e, quando necessário, o rol das testemunhas”; D: 
incorreta, nos termos do art. 12 do CPP. Gabarito "B" 
 
11. Quanto à eficácia temporal, a lei processual penal 
(A) aplica-se somente aos fatos criminosos ocorridos após a 
sua vigência. 
(B) vigora desde logo, tendo sempre efeito retroativo. 
(C) tem aplicação imediata, sem prejuízo da validade dos atos 
já realizados. 
(D) tem aplicação imediata nos processos ainda não 
instruídos. 
Via de regra, a lei processual penal, em vista do disposto no 
art. 2º do CPP, terá aplicação imediata (tempus regit actum). 
Há, entretanto, normas jurídicas que possuem natureza mista 
(normas híbridas), isto é, são dotadas de natureza processual 
e material ao mesmo tempo. Dessa forma, se se tratar de uma 
norma processual de caráter material penal, deverá 
prevalecer, em detrimento do regramento estabelecido no art. 
2º do CPP, as normas contidas no art. 5º, XL, da CF e art. 2º, 
parágrafo único, do Código Penal. Em se tratando de uma 
norma mais favorável ao réu, deverá retroagir em seu 
benefício; se prejudicial a lei nova, aplica-se a lei já revogada 
(lex mitior). Gabarito "C" 
 
12. Marque a opção INCORRETA. Tratando-se de ação penal 
de natureza privada, prevalecem as seguintes normas, 
princípios e fundamentos: 
(A) Da indivisibilidade. 
(B) Da indisponibilidade. 
(C) Da oportunidade. 
(D) Da conveniência. 
A ação penal privada, ao contrário da pública, é regida pelo 
princípio da disponibilidade, na medida em que pode o seu 
titular desistir de prosseguir na demanda por ele ajuizada. O 
princípio da indisponibilidade – art. 42, CPP – é exclusivo da 
ação penal pública. Os outros constituem princípios 
informadores da ação penal de iniciativa privada, ressaltando-
se que oportunidade e conveniência constituem o mesmo 
postulado. O princípio da indivisibilidade da ação penal 
privada, por sua vez, está consagrado no art. 48 do CPP. 
Embora não haja disposição expressa de lei, o postulado da 
indivisibilidade, em princípio, é também aplicável à ação penal 
pública. No que se refere a esta modalidade de ação, seria 
inconcebível imaginar que o MP pudesse escolher contra 
quem ele iria propor a ação penal. É nesse sentido que 
incorporamos o postulado da indivisibilidade no âmbito da 
ação penal pública. Mas o STF não compartilha dessa lógica. 
Para a nossa Corte Suprema, a indivisibilidade não se aplica à 
ação penal pública (somente à ação privada). Dito de outro 
modo, o art. 48 do CPP somente tem incidência na ação penal 
de iniciativa privada. Sustenta o STF que a divisibilidade da 
ação penal pública reside no fato de o MP ter a liberdade de 
não ofertar a denúncia contra alguns autores de crime contra 
 
DISCIPLINA DE TEMAS DE DIREITO II 
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os quais ainda não há elementos suficientes e, assim que 
esses elementos forem reunidos, aditar a denúncia. Assim, a 
ação deixa de ser indivisível pelo simples fato de a denúncia 
comportar aditamento posterior. Com a devida vênia, a 
indivisibilidade, a nosso ver, consiste na impossibilidade de o 
membro do MP escolher contra quem a denúncia será 
oferecida. Se houver elementos, a ação deverá ser promovida 
contra todos. Gabarito "B" 
 
13. Estando diante de crimes em que a pena mínima 
cominada seja igual ou inferior a 1 (um) ano, a suspensão 
condicional do processo poderá vir a ser aplicada nos 
Juizados Especiais Criminais. Partindo desse contexto, julgue 
os itens a seguir: 
I. Durante o prazo de suspensão do processo não correrá a 
prescrição. 
II. A suspensão será revogada se, no curso do prazo, o 
beneficiário vier a ser processado por outro crime ou não 
efetuar, sem motivo justificado, a reparação do dano. 
III. A suspensão poderá ser revogada se o acusado vier a ser 
processado, no curso do prazo, por contravenção, ou 
descumprir qualquer outra condição imposta. 
IV. Expirado o prazo sem revogação da suspensão 
condicional do processo, o juiz declarará a extinção da 
punibilidade. 
(A) Somente as assertivas I, II e IV estão corretas. 
(B) Somente as assertivas I, III e IV estão corretas. 
(C) Somente as assertivas I e IV estão corretas. 
(D) Todas as assertivas estão corretas. 
I: art. 89, § 6º, da Lei 9.099/95; II: art. 89, § 3º, da Lei 
9.099/95; III: art. 89, § 4º, da Lei 9.099/95; IV: art. 89, § 5º, da 
Lei 9.099/95. Gabarito "D" 
 
14. Das hipóteses relacionadas, assinale aquela em que a 
decisão penal absolutória impede a propositura de ação civil. 
(A) Não constituir o fato infração penal. 
(B) Não haver provas da existência do fato. 
(C) Militar uma excludente de antijuridicidade. 
(D) Estar provada a inexistência do fato. 
Art. 66 do CPP.Gabarito "D" 
 
15. No processo penal, o recurso de embargos infringentes 
cabe: 
(A) quando não for unânime a decisão de segundo grau, 
desfavorável ao réu; 
(B) quando não for unânime a decisão de segundo grau; 
(C) quando, em segundo grau, a decisão, por maioria, 
reformar a de primeiro grau; 
(D) quando, em segundo grau, a decisão desfavorável ao réu, 
por maioria, reformar a de primeiro grau, que lhe era 
favorável. 
Art. 609, parágrafo único, do CPP. É recurso privativo da 
defesa, manejado nos casos em que a decisão de segundo 
grau não for unânime. Gabarito "A" 
 
16. Haverá conexão material quando 
(A) a prova de uma infração ou de qualquer circunstância 
influir na prova de outra. 
(B) os crimes forem praticados para facilitar ou ocultar outros, 
ou para se conseguir vantagem ou impunidade de outros. 
(C) duas ou mais infrações forem praticadas por várias 
pessoas reunidas. 
(D) uma única conduta delituosa gerar pluralidade de eventos 
típicos. 
Art. 76, II, do CPP. Gabarito "B" 
 
17. Em tema de prova penal, é correto afirmar que: 
(A) em regra vigora o sistema da íntima convicção, pelo qual o 
juiz formará sua convicção pela livre apreciação da prova, 
estando dispensado de motivá-la. 
(B) não sendo possível o exame de corpo de delito, por 
haverem desaparecido os vestígios, a confissão poderá suprir-
lhe a falta. 
(C) em crime que deixa vestígios, o juiz não ficará adstrito ao 
laudo, podendo aceitá-lo ou rejeitá-lo, no todo ou em parte. 
(D) as provas requeridas pela Defesa deverão ser deferidas 
pelo juiz independentemente da pertinência que guardem com 
o objeto do processo. 
A: adotamos, como regra, o sistema da persuasão racional ou 
livre convencimento motivado, em que o magistrado decidirá 
com base no seu livre convencimento. Deverá, todavia, 
fundamentar sua decisão (art. 93, IX, da CF). O sistema da 
íntima convicção é o que vige no Tribunal do Júri, onde o 
jurado não motiva seu voto. Existe ainda o sistema da prova 
legal: o juiz fica adstrito ao valor atribuído à prova pelo 
legislador; B: arts. 158 e 167 do CPP. À falta do exame de 
corpo de delito, a solução está no art. 167 do CPP, com a 
colheita de depoimentos de testemunhas. A confissão jamais 
poderá suprir tal falta; C: art. 182 do CPP; D: as provas 
consideradas impertinentes deverão ser indeferidas. Gabarito 
"C" 
 
HUMANOS 
 
18. Com relação aos chamados “direitos econômicos, sociais 
e culturais”, é correto afirmar que 
(A) formam, juntamente com os direitos civis e políticos, um 
conjunto indivisível de direitos fundamentais, entre os quais 
não há qualquer relação hierárquica. 
(B) são previstos, no âmbito do sistema interamericano, no 
texto original da Convenção Americana sobre Direitos 
Humanos (Pacto de San José da Costa Rica). 
(C) incluem o direito à participação no processo eleitoral, à 
educação, à alimentação e à previdência social. 
(D) são direitos humanos de segunda geração, o que significa 
que não são juridicamente exigíveis, diferentemente do que 
ocorre com os direitos civis e políticos. 
A: correta. Todos os direitos humanos se retroalimentam e se 
complementam, assim é infrutífero buscar a proteção de 
apenas uma parcela deles. Veja-se o exemplo do direito à 
vida, núcleo dos direitos humanos. Este compreende o direito 
do ser humano não ter sua vida ceifada (atuação estatal 
negativa), como também o direito de ter acesso aos meios 
necessários para conseguir sua subsistência e uma vida digna 
(atuação estatal positiva). Percebe-se a interação dos direitos 
pessoais com os direitos sociais, econômicos e culturais para 
garantir a substancial implementação do direito à vida. 
Ademais, o princípio da complementaridade solidária dos 
direitos humanos de qualquer espécie foi proclamado 
solenemente pela Conferência Mundial de Direitos Humanos, 
realizada em Viena em 1993. É importante transcrever trecho 
da Declaração de Viena que bem sintetiza as características 
dos direitos humanos de um modo geral: “Todos os direitos 
humanos são universais, indivisíveis, interdependentes e inter-
relacionados. A comunidade internacional deve tratar os 
direitos humanos de forma global, justa e equitativa, em pé de 
igualdade e com a mesma ênfase. Embora particularidades 
nacionais e regionais devam ser levadas em consideração, 
assim como diversos contextos históricos, culturais e 
religiosos, é dever dos Estados promover e proteger todos os 
direitos humanos e liberdades fundamentais, sejam quais 
forem seus sistemas políticos, econômicos e culturais”; B: 
correta. Isto porque foi o protocolo adicional à Convenção 
Americana de Direitos Humanos (Protocolo de San Salvador) 
que definiu o conteúdo dos direitos econômicos, sociais e 
culturais no âmbito do sistema interamericano de proteção dos 
 
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direitos humanos. Entretanto, os direitos econômicos, sociais 
e culturais já estavam previstos no art. 26 da Convenção 
Americana de Direitos Humanos ou Pacto de San José da 
Costa Rica. Portanto, resta claro que os direitos econômicos, 
sociais e culturais estão previstos (mas não definidos) no texto 
original da Convenção Americana de Direitos Humanos (Pacto 
de San José da Costa Rica). Percebe-se que a redação da 
assertiva “b” refere-se simplesmente à previsão dos direitos 
econômicos, sociais e culturais, destarte nós consideramos 
esta assertiva como correta também. O gabarito oficial indicou 
somente a assertiva “A” como correta; C: incorreta. O direito à 
participação no processo eleitoral é um exemplo típico de 
direito politico e não econômico, social e cultural. Os direitos 
politicos encontram-se disciplinados no art. 21 da Declaração 
Universal dos Direitos Humanos; D: incorreta. Todos os 
direitos humanos são juridicamente exigíveis, pois, conforme 
dito na assertiva “A”, são indivisíveis, interdependentes e inter-
relacionados. É importante lembrar que os direitos humanos 
de segunda geração referem-se aos direitos econômicos, 
sociais e culturais. A titularidade desses direitos é atribuída à 
coletividade, destarte, são conhecidos como direitos coletivos. 
Seu fundamento é a ideia de igualdade, e o grande motivador 
do aparecimento desses direitos foi o movimento antiliberal, 
notadamente após a Primeira Guerra Mundial. A URSS teve 
papel central neste movimento, pois defendia a perspectiva 
social dos direitos humanos. E tal linha foi consagrada no 
Pacto Internacional de Direitos Econômicos, Sociais e 
Culturais. Cabe destacar que esses direitos aparecerem em 
primeiro lugar na Constituição Mexicana de 1917 e na 
Constituição da Alemanha de 1919 (“Constituição de 
Weimar”). Em que pese nossa afirmação no tocante à 
justiciabilidade dos direitos econômicos, sociais e culturais, 
cabe explicar como ela se dá no sistema interamericano. A 
Corte Interamericana tem competência para interpretar e 
aplicar o Protocolo Adicional à Convenção Americana de 
Direitos Humanos (Protocolo de San Salvador) somente em 
relação ao art. 8, ponto 1, alínea a (direitos sindicais dos 
trabalhadores) e ao art. 13 (direito à educação). Tudo em 
conformidade com o art. 19, ponto 6, do mencionado 
Protocolo, o qual determina que são esses os únicos direitos 
passíveis de serem acionados perante a Corte 
(justiciabilidade), entre um amplo conjunto de direitos 
econômicos, sociais e culturais de que trata esse protocolo. 
Entretanto, o que se percebe no campo prático é uma 
jurisprudência criativa que permite uma implementação 
indireta dos direitos econômicos, sociais e culturais. Uma das 
grandes contribuições para essa substancial evolução foi a 
construção jurisprudencial de um conceito amplo ou lato 
sensu do direito de acesso à justiça (art. 25 da ConvençãoAmericana), o que permite o acionamento da Corte para 
proteção de todos os direitos humanos, inclusive os 
econômicos, sociais e culturais. Cabe destacar também a 
construção jurisprudencial da Corte que qualificou de jus 
cogens os princípios da equidade e da não discriminação, os 
quais são, logicamente, aplicados em relação a todos os 
direitos humanos. E, por fim, o estabelecimento, pela Corte, 
de um conceito amplo do direito à vida, o qual exige a 
proteção e a implementação dos direitos econômicos, sociais 
e culturais para sua satisfatória efetivação. Gabarito "A" 
 
19. De acordo com o Direito Internacional dos Direitos 
Humanos, no tocante à interpretação, em caso de conflito, das 
normas definidoras de direitos e garantias, 
(A) prevalece sempre a norma mais benéfica à pessoa 
humana. 
(B) prevalece sempre a norma internacional. 
(C) prevalece sempre a norma interna. 
(D) norma posterior derroga a anterior. 
O Direito Internacional atinente aos Direitos Humanos 
consagra a prevalência da norma (e da interpretação) mais 
benéfica ao ser humano, conforme, por exemplo, o art. 29 do 
Pacto de São José da Costa Rica (promulgado pelo Decreto 
678/1992) e o art. 5º, § 2º, da CF. Gabarito "A" 
 
20. Tendo em conta a Emenda Constitucional nº 45, de 2004, 
em relação à incorporação ao direito interno e à respectiva 
posição hierárquica dos tratados internacionais de direitos 
humanos ratificados pelo Brasil, é correto afirmar: 
(A) Os tratados e convenções internacionais sobre direitos 
humanos que vierem a ser aprovados por três quintos dos 
votos dos membros de cada Casa do Congresso Nacional 
terão força de emendas constitucionais. 
(B) Os tratados e convenções internacionais sobre direitos 
humanos ratificados pelo Brasil previamente à edição da 
Emenda Constitucional nº 45 deixaram de integrar o direito 
interno. 
(C) O Supremo Tribunal Federal firmou jurisprudência 
entendendo que os tratados internacionais de direitos 
humanos ratificados pelo Brasil nos termos da Emenda 
Constitucional nº 45 possuem natureza supralegal e 
infraconstitucional. 
(D) Os tratados e convenções internacionais sobre direitos 
humanos que haviam sido aprovados pelo Congresso 
Nacional previamente à edição da Emenda Constitucional nº 
45 foram equiparados às emendas constitucionais. 
Nos exatos termos do art. 5º, § 3º, da CF, incluído pela EC 
45/2004, os tratados e convenções internacionais sobre 
direitos humanos que forem aprovados, em cada Casa do 
Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos 
votos dos respectivos membros, serão equivalentes às 
emendas constitucionais. A: correta, pois reflete o disposto no 
art. 5º, § 3º, da CF; B: incorreta, pois os tratados anteriores 
continuam em plena vigência, até porque o art. 5º, § 2º, da 
CF, vigente desde a promulgação da Constituição em sua 
redação original, dispõe que os direitos e garantias nela 
expressos não excluem outros decorrentes dos tratados 
internacionais em que a República Federativa do Brasil seja 
parte; C: incorreta, pois o STF jamais afirmou que os tratados 
internacionais posteriores à EC 45/2004 possuem, 
necessariamente, natureza infraconstitucional. O STF 
reconheceu que o Pacto de São José da Costa Rica é norma 
supralegal com fundamento de validade no art. 5º, § 2º, da CF 
– ver HC 94.013/SP-STF. Na oportunidade, a Suprema Corte 
consignou que o atendimento ao art. 5º, § 3º, da CF (não é o 
caso do Pacto de São José), implicaria, em tese, natureza 
constitucional do tratado internacional sobre direitos humanos, 
razão pela qual a assertiva é incorreta; D: incorreta, pois 
somente os tratados que sejam aprovados pelo Congresso na 
forma qualificada prevista no art. 5º, § 3º da CF terão a 
natureza de norma constitucional. Gabarito "A" 
 
21. A Declaração Universal dos Direitos Humanos fundada no 
reconhecimento da dignidade inerente a todos os membros da 
família humana reconhece como direito inalienável do 
Homem, exceto: 
(A) O direito à instrução, sendo a instrução elementar 
obrigatória; 
(B) O direito a um padrão de vida capaz de assegurar a si e a 
sua família saúde e bem-estar, inclusive alimentação, 
vestuário, habitação, cuidados médicos e os serviços sociais 
indispensáveis; 
(C) O direito à proteção à minoria ética e religiosa, assim 
entendida como os imigrantes residentes em determinado 
Estado; 
(D) O direito de participar livremente da vida cultural da 
comunidade. 
 
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A: correta. A redação do art. 26, ponto 1, da Declaração 
Universal dos Direitos Humanos é a seguinte: “Toda pessoa 
tem direito à instrução. A instrução será gratuita, pelo menos 
nos graus elementares e fundamentais. A instrução elementar 
será obrigatória. A instrução técnico-profissional será 
acessível a todos, bem como a instrução superior, esta 
baseada no mérito”; B: correta. A redação do art. 25, ponto 1, 
da Declaração Universal dos Direitos Humanos é a seguinte: 
“Toda pessoa tem direito a um padrão de vida capaz de 
assegurar a si e a sua família saúde e bem-estar, inclusive 
alimentação, vestuário, habitação, cuidados médicos e os 
serviços sociais indispensáveis, e direito à segurança em caso 
de desemprego, doença, invalidez, viuvez, velhice ou outros 
casos de perda dos meios de subsistência fora de seu 
controle”; C: incorreta, pois não existe disposição, na 
Declaração Universal dos Direitos Humanos, nesse sentido; 
D: correta. A redação do art. 27, ponto 1, da Declaração 
Universal dos Direitos Humanos é a seguinte: “Toda pessoa 
tem o direito de participar livremente da vida cultural da 
comunidade, de fruir as artes e de participar do processo 
científico e de seus benefícios”. Gabarito "C" 
 
22. O Tribunal Penal Internacional tem competência para 
julgar pessoas 
(A) e Estados acusados de crimes de guerra, contra a 
humanidade, genocídio e terrorismo. 
(B) e Estados acusados de crimes de guerra, contra a 
humanidade e genocídio. 
(C) acusadas de crimes de guerra, contra a humanidade e 
genocídio, ocorridos a partir da entrada em vigor do Estatuto 
de Roma, em 2002. 
(D) acusadas de crimes de guerra, contra a humanidade e 
genocídio, ocorridos a partir da entrada em vigor do Estatuto 
de Roma, em 1998. 
O Estatuto de Roma – ER entrou em vigor internacional em 
1.7.2002 e, em relação ao Brasil, em 1.9.2002, tendo sido 
promulgado pelo Decreto 4.388, de 25.9.2002. O ER prevê a 
competência do Tribunal Penal Internacional – TPI para julgar 
os crimes de (i) genocídio, (ii) contra a humanidade; (iii) de 
guerra e (iv) de agressão. No caso da agressão, a definição 
do crime e as condições para que o TPI exerça a competência 
foram fixadas apenas recentemente, na Conferência de 
Revisão do Estatuto de Roma – Kampala/Uganda, em 2010. 
Gabarito "C" 
 
23. Os direitos fundamentais possuem determinadas 
características que foram objeto de detalhado estudo da 
doutrina nacional e internacional. A respeito dessas 
características, assinale a opção correta. 
(A) O princípio da universalidade impede que determinados 
valores sejam protegidos em documentos internacionais 
dirigidos a todos os países. 
(B) A irrenunciabilidade dos direitos fundamentais não destaca 
o fato de que estes se vinculam ao gênero humano. 
(C) É característica marcante o fato de os direitos 
fundamentais serem absolutos, no sentido de que eles devem 
sempre prevalecer, independentemente da existência de 
outros direitos, segundo a máxima do “tudo ou nada”. 
(D) A imprescritibilidade dos direitos fundamentais vincula-se 
à sua proteção contra o decurso do tempo. 
A: incorreta, pois é o contrário: a Declaração Universal dos 
Direitos Humanos de 1948 universalizou a noção de direitos 
humanos.Muito importante foi o papel da Declaração, pois 
antes disso a proteção dos direitos humanos ficava relegada a 
cada Estado, que, com suporte em sua intocável soberania, 
tinha autonomia absoluta para determinar e executar as 
políticas relacionadas à proteção da dignidade da pessoa 
humana. Todavia, obras de horror, como o nazifascismo, 
demonstraram que a proteção do ser humano não pode ficar 
somente nas “mãos de governos”. Assim, um dos grandes 
objetivos perseguidos com a criação da ONU foi o de buscar a 
proteção dos direitos humanos a nível universal. Grande 
passo foi dado neste sentido com a promulgação da 
Declaração Universal dos Direitos Humanos. Assim, “o direito 
a ter direitos” de Hannah Arendt passaria a ter tutela 
internacional. As críticas referentes à leitura de 
universalização por ocidentalização não devem proceder, isto 
porque os direitos humanos transcendem às criações culturais 
no sentido lato (religião, tradição, organização política etc.) por 
serem adstritos à condição humana. Desta forma, 
particularidades regionais e nacionais devem ser levadas em 
conta, mas nunca devem impedir a proteção mínima dos 
direitos humanos, até porque estes fazem parte do jus 
cogens. Assim o universalismo derrota o relativismo; B: 
incorreta, pois é o contrário: por serem direitos adstritos à 
condição humana, estes não podem ser renunciáveis, pois 
formam o indivíduo na sua plenitude. Assim, são indisponíveis 
tanto pelo Estado como pelo particular. Tal característica se 
confirma pelo fato de os direitos humanos fazerem parte do 
jus cogens, isto é, inderrogáveis por ato volitivo; C: incorreta, 
os direitos fundamentais encontram seus limites em outros 
direitos, também fundamentais, pois não existem direitos 
ilimitados e absolutos, mas sim a necessidade de proceder, 
caso a caso, a uma ponderação para buscar a efetivação, isto 
é, a aplicabilidade, sempre que estiverem em colisão. 
Portanto, diante de conflitos entre direitos fundamentais deve-
se aplicar o princípio constitucional da proporcionalidade, o 
qual guiará, no caso concreto, para uma aplicação coerente 
do direito fundamental, levando em consideração a incidência 
que cada um deve ter e, desta maneira, preserva-se o máximo 
dos direitos e garantias fundamentais consagrados 
constitucionalmente. A título exemplificativo, mesmo o direito à 
vida é excepcionalmente relativizado, no caso da legítima 
defesa, por exemplo, ou, em alguns países, no caso da pena 
de morte; D: correta. Os direitos humanos são atemporais, 
pois estão adstritos à condição humana. Assim, os direitos 
humanos não são passíveis de prescrição, ou seja, não 
caducam com o transcorrer do tempo. Gabarito “D” 
 
PENAL 
 
24. Leonardo, indignado por não ter recebido uma dívida 
referente a venda de cinco cigarros, desferiu facadas no 
devedor, que, em razão dos ferimentos, faleceu. Logo após o 
fato, Leonardo escondeu o cadáver em uma gruta. Com base 
na situação hipotética acima, é correto afirmar que 
(A) A ocultação de cadáver é crime permanente. 
(B) Há concurso formal entre o homicídio e a ocultação de 
cadáver. 
(C) Leonardo praticou crime de homicídio qualificado por 
motivo torpe. 
(D) O fato de Leonardo ter cometido o crime por não ter 
recebido uma dívida é circunstância que agrava a pena. 
Comentário – A: o crime a que se refere o art. 211 do CP 
contém três núcleos (tipo misto alternativo). Nas modalidades 
“destruir” e “subtrair” o crime será instantâneo; já na forma 
“ocultar”, o delito será permanente, na medida em que a sua 
consumação se prolonga no tempo, condicionada à vontade 
do sujeito; B: o art. 70 do CP, que trata do concurso formal, 
fala em ação ou omissão única; C: torpe é o motivo vil, 
repugnante, abjeto. Ao que parece, Leonardo matou por 
motivo insignificante, de pequena importância, por motivo fútil 
(art. 121, § 2º, II, do CP); D: a circunstância não está contida 
no rol do art. 61 do CP (circunstâncias agravantes). 
Gabarito "A" 
 
 
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25. Com relação aos crimes contra o patrimônio, assinale a 
opção correta. 
(A) A conduta da vítima não é fator de distinção entre os 
delitos de roubo e extorsão. 
(B) O crime de extorsão mediante sequestro consuma-se no 
momento em que o resgate é exigido, independentemente do 
momento da privação da liberdade da vítima. 
(C) Ocorre crime de extorsão indireta quando alguém, 
abusando da situação de outro, exige, como garantia de 
dívida, documento que pode dar causa a procedimento 
criminal contra a vítima ou terceiro. 
(D) No crime de apropriação indébita, o fato de o agente 
praticá-lo em razão de ofício, emprego ou profissão não 
interfere na imposição da pena, por se tratar de elementar do 
tipo. 
Comentário – A: opção incorreta. No roubo, a subtração da 
res é feita pelo autor do crime, ao passo que, na extorsão, o 
apoderamento da res depende de uma conduta da vítima, 
que, em regra, entrega o bem ao agente; B: opção incorreta. 
Tal crime é consumado no momento da privação da liberdade 
da vítima, independentemente do momento em que a 
condição ou preço do resgate é exigido; C: opção correta. O 
crime de extorsão indireta está tipificado no art. 160 do CP, 
que assim dispõe: “exigir ou receber, como garantia de dívida, 
abusando da situação de alguém, documento que pode dar 
causa a procedimento criminal contra a vítima ou contra 
terceiro”; D: opção incorreta. Trata-se de causa de aumento 
especial, prevista no art. 168, § 1.º, do CP. Gabarito "C" 
 
26. Considere que Charles, funcionário público no exercício de 
suas funções, tenha desviado dolosamente valores 
particulares de que tinha a posse em razão do cargo. Nessa 
situação hipotética, 
(A) Charles praticou crime de furto, e não de peculato, haja 
vista que os valores de que tinha a posse em razão do cargo 
eram particulares, e não, públicos. 
(B) se Charles reparar o dano antes do recebimento da 
denúncia, sua punibilidade será extinta; se o fizer 
posteriormente, sua pena será diminuída. 
(C) a pena de Charles não seria alterada na eventualidade de 
ser ele ocupante de cargo em comissão de órgão da 
administração direta, visto que a tipificação do crime já 
considera o fato de ser o agente funcionário público como 
elementar do tipo. 
(D) Charles praticou peculato-desvio, podendo eventual 
reparação do dano ser considerada arrependimento posterior 
ou circunstância atenuante genérica, a depender do momento 
em que for efetivada. 
Comentário – A: opção incorreta. O tipo peculato prevê o 
envolvimento de valores particulares de que o agente tem a 
posse em razão do cargo. Assim dispõe o art. 312 do CP: 
“Apropriar-se o funcionário público de dinheiro, valor ou 
qualquer outro bem móvel, público ou particular, de que tem a 
posse em razão do cargo, ou desviá-lo, em proveito próprio ou 
alheio. Pena: reclusão, de dois a doze anos, e multa. § 1.º 
Aplica-se a mesma pena, se o funcionário público, embora 
não tendo a posse do dinheiro, valor ou bem, o subtrai, ou 
concorre para que seja subtraído, em proveito próprio ou 
alheio, valendo-se de facilidade que lhe proporciona a 
qualidade de funcionário.”; B: opção incorreta. A reparação do 
dano só gera os efeitos mencionados no caso de peculato 
culposo (CP, art. 312). § 2.º “Se o funcionário concorre 
culposamente para o crime de outrem. Pena: detenção, de 
três meses a um ano.” § 3.º “No caso do parágrafo anterior, a 
reparação do dano, se precede à sentença irrecorrível, 
extingue a punibilidade; se lhe é posterior, reduz de metade a 
pena imposta.”; C: opção incorreta. Há aumento de um terço 
da pena em tais situações. Assim dispõe o art. 327, § 2.º, do 
CP: “A pena será aumentada da terça parte quando os 
autoresdos crimes previstos neste Capítulo forem ocupantes 
de cargos em comissão ou de função de direção ou 
assessoramento de órgão da administração direta, sociedade 
de economia mista, empresa pública ou fundação instituída 
pelo poder público.”; D: opção correta. A conduta se amolda 
ao tipo descrito no art. 312 do CP. Além disso, quanto ao 
arrependimento posterior, assim prevê o CP, no art. 16: “Nos 
crimes cometidos sem violência ou grave ameaça à pessoa, 
reparado o dano ou restituída a coisa, até o recebimento da 
denúncia ou da queixa, por ato voluntário do agente, a pena 
será reduzida de um a dois terços.” Se for posterior ao 
recebimento da denúncia, somente haverá a incidência de 
circunstância atenuante genérica. Gabarito "D" 
 
27. Com relação à legislação referente ao combate às drogas, 
assinale a opção correta. 
(A) O agente que, para consumo pessoal, semeia plantas 
destinadas à preparação de pequena quantidade de 
substância capaz de causar dependência psíquica pode ser 
submetido à medida educativa de comparecimento a 
programa ou curso educativo. 
(B) O agente que tiver em depósito, para consumo pessoal, 
drogas sem autorização poderá ser submetido à pena de 
reclusão. 
(C) O agente que transportar, para consumo pessoal, drogas 
em desacordo com determinação legal poderá ser submetido 
à pena de detenção. 
(D) O agente que entregar a consumo drogas, ainda que 
gratuitamente, em desacordo com determinação legal, pode 
ser submetido à pena de advertência sobre os efeitos das 
drogas. 
Comentário – A: art. 28, III e § 1º, da Lei 11.343/06; B: o 
agente que tiver em depósito, para consumo pessoal, drogas 
sem autorização estará sujeito às penas contidas nos incisos 
do art. 28 da Lei 11.343/06, a saber: advertência sobre os 
efeitos das drogas; prestação de serviços à comunidade; e 
medida educativa de comparecimento a programa ou curso 
educativo. O legislador não previu pena de prisão para esses 
casos; C: da mesma forma, serão aplicadas as medidas 
relacionadas nos incisos do art. 28 da Lei 11.343/06. Também 
não será aplicada pena de prisão; D: a conduta está tipificada 
no art. 33, caput, da Lei 11.343/06, cuja pena prevista é 
reclusão de 5 a 15 anos, além do pagamento de 500 a 1500 
dias-multa. Gabarito "A" 
 
28. Ana Maria, aluna de uma Universidade Federal, afirma 
que José, professor concursado da instituição, trai a esposa 
todo dia com uma gerente bancária. A respeito do fato acima, 
é correto afirmar que Ana Maria praticou o crime de 
(A) calúnia, pois atribuiu a José o crime de adultério, sendo 
cabível, entretanto, a oposição de exceção da verdade com o 
fim de demonstrar a veracidade da afirmação. 
(B) difamação, pois atribuiu a José fato desabonador que não 
constitui crime, sendo cabível, entretanto, a oposição de 
exceção da verdade com o fim de demonstrar a veracidade da 
afirmação, uma vez que José é funcionário público. 
(C) calúnia, pois atribuiu a José o crime de adultério, não 
sendo cabível, na hipótese, a oposição de exceção da 
verdade. 
(D) difamação, pois atribuiu a José fato desabonador que não 
constitui crime, não sendo cabível, na hipótese, a oposição de 
exceção da verdade. 
Comentário - O fato atribuído por Ana Maria a José, seu 
professor, em razão da revogação operada pela Lei 11.106/05 
do art. 240 do CP, que previa o crime de adultério, deixou de 
ser crime. Por essa razão, a conduta de Ana Maria não pode 
configurar o crime do art. 138 do CP (calúnia), que exige que 
 
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o fato imputado seja criminoso. Sua conduta, no entanto, 
ainda que não constitua o crime de calúnia, se amolda, à 
perfeição, ao tipo penal do art. 139, caput, do CP - difamação. 
Não cabe, neste caso, a exceção da verdade, na medida em 
que, na difamação, não basta que o ofendido seja funcionário 
público; é ainda necessário que a ofensa tenha relação com o 
exercício de suas funções, nos termos do art. 139, parágrafo 
único, CP. Gabarito “D” 
 
29. Filolau, querendo estuprar Filomena, deu início à 
execução do crime de estupro, empregando grave ameaça à 
vítima. Ocorre que ao se preparar para o coito vagínico, que 
era sua única intenção, não conseguiu manter seu pênis ereto 
em virtude de falha fisiológica alheia à sua vontade. Por conta 
disso, desistiu de prosseguir na execução do crime e 
abandonou o local. Nesse caso, é correto afirmar que 
(A) trata‐se de caso de desistência voluntária, razão pela 
qual Filolau não responderá pelo crime de estupro. 
(B) trata‐se de arrependimento eficaz, fazendo com que 
Filolau responda tão somente pelos atos praticados. 
(C) a conduta de Filolau é atípica. 
(D) Filolau deve responder por tentativa de estupro. 
Comentário - Se o agente deu início à execução de crime que 
somente não se consumou por circunstâncias alheias à sua 
vontade (ausência de ereção), deve responder por tentativa. 
Cuidado: a desistência decorreu da falta de ereção (fator 
alheio à vontade do agente). Por essa razão, a hipótese 
descrita no enunciado não se enquadra na desistência 
voluntária (art. 15, primeira parte, CP), que exige que a 
interrupção da execução do crime se dê por vontade própria 
do agente. Gabarito “D” 
 
30. Considerando os crimes contra a administração pública, 
assinale a opção correta. 
(A) O agente que, valendo-se das atribuições de um assessor 
de funcionário público, lhe promete ou oferece vantagem 
indevida, para determiná-lo a praticar, omitir ou retardar ato de 
ofício, comete crime de corrupção ativa. 
(B) O sujeito que atribui a si mesmo a prática de crime 
inexistente ou que foi cometido por terceiro pratica 
denunciação caluniosa. 
(C) Há corrupção ativa no caso de o sujeito, sem oferecer ou 
prometer qualquer utilidade ao funcionário público, pedir-lhe 
que “dê um jeitinho” em sua situação perante a Administração 
Pública. 
(D) No favorecimento pessoal, o sujeito visa tornar seguro o 
proveito do delito; no real, o objetivo é tornar seguro o autor 
do crime antecedente. 
Comentário - A: art. 333, CP; B: art. 341 do CP (auto-
acusação falsa); C: o crime de corrupção ativa, previsto no art. 
333 do CP, tem dois núcleos alternativos, oferecer e prometer. 
Se o agente, dessa forma, sem oferecer ou prometer 
vantagem ao funcionário público, tão somente pede a ele que 
dê um “jeitinho”, não incorrerá no crime do art. 333 do CP; D: 
art. 348 do CP (favorecimento pessoal); art. 349 do CP 
(favorecimento real). 
Gabarito "A" 
 
31. A diferença entre crime e contravenção penal está 
estabelecida 
(A) pelo Código Penal. 
(B) pela Lei de Contravenções Penais. 
(C) pela Lei no 9.099/95 (Juizados Especiais). 
(D) pela Lei de Introdução ao Código Penal. 
A distinção entre as duas espécies de infração penal, que não 
reside no aspecto ontológico, está contida no art. 1o da Lei de 
Introdução ao Código Penal (Decreto-Lei 3.914/41). Gabarito 
"D" 
32. Sobre a aplicação da lei no tempo e no espaço, o Código 
Penal brasileiro adotou, respectivamente, as teorias da (do) 
(A) ubiqüidade e do resultado. 
(B) ubiqüidade e da ambigüidade. 
(C) resultado e da ubiqüidade. 
(D) atividade e da ubiqüidade. 
Arts. 4o e 6o do CP, respectivamente. Gabarito "D" 
 
33. Caio dispara uma arma objetivando a morte de Tício, 
sendo certo que o tiro não atinge um órgão vital. Durante o 
socorro, a ambulância que levava Tício para o hospital é 
atingida violentamente pelo caminhão dirigido por Mévio, que 
ultrapassara o sinal vermelho. Em razão da colisão, Tício 
falece. Responda: quais os crimes imputáveis a Caio e Mévio, 
respectivamente? 
(A) Tentativa de homicídio e homicídio doloso consumado. 
(B) Lesão corporal seguida de morte e homicídio culposo. 
(C) Homicídio culposo e homicídio culposo.(D) Tentativa de homicídio e homicídio culposo. 
A colisão que vitimou Tício constitui causa superveniente 
relativamente independente que por si só gerou o resultado. O 
nexo causal, nos termos do art. 13, § 1o, do CP, é 
interrompido (há imprevisibilidade). Caio, por isso, responderá 
por homicídio na forma tentada; Mévio, que ultrapassou o 
sinal vermelho (agiu com imprudência), responderá por 
homicídio culposo. Gabarito "D" 
 
34. Há exclusão da culpabilidade em função de não se poder 
exigir conduta diversa do agente no caso de 
(A) coação moral irresistível. 
(B) doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou 
retardado. 
(C) erro sobre a ilicitude do fato. 
(D) embriaguez completa proveniente de força maior. 
A exigibilidade de conduta diversa, que constitui um dos 
pressupostos da culpabilidade, pode ser excluída em dois 
casos: coação irresistível e obediência hierárquica (art. 22 do 
CP). Gabarito "A" 
 
35. Fábio induziu Marília, portadora de desenvolvimento 
mental retardado — síndrome de Down — a praticar suicídio. 
Posteriormente, após Marília ter aderido à ideia, Fábio 
emprestou-lhe um revólver, vindo ela a se matar. Nessa 
situação, Fábio responderá por 
(A) Induzimento a suicídio. 
(B) Instigação a suicídio. 
(C) Auxílio a suicídio. 
(D) Homicídio. 
Art. 121, CP. O crime do art. 122 do CP (participação em 
suicídio) exige que a vítima disponha de alguma capacidade 
de discernimento e resistência; do contrário, como é o caso, 
tratar-se-á de homicídio. Gabarito "D" 
 
36. Ao tomar conhecimento de um roubo ocorrido nas 
adjacências de sua residência, Caio compareceu à delegacia 
de polícia e noticiou o crime, alegando que vira Tício, seu 
inimigo capital, praticar o delito, mesmo sabendo que seu 
desafeto se encontrava na Europa na data do fato. Em 
decorrência do exposto, foi instaurado inquérito policial para 
apurar as circunstâncias do ocorrido. 
A esse respeito, é correto afirmar que Caio cometeu 
(A) delito de denunciação caluniosa. 
(B) crime de falso testemunho. 
(C) delito de comunicação falsa de crime. 
(D) delito de calúnia. 
Caio, ao provocar a instauração de investigação policial contra 
Tício, seu desafeto, sabendo-o inocente do crime que levou 
ao conhecimento da autoridade policial, cometeu o delito de 
 
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denunciação caluniosa, capitulado no art. 339 do CP. Este 
crime não deve ser confundido com o do art. 340 do CP, 
comunicação falsa de crime ou de contravenção, em que se 
provoca a ação da autoridade, a esta comunicando crime ou 
contravenção que se sabe não se ter verificado. Difere, 
também, do tipo prefigurado no art. 138 do CP, calúnia, na 
medida em que, neste delito, atribui-se falsamente a alguém 
fato definido como crime. Sua consumação se opera no 
momento em que o fato chega ao conhecimento de terceiro. 
Aqui, o agente não dá causa à instauração de investigação ou 
processo. Gabarito “A” 
 
37. Quando o agente não quer diretamente a realização do 
tipo, mas a aceita como possível, ou até provável, assumindo 
o risco da produção do resultado, há 
(A) dolo eventual. 
(B) preterdolo. 
(C) dolo direto de segundo grau. 
(D) dolo imediato. 
No dolo eventual, a postura do agente em relação ao 
resultado é de indiferença. Sua vontade não está dirigida à 
obtenção do resultado. Ele, em verdade, deseja outra coisa, 
mas, prevendo a possibilidade de o resultado ocorrer, revela-
se indiferente e dá sequência à sua empreitada, assumindo o 
risco de causá-lo. Ele não o deseja, mas se acontecer, 
aconteceu. O dolo eventual não deve ser confundido com a 
culpa consciente. Nesta, embora o agente tenha a previsão do 
resultado ofensivo, espera, sinceramente, que ele não ocorra. 
Ele confia em sua destreza para evitar a ofensa ao bem 
jurídico. Temos, no crime preterdoloso, um antecedente 
doloso e um consequente culposo, necessariamente. No mais, 
dolo direto de segundo grau, indireto ou mediato é o que se 
refere às consequências secundárias, decorrentes dos meios 
escolhidos pelo autor para a prática da conduta, ao passo que 
dolo direto de primeiro grau ou imediato é aquele que diz 
respeito ao objetivo principal almejado pelo agente. Gabarito 
"A" 
 
38. Paulo abordou a vítima Pedro em via pública e, mediante 
grave ameaça com emprego de arma de fogo, anunciou o 
assalto e exigiu a entrega da carteira com dinheiro. No 
momento em que Pedro retirava a carteira do bolso para 
entregar para Paulo este resolveu ir embora espontaneamente 
sem subtrair a res. Trata-se de hipótese típica de 
(A) arrependimento eficaz. 
(B) desistência voluntária. 
(C) tentativa. 
(D) arrependimento posterior. 
Na desistência voluntária – art. 15, primeira parte, do CP -, o 
agente, podendo chegar até a consumação do crime, acha por 
bem interromper sua execução, isto é, o sujeito ativo muda de 
ideia e desiste de consumar o delito. Foi o que se passou com 
Paulo. Ele deu início à execução do crime de roubo, já que 
empregou grave ameaça contra Pedro com o propósito de 
subtrair-lhe bens, e, após, de forma espontânea, desistiu da 
empreitada e evadiu-se do local. A tentativa do crime de roubo 
fica afastada, pois, para a sua configuração, seria necessário 
que a consumação não tivesse ocorrido por circunstâncias 
alheias à vontade do agente. Aqui, o crime não se consumou 
por circunstâncias relacionadas à vontade do agente. É 
importante aqui fazer um esclarecimento: o crime narrado no 
enunciado não teria atingido seu momento consumativo ainda 
que se considerasse como tal o da subtração da res. Vale 
dizer, permaneceria, de qualquer maneira, na esfera da 
tentativa. Digo isso porque, hodiernamente, há uma tendência 
da jurisprudência, notadamente do STF e do STJ, em 
considerar o momento consumativo do crime de roubo o do 
apossamento do bem, independentemente da inversão 
tranquila da posse. A esse respeito: STF, 1a T., HC 92.450-
DF, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, j. 16.9.08. 
 
39. Constituem elementos do estado de necessidade: 
(A) Perigo atual ou iminente, que o agente não tenha 
provocado, nem podia de outro modo ter evitado. 
(B) Reação à injusta agressão, atual ou iminente, fazendo uso 
dos meios necessários moderadamente. 
(C) Agressão atual, defesa de direito próprio ou de outrem e 
reação moderada. 
(D) Existência de perigo atual, cujo sacrifício, nas 
circunstâncias era razoável exigir-se. 
Os requisitos do estado de necessidade estão contidos no art. 
24 do CP. Gabarito "A" 
 
40. João, ciente de que José pretende matar seu desafeto, 
empresta-lhe uma arma para esse fim. Consumado o 
homicídio, João será considerado 
(A) autor imediato. 
(B) partícipe. 
(C) co-autor. 
(D) autor mediato. 
Ocorre participação quando o agente colabora para o crime 
sem cometer qualquer das condutas típicas (verbos contidos 
na lei penal). A participação aqui é material. A punição do 
partícipe se dá por meio do art. 29 do CP, que é uma norma 
de extensão. Gabarito "B"

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