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Ibet Módulo TSJ Seminario 4

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IBET – INSTITUTO BRASILEIRO DE ESTUDOS TRIBUTÁRIOS
Nome: Rafael Tili Ferreira
Módulo: Tributo e Segurança Jurídica
Seminário nº 4 – Interpretação, Validade, Vigência e Eficácia das Normas Tributárias
Data da Entrega: 11.04.2014
1 – Que significa afirmar que uma norma “N” é válida? Diferenciar: (i) validade; (ii) vigência; (iii) eficácia jurídica; (iv) eficácia técnica e (v) eficácia social.
De acordo com os ensinamentos de Aurora Tomazini, temos que a norma é válida quando esta "é aceita pela sociedade, cumprida ou aplicada pelos Tribunais." (2013, P. 705). Partindo deste entendimento, podemos afirmar que uma norma "N" é válida quando esta existe no ordenamento jurídico, que possui a condição de existência, uma vez que foi introduzida no sistema jurídico "S" obedecendo o procedimento prescrito pelo próprio sistema e editada pela autoridade competente.
Em outros termos, afirmar que a norma “N” é válida significa dizer que ela existe como elemento dentro do sistema do direito positivo. Caso contrário, quando ela não pertence ao mundo jurídico ela não é válida. Ela seria apenas uma norma moral, religiosa, ética, de convivência social, mas não jurídica.
Conforme leciona Paulo de Barros, a validade tem status de relação: é o vínculo que se estabelece entre a norma e o ordenamento jurídico, de tal modo que ao dizermos: “a norma N é válida” expressamos que “ela (N) pertence ao sistema S”. E ao dizermos que “a norma N é inválida” anunciamos que “ela (N) não pertence ao sistema S”.
Desta forma, ser “N” uma norma jurídica válida é afirmar que ela pertence ao direito posto, ou seja, é existir enquanto norma jurídica dentro de um ordenamento jurídico.
Podemos definir validade como o vínculo estabelecido entre a proposição jurídica, considerada na sua totalidade lógico-sintática e o sistema de Direito posto, de modo que válida é a norma que pertença ao sistema, mas para pertencer a tal sistema dois aspectos devem ser observados: a adequação aos processos anteriormente estabelecidos para a criação da proposição jurídica e a competência constitucional do órgão criador.
Já a vigência, diferentemente da validade, é uma consequência da função criadora exercida pela linguagem normativa para determinar o tempo e o espaço em que uma norma jurídica (em sentido amplo) terá força para regulamentar condutas.
Como eficácia jurídica entendo que não há um fato jurídico fora de norma jurídica. Sem que haja enunciação por agente credenciado, o simples acontecimento no mundo social permanece sem efeito jurídico. Assim, a eficácia jurídica é predicado dos fatos jurídicos de desencadearem as consequências que o ordenamento prevê.
A eficácia técnica é a qualidade que a norma ostenta, no sentido de descrever fatos que, uma vez ocorridos, tenham aptidão de irradiar efeitos jurídicos.
E por último, a eficácia social resume-se no acatamento da norma pela sociedade como um todo. É a eficácia da norma onde a sociedade aceita, aplica e segue como dever ser; é a norma produzindo resultados na ordem dos fatos sociais.
2 – Descreva o percurso gerador de sentido dos textos jurídicos explicando os planos: (i) dos enunciados tomados no plano da expressão (S1); (ii) dos conteúdos de significação dos enunciados prescritivos (S2); (iii) das significações normativas (S3); (iv) das relações entre normas (S4).
Paulo de Barros Carvalho voltou-se ao estudo do percurso gerador do sentido dos textos jurídicos oferecendo-nos um modelo que nos permite analisar a trajetória de construção do sentido de qualquer sistema prescritivo em quatro planos: S1 (plano dos enunciados), S2 (plano das proposições), S3 (plano das normas jurídicas), S4 (plano da sistematização), que passamos a descrever.
O plano S1 é o primeiro plano com o qual o intérprete, na busca da construção do sentido legislado, se depara, pois é nele que o direito se materializa. Neste plano o intérprete terá contato com um sistema de enunciados prescritivos, composto por um conjunto físico de símbolos estruturados na forma de frases e textos. E aí que se dá a atitude cognoscitiva do jurista para com o direito num primeiro momento.
Ao ler tais enunciados ele passa a interpretá-los mediante um processo de atribuição de valores aos símbolos ali presentes e, assim, vai construindo em sua mente um conjunto de proposições (significações), que a princípio aparecem isoladamente.
A partir desse instante o interprete ingressa-se noutro plano, só que não mais físico e sim material, construído na sua mente e composto pelas significações atribuídas aos símbolos positivados pelo legislador (S2).
No entanto, essas significações, embora proposicionais, não são suficientes para compreensão da mensagem legislada, ou seja, para construção do sentido deôntico completo, por meio do qual o direito regula condutas intersubjetivas. É preciso estruturá-las na fórmula hipotético-condicional (H-C) para que passem a ser proposições normativas.
Nesta etapa de estruturação na forma hipotético-condicional ingressasse noutro plano (S3), que é o plano das normas jurídicas (significações normativas).
Depois de construída, como a norma jurídica não existe isoladamente, resta ao intérprete situá-la dentro do seu sistema de significações, estabelecendo vínculos de subordinação e relações que a norma mantém com as outras normas que construiu. Neste momento, se ingressa no plano S4, que é o da sistematização, ou seja, das relações entre normas.
Assim, ao percorrer todas estas etapas, pode-se dizer que o intérprete construiu o sentido dos textos jurídicos e compreendeu o conteúdo legislado.
3 – A Lei “A” foi promulgada no dia 01/06/2012 e publicada no dia 30 de junho desse mesmo mês e ano. A Lei “B” foi promulgada no dia 10/06/2012, tendo sido publicada no dia 20 desse mesmo mês e ano. Na hipótese de antinomia entre os dois diplomas normativos, qual deles deve prevalecer? Justificar.
Partindo da ideia do percurso gerador de sentido dos textos jurídicos, onde o intérprete cognocente constrói o significado das normas jurídicas ao apreender os significados dos textos legais, pode ocorrer que nos planos S3 e S4 o intérprete se depare com duas normas contraditórias, como no caso exposto nesta questão.
Assim, no caso de antinomia entre esses diplomas legais durante o processo de interpretação, o intérprete poderá utilizar-se dos critérios hierárquico, cronológico e da especialidade para solucionar o conflito.
Tendo em vista os dados fornecidos na questão, trata-se de uma antinomia cronológica, devendo-se aplicar o artigo 2º, § 1º, da Lei de Introdução as Normas do Direito Brasileiro, o qual regula que norma posterior revoga a anterior: “A lei posterior revoga a anterior quando expressamente o declare, quando seja com ela incompatível ou quando regule inteiramente a matéria de que tratava a lei anterior”.
Consoante ao exposto, a Lei “A”, publicada posteriormente à Lei “B”, é que irá prevalecer, ressaltando que, conforme as premissas até aqui adotadas, este critério de solução não tem o condão de retirar a eficácia, vigência ou validade da Lei “B”. Para que esta Lei possa ser expulsa do sistema jurídico será necessária a sua revogação expressa.
4 – Compete ao legislativo a positivação de interpretações? Existe lei puramente interpretativa? Tem aplicabilidade o art. 106, I, do CTN ao dispor que a lei tributária interpretativa se aplica ao fato pretérito? Como confrontar este dispositivo do CTN com o princípio da irretroatividade? (Vide anexo I).
Quanto ao legislativo, entendo que ele, através de suas autoridades, é um dos sujeitos de interpretação das normas, portanto, é plausível que possa positivar essas interpretações dentro do sistema de direito positivo, ressaltando que esta não é a sua função principal.
Tendo em vista que a interpretação é uma atividade de construção de sentido da norma jurídica, ou seja, antes da interpretação não há norma, logo, não existe lei puramente interpretativa. A lei interpretativa irá instituir um enunciado prescritivo nosistema, não havendo lei puramente interpretativa.
Quanto à aplicabilidade do art.106, I do CTN e quanto ao princípio da irretroatividade, entendo que pode ser aplicado desde que nos moldes do CTN, ou seja, para beneficiar o contribuinte. Se a retroprojeção normativa da lei não vai gerar e nem produzir gravames, nada impede que sejam editados atos normativos com efeito retroativo. 
Com isso, conforme bem mencionado no Anexo I, o sistema jurídico-constitucional brasileiro não assentou como postulado absoluto, incondicional e inderrogável, o princípio da irretroatividade.
5 – Dada a seguinte lei, responder às questões que seguem:
Lei ordinária federal n° 10.001, de 10/10/2009 (DO de 01/11/2009)
Art. 1º Esta taxa de licenciamento de veículo tem como fato gerador a propriedade de veículo automotor com registro de domicílio no território nacional.
Art. 2º A base de cálculo dessa taxa é o valor venal do veículo.
Parágrafo único A alíquota é de 1%
Art. 3º Contribuinte é o proprietário do veículo.
Art. 4º Dá-se a incidência dessa taxa no primeiro dia do quarto mês de cada exercício, devendo o contribuinte que se encontrar na situação descrita pelo art. 1° dessa lei, desde logo, informar até o décimo dia deste mesmo mês, em formulário próprio (FORMGFA043), o valor venal, o tipo, a marca, o ano e a cilindrada do respectivo veículo.
Art. 5º A importância devida, a título de taxa, deve ser recolhida até o décimo dia do mês subsequente, sob pena de multa de 10% sobre o valor do tributo devido.
Art. 6º Diante da não emissão do formulário (FORMGFA043) na data aprazada, poderá a autoridade fiscal competente lavrar Auto de Infração e Imposição de Multa, em decorrência da não observância dessa obrigação, impondo multa de 50% sobre o valor do tributo devido.
a) Em 01/06/2010, o Supremo Tribunal Federal decidiu, em ação direta (com efeito erga omnes), pela inconstitucionalidade desta lei federal. Identificar nas datas abaixo fixadas, segundo os critérios indicados, a situação jurídica da regra que instituiu o tributo, justificando cada uma das situações:
	Critérios\ datas
	11/10/2009
	01/11/2009
	01/02/2010
	01/04/2010
	01/07/2010
	É válida
	Sim
	Sim
	Sim
	Sim
	Não
	É vigente
	Não
	Sim
	Sim
	Sim
	Não
	Incide
	Não
	Não
	Não
	Sim
	Não
	Apresenta eficácia jurídica
	Não
	Não
	Sim
	Sim
	Não
De acordo com as premissas adotadas, a Lei será válida durante todo o período em que estiver inserida no ordenamento jurídico. Neste caso, só não será em 01/07/2010 quando a ADIN já tinha a declarado expressamente inconstitucional e revogada em 01/06/2010.
Como a vigência determina o tempo e o espaço em que uma norma jurídica terá força para regulamentar conduta, neste caso, será após sua publicação e antes de declarada inconstitucional, partindo do pressuposto que a lei seja vigente a partir do momento de sua publicação entendo que somente em 11/10/2009 e 01/07/2010 a lei não seja vigente, eis que na primeira ainda não havia ocorrido a publicação e na última já havia ocorrido o julgamento da ADin.
Segundo dispõe o art. 4º da Lei em apreço, ela irá incidir no primeiro dia do quarto mês de cada exercício, ou seja, em 01/04/2010.
Por fim, a lei terá eficácia jurídica no período após a sua publicação e até antes de ser declarada inconstitucional, vez que fora da norma jurídica não haverá fato que possa ser considerado jurídico.
6 – Uma lei inconstitucional (produzida materialmente em desacordo com a Constituição Federal – porém ainda não submetida ao controle de constitucionalidade) é válida? O vício de inconstitucionalidade pode ser sanado por emenda constitucional posterior? (Vide anexo II).
Sim, é válida, considerando a tese da validade como relação de pertencialidade entre a norma e o ordenamento jurídico. Logo, esta lei será válida uma vez inserida no sistema, não sendo relevante se declarada nula posteriormente por controle difuso de constitucionalidade, eis que tal circunstância diz respeito à sua vigência e eficácia.
A questão relativa à possibilidade de ser sanado o vício por emenda constitucional, não resta contemplada no nosso sistema. Isto, pois, em respeito ao princípio da irretroatividade constitucional na aplicação do sistema de normas jurídicas, inviável é a subsunção de constitucionalidade da regra, eis que já era inconstitucional e a Emenda Constitucional não pode mudar tal status.

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