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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ABC BASES EPISTEMOLÓGICAS DA CIÊNCIA MODERNA Grupo 7: Os Limites do Progresso Científico Profº. Matteo Raschietti Aline Maria Lima da Silva 21071515 Alvaro Henrique Angelim Silva 21006215 Danilo de Souza Cutrim 11087215 João Antonio Machado Cardoso Filho 21018016 Júlio César de Siqueira Ramos 21044416 Lucas Martins da Silva 21001815 Matheus Giunti 11113216 Roberta Tatsui de Sousa 11084115 Thalles de Antonio Trevizan 21016216 Thiago Hitochi 21038315 São Bernardo do Campo – SP 2017 O que limita o avanço científico? Na nossa concepção, existem fatores internos e externos que impactam as expectativas de progresso na ciência: as próprias características intrínsecas do instrumento metodológico, bem como o comportamento dos seus agentes, e questões éticas levantadas pela sociedade. Limitações na própria ciência É evidente o impacto que a ciência causa no nosso dia a dia: aviões, carros, smartphones, vacinas contra diversas enfermidades e a existência de magníficas construções civis devem, em grande parte, ao desenvolvimento científico. Em contrapartida, qual é a concepção popular sobre “ciência”? O público mais leigo, se não se atentar às peculiaridades do método científico, poderá frustrar-se quanto às expectativas de progresso e alcance científico. Muitas vezes essa ignorância é evidenciada entre pessoas de influência e poder, e suas decisões enviesadas poderão prejudicar o bem estar de milhares ou milhões de pessoas. Em face disso, os próximos parágrafos discorrerão sobre alguns dos aspectos desconhecidos ou mal compreendidos que, de certa forma, são fatores limitantes ao próprio avanço científico. ● Prova e verdade Muitas pessoas acreditam que a ciência é um arcabouço de verdades. Os próprios meios de comunicação anunciam produtos ou soluções “cientificamente provados” para seus potenciais compradores. Ou ainda, há um abuso de linguagem ao dizer que “cientistas descobriram que o café faz bem para a memória”. O fato é que a ciência não dispõe de instrumentos metodológicos para “provar” uma teoria. O próprio conceito de verdade é sem significado na ciência. O que ela fornece, em contrapartida, são evidências. Uma teoria pode estar embasada em fortes evidências, porém nunca saberemos se novas experiências ou observações poderão nos apresentar contradições. Um exemplo clássico remete à mecânica Newtoniana: suas hipóteses iniciais de tempo e espaço absoluto tiveram que ser substituídas pela relatividade de Einstein. Mesmo uma teoria tão arraigada e aceita na época teve que ser revista, e com isso podemos aprender a ciência está se reconstruindo a todo o momento. No ponto de vista do progresso científico, entendemos que a ciência não é um conjunto de leis e teorias lineares. Nossa concepção da natureza poderá ser reconstruída do zero (como foi feito com a mecânica quântica) a medida que novos caminhos são explorados. E assim haverá de ser com a teoria Einsteniana, com a teoria da Seleção Natural de Darwin, etc. ● Incerteza Uma das características cruciais da ciência é seu poder de explicação e previsão de fenômenos. Entretanto, há de se considerar em muitos casos a incerteza envolvida. O princípio da Incerteza de Heisenberg ilustra bem esse dilema. A incerteza não nos traz segurança a respeito da ocorrência ou não ocorrência de um determinado fenômeno, pois todo o tratamento matemático é probabilístico. Essa limitação científica constitui em outro impasse ao progresso científico, que agora deverá dar a devida atenção aos modelos probabilísticos em face dos determinísticos. ● Replicabilidade A replicabilidade é o ponto chave quando precisamos testar uma teoria ou hipótese científica. O que ocorre é que, cada vez que um experimento é repetido, alguns aspectos do contexto já mudaram. Alguns deles poderão ser responsáveis por uma possível falha na replicação. Por exemplo, quando um experimento é replicado, o humor do experimentador ou a fase da lua poderão ser diferentes. Caso o experimento não forneça os resultados esperados, não podemos concluir que a hipótese foi falseada. Algumas variáveis podemos controlar enquanto outras não. Portanto, devido a essa dificuldade filosófica em abstrair o que é e o que não é relevante para o experimento, encontramos alguma dificuldade em validar ou rejeitar teorias ou hipóteses científicas. ● Linguagem e Matemática O cientista e engenheiro polonês Korzybski demonstrou através de seu trabalho Structural Differential que tanto a percepção quanto a linguagem nos distanciam da realidade. A percepção capta apenas uma pequena parte do mundo exterior, ignorando toda a riqueza e diversidade do mundo exterior. A linguagem matemática também descreve apenas parte da nossa percepção, removendo os dados científicos da realidade. Não sabemos o quão longe a descrição matemática dos fenômenos está distante da realidade porque esta permanece um mistério para nós. Albert Einstein dizia: “A coisa mais bonita que podemos experimentar é o mistério. Este é a fonte de toda arte e ciência verdadeira”. ● Hipóteses Ad hoc Hipóteses ad hoc são criadas primordialmente para proteger teorias ou paradigmas de evidências contraditórias. Elas desqualificam as evidências contrárias em algum aspecto, colaborando para a manutenção do status quo científico. O ponto negativo das hipóteses ad hoc consiste em criar uma certa resistência no meio científico à mudanças e inovações. De fato, qualquer evidência nova poderá, com algum esforço, ser produzida para suportar a teoria ou paradigma preexistente, ao passo que as contrárias poderão ser combatidas com as hipóteses ad hoc. Nesse caso, em que a ciência se difere de uma ideologia ou religião? Thomas Kuhn e Karl Popper Dentro da perspectiva dos fatores internos que limitam o progresso científica é importante que se faça uma análise de alguns pensadores e paradigmas estabelecidos por eles. Serão analizados aqui os filósofos Karl Popper e Thomas Kuhn e suas principais ideias. ● Karl Popper Karl Raimund Popper nasceu 1902 em Áustria e faleceu aos 92 anos, sendo considerado o filósofo mais influente do século XX que trouxe a temática da ciência. Ao longo de sua vida, Popper foi um filósofo social e político que defendeu a democracia liberal, opondo-se ao totalitarismo. Para o filósofo austríaco, a ciência não se baseia na indução, pois nega que os cientistas comecem com observações e, então, inferem uma teoria geral. Popper propõe, no lugar da indução, um teoria com suas hipóteses iniciais ainda não comprovadas e depois compara-se as suas previsões com as observações para analisar se ela se mantém de pé diante dos experimentos. Se esses experimentos contradisserem o que as hipóteses, então essa teoria é descartada. Agora, se ateoria se mantiver resistente diante desses testes ela será vista como não refutada (não como uma verdade provada). Essa é uma das principais ideias do pensador: o falsificacionismo. Para os falsificacionistas, o valor de um conhecimento científico não vem da observação de experiências, mas da possibilidade de a teoria ser contrariada, ou melhor, falseada. Com o critério da falsificabilidade é possível distinguir, segundo Popper, o que é ciência do que é chamado por ele, negativamente, de pseudociência. Para o filósofo, as pseudociências não podem ser refutadas, pois não são passíveis de falsificação, então, por essa mesma ótica, só pode ser considerada ciência aquilo que pode ser refutado. Marxismo, psicanálise, astrologia são exemplos de pseudociência para Popper. Mas é importante que se perceba que quando uma teoria é refutada, isso abre espaço para que seu autor (ou cientista) tenta revisa-la e melhorá-la, promovendo um progresso científico. E, enquanto essa teoria não é refutada, permaneceu o seu valor explicativo, mas é fundamental que se tenha em mente o seu limite. A partir disso, pode-se afirmar que boas teorias devem ser claras e precisas, devem permitir a falseabilidade e devem ser ousadas, a fim de progredir em busca de um conhecimento mais aprofundado sobre a realidade. ● Thomas Kuhn Thomas Kuhn foi um daqueles pesquisadores da Filosofia da Ciência que defenderam o contexto de descoberta, o qual privilegia os aspectos psicológicos, sociológicos e históricos como relevantes para a fundamentação e a evolução da ciência.Para Kuhn, a ciência é um tipo de atividade altamente determinada que consiste em resolver problemas (como um quebra-cabeça) dentro de uma unidade metodológica chamada paradigma. Este, apesar de sua suficiente abertura, delimita os problemas a serem resolvidos em determinado campo científico. É ele que estabelece o padrão de racionalidade aceito em uma comunidade científica sendo, portanto, o princípio fundante de uma ciência para a qual são treinados os cientistas.O paradigma caracteriza a Ciência Normal. Esta se estabelece após um tipo de atividade desorganizada que tenta fundamentar ou explicar os fenômenos ainda em um estágio que Kuhn chama de mítico ou irracional: é a pré-ciência. A Ciência Normal também ocorre quando da ruptura e substituição de paradigmas (o que não significa voltar ao estágio da pré-ciência). É que dentro de um modelo ocorrem anomalias ou contra exemplos que podem colocar em dúvida a validade de tal paradigma. Se este realmente se torna insuficiente para submeter as anomalias à teoria – já que vista de outro ângulo elas podem se tornar um problema – ocorre o que Kuhn denomina de Ciência Extraordinária ou Revolucionária, que nada mais é do que a adoção de um outro paradigma, isto é, de visão de mundo.isto ocorre porque dentro de um paradigma há expectativas prévias que os cientistas devem corroborar. Por isso, os cientistas não buscam descobrir (como entendiam os pensadores do contexto de justificação) nada, mas simplesmente adequar teorias a fatos. Quando ocorre algo diferente deste processo, isso se deve a fatores subjetivos, como a incapacidade técnica do profissional, ou à inviabilidade técnica dos instrumentos, ou ainda à necessidade de real substituição do paradigma vigente. Para isso, os cientistas usam hipóteses ad hoc para tentar manter o paradigma (contrário ao que pensava Popper). Aqui, Kuhn evidencia o caráter de descontinuidade do conhecimento científico que progride, então, por rupturas e não pelo acúmulo do saber, como pensava a ciência tradicional, mostrando assim , através de sua visão que os fatos limitantes da ciência seriam na verdade os paradigmas. Limitações exteriores à ciência ● Economia Analisando pelo ponto de vista econômico, temos tanto a falta de investimento em P&D e no caso do Brasil, a própria falta de investimento em profissionais capacitados e educação (tanto básica quanto superior de qualidade), que são grandes empecilhos para o progresso científico. Além disso, pesquisas como com medicamentos mais baratos ou fontes de energia limpa muito comumente fracassam, pelo fato de terem seus interesses vindos ao encontro dos das grandes companhias, que detém a maior parte do poder e capital. Essas companhias muitas vezes manipulam as pesquisas ao seu favor, para “comprovar” que suas tecnologias são as mais eficazes e que não causam nenhum dano ao ser humano e ao meio ambiente. Segundo uma matéria publicada no Estadão, as doenças que atingem principalmente a população pobre com doenças como malária, tuberculose, dengue e doença de chagas são as maiores causadoras de morte no mundo, e nem assim despertam interesse na indústria farmacêutica. A pesquisa apontou que de 850 novos tratamentos e vacinas de 2000 á 2011, apenas 4% eram para as doenças que afetam os mais pobres. O economista Sérgio Queiroz (professor mestre da Universidade de Campinas - UNICAMP) e o médico Heitor Franco de Andrade Júnior (médico do Instituto de medicina tropical - USP) afirmam que a indústria farmacêutica não vê nas doenças tropicais uma fonte de lucro porque esse mercado é pequeno (ser pequeno não significa que o número de pessoas atingidas por tal patologia seja reduzido; mas é pequeno no sentido econômico, pois países pobres não se tem grande capital para arcar com esses tratamentos. Do ponto de vista industrial e corporativo não compensa investir no desenvolvimento e produção de um fármaco que não o trará o rápido retorno financeiro "exigido" pelos meios de produção capitalistas. A indústria farmacêutica apresentou grande fracasso na busca pela vacina contra o Ebola. Por se tratar da parte pobre do mundo, há uma certa falta de vontade para investir em tratamentos ou vacinas, e por isso a indústria farmacêutica leva bem lentamente tais pesquisas. Observando um caso semelhante (que é o caso da AIDS), a indústria farmacêutica começou a apresentar bons resultados quando a doença se estendeu para os Estados Unidos e para a Inglaterra. Coincidentemente, esses países têm um grande capital, podendo pagar por estes tratamento, já os africanos não possuem condições financeiras para tal, o que volta para o fato de que o intuito primordial da indústria farmacêutica é lucrar e não ajudar encarecidamente a todos. Falando sobre as energias como no caso do petróleo, as grandes corporações juntamente com o governo, visam em primeiro lugar o lucro em vez de qualidade de vida e bem estar da sociedade, rumores de novas tecnologias estão sempre em evidência, mas não há “interesse” e investimentos necessários para novas áreas que proporcionam energia limpa porém sem lucros exorbitantes. Um exemplo é o carro “movido a água”, cujo pesquisadores da universidade de Minnesota(EUA) descobriram uma maneira simples e que não necessitava de enormes quantidades de energia para separar o hidrogênio da molécula de H20, utilizando o elemento químico Boro para absorver o oxigênio, sem emitir poluentes para a atmosfera. Essa pesquisa foi realizada e publicada em 2006 por Dr. Tareq Abu-Hamed em parceria com Weizmann Institute que mostrava interesse em lançar um protótipo do modelo em 2009, porém mais de 10 anos depois da publicação ainda não teve continuação da pesquisa por motivos desconhecidos. Já a introdução dos transgênicos causa muita controvérsia, pois até hoje não se chegou a um consenso sobre se fazem bem ou mal. Dada a própria novidade da tecnologia da engenharia genética, os efeitos que os transgênicos poderiam causar no organismo humano e no meio-ambiente, positivos ou negativos, a médio e longo prazo ainda não são muito bem conhecidos. Por meio de estudos e pesquisas pode-se relacionar algumas vantagens e desvantagens. Na educação, uma matéria divulgada em 2012, no site “Gazeta do Povo”, apontava que apesar de ocupar o 6° lugar no ranking do PIB mundial, o Brasil perdia em competitividade para outras nações que souberam cuidar da educação de seus jovens e investir em novas tecnologias, pesquisa e desenvolvimento. Segundo estudo divulgado em agosto de 2012, pela Fundação Nacional da Qualidade (FNQ), a baixa qualidade do sistema educacional brasileiro está afetando a competitividade das empresas no país. A maioria das organizações apontou uma educação inadequada e insuficiente para às oportunidades do momento econômico. Segundo eles, o maior problema vem do ensino básico, seguido da falta de qualidade nos níveis universitário e técnico. Esse déficit educacional faz com que as empresas tenham que investir em qualificações de ensino dentro e fora de suas atividades. ● Juízo de valor e senso moral São tidos como comportamentos condenáveis no âmbito científico, a atribuição de valor, moral e até mesmo ponderações a respeito da religião e espiritualidade. Ken Wilber chegou a separar ciência, moral e arte como três nichos distintos da experiência, procurando consolidar a ideia de que à ciência era empregado o dever de designar o que é e à outras áreas da experiência - a arte, por exemplo, que englobaria religião e espiritualidade, e a moral – tratar do que deveria ser. Sabemos porém que é impossível deixar bagagens políticas ou culturais para trás ao embasar um estudo científico, podemos citar como exemplo a teoria do Evolucionismo de Darwin, fortemente influenciada pelas inclinações políticas do autor e da época - competitividade e luta pela sobrevivência reconhecidos em sua teoria evolucionista e também nos ideais capitalistas. Valor e moral permanecem então indissociáveis da prática científica, por vezes limitando mas também provendo diretrizes éticas tão necessárias ao estudo. Kozlovsky, em sua obra An Ecological and Evolutionary Ethic (1974), se propôs a uma abordagem "oposta" ao modo de pensar capitalista, enfatizando a necessidade de uma ética naturalista que evidenciasse o quão mutuamente dependentes são a natureza e a sobrevivência humana. ● Modelos de conhecimento Ken Wilber fez a separação de dois modelos de conhecimento, o primeiro foi chamado de Modelo Dualista, caracterizado pela interação de agentes opostos e/ou complementares. Esse modelo é reconhecido como o padrão seguido pela maioria da ciência moderna, a saber: o sujeito e seu objeto de investigação, o observador e o observado. O outro modelo foi verificado na física quântica e lógica matemática. O exemplo da física quântica é muito claro, neste campo do conhecimento fica difícil separar claramente observador do observado, resultando numa unidade que dá nome ao modelo, Não-Dualista. ● Limitações dogmáticas da ciência Rupert Sheldrake foi audacioso ao afirmar que algumas afirmações científicas não passam de dogmas, e/ou deveriam ser tratadas apenas como hipóteses, visto que não há embasamento suficiente que comprove sua veracidade. Para ele, a aceitação dessas hipóteses como verdadeiras, feita sem o “processo científico” correto, acaba por moldar erroneamente toda uma visão da ciência, podendo citar como exemplo a visão mecanicista, encontrada em diversos campos do conhecimento, e impedir que outras possibilidades sejam exploradas e pesquisadas. ● Ética Este tópico será aberto em duas vertentes: a ética em pesquisas com animais e em pesquisas com os seres humanos. . Ética em Pesquisas com Animais não Humanos Hipócrates e Aristóteles foram os pioneiros na descoberta de semelhanças entre órgãos de humanos doentes com os de animais. Galeno em 200 a.C foi talvez o primeiro a realizar vivissecção para fins experimentais, ou seja, testando variáveis através de alterações provocadas nos animais. No século XVI Andrea Vesalius, fundador da anatomia moderna, usou animais e cadáveres humanos para aulas de anatomía, específicamente anatomia comparada. Já no século XVII René Descartes surgiu com a teoria mecanicista em que afirmava que os processos de pensamento e sensibilidade faziam parte da alma, como na sua concepção os animais não tinham alma, os mesmo não sentiam dor. Junto com Descartes, William Harvey apareceu com a primeira pesquisa científica que utilizou animais sistematicamente para o estudo da fisiologia da circulação sanguínea, que foi realizado em mais de 80 espécies de animais. No século XVIII Jeremy Bentham apresentou a teoria utilitarista em que dizia que se é considerada boa regra de conduta caracterizáveis pela utilidade e pelo prazer que podem proporcionar a um indivíduo e, em extensão, à coletividade. Em 1859 a publicação do livro “A origem das espécies” de Charles Darwin possibilitou a extrapolação dos dados obtidos em pesquisas com modelos animais para seres humanos. Por conta dos altos avanços científicos o uso de animais para fins empíricos sofreu um enorme aumento fazendo com que a primeira sociedade protetora dos animais surgisse na Inglaterra em 1824. Em 1876 criou-se a British Cruelty to Animal Act, primeira lei a regulamentar o uso de animais em pesquisas que vigora até hoje, com ampla reformulação em 1986. Em 1959 William Russel e Rex Burch definiram os três R’s da pesquisa em animais: Replace, Reduce and Refine. Em 1966 surgiu a principal lei americana sobre atividades experimentais envolvendo animais, a Animal Welfare Act. Em 1978 a UNESCO criou a Declaração Universal dos Direitos dos Animais e na constituição brasileira encontrava-se também um artigo que reafirmava a necessidade da preservação das espécies animais e de seu bem estar. Em 1983 o Colégio Brasileiro de Experimentação Animal postulou 12 artigos que norteiam a conduta dos profissionais no uso de animais. Em 2008 ratificou-se a Lei Federal denominadaLei Arouca que regulamenta as atividades levando em conta a declaração de direito dos animais e também os três R’s e os valores éticos relativos à utilização de animais além da criação do CONCEA e do Ceua. Ou seja, para a utilização de animais em pesquisas é necessário que o mesmo seja relevante, justificar o uso dos mesmo demonstrando o porque não se é possível utilizar métodos alternativos. A pesquisa precisa ser indispensável, associada a uma prioridade maior. . Ética em Pesquisas com Humanos As experiências com seres humanos são um tabu desde a antiguidade onde surgiu, no Egito, os corpos dos mortos eram sagrados e por isso não podiam ser tocados, isso pairou até a grécia onde o costume continuou porém as curiosidades com o corpo humano aumentou e pouco a pouco as leis foram sedento até o momento onde fez-se a primeira anatomia com um cadáver, em alexandria, após isso o próximo passo importante foi um estudo sobre o escorbuto realizado por james lind, onde ele selecionou 24 pacientes e separou dois grupos de 12, dando-os a mesma dieta, acrescentando somente para alguns algumas coisas q ele achava q melhoria a saúde até ter um resultado. As leis escritas para o experimentos com humanos surgiram na Prússia porém um fato importante é que o segundo lugar foi na Alemanha onde 2 anos depois na 2 guerra mundial ocorreu os experimentos mais abusivos da história da humanidade. Após tal fato, surgiu o código de Nuremberg onde ele colocava limites nos experimentos e foi a base de todas as leis feitas até os dias de hoje sobre experimentos humanos. CONCLUSÃO O trabalho realizado abordou de forma semelhante a uma análise SWOT os aspectos a serem considerados os diferenciando entre internos e externos. Os primeiros que se subdividiram entre a própria ciência e os artigos científicos e os seguintes que se subdividiram em questões de ética e de economia. Os aspectos internos são de suma importância sobretudo o que se refere a parte da verdade e a explicação bem dada que não é um fim em si, haja vista a superação da mecânica newtoniana dentre outros exemplos que aconteceram e ainda irão acontecer. Podemos atualmente estar muito seguros de que a ciência nos irá dar todas as respostas para as questões que o ser humano tem, contudo, isso nem sempre ocorre devido ao fato de até a própria ciência ter os seus limites. Sobre os aspectos externos ressaltamos um ponto em comum com a economia e a educação, mas não vamos retomar aqui as explanações já feitas, mas sim convidando-o para refletir conosco sobretudo o momento que o nosso país e nossa universidade vive, através da atômica combinação entre crise econômica e crise política que ceifa dia a dia os recursos destinados para a produção do conhecimento que se dá aqui. Popper acredita no progresso da ciência, porque as novas teorias sobrevivendo a testes e provas cada vez mais rigorosas, eliminam os erros das anteriores e com isso vão se aproximando cada vez mais da verdade, tendo a verossimilhança como critério do progresso. Basicamente para Popper a ciência progride e evolui de forma objetiva e racional Já Kuhn não acredita no progresso da ciência, exceto nos períodos denominados da ciência normal. De acordo com sua visão sobre os paradigmas, Kuhn não acredita que o novo representa um maior avanço em direção à verdade, sobretudo porque a sucessão dos paradigmas não ocorre de forma racional e objetiva. Ainda dentro da visão de Kuhn, também concordamos que a ciência é uma construção cada vez mais fragmentada. Em vez de escolher um ou outro filósofo que possamos julgar correto ou que se alinhasse as nossas visões, temos de concordar com a maioria dos pensadores quando definem o próprio ser e o seu meio ambiente como as balizas promotoras e protetoras do que devem encaminhar discurso ético. O progresso científico carrega consigo inúmeras implicações éticas. Seria muito bom que tanto os operadores da ciência como a sociedade em geral tivessem a clara consciência disso para que pudéssemos debater o assunto explicitamente com participação nas avaliações e tomadas de decisão pois todo mundo está envolvido e é afetado de uma maneira ou outra. A ciência, institucionalmente falando, não se isola do resto da sociedade. Pelo contrário, os rumos dela não são decididos pelo próprio saber mas pelos interesses diversos, de pessoas diversas, em épocas diversas o que leva ao inevitável conflito. Por fim, acreditamos e defendemos a liberdade científica, sem que isso não coloque o trabalho dos cientistas em permanente vigilância e avaliação. Já superamos os tempos da eugenia, dos experimentos da Alemanha nazista e hoje contamos com comissões, comitês e inúmeros outros colegiados guardiões da ética. Isso não é o suficiente, ainda recentemente um médico inglês conseguiu publicar em uma revista de renome um artigo relacionando vacinas ao autismo, contudo, a mesma liberdade que o médico teve foi a que possibilitou um jornalista analisar e desmascarar e com isso este médico foi banido da academia e da medicina. Um mundo no qual haja liberdade de informação e expressão não garante a eliminação dos erros, mas inegavelmente facilita corrigi-los quando eles acontecem.
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