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UNIDADE IV

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Disciplina: DIREITO DO TRABALHO II
Professora: Vanessa Batista Oliveira 
E-mail: vanessa.oliveira.lima@gmail.com; vanessalima@edu.unifor.br.
	UNIDADE IV - 
PROTEÇÃO AO TRABALHO
DA SEGURANÇA E DA MEDICINA DO TRABALHO
1.1. Conceito
 
“A segurança e medicina do trabalho são o segmento do Direito do Trabalho incumbido de oferecer condições de proteção à saúde do trabalhador no local de trabalho, e de sua recuperação quando não estiver em condições de prestar serviços ao empregador.” (Sergio Pinto Martins)
1.2.Fundamento Jurídico
Art. 7º, inciso XXII, C.F:	
“Redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de saúde, higiene e segurança”. 
Art. 200, inciso VIII, C.F:
“colaborar na proteção do meio ambiente, nele compreendido o do trabalho”.
Convenção 155, da OIT, estabelece regras para a segurança e a saúde dos trabalhadores e meio ambiente de trabalho
Promulgada pelo Decreto nº 1254, de 29 de setembro de 1994.
“Art. 4.2. Essa política terá como objetivo prevenir os acidentes e os danos à saúde que forem conseqüência do trabalho, tenham relação com a atividade de trabalho, ou se apresentarem durante o trabalho, reduzindo ao mínimo, na medida que for razoável e possível, as causas dos riscos inerentes ao meio ambiente de trabalho”
“Art. 9. O controle da aplicação das leis e dos regulamentos relativos à segurança, à higiene e ao meio ambiente de trabalho deverá estar assegurado por um sistema de inspeção das leis ou dos regulamentos.”
 
Arts. 154 a 223, da CLT (Capítulo V, Título II) 
Observar, especialmente , os arts. 155, 157, 158 e 200, da CLT
 
Portaria 3214/78, do Ministério do Trabalho, aprovou as Normas Regulamentadoras, a que se refere a CLT. São 33 NR’s, que regulamentam atividades específicas. A NR – 1 trata das disposições gerais.
1.3.Medidas Preventivas de Medicina do Trabalho
Arts. 168/169, CLT
NR-07 (exames médicos), estabelece a obrigatoriedade de elaboração e implementação do PCMSO (Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional)
Tipos de exames médicos: admissional, periódico, de retorno ao trabalho, de mudança de função, demissional (item 7.4.1, da NR 07)
Condições para realização dos exames (item 7.4.3, NR 07)
1.4.Equipamento de Proteção Individual
Arts. 166/167, CLT
NR-06, da Portaria 3214/78, do M.T.E
NR-04, da Portaria 3067/88, no âmbito rural.
São considerados equipamentos de proteção individual, dentre outros (anexo I, NR-06): protetores auriculares, luvas, máscaras, calçados, capacetes, óculos, vestimentas.
A empresa é obrigada a fornecer EPI adequado ao risco nas circunstâncias mencionadas no item 6.3 da NR-06 
Obs: Súmula 289, TST
Súmula nº 289 do TST
INSALUBRIDADE. ADICIONAL. FORNECIMENTO DO APARELHO DE PROTEÇÃO. EFEITO (mantida) - Res. 121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003
O simples fornecimento do aparelho de proteção pelo empregador não o exime do pagamento do adicional de insalubridade. Cabe-lhe tomar as medidas que conduzam à diminuição ou eliminação da nocividade, entre as quais as relativas ao uso efetivo do equipamento pelo empregado.
ÓRGÃOS DE SEGURANÇA E MEDICINA DO TRABALHO NAS EMPRESAS
A legislação obriga as empresas a criarem órgãos internos de proteção à saúde e à vida do trabalhador, dependendo o seu dimensionamento do número de empregados que possua por cada estabelecimento e do seu grau de risco.
2.1.Serviço Especializado de Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho - SESMT (Art. 162, CLT; NR-04, da Portaria 3214/78)
Tem a finalidade de promover a saúde e proteger a integridade do trabalhador no local de trabalho. O seu dimensionamento vincula-se à gradação do risco da atividade principal e ao número total de empregados do estabelecimento, nos termos fixados pela NR-04 (Quadros I e II).
É integrado pelos seguintes profissionais: Médico do Trabalho, Engenheiro de Segurança do Trabalho, Enfermeiro do Trabalho, Técnico de Segurança do Trabalho e Auxiliar de Enfermagem do Trabalho (item 4.4) 
Competência dos profissionais integrantes do SESMT (item 4.12)
2.2.Comissão Interna de Prevenção de Acidentes – CIPA (Arts. 163/165, CLT; NR-05) 
Tem como objetivo a prevenção de acidentes e doenças decorrentes do trabalho, de modo a tornar compatível permanentemente o trabalho com a preservação da vida e a promoção da saúde do trabalhador (NR-05).
Será composta por representantes do empregador, por este indicados, e por representantes dos empregados, por estes eleitos. O seu dimensionamento está previsto no Quadro I da NR-05.
O mandato dos membros eleitos é de 01(um ano), permitida uma reeleição. Os representantes dos empregados, inclusive suplentes (Súmula 339, TST) gozam de garantia de emprego, desde o registro da candidatura até um ano após o final do mandato, não podendo sofrer despedida arbitrária, entendendo-se como tal aquela que não se fundar em motivos disciplinares, técnicos, econômicos ou financeiros. 
São atribuições da CIPA (item 5.16, da NR-05)
3.INSALUBRIDADE E PERICULOSIDADE (ARTS. 189 A 197, CLT)
3.1.Periculosidade (NR-16, Lei 7369/85, Portaria nº 518, de 04/04/2003)
O ambiente de trabalho é perigoso quando expõe a vida e a saúde do empregado a risco acentuado, estando em contato permanente ou eventual com explosivos, inflamáveis, eletricidade, radiações ionizantes ou substâncias radioativas. Ou seja, o ambiente perigoso é aquele que expõe o trabalhador a risco imediato de acidente.
Com o advento da Lei nº 12.740, foi acrescentado ao art. 193 da CLT o inciso II, ampliando o rol de atividades perigosas que serão remuneradas com o referido adicional; e o § 3º que trata do desconto ou compensação deste adicional com outros da mesma natureza concedido por meio de acordo coletivo.
Em 18 de Junho de 2014, com a promulgação da Lei nº 12.997, foi acrescentado o § 4º ao art. 193 da CLT que incluiu como perigosa a atividade de trabalhador em bicicleta, vejamos:
Art. 193. São consideradas atividades ou operações perigosas, na forma da regulamentação aprovada pelo Ministério do Trabalho e Emprego, aquelas que, por sua natureza ou métodos de trabalho, impliquem risco acentuado em virtude de exposição permanente do trabalhador a: (Redação dada pela Lei nº 12.740, de 2012)
II - roubos ou outras espécies de violência física nas atividades profissionais de segurança pessoal ou patrimonial. (Incluído pela Lei nº 12.740, de 2012)
§ 3º Serão descontados ou compensados do adicional outros da mesma natureza eventualmente já concedidos ao vigilante por meio de acordo coletivo. (Incluído pela Lei nº 12.740, de 2012)
§ 4o  São também consideradas perigosas as atividades de trabalhador em motocicleta. (Incluído pela Lei nº 12.997, de 2014)
Em dezembro de 2013 foi elaborada nova súmula do TST, de nº 447, que trata sobre o não cabimento do adicional de periculosidade para os profissionais que permanecem a bordo durante o abastecimento da aeronave, vejamos:
SÚMULA Nº 447, TST. ADICIONAL DE PERICULOSIDADE. PERMANÊNCIA A BORDO DURANTE O ABASTECIMENTO DA AERONAVE. INDEVIDO.  Res. 193/2013, DEJT divulgado em 13, 16 e 17.12.2013
Os tripulantes e demais empregados em serviços auxiliares de transporte aéreo que, no momento do abastecimento da aeronave, permanecem a bordo não têm direito ao adicional de periculosidade a que aludem o art. 193 da CLT e o Anexo 2, item 1, "c", da NR 16 do MTE.
Em maio de 2014 foi convertida a OJ nº 406 da SDI-1 na súmula nº 453 do TST, ratificando o entendimento de que se o pagamento referente ao adicional de periculosidade já era efetuado pelo empregador, por mera liberalidade deste, ainda que em valor inferior ao percentual devido, será dispensado a perícia do médico ou engenheiro do trabalho, pois conclui-se pela presunção de realização de trabalho nestas condições.
Súmula nº 453 do TST
ADICIONAL DE PERICULOSIDADE. PAGAMENTO ESPONTÂNEO. CARACTERIZAÇÃO DE FATO INCONTROVERSO. DESNECESSÁRIAA PERÍCIA DE QUE TRATA O ART. 195 DA CLT. (conversão da Orientação Jurisprudencial nº 406 da SBDI-1) – Res. 194/2014, DEJT divulgado em 21, 22 e 23.05.2014 
 O pagamento de adicional de periculosidade efetuado por mera liberalidade da empresa, ainda que de forma proporcional ao tempo de exposição ao risco ou em percentual inferior ao máximo legalmente previsto, dispensa a realização da prova técnica exigida pelo art. 195 da CLT, pois torna incontroversa a existência do trabalho em condições perigosas. 
Será devido adicional de 30% sobre o salário (§ 1º, do art. 193).
Observar as Súmulas 39,132, 191, 361, 364, do TST.
Observar OJ SDI-1 347 e 345.
Portaria º 518/2003 – Atividades e operações perigosas com radiações ionizantes ou substâncias radioativas.
3.2.Insalubridade (NR-15)
São consideradas atividades insalubres aquelas que expõem os empregados a agentes nocivos à saúde (físicos, químicos ou biológicos), acima dos limites de tolerância fixados em razão da natureza e da intensidade do agente e do tempo de exposição a seus efeitos (art. 189, CLT)
Só serão consideradas atividades insalubres aquelas discriminadas em rol produzido pelo Ministério do Trabalho (OJ 04 e 173, TST)
O adicional de insalubridade varia entre 10%, 20% e 40% do salário mínimo. A Súmula vinculante nº 04, do STF teve sua eficácia suspensa exclusivamente quanto a este adicional. 
O empregado não poderá acumular a percepção dos dois adicionais (periculosidade e insalubridade), devendo optar por um deles.
Em maio de 2014 foi convertida a OJ nº 04 na súmula nº 448 do TST, vejamos:
Súmula nº 448 do TST
ATIVIDADE INSALUBRE. CARACTERIZAÇÃO. PREVISÃO NA NORMA REGULAMENTADORA Nº 15 DA PORTARIA DO MINISTÉRIO DO TRABALHO Nº 3.214/78. INSTALAÇÕES SANITÁRIAS.  (conversão da Orientação Jurisprudencial nº 4 da SBDI-1 com nova redação do item II ) – Res. 194/2014, DEJT divulgado em 21, 22 e 23.05.2014. 
I - Não basta a constatação da insalubridade por meio de laudo pericial para que o empregado tenha direito ao respectivo adicional, sendo necessária a classificação da atividade insalubre na relação oficial elaborada pelo Ministério do Trabalho.
II – A higienização de instalações sanitárias de uso público ou coletivo de grande circulação, e a respectiva coleta de lixo, por não se equiparar à limpeza em residências e escritórios, enseja o pagamento de adicional de insalubridade em grau máximo, incidindo o disposto no Anexo 14 da NR-15 da Portaria do MTE nº 3.214/78 quanto à coleta e industrialização de lixo urbano.
Observar as Súmulas 47, 80, 139, 228, 248, 289, 293.
Observar as Orientações Jurisprudenciais da SDI-1 47, 165, 173, 278.
 
A Súmula 228, do TST, com redação determinada pela Resolução nº 148, de 26/06/2008, estabelece que o adicional de insalubridade será calculado sobre o salário básico. Contudo, o STF, na Reclamação nº 6266-0, de 05/08/2009 (publicação), suspendeu, liminarmente, a aplicação desta súmula.

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